Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Nádia Almosny & Carlos Massard HEMOPARASITOSESHEMOPARASITOSESHEMOPARASITOSESHEMOPARASITOSES EM PEQUENOS ANIMAIS EM PEQUENOS ANIMAIS EM PEQUENOS ANIMAIS EM PEQUENOS ANIMAIS DOMÉSTICOSDOMÉSTICOSDOMÉSTICOSDOMÉSTICOS Editor: Nadia R. P. AlmosnyEditor: Nadia R. P. AlmosnyEditor: Nadia R. P. AlmosnyEditor: Nadia R. P. Almosny Hemoparasitoses em pequenos animais 2 HEMOPARASITOSESHEMOPARASITOSESHEMOPARASITOSESHEMOPARASITOSES EM PEQUENOS ANIMAIS EM PEQUENOS ANIMAIS EM PEQUENOS ANIMAIS EM PEQUENOS ANIMAIS DOMÉSTICOSDOMÉSTICOSDOMÉSTICOSDOMÉSTICOS Nadia R. P. AlmosnyNadia R. P. AlmosnyNadia R. P. AlmosnyNadia R. P. Almosny Prof. Doutora do Depto de Patologia e Clínica Veterinária Universidade Federal Fluminense almosny@urbi.com.br Carlos Luiz MassardCarlos Luiz MassardCarlos Luiz MassardCarlos Luiz Massard Prof. Doutor do Depto de Parasitologia Veterinária Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro carlosmassard@ufrrj.br Norma Vollmer LabartheNorma Vollmer LabartheNorma Vollmer LabartheNorma Vollmer Labarthe Prof. Doutora do Depto de Patologia e Clínica Veterinária Universidade Federal Fluminense labarthe@centroin.com.br Lúcia Helena O’DwyerLúcia Helena O’DwyerLúcia Helena O’DwyerLúcia Helena O’Dwyer Prof. Doutora do Depto de Parasitologia Universidade Estadual Paulista Aline Moreira de SouzaAline Moreira de SouzaAline Moreira de SouzaAline Moreira de Souza Mestre em Clínica Veterinária Universidade Federal Fluminense Lêucio CâmaraLêucio CâmaraLêucio CâmaraLêucio Câmara Prof. Doutor do Depto de Patologia e Clínica Veterinária Universidade Federal Rural de Pernambuco Hemoparasitoses em pequenos animais 3 Dedicatória Aos inesquecíveis animais utilizados nos experimentos, que olham questionando o que ocorre, que sentem dor, febre e não compreendem, que não entendem a dor, a perda da liberdade, que lambem as mãos do algoz confundindo-o com um amigo, dedicamos este trabalho. Hemoparasitoses em pequenos animais 4 PREFPREFPREFPREFÁCIOÁCIOÁCIOÁCIO DEIXA VIR DEIXA VIR DEIXA VIR DEIXA VIR A A A A INSPIRAÇINSPIRAÇINSPIRAÇINSPIRAÇÃOÃOÃOÃO.... Hemoparasitoses em pequenos animais 5 AGRADAGRADAGRADAGRADECECECECIMIMIMIMEEEENNNNTTTTOOOOSSSS Hemoparasitoses em pequenos animais 6 ÍÍÍÍNDICENDICENDICENDICE Hemoparasitoses em pequenos animais 7 ERLIQUIOSE ERLIQUIOSE ERLIQUIOSE ERLIQUIOSE EM PEQUENOS ANIMAIS EM PEQUENOS ANIMAIS EM PEQUENOS ANIMAIS EM PEQUENOS ANIMAIS DOMÉSTICOSDOMÉSTICOSDOMÉSTICOSDOMÉSTICOS Nadia R. P. Almosny Carlos L. Massard O Gênero Ehrlichia O Gênero Ehrlichia compreende parasitos intracitoplasmáticos de leucócitos e plaquetas do sangue circulante de várias espécies de mamíferos, sendo transmitidos biológicamente por carrapatos. (79;84;111) São organismos cocóides a elipsoidais e não móveis. Ocorrem isolados ou em colônias, denominadas mórulas, consideradas forma característica do parasito. (121;122) A reprodução nos hospedeiros vertebrados e invertebrados ocorre primariamente por fissão binária dos Corpos elementares. (134; 135;138) Posição taxonômica ORDEM: Rickettsiales Gieszczkiewicz, 1939. FAMÏLIA: Rickettsiaceae Pinkerton, 1936. TRIBO: Ehrlichiae Philip, 1957. GÊNERO: Ehrlichia Moroshkowsky, 1945. ESPÉCIES: E . canis Donatien & Lestoquard, 1935. E . bovis Donatien & Lestoquard, 1935 E . ovina Lestoquard & Donatien, 1936 E . phagocitophila Foggie,1951. E .sennetsu Misao & Kobayashi, 1956. E . equi Grible, 1969. E. ewingii Ewing, 1971. E . ondiri Krauss, 1972. E . platys French & Harvey, 1982. E . risticii Hollland, 1985. E. chaffeensis Maeda, 1986. E. muris Kawahara, 1993. A diferenciação entre as espécies parasitas (134) foi primeiramente baseada no tipo de célula parasitada, distribuição geográfica e severidade da doença. Esta classificação tende, entretanto, a entrar em conflito com o atual esquema de genogrupos. Através desta classificação, 3 genogrupos já foram caracterizados: E. canis (I), E. phagocitophila (II) e E. sennetsu (III). ( 46;47;117) O genogrupo E. canis (I) inclui: E. chaffeensis, E. ewingii, E.muris e E. canis propriamente dita. O E. phagocytophila (II) compreende E. equi, E. Hemoparasitoses em pequenos animais 8 phagocytophila, E. platys e uma espécie identificada recentemente e ainda não nomeada, causadora de erliquiose granulocítica humana, e o terceiro genogrupo é o E. sennetsu (III), da erliquiose monocítica humana descrita no extremo oriente (E. sennetsu) e E. risticii. ( 47) Na infecção por espécies, como E. canis, ocorrem sintomas bem definidos e específicos enquanto outras provocam quadros brandos. E. equi, apesar de afetar cavalos severamente, produz infecções leves em cães, gatos, bovinos, ovinos, jumentos, e primatas. (123) Existe reação antigênica cruzada entre as espécies do Gênero Ehrlichia. (65;66;67;68;71; 121;127) Morfologia São caracterizadas três formas para a Ehrlichia canis: Mórula, descrita como uma colônia arredondada com grânulos que se apresentam como corpúsculos elementares corados em azul escuro nos preparados corados pelo Giemsa; estruturas amorfas (corpúsculos elementares), arredondadas, de vários tamanhos, podendo ser visualizadas em vacúolos no citoplasma de monócitos. A forma granular (Corpúsculos iniciais), compostas de múltiplos grânulos, ocorre no citoplasma de monócitos. Estes grânulos precisam ser diferenciados das granulações azurófilas, que podem ocorrer no citoplasma de mononucleares sanguíneos de cães sadios. Os autores consideram a presença destas inclusões como suficientes para um diagnóstico positivo da doença. (48; 85;; 131) A forma de mórula é uma característica de todas as espécies de Ehrlichia121. Os corpúsculos elementares são circundados por duas membranas82. Enquanto as mórulas são descritas como estrutura intracitoplasmática, arredondada, ovóide ou alongada, circundada por dupla membrana limitada por membrana trilaminar que envolve numerosos corpúsculos elementares. (145) Os corpos iniciais podem ser mensurados e segundo alguns autores podem medir de 0,4 a 2 µm 132 ou até 5 µm de diâmetro 122.Os corpos elementares medem 0,2 a 0,6 µm 132 a 1.2 a 1.5 µm de diâmetro 48 e na fase de mórula podem medir de 2.5 a 3 µm 48 a 3 a 6 µm de diâmetro. (132) FOTO Caracterização Bioquímica de Ehrlichia sp. Metabolismo do parasito: Estudos mais recentes revelaram que a obtenção de energia nas espécies do gênero Ehrlichia é aeróbica, porém assacarolítica, ou seja, estes microorganismos não utilizam a glicose como fonte de energia, mas sim aminoácidos, como a glutamina e o glutamato, sendo que a glutamina é mais utilizada. Estes estudos revelaram elevada atividade no consumo de vitaminas do complexo B por parte de E. canis e, sendo estas importantes, devido à ação como coenzimas nos processos formadores de energia, deduzindo-se que existe elevado grau de metabolismo Hemoparasitoses em pequenos animais 9 nestes parasitos. Associado ainda a este fato pode ser observado uma rápida redução do pH em cultivos de células parasitadas, o que também está associado a um metabolismo acelerado. As espécies do gênero Ehrlichia, entretanto, não utilizam glicose nem glicose – 6 – fosfato para a produção de A.T.P. (Trifosfato de adenosina), fazendo sempre neoglicogênese. (121)Por sua via metabólica, são classificadas como bactérias gram negativas compostas de componentes celulares que incluem ribossomos e ácidos nucléicos (132). Distribuição Geográfica A E. canis ocorre em muitos países de climas temperado , tropical e subtropical do mundo, coincidindo com a prevalência do seu vetor, R. sanguineus. (48 ;51; 51 ; 65 ;66 ;67 ;79; 80; 121). A Rickettsiose tem sido relatada em todos os continentes (65 ;66 ;67 ;79 ;80 ;141). Os outros membros da tribo Ehrlichiae que acometem cães possuem uma limitada distribuição geográfica, sendo assinalados, com frequência, nos Estados Unidos da América 121. No Brasil, existem relatos da ocorrência de E. bovis , E. platys e E. equi.. (1 ;35 ;95) ERLIQUIOSE CANINA. Histórico Descrito pela primeira vez na Argélia em 1935, por DONATIEN e LESTOQUARD, que observaram organismos nas células mononucleares circulantes de cães infestados por carrapatos, o vetor da erliquiose canina. Denominaram-no Rickettsia canis (82). Em 1945, Moshkovski renomeou o organismo como Ehrlichia canis em homenagem a Paul Ehrlich (107) NEITZ & THOMAS (1938), Descreveram colônias de coloração púrpura contendo grânulos cocóides parasitando monócitos e neutrófilos de cães. Afirmaram eles que os organismos são mais facilmente encontrados nos órgãos do que no sangue periférico. Posteriormente foram descritos casos de erliquiose canina em Uganda no antigo Congo Belga (República do Congo) e na Nigéria. (121) O primeiro caso de Erliquiose canina nas Américas foi descrito em 1957, na região das Antilhas Holandesas em infecção associada a Babesia canis. (50) Em 1969 houve um relato relativo a ocorrência de doença hemorrágica em cães nativos de Singapura e em cães militares Franceses na Tunísia. (50; 84) Em 1963, foi descrito o primeiro caso da doença nos EUA, no estado de Oklahoma, quando foram observadas inclusões, em esfregaços sanguíneos de um cão portador de babesiose. (33; 50 ;82; 83; 113) Hemoparasitoses em pequenos animais 10 Em 1960, em Singapura e entre o final de 1968 e início de 1969 durante a guerra do Vietnã , cães militares da Inglaterra e dos Estados Unidos, respectivamente, foram acometidos de uma doença hemorrágica severa de princípio inesperado e de etiologia desconhecida,. Esta doença recebeu vários nomes, incluindo febre hemorrágica canina, síndrome hemorrágica idiopática, doença do cão rastejador e pancitopenia tropical canina. (82) O papel da E. canis como Rickettsia significativamente patogênica veio à luz no final da década de 60, quando ficou estabelecido que ela era o agente etiológico da pancitopenia tropical canina (84). Este achado causou grande dúvida, visto que E. canis vinha sendo relatada como causa relativa de doença branda, exceto em filhotes e nesta descrição o quadro era grave e letal. O surto de erliquiose entre os cães militares estimulou interesse pela E. canis e deu novo entusiasmo para mais profundas investigações sobre o agente e a doença (82). Até então, a ocorrencia de sinais de hemorragias em cães de guerra era associada à intoxicação provocada pelo inimigo. Em Israel esta Rickettsiose foi descrita primeiramente em 1972 e a sua ocorrência foi relacionada à presença do vetor R. sanguineus, em número considerável na região sul do país. (48) No Brasil, a doença teve seu primeiro relato em Belo Horizonte, MG em 1973 (33). No Rio de Janeiro foi descrita em cães da Polícia Militar- RJ (25). Em 1985, foi descrito um caso de E. canis em cão na cidade de Santa Maria- RS (128). Em 1988 (91) foi relatada a ocorrência de um caso clínico em Curitiba, PR. Aparentemente a doença disseminou-s, principalmente, através de demonstrações de treinamento de cães militares durante e após a guerra do Vietnã (1) Atualmente a doença vem sendo descrita em todo o território brasileiro. Entretanto, o quadro clínico tem se mostrado diferente nas várias regiões do país (1) ESPÉCIES DO GÊNERO EHRLICHIA QUE ACOMETEM OS CÃES A espécie E. canis é a causa mais comum de infecção natural e é considerada a mais severa 79;80. Também foram descritas causando infecção natural as espécies E. platys, E. equi, E. risticii e E. ewingii (39 ;79 ;121) E. platys HARVEY et alii. (1978) descreveram um Microorganismo semelhante a Ehrlichia Sp como agente causal de trombocitopenia cíclica induzida. Caninos infectados experimentalmente apresentaram após sete a doze dias, organismos infectando plaquetas. Estes organismos foram observados apenas em plaquetas, podendo ocorrer com um, dois ou três inclusões 79; 80; 155; 156. Entretanto, o Bergey’s Manual of Systematic Bacterology, reconhece a E. platys como tendo sido descrita por FRENCH & HARVEY em 1983, como um parasito específico de plaquetas de cães. De coloração basofílica em esfregaços corados pelo Giemsa, mede entre 0.4 Hemoparasitoses em pequenos animais 11 a 1.2 µm, podendo ser arredondada, oval ou achatada. É rodeada por membrana dupla e se reproduz por fissão binária (122) E. platys Infecta apenas plaquetas e não leucócitos circulantes de cães. (79) E. platys Multiplica-se apenas em plaquetas de cães, podendo ser transmitida por inoculação intravenosa de sangue oriundo de caninos infectados (79; 80; 141) Suspeita-se que E. platys seja transmitida entre cães, principalmente pelo carrapato vermelho, Rhipicephalus sanguineus79. Entretanto, trabalhos referentes à transmissão com possíveis vetores artrópodes não tem tido êxito (130) A transmissão é feita através da inoculação de sangue de animal infectado e os cães parasitados desenvolvem trombocitopenia cíclica, com uma a duas semanas de periodicidade , que ocorre simultaneamente com a parasitemia das plaquetas .(107) Infecção concomitante de E. canis e E. platys são comuns, porém o vetor de E. platys permanece desconhecido. (79 ;80 ;130) A infecção aguda pela E. platys caracteriza-se pela parasitemia cíclica dos trombócitos seguida de trombocitopenia e linfadenopatia generalizada. Após um período de trombocitopenia as plaquetas tendem a retornar a valores normais após 3 a 4 dias e estas fases acontecem em intervalos de 1 a duas semanas. Os cães infectados não apresentam enfermidade clínica e raramente mostram sinais de hemorragia significativa, mesmo tendo plaquetopenias pronunciadas. As infecções associadas de E. platys e E. canis são comuns. (65; 66; 67; 68; 72; 74; 79) A E. platys determina redução da agregação plaquetária associada a uma trombocitopenia regenerativa. Após observação da medula óssea concluiu-se haver hiperplasia megacariocítica. (60) Foi descrito um caso de uveíte bilateral, anemia arregenerativa e trombocitopenia associada a E. Platys em cão da raça Chow-chow que apresentava título para E. platys e não para E. canis. (61). Hematológicamente, parasitemias e trombocitopenias aparecem ciclicamente com um período médio de dez dias. Nos dias em que ocorre plaquetopenia, as inclusões não são observadas. O número de plaquetas parasitadas decresce durante o ciclo, porém a trombocitopenia permanece acentuada para tornar-se branda posteriormente. (76; 77; 141) Com a evolução do quadro, a trombocitopenia tenderá ao agravamento e a tendencia cíclica diminuirá. O número de eritrócitos e leucócitos sofrerá redução ligeira, não caracterizando anemia ou leucopenia. (79) Os cães infectados , raramente mostram sinais de hemorragias significativas , mesmo quando apresentam severa trombocitopenia. (79 ;81) A primeira alteração foi descrita como sendo uma severa hipoplaquetemia, onde se podem observar valores mínimos inferiores a 10 000 plaquetas por milímetros cúbicos . Quando ostrombócitos parasitados desaparecem da circulação, a contagem se eleva rapidamente, alcançando valores normais entre 3 a 4 dias. Este ciclo de parasitemia - trombocitopenia podem recorrer em intervalos de 1 a 2 semanas onde a plaquetometria varia entre a normalidade e a tendencia a valores muito baixos. (79; 81) Hemoparasitoses em pequenos animais 12 A tendência cíclica diminui na fase crônica , onde ocorre lenta resolução das plaquetopenias em associação com parasitemias esporádicas. (38; 79; 65;66;67; 72) A Medula óssea de cães infectados pode estar normal ou hiperproliferativa (11). Pode haver redução nos valores de leucócitos e no volume globular, sendo que estes nunca alcançam índices muito abaixo da normalidade. (79) É descrita a ocorrencia de hiper gamaglobulinemia (11) com elevações dos níveis de IGM e IGA em cães infectados. (77) Observou-se redução dos níveis de ferro e da capacidade de fixação deste (11). No primeiro caso de E. platys em cães nativos de Israel relatou-se, além das manifestações clínicas conhecidas, a presença de plaquetas gigantes (67) que já haviam sido observadas (66) em um caso de erliquiose granulocítica. Os autores afirmaram que a cepa de E. platys encontrada em Israel era mais virulenta que a Americana. Consideraram, também, que infecções associadas a E. canis ou outras patologias podem agravar o quadro. As plaquetas gigantes foram caracterizadas como sendo jovens. (127) Existem dificuldades no diagnóstico de E. platys através da observação de mórulas devido ao caráter cíclico da trombocitopenia e o teste de imunofluorescência indireta detecta anticorpos para E. platys durante um curto período após o aparecimento de plaquetas parasitadas. (59; 79; 80) E. equi E. equi (99) foi pela primeira vez reconhecida como forma pouco usual de E. canis, devido à reprodução e formação de mórula primariamente no citoplasma de neutrófilos, e não primariamente em linfócitos (53). Posteriormente, em 1982, foi relatada a ocorrência da infecção natural de E. equi em dois cães da Califórnia habitando regiões de erliquiose eqüina. (102) As infecções em cães pela E. equi são leves ou inaparentes. (79 ;80) O modo de transmissão da E. equi é desconhecido, suspeita-se que carrapatos sejam vetores. (121) E. risticii (Holland et alii, 1985) Estudos soro epizootiológicos em cães e gatos de áreas endêmicas para Erliquiose Monocítica Equina ou Febre Equina do Potomac revelaram a presença de anticorpos para E. risticii. Os cães desenvolveram infecção subclínica, rickettsemia e soropositividade por um período de 100 a 200 dias após inoculação experimental (123). Seu vetor é desconhecido, porém suspeita-se de que seja o carrapato (79 ;80). Este agente produz infecções leves ou inaparentes, podendo os cães ficar como portadores assintomáticos. (80) E. ewingii Hemoparasitoses em pequenos animais 13 Em 1971 foi descrita a ocorrência de erliquia em granulócitos de cães que apresentavam infecção branda (54). E posteriormente sugeriu-se que as inclusões neutrofílicas fossem consideradas como uma forma de E. equi. (99) A E. ewingii foi relatada em 1985 como causadora da erliquiose granulocítica canina, devido à observação da mórula em granulócitos e células mononucleares de cães com poliartrite aguda. A espécie pode ser uma variante da E. canis ou antigênicamente relativa a espécie e produz uma infecção subclínica, causando febre e muitas anormalidades hematológicas (neutropenia, linfocitose, e trombocitopenia) entre 18 e 24 dias de infecção. (47; 103; 119; 139; 140) Os cães infectados podem ser tratados com tetraciclinas. Porém, quando não submetidos a tratamento clínico, se recuperam espontaneamente. (87) Tem, supostamente, como vetor o carrapato Amblyomma americanus e possivelmente o carrapato Rhipicephalus sanguineu.s (13) Relatos de erliquiose granulocítica em cães foram associados à E. ewingii ou E. equi. Em um caso houve a ocorrência de sinais neurológicos onde se diagnosticou meningite. O animal apresentava perda de peso, epistaxis, rigidez do pescoço e cabeça, moderada atrofia muscular, hiperestesia cervical e apresentava- se altamente infestado por carrapatos (Dermacentor variabilis). Avaliações laboratoriais revelaram anemia não regenerativa , neutrofilia, linfopenia com discreto desvio nuclear de neutrófilos à esquerda (DNNE), trombocitopenia , hipergamaglobulinemia policlonal (IGM,IGG e C3). A análise da Medula óssea revelou suave hipoplasia eritróide e leve plamocitose. A análise do liquor demonstrou acentuada pleocitose e 9% dos neutrófilos apresentaram mórulas de Ehrlichia Sp enquanto no esfregaço sanguíneo, apenas um monócito parasitado foi detectado. Em testes sorológicos existe a possibilidade de reação cruzada entre Rickettsia rickettsii, E. ewingii e E. equi . (105) Os carrapatos da espécie Dermacentor variabilis estão relacionados a R. rickettsii (105). Entretanto, foi demonstrado experimentalmente a transmissão de E. canis através deste vetor. (88) Tem sido descrita a ocorrência de poliartrite associada a erliquiose granulocítica (62;108;139;140) e o aparecimento de mórulas em células polimorfonucleares do líquido sinovial (139;140) Casos de erliquiose granulocítica foram associados ao aparecimento de febre, letargia, vômito e diarréia. Análises laboratoriais revelaram anemia normocítica e normocrômica, plaquetopenia com plaquetas gigantes, linfopenia e eosinopenia 62. Testes laboratoriais revelaram a possibilidade de co- infecção de E. ewingii, E. equi e E. canis ou ocorrência de reação cruzada entre elas. (139; 140) E. chafeensis e E. sennetsu Os cães também são susceptíveis a infecção experimental por E. chaffeensis e E. sennetsu descrita por Misao & Kobayashi e 1956. A primeira é o agente responsável pela erliquiose humana nos EUA e a Segunda, descrita no Japão, tem tropismo pelas células mononucleares e provoca a febre sennetsu em humanos, considerados os hospedeiros naturais. É Possível que Amblyomma americanus e Dermacentor variabilis sejam vetores de E. Chaffeensis nos EUA. (103) Hemoparasitoses em pequenos animais 14 E. sennetsu pode infectar, experimentalmente, cães, macacos e camundongos. (107) São descritos casos de reações cruzadas entre E. sennetsu, E. canis e E. risticii. (121) Ao infectar-se cães com E. chaffeensis e observou-se que os mais jovens eram mais susceptíveis. (42; 123) E. phagocytophila, E. bovis e E. ovina Não existem relatos , de E. phagocytophila, E. bovis e E. ovina causando erliquiose em cães (107). E. canis As diversas formas evolutivas de E. canis foram observadas através do cultivo “in vitro” de monócitos caninos infectados e concluiu-se que eram semelhantes as Clamídias (112). Seu desenvolvimento inclui três estágios de desenvolvimento: corpúsculo elementar, corpúsculo inicial e mórula. Individualmente, Ehrlichia Sp é denominada corpúsculo elementar, que geralmente tem aspecto cocóide ou elipsóide, porém, o pleomorfismo é notado com frequência (107; 111). O carrapato Rhipicephalus sanguineus, é o vetor reconhecido para a erliquiose canina, doença que se refere a uma variedade de síndromes clínicas que acometem canídeos silvestres e cães (79; 80; 84; 111; 121). A erliquiose foi observada numa ampla variedade de raças, porém a raça Pastor Alemão foi predominante entre as afetadas, sugerindo, portanto, maior susceptibilidade desta em relação a outras raças (48; 121; 137). Alguns autores não observaram diferenças significativas entre a prevalência em cães pastores e outras espécies. (93) Devido à natureza crônica e insidiosa, a erliquiose canina é prevalenteo ano inteiro. (34) Uma severa doença hemorrágica, às vezes caracterizada como pancitopenia tropical é associada à anemia aplásica e acontece em alguns cães cerca de 60 dias apos infecção. (82) Transmissão da E. canis A infecção dos hospedeiros vertebrados por E. canis ocorre quando carrapatos infectados se alimentam e sua secreção salivar é inoculada no local da picada. (63; 107) E. canis é transmitida, principalmente, pelo R. sanguíneus por via transestadial. A infecção transovariana não é aceita na atualidade. (79;80) Hemoparasitoses em pequenos animais 15 A infecção do agente etiológico pode ocorrer artificialmente de cão a cão , por inoculação sub cutânea , intravenosa, intraperitonial de sangue ou emulsão de órgãos. (141) Ao descrever-se a ocorrência de E. canis em um cão que nunca havia sido infestado por carrapatos e foi considerada a possibilidade de transmissao através de outros vetores artrópodes como moscas, mosquitos ou pulgas (141). Entretanto, estudos revelaram insucesso em tentativas de transmitir a infecção experimentalmente, através destes vetores. (55; 111) Canídeos selvagens podem agir como reservatórios da erliquiose (111), tendo sido demonstrando a infecção natural em um chacal (Lycaon pictus). e experimental em um coiote, com E. canis e Babesia cani (52), raposas9 e em lobos e híbridos de cruzamentos entre cães e lobos. (74) A E. canis é transmitida pelo R.sanguineus durante as fases, ninfal e por adultos. Estudos demonstraram que nenhum carrapato do sexo feminino infectado transmitiu a E. canis para a sua progênie, assim como não foi possível detectar–se o microrganismo no ovário de carrapatos infectados experimentalmente. Estes estudos indicaram que o Rhipicephalus sanguineus é o vetor, mas não o reservatório da erliquiose canina (107). Depois de infectado o carrapato transmite a Rickettsia por 155 dias. (80; 155; 156) A transmissão para o carrapato ocorre, de maneira mais efetiva, no período de 2 a 3 semanas após a infecção do cão devido ao maior número de células parasitadas nesta fase. (156) Existem relatos sobre a ocorrência de transmissao através da transfusão de sangue proveniente de um cão cronicamente infectado há mais de cinco anos. Porém os cães cronicamente infectados não servem como reservatório para transmissão natural para outros cães. (141) Os animais estudados por CARRILLO et alii. em 1976, no Rio de Janeiro, estavam parasitados, somente, por carrapatos da espécie R. sanguineus , considerado o principal vetor desta Rickettsiose no Brasil. A erliquiose canina é uma doença comum entre cães de áreas urbanas, infestados por R. sanguineus. No meio rural brasileiro, predomina o parasitismo dos cães por carrapatos de gênero Amblyomma (MASSARD, 1998 - Informação pessoal). Ciclo Biológico da E. canis Em Carrapatos O carrapato vetor contrai a E. canis quando se alimenta em cães durante as duas primeiras semanas após estes terem sido infectados. (141) O microrganismo se multiplica nos hemócitos e células da glândula salivar, finalmente penetrando no trato digestivo com consequente infecção no epitélio do médio intestino (121; 135). O ciclo de vida de Ehrlichia Sp não está completamente descrito, mas sabe- se que os estágios de desenvolvimento encontrados nos cães são os mesmos dos carrapatos (121). Hemoparasitoses em pequenos animais 16 Em Cães Nos cães, os corpos elementares, que são as formas individuais do parasita, penetram nos monócitos caninos por fagocitose. Não ocorre fusão fagolisosomal nas células infectadas, porém os corpúsculos elementares começam desenvolver- se no interior dos fagossomos. A replicação ocorre por divisão binária. Em 3 a 5 dias após infecção, pequeno número de estruturas compactas formadas por corpúsculos elementares com 1,0 a 2,5 µm de diâmetro são observadas como inclusões pleomórficas, que são os corpúsculos iniciais. Durante os próximos 7 a 12 dias, o crescimento adicional e replicação ocorrem, e os corpúsculos iniciais se desenvolvem no interior da inclusão madura, que através da microscopia óptica apresenta a forma de mórula, que é característica deste gênero. Mononucleares infectados geralmente contém uma ou mais mórulas, e cada mórula contém vários corpúsculos elementares. A celula se rompe liberando os corpúsculos elementares que finalmente irão infectar outra célula que acaba por romper-se dando início a um novo ciclo infeccioso (107; 141). A Ehrlichia sai da célula por exocitose ou lise. É relatado que os níveis de cálcio estão reduzidos nas células parasitadas (121). Em infecção experimental, observou-se que muitas mórulas tendem a aproximar-se da membrana citoplasmática da célula infectada alterando a sua morfologia. (1; 5) PATOGENIA da E. canis Após o período de incubação que pode durar de uma a três semanas, mórulas podem ser isoladas no sangue (39; 121; 141). As diferentes espécies parecem ter um tropismo característico por determinados tecidos que acarreta uma doença “sítio específica“. Assim, enquanto E. risticii infecta predominantemente células ao longo da parede intestinal , especialmente cólon de equinos , onde produzem uma diarréia aquosa; E. canis possui predileção por células encontradas na micro- vascularização dos pulmões , rins e meninges de cães (65.;66.;67.;79) sendo a epistaxis causada por hemorragias características dos pulmões ou da mucosa nasal (121) enquanto E. sennetsu está , predominantemente, localizada nos linfonodos , onde causa severa linfadenopatia. (20; 79;121) A fase aguda da E. canis dura de 2 a 4 semanas e a replicação do organismo ocorre dentro das células mononucleares infectadas, espalhando-se elas pelo organismo dentro dos fagócitos mononucleares65; 145 instalando-se nas células reticuloendoteliais do fígado, baço e linfonodos, onde se multiplicam primariamente em macrófagos e linfócitos resultando em hiperplasia linforeticular, podendo causar aumento dos órgãos39;145. As células mononucleares infectadas disseminam a infecção para outros sistemas orgânicos, onde aparentemente interagem com as células endoteliais dos vasos de menor calibre, induzindo vasculite, ou resposta celular inflamatória perivascular, após a migração para o tecido sub endotelial.(65;66;67) A vasculite pode ser um fator na homeostase defeituosa da erliquiose. (31) A trombocitopenia aparece como resultado da hipoplasia megacariocítica e da redução da vida das plaquetas, que ocorrem por alterações imunomediadas, inflamatórias e perturbação nos mecanismos da coagulação. (16 ;31;39 ;58 ;79 ;87;98;127;145 ;153) Como resultado da hiperplasia linforeticular pode acontecer aumento dos órgãos, células infectadas aparentemente atacam a microcirculação ou migram Hemoparasitoses em pequenos animais 17 para a superfície sub endotelial nos órgãos alvo produzindo vasculite ou provocando inflamações. (145) A vasculite e as lesões endoteliais podem ocasionar coagulação intravascular disseminada. (141) Alteração da função plaquetária foi demonstrada em cães com erliquiose aguda que tinham trombocitopenia. Estes cães tinham liberação do fator 3 plaquetário e decréscimo da adesão plaquetária. O fator 3 plaquetário é a membrana fosfolipídica que tem atividade pró - coagulante, que é realizada com a agregação ou lise das plaquetas. Os defeitos plaquetários são atribuídos a superposição da membrana plaquetária com macroglobulinas. (19 ; 85; 127; 98; 16; 58; 97 ;153) A liberação de FP3 por plaquetas normais de cão foi retardada por inoculação de globulinas de cão infectado. (35) A dexametasona parece auxiliar no controle da epistaxis por melhorar a integridade vascular oua função plaquetária ao bloquear a reação imune do cão a E. canis. O revestimento de plaquetas com um fator de fração globulina e formação de uma barreira mecânica foi um mecanismo sugerido. O mesmo fator plasmático não identificado pode ser responsável pela inibição da migração das plaquetas e pelo comprometimento na adesividade destas. Assim, sugeriu- se que a redução da função plaquetária ou a vasculite pudessem ser tão importantes quanto a trombocitopenia nas tendências ao sangramento da erliquiose. Investigações adicionais são necessárias para avaliar os efeitos da alteração da concentração das proteínas plasmáticas sobre a função plaquetária na erliquiose canina. (35; 72; 79; 80; ;97; 145) A trombocitopenia observada na fase crônica da erliquiose, também pode ser constatada na fase aguda. Foi observado o aparecimento de petéquias quando a plaquetometria era inferior a 40.000 mm3 ou epistaxe, hematúria ou hemorragia gastrintestinal quando este número era inferior a 20.000mm3. Alguns cães não apresentaram evidencias de hemorragias mesmo apresentando contagens inferiores a 10.000 mm3 . (14; 85) Na fase aguda ocorre a inibição da imigração das plaquetas numa fase anterior ao decréscimo numérico destas e antes mesmo do aparecimento de anticorpos humorais específicos. Em microscópio de varredura de elétrons observou-se que o fator de inibição da migração plaquetária comprometeu a formação de pseudópodes das plaquetas e induziu ao arredondamento, aglutinação e “vazamento de plaquetas”. Aparentemente o fator de inibição da migração de plaquetas pode ser produto de linfócitos ativados .(85) Após a ativação policlonal da imunidade bioquímica, nota-se o aparecimento de anticorpos antinucleares , anti-plaquetários e anti-eritrocitários na circulação, existindo evidências de uma produção de linfocinas e de fator inibidor da migração de leucócitos. (14; 66) A adesividade de plaquetas está comprometida na fase aguda e foi relacionada, também, a uma redução numérica. Os mecanismos sugeridos para a redução de adesividade, incluem anticorpos anti plaquetários, outros fatores plasmáticos de inibição ou um efeito direto de E. canis sobre as plaquetas circulantes (14;16 ; 58 ;85 ;98 ; 127 ;153). Valores reduzidos de folato e cianocobalamina (justificados pelo hiperconsumo medular de vitaminas durante a fase crônica) em cães infectados por E.canis foram também, relacionados à deficiência na adesividade plaquetária (72). Hemoparasitoses em pequenos animais 18 Pode ocorrer um decréscimo na produção de células vermelhas, como resultado da resposta inflamatória (145). Durante este período, aparecem os sinais clínicos inespecíficos como febre, corrimento óculo nasal, anorexia, depressão, poliúria, polidipsia e linfadenopatia. A maioria dos pacientes sobrevive a fase aguda e ingressa em uma etapa sub-clínica (48 ;79 ;80) O número de leucócitos varia na fase aguda (145) A fase sub-clínica da erliquiose é associada com a persistência do organismo e aumento do título de anticorpos séricos, que começam a aparecer 7 a 21 dias após a infecção inicial 79; 80. O título de anticorpos reflete a ineficácia do sistema na eliminação do organismo intracelular. Os achados hematológicos similares ao da fase aguda, que consistem de trombocitopenia, anemia arregenerativa e respostas leucocitárias variáveis, desde leucopenia até a linfocitose e monocitose, podem persistir durante este estágio da doença, associados a ausência de sinais clínicos 145. Os cães imunocompetentes são capazes de eliminar a infecção por E. canis, caso contrário, pode ocorrer a fase crônica da infecção; contudo, a fase sub-clínica pode persistir por um período de 4 a 5 anos (79 ;80) Na fase crônica ocorre uma hipergamaglobulinemia pela persistente estimulação antigênica, sendo sugestiva provavelmente, de uma resposta imune celular mediada ineficaz, visto que, tanto o anticorpo específico quanto às células imunológicas são essenciais para a imunidade (141 ;152) A persistência da E. canis no interior da célula hospedeira conduz a uma reação de hipersensibilidade ou a uma resposta imunomediada, podendo acarretar, especialmente, a pancitopenia. A estimulação antigênica crônica obriga a infecção persistente podendo também direcionar para doença glomerular imunomediada. (29) Perda de peso crônica, pouco apetite ou anorexia, membranas mucosas pálidas (devido a anemia), fraqueza e depressão, são sinais mais comuns da erliquiose crônica. Os sintomas clínicos são reflexos das alterações fisiopatológicas resultantes da grave anemia e da infiltração perivascular de muitos sistemas orgânicos, com células linforreticulares e plasmócitos. Ocorre hipoplasia da medula óssea, levando a pancitopenia e ao aumento na destruição das plaquetas. Nesta etapa pode ocorrer diáteses hemorrágicas (epistaxis, petéquias, hematúria ou hematoquesia) que são manifestações comuns de uma grave erliquiose crônica, devido a persistente trombocitopenia e ao marcante decréscimo nas plaquetas (16; 58; 98; 127 ;141 ; 153) A mortalidade geralmente ocorre devido a hemorragias ou infecções secundárias. (31, 151; 152) Em infecções naturais, as fases aguda e crônica, frequentemente apresentam difícil diferenciação e a erliquiose pode ser complicada em infecção conjunta com babesiose, hemobartonelose, hepatozoonose ou infecções oportunistas. (22) A trombocitopenia aparece como resultado da hipoplasia megacariocítica e da redução da meia vida das plaquetas, que ocorre por alterações imunomediadas, inflamatórias e perturbação nos mecanismos da coagulação. (87; 145) Avaliou-se o curso da erliquiose em caninos esplenectomizados e não esplenectomizados os sintomas mais acentuados foram apresentados pelo grupo Hemoparasitoses em pequenos animais 19 intacto, com febre, anorexia e redução de peso mais graves que no outro grupo. Não ocorreu, entretanto, diferenças na produção de anticorpos entre ambos os grupos. Sugeriu-se, então, que o baço tem importante papel na patogenia da erliquiose Monocítica, produzindo mediadores ou outras substancias capazes de atuar na patogenia da doença, envolvendo mecanismo imune. (73) A morte pode ocorrer devido de anemia, uremia, infecção bacteriana secundária ou combinação destes. (85) Aspectos Clínicos da E. canis Caracterizada por reação febril e vários sinais clínicos que podem resultar na morte do animal (83; 111). A infecção em cães ocorre em três estágios: Aguda , sub- clínica e terminal. (132) A fase aguda Inicia-se com processo febril , após incubação de 05 a 15 dias , onde pode observar-se temperaturas superiores a 40,5 o c . Ocorre nesta fase, anorexia, perda de peso, edema de membros, vômitos, linfadenopatia 1; 31; 132; 142; 145. Títulos negativos para erliquiose podem ocorrer durante a fase inicial da doença 31. A gravidade dos sinais varia entre os animais, assim como a intensidade do pico febril. Em alguns casos, os cães fazem hipotermia nos dias anteriores ao óbito1. Os relatos da doença, em cães militares, descreveram um quadro gravíssimo, com epistaxis acompanhada de anemia, edema de membros e escroto, perda de peso acentuada, equimoses no abdome, petéquias em mucosas, na cavidade oral e nas conjuntivas, anorexia, dispnéia, febre, linfadenopatia, debilidade, melena e hifema. A morte ocorria poucos dias após o início da epistaxis. Quando a hemorragia era profusa, a morte sobrevinha em poucas horas.(1; 65; 66; 67; 79; 80; 82; 83; 84) Em cães sem raça definida e não esplenectomizados experimentalmente infectados observou-se uma elevação da temperatura entre 3 a 15 dias após infecção, nesta fase os animais iniciavam uma fase de anorexia seguida de apatia. Estes animais não foramtratados, mas entre o 29o e o 53o dia, suas temperaturas estavam normais e estes, aparentemente saudáveis. (1; 4) Observam-se modificações em relação ao quadro clínico e ao prognóstico da erliquiose canina nos últimos anos, pois enquanto os relatos referentes aos cães de guerra, no Vietnã, mostravam sinais de gravidade e um prognóstico sombrio 84.Atualmente, a maioria dos cães sobrevive à fase aguda e ingressa na fase crônica de longa duração (1; 4) Vem sendo observado um abrandamento dos sintomas, o que talvez seja decorrente de adaptação parasito- hospedeiro ou cepa diferente 1. No Rio de Janeiro (Brasil) não têm sido observados, atualmente, sinais de hemorragia difusa relatados por vários autores (29; 50; 83; 84; 85; 113). Em alguns animais observam-se, apenas, algumas petéquias em mucosas enquanto outros poucos, previamente debilitados ou portadores de infecções associadas, acabam morrendo. (1) Entre as a 3a e 4a semanas após a infecção a anemia é mais intensa e as mucosas tornam-se extremamente pálidas. Nesta fase. a desidratação acentua a debilidade dos animais (41; 50; 65; 66; 67; 79; 83) Hemoparasitoses em pequenos animais 20 Durante a fase aguda aparecem sinais clínicos inespecíficos como febre, corrimento óculo-nasal, uveíte anterior, epistaxis, anorexia, depressão, poliúria/polidipsia, linfadenopatia, desidratação, esplenomegalia e diarréia (14; 24 ;48 ; 50 ;65 ;66 ;67 ;79 ;80 ; 83 ;141 ;143 ;14) Fase sub Clínica: Atualmente a maioria dos pacientes infectados por E. canis sobrevive à fase aguda e ingressa em uma etapa subclínica. A morte acontece, geralmente em infecções associadas a outros parasitos. (1; 50; 83) Na fase subclínica a contagem global de células sanguíneas poderá estar moderadamente reduzida , especialmente plaquetas. Os animais, entretanto, estarão assintomáticos. (132) Na fase crônica a erliquiose apresenta características de doença imunomediada (39; 66; 68) Os sintomas mais comuns da doença crônica são depressão, apatia, perda de peso crônica e emaciação, mucosas pálidas, febre, edema periférico (especialmente pernas e bolsa escrotal), equimoses e epistaxis. Podem ocorrer, ainda, infecções secundárias como pneumonia, glomérulo nefrite, insuficiência renal, artrite , polimiosite e ataxia66. Nesta fase pode ocorrer diáteses hemorrágicas epistaxis, petéquias, hematúria ou hematoquesia que são manifestações comuns de uma grave erliquiose crônica, devido à persistente trombocitopenia e ao marcante decréscimo nas plaquetas (14 ;48 ;65 ;66 ;67 ; 79 ;80 ; 108 ;141 ;145) Tem sido descritos casos de poliúria, polidipsia, vômito, hematúria, e ulceração da cavidade oral. (29; 79) São descritas infecções secundárias como, poliartrite, anormalidades neurológicas, doença renal e problemas reprodutivos 79. Claudicação devido a poliartrite tem sido descrita como um possivel sinal de erliquiose canina (1; 13; 140; 142; 150) Observam-se sintomas múltiplos e entre eles, tosse, conjuntivite, uveíte bilateral, hemorragia retinal e vômito e Caracterizaram micoses disseminadas na fase crônica, assim como, Shunts portossistêmicos e casos de divisões celulares atípicas em leucócitos circulantes. (97; 144) São freqüentes as dermatites em cães infectados, tendo sido descrita a presença dos fungos Aspergillus niger e Penicillium Sp., possivelmente decorrentes da imunodepressão acarretada pelo parasito e estas são decorrentes de desordens sistêmicas e alterações imunomediadas. (2; 26; 143) Podem estar presentes sinais neurológicos, devido a hemorragias meningeanas ou inflamação, mas estes não são muito comuns. E. canis deve ser, portanto, incluída no diagnóstico diferencial das doenças neurológicas (66; 79; 108). A ocorrência de episódios dolorosos na região cervical está associada a um quadro neurológico da patologia48. São descritos, também casos de ataxia em animais portadores de Erliquiose. (14 ; 65 ;66 ;67 ;150) Sinais como tetraplegia progressiva, hiporreflexia, perda de massa muscular e atrofia de músculo esquelético, foram associados a erliquiose (22) assim como a ocorrência de murmúrio cardíaco em cão parasitado (156). A ocorrência de taquicardia, arritmias e sintomas gerais de disfunção cardiovascular foram relacionados a hemorragias no miocárdio. (156) Hemoparasitoses em pequenos animais 21 Diferentes respostas a erliquiose se devem ao fato das respostas imunomediada e mediada–celular, serem diferentes entre as raças caninas (112) . A suscetibilidade à infecção por E. canis parece diferir consideravelmente entre as raças caninas (31). Uma síndrome hemorrágica severa tem sido descrita em cães da raça Pastor Alemão, em doença de ocorrência natural ou induzida experimentalmente (29; 48; 97). Este fato não acontece com frequência em outras raças experimentalmente infectadas. (29) A idade dos cães acometidos pela erliquiose é variável, tendo-se relatado casos de cães entre 2 meses a treze anos (25; 97; 150; 155). Parece não existir tendência em relação a idade, sexo e peso dos animais (48). Na fase terminal o quadro variará de brando a severo Na fase terminal, dependendo da raça canina, o quadro variará de brando a severo. Cães da raça Beagle geralmente tornam-se portadores crônicos ocorrendo depressões cíclicas da contagem total de células sanguíneas, enquanto em pastores alemães fazem infecção crônica severa. As manifestações clínicas tardias incluem febre, anorexia, drástica perda de peso, acentuada pancitopenia, anemia e edema periférico. É comum observar equimoses e petéquias em múltiplos locais (132; 133; 134). Nesta fase a pancitopenia como achado laboratorial predominante. (107; 108; 132; 133) Aspectos Hematológicos da E. canis Eritrograma As anormalidades hematológicas mais frequentemente observadas são anemia não regenerativa, trombocitopenia e leucopenia (1;3 ;5 ;14 ;82 ;83 ; 84; 108 ; 111; 141; 143) Geralmente ocorre anemia arregenerativa, porém, a anemia pode ser regenerativa quando houver hemólise concomitante como no caso de infecção concomitante com Babesia canis ou ocorrência de extensiva hemorragia. (79; 80; 145) Tem sido descrita reação auto-imune com eritrofagocitose, anemia arregenerativa associada a uma trombocitopenia central. (14; 25; 66; 80; 85; 156) A evolução da doença para a mortalidade tem relação direta com o estado imunitário. (14) Valores de volume globular chegam a níveis bastante reduzidos, observando-se taxas de 8 a 22 % principalmente na fase aguda e na terminal. (14; 48; 65; 66; 67; 108) Em cães experimentalmente infectados, os valores de Volume Globular, Hematimetria e Hemoglobinometria, apresentaram uma redução bastante acentuada a partir da primeira semana, alcançando os menores índices entre a 5a e a 7a semanas e nas semanas seguintes estes valores elevam-se progressivamente. (1; 14; 50; 66; 67; 84; 108) . Em alguns animais, a desidratação observada, oculta os reais valores de VG devido a hemoconcentração (1; 145). Os valores de Volume globular médio e Hemoglobina Globular média, mantem-se dentro dos limites da normalidade, caracterizando uma anemia normocítica e normocrômica e um quadro eritrocitário arregenerativo. (1;48;50;66;79;84;83;108;111;143) Anemias arregenerativas sugerem causas medulares. (87;109; 56) Hemoparasitoses em pequenos animais 22 Leucograma Leucometria Global O número de leucócitos varia durante a fase aguda, porém, com a indução do sequestro por mecanismos imunológicos ou utilização inflamatória, seu número pode ser diminuído. A monocitose é um achado freqüente. (31 ;65 ;66 ;67 ;85) A leucometria global tende a um comportamento cíclico, tendo sido descritaspequenas elevações numéricas durante infecção experimentail. Em poucos animais observa-se leucopenia durante a fase aguda. (1;31;66;67;85;145) A leucopenia está presente na fase crônica da erliquiose canina. Leucometria Específica Cerca de 50% dos cães apresentam linfopenia e eosinopenia. (150) Animais que estão recebendo terapia com corticosteróides podem apresentar linfopenia, eosinopenia, assim como neutrofilia devido ao uso destes medicamentos. (1; 150) A atipia linfocitária observada em animais infectados natural ou experimentalmente, foi justificada pela intensa resposta imune observada na erliquiose canina (85; 31;69;71;73;70) O número de monócitos varia durante a fase clínica e tende a uma discreta elevação de caráter cíclico estando significativamente elevados em algumas fases (1). Apesar da monocitose ser um achado frequente na erliquiose canina 31; 66.;67 são frequentes os casos de erliquiose onde esta não é observada. (85) Plaquetometria Foram relatados casos de leucopenia associada a trombocitopenia na fase aguda da patologia. Os tempos de coagulação e de protrombina estavam normais, porém o de sangramento estava prolongado e a morte destes animais acontecia entre seis a sete dias após o início da hemorragia. (50; 82; 84; 97; 145) A ocorrência de plaquetas gigantes é provavelmente, em resposta a trombocitopenia, pois avaliações cinéticas indicaram que estas eram plaquetas jovens 1;116;122. Observa-se uma redução da agregação plaquetária e os danos endoteliais podem contribuir para a ocorrência de plaquetopenia. (97 ;101) A presença de plaquetas vacuoladas e gigantes acontece partir do 3o dia , após a inoculação e permanecem por cerca de 2 meses. (1) A trombocitopenia que se desenvolve durante a fase aguda é atribuída ao decréscimo da meia vida das plaquetas circulantes, o que pode ser um mecanismo imunomediado. A megacariocitose é um achado consistente e compatível com o aumento da destruição plaquetária periférica. Na fase crônica a trombocitopenia Hemoparasitoses em pequenos animais 23 está associada ao decréscimo da hematopoiese, que é evidenciada por carência de megacariócitos e outros precursores hematopoiéticos na medula. (16 ;28 ;58 ;87;98;109 ;116 ;127 ;134 ;141 ; 153) Aproximadamente um terço dos cães não apresentam trombocitopenia apesar de terem aspectos clínicos e sorológicos típicos de erliquiose. Nos cães experimentalmente infectados a trombocitopenia é evidente em apenas 2 a 4 semanas. Posteriormente a contagem plaquetária aumenta, porém o título para E. canis continua elevado. A ausência de trombocitopenia em alguns cães afetados também pode ser atribuída a diferenças na destruição plaquetária, a virulência da E. canis ou a fase clínica da doença. (97) O número de plaquetas varia dia a dia (1;79;80;145) e a contagem total de plaquetas frequentemente não se correlaciona com a extensão ou severidade da hemorragia. (79;8) Em infecção experimental, a contagem global de plaquetas, revelou um caráter cíclico, porém não foram observadas plaquetopenias acentuadas. (1) A trombocitopenia está mais frequentemente associada a erliquiose crônica. (38; 85) A síndrome de hiperviscosidade sanguínea ocorre na maioria dos animais infectados e precede ao período de anemia mais acentuada1. Esta hiperviscosidade é agravada pela elevação dos níveis de globulinas (16; 58; 73.;98.; 108; 127; 153) . Nesta fase estes animais apresentam redução da adesão plaquetária. (149) A concentração plasmática de proteínas é o maior determinante do aumento da viscosidade. O fibrinogênio possui a mais elevada viscosidade do plasma, entretanto ela também se eleva devido a maior concentração de imunoglobulinas, como na erliquiose (16; 58; 98; 127; 153).. A hiperproteinemia também esta relacionada a redução da função plaquetária. (16) Após o aparecimento de evidências morfológicas de ativação plaquetária observa-se a ocorrência de mórulas no interior de plaquetas. As mórulas geralmente são observadas em plaquetas para depois serem encontradas em leucócitos. Em infecção experimental por E. canis a observação de mórulas em plaquetas ocorria entre o 12o e a 55o após a inoculação. (1) Na fase crônica, os achados hematológicos são similares ao da fase aguda sendo observados monocitose, linfocitose e trombocitopenia persistente associados à anemia arregenerativa. São descritos raros casos de pancitopenia devido a hipoplasia de todas as células precursoras, que pode ocorrer em casos avançados da fase crônica (79; 108) isto é observado, com frequência, na raça Pastor Alemão. (78; 79; 108; 125) Cães com problemas hemorrágicos e com tempo de sangramento prolongado são observados com frequência, porém o tempo de ativação da coagulação, tempo de protrombina e o tempo de ativação parcial de tromboplastina não apresentam alterações. O prolongamento do tempo de sangramento é evidente por causa da trombocitopenia ou má função plaquetária. Autoaglutinação das células vermelhas do sangue e positividade para o teste direto de Coombs’ são frequentemente observados antes do início do tratamento. (14; 79) Em testes específicos, não foram encontrados produtos de degradação da fibrina . (79) Hemoparasitoses em pequenos animais 24 Trombocitopenia, leucopenia e anemia desenvolvem- se durante a fase aguda da doença, mas a diminuição na contagem celular aproxima-se gradualmente dos valores normais durante o período subclínico. Estudos indicaram que a anemia regride e a contagem de plaquetas retorna ao valor normal em aproximadamente 50 % dos cães que desenvolveram fase subclínica, a leucopenia desaparece frequentemente, e neutropenia relativa com linfocitose parecem ser características desta fase. (29) Fibrinogênio Níveis plasmáticos normais de fibrinogênio são frequentemente observados em processos inflamatórios e infecciosos de cães. (90). Em infecção experimental os níveis de fibrinogênio plasmáticos não diferiram significativamente dos observados em animais clinicamente sadios. (1) Aspectos Bioquímicos na E. canis Proteinograma na erliquiose canina Em infecção experimental, o nível de proteínas séricas totais tendeu a uma elevação a partir da 3a semana após inoculação, entretanto não ultrapassou os níveis de normalidade. O nível sérico de albumina também não variou significativamentre, mesmo nos animais que se encontravam muito debilitados.(1) Relatos que mencionam hipoalbuminemia estão relacionados a erliquiose crônica.onde se observam um aumento dos níveis séricos de globulinas e decréscimo nos de albumina. (13 ;29 ;30 ; 31 ; 69 ;71 ;74 ;79; 82; 83 ; 85 ;97 ; 155 ; 159) Inicialmente a hiperproteinemia é relativa a hipergamaglobulinemia, posteriormente ocorre uma hipoalbuminemia devido a má nutrição, causa renal, doença hepática associada e devido ao edema secundário à vasculite (79; 156). São descritas elevações nos níveis séricos de beta e gama globulinas (74), havendo relatos de aumento dos níveis de IgM, IGG e C3 em alguns animais enquanto outros apresentam elevação de IGG ou de, somente, C3. . (150) Os níveis séricos de IGA e IgM se elevaram em 7 dias em média, enquanto IGG costuma ter seus níveis elevados após o 14o dia, sendo o seu nível máximo alcançado em 80 dias. Os anticorpos são detectáveis por 3 a 16 meses. (37; 68; 71) Em grande parte dos animais infectados naturalmente, estão elevadas as frações alfa 2 e gama globulina (41). Entretanto, são descritos casos de gamopatia policlonal, com redução dos níveis de albumina e elevação de alfa 2, beta e gama globulinas. (14; 145) O caráter mono ou policlonal possívelmente está relacionado a infecçõessecundárias. (71; 73) Hemoparasitoses em pequenos animais 25 Em infecção experimental, os níveis de globulinas séricas, elevaram-se significativamente a partir da 4a semana, quando também era observada inversão da relação albumina- Globulina..(1) Atividade enzimática sérica na erliquiose canina A elevação das atividades séricas de Aspartato amino transferase (AST) e fosfatase alcalina sugerem dano hepático. porém existem casos em que as atividades das enzimas hepáticas, assim como os níveis de uréia estão normais. (79; 132; 145; 150; 156) Em infecção experimental, as atividades séricas de Alanina Amino Transferase, Aspartato Amino Transferase e Fosfatase Alcalina elevaram-se, significativa e progressivamente, entre a 1a e a 10 a semana e decresceram até níveis próximos aos da normalidade na 14a semana. As atividades de ALT (Alanina Amino Transferase) a FAL (Fosfatase Alcalina) elevam-se de maneira mais acentuada que a de AST (Aspartato aminotransferase).(1). Entretanto, a atividade de FAL total poderá se elevar por estresse sistêmico provocado por outras patologias diversas .(90) A atividade de AST eleva-se mais tardiamente e os níveis máximos são inferiores aos de ALT na maioria dos cães. Em alguns animais, a elevação acentuada da atividade sérica destas enzimas a partir da 1a semana, foi sugestivo de necrose celular. (1) Tem sido descrita a elevação na atividade sérica da lactato desidrogenase (LDH) em cães infectados por E. canis.. (149) Foi relatado um aumento na atividade sérica de creatino fosfo quinase (CPK) associado a polimiosite assim como anormalidades eletromiográficas, em cão portador de E. canis. (22) Bilirrubinas Alguns animais apresentam suave icterícia com elevação dos níveis séricos das bilirrubinas (145;156) . Elevações acentuadas, entretanto, têm sido relatadas, principalmente em infecções associadas a babesiose..(1) Apenas um pequeno percentual de animais infectados apenas por E. canis apresenta icterícia. (78; 156) Função renal na erliquiose canina Na fase aguda, elevações séricas dos níveis de uréia, creatinina e fósforo são atribuídas a azotemia pré renal pois a densidade elevada seria um indicativo de habilidade em concentrar líquidos. (79; 97,145) Não são raros os casos de erliquiose em animais nos quais os níveis de uréia e creatinina estão dentro dos parâmetros de normalidade. (14) Hemoparasitoses em pequenos animais 26 Níveis séricos de Uréia levemente elevados podem ser correlacionados ao estresse sistêmico determinado pela doença que aumenta o catabolismo protéico. (121) Os casos de elevações acentuadas estão relacionados a casos avançados na erliquiose crônica. (85; 132; 156). As lesões renais agudas caracterizam-se, primeiramente, por proteinúria. (90) . Glicose Em infecção experimental, observou-se que a glicemia manteve-se dentro dos níveis normais não tendo sido observado diferenças significativas entre o grupo inoculado e o grupo controle. (1) Minerais e Vitaminas na erliquiose canina Existem relatos de hipercalcemia em animal infectado (14). Entretanto, o cálcio está diminuído no interior das células infectadas.(121) Ocorre uma redução dos níveis séricos de folato e Cianocobalamina em cães infectados por E. canis. O fato foi relacionado ao decréscimo das vitaminas por hiperconsumo por parte do parasito.(71) Líquido Céfalo Raquídeo na erliquiose canina Análises do Líquido céfalo raquídeo (LCR) revelaram pleocitose e aumento das proteínas. (79; 145) Diagnóstico da erliquiose canina Diagnóstico Laboratorial O diagnóstico laboratorial mais comum é realizado através da observação de mórulas em esfregaços de sangue periférico (da ponta da orelha). Os esfregaços devem ser efetuados segundo recomendações de NEITZ & THOMAS (1938) que utilizavam apenas a primeira gota de sangue, porque esta corresponde, verdadeiramente, ao sangue periférico. As gotas seguintes são sangue circulante. Em avaliação experimental, observou-se maior número de leucócitos mononucleares na primeira gota e a predominância de mononucleares em relação à segunda. O número de mórulas foi acentuadamente maior nos esfregaços efetuados com a primeira gota de sangue. (1) Após o inicio da fase febril, em infecção experimental por E. canis , é relatado como sendo a primeira alteração observada, a ocorrência de plaquetas gigantes ou ativadas (65;66;67), a partir do 3o dia após a inoculação. (1) Hemoparasitoses em pequenos animais 27 Em infecção experimental por E.canis foram observadas mórulas em plaquetas a partir do 12o dia após a inoculação experimental; em mononucleares, a partir do 13o e em neutrófilos, a partir do 28o dia. A ocorrência de mórulas em mononuclerares foi mais frequente, seguida da observação destas em plaquetas. (1) O diagnóstico baseado na observação de mórulas em células dos esfregaços de sangue periférico ou concentrado leucocitário é bastante fidedigno uma vez que, no início da fase aguda, o diagnóstico sorológico pode mostrar-se negativo. (14) , Testes imunológicos são importantes na fase sub clínica. (1; 14) As mórulas são inclusões basofílicas observadas no citoplasma de linfócitos, monócitos e neutrófilos, além de plaquetas dos caninos infectados, entre 3 a 15 dias após o início da fase febril. em monócitos, linfócitos, neutrófilos, eosinófilos e plaquetas. É importante saber distinguir morfologicamente E. canis de Leishmania donnovani, Hepatozoon canis, fagocitose, plaquetas e artefatos sobrepondo os leucócitos. (111) Na fase anterior ao aparecimento de mórulas, a partir do 5o dia após inoculação, podem ser observadas pequenas inclusões basofílicas em mononucleares, representadas por elementos arredondados e pequenos que diferiam das granulações azurófilas porque, estas últimas, possuem coloração avermelhada. As inclusões foram caracterizadas como sendo os corpúsculos iniciais de E. canis e são descritas como forma mais característica, no diagnóstico laboratorial da Erliquiose canina, devido ao baixo percentual de células parasitadas por mórulas. A observação de corpúsculos iniciais eleva a possibilidade de diagnóstico positivo para cerca de 88%. As inclusões desaparecem cerca de 10 a 14 dias após tratamento e sugeriu-se que, para o diagnóstico, também sejam considerados estes achados, principalmente em regiões enzoóticas. (48) O diagnóstico pode ser auxiliado por achados clínicos e hematológicos, que incluem trombocitopenia de caráter cíclico ou então persistente, baixos valores no hematócrito e leucopenia. Os sinais característicos da erliquiose crônica são pancitopenia e anemia arregenerativa . (14; 48; 79; 107; 141) Os sintomas clínicos indicam uma suspeita de erliquiose. O diagnóstico, porém, deverá ser efetuado através da observação de mórulas em esfregaço de sangue periférico ou concentrado leucocitário sendo o diagnóstico sorológico importante na fase sub clínica. (14) O Quadro clínico assim como as características hematológicas e bioquímicas podem ser muito parecidos nas infecções agudas ou crônicas. A persistência e duração dos processos relacionados podem não chamar a atenção do proprietário ou podem ter ocorrido meses ou até anos antes, de modo que não se vinculam com os problemas vigentes. Em consequência, os parâmetros clinico-patológicos observados devem ser considerados em função dos sinais antecedentes e atuais.(79) Aspirados de pulmão, linfonodos e baço (86; 111), são descritos como métodos pouco eficientes. (86; 111) A técnica de cultivo in vitro (113), e a imunofluorescência indireta, prova que detecta anticorpos paraE. canis (124). são comumente utilizadas nos EUA na detecção da erliquiose canina. Os títulos começam a elevar-se entre 7 a 21 dias, (79) e podem permanecer por 6 meses após tratamento..(41; 115) Hemoparasitoses em pequenos animais 28 A imunofluorescência indireta mostra-se útil na fase crônica mostrando excelente especificidade e grande sensibilidade. (47; 66; 82 ; 145) Em teste de imunofluorescência indireta, a soropositividade começa entre 7 a 21 dias após a infecção e chega a níveis máximos após 80 dias e persiste, a menos que se efetue o tratamento. Entretanto ,às vezes os títulos aumentam com o início do tratamento e declinam após 3 a 6 meses. A persistência do título após este período assinala a presença de E.canis em fase sub clínica ou reinfecção. (141) A imunofluorescência indireta mostrou-se não confiável uma vez que ela persiste após eliminação do parasito. Entretanto, que a elevação da plaquetometria pode ser um indicador de recuperação na fase sub clínica. (70; 106; 148) O nível de globulinas séricas não possui relação direta com o título de anticorpos evidenciados em teste de imunofluorescência indireta. (39; 112) Resultados fracamente positivos para E. platys podem ser decorrentes de reação cruzada (121). e manifestações sorológicas de E. canis e E. chafeensis são descritas como indistintas. (19 ) Atualmente, a caracterização de novas espécies está sendo reavaliada em função de análises de DNA e PCR e similaridades genéticas revelaram um enorme paralelismo entre espécies de Ehrlichia Sp. (19; 66; 70) Estudos recentes tem caracterizado semelhanças cada vez maiores entre as várias espécies dentro do gênero Ehrlichia e vários autores apresentaram a possibilidade de reavaliar-se a classificação destas. (19; 65; 66; 67 ;117) Necrópsia na erliquiose canina Os animais geralmente apresentam emaciação. São fequentes os relatos de lesões cutâneas com áreas de alopecia assim como sinais de hemorragias petequiais ou equimóticas (1;14 ;39 ;50; 78; 84; 129; 141) . Foram relatados edema pulmonar e de membros, secreção gastro intestinal mucosa, ascite, hidrotórax , ulcerações e erosões bucais. (111; 129) A emaciação produz escoriações de decúbito. (111) À inspeção das vísceras observa-se comumente distúrbio congestivo hemorrágico variável, mais acentuado nos pulmões. (1; 38; 39; 78; 79) São descritas ocorrencias de hemorragias petequiais e equimoses nas superfícies serosas e mucosas de numerosos órgãos e tecido sub cutâneo. (14; 39 ;50; 78; 82; 84; 129; 141) . HILDEBRANDT et alii. (1973) avaliaram cem cães da raça Pastor Alemão, sacrificados em fase adiantada de erliquiose clínica e observaram numerosas lesões, entretanto poucas delas eram consistentes e a severidade foi variável. Os achados macroscópicos mais comuns consistiram de hemorragias no tecido sub cutâneo e maioria dos órgãos, linfadenopatia generalizada com linfonodos mesentéricos mais severamente aumentados e edema dos membros. Revelaram ainda que, embora a distribuição , número e severidade das áreas com Hemoparasitoses em pequenos animais 29 hemorragias variassem, pulmões, Coração e sistemas gastrointestinal e urogenital estavam mais afetados o que também foi relatado posteriormente por outros autores. (38; 39; 79) Observam-se, em vários animais, hemorragias difusas ou petequiais em conjuntivas, dermatites (principalmente nos membros), edema de membros pélvicos, emaciação , pele apresentando áreas roxas, áreas edemaciadas, hemorragias nas articulações do carpo, hemorragias sub cutâneas, esplenomegalia discreta, amígdalas ocasionalmente aumentadas, hemorragia petequial na próstata, testículos e epidídimo sendo que alguns cães apresentam petéquias no pênis . Os rins podem apresentar hemorragias sub capsulares e focais perto da junção córtico-medular. Nos pulmões e no coração, podem ser observadas áreas de hemorragias focais e a lesão mais frequente ocorre na cavidade torácica e consiste de hemorragia cardíaca e pulmonar . Alguns cães apresentam hemorragia meningeana espinhal e craniana. (78; 79) Histopatologia na Erliquiose canina A alteração histopatológica mais evidente é um infiltrado celular plasmocitário em numerosos órgãos, especialmente Rins, Tecidos linfopoiéticos e meninges. (38; 39; 83; 84) Em cães militares americanos, da raça Pastor Alemão que foram a óbito devido a erliquiose, observou-se grande infiltrado de linfócitos e plasmócitos em alguns órgãos, incluindo os rins, baço, pulmão, linfonodos , retina e meninges. (125) Observou-se ocorrer redução da população celular da Medula óssea e alteração da arquitetura dos tecidos hematopoiéticos associado a infiltrado plasmocitário. Também foi relatado um acúmulo perivascular de células linforeticulares e plasmáticas em alguns tecidos, estando mais evidentes em meninges, rins e tecidos linfopoiéticos. (39; 78) A hipoplasia mielóide associada à alteração do tecido linfopoiético, com plasmocitose e aglomerados perivasculares de linfócitos principalmente nos rins, meninges e tecidos linfopoiéticos, foi considerada característica, mas não patognomônica. (78) A medula óssea está hiperplasica na fase aguda (14; 145) e torna-se hipoplasica na crônica. (132; 150) A avaliação histopatologica dos rins frequentemente revela um infiltrado de células plasmáticas, mais concentrado em torno de vasos sanguíneos , na junção córtico-medular. (38 ;39;74; 78; 145) Em alguns rins observam-se focos de fibrose glomerular esclerótica com células plasmáticas e linfócitos acumulados sobre os túbulos, indicativo de nefrite intersticial crônica em alguns casos ocorre embolia séptica no glomérulo. (78) O infiltrado plamocitário sugere resposta imune e que as lesões glomerulares costumam ser pequenas ou ausentes. (30). e indicam resposta imunológica antígeno persistente , o que pode ocorrer em alguns tecidos além do renal. (86). Na maioria dos linfonodos, observa-se um grande número de eritrócitos nos sinusóides indicando fagocitose acompanhado por acúmulo de pigmento de ferro em células reticuloendoteliais. (39 ;78; 79) O baço dos cães mais afetados costuma Hemoparasitoses em pequenos animais 30 apresentar corpúsculos ativos com numerosas figuras mitóticas e leve acúmulo de debris nucleares. (39; 78) Em casos cronicos a avaliação da Medula óssea revelou pancitopenia, pronunciada hipoplasia eritróide, depleção de megacariócitos e precursores granulocíticos. Ocasionalmente, ocorre perda da arquitetura sinusoidal. (14; 39; 78; 82; 83; 107; 108) Existe correlação entre as crises hemorrágicas a hipoplasia medular, entretanto mecanismo exato da hipoplaquetemia ainda não esta bem evidenciado. (72; 107) São relatadas lesões cutâneas com áreas focais de ulcerações agudas, dermatites supurativas com numerosas bacterianas e consideráveis debris. O tecido conectivo adjacente costuma estar edemaciado e ocasionalmente, acompanhado de hemorragia. (78) E. canis tem sido observada, ao microscópio eletrônico, em células endoteliais pulmonares de cães experimentalmente infectados. As alterações histopatológicas pulmonares incluem espessamento das paredes septais, aumento do número de células reticuloendoteliais imaturas no interstício, acúmulo perivascular de células plasmáticas e hemorragia. (31). A radiopacidade pulmonar observada radiograficamente pode representar hiperplasia intersticial, plasmocitose ou as hemorragias descritas histológicamente por vários autores. As alterações radiológicas descritas também podem ser observadas em outras condições, como vasculite por dirofilariose, micose pulmonar, infiltrado pulmonar alérgico, doenças imunomediadase alterações hemorrágicas..(31) O aumento da resposta reticuloendotelial vista na pancitopenia canina tropical é comparada a outras doenças com manifestações imunoproliferativas. (78) Tratamento da erliquiose canina Várias drogas efetivas estão disponíveis para o tratamento da erliquiose canina: tetraciclina, oxitetraciclina, doxiciclina, minociclina, dipropionato de imidocarb, cloranfenicol e enrofloxacin. Destas a tetraciclina ou oxytetraciclina são provavelmente as drogas de escolha. Pesquisas recentes, entretanto, tem demonstrado que o uso do enrofloxacin tem proporcionado cura em tempo bastante rápido, tornando o tratamento muito eficiente e o que promove melhora clínica mais rapidamente.(96) Os cães na fase inicial da doença demonstram melhora rápida dos parâmetros clínicos e hematológicos em 24 a 48 horas depois de instituída a terapia. Cães infectados cronicamente podem demonstrar uma remissão mais gradual dos sintomas ou não obter melhora após o início do tratamento com tetraciclina. Alguns cães podem precisar de terapia com tetraciclina por 6 semanas ou por mais tempo até que ocorra melhora 14; 79; 82; 85;89; 108; 141) . Na fase crônica os animais respondem mais gradualmente. (79) Cães que apresentam pancitopenia, característica da fase crônica, tem prognóstico reservado e a melhora pode ser gradual ou então não ocorrer com o tratamento. Hemorragias devido a trombocitopenia, e infecções secundárias a Hemoparasitoses em pequenos animais 31 neutropenia muitas vezes levam a morte e a melhora dos sinais clínica frequentemente precede o retorno aos parâmetros hematológicos normais. Um período de 120 dias pode transcorrer após o tratamento e resolução da infecção até a regeneração da medula óssea. (145) Apesar da melhora progressiva, em cães aparentemente recuperados, pode-se observar o reaparecimento da erliquia com repetição da doença. A resposta ao tratamento neste estágio é variável e casos refratários ao tratamento são frequentemente encontrados. (79; 141) Doxiciclina, minociclina e tetraciclinas liposolúveis que são prontamente absorvidas, produzem elevadas concentrações sanguíneas e tissulares. Estas drogas penetram prontamente na maior parte das células e são aparentemente efetivas em pacientes com erliquiose refratária à terapia com tetraciclina. A doxiciclina é administrada oralmente em baixas doses nos casos agudos e em doses elevadas nos casos crônicas e tem sido efetiva em alta porcentagem de cães infectados em relação à tetraciclina, podendo ser administrada por via intravenosa em cães que apresentam vômito, geralmente por 5 dias. Além disso, em cães tratados com doxicilina observa-se menor incidência de reinfecção em relação aos tratados com oxytetraciclina. (19; 69; 145 ;148) O Cloranfenicol tem sido recomendado para uso em filhotes com menos de 5 meses de idade quando pode ser mais efetivo do que a tetraciclina na eliminação da infecção (145). Entretanto existem autores que se referem a este como opção secundária. (79) Dipropionato de imidocarb tem sido utilizado com sucesso no tratamento da erliquiose por 145. Os autores afirmaram que, com uma única aplicação por via intramuscular, 83,9 % dos cães tem se recuperado. Acrescentam eles, que os cães tratados com esta droga tem tido menos recidiva do que os tratados com tetraciclina. Todavia, revelaram que 10 % dos cães aparentemente recuperados podem ter recidivas. Informaram também, que o imidocarb também pode ser efetivo em 95,8 % dos cães com babesiose e em 60 % dos cães com infecção mista de Babesia Sp. e Ehrlichia Sp. onde obtiveram sucesso com duas aplicações num intervalo de 14 dias. (79) O dipropionato de Imidocarb pode causar salivação, secreção oculonasal, diarréia, dispnéia, taquicardia e tremores devido a efeito anti colinesterásico. (79; 118) Outras terapias de suporte são frequentemente necessárias, principalmente durante a fase crônica da infecção. A desidratação é corrigida com a administração de fluidos. Transfusões sanguíneas podem ser necessárias no caso de hemorragias contínuas que podem causar severa anemia ou choque. Sangue total fresco ou plasma rico em plaquetas podem ser utilizados. Os cães utilizados como doadores de sangue devem ser previamente testados para Ehrlichia. (145) Em curto prazo, antiinflamatórios ou doses imunossupressivas de prednisona ou dexametazona, tem sido uma valiosa terapia adjunta para a doença imunomediada secundária. Entretanto, altas doses de glicocorticóides utilizadas em longo prazo atrapalham o tratamento, pois a imunossupressão interfere na eliminação efetiva do organismo mesmo seguindo a terapia apropriada com tetraciclina. (65; 66; 67 ; 69; 145) O estímulo à medula óssea com esteróides androgênicos pode ser benéfico em cães com a depressao medular. (145 ) Hemoparasitoses em pequenos animais 32 ERLIQUIOSE EM FELINOS O primeiro relato de infeção em felinos por Ehrlichia Sp, foi efetuado na França em 1986 (27). Os autores observaram a presença de mórulas em mononucleares e sugeriram a possibilidade de tratar-se de infecção por Ehrlichia Sp. Posteriormente estudos experimentais revelaram a susceptibilidade de gatos à infecção por E. risticii (Febre equina do Rio Potomac). Neste experimento, gatos inoculados desenvolveram febre e apatia, além da presença de mórulas em leucócitos. (43) Estudos realizados em gatos do Kenia, explenectomizados e parasitados por carrapatos Haemaphisalis laechi demonstraram o aparecimento de uma espécie de erliquia associada à anemia.. Cultivado in vitro com métodos adaptados para E. canis, o agente apresentou necessidades metabólicas características deste gênero. (21) O primeiro caso de erliquiose felina nas Américas foi realizado no Colorado (Estados Unidos da América). Os gatos apresentaram títulos de anticorpos para E. canis e E. risticii . Os autores atribuíram os sintomas à E. risticii por considerarem que E. canis não fosse patogênica para gatos. Consideraram eles a possibilidade da transmissão através da ingestão de roedores ou de parasitos destes, uma vez que os felinos não estavam parasitados. (17) Sugeriu-se que felinos domésticos pudessem servir como “hospedeiro intermediário” para a febre eqüina do rio Potomac. (36) Ao observar-se um leão adulto de vida livre, no continente Africano, parasitado por carrapatos do gênero Haemaphisalis, apresentando mórulas características do gênero Ehrlichia Sp. em monócitos sanguíneos considerou-se a possibilidade de transmissão através de vetores artrópodes. (22) BEALFILS et alii. (1995), descreveram a ocorrência de erliquiose clínica em felinos franceses que costumavam passar os verões no Sul do país. Os animais eram portadores de outras patologias e os autores sugeriram que doenças imunodepressoras associadas facilitariam a instalação e o desenvolvimento da parasitose em gatos. Atualmente estas patologias têm sido consideradas em relação ao aparecimento de hemoparasitoses em gatos. o primeiro relato de erliquiose clínica na América Latina foi feito no Rio de Janeiro quando foi descrito o aparecimento de mórulas em mono e polimorfonucleares em esfregaço sanguíneo de gato que apresentava febre e sintomas inespecíficos. (6; 7; 8) Estudos estão sendo realizados a fim de identificar as espécies de ehrlichia capazes de determinar infeccões naturais em gatos assim como o conhecimento de possíveis vetores. (1; 114) Hemoparasitoses em pequenos animais 33 Dados Clínicos da erliquiose felina Relatos de casos de gatos que apresentavam anemia, apatia e febre e presença de mórulas de Ehrlichia Sp. em esfregaços sanguíneos (6; 7; 8;
Compartilhar