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Resumo de Direito Processual Penal 2° semestre

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RESUMO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL – 2° SEMESTRE
Conceito: É o produto obtido pela atividade das partes legitimas, com emprego de meio licito, em contraditório, perante o juiz natural da causa, tendente a certificar o conteúdo da imputação e o objeto do processo ou a descaracterizá-lo, devendo ser sopesado pelo órgão julgador na fundamentação de seu provimento. 
	O termo prova origina-se do latim – probatio -, que significa ensaio, verificação, inspeção, exame, argumento, razão, aprovação ou confirmação. 
→ Prova:
Elementos trazidos aos autos.
→ Provar: É o processo pelo qual se verifica a exatidão ou a verdade do fato alegado pela parte no processo (exemplo: fase probatória). 
Estabelecer a existência da verdade: Essa corrente pressupõe que seja possível a descoberta da verdade pura, no entanto, tal teoria é presunçosa, haja vista que, não é possível descobrir a verdade por completo, mas sim chegar o mais próximo possível desta.
Produzir um estado de certeza na mente do juiz: Essa corrente afirma que não é possível descobrir a verdade pura, que esta se baseia exclusivamente na certeza na mente do juiz, ou seja, de acordo com seu estado cognitivo, o que é subjetivo. Essa teoria é frágil porque associa a verdade ao entendimento do sujeito 
Sistemas de apreciação/avaliação da prova:
 	São basicamente três sistemas:
Livre convicção: É o método concernente à valoração livre ou à intima convicção do magistrado, significando não haver necessidade de motivação para sua decisões. É o sistema que prevalece no Tribunal do Júri, visto que os jurados não motivam o voto.
Prova legal: É o método ligado à valoração taxada ou tarifada da prova, significando o preestabelecimento de um determinado valor para cada prova produzida no processo, fazendo com que o juiz fique adstrito ao critério fixado pelo legislador, bem como restringido na sua atividade de julgar (exemplo: confissão é a rainha das provas).
Persuasão racional: É o método misto, também chamado de convencimento racional, livre convencimento motivado, apreciação fundamentada ou prova fundamentada. Trata-se do sistema adotado, majoritariamente, pelo processo penal brasileiro, e significando missão dada ao juiz para decidir a causa de acordo com seu livre convencimento, devendo, no entanto, cuidar de fundamentá-lo, nos autos, buscando persuadir as partes e a comunidade em abstrato. A liberdade de apreciação da prova (art. 155, caput, CPP) não significa nque o magistrado possa fazer a sua opinião pessoal ou vivência acerca de algo integrar o conjunto probatório, tornando-se prova. 
→Meio: Trata-se do instrumento pelo qual se demonstra a verdade de algo (exemplo: prova testemunhal). São 
→ Finalidade da prova: A finalidade da prova é convencer o juiz a respeito da verdade de um fato litigioso. Busca-se a verdade processual, ou seja, a verdade atingível ou possível. 
→ Objeto da prova: 
 	O objeto da prova são, primordialmente, os fatos que as partes pretendem demonstrar, ou seja, o que precisa ser provado (fatos controversos da lide). 
 	Excepcionalmente, a parte deve fazer prova quanto à existência e ao conteúdo de um preceito legal, desde que se trate de norma internacional, estadual ou municipal, no entanto, existem fatos que não se provam, tais como: 
Fatos notórios: Os fatos notórios são os nacionalmente conhecidos, não se podendo considerar os relativos a uma comunidade especifica, bem como os atuais.
Fatos evidentes: São os fatos extraídos das diversas ciências, como por exemplo, a lei da gravidade.
Fatos intuitivos: São os fatos decorrentes da experiência e da lógica, como por exemplo, a noção de que o fogo queima.
Fatos que contêm presunção legal absoluta: São os fatos que não comportam prova em sentido contrário, como por exemplo, o menor de 18 anos que é penalmente inimputável. 
Fatos impossíveis: São os fatos que causam aversão ao espírito de uma pessoa informada, como por exemplo, dizer o réu que estava na Lua no momento do crime. 
Fatos irrelevantes/impertinentes: São os fatos que não dizem respeito à solução da causa, como por exemplo, a verificação do passatempo preferido da vitima, se não guarda correspondência com o fato imputado ao réu. 
Máximas de experiência: São os fatos que são facilmente percebidos por alguém que convive em um determinado cotidiano, por exemplo, o motorista que conhece o volume de trânsito em São Paulo. 
→ Resultado da ação de provar: É o produto extraído da análise dos instrumentos de prova oferecidos, demonstrando a verdade de um fato.
	Verdade é a conformidade da noção ideológica com a realidade, enquanto certeza é a crença nessa conformidade. É preciso destacar que a descoberta da verdade é sempre relativa, pois o verdadeiro para uns, pode ser falso para outros. A meta da parte, no processo, portanto, é convencer o magistrado, por meio do raciocínio de que a sua noção da realizada é a correta, isto é, de que os fatos se deram no plano real exatamente como está descrito em sua petição. Portanto, quando o juiz forma sua convicção, ela pode ser verdadeira (correspondente à realidade) ou errônea (não correspondente à realidade), mas jamais falsa, que é um “juízo não verdadeiro”.
→ Valor do inquérito policial:
 	Há uma polêmica no processo penal concernente à valoração das provas produzidas no inquérito policial,  tendo em vista que as provas produzidas nesta fase administrativa não têm valor probatório relevante, pois dependerão das provas produzidas em juízo sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.
 	Em consonância com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, as provas, contra o acusado, colhidas na fase do Inquérito Policial precisam ser rediscutidas e avaliadas pelo juiz competente, sendo assim, condenação baseada somente em provas produzidas na fase do inquérito policial sem a observância dos mencionados princípios carecem de anulação.
 	Ao estabelecer que o juiz não possa fundamentar a sua decisão exclusivamente nos atos investigatórios, a contrario sensu, possibilita-se ao magistrado utilizar de alguns elementos informativos obtidos na investigação (ainda que não todos), para fundamentar a sua sentença, o que configura clara afronta à Constituição Federal. Na verdade, a lei deveria proibir categoricamente a utilização de quaisquer elementos informativos adquiridos na primeira fase da persecução penal, salvo, por óbvio, as provas que forem irrepetíveis, antecipadas e produzidas cautelarmente.
 	Conclui-se então que ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, todos os atos investigatórios produzidos na fase do inquérito policial devem ser repetidos em contraditório judicial para que sirvam como meios de prova idôneos para o magistrado.
Considerações:
Sistema adotado pelo Brasil é o da livre apreciação da prova.
A prova deve cometida em contraditório judicial. 
Não pode o juiz fundamentar suas decisões abusivamente nos elementos colhidos na fase de investigação. 
Exceção a regra do item 3, o juiz poderá utilizar como fundamentação para condenação quando as provas forem:
→ Provas Cautelares: 
 	É aquela que corre risco de perecimento em razão da demora, ou seja, é aquela que tende a desaparecer se não for produzida desde logo – nestes casos, o contraditório é exercido em juízo, posteriormente, com a possibilidade das partes argumentarem contra a prova, impugnarem e oferecerem contraprova, é o chamado “contraditório diferido”. 
 	Provas pré-constituídas. Não são produzidas sob o contraditório, mas são submetidas ao contraditório (contraditório postergado), como por exemplo, as pericias (necropsia) e as provas que dependem de surpresa, interceptação telefônica, busca e apreensão. Podem ser submetidas ao contraditório mediante depoimento das partes; formulação de quesitos. 
→ Provas Irrepetíveis (não repetíveis): 
 	É aquela produzida ainda na fase de inquérito e, portanto, em momento anterior àquele que seria adequado, perante a autoridade judiciária, em razão de sua urgência e relevância – é produzidasob o crivo do contraditório real ou efetivo, já que produzida em juízo e na presença das partes
 	Não podem ser repetidas. No caso de testemunha ou depoimento do ofendido que não pode ser repetido em juízo em razão do falecimento do depoente. 
→ Provas Antecipação: 
 	Foi produzida na fase de inquérito e que não pode ser reproduzida em juízo. Não obstante a previsão legal no sentido de que prova não repetível pode ser utilizada com exclusividade para fundamentar uma decisão judicial, há autores que afirmam não ser possível essa utilização, sob pena de ofensa ao princípio constitucional do contraditório, uma vez que referidas provas não permitem exercer contraditório, nem real, nem diferido.
 	É colhido antes da ação penal, mas sob contraditório produzido (prova) pelo juiz (não é excesso). 
 	A regra é: o juiz NÃO pode decidir apenas com base nos elementos da investigação. Sâo EXCEÇÕES a regra:
→ Ônus da prova:
 	É uma faculdade cujo exercício é necessário para a consecução de um interesse. Não há divisão de ônus probatório no processo penal. Ao Ministério Público, incumbe comprovar a existência do crime, de modo que, a defesa não precisa produzir provas. De acordo com o principio da comunhão da prova, as provas que o Ministério Público produzir são de todos os envolvidos no processo. 
 	Quanto ao ônus de provar, trata-se do interesse que a parte que alega o fato possui de produzir prova ao juiz, visando fazê-lo crer na sua argumentação. Como regra, no processo penal, o ônus da prova é da acusação, que apresenta a imputação em juízo através da denúncia ou da queixa-crime. Entretanto, o réu pode chamar a si o interesse de produzir prova, o que ocorre quando alega, em seu beneficio, algum fato que propiciará a exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, embora nunca o faça de maneira absoluta. Imagine-se que afirme ter matado a vitima, embora o tenha feito em legitima defesa. É preciso provar a ocorrência da excludente, não sendo atribuição da acusação fazê-lo.
 	Não é exigível a autoincriminação no processo penal, significando que o réu não está obrigado a fornecer prova contra si, por exemplo, não está o réu obrigado a fornecer material de próprio punho para a realização de exame grafotécnico, caso entenda que tal prova lhe é prejudicada. 
Obs.: Álibi → É a alegação feita pelo réu, como meio de provar a sua inocência, de que estava em local diverso de onde ocorreu o delito, razão pela qual não poderia tê-lo cometido. É, como regra, ônus seu provar o álibi, embora tal mecanismo não possa levar à isenção da acusação de demonstrar o que lhe compete, isto é, ainda que o réu afirme ter estado, na época do crime, em outra cidade, por exemplo, tendo interesse em produzir a prova cabível, tal situação jamais afastará o encargo da parte acusatória de demonstrar ao juiz a materialidade e a autoria da infração legal. 
Princípios gerais da prova
Princípio da auto responsabilidade das partes: É imputado às partes do processo produzir provas dos fatos ou alegações que venham a lhes favorecer. Este princípio é correlacionado ao ônus da prova.
Princípio da audiência contraditória: Sob a égide do Princípio do contraditório, qualquer prova que é oferecida deve ser apresentada à outra parte, para que esta tenha a oportunidade de defender-se, oferecendo contraprova. Esse mecanismo tem por escopo manter a igualdade entre as partes e, desta forma, influenciar na persuasão do magistrado julgador.
Princípio da comunhão ou aquisição dos meios de prova: No instante que uma prova passa a integrar os autos do processo, ela adquire serventia ao juízo, não somente à parte que a produziu. Sendo assim, uma prova, apesar de ser produzida pelo ofendido, pode acontecer de vir a favorecer ao réu.
Princípio da oralidade: Este princípio prioriza utilização de provas faladas do que as escritas. É geralmente acatado no caso de colheita de provas em audiência, daí o fato de neste momento preferirem depoimentos orais, sendo excepcionalmente apresentados de forma escrita.
Princípio da concentração: As provas, havendo a possibilidade, deverão ser produzidas em audiência, salvo necessidade de antecipação ou urgência.
Princípio da publicidade: Conforme o disposto no art.792, caput, CPP: "As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados”.
Princípio do livre convencimento motivado: É quando o julgador, possuindo os elementos probatórios, passa a valorar os mesmos de acordo com o seu entendimento. Neste momento, o juiz não se vale de orientação legal, mas simplesmente, de uma forma racional, considerando os elementos contidos nos autos na sua totalidade. Ao final, o magistrado apresenta os argumentos devidamente fundamentados que o levaram a determinada decisão.
Procedimento probatório
 	O procedimento probatório é dividido em 4 fases:
Proposição: A parte faz o requerimento. Ocorre no momento do oferecimento da produção das provas, quando os fatos que compõem o processo são configurados.
Admissão: O juiz manifesta-se sobre a admissibilidade das provas, deferindo-as, ou seja, é quando o julgador acolhe a produção da prova, entendendo ser a mesma necessária para a elucidação de controvérsia entre as alegações das partes, ou para averiguar a veracidade de uma alegação de qualquer das partes. 
Produção: A prova é introduzida no processo, ou seja, é quando a prova é gerada, ou seja, quando determinado componente da mesma passa a integrar os autos do processo, por exemplo, a testemunha que é ouvida no processo. 
Apreciação: Trata-se da valoração da prova produzida pelo juiz. É a ocasião posterior à produção probante, o qual, já fazendo parte dos autos processuais, será o momento das partes manifestarem-se sobre elas, estando o magistrado já suscetível a valorar e decidir sobre os eventos expostos.
 	A atividade probatória tem por escopo levar o juiz à um estado de certeza da decisão que irá tomar. Através da certeza, é que o julgador irá, por meio da aplicação valorativa da prova, embasar a condenação ou absolvição por ele empregada.
 	Havendo a ocorrência de dúvida quanto a culpa do réu, o magistrado deve prolatar uma sentença absolutória, respeitando assim o princípio do favor réu. 
Classificação da prova
 	Existem alguns critérios que classificam a prova:
→ Quanto ao objeto:
Direta: Se relaciona com o fato imputado na petição inicial. Evidencia o fato de forma instantânea, não necessitando de nenhuma construção lógica, como exemplo, uma confissão, um flagrante etc.
Indireta: Trata-se de prova que pode colaborar para a elucidação do crime, mas não diz respeito efetivamente ao fato transcrito na petição inicial. Afirma um fato do qual se infira, por dedução ou indução, a existência do fato que se busque provar. Neste caso, há a necessidade de um processo de construção lógica com o intuito de chegar a um determinado fato que se quer provar, como exemplo, há um indício, uma suspeita etc.
→ Quanto ao sujeito ou causa:
Real: É uma prova encontrada em objeto ou coisa que possua vestígios de um crime como, por exemplo, uma camisa ensanguentada da vítima etc.
Pessoal: É uma prova surgida da vontade consciente humana e que tem como objetivo mostrar a veracidade dos fatos asseverados como, por exemplo, o testemunho de quem presenciou um crime, um laudo pericial assinado por dois peritos etc.
→ Quanto à forma:
Testemunhal: É a prova produzida através de declaração subjetiva oral e algumas vezes por escrito. Essas provas podem ser produzidas por testemunhas, pelo próprio acusado (confissão) ou pelo ofendido.
Documental: É a prova originada através de documento escrito ou gravação como, por exemplo cartas, fotografias autenticadas etc.
Material: É a que consiste em qualquer materialidade que sirva de elemento para o convencimento do juiz sobre o fato probando, comoexemplo, existe o exame de corpo de delito etc.
→ Quanto ao valor ou efeito:
Plena (perfeita ou completa): É a prova que é capaz de conduzir o julgador à uma absoluta certeza da existência de um fato.
Não plena (imperfeita ou incompleta): É a prova que apenas conduz à uma probabilidade da ocorrência de um evento, não sendo suficiente para a comprovação.
Meios de obtenção de prova
	Não existe um rol taxativo de meios de obtenção de prova, ou seja, desde que não seja prova ilícita, pois essa é vedada no direito brasileiro, existe liberdade probatória das partes. Mesmo não tendo menção expressa no Código Processual Penal ou no Código Penal, é possível a utilização da prova. Por exemplo, o Código Penal e de Processo Penal não fazem referência expressa sobre a possiblidade de utilização de um pen-drive como prova, no entanto, ainda assim a prova é admitida. Só não ocorre a admissão se, por exemplo, para resgatar meu pen-drive, invadem a residência do proprietário, pois tal conduta caracteriza a prova como ilícita. 
 	São todos os recursos, direitos ou indiretos, utilizados para alcançar a verdade dos fatos no processo. Os meios de prova podem ser:
Lícitos: 
 	Que são admitidos pelo ordenamento jurídico. Somente os meios de prova lícitos devem ser levados em conta pelo juiz.
Ilícitos: 
 	Contrários ao ordenamento. Os meios ilícito são aqueles expressamente proibidos por lei, mas também os imorais, antiéticos, atentatórios à dignidade e à liberdade da pessoa humana e aos bons costumes, bem como os contrários aos princípios gerais do direito. Uma prova conseguida por infração à norma penal (prova obtida por tortura) ou alcançada violando a norma processual penal (laudo produzido por um só perito não oficial) constitui prova ilícita e deve ser desentranhada dos autos.
Classificação de Ada Pellegrini Grinover em relação às provas ilícitas:
 	Para Ada Pellegrini, prova ilegal é apenas o gênero, sendo dividido em provas ilegítimas e provas ilícitas:
Provas ilegítimas: São provas produzidas com violação as normas processuais, por exemplo, o reconhecimento de um furto de modo incorreto, levando a vitima diretamente ao camburão, sem proteger sua integridade física. 
Provas ilícitas: São provas produzidas com violação as regras de direito material e constitucional, por exemplo, os grampos telefônicos. 
 	No Código de Processo Penal existe menção expressa no seu artigo 157 sobre as provas ilícitas, as quais possuem violação a normas constitucionais ou legais, não fazendo referência as provas ilegítimas.
 	Dessa forma, para a referida doutrinadora, são admissíveis as provas ilegítimas, sendo vetadas apenas as ilícitas, que conflitam coma as normas constitucionais ou legais.
Teorias sobre a admissibilidade da prova ilícita:
 	Existem 3 correntes que versam sobre a admissibilidade da prova ilícita:
Corrente da Admissibilidade das provas ilícitas ou Teoria Permissiva:
 	Segundo a teoria permissiva, a prova obtida ilicitamente deve sempre ser reconhecida no ordenamento jurídico como válida e eficaz.
 	Em todos os casos, deve prevalecer o interesse da Justiça no descobrimento da verdade, sendo que a ilicitude na obtenção da prova não deve ter o condão de retirar-lhe o valor de elemento indispensável para formar o convencimento do Julgador. Não obstante a validade e eficácia das aludidas provas, o infrator ficará sujeito às sanções previstas pelo ilícito cometido.
 	Para esta teoria, a prova obtida ilicitamente precisa ser aceita de forma válida e eficaz no processo, uma vez que o ilícito refere-se ao meio de obtenção e não ao seu conteúdo. Significa dizer que o infrator será penalizado pela violação praticada, mas o teor do elemento probatório deverá contribuir para a formação da convicção do magistrado.
 Corrente Intermediária ou Teoria da Proporcionalidade/Ponderação:
 	A teoria da proporcionalidade não defende nenhum dos dois extremos, ou seja, nem a inadmissibilidade absoluta da prova ilícita (teoria obstativa), tampouco a admissibilidade absoluta da prova ilícita (teoria permissiva).
 	Essa corrente adota o critério da proporcionalidade ou da razoabilidade, pelo qual, em determinados casos, pode-se admitir a prova obtida de forma ilícita, levando-se em conta a relevância do interesse público a ser protegido e preservado.
 	Assim, quando há conflito entre princípios constitucionais igualmente relevantes recomenda-se a utilização do critério hermenêutico que se baseia na ponderação de bens. É nesse momento que se fala em proporcionalidade, qual seja, a aplicação da proteção mais adequada possível a um dos direitos em risco, de forma que seja menos gravosa ao outro. Para os defensores dessa corrente, a prova obtida por meio ilícito é inconstitucional, por consequência, ineficaz como prova.
Corrente da Inadmissibilidade processual das provas ilícitas:
 	Parte majoritária da doutrina sustenta que a prova ilícita deve ser rejeitada, mesmo quando inexista norma processual que a considere inadmissível. É o caso, porque a Constituição Federal de 1988 afastou do processo brasileiro a admissibilidade das provas ilícitas, art. 5º, LVI:
 	A inadmissibilidade das provas é uma norma assecuratória que se presta a tutelar direitos e garantias individuais, bem como a qualidade do material probatório a ser introduzido e valorado no processo.
 	Quando o legislador constituinte estabeleceu como direito e garantia fundamental a inadmissibilidade das provas obtidas de forma ilícita, teve a intenção de limitar o princípio da liberdade da prova, ou seja, o juiz é livre para investigar os fatos – verdade real –, porém esta investigação encontra limites dentro de um processo ético movido por princípios políticos e sociais que tem por objetivo a manutenção de um Estado Democrático de Direito.
 	A prova ilícita está na categoria da prova vedada, que, se admitida e valorada pelo juiz em sua sentença, acarretará nulidade desse ato processual.
Obs.: Considerando-se que a prova ilícita não pode gerar outra ou outras que se tornem licitas, ao contrário, todas as que advierem da ilícita são igualmente inadmissíveis, a única exceção concentra-se na prova de fonte independente. Imagina-se que, por escuta clandestina, obtém-se a localização de um documento incriminador em relação ao indiciado. Ocorre que, uma testemunha, depondo regularmente, também indicou à policia o lugar onde se encontrava o referido documento. Na verdade, se esse documento fosse apreendido unicamente pela informação surgida da escuta, seria prova ilícita por derivação e inadmissível no processo. Porém, tendo em vista que ele teve fonte independente, vale dizer, seria encontrado do mesmo modo, mesmo que a escuta não tivesse sido feita, pode ser acolhido como prova licita.
Obs.: Teoria dos frutos da árvore envenenada → Essa teoria consiste em afirmar que provas obtidas licitamente obtidas através de informações aproveitadas de outras provas que violem alguma direito constitucional acabam por serem contaminadas pelas últimas, fazendo com que não sejam aproveitadas no processo. Entretanto, nossos tribunais têm decidido que provas colhidas durante o processo penal não estão contaminadas se a ilicitude instruiu apenas o inquérito policial. Uma prova, para ser descartada de um processo penal, deve ser demonstrada primeiramente o nexo causal entre ela e a prova ilícita, isto é, como foi indispensável a participação desta para a criação daquela.
→ Prova derivada: 
 	Entendem-se como provas ilícitas por derivação aquelas provas adquiridas em conformidade com o ordenamento jurídico e de forma lícita, porém a sua origem derivou de uma informação obtida de prova ilicitamente colhida; com isso, a prova lícita acaba se tornando imprópria e inadequada para ser utilizada no processo.
 	Dessa forma, a prova derivada da prova ilícita também é ilícita, conforme expresso no § 1º do art. 157 do CPP.  Pelo que ficou proclamado no dispositivo legal, a prova derivada exige nexo de causalidade entre a prova ilícita (precedente)e a subsequente, por exemplo a confissão mediante tortura que conduz à apreensão da droga procurada.
 	A lei adota a teoria dos frutos envenenados quando dispõe sobre a proibição das provas ilícitas, constatando que prova ilícita por derivação é inadmissível, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre uma e outras. Se houver relação entre ambas as provas, existe derivação, acarretando a inadmissibilidade.
Lendo-se esse texto legal em sua integralidade podemos dele extrair três regras: 
Comprovando-se o nexo de causalidade entre a prova ilícita e a subsequente, esta última também é ilícita (prova ilícita por derivação).
Não evidenciado o nexo de causalidade entre a prova ilícita (precedente) e a subsequente, esta última é válida;
Mesmo evidenciado o nexo de causalidade entre a prova ilícita (precedente) e a subsequente, esta última é válida quando puder ser obtida por fonte independente.
	Sendo assim, comprovado esse nexo a segunda prova é ilícita e, portanto, inadmissível (devendo ser desentranhada dos autos do processo). Não comprovado o nexo, conclui-se que se trata de prova totalmente independente (e válida). Para a exclusão da prova ilícita dos autos do processo é o habeas corpus instrumento idôneo, consoante
 	
→ Prova emprestada: 
 	Denomina-se de prova emprestada aquela que, sendo produzida anteriormente em um processo, é trasladada à um outro, com o intuito de evidenciar determinado fato.
 	A prova emprestada é a prova produzida em um determinado processo e, depois, trasladada, na forma documental, para outro processo. No segundo processo, em que se junta a prova emprestada, embora trasladada na forma documental, ela terá o valor probante originário (por exemplo: de prova testemunhal, de laudo pericial etc.).
 	Podem ser qualquer meio de provas: podem ser um testemunho, um laudo pericial etc. sendo estas tratadas formalmente como provas documentais conservado seu estado jurídico original como, por exemplo, gravação de um testemunho é tratado como uma prova testemunhal.
	Dessa forma, é aquela produzida em outro processo e, através da reprodução documental, juntada no processo criminal pendente de decisão. O juiz pode levá-la em consideração, embora deva ter a especial cautela de verificar como foi formada no outro feito, de onde foi importada, para se houver o indispensável devido processo legal. É necessário que fique constatado se as mesmas partes estavam envolvidas no processo em que a prova foi efetivamente produzida. 
		Existem alguns requisitos que são necessários para que as provas tenham uma eficácia plena:
Juiz natural → A prova do primeiro processo precisa ter sido produzida/colhida perante juiz natural:
 	Tal exigência não significa que, em ambos os processos, o juiz deva ser o mesmo. Não se trata de identidade física do juiz. O juiz natural, nesse contexto, deve ser entendido como sinônimo de autoridade judiciária, isto é, um sujeito legalmente investido do poder jurisdicional. 
 	Obviamente, não se poderá emprestar provas produzidas perante autoridades não jurisdicionais, com as resultantes de processos administrativos, por exemplo: processos administrativos disciplinares, de inquéritos policiais por fatos diversos, sendo cíveis ou policiais, em processos arbitrais, CPI´s, entre outros. 
Contraditório → A prova produzida no primeiro processo tenha possibilitado o exercício do contraditório perante a parte do segundo processo:
 	Não basta que no segundo processo a prova, ou melhor, o documento por meio do qual será traslada a prova do processo originário venha a ser submetido a posterior contraditório judicial. No caso de fontes de provas constituenda, devem ocorrer em contraditório, por exemplo, a oitiva de uma testemunha, da vítima ou de corréu.
 	Dessa forma, é necessário que, em ambos os processos, o contraditório tenha se desenvolvido entre as mesmas partes, no processo originário e no segundo processo.
 	Já em relação às fontes de provas reais, que preexistem ao processo (por exemplo: uma carta, ou extrato bancário, ou um contrato) o que se tem é a juntada de um documento aos autos do processo, sendo submetido ao contraditório de partes, mas a sua produção não se dará em contraditório.
Objeto → O objeto da prova seja o mesmo nos dois processos:
 	É requisito que o objeto da prova seja o mesmo em ambos os processos. Por exemplo, não se pode emprestar uma prova produzida em um processo civil sobre guarda de filho, em que se fez prova de que o pai, por usar substância entorpecente, não poderia ter a guarda da criança, para demonstrar que o acusado era usuário de drogas, em um processo penal.
Mesmo âmbito de cognição → O âmbito de cognição do primeiro processo seja o mesmo do segundo processo:
 	É requisito que o âmbito da cognição judicial deve ter sido o mesmo em ambos os processos e, consequentemente, o exercício do contraditório seja de intensidades equivalentes. Não se pode aceitar, por exemplo, que uma prova produzida em um processo cautelar, com cognição sumária, seja trasladada para um processo penal condenatório, de cognição plena. Obviamente, tal restrição não diz respeito às medidas cautelares de produção antecipada de prova, nem aos chamados meios de obtenção de prova, como a interceptação telefônica.
Requisitos formais finais:
A prova emprestada precisa ser copiada integralmente, por exemplo, não basta apenas copiar o laudo pericial, mas sim os quesitos formulados pelas partes, suas respostas, etc.
Deve ser produzida no processo originário de modo licito. 
Obs.: E caso o juiz aceite uma prova emprestada indevida (que não preencheu todos os requisitos)? Ficou entendido na jurisprudência que se a condenação do juiz for integralmente baseada na prova emprestada indevida, a mesma deve ser desentranhada dos autos, no entanto, se a sentença não foi baseada exclusivamente na prova emprestada indevida, não se anula a sentença. 
 	Além desses aspectos, é necessário que no processo anterior, em que foi originariamente produzida, a prova tenha obedecido todos os requisitos legais. Por outro lado, como será trasladada na forma documental, é preciso que o seu ingresso no processo de destino se dê com observância das regras sobre produção de prova documental.
 	Em suma, para que a prova emprestada possa ser admitida é necessário que no processo originário ela tenha sido produzida perante um autoridade investida da função jurisdicional, em contraditório de partes, ou ao menos dele tendo participado o sujeito contra quem se pretende fazer valer a prova no processo ao qual será trasladada. Além disso, é necessário que o processo originário e o processo derivado tenham o mesmo nível de cognição e de possibilidade de exercício do contraditório, e versam sobre o mesmo thema probandum. Por fim, é de se exigir que no processo originário a prova tenha sido lícita e legitimamente produzida e que o ato de documentação em que se registrou tal prova seja integralmente transportado para o processo derivado. Obedecido esses requisitos uma prova produzida em um processo poderá ser trasladada para outro processo.
Obs.: No âmbito do processo penal, no caso de interceptação telefônica, o resultado dessa colheita somente pode servir a outro processo-crime, pois é a única destinação da prova. É vedado transferir o material obtido em virtude de interceptações telefônicas para processos civis. 
→ Momento do contraditório - provas pré-constituídas e provas constituendas:
 	As provas pré-constituídas dizem respeito a fontes de conhecimento pré-existentes ao processo, ou seja, existem fora do processo, em procedimentos extraprocessuais, enquanto que as constituendas são constituídas e produzidas com atos do processo, ou seja, se formam no âmbito do processo. 
Provas pré-constituídas: Tratam-se das provas que não foram constituídas sobre o contraditório, mas sim submetidas ao contraditório, como por exemplo no caso da pericia produzida antes do ingresso do processo, que após ser acostada nos autos, enseja prazo para explicaçõessobre a pericia. As provas pré-constituídas, como os documentos, são simplesmente juntadas aos autos do processo, já tendo sido criadas previamente e extra-autos, justamente por isso, o juízo de admissibilidade e o procedimento de produção de tais provas são diversos. Engloba todas as provas documentais e periciais. 
Provas constituendas: Tratam-se de provas produzidas em contraditório, tais como as provas orais, como testemunhos, depoimento do ofendido, interrogatório e etc. Dessa forma, as provas constituendas são aquelas decorrentes de fontes de provas pessoais e têm sua produção no curso do próprio processo, exigindo a realização de atividade processuais das partes e do juiz, bem como demandando tempo para sua produção em contraditório.
Obs.: 
→ Prova submetida ao contraditório (pré-constituidas): É um contraditório fraco.
→ Prova produzida em contraditório (constituenda): É um contraditório forte.
 	Quanto ao momento de produção da prova documental, há ampla liberdade probatória das partes para a juntada de documentos em qualquer fase do processo, no entanto, a mesma liberdade, porém, não existe para a produção da prova decorrente de fonte pessoal, sujeita a limites legais de admissibilidade e produção bem mais rígidos. Há restrição legal quanto ao momento de requerimento da prova oral, o número de testemunhas e o rito para a produção da prova testemunhal.
DECLARAÇÕES DO OFENDIDO
 	O ofendido é o sujeito passivo do crime, é a vitima, ou seja, a pessoa que teve diretamente o seu interesse ou bem jurídico violado pela prática de infração penal. 
Obs.: O Estado, por seu turno, é considerado o sujeito passivo constante ou formal, sempre presente em todos os delitos, pois detém o direito de punir, com exclusividade. 
 	Importante ressaltar que vitima é o gênero, do qual são espécies:
Sujeito passivo: É o titular do bem jurídico protegido pelo tipo penal.
Ofendido: É aquele que sofre um prejuízo por causa do cometimento do crime, tendo direito á reparação do dano.
Prejudicado: É todo aquele que sofre um prejuízo diante do cometimento do delito, ainda que não tenha direito à reparação do dano. 
Exemplo: No caso do cometimento de um homicídio, seriam vitimas as seguintes pessoas: o sujeito passivo (morto), ofendido (familiares do morto) e prejudicado (familiares do criminoso, caso este seja preso, privados do seu convívio e sustento). 
Diversidade entre ofendido e testemunha: 
 	Por certo que a vitima não pode ser considerada testemunha, vejamos:
A menção à vitima está situada, propositadamente, no Código de Processo Penal, em capítulo destacado daquele que é destinado às testemunhas. 
A vitima não presta compromisso de dizer a verdade, como se nota pela simples leitura do caput do artigo 201 do CPP, enquanto a testemunha tem a obrigação de prestar esclarecimentos verídicos sobre os fatos. 
O texto legal menciona que a vítima é ouvida em “declarações”, não prestando depoimento, nomenclatura dada ao testemunho.
O ofendido é perguntado sobre quem é o autor do crime ou quem possa ser o autor (uma suposição e não uma certeza), o que é incompatível com um relato objetivo de pessoa que, efetivamente sabe dos fatos e de sua autoria porque testemunhou a ocorrência do mesmo. 
A vitima é perguntada sobre as provas que possa indicar, isto é, toma a postura de autentica parte no processo, auxiliando o juiz e a acusação a conseguir mais dados contra o acusado.
A vitima tem interesse na condenação do réu, na medida em que pode, com isso, obter mais facilmente a reparação do dano na esfera cível. Da testemunha, exige-se, diversamente, fatos dos quais tenha ciência e as razões de seu conhecimento, para aferir a sua credibilidade. 
 	Por tais razões, resta claro que vitima não é testemunha, de modo que não compõe o rol das testemunhas, nem é computada a sua inclusão no número legal fixado para cada parte. 
→ Natureza jurídica:
 	Uma pequena parte da doutrina acredita que a declaração do ofendido não constitui meio de prova, mas sim meros esclarecimentos. Tal posicionamento não prospera nem sequer na jurisprudência, haja vista que, as informações prestadas serão influentes na decisão do juiz ao designar o valor probatório. 
Posicionamentos:
Badaró: Diante da disciplina legal das declarações do ofendido do Código de Processo penal, prevalece o entendimento de que se trata de um meio de prova. 
Doutrina e jurisprudência: Consideram as declarações do ofendido como meio de prova, o que não significa que o juiz não deva olhar para as declarações com cautela. 
→ Condução coercitiva e processo por desobediência:
 	A condução coercitiva da vitima está prevista quando houver ausência injustificada da mesma, com fundamento artigo 225 do CPP, utilizado nesse caso por analogia:
 	Pode a vitima ser conduzida coercitivamente à presença do juiz para dar suas declarações, não somente porque a sua oitiva, como já afirmado, é essencial para a busca da verdade real, como, também, pelo fato de que ninguém se exime de colaborar com o Poder Judiciário. 
 	Frisa-se que a hipótese de a vitima ser processada por desobediência só é aceitável quando a lei expressamente admitir, como ocorre no caso da testemunha faltosa:
 	No Processo Penal, a vitima é conduzida à força ao juízo para prestar suas declarações como sanção, embora haja possibilidade de ser processada por desobediência. 
PROCEDIMENTO PROBATÓRIO:
Requerimento: Não é necessário o requerimento da vitima para a instauração do inquérito e da ação penal. 
Momento: Em regra, é a primeira prova oral a ser realizada. É possível que seja a declaração do ofendido seja colhida após o depoimento das testemunhas de acusação. 
Conteúdo obrigatório: É questionado ao ofendido as circunstâncias do fato, quem o mesmo presume ser o autor daquele delito e requer-se provas que a vitima pode indicar (o juiz fará os questionamentos). 
Questionamentos das partes: É imprescindível que as partes possam fazer perguntas para o ofendido, e mesmo que as aludidas partes não tenham questionamentos para fazer no momento oportuno, o contraditório obrigatório terá sido exercido.
→ Obrigatoriedade da sua inquirição: 
 	Em que pese não ser testemunha, é obrigatória a oitiva da vitima, não só porque o artigo 201 do Código de Processo Penal expressamente, menciona que ela será ouvida sempre que possível, mas também porque, no processo penal vigora o principio da verdade real, isto é, deve o juiz buscar todos os meios lícitos e plausíveis para atingir o estado de certeza que lhe permitirá formar o seu veredicto. 
 	Assim, caso as partes não arrolem a parte ofendida, deve o magistrado determinar, de oficio, sua inquirição, sob pena de se enfraquecer a colheita da prova. É evidente que, deixando de inquirir o ofendido, não será acarretada a nulidade absoluta, mas sim a nulidade relativa, podendo uma das partes apontar o prejuízo sofrido e invocar a anulação do feito. 
→ Reperguntas ao ofendido:
	O contraditório é principio constitucional e a produção e formação de uma prova passa, invariavelmente, pelo juiz. A ampla possibilidade de participação dos envolvidos e suas colocações, seja para auxiliar a absolver ou para condenar o agressor é importante, merecendo portanto, o crivo das reperguntas das partes para aclarar a verdade. 
Obs.: Vitima não comete falso testemunho:
 	Não sendo ele testemunha, não estando sujeito ao compromisso de dizer a verdade, sendo figura naturalmente parcial na disputa travada no processo, inexiste possibilidade logico-sistemática de se submeter o ofendido a processo por falso testemunho, o que constitui, hoje, posição majoritária na doutrina e na jurisprudência. 
 	O juiz deve avaliar as suas declarações da mesma forma que o faz com o interrogatório do réu. Eventualmente, pode a vitima responder por denunciação caluniosa, caso tenha, deliberadamente, dado causa à instauração de ação penal contra pessoa que sabia inocente. 
→ Valor probatório da palavra da vitima:
 	As declarações do ofendidoconstituem meio de prova. 
Obs.: É importante destacar que a prática forense nos mostra haver vitimas muito mais desprendidas e imparciais do que as próprias testemunhas, de forma que suas declarações podem se tornar fontes valorosos de prova. 
 	Alguns crimes podem ser julgados considerando exclusivamente o depoimento do ofendido, contanto que harmonizado com o contexto harmônico do processo, sendo que a jurisprudência aponta os crimes onde às declarações da vitima possuem maior peso:
Crimes sexuais: Os crimes sexuais raramente possuirão testemunha, haja vista que, demanda um tempo razoável e usualmente o criminoso tem ao menos um mínimo planejamento. Nesses casos a declaração do ofendido conta muito para a valoração dos autos, no entanto, o magistrado deve atentar-se com cuidado se existem resquícios emoção, paixão ou raiva no comportamento da vitima, vez que, muitas vezes o ofendido acusa um individuo por ressentimento de algum fato aleatório. 
Crimes patrimoniais: Os crimes patrimoniais, essencialmente roubo e furto costumam considerar a declaração da vitima como meio de prova com alto valor probatório, isto porque, são crimes praticados com grande frequência e de modo clandestino, onde a vitima raramente consegue identificar o individuo por conta da ação rápida do crime. Se a declaração do ofendido estiver em consonância com os autos, existem grandes possibilidades de ocorrer a condenação. 
 	Lembra Altavilla que a vitima é pessoa diretamente envolvida pela prática do crime, pois algum bem ou interesse seu foi violado, razão pela qual pode estar coberta por emoções perturbadoras do seu processo psíquico, levando-a à ira, ao medo, à mentira, ao erro, às ilusões de percepção, ao desejo de vingança, à esperança de obter vantagens econômicas e à vontade expressa de se desculpar, neste último caso, quando termina contribuindo para a prática do crime. 
 	Por outro lado, há aspectos ao sofrimento pelo qual passou a vitima, quando da prática do delito, podendo, então, haver distorções naturais em suas declarações. A pessoa sequestrada, por exemplo, diante da dor e da aflição suportadas, pode elevar sobremaneira o período em que ficou sob poder do sequestrador, justamente porque perde a noção real de tempo, estando com a liberdade privado. 
 	Outro aspecto a ser considerado é que exposições pormenorizadas do fato criminoso nem sempre são fruto da verdade, uma vez que o ofendido tem a capacidade de inventar muitas circunstâncias, até para atenuar a sua responsabilidade na ocorrência do delito. 
 	Ao magistrado só resta exercitar ao máximo a sua capacidade de observação, a sua sensibilidade para captar verdades e inverdades, a sua particular tendência de ler nas entrelinhas e perceber a realidade. 
 	Dessa forma, a palavra isolada da vitima, sem testemunhas a confirma-la, pode dar margem à condenação do réu, desde que resistente e firme, harmônica com as demais circunstâncias colhidas ao longo da instrução. 
→ Valor relativo da declaração do ofendido:
 	As declarações do ofendido possuem força, no entanto, é preciso que o juiz averigue algumas situações que podem influenciar drasticamente do que a vitima alega. 
Razões que podem levar uma vitima a mentir:
Paixão/emoção;
Vantagem;
Evitar alguma desvantagem.
 Posicionamento:
- Hélio Tornaghi: “O ofendido mede tudo por padrão subjetivo distorcido”.
- Hélio Tornaghi: “Ainda que pretenda ser honesto e isento, estará sujeito a falsear a verdade, embora de boa-fé”.
 	O doutrinador MALATESTA enumerou algumas razões de perda de credibilidade e fé da declaração do ofendido:
Inverossimilhança:
 	Caráter de inverossimilhante, condição do que não parece verdadeiro ou provável; falta de verossimilhança. Dessa forma, trata-se de uma declaração do ofendido que possui aparência de verdade, no entanto, trata-se de uma ficção. 
Exemplo: 
 	Um delegado fora do exercício de sua função presta declaração como ofendido. Em suas alegações, conta que diligenciou até um prostibulo no centro de São Paulo, às 02:00h para averiguar uma denúncia anônima de prostituição de menores, junto com um amigo não policial, que o acompanhou para mostrar o local. Ao chegar no prostibulo, foi barrado na entrada e informado pelo gerente que 3 caminhoneiros haviam pago para fechar o local naquela noite. Ainda assim o delegado entrou no local para prosseguir com sua investigação, quando foi atacado pelos 3 caminhoneiros com tacos de sinuca e quando estava quase desfalecendo de tanto ser espancado, atirou com arma de fogo em um deles.,
 	Em contraposição, a alegação dos caminhoneiros foi que o delegado se enfureceu, pois não conseguiu aproveitar o prostibulo, o que acarretou uma briga de “bar”, e terminou com o delegado fora do exercício da função disparando um tiro de raspão em um dos integrantes do grupo. 
 	Nessa situação, a inverossimilhança do ofendido fica clara, pois analisar os fatos com cautela percebe-se que o delegado foi com um amigo para aproveitar a madrugada, após já ter ingerido álcool, em seu carro particular, e ao verificar que o local estava fechado, entrou em uma briga que acabou saindo de seu controle, fazendo com que chegasse ao limite de disparar uma bala com sua arma de fogo. 
Contradições: 
 	Trata-se da incoerência entre o que se diz e o que se disse anteriormente, entre palavras ou ações, ou seja, é o desacordo entre as declarações do ofendido e do ofensor, e algumas vezes entre as próprias declarações do ofendido. 
Exemplo: 
 	Dois indivíduos prestam declarações como ofendidos afirmando que estavam dentro de um automóvel, no centro de São Paulo, quando perceberam que outro carro emparelhou com seu automóvel e os indivíduos começaram a gritar para que saíssem do carro. Assustados, eles saíram e foram violentamente agredidos e tiveram suas carteiras e um celular roubados. 
	Em contrapartida, os querelantes alegam que na data do ocorrido havia tido um jogo entre São Paulo e Corinthians, e que na verdade o ocorrido tratava-se de uma briga de torcidas, além de não ocorrer roubo de objeto material algum. 
 	Ao analisar o processo com cautela, o juiz averiguou com os próprios ofendidos que seus utensílios jamais foram roubados, concretizando-se como correto os esclarecimentos prestados pelos teóricos ofensores. 
Admissão da verdade:
 	Admissão da verdade significa que o ofendido não quer assumir a culpa de seu ato, tão pouco responsabilizar-se por ele. 
Exemplo: 
 	Um homem instaura ação penal contra individuo, alegando que este entrou na sua casa enquanto estava dormindo (as portas estavam abertas por tratar-se de uma cidade muito pequena), e subtraiu sua carteira com R$ 50,00. No momento em que o querelante pegou o objeto, o ofendido acordou e tentou segurá-lo, o que acarretou em 2 chutes proferidos pelo ofensor. 
 	Em contraposição, o querelante apontou sua versão, dizendo ter atuado como pintor na casa da vitima (fato confirmado pelo ofendido e por testemunhas) e que não recebeu o importe de R$ 250,00 que deveria ser pago. No exercício arbitrário de suas próprias razões, optou por entrar na casa do ofendido e tentar subtrair o valor que considerava devido, no entanto, o ofensor acordou e na tentativa de fugir, proferiu 2 chutes no mesmo. 
 	Nessa situação, resta claro a admissão da verdade, porque se o ofendido contasse que não efetuou o pagamento pelo serviço do pintor, descaracterizaria o crime até então pretendido, bem como geraria responsabilidade por culpa e constrangimento a “vitima”. 
Acusação falsa traz alguma vantagem:
 	A vítima ou suposta vítima terá alguma vantagem, caso se reconheça ou se aumente a extensão da responsabilidade do acusado. Isso é especialmente problemático em países em que as indenizações por danos morais atingem cifras altíssimas, como nos EUA, mas também pode ocorrer por aqui. Em casos de apropriação indébita, é frequente que se use a acusação penal com o fim de assegurar o recebimento de determinado valor. Também é possível que seja aumentada a extensão do crime, para assegurar orecebimento do seguro.
Exemplo: 
 	É possível ainda que o ofendido tenha interesse de cometer apropriação indébita, por exemplo no caso do advogado que retirou guia de levantamento de valores totais em determinado processo, e retirou para si a quantia de 15% a titulo de honorários. O ofendido diligenciou até a delegacia, alegando que a quantia correta era de 10% e que o advogado havia se apropriado dos 5% restantes. O advogado, demonstrando boa-fé, alegou que foi convencionado o montante de 15% em contrato verbal, e depositou em juízo os 5% para que seja discutido e deliberado o importe devido. Nesse caso, é necessário aferir se o depoimento do ofendido é realmente imparcial, haja vista que, é possível que exista interesse de apropriar-se indevidamente do montante 5%. 
 	Mulher alega que foi vítima de roubo, embora tenha sido vítima de furto, porque o seguro não “cobre” furto simples, apenas qualificado e roubo.
Interesse em proteger o acusado:
 	Apesar de ter inicialmente relatado na Delegacia de Política ter sofrido um crime, há situações em que a própria vítima, em juízo, desmente a acusação inicial. Isso pode se dar, principalmente, por duas razões. É possível que por medo, por ter sido coagida ou por conhecer a fama do autor do crime, tenha preferido se proteger isentando o autor do crime. É possível que, esvanecida a raiva inicial, por afeto deseje proteger o acusado. 
Exemplo:
 	É o caso da mãe que denuncia o filho dependente de drogas e depois se arrepende.
Também é o caso da mulher que denuncia o companheiro, namorado ou marido, depois se reconcilia.
Também o caso do rufião acusado pela prostituta.  (Altavilla, pp. 213-215) Eventualmente, no hipótese da mulher agredida e na do rufião e da prostituta, o motivo para o retrocesso na acusação pode ser tanto o afeto como o receio de sofrer represálias, ou até ambos.
→ Comunicação dos atos processuais ao ofendido:
 	O ofendido deve ser comunicado da saída ou do ingresso do acusado na prisão, da data de audiência e da sentença e do acórdão. 
 	Determina o artigo 201, § 2º do CPP:
 	As comunicações ao ofendido deverão ser realizadas no endereço que ele indicar, admitindo-se, se for opção sua, o uso de meio eletrônico. 
→ Assistência ao ofendido:
 	Prevê-se, ainda, na Lei nº 11.690/2008, acrescendo os §§ 4º e 5º ao artigo 201 do CPP, que, antes e durante o desenvolvimento da audiência, terá o ofendido um espaço separado, isto porque não cabe deixar em uma mesma sala o ofendido e o réu, haja vista que pode provocar inúmeros sentimentos desconfortáveis à vitima, sendo uma prática de extrema insensibilidade. 
 	No entanto, na prática, quando estiver prestando suas declarações, por óbvio que não se pode reservar a ele um espaço totalmente separado, haja vista que, todos estarão na sala de audiência e ali deve, também ficar a vítima. 
Obs.: Há previsão para o uso de videoconferência em caso grave, mas isso não significa que haja sempre um espaço próprio para o ofendido.
→ Preservação da intimidade do ofendido:
	 A Lei 11.690/2008 introduziu o dispositivo §6º ao artigo 201 do CPP:
 	O artigo em apreço deve ser interpretado em conjunto com as normas constitucionais que cuidam da publicidade dos atos processuais e do sigilo em defesa da intimidade. Do contrário, se contrastar com a Constituição Federal, de nenhuma valia será. 
PROVA TESTEMUNHAL
 	É a pessoa que declara ter tomado conhecimento de algo, podendo confirmar a veracidade do ocorrido, agindo sob o compromisso de ser imparcial e dizer a verdade. 
 	Testemunhas são pessoas que depõe sobre fatos, sejam eles quais forem, não necessariamente o crime em si. Se viram ou ouviram dizer, não deixam de ser testemunhas, dando declarações sobre a ocorrência de alguma coisa. A pessoa que presencia um acidente automobilístico, por exemplo, narra ao juiz os fatos, tais como se deram na sua visão. Necessário lembrar que existe uma dose de interpretação, porque apesar de ter visto, não significa que irá contar, exatamente, o que e como tudo ocorreu. 
 	A testemunha é:
Pessoa que toma conhecimento de um fato relevante e pretérito pertinente a relação com o caso, não necessariamente sobre o fato criminoso. 
Pessoa que não é parte do fato
Pessoa que utiliza-se dos sentidos, principalmente a visão e audição.
Obs.: No processo penal, é meio de prova, tanto quanto a confissão, os documentos, a pericia e outros elementos.
→ Características: 
Judicialidade: só pode ser considerada testemunha a pessoa que depõe em juízo; se o faz perante outra autoridade que não seja um Juiz de Direito “non mantiene carattere di testimonianza“. O depoimento deve ser prestado em juízo, pois a prova testemunhal de que a lei fala é aquela produzida perante o juiz, para que esteja sobre efeito de contraditório. 
Oralidade:  o testemunho será sempre prestado na forma oral, não sendo permitido à testemunha fazê-lo por escrito, salvo algumas exceções. A regra da oralidade se justifica plenamente, pois o testemunho tem que expressar fisicamente as impressões sensoriais do depoente, o que só é verdadeiramente possível se realizado oralmente. 
Objetividade: A testemunha não pode se manifestar subjetivamente sobre os fatos a respeito dos quais depõe, emitindo opiniões pessoais sobre os mesmos ”salvo quando inseparáveis da narrativa do fato”, como explicita o art. 213 do CPP. Por conseguinte, não pode o Juiz fazer-lhe perguntas que venham a ensejar este tipo de resposta; deve também o Magistrado indeferir as perguntas assim formuladas pelas partes. As apreciações pessoais devem ser separadas, pois comprometem a credibilidade e a imparcialidade da testemunha.
Retrospectividade: A testemunha depõe sempre sobre fatos pretéritos e não sobre fatos futuros. Tornaghi, exemplificando, afirma que “se um engenheiro depõe sobre um incêndio a que assistiu, não lhe toca pronunciar-se sobre a iminência de desmoronamento das paredes que restam” ou “se um médico é chamado a depor sobre uma agressão, não lhe compete dizer se a lesão produzida na vítima vai inabilitá-la para o trabalho por mais de 30 dias“, pois, ainda que possuam capacidade técnica para prever acontecimento futuro, por estarem depondo apenas como testemunhas (e não como peritos), não poderiam fazer tais apreciações. 
Formalidades da colheita do depoimento:
 	A forma padrão é a colheita oral, reduzindo-se a termo o que disse a testemunha, até pelo fato de ser a única forma de avaliar a sinceridade do depoente, apurando se fala a verdade. 
 	O depoimento por escrito tem a impessoalidade como marca, impossibilitando ao magistrado averiguar a sua fidelidade aos fatos, bem como impossibilitaria as reperguntas, ferindo os princípios do contraditório e da ampla defesa. No entanto, existem exceções previstas no artigo 221, § 1º do CPP:
 	O CPP autoriza realizar depoimento por escrito:
Presidente da República. 
Vice-Presidente da República.
Presidente do Senado Federal.
Presidente da Câmara dos Deputados. 
Presidente do STF.
 	Nesse caso, buscar-se-ia preservar o contraditório, enviando-se as perguntas formuladas pelos juiz e pelas partes por oficio. Nada impede que, vindo as respostas, sejam remetidas outras reperguntas, para o esclarecimento da verdade real. 
 	Outra exceção enumerada como depoimento escrito é o prestado por:
Surdo
Mudo
Surdo-Mudo
 	O surdo-mudo apresenta-se ao juiz pessoalmente, e recebendo por escrito as perguntas, responde-as na hora, também por escrito. Terão as partes a oportunidade de presenciar o ocorrido e fazer suas reperguntas. Logo, até mesmo expressões de inverdade, evidenciadas pelo nervosismo e outros gestos específicos, podem ser captadas pelo juiz quando da colheita do depoimento. 
 	Aponta ainda o artigo 14 da Lei 4.898/65. Que diz respeito à possibilidade de testemunhas comprovarem a materialidade de crime de abuso de autoridade, quando deixar vestígios. Nesse caso, como se peritos fossem, que podem apresentar seu laudo por escrito, testemunhas qualificadas tambémpoderiam apresentar seu laudo por escrito, e testemunhas qualificadas também poderiam optar por fazê-lo desse modo.
→ Classificações:
Direta: 
 	São pessoas que depõem sobre os fatos que efetivamente presenciaram. É a testemunha de visu, que sabe dos fatos porque os viu diretamente, os presenciou sensorialmente. A lei brasileira utiliza-se do sistema do livre convencimento, de modo que, é evidente que o Juiz pode valorar a prova da forma como melhor lhe aprouver, dando, por exemplo, valor maior à palavra da testemunha que viu do que à de quem apenas ouviu dizer. 
Indireta: 
 	Quando a testemunha depõe sobre o que ouviu dizer de outra pessoa, continua a declarar um fato, isto é está narrando aquilo que lhe contou um terceiro, não deixando de ser isso uma ocorrência. Dessa forma, esta testemunha declara sobre o que ouviu dizer e não a respeito do que viu, testemunha de auditu. 
 	Apesar de ser um testemunho mais frágil e menos firme, o certo é que deve ser aceito como prova testemunhal, ainda mais à luz do referido sistema do livre convencimento que dá uma certa liberdade ao julgador no momento de avaliar a prova. A exigência que deve ser feita para se admitir o testemunho indireto é que o depoente indique “as fontes de sua ciência como, aliás, ordena o art. 203 do Código de Processo Penal. Não se pode tolerar que alguém vá a juízo repetir a vox publica. Observa o mesmo jurista que “o testemunho indireto é, ademais, por vezes, o único possível, como no caso de ausentes, de pessoas que, no leito de morte, fazem alguma declaração etc. 
 	De qualquer forma, é um meio de prova criticado por muitos e o juiz deve ser rigoroso em avaliar a prova. 
Numerária: 
 	É a testemunha que presta compromisso ou juramento na forma do art. 203, primeira parte do Código de Processo Penal. São aquelas arroladas pelas partes e que prestam compromisso de dizer a verdade, e, portanto, podem responder por crime de falso testemunho. Vale observar que a nomenclatura numerária faz referência ao limite de pessoas que podem ser convocadas a depor por cada uma das partes. 
Extranumerária: 
 	São as testemunhas arroladas por iniciativa do juiz. Não são computadas no número de testemunhas legalmente permitido, podendo ser ouvidas em número ilimitado. Vale observar que o fato de ter sido arrolada pelo juiz não exclui o dever de prestar compromisso dizendo a verdade, sob pena de falso testemunho. 
Informante/declarante: 
	Trata-se de testemunha que está dispensada por lei a prestar o compromisso. São elas os doentes e deficientes mentais e os menores de 14 anos, além de todas aquelas elencadas no art. 206 (art. 208, CPP). 
 	Quanto aos parentes do acusado, só estão obrigados a depor quando sem os seus respectivos testemunhos não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias (art. 206, in fine). Se depõem, não precisam prestar o compromisso, porém remanesce indeclinável o dever jurídico de dizer a verdade. 
Própria: 
 	Depõe sobre fatos que dizem respeito diretamente ao objeto do processo, isto é, ao tema a ser provado, seja porque os presenciou, seja porque deles ouviu dizer.
Imprópria ou instrumental:
 	Declara ou certifica fatos que não se referem diretamente ao mérito da ação penal. Na verdade, a testemunha imprópria não presenciou nem ouviu dizer dos fatos objeto da ação, mas assistiu a um ato da persecutio criminis, seja na primeira ou na sua segunda fase, funcionando como um meio de garantia da veracidade e da legalidade de determinado ato.
 	É a denominação dada, por exemplo, à pessoa que testemunha a leitura do auto de prisão em flagrante na presença do acusado, do condutor e das testemunhas, assinando o referido auto em lugar do indiciado, que não quer, não sabe ou não pode fazê-lo. Dispensa-se a utilização da testemunha instrumentária, quando o réu, em juízo, recusa-se ou não pode assinar o seu interrogatório, consignando-se no termo tal circunstância. 
 	É evidente que se também presenciou ou ouviu dizer a respeito do thema será inquirida, outrossim, como testemunha própria ao invés de impróprio. No nosso Código podemos exemplificar com os arts. 6º., V, 226, IV, 245, § 7º. e 304, § 2º.
→ Compromisso:
 	A norma processual penal menciona que a testemunha fará a processa de dizer a verdade, sob palavra de honra, isto é, comprometer-se-á a narrar, sinceramente, o que sabe sobre os fatos relevantes indagados pelo juiz. Trata-se do compromisso de dizer a verdade ou do juramento. 
 	O magistrado, antes do depoimento, deve compromissar a testemunha, tornando claro o seu dever de dizer somente a verdade, sob pena de ser processada por falso testemunho. Trata-se de formalidade legal, que demonstra à pessoa a ser ouvida, o dever jurídico a ela imposto, qual seja dizer a verdade a qualquer custo. 
- Impedimento legal para o compromisso:
 	O juramento de dizer a verdade, que comprova o perfil de testemunha, não será realizado no tocante aos: 
Doentes e deficientes mentais
Menores de 14 anos
Ascendente
Descendente
Afim em linha reta
Cônjuge (ainda que desquitado).
Irmão 
Pai
Mãe
Filho adotivo do acusado
 	Ressalta-se que o deferimento do compromisso a essas pessoas é mera irregularidade, não sendo motivo capaz de gerar nulidade, entretanto, uma vez presentes para prestar depoimento, não poderão alegar, mais tarde, que o pai do réu, por exemplo, foi obrigado pelo juiz a depor sob compromisso de dizer a verdade, prejudicando seu filho. . 
→ Proteção à testemunha:
 	Está em vigor a Lei. 9.807/99, cuja finalidade é proteger a integridade física e psicológica das testemunhas e vitimas coagidas ou ameaçadas, no curso do processo ou da investigação criminal, possibilitando-lhes ingressar em programa especial de proteção, e em alguns casos, até mesmo alterar a própria identidade, tudo extensível aos seus familiares íntimos. 
→ Proibição de depor:
 	Não se trata de mera faculdade ou direito, mas de imposição legal a determinadas pessoas, que em razão da sua qualidade, não podem prestar depoimentos ou declarações. O sigilo lhes é exigência, em nome de interesses maiores, igualmente protegidos pela norma processual penal. 
 	A obrigação de guardar sigilo advém de normas especificas, regulamentos, costumes, estatutos, etc. O rol das pessoas proibidas de depor está no artigo 207 do CPP, resumindo-se naqueles que, em razão de função, ministério, oficio ou profissão, devem guardar segredo, salvo se desobrigadas pela parte interessada e quiserem dar depoimento. 
 	Marcellus Polastri (2010) bem explica a diferença entre estes institutos:
Função: é o exercício de atividade por força de lei, decisão judicial ou convenção, a exemplo do funcionário público, do tutor, dentre outros.
Ministério: é a atividade decorrente de condição individual ligada à religião, a exemplo dos padres, irmãs de caridade, pastores, dentre outros.
Ofício: é a atividade de prestar serviços manuais, a exemplo do eletricista, bombeiro, etc;
Profissão: é qualquer atividade desenvolvida com fim lucrativo, como ocorre com os engenheiros, médicos e advogados.
A não observância ao aludido preceito legal, além de tornar a prova testemunhal ilegal, implica em sanções penais de violação do sigilo profissional previstas no artigo 145, do Código Penal.
 	A existência dessa limitação decorre de preceitos morais e efetivos, amparados pelo principio da confiança, que deve nortear determinadas relações profissionais, a exemplo da advocacia, medicina, psiquiatria, ministério, dentre outras.
 	A impossibilidade de depor garante as práticas confessionais dela decorrentes, resguardado o conceito e imagem desses profissionais, frente à sociedade.
→ Recusa em depor: 
 	É crime de falso testemunho e não desobediência, recusar-se a depor. O tipo penal do artigo 342 do CP é claro ao preceituar que, comete o delito a testemunha que calar a verdade. Assim, sabendo o que houve em relação ao fato delituoso e negando-se a prestar depoimento, está, na prática, calandoe deixando de narrar a verdade. 
 	A testemunha que se cala, em tese, pode ser presa em flagrante por falso testemunho, mas, querendo, há tempo de retratar-se, tornando impunível o fato e não ferindo a administração da justiça, bem maior protegido neste caso. 
→ Depoimento do menor inimputável comparsa do réu:
 	É admissível o depoimento do inimputável, comparsa do réu, afinal, o menor de 18 anos, penalmente irresponsável, pode tomar parte ativa no cometimento de uma infração penal, associando-se ao maior. É o que se chama de concurso impropriadamente dito ou pseudoconcurso de agentes. 
 	Nessa hipótese, deve ele ser arrolado, tendo o dever de dizer a verdade. Ele precisa ter o mesmo tratamento do corréu, tendo direito ao silêncio e não sendo considerado testemunha, porque estaria respondendo na Vara da Infância e da Juventude. 
→ Contradita X Arguição de defeito:
Contradita: 
 	Diz respeito às pessoas que não podem depor (proibidas previstas no artigo 207 do CPP) ou ás que não devem ser compromissadas (desobrigadas previstas no artigo 208 do CPP).
 	Tais pessoas não estão sujeitas ao compromisso da verdade, de modo que, serão ouvidas, mas como meros informantes (sem compromisso), e por consequência, não responde por crime de falso testemunho (informantes não cometem falso testemunho, mas sim crime de desobediência). 
Arguição de defeito: 
 	Diz respeito às pessoas suspeitas ou indignas de fé. Vão ser ouvidas com compromisso, e, portanto, tem o dever de prestar a verdade. 
Deveres das testemunhas:
Comparecer para prestar testemunho, desde que intimada. 
Prestar compromisso de dizer a verdade
 	A testemunha tem obrigação de dizer a verdade, não podendo se recusar a depor, haja vista que, o único que pode alegar silêncio é o réu, nos termos previstos na Constituição Federal. 
 	O artigo 342 do Código Penal é claro ao considerar crime de falso testemunho as seguintes condutas:
→ Fazer falso testemunho. 
→ Negar a verdade. 
→ Calar a verdade (silêncio) 
Obs.: Se a testemunha falar que não se recorda dos fatos anteriormente explicitados, não enquadra-se na modalidade calar a verdade ou falsear a verdade, devendo ser analisada a efetiva alegação de não se lembrar do fato, não respondendo por falso testemunho. 
 	A jurisprudência sobre falso testemunho considera que não é crime de falso testemunho previsto no artigo 342 do Código Penal:
Se ao dizer a verdade, a testemunha estiver se incriminando de um crime. 
Não comete falso testemunho a pessoa que de algum modo sofreu algum tipo de intimidação que provoque na testemunha receio de falar a verdade.
Obs.: E se o informante se recusar a depor? Quando for inviável a produção de provas, restando apenas aquele informante, ele será obrigado a testemunhar, como por exemplo, o filho ser a única pessoa que testemunha o crime do pai, será obrigado a testemunhar, no entanto, não responderá por crime de falso testemunho caso omita ou altere a verdade, mas sim por crime de desobediência. 
 	Dessa forma, o informante é dispensado de depor, salvo se não tiver outra possibilidade.
Exemplo: A única pessoa que testemunhou o crime é o filho do réu:
→ Pode ser obrigado a depor? SIM. 
→ Pode responder por falso testemunho? Não, apenas por crime de desobediência. 
Inquirição de testemunhas: 
 	Com a reforma processual de 2008 adotou-se o sistema da cross examination, que trabalha com o método de exame direto e cruzado. Isso significa que as partes é que formularão as perguntas em primeiro lugar (porque antes da Lei 11.690/08 era o juiz):
1º - Primeiramente a inquirição se inicia com a acusação: A acusação faz a pergunta diretamente, de modo que o juiz só verifica se não há excesso, mas não produz a prova. 
2º - Primeiramente a inquirição se inicia com a defesa: A defesa faz a pergunta diretamente, de modo que o juiz só verifica se não há excesso, mas não produz a prova. 
→ O juiz tem papel complementar, haja vista que, não há previsão que o juiz inicie a inquirição, como era no antigo sistema processual penal. Nessa nova sistemática, o juiz fica com o papel de neutralidade, dando maior responsabilidade das partes no que se refere a produção das provas (tem apenas função de controlar a atuação das partes). 
 	Vale lembrar que exame direto porque primeiro quem arrolou a testemunha é que a questiona e, cruzado, porque, em seguida, as perguntas serão feitas pela parte contrária.
 	A inobservância da ordem ditada pela nova norma acarreta a desobediência do devido processo legal, logo o ato é eivado de nulidade absoluta, pois contraria norma constitucional (art. 5º, inc. LIV). Para o STJ, o novo sistema da cross examination é benéfico na medida em que permite que a produção da prova oral seja realizada de maneira mais eficaz, sendo que o prejuízo é evidente diante da sua inobservância.
 	O juiz pode indeferir a pergunta quando:
Puder influir uma resposta.
Quando a pergunta não tiver relação com a causa.
Alguma que já tiver sido respondida. 
Quantidade e limites de testemunhas:
Procedimento ordinário: 8 testemunhas → 1ª fase do júri. 
Procedimento sumário: 5 testemunhas → 2ª fase do júri. 
Procedimento sumaríssimo: A lei é omissa no que tange a quantidade de testemunhas inquiridas, no entanto, existe previsão no artigo 34 da Lei nº 9.099 que cita 3 testemunhas. Pode ser considerada, por analogia, 3 testemunhas (lei nº 9.099) ou 5 testemunhas (procedimento sumário), sendo que prevalece o entendimento de que deve ser inquiridas 5 testemunhas. 
Obs.: Cada fato indica um número de testemunhas, por exemplo:
→ 7 crimes de corrupção ativa = 7x8 = 56.
→ 4 crimes de lavagem = 4x8 = 32
→ 56 + 32 = 88 testemunhas. 
Obs.: A prova testemunhal é a que predomina no processo penal, no entanto, é preciso considerar as possíveis causas de diminuição de credibilidade, como a arguição de defeito, inverossimilhança, contradições ou o caráter do individuo, quando este é indigno de fé (costuma ensejar grande discriminação no processo, isto porque, qual a credibilidade de um sujeito que está sendo condenado por homicídio, se o mesmo em momento anterior praticou latrocínio). 
INTERROGATÓRIO
 	É o ato judicial no qual o juiz ouve o acusado sobre a imputação contra ele formulada, ou seja, de dar sua versão dos fatos. É ato privativo do juiz e personalíssimo do acusado, possibilitando a este último o exercício da sua defesa, da sua autodefesa.
 	É por meio do interrogatório que o acusado exerce o direito de audiência, ou seja, o direito de permanecer em silêncio ou de influir diretamente no convencimento do juiz, narrando-lhe fatos, manifestando-se sobre a imputação e indicando provas.
→ Natureza jurídica: 
 	Há 3 posições sobre a natureza do interrogatório: 
Meio de prova, porque o CPP o coloca entre os meios de prova; 
Meio de defesa, mais especificamente de autodefesa, diante do direito ao silêncio do acusado; 
Tem natureza mista, sendo tanto um meio de defesa quanto um meio de prova.
 	Havia polêmica em relação a natureza jurídica do interrogatório, considerando que o mesmo poderia ser considerado como meio de prova ou meio de defesa. No entanto, o fato da Lei nº 9.099/95 estipular que o interrogatório será o último ato do processo, cominado com o posicionamento do STF, foi considerado que:
 O interrogatório é meio de defesa, justamente por apresentar a ampla defesa, com a ciência de tudo que transcorreu no processo. De qualquer forma, o fato do interrogatório ser meio de defesa não significa que o mesmo não exerça função probatória. 
 	Sendo o interrogatório o momento processual no qual, por excelência, o sujeito da defesa, i. e., o acusado, tem a possibilidade de materializar o seu direito de audiência, influenciando na formação da convicção do órgão jurisdicional através da narração dos fatos consoante a sua versão, torna-se evidente a natureza de meio de defesa do interrogatório.
 	Sustenta-se que o interrogatório figura, no processo penal, como verdadeiro meio de defesa, maisque meio de prova. Tanto é assim, que o art. 5º, LXIII, da Constituição da República, concede ao réu o direito de permanecer calado. Se o acusado pode se calar, não respondendo a nenhuma pergunta, o interrogatório não pode ser visto como um meio de prova, posto que não se destina a fornecer elementos de convicção para o juiz, contudo, não há como negar que, como consequência do exercício do direito de defesa, poderá o interrogatório influir na prova, pois ele também acaba servindo como meio de prova.
→ Silêncio e mentira do réu:
 	Como decorrência de o interrogatório inserir-se como meio de autodefesa, decorre o princípio de que nenhuma autoridade pode obrigar o indiciado ou acusado a fornecer prova para caracterizar a sua própria culpa, não podendo ele, por exemplo, ser obrigado a fornecer à autoridade policial padrões gráficos do seu próprio punho para exames grafotécnicos ou respirar em bafômetro para aferir embriaguez ao volante. Se não pode ser obrigado a confessar, não pode ser compelido a incriminar-se.
 	Saliente-se que o Pacto São José da Costa Rica (22/11/1969), ratificado pelo Brasil (25/9/1992, em vigor com o Decreto nº 678, de 6/11/1992), estipula que a pessoa tem o “direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem declarar-se culpada”. Consoante o que determina o § 2º do art. 5º, CF, tal preceito foi guindado à categoria de direito fundamental do homem. 
 	O sujeito passivo não pode ser compelido a declarar ou mesmo participar de qualquer atividade que possa incriminá-lo ou prejudicar sua defesa. Não pode ser compelido a participar de acareações, reconstituições, fornecer material para a realização de exames periciais (exame de sangue, DNA, escrita etc.), e sendo a recusa um direito, obviamente não pode causar prejuízos ao imputado e muito menos ser considerado delito de desobediência (princípio nemo tenetur se detegere).
	A lei processual estabelece ao acusado a possibilidade de confessar,negar, silenciar ou mentir. Conforme a nova redação do art. 186 do CPP:
 	O silêncio ou uma resposta mentirosa não pode causar prejuízo ao réu. Não há falso testemunho, porque o réu não é testemunha, tampouco existe no Brasil o crime de perjúrio, de modo que a comprovação de que o réu mentiu no interrogatório não lhe acarreta nenhuma consequência. Pode-se dizer, apenas, que ele perde a oportunidade de dizer algo que pudesse enfraquecer a acusação, mas isso não poderá ser usado em seu desfavor. Em razão da presunção da inocência e do ônus da prova da acusação, até mesmo uma versão estapafúrdia do acusado não poderá ser usado como fundamento para a condenação. Se a acusação não conseguiu comprovar a autoria, ele será absolvido, mesmo que tenha dado uma versão manifestamente falsa dos fatos.
 	O art. 185 do CPP, com a nova redação, estabelece que o interrogatório deverá ser feito na presença do defensor, se não tiver constituído defensor, ser-lhe-á nomeado um defensor público ou dativo, que irá encontrar-se com o réu, com o fim de preparar sua defesa.
 	Ao comparecer em juízo, deverá ser interrogado, o acusado, independentemente da fase processual. Após proceder ao interrogatório, o juiz deverá perguntar às partes se “se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante” Depois do juiz, será a vez da acusação e, posteriormente, a defesa, obedecendo o contraditório.
Obs.: Vigora no interrogatório, a oralidade, porquanto o juiz formula a pergunta e o acusado responde, sendo as respostas ditadas ao escrivão.
Deve o juiz informar ao acusado do seu direito de permanecer calado, sem que do exercício legítimo dessa prerrogativa constitucional possam advir restrições de ordem jurídica em desfavor dos interesses processuais do indiciado ou do acusado. 
→ Caso o magistrado venha a fazer a advertência vedada pelo Texto Constitucional, haverá nulidade do ato, embora relativa, ao teor da Súmula 523 do Supremo Tribunal Federal, já que ocorre mera deficiência do direito de defesa.
 	Ao réu é dado silenciar-se apenas em relação ao interrogatório de mérito. A prerrogativa do direito ao silêncio não se aplica sobre a primeira parte do interrogatório, que cuida da identificação do réu, já que nesse momento não há espaço para qualquer atividade de cunho defensivo. Importante frisar que a negativa do acusado em responder as perguntas de identificação caracteriza contravenção penal.
Obs.: Os corréus serão ouvidos isoladamente (art. 191).
→ O conteúdo/divisão do interrogatório:
 	O Código de Processo Penal, em seu art. 187 divide o interrogatório em duas partes:
Interrogatório de identificação (relativo à pessoa do acusado).
Interrogatório de mérito (relativo aos fatos imputados ao acusado).
→ Interrogatório de identificação (relativo à pessoa do acusado):
 	O interrogatório de identificação diz respeito à pessoa do acusado, buscando a sua identificação, bem como a individualização de sua personalidade. Nesse primeiro momento do ato, as perguntas têm por finalidade individualizar perfeitamente a pessoa do acusado, evitando possível confusão com algum homônimo, e garantir a coincidência de identidades entre a pessoa do denunciado e aquela que está sendo interrogada. Por essa razão, determina a lei seja o réu indagado sobre os seus dados familiares e sociais, seu endereço residencial, seus meios de vida ou profissão, bem como o lugar onde exerce a sua atividade.
 	As perguntas objetivam também a individualização de sua personalidade, por meio de esclareci mentos acerca das oportunidades de vida que lhe foram ofertadas, seus antecedentes criminais, se já esteve preso ou foi processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juiz do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu.
 	Nessa primeira parte, não se indaga acerca da acusação, mas de meros aspectos que cercam a vida do imputado. Assim, se não existe acusação, não há que se falar ainda em autodefesa, razão pela qual não vigora o direito constitucional ao silêncio.
→ Interrogatório de mérito (relativo aos fatos imputados ao acusado):
 	Vencida a fase da identificação, inicia-se o interrogatório de mérito, em que o magistrado deve, adaptando-se às peculiaridades do caso concreto, formular, entre outras, as perguntas consignadas nos incisos I a VIII do § 2º do art. 187 do CPP:
 	A partir desse momento, inicia-se a autodefesa, podendo o acusado responder o que bem entender ou permanecer em silêncio, sem que isso possa ser levado em prejuízo de sua defesa.
→ Características do interrogatório:
Ato processual personalíssimo: 
 	O interrogatório é ato personalíssimo, de modo que é impossível que outra pessoa seja interrogada, ou seja. só o réu pode passar por esse procedimento. Todavia, sendo público o ato, entende-se que qualquer pessoa pode assistir-lhe
Judicialidade - Ato privativo do juiz: 
 	A judicialidade também é uma característica do interrogatório, pois este somente será feito na fase judicial. Na fase do inquérito policial, o indiciado é “ouvido” (art. 6º, V, CPP). 
 	Somente o juiz poderá interrogar o acusado, sendo vedado ao defensor e ao Ministério Público interferirem no ato. Não se admite é que o acusado seja tratado como testemunha, submetido a uma bateria de perguntas da acusação, capazes de comprometer sua autodefesa.
 	A presença do defensor durante o interrogatório, do início ao fim, é obrigatória, sob pena de nulidade, nos termos do art. 185, caput e § 1º do CPP. Ressalve-se que essa disposição legal somente continua a fazer sentido nas hipóteses em que o interrogatório constitui um ato isolado, pois quando realizado, no contexto da audiência única dos arts. 400, 411 e 531 do CPP, esse comando legal torna-se dispensável, na medida em que a presença de defensor não é reputada uma exigência apenas para efetivação do interrogatório em si, mas para a realização de toda a audiência em que se concentram todos os atos instrutórios.
Obs.: No tocante

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