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Os honorários advocatícios e o Novo CPC primeiros apontamentos Migalhas de Peso

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23/05/2016 Os honorários advocatícios e o Novo CPC: primeiros apontamentos ­ Migalhas de Peso
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI220537,11049­Os+honorarios+advocaticios+e+o+Novo+CPC+primeiros+apontamentos 1/3
Os honorários advocatícios sofreram grandes transformações desde sua concepção até os dias atuais. 
Foram concebidos inicialmente como uma 'honraria' – daí o seu sentido terminológico ­, sem qualquer vínculo
com  proveitos  ou  benefícios  materiais.  É  conhecida  a  lei  cincia  (205  a.c.),  que  proibia  os  advogados  de
receberem  recompensa  pelos  serviços  prestados,  merecendo  relevo  a  lei  votada  ao  tempo  do  Imperador
Augusto  que  impunha  ao  transgressor  da  proibição  a  pena  de  restituir  em  quádruplo  o  pagamento  que
recebesse. 
Posteriormente, coube a WEBER escrever cientificamente sobre o tema e afastá­lo de qualquer relação com a
concepção de penalidade imposta ao litigante temerário, mas sim atribuindo­lhe a natureza de ressarcimento
ao  vencedor  pelas  despesas  com  a  contratação  de  advogado.  O  vencedor  não  poderia  nunca  sofrer  um
desfalque em seu patrimônio pelo fato de ter que contratar um advogado, quando tem seu direito reconhecido
em juízo. Daí, vencendo, o derrotado deveria reembolsar­lhe o valor antecipado. 
Em  sintonia,  CHIOVENDA,  em  conhecida  obra  escrita  em  1900,  desenvolveu  a  concepção  da  Teoria  da
Sucumbência, que juntamente com a Teoria da Causalidade, contemplavam o arcabouço teórico que regulava
não só os honorários advocatícios, mas também as "Despesas Processuais", em que aqueles nada mais eram
do que espécie deste gênero. 
Essa é a estrutura do nosso CPC/73. Os honorários,  como verba de  ressarcimento e espécie de despesas
processuais – devidos pelo vencido ao vencedor. "A sentença condenará ao vencido a pagar ao vencedor as
despesas que antecipou e os honorários advocatícios". 
O Estatuto da Advocacia e da OAB (lei 8.904/94), de forma mais enfática do que a disciplina anterior (lei da lei
4.215/63), alterou a disciplina antão vigente e estabeleceu que os honorários pertencem ao advogado (art. 23),
constituindo a sentença título executivo a favor do advogado (art. 24). 
Em síntese, os honorários passaram a  ter natureza de verba  remuneratória – pertencente ao advogado – e
não mais de verba de ressarcimento – de titularidade da parte. 
Essa  modificação  nunca  foi  muito  bem  compreendida  pela  jurisprudência  que,  em  diversas  oportunidades,
externou entendimentos desconectados da realidade imposta pelo EAOAB. 
Ao lado disso, também apegando­se à literalidade das normas insertas no CPC/73, contribuía negativamente
na aplicação das normas processuais que regulamentavam (e ainda regulamentam até o início de vigência do
NCPC), com interpretações que não se amoldavam à melhor técnica. 
Com efeito, o NCPC, sensível a essa problemática, dedicou melhor tratamento à matéria, procurando superar,
por intermédio da lei, a interpretação jurisprudencial conflituosa nos 40 anos de vigência do CPC. 
Vejamos, de  forma sintética, quatro pontos dignos de  registro. Em comentários posteriores analisaremos as
demais e importantes alterações. 
1. Alteração na denominação do título em que previsto 
Arraigado à concepção de ressarcimento, o CPC/73 previa os honorários como espécie do gênero "despesas
processuais", tanto assim que a Seção que o continha tinha título de "Das Despesas e das Multas" (arts. 19 a
Os honorários advocatícios e o Novo CPC: primeiros apontamentos
Flávio Cheim Jorge
Os honorários advocatícios desde o início de sua concepção até os preceitos colocados pelo novo CPC.
sexta­feira, 15 de maio de 2015
Segunda­feira, 23 de maio de 2016
CADASTRE­SE   FALE CONOSCO
23/05/2016 Os honorários advocatícios e o Novo CPC: primeiros apontamentos ­ Migalhas de Peso
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI220537,11049­Os+honorarios+advocaticios+e+o+Novo+CPC+primeiros+apontamentos 2/3
35). 
O NCPC, em sintonia com o EAOAB, intitula a Seção de "Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das
Multas", exatamente para demonstrar que, apesar de serem marcadas pela sucumbência e causalidade, as
despesas e os honorários são institutos diferentes e como tais devem ser tratados. 
2. Natureza jurídica 
O  NCPC  deixa  expresso  que  os  honorários  são  de  titularidade  do  advogado  e  as  despesas  devem  ser
reembolsadas à parte – ao contrário do que dispunha o art. 20, do CPC/73. 
E assim o faz, nos artigos no Art. 82, § 2º ("A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas
que  antecipou")  e  no  art.  85  ("A  sentença  condenará  o  vencido  a  pagar  honorários  ao  advogado  do
vencedor"). 
3. Hipóteses em que são devidos os honorários 
O NCPC  aumentou  e  sistematizou  consideravelmente  as  hipóteses  de  incidência  dos  honorários,  conforme
previsto no art. 85, § 1º, quando comparado com o art. 34 do CPC/73. 
(CPC/73) Art. 34. Aplicam­se à reconvenção, à oposição, à ação declaratória  incidental e aos procedimentos
de jurisdição voluntária, no que couber, as disposições constantes desta seção. 
(CPC/15)Art. 85 (…) § 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença,
provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. 
4. Percentual sobre o valor da condenação, proveito econômico ou valor da causa, independentemente
da natureza da decisão 
Uma  das  maiores  incongruências  verificadas  na  literalidade  do  CPC/73  era  o  tratamento  diferenciado
conferido à natureza das demandas, para efeito de fixação da verba honorária. 
Assim, se se  tratasse de demanda de natureza condenatória, os honorários eram fixados entre o percentual
de 10% a 20% sobre a condenação. Contudo, se fosse demanda declaratória, constitutiva, cautelar, executiva
ou  mesmo  se  a  sentença  fosse  de  improcedência,  esse  critério  não  deveria  prevalecer.  Deveriam  ser
arbitrados  consoante  apreciação  eqüitativa  do  juiz.  Era  o  que  dispunha  o  conhecido  §  4º,  do  art.  20:  "Nas
causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a
Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão  fixados consoante apreciação
eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior". 
Por  óbvio  que  se  trata  de  disciplina  completamente  descabida  e  que  não  deveria  ser  prestigiada  pela
jurisprudência. Não há um só argumento jurídico capaz de justificar o tratamento diferenciado, por exemplo, da
sentença de procedência para a sentença de improcedência numa demanda condenatória. 
Visando  corrigir  esse  grave  equívoco  legislativo  e  interpretativo,  o  NCPC  enfatizou  em  dois  dispositivos  a
necessidade  de  fixação  de  honorários  de  forma  isonômica  para  as  demandas,  independentemente  de  sua
natureza ou resultado:
Art. 85. 
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá­lo,sobre o valor atualizado da
causa, atendidos (…)
(…)
§ 6º Os limites e critérios previstos nos §§ 2º e 3º aplicam­se independentemente de qual seja o conteúdo
da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de sentença sem resolução de mérito.
5. Sucumbência Recíproca 
De  acordo  com  o  CPC/73,  art.  21,  "Se  cada  litigante  for  em  parte  vencedor  e  vencido,  serão  recíproca  e
proporcionalmente distribuídos e compensados entre eles os honorários e as despesas". 
23/05/2016 Os honorários advocatícios e o Novo CPC: primeiros apontamentos ­ Migalhas de Peso
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Interpretado  esse  dispositivo,  oSTJ  editou  a  Súmula  306,  com  o  seguinte  enunciado  "Os  honorários
advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo
do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade da própria parte". 
Ferrenha  e  correta  é  a  crítica  a  esse  dispositivo  e  a  interpretação  jurisprudencial  a  ele  conferido.  Tal
interpretação somente prevaleceria num ambiente jurídico em que os honorários fossem (i) espécie de gênero
despesas, (ii) de titularidade da parte (iii) e tivessem natureza de ressarcimento. 
Como sugerir a compensação se da verba de honorários, se autor e réu não são, ao mesmo tempo, credor e
devedor um do outro – como exige o art. 368 do Código Civil? Somente o desconhecimento da mudança da
natureza desse instituto é que justifica tamanho equívoco. 
O  NCPC  corrige  esse  equívoco,  reconhece  a  natureza  remuneratória  e  alimentar  dos  honorários,  proíbe  a
compensação e permite, apenas quanto às despesas, que haja a distribuição proporcional. É o que consta dos
seguintes dispositivos:
Art.  86.  Se  cada  litigante  for,  em  parte,  vencedor  e  vencido,  serão  proporcionalmente  distribuídas  entre
eles as despesas. 
Art.  85.  §  14. Os  honorários  constituem direito  do  advogado e  têm natureza alimentar,  com os mesmos
privilégios  dos  créditos  oriundos  da  legislação  do  trabalho,  sendo  vedada  a  compensação  em  caso  de
sucumbência parcial.
Desta feita, resta superada o enunciado da Súmula 306 do STJ. 
_____________________ 
*Flávio Cheim Jorge é sócio da banca Cheim Jorge & Abelha Rodrigues – Advogados Associados.
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