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Trabalho de Metodologia Científica Homeopatia e Ciência JOÃO LUCAS PEREIRA DE SANTANA1 HUDSON FLÁVIO VIEIRA MATEUS1 RENAN MARTINS1 PROF. RUDINI SAMPAIO2 Universidade Federal de Lavras - UFLA Departamento de Ciência da Computação - DCC P.O. Box 3037 - Campus da UFLA 37200-000 - Lavras (MG)- Brazil 1(jlucasps,hudson,rmartins)@bcc.ufla.br 2rudini@dcc.ufla.br Abstract. Esse artigo tem por objetivo clarificar alguns pontos sobre homeopatia. Serão mostradas razões dela ser considerada científica por alguns e não científica por outros, assim como as razões de sua popularidade. Esse é um trabalho para a disciplina de Metodologia Científica do curso de Ciência da Computação da UFLA. Keywords: Homeopatia, Ciência, Alopatia. (Received June 27, 2008 / Accepted June 27, 2008) Contents 1 Introdução 1 2 História 2 3 Princípios da prática homeopática 2 4 Apresentação dos medicamentos homeopáticos 3 5 Diferênças em relação à alopatia 3 6 Homeopatia - Ciência em evolução 4 6.1 Homeopatia aceita nos Conselhos de Medicina 4 6.2 Homeopatia nas carreiras médicas . . . 4 6.3 Onde estudar homeopatia . . . . . . . . 4 7 Resultados experimentais 5 8 Homeopatia não científica 5 8.1 "Leis" homeopáticas . . . . . . . . . . 5 8.2 Por que as pessoas acreditam na homeopatia? 6 9 Opinião de cientistas 6 List of Tables 1 Ingestão na forma líquida . . . . . . . . 3 2 Ingestão na forma sólida . . . . . . . . 3 List of Figures 1 Apresentação dos medicamentos . . . . 3 1 Introdução Definicao 1 homeopatia: do grego homoios (similar, igual) e pathos (doença, sofrimento). Segundo [1], a Homeopatia, que foi criada por Samu- el Hahnemann (1755-1843) no final do século XVIII, trata seus pacientes com doses de substancias, que no corpo produzem efeito similar ao da doença. Os home- opatas acreditam em forças vitais, que quando abaladas causam uma doença corporal ou espiritual, então essa energia precisa ser equilibrada para que haja cura. Os medicamentos homeopáticos são preparados a partir de substancias naturais provenientes dos reinos animal, vegetal e mineral.No seu preparo são usadas tanto substancias que possuem ação tóxica, como as consideradas não tóxicas, ou inertes. Através de um processo de diluições, também chamada de dinamiza- ções, sucessivas, a força curativa das substancias fica armazenada nas moléculas de água ou álcool da solução utilizada para o preparo dos medicamentos. Por esse motivo é usado o termo potência para designar as di- namizações. O remédio homeopático deve ser mantido longe de calor, umidade, energia eletro magnética de qualquer natureza, por que esses fatores e muitos out- ros podem inativar o medicamento. 2 História É dito que os princípios gerais da homeopatia foram enunciados por Hipócrates há cerca de 2500 anos. Se- gundo Albert Lyons, podemos resumir os princípios do método hipocrático em quatro pontos: • Observar. Para Hipócrates, grande parte da arte médica consiste na capacidade de observação do médico. A observação deve ser feita sem nenhum tipo de preconceito ou julgamento, estando o práti- co aberto aos relatos explícitos e implícitos do pa- ciente. • Estudar o doente, e não a doença. Este princí- pio, proposto no Ocidente pela primeira vez no tempo de Hipócrates, assentou as bases da holís- tica, estabelecendo que na compreensão do pro- cesso saúde/enfermidade não se divide a pessoa em sistemas ou órgãos, devendo-se avaliar a total- idade sintética do indivíduo. Este ponto é essen- cial no entendimento das históricas divergências entre as escolas de Cós (cujo expoente principal é o próprio Hipócrates) e de Cnido. Esta última pregava a especialização, a impessoalidade, o or- ganicismo e a classificação das doenças. • Avaliar honestamente. Dá-se importância à leitura prognóstica dos problemas da pessoa. • Ajudar a natureza. A função precípua do médico é auxiliar as forças naturais do corpo para con- seguir a harmonia, isto é, a saúde. Esses princípios guardam evidente semelhança com as conclusões de Samuel Hahnemann no século XVIII, como veremos adiante. Hipócrates foi também o primeiro a descrever as duas maneiras principais de se abordar a terapêutica: • Similia similibus curantur. Semelhantes são cu- rados por semelhantes, base terapêutica da home- opatia. • Contraria contrariis curantur. Contrários são cu- rados por contrários. Princípio seguido por Galeno que estabeleceu as bases da alopatia. A visão integradora de Hipócrates permeia toda a sua obra, cujos textos mais conhecidos são Aforismos e Juramento. A saúde, para ele, é resultado da harmo- nia entre os quatro humores presentes no corpo e da interação da pessoa com o meio. Higiene, dieta, ex- ercícios físicos, clima e outras circunstâncias são lev- adas em consideração na avaliação da saúde. O adoeci- mento obedece a três estágios facilmente reconhecíveis por um observador atento: degeneração (desequilíbrio) dos humores, cocção e crise. Não dá importância à clas- sificação das doenças, levando muito mais em conta a pessoa e seu contexto. Na terapêutica é parco no uso de medicamentos, interferindo somente nos momentos considerados necessários, quando a natureza o indicar. Ficou muito conhecido no seu tempo por sua honesti- dade científica e na relação com os pacientes e seus fa- miliares, insistindo na necessidade de se trabalhar com a verdade e de se fazer a leitura do prognóstico do es- tado de saúde. Estabeleceu as bases da ética nas re- lações entre médicos, entre médico e discípulos e entre médicos e pacientes. 3 Princípios da prática homeopática Conforme dito por [5], o médico alemão Samuel Hah- nemann, tinha bons motivos para ir contra as práticas médicas comuns do século XVIII, que incluíam san- grias, sanguessugas e outros métodos que realmente cau- sam mais mal do que bem. Durante seus estudos, Hahnemann percebeu que a administração de quinino (uma droga empregada no trata- mento da malária) a um paciente saudável causava al- guns dos sintomas associados à esta doença. Assim, seguindo esta linha de pesquisa, Hahnemann eventual- mente concluiu o seguinte princípio terapêutico: o cam- inho certo para tratar uma doença é dando ao paciente uma determinada droga, a qual numa pessoa saudável causa os mesmos sintomas apresentados pela pessoa do- ente. Por exemplo, os óxidos de enxofre SO2 e SO3 causam crises de tosse semelhante a crises de asmas, então estas substâncias são prescritas para pacientes as- máticos. Hahnemann expôs sua teoria na frase em latim si- milia similibus curentur (semelhante cura semelhante) ou melhor ainda, doenças semelhantes curam doenças semelhantes, pois ele achava que determinadas substân- cias causavam, quando ingeridas, uma doença artificial no doente, que fazia o corpo curar a doença verdadeira. Este é o princípio da similitude ou a Lei da Similitude, que foi apresentada ao mundo em 1796. Além da visão holística impressa em toda a obra de Hahnemann, ou seja, a visão do todo sobre as partes, há quatro princípios que orientam a prática homeopática, quais sejam: • Lei dos Semelhantes. Resultado de suas releituras dos Clássicos e, sobretudo, de suas próprias exper- iências, anuncia esta Lei universal da cura: similia similibus curantur. Exemplificando, um medica- mento capaz de provocar, em uma pessoa sadia, angústia existencial que melhora após diarréia e febre, curará uma pessoa cuja doença natural ap- resente essas características. • Experimentação na pessoa sadia. A fim de con- hecerem as potencialidades terapêuticas dos medica- mentos, os homeopatas realizam provas, chamadas patogenesias; em geral são eles mesmos os ex- perimentadores. Tipicamente não se fazem exper- iências com animais. Uma condição básica para a escolha dos provandos é que sejam saudáveis. Esses medicamentos são capazes de alterar o es- tado de saúde da pessoa saudável e justamenteo que se busca é os efeitos puros dessas substâncias. A experimentação homeopática é completamente segura, uma vez que, simplesmente, a "medicação" é água diluída com água • Doses infinitesimais. A preparação homeopática dos medicamentos segue uma técnica própria que consiste em diluições infinitesimais seguidas de su- cussões rítmicas. Essa técnica "desperta" as pro- priedades latentes da substância. Toma-se o cuidado de prescrever a menor dose possível, porquanto o poder do medicamento homeopaticamente prepara- do é grande e há pessoas sensíveis a ele. • Medicamento único. A homeopatia é uma ciên- cia muito criteriosa em sua prática. Primeiro o homeopata avalia se a natureza individual está a "pedir" intervenção com medicamento, pois esse é um dos meios que o médico tem para auxiliar a pessoa e não o único. Sendo o caso, usa-se um medicamento por vez, levando-se em conta a total- idade sintomática do paciente. Só assim é possível ver seus efeitos, a resposta terapêutica e avaliar sua eficiência ou não. Após a primeira prescrição é que se pode fazer a leitura prognóstica, ver se é necessário repetir a dose, modificar o medica- mento ou aguardar a evolução. 4 Apresentação dos medicamentos homeopáti- cos Pode-se encontrar substancias homeopáticas nas formas líquida, sendo ingerida por gotas ou doses únicas, e sól- ida, ingerindo glóbulos, tabletes, comprimidos ou pós. Table 1: Ingestão na forma líquida Substância Ingestão 1 Ingestão 2 Líquida gotas dose única Table 2: Ingestão na forma sólida Substância Ingestão 1 Ingestão 2 Ingestão 3 Sólida glóbulos tabletes comprimidos ou pó A figura 1 mostras as formas mais comuns de se en- contrar medicamentos homeopáticos: Figure 1: Apresentação dos medicamentos 5 Diferênças em relação à alopatia Definicao 2 alopatia: do grego allo (contrário) e pathos (doença, sofrimento). Conforme [1], a homeopatia pode ser resumida na seguinte frase: "A homeopatia trata o doente e não a doença." Esta segue princípios holísticos, os quais dizem que o homem sendo um ser global, deve ser compreen- dido e tratado em sua totalidade. A homeopatia é um tratamento completamente nat- ural que busca procurar e solucionar quaisquer sintomas psicológicos que pudessem dar origem às doenças, dando ao homeopata muitas vezes características de um psicól- ogo. A alopatia ou medicina tradicional ocidental tem seu foco na patologia, é calcada num paradigma mecanicista, seu objetivo é consertar o "defeito" que faz a máquina corporal funcionar mal. Não que esta abordagem não seja bem intencionada nem tenha seu mérito, mas é por demais reducionista. Os diagnósticos na homeopatia e alopatia são os mes- mos, o que diferencia as duas é a terapêutica usada, que pode ser pelos contrários, terapêutica química ou dinâmica e terapêutica energética, que atua em nível de energia vital do paciente, sem a existência de uma sub- stância ponderal nos medicamentos, com dinamização. [7] 6 Homeopatia - Ciência em evolução Existem muitos estereótipos acerca da Homeopatia, mui- tas idéias errôneas que distorcem a sua finalidade, o seu potencial e os seus limites. Entre estes estereóti- pos está a noção de que a Homeopatia é uma ciência fixa e imutável, o que, obviamente, não é verdade. A Homeopatia tem evoluído diariamente graças ao tra- balho de milhares de clínicos, cientistas, professores universitários e farmacêuticos que constantemente ques- tionam o conhecimento a fim de aumentar a efetividade destes medicamentos. [11] 6.1 Homeopatia aceita nos Conselhos de Medicina A principal arma usada pelos homeopatas para consid- erar o próprio ramo como algo científico é o recon- hecimento por órgãos governamentais. Utilizando as palavras de [4], é importante citar que no Brasil, a Home- opatia só pode ser exercida por profissionais médicos com título de Especialista. Esta área foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina em 1980 resolução (1000/80) e pelo Conselho de Especialidades Médicas da Associação Médica Brasileira em 1990. Desde esta data, a Associação Médica Homeopática Brasileira (A MHB) realiza provas para o Título de Especialistas em Homeopatia em convênio com a Associação Médica Brasileira - Conselho Federal de Medicina (AMB- CFM) 6.2 Homeopatia nas carreiras médicas A Homeopatia vai, aos poucos, conquistando espaços dentro das várias especialidades, pode-se facilmente citar áreas profissionais aonde esta vem crescendo continua- mente Embora ainda não reconhecida oficialmente como especialidade odontológica, a Homeopatia pode ter sua aplicabilidade dentro da Odontologia. A atuação tem se mostrado eficaz especialmente na área de Estoma- tologia - responsável pelo diagnóstico e tratamento das doenças bucais. Dentro desta especialidade, há molés- tias que não apresentam cura via medicamentos tradi- cionais, sendo observado até então nos pacientes apenas um controle de sintomas. Nestes casos, conforme [3], é de extrema importância apresentar opções de trata- mento para o paciente. Com a participação direta deste na escolha de seu tratamento Em Medicina Veterinária, o Conselho Federal re- conheceu a Especialidade em 2000, mas há anos exis- tem pelo Brasil, cursos competentes, com 2 a 3 anos de duração, somando em média 200 horas ou mais ao todo, incluindo aulas práticas. Após o médico veterinário completar o curso, terá que fazer a Prova de Habili- tação ao Título de Especialista, reconhecido pela Asso- ciação de Médicos Veterinários Homeopatas do Brasil (AMVHB). [4] Na bovinocultura existe um movimento que prega a diminuição do uso de antibióticos e hormônios no trata- mento do gado. Isso para evitar que a carne chegue à mesa das pessoas cheias de substâncias químicas. Muitos médicos veterinários já estão trocando o medicamento tradicional por homeopatia. [8] 6.3 Onde estudar homeopatia Após ser aceita pelo Conselho Federal de Medicina, a homeopatia se difundiu com bases mais sólidas dando margem à criação de cursos de especialização específi- cos para a área médica, veterinária e de farmácia. De acordo com [6], treze estados brasileiros têm o curso de homeopatia incluso na grade curricular de algumas faculdades. Dentre as mais importantes pode-se citar: • Universidade de São Paulo (USP) - Curso de espe- cialização - Oferecido a Farmacêuticos, Farmacêu- ticos-Bioquímicos e estudantes do último ano. Cur- so teórico, prático e à distância. Estágio em Far- mácia Homeopática credenciada. Faculdade de Me- dicina Veterinária e Zootecnia da USP existe desde 2003 a cadeira de Homeopatia, como matéria op- tativa. • Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Oferecido aos alunos do internato em Saúde Cole- tiva desde 1998. • Universidade Federal Fluminense (UFF) - Curso opcional no currículo do curso de Medicina. • Universidade Federal da Paraíba (UFPB) - Oferece a cadeira de Homeopatia nos cursos na Medicina e Farmácia. • Faculdades Federais Integradas de Diamantina (FAFEID) tem curso de extensão com o título: "A Homeopatia Odonto - Estomatologia e Dores", para os profissionais odontólogos e acadêmicos do úl- timo ano da odontologia e veterinária com enfoque odontológico. 7 Resultados experimentais Conforme [8], três estudos brasileiros foram apresenta- dos no 8o Encontro Internacional de Pesquisas Institu- cionais em Homeopatia, realizado em São Paulo, e in- dicam que o tratamento homeopático é eficaz em casos de amigdalite, de refluxo gastroesofágico e de sintomas da menopausa. Tais estudos são provas concretas dos avanços da homeopatia. O pediatra Sérgio Eiji Furuta, da Universidade Fed- eral de São Paulo (Unifesp), usou a metodologia con- hecida como duplo cego para avaliar os efeitos da home- opatia no tratamento de amigdalite recorrente e no cresci- mento anormal de adenóide. Nesse tipo de pesquisa, nem médico nem paciente sabem quem está sendo med- icado e quem estátomando placebo. O estudo do gastrenterologista Pedro Onofre, da Uni- versidade de São Paulo em Ribeirão Preto, envolveu 40 pessoas com refluxo gastroesofágico. A melhora no bem-estar geral e a interrupção de sintomas como sen- sação de queimação e azia foram bem mais freqüentes entre aquelas tratadas homeopaticamente (77% e 67%, respectivamente) do que entre os pacientes que ingeri- ram placebo (28% e 11%) Na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, 32 mulheres entre 50 e 67 anos que não podiam ou não queriam fazer terapia de reposição hormonal utilizaram a homeopatia durante um ano para reduzir os sintomas da menopausa. Segundo o ginecologista João Mattoso, a maioria afirmou ter menos fogachos, insônia, dor de cabeça, irritabilidade e palpitações. Além disso, a home- opatia elevou o nível de HDL. 8 Homeopatia não científica Há vários motivos para a homeopatia ser considerada não científica. Conforme exposto em [2], a medicina científica é essencialmente materialista e baseia-se em disciplinas como anatomia, fisiologia e química, ao passo que, embora os métodos de Hahnemann envolvessem a observação empírica, sua teoria sobre doença e cura é essencialmente não-empírica, e envolve o apelo a enti- dades e processos metafísicos. Em [2], outro fator pode ser observado no trata- mento do paciente através da homeopatia. O stress pode piorar ou mesmo provocar doenças. Se um terapeuta tem um efeito calmante sobre o paciente, isso por si só pode resultar numa mudança significativa no senti- mento de bem-estar da pessoa. E esse sentimento pode muito bem traduzir-se em efeitos fisiológicos benéficos. O método homeopático envolve passar muito tempo com cada paciente a fim de se obter uma lista completa de sintomas. É possível que isso tenha um efeito calmante significativo sobre alguns pacientes. Esse efeito poderia fortalecer os próprios mecanismos curativos do organ- ismo em alguns casos. Em [10], observa-se vários motivos que justificam o fato de a homeopatia não ser considerada científica. Muitas doenças são cíclicas e, ao mediar, é provável que a doença esteja em seu estágio final e isto pode dar a impressão de que o medicamento ocasionou em mel- hora. Além disso, casos isolados de sucesso são gener- alizados para toda a população. Distorção da realidade: pequenos efeitos aleatórios e temporários são julgados como sendo "curas", pelo excesso de expectativa. De acordo com [10], a principal arma da ciência médica para comprovar se um medicamento funciona ou não para um determinado objetivo terapêutico se cha- ma "ensaio clínico aleatorizado prospectivo duplo-cego". Ele funciona assim: grupos de pacientes com determi- nada doença que se quer tratar, são divididos aleatoria- mente em dois subgrupos. Um deles recebe o medica- mento, e o outro recebe um placebo (uma solução qual- quer que substitui o remédio original e não tem um efeito de cura à priori). Ambos são avisados que po- dem estar recebendo um ou outro, mas não sabem qual. Os médicos que fazem o estudo também não sabem, pois os pacientes são identificados com números, cujo significado é mantido em segredo até a conclusão do es- tudo. Por isso se chama duplo-cego. Isso é feito assim porque se comprovou amplamente que a expectativa de um efeito por parte dos pacientes ou dos médicos influ- encia muito o resultado. Ainda em [10], os teste homeopáticos, por sua vez, são feitos assim: o médico relata um grupo de pacientes com doença X, que tratou com o medicamento Y, e que obteve uma porcentagem Z de cura ou melhora. Esses resultados, embora possam indicar um efeito válido, são anticientíficos, porque não se tomou o necessário cuidado de comparar com pacientes que nada tomaram, ou foram submetidos a um outro tratamento. 8.1 "Leis" homeopáticas Segundo [2], os homeopatas citam a "Lei dos Infinites- imais" e a "Lei dos Semelhantes" - como a base para o uso de substâncias mínimas e para a crença de que semelhante cura semelhante, mas essas não são leis nat- urais da ciência. Se é que são leis, são leis metafísicas, isto é, crenças a respeito da natureza da realidade que seriam impossíveis de se testar por meios empíricos. As idéias de Hahnemann realmente tiveram origem em experiências. O fato de que ele tenha chegado a con- clusões metafísicas a partir de eventos empíricos não torna, no entanto, essas idéias empiricamente testáveis. A lei dos infinitesimais parece ter sido parcialmente deri- vada de sua idéia de que qualquer remédio faria com que o paciente piorasse antes de melhorar, e que seria possível minimizar significativamente esse efeito nega- tivo reduzindo-se a dosagem. A maioria dos críticos da homeopatia rejeita essa "lei" porque ela conduz a remé- dios tão diluídos que não possuem sequer uma única molécula da substância com a qual se começou. Hahnemann pode ser elogiado por testar empirica- mente seus remédios, mas seu método de teste é obvi- amente deficiente. Ele não estava realmente testando a eficácia dos remédios em pessoas doentes, mas sim seus efeitos em pessoas sadias. Mesmo se seus dados não fossem maculados pela possibilidade de que ele tivesse sugerido os sintomas aos provadores, ou que estes re- latassem sintomas a fim de impressionar ou conquistar a aprovação do mestre, o que conecta essa lista de sin- tomas à cura de uma doença com sintomas semelhantes é uma crença em magia. Em lógica, esse tipo de salto na linha de raciocínio é chamado de non sequitur. Não se segue do fato que a droga A produza sintomas semel- hantes à doença B que tomar A aliviará os sintomas de B. No entanto, os homeopatas aceitam a satisfação dos clientes com A como prova de que A funciona. Definicao 3 [9] Non Sequitur: é um argumento onde a conclusão deriva das premissas sem qualquer conexão lógica 8.2 Por que as pessoas acreditam na homeopatia? Assim mesmo, a homeopatia sempre terá seus defen- sores, a despeito da falta de provas de que seus remé- dios sejam eficazes. Uma das razões é o predomínio de uma compreensão equivocada das causas das doenças e como o corpo humano as encara. Hahnemann foi capaz de atrair seguidores porque parecia ser alguém que curava, em comparação com os que cortavam veias e usavam purgantes venenosos para equilibrar os hu- mores. A maior parte de seus pacientes podem ter so- brevivido e se recuperado não porque ele os curou, mas porque não os infectou ou matou drenando um sangue de que precisavam ou enfraquecendo-os com venenos poderosos. Os remédios de Hahnemann eram, essen- cialmente, nada mais que líqüidos comuns e era pouco provável que eles, por si sós, fizessem mal. Ele não precisava que muitos de seus pacientes sobrevivessem e melhorassem para impressionar, em vista dos seus con- correntes. Se há algum efeito positivo sobre a saúde, não se deve ao remédio homeopático, que é inerte, mas aos próprios mecanismos curativos naturais do organ- ismo ou à crença do paciente (efeito placebo), ou ao efeito que o estilo de atuação do homeopata tem sobre o paciente. Em alguns casos, soma-se a tudo isso o fácil acesso a medicamentos. Como os remédios não envolvem uma pesquisa séria de laboratórios, e suas concentrações são muito baixas, estes medicamentos são de fácil acesso à população, sendo inclusive mais baratos. Uma falácia muito comum (ver definição 4) é a de se achar que se uma que um efeito teve uma causa, mesmo que não haja ligação (Post Hoc). No caso de pacientes que acreditam na homeopatia, pode haver a coincidên- cia de se recuperarem após o uso do medicamento, sem qualquer ligação com ele. Definicao 4 [2] Post Hoc: Literalmente,depois disto, uma abreviação do latim, post hoc ergo propter hoc (depois disto, logo por causa disto). A falácia é baseada no erro de que porque uma coisa sucede após outra, a primeira foi causa da segunda. Muitos acontecimentos sucedem-se sem estarem relacionados por causa/efeito. A Ciência explica a ineficáciada homeopatia basean- do-se na quantidade da essência com que os remédios são produzidos. As técnicas de produção do medica- mento variam bastante, mas nas formas mais comuns a proporção do princípio ativo em uma gota da remédio pode ser calculada pela fórmula 1: 1 1030 (1) 9 Opinião de cientistas Alguns professores do Departamento de Ciência da Com- putação da Universidade Federal de Lavras foram entre- vistados. As opiniões foram bastante divergentes con- cernentes ao tema. Foi perguntado se eles conheciam a homeopatia. A maioria conhecia, outros apenas tinham ouvido falar. Alguns já recorreram à homeopatia (fa- miliares também); destes, certos professores acreditam, outros não. Também foram indagados sobre a possibilidade de a homeopatia ser considerada uma ciência. Grande parte dos professores acha que não existe uma comprovação de que a homeopatia seja eficaz de fato. Outros, porém, pensam que o processo de preparação da medicação possa ser científico - devido aos métodos utilizados na proporção da medicação -, ao passo que sua aplicação não seja. Há, no entanto, aqueles que acreditam que seja científica, ou ainda, que poderá ser admitida futu- ramente como uma ciência, mesmo não existindo uma prova, nos dias de hoje, da sua eficácia. References [1] Antonio Netto, M. M. P. F. R. P., Bruno C. Medic- ina alternativa 2. 2001. [2] Carroll, R. T. The skeptic’s dictionary. 2003. [3] Carvalho, S. A homeopatia na odontologia. November 2004. [4] de Mello, M. L. V. Homeopatia como arte. 1998- 2008. [5] de Oliveira, A. L. B. Homeopatia. July 2002. [6] HomeopatiaOnline. Homeopatia nas universi- dades. 1998-2008. [7] Ismael dos Mares Filho, T. C. Saúde pública. July 2003. [8] Klinger, K. Homeopatia para o gado. March 2003. [9] Matthew. Lógica e falácias. June 2008. [10] Sabbatini, R. Porque a homeopatia funciona. November 1997. [11] Traub, C. Homeopatia, ciência em evolução. 1998-2008. Introdução História Princípios da prática homeopática Apresentação dos medicamentos homeopáticos Diferênças em relação à alopatia Homeopatia - Ciência em evolução Homeopatia aceita nos Conselhos de Medicina Homeopatia nas carreiras médicas Onde estudar homeopatia Resultados experimentais Homeopatia não científica "Leis" homeopáticas Por que as pessoas acreditam na homeopatia? Opinião de cientistas
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