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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL INVENTARIO DE CONTROLE DE POLUIÇÃO DO AR – MORRO DA FUMAÇA - SC CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2013. 2 AGDA FELISBERTO DEISER DE MENECH SOMARIVA GRAZIELA SERAFIM CASAGRANDE JULIA FORMENTIN DAJORI INVENTÁRIO DE CONTROLE DE POLUIÇÃO DO AR – MORRO DA FUMAÇA - SC Trabalho apresentado à disciplina de Controle de Poluição do Ar, da 7ª fase do curso de Engenharia Ambiental, ministrada pela professora Paula Tramontin Pavei. CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2013. 3 SUMÁRIO 1.0 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 6 2.0 OBJETIVOS ..................................................................................................... 7 2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 7 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................................................ 7 3.0 HISTÓRICO ..................................................................................................... 8 3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ........................................ 9 3.2 RECURSOS HÍDRICOS ....................................................................................... 10 3.3 GEOMORFOLOGIA............................................................................................. 12 3.4 VEGETAÇÃO ..................................................................................................... 12 3.5 ECONOMIA ................................................................................................... 13 4.0 PRINCIPAIS ATIVIDADES .......................................................................... 14 4.1 CERÂMICA VERMELHA .......................................................................................... 15 4.2 PROCESSO PRODUTIVO ............................................................................. 16 5 INVENTÁRIO DAS FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS .............. 22 6 MONITORAMENTO ..................................................................................... 28 6.2 DADOS METEOROLÓGICOS ............................................................................... 28 6.3 PLUVIOMETRIA ................................................................................................ 28 6.4 TEMPERATURA ................................................................................................. 29 6.5 SELEÇÃO DA ÁREA........................................................................................... 29 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 43 4 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Localização do município de Morro da Fumaça, Sul do Estado de Santa Catarina, Brasil .......................................................................................................................................09 Figura 2: Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Urussanga.......................................................10 Figura 3: Cerâmicas apontadas no perímetro urbano de Morro da Fumaça............................13 Figura 4: Fluxograma do processo produtivo de cerâmica vermelha......................................15 Figura 5: Etapas de extração mineral em áreas licenciadas pela COOPEMI..........................16 Figura 6:Caixão alimentador....................................................................................................17 Figura 7: Equipamento para homogeneização de argila ..........................................................18 Figura 8: Vista frontal do conjunto maromba e cortador.........................................................19 Figura 9: Estufa de secagem de tijolos.....................................................................................20 Figura 10: Imagem frontal do forno em queima.......................................................................21 Figura 11: Fonte móvel.............................................................................................................23 Figura 12: Empresa de beneficiamento de arroz......................................................................24 Figura 13: Chaminé e emissões atmosféricas de uma olaria....................................................25 Figura 14: Amostrador de grandes volumes............................................................................32 Figura 15: Módulo seqüencial para amostragem me material particulado..............................32 Figura 16: Monitor de poluição urbana...................................................................................33 Figura 17: Estação de monitoramento contínuo....................................................................34 Figura 18: Representação do primeiro ponto de amostragem................................................36 Figura 19: Representação do segundo ponto de amostragem...............................................37 Figura 20: Estação fixa para monitoramento da qualidade do ar...........................................37 Figura 21: Equipamento para medição de MP10...................................................................38 Figura 22: Trigás.....................................................................................................................38 5 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Representa o número de associados do SINDICER de acordo com cada cidade.......................................................................................................................................15 Tabela 2: Quantidade de fontes móveis registradas no município............................................23 Tabela 3: Relação entre atividade e poluente emitido.............................................................24 Tabela 4: Representa a ocorrência de doenças respiratórias no município de Morro da Fumaça....................................................................................................................................29 Tabela 5: Localização e período de monitoramento dos poluentes........................................34 6 1.0 INTRODUÇÃO A história é o retrato de vida da comunidade. Ela registra fatos e resgata costumes, cultura e valores de uma sociedade. (MACCARI, 2005) Através de registros, se obtém o passado de uma comunidade, proporcionando conhecimentos referentes ao município. Porem, a escassez de material disponível sobre Morro da Fumaça tem ocasionado enfraquecimento na construção desse conhecimento. Os dados apresentados são resultado de várias fontes de pesquisa e é abordado, num primeiro momento, o histórico do município, assim como a origem do nome. Em seguida, é realizada uma contextualização da área, com questões geográficas e econômicas. Por fim, é levantando um inventário de emissões atmosféricas no município de Morro da Fumaça, com uma estação de monitoramento do ar. Para iniciar a história de Morro da Fumaça é preciso retornar ao ano de 1900. Ano em que se encontravam apenas índios Carijós e mata, até que algumas famílias oriundas de Bielo na Rússia chegaram ao município, fugindo da crise européia. Dez anos mais tarde muitos italianos começaram a chegar ao sul do estado de Santa Catarina, local queacharam ideal para cultivo de lavouras e criação de animais. O local era favorável para viver, formando então uma comunidade, construindo casas e igrejas e vivendo quase que total da pecuária. Morro da Fumaça tornou-se município em 27 de Abril de 1962 deixando assim de ser distrito de Urussanga, SC. A economia se baseia na indústria cerâmica e de beneficiamento de arroz, além de confecções e da mineração de fluorita (IBGE, 2013). Sendo que a base da economia do município baseia-se principalmente na indústria de cerâmica vermelha que será o enfoque do trabalho. 7 2.0 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Realizar um inventário das fontes de emissões atmosféricas no município de Morro da Fumaça, SC. 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO Identificar as fontes de emissões atmosféricas no município de Morro da Fumaça; Descrever o processo produtivo das olarias consumo de matéria-prima e identificando os fatores de emissão de poluentes; Dimensionar uma estação de monitoramento da qualidade do ar na cidade. 8 3.0 HISTÓRICO Era época de crise na Itália, impostos e taxas atingiam os agricultores que eram incapazes de sustentar suas famílias. Em contrapartida os jornais divulgavam o sul do Brasil como esperança de uma vida melhor. Sendo assim, entre 1876 e 1878, muitos italianos migraram da Itália para o Brasil. Muitas eram as vantagens oferecidas aos italianos que resolvessem vir para o Brasil: moradia, terra e instrumentos necessários para a lavoura, ocupação em serviços públicos ate a colheita, para se manter. E mesmo com a vida no sul sendo dura, não era possível voltar para a Itália. Assim, os primeiros italianos foram colhendo os produtos de suas plantações, construindo os primeiros moinhos para transformar o milho em farinha, e os fornos e alambiques para a fabricação de açúcar e cachaça. (MACCARI, 2005) O governo imperial garantia a subsistência dos imigrantes até a colheita da primeira lavoura. Os italianos que aqui viviam eram privilegiados pelo Governo Imperial, que lhes pagava a viagem. Na época o governo ainda vendia terras a preços baixos, sendo que estes valores podiam ser parcelados e pagos com a produção. Os italianos eram beneficiados pelo governo, por ser a imperatriz Tereza Cristina, esposa do rei Pedro II, contemporânea dos italianos. (MARQUES, 1974) Morro da Fumaça era uma porção de terra habitada por carijós, até que em 1900, famílias vindas da Bielo-Rússia se instalaram, construindo casas e igrejas. Com o tempo, os russos resolveram se mudar para as localidades de Braço do Norte e Jaguaruna, vendendo suas terras aos italianos. Portanto, em junho de 1910, o casal José Cechinel e Hermínia Sóligo Cechinel adquiriu a terra dos russos e mudou-se para Morro da Fumaça. (MACCARI, 2005) Segundo Mota, 2009, a primeira indústria de tijolos em Morro da Fumaça foi fundada em 1932 pelo Sr. Olívio Cechinel, que fabricava diariamente três mil tijolos com o auxilio de três bois, e em pouco tempo o Sr. Gregório Espindola fundou a primeira indústria de telhas, tocada por mulas e burros. Dali algum tempo, animais foram trocados por carvão vegetal e com isso o aumento da produção foi para 10 mil tijolos por dia e logo veio a energia que foi o sinal do progresso de Morro da Fumaça. Em 1960 foi descoberto o minério de fluorita e no mesmo ano se instalou a empresa de extração do mineral. Em 1964 se instala no município a primeira indústria de cereais devido ao crescimento das plantações de arroz, empresa está que funciona até os dias de hoje. (MOTA, 2009) 9 Tornou-se Distrito de Urussanga em 1931, porém a emancipação para município se deu em 1962. Existem muitas versões para a origem do nome do Município Morro da Fumaça. Para Pichetti, (1970) a neblina que se formava no alto do morro onde hoje se encontra o Hospital de Caridade São Roque, fenômeno este que decorria das enchentes do Rio Urussanga, foi à inspiração para chamar a cidade de Morro da Fumaça. Pichetti também descreve a versão de que quando o Rio Urussanga alagava, interrompia o transporte de mercadorias na região. Em virtude disso, os comerciantes da época eram obrigados a montar um acampamento e acender fogueiras. Este ponto passou a servir de referência de localização como o Morro da Fumaça, sendo adotado o nome para o distrito e posteriormente para o município. Na época, a estrada por onde passavam os comerciantes era conhecida como “famoso pique Dom Pedro II”, atualmente denominada Rua Eugênio Pagnan. Segundo o IBGE, duas hipóteses procuram explicar a origem do nome do Município. A primeira, conta que em uma colina, onde era feito o embarque de carvão proveniente de Criciúma, havia uma extensa área alagadiça que criava densa neblina ao amanhecer, cobrindo todo o morro. Já a segunda versão enfatiza a versão de Pichetti, dos comerciantes que montavam acampamento na região, acendendo fogueiras e levantando fumaça, originando o nome do município. 3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO De acordo com a prefeitura municipal de Morro da Fumaça 2010, o município está situado a aproximadamente 180 km da capital Florianópolis, pertencente à microrregião de Criciúma e que juntamente com Cocal do Sul, Criciúma, Forquilhinha, Içara, Lauro Muller, Nova Veneza, Orleans, Siderópolis, Treviso e Urussanga faz parte da AMREC – Associação dos Municípios da Região Carbonífera. Situado na porção sudeste do Estado de Santa Catarina, entre as coordenadas geográficas 280 35' 06" a 280 41' 06" de latitude sul; e 490 10' 26" e 49021' 28" de longitude oeste, o município de Morro da Fumaça dispõe-se de forma mais alongada na direção leste – oeste, numa área de 82,69 km2. Limita-se com os municípios de Criciúma e Içara, ao sul; Cocal do Sul e Urussanga, a oeste; Treze de Maio, ao norte; Sangão, a nordeste e Jaguaruna, a leste. Integra a parte leste do território que compõe a Associação dos Municípios da Região Carbonífera – AMREC Segundo o IBGE, dados de 10 2009 apontam que a população é de aproximadamente 16128 habitantes distribuídos em uma área de 82,935 Km². Figura 1: Localização do município de Morro da Fumaça, Sul do Estado de Santa Catarina, Brasil. Fonte: IPAT, 2007. 3.2 RECURSOS HÍDRICOS Em termos regionais pode-se afirmar que o Estado de Santa Catarina é drenado por uma série de bacias hidrográficas que divergem para duas grandes vertentes: a Leste onde as drenagens vão desaguar no Atlântico e à Oeste, nos domínios do Planalto, onde as drenagens são controladas pelos rios da grande Bacia Platina. O sistema de drenagem da vertente do Atlântico compreende uma área de aproximadamente 35.298 km2, ou seja, 37% da área total do Estado. A vertente do Atlântico conta com diversas bacias hidrográficas, como: a do Rio Itajaí, com 15500 km²; Rio Tubarão, com 5100 km²; a do Rio Araranguá, com 3020 11 km²; do Rio Itapocú, com 2930 km²; do Rio Mampituba (divisa com o Rio Grande do Sul), com 1224 km²; do Rio Urussanga, com 580 km2; do Rio Cubatão (do norte), com 472 km²; do Cubatão (do Sul), com 900 km² e a do Rio d'Una, com 540 km². Entre as bacias da vertente Leste, merecem destaque na região sul do estado as bacias dos Rios: Tubarão, Urussanga e Araranguá. Em se tratando da Região Sul Catarinense, nestas três bacias encontra-se o sistema hidrográfico mais degradado de Santa Catarina. Em 1980 esta região foi enquadrada como a 14ª Área Crítica Nacional por causa da exploração, beneficiamento e usos do carvão mineral que provocaram um impacto ambientalincalculável. A Bacia Hidrográfica do Rio Urussanga, que drena a área em estudos, apresenta um dos maiores rios da região, o Rio Urussanga, com 1064 km de extensão. Sua nascente encontra-se nas encostas da Serra Geral, e suas águas se deslocam até o mar, onde a foz do rio é o limite entre o Município de Jaguaruna e o Distrito de Balneário Rincão, Município de Içara. A seguir a figura apresenta a bacia Hidrográfica do Rio Urussanga. Figura 2: Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Urussanga. Fonte: Secretaria de Obras, Prefeitura Municipal de Morro da Fumaça, SC 2011. 12 3.3 GEOMORFOLOGIA A configuração do relevo na região pesquisada pode ser dividida em três grandes compartimentos, segundo Almeida (1984): planaltos sedimentares constituídos por rochas sedimentares e vulcânicas, assentadas sub-horizontalmente sobre o escudo cristalino na forma de altiplanos; planície costeira, formada pelas planícies aluviais, baías, ilhas, deltas e esporões de rochas do complexo cristalino, que avançam sobre o mar; e as serras litorâneas, definidas pela completa denudação da cobertura sedimentar e pelo escudo cristalino dissecado. Já segundo Monteiro (1958), no Estado de Santa Catarina ocorrem três unidades topográficas, por ele denominadas de planícies costeiras, serras litorâneas e planalto ocidental, atribuindo valores de cotas para cada uma das unidades topográficas, dividindo as mesmas da seguinte forma: - Planícies Costeiras: compreendem as menores altitudes, entre zero e 200 metros; - Serras litorâneas: compreendem altitudes entre 200 e 600 metros, podendo ocorrer morros com até 950 metros; - Planalto Ocidental: englobam altitudes de 600 a 1.000 metros, incluindo pontos mais elevados com cotas de até 1790 metros. 3.4 VEGETAÇÃO Conforme revisão bibliográfica, a vegetação da região Sul de Santa Catarina, incluindo a área de estudo, foi denominada inicialmente Mata Atlântica. Outras designações mais comuns são: Floresta Atlântica, Floresta Tropical Atlântica ou Mata Pluvial da Encosta Atlântica (KLEIN, 1983). A designação Floresta Ombrófila Densa foi incluída no novo sistema de classificação fisionômico-ecológico da vegetação mundial proposto pela UNESCO e adotado posteriormente com algumas alterações (KLEIN e LEITE, 1997). Segundo o projeto RADAM/BRASIL (IBGE, 1986) a Floresta Ombrófila Densa apresenta diversas divisões, sendo que na região de estudo ela é denominada Floresta Ombrófila Densa Submontana, pois esta formação encontra-se revestindo desde áreas planas do Quaternário até bem acidentadas do Pré-cambriano e Perminiano até o Jurássico, em altitudes que variam de 30 a 400 metros de altitude. 13 3.5 ECONOMIA . A agricultura é bastante evidente no município, tendo como principais culturas o fumo, feijão, mandioca, milho e arroz. Na pecuária, a criação de gados, suínos e aves é característica. Além da agricultura, o município conta ainda com extração mineral de fluorita, cerâmica vermelha, indústria e comércio. O setor industrial destaca-se pelas indústrias cerâmicas - pisos e azulejos, tijolos, telhas e peças especiais para o mercado da construção civil. A confecção, facção e beneficiamento de arroz complementam o setor industrial. Os principais serviços no município são: hospital, escolas, rádios FM e comunitárias e distribuição de energia elétrica. A principal economia do município em questão é dada pelas olarias existentes no mesmo. 14 4.0 PRINCIPAIS ATIVIDADES O município de Morro da Fumaça é um município pequeno e sua principal atividade é a produção cerâmica. A agricultura não é muito evidente e a frota no município não influencia quantitativamente na qualidade do ar, sendo assim, o enfoque deste inventário de emissões atmosféricas é descrever a realidade das fontes emissoras, ou seja, o que está sendo emitindo e qual indústria ou atividade emite cada tipo de poluente. A principal fonte poluidora será em indústrias de cerâmica vermelha, também conhecida como olaria. Figura 03: Cerâmicas apontadas no perímetro urbano de Morro da Fumaça - SC. Fonte: SINDICER/COOPEMI e Secretaria de Obras de Morro da Fumaça – SC, 2011. 15 4.1 CERÂMICA VERMELHA A cerâmica vermelha foi introduzida no Estado de Santa Catarina pelos imigrantes europeus. Primeiramente pelos açorianos que chegaram à região litorânea, e mais tarde pelos alemães e italianos que levaram esta cultura para outras regiões. De acordo com Zaccaron 2013, a produção de telhas e tijolos se iniciou com a chegada dos imigrantes Italianos que conheciam as técnicas de produção, já que os países europeus possuíam uma indústria ceramista desenvolvida na época. O conhecimento das técnicas para a produção de cerâmica utilitária, e a abundância de matéria-prima na região, sem dúvida foram os fatores determinantes para o processo de expansão da produção ceramista em Morro da Fumaça, destacando-se até hoje, como um dos principais polos em cerâmica vermelha do estado. A cerâmica vermelha abrange produtos como: tijolos, telhas, pisos, vasos, peças decorativas, entre outros, constituindo um grupo de produtos rústicos onde o acabamento dificilmente ocorre. No estado de Santa Catarina, este segmento desempenha papel, segundo dados da Associação Nacional de Indústrias Cerâmicas - ANICER (1997), no Estado de Santa Catarina, o setor é constituído por 742 empresas. Destas, mais de 90% são de pequeno porte, funcionando com estrutura artesanal, concentrando-se 51,9% na Região Norte do Estado; 38,8% na Região Sul e, 9,3% na Região Oeste. Estas empresas são responsáveis por 11.000 empregos diretos e 3.000 indiretos, concentrando sua produção em 62,9% de tijolos; 28,5% de telhas e 8,6% de outros produtos. Nos municípios, como Morro da Fumaça e Sangão, o valor da produção total de cerâmica vermelha representa mais de 80% da principal atividade econômica (EPS, 2013). Segundo SINDICER 2013, existem aproximadamente 59 olarias instaladas no município de Morro da Fumaça, sendo de pequeno e médio porte. Vale ressaltar que das 59 indústrias cerâmicas, 92 estão situadas no perímetro urbano da região causando assim problemas respiratórios. A tabela 1 apresenta o número de associados do SINDICER de acordo com cada cidade. Cidades Número de empresas Morro da fumaça 59 Sangão 53 16 Criciúma 3 Jaguaruna 3 Içara 31 Fonte: SINDICER, 2013. 4.2 PROCESSO PRODUTIVO De acordo com Cunha, 2013 o processo produtivo básico das olarias definido como simples, com pouca variação de uma empresa para outra. O processo produtivo da cerâmica vermelha baseia-se nos seguintes processos: entrada de matéria prima, beneficiamento, homogeneização, pré-mistura, extrusão, prensagem, secagem, queima e estoque, como mostra a figura 4 logo abaixo: Figura 4: Fluxograma do processo produtivo de cerâmica vermelha. 17 Extração da argila: A matéria prima argilosa é extraída e transportada por retroescavadeiras e caminhões caçamba. Após recebimento e conferência, a argila é estocada em galpões ou em pilhas a céu aberto. Em condições ideais a estocagem aconselhada de no mínimo dois meses, o que aumentaria a plasticidade da argila (cunha, 2003). No preparo da matéria prima geralmente é realizado a mistura de dois ou mais tipos de argila, reaproveitando material moído de retorno – decorrente das perdas, que são moídos e entram novamente no ciclo produtivo, acrescidos à massa argilosa. Na utilização de argilas muito compactasé feita a desintegração do material com o misturador. Em função de exigências legais, em 2009, a Cooperativa de Exploração Mineral da Bacia do Rio Urussanga (COOPEMI), assinou um Termo de Ajuste de Condutas (TAC) em comum acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (FATMA), e outras 46 empresas cerâmicas da AMREC e AMUREL, visando à regularização da extração de material argiloso, no prazo de um ano (ZACCARON,2013). Figura 5: Etapas de extração mineral em áreas licenciadas pela COOPEMI. (A e B) Escavadeira hidráulica em atividade; (C) Área minerada em morro; (D) Área minerada em várzea. A B C D 18 Fonte: ZACCARON, 2013. Caixão alimentador Consiste em receber a matéria prima estocada, com o auxílio de pás carregadeiras ou caminhão caçamba. O material segue para o misturador ou homogeneizador, equipamento que fará a homogeneização e umidificação da massa, se necessário. Após a homogeneização a massa passa pelo laminador, constituído de um sistema de dois cilindros com pequena abertura entre eles. A laminação é para obtenção de um refinamento da mistura (SANTA CATARINA, 1990a APUD CUNHA, 2003), com redução de torrões de argila. Figura 06: Caixão alimentador. Morro da Fumaça/SC. 19 Fonte: MIRANDA, 2009. Figura 07: Equipamento para a homogeneização de argila utilizada na produção de cerâmica vermelha. Morro da Fumaça/SC. Fonte: MIRANDA, 2009. 20 Maromba ou Extrusora Esta fase consiste de conformação da massa permitindo dar forma ao produto como tijolos ou telhas. Inicia com a passagem da massa pela maromba ou extrusora, composta por marteletes, cuja função é compactar e retirar o ar da massa, formando blocos com dimensões específicas para tijolo ou telha. Nas olarias que produzem tijolos, um cortador na saída do material da maromba secciona a barra formada, seguindo um padrão dimensionado. A maromba atua como matriz, especificando a largura e os detalhes internos do tijolo (SANTA CATARINA, 1990a APUD CUNHA, 2003). Figura 08: Vista frontal do conjunto maromba e cortador. Morro da Fumaça/SC. Fonte: MIRANDA, 2009. Secagem Nesta fase consiste o processo térmico uma etapa que envolve a secagem e a queima das peças em produção. A secagem é processada naturalmente o em estufas. Na secagem ao natural as peças são estocadas em prateleiras dispostas em galpões de secagem 21 cobertos, que permitam a passagem do ar, e o processo dependerá das condições climáticas. Na secagem através de estufas, a fonte térmica é composta de gases quentes provenientes dos fornos ou calor gerado em fornalha (CUNHA, 2003). Figura 09: Estufa de secagem dos tijolos, Morro da Fumaça/SC. Fonte: CASAGRANDE, 2013. Queima A queima dos produtos ocorre em fornos, que podem ser de diversos tipos (SANTA CATARINA, 1990a APUD CUNHA, 2003 ). De acordo com o tipo de forno, a temperatura pode atingir até 900C e o tempo do ciclo de queima variar. O combustível utilizado na queima inclui lenha, cavaco, cepilho, costaneiras (restos de marcenarias), pó de serra e outros produtos. Após a queima as peças são estocadas para a venda, em galpões cobertos ou a céu aberto. O transporte das peças no interior das olarias é realizado por carrinhos manuais, ou por correias transportadoras. 22 Figura 10: Imagem frontal do forno em queima, utilizando como combustível o consumo de lenha Morro da Fumaça/SC. Fonte: CASAGRANDE, 2013. 5 INVENTÁRIO DAS FONTES DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS De acordo com IEMA 2011, um Inventário de emissões atmosféricas é realizado a fim de descrever a realidade das fontes emissoras, ou seja, o que está sendo emitindo, qual indústria ou atividade emite cada tipo de poluente. De acordo com a resolução do CONAMA No 003 de 22 de agosto de 1990, parágrafo 1 define como poluentes atmosféricos como sendo: [..] qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: I – impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; II - inconveniente ao bem-estar público; III - danoso aos materiais, à fauna e flora. IV - prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade (MMA,1990) 23 Sabe-se que existem fontes móveis (tabela 2), que são qualquer fonte não estacionária, representada pelos veículos automotores, em conjunto com trens, aviões, embarcações marítimas. Além das fontes móveis, existem as fontes fixas que são representadas em grande parte pelas indústrias e outras fontes com grande potencial poluidor. Neste inventário, deve-se em conta as fontes de poluição fixa, ou seja, as indústrias. Tipo de veículos Quantidade Automóveis 6031 Caminhões 838 Caminhões-trator 205 Caminhonetes 755 Microônibus 25 Motocicletas 3.959 Motonetas 1603 Ônibus 28 Tratores 14 Total 13458 Tabela 2: Tipos de veículos e sua quantidade registrada no município de Morro da Fumaça, (IBGE,2013). O número de carros registrados no município é pequeno, porém somado com outras fontes de poluição causam sérios danos ao meio ambiente e à população exposta à estes poluentes. Os poluentes emitidos pelos veículos (fonte móveis) são CO2, CH4 e N2O sendo que os mesmos são gerados quando usamos como combustível a gasolina, etanol, GNV (gás natural veicular) e óleo diesel (Figura 11). 24 Fonte: SUSTENTABILIDADE, 2013. Nas fontes fixas destaca-se a agricultura, mais precisamente a produção de arroz. No município em questão existe uma indústria de beneficiamento de arroz (figura 9) que utiliza na queima em caldeiras o gás juntamente com a casca de arroz, gerando assim a emissão de cinzas, contendo material particulado, dióxido de carbono, óxido de nitrogênio, óxido sulfúrico e COV. Além da agricultura, outra fonte fixa também evidente são as olarias. Sendo que os principais poluentes emitidos pelas olarias são provenientes da queima de derivados de lenha nos fornos. Abaixo segue uma tabela relacionando as principais atividades existentes no município e poluentes emitidos pelas mesmas. TABELA 3: Relação entre atividade e poluente emitido. Atividade Poluentes Automóveis CO, CH4 e N2O Agricultura MP, CO2, N2O SO e COV Olarias MP, SO2, NO2 25 Figura 12: Empresa de beneficiamento de arroz em Morro da Fumaça. Fonte: ZACCARON, 2011. Figura 13: Chaminé e emissões atmosféricas de uma olaria. Morro da Fumaça/SC Fonte: MIRANDA, 2009 26 Monóxido de carbono (CO) Substância inodora, insípida e incolor, produzido pela combustão incompleta de material orgânico ou carbonáceo, é liberado também por fontes naturais como atividade vulcânica, descargas elétricas e emissão de gás natural, porém perigosa, pois quando inalado chega à corrente sanguínea unindo-se à hemoglobina das hemácias interferindo no suprimento de oxigênio no sangue (CETESB, 2013). Na atmosfera o composto pode sofrer oxidação por radicais livres formando dióxido de carbono. Na água e no solo existem microrganismos capazes de utilizar o composto como fonte de energia. Óxidos de nitrogênio (NOx) Os NOx são a combinação de nitrogênio e oxigênio formados devido a alta temperatura de combustão, vale ressaltar que existem dois tipos de NOx – Nox térmico e NOx combustível – no primeiro ocorre reações entre o nitrogênio e oxigênio da combustãoem altas temperaturas, enquanto que o NOx combustível é a reação entre o nitrogênio do combustível e o oxigênio do ar. Hidrocarbonetos As emissões de hidrocarbonetos (HC) são resultantes da evaporação de combustíveis e outros produtos voláteis e do combustível não queimado ou parcialmente queimado, emitidos tanto por veículos automotores e de algumas indústrias que utilizam solventes orgânicos (BRAGA 2002). Óxidos de Enxofre (SOx) Gases sem cor, de odor pungente que são irritantes para o trato respiratório e causador da chuva ácida. A principal fonte deste gás é na combustão e incineração de substâncias ou materiais com enxofre na composição, particularmente do carvão e óleo combustível. Pode ser liberado também por gases vulcânicos e fontes antropogênicas, principalmente atividades industriais que processam materiais contendo enxofre. As concentrações médias anuais de SO2 no ar atmosférico variam de 20 a 60 µg/m3 (0,007-0,021 ppm), com média diária acima 27 de 125 µg/m3 (0,044 ppm). Os óxidos de enxofre (SOx) podem reagir com outros compostos presentes na atmosfera, formando pequenas partículas que penetram profundamente em partes sensíveis dos pulmões, e causar ou agravar doenças respiratórias, como enfisema e bronquite, além de agravar doença do coração preexistente podendo levar à morte (CETESB, 2012) Material Particulado São partículas sólidas e líquidas capazes de permanecer em suspensão no ar como é o caso das poeiras, fuligem e das partículas de óleo, além do pólen. O material particulado fino é constituído de partículas atmosféricas com diâmetro aerodinâmico menor que 2,5μm chamado de MP2,5, tem maior facilidade de se alojar nos bronquíolos, o mesmo não ocorre com o material particulado grosso, constituído de partículas grossas, que possuem diâmetro aerodinâmico entre 2,5µm e 10µm, ficando retidas no nariz e nasofaringe, e posteriormente são eliminadas do sistema respiratório para a atmosfera pelos mecanismos de defesa. A fração grossa pode ser originada por varias fontes como partículas de ressuspensão do solo, cinzas, fuligem, pólen, entre outros. Os principais elementos encontrados nessa fração são de origem mineral, como a sílica, o alumínio, ferro, potássio, cálcio, entre outros metais alcalinos. A fração fina tem em sua composição concentrações significativas de íons como o sulfato, nitrato e amônio, carbono elementar, compostos orgânicos condensados e uma variedade de metais (MAIOLI, 2011). As partículas menores que 2,5μm de diâmetro (MP2,5) causam sérios danos à saúde de humanos e animais, uma vez que podem se alojar nos bronquíolos. Essas partículas são denominadas de respiráveis, pois elas entram no sistema respiratório e se depositam no tecido pulmonar. 28 6 MONITORAMENTO 6.2 DADOS METEOROLÓGICOS A região sul apresenta um clima subtropical úmido. As massas de ar tropicais e polares, observadas na região, seguem fenômenos que sujeitam estas áreas a bruscas mudanças de tempo graças às sucessivas invasões de fenômenos frontogenéticos em qualquer época do ano. Como resultado tem-se o surgimento de um clima com dois traços característicos: instabilidade do tempo e elevada pluviosidade no decorrer do ano. As temperaturas variam bastante, estando a media anual entre 15°C e 20°C, sendo janeiro o mês mais quente e julho o mais frio. Segundo o sistema de classificação climático de Köeppen, a região se enquadra no clima do grupo C – mesotérmico, tendo em vista que as temperaturas médias do mês mais frio estão abaixo dos 18°C e acima de 3°C e neste grupo, ao tipo (f) sem estação seca distinta (Cf), pois não há índices pluviométricos mensais inferiores a 60 mm. Relacionando esses dados com a altitude da região, o clima se distingue por sub-tipo de verão (a) por apresentar temperaturas médias nos meses mais quentes de 28°C (Cfa). 6.3 PLUVIOMETRIA As medições na Estação Meteorológica de Urussanga refletem uma amplitude pluviométrica com valores menores em comparação com outras regiões do Estado. A amplitude pluviométrica no estado é de 1.254 mm. No geral a pluviosidade está bem distribuída no território catarinense. No litoral Sul, os menores valores refletem as modificações locais de circulação atmosférica, determinada pela passagem livre de ventos vindos do oceano, que na sua rota do mar até as escarpas da Serra Geral, perdem sua umidade, também como da atuação da Corrente Fria das Malvinas. Este fenômeno climatológico comum na região são as denominadas chuvas orográficas, produzidas pela presença de relevo acidentado que provoca a elevação de grandes massas de ar carregadas de umidade, oriundas do litoral e devido ao resfriamento adiabático, há condensação da umidade ocasionando as precipitações. 29 6.4 TEMPERATURA Quanto à temperatura, evidenciam-se logo as características subtropicais. Os valores médios anuais estão na ordem de 19°C. Em um nível regional os valores médios anuais definem a mesotermia apresentando valores que variam de 21,8°C no litoral, 13,0°C (São Joaquim) no planalto. Deve- se notar, que além da atuação das massas polares, reveladas nas amplitudes térmicas, variando entre 10,0°C e 7,0°C tem-se a influência marcante da altimetria. Quanto às temperaturas médias em janeiro, a estação de Urussanga registrou 23,3°C. A influência da topografia é notável no traçado das isotermias. No mês de julho a média de 14,4°C se distribui uniformemente no Sul Catarinense, nas terras mais baixas próximas ao litoral. 6.5 SELEÇÃO DA ÁREA De acordo com Milak 1996, as pessoas suscetíveis aos efeitos causados pela fumaça oriunda das olarias vivem em um ambiente desagradável. As partículas provenientes da combustão da lenha interferem na estética do ambiente e em alguns casos no período noturno dificultando a visibilidade. Essas partículas em suspensão chegam com facilidade até os pulmões, sendo relativamente pequena para atravessar os alvéolos e penetrar na corrente sanguínea. Pereira 1994 APUD Milak 1996, afirma que o aumento da prevalência da asma e bronquite vem sendo constante no município. As causas para a ocorrência das mesmas podem ser genéticas ou decorrentes da poluição atmosférica. . A tabela 4 abaixo apresenta a ocorrência de doenças respiratórias no município de Morro da Fumaça. Idade Quantidade Menor que 1 ano 41,7 De 1 a 4 anos 65 De 5 a 9 anos 38,7 De 10 a 14 anos 20,7 De 15 a 19 anos 18,2 De 20 a 49 anos 40,3 30 De 50 a 64 anos 31,1 60 ou mais anos 23,4 65 ou mais anos 22,7 Fonte: Datasus, 2010. O município de Morro da Fumaça foi escolhido por apresentar forte economia voltada para a indústria cerâmica vermelha (olarias), além das frequentes reclamações aos órgãos públicos (FATMA, Fundação do Meio Ambiente). Em monitoramentos anteriores o município de Morro da Fumaça foi o segundo há apresentar quantidades de poluentes analisados acima dos padrões estabelecidos nas legislações vigentes. 6.6 EQUIPAMENTOS DE MONITORAMENTO Segundo LISBOA (2007), a escolha dos monitores de poluição do ar deve se levado em consideração, juntamente com os padrões legais, os recursos necessários para a aquisição, operação e manutenção dos equipamentos. Há diversas metodologias e equipamentos desenvolvidos para detectar a quantidade de material particulado e de gases tóxicos presentes no ar atmosférico. Alguns equipamentos possuem sensores eletroquímicos que são responsáveis pelo monitoramento dos gases tóxicos. Contudo, o equipamento de medição, precisa ter fatores de confiabilidade dos valores obtidos dependendo da sensibilidade eda precisão do equipamento. Deve-se respeitar o intervalo de calibração para não obter possíveis erros. O operador do equipamento deve conhecer o funcionamento do mesmo e ser capaz de perceber quando os instrumentos apresentam defeitos e problemas de funcionamento, corrigindo-os quando necessário. 7.6 Métodos de Monitoramento Passivos Ativos Automáticos Sensores remotos Bioindicadores 31 7.7 Amostradores da Qualidade do Ar Conforme Resolução nº 3 do CONAMA, de 28/06/90 há hoje no Brasil padrões e métodos de referência para os seguintes poluentes atmosféricos: Partículas Totais em Suspensão (PTS): Método do amostrador de grande volume (AGV) ou equivalente. Fumaça: Método da refletância da luz. Este aparelho serve também para medir SO2(pelo método do peróxido de hidrogênio) simultaneamente com a fumaça. Além do amostrador, o usuário necessitará de um refletômetro, bem como de calibradores, filtros reagentes e vidraria de laboratório. Partículas Inaláveis (MP10): Método de separação inercial/filtração ou equivalente. As partículas são medidas com o Amostrador de Grande Volume (AGV) para Partículas Inaláveis ou de até 10 mm (MP10). Dióxido de Enxofre: Método da pararrosanilina ou equivalente. Utiliza-se, para a medição, um amostrador de Pequeno Volume (APV), modelo TRIGÁS, capaz de coletar até 3 gases simultaneamente. Além do amostrador, o usuário precisará adquirir também calibradores, filtros, reagentes e vidraria para laboratório. Monóxido de Carbono (CO): Método de infravermelho não dispersivo. 7.8 Equipamentos de Monitoramento 32 7.8.1 Amostrador de grandes volumes (figura 14) - Echo HiVol Fonte: LISBOA, (2007) Este equipamento é um amostrador de grandes volumes automático para monitoramento de micropoluentes presentes no ar ambiente. Atende integralmente a normas europeias (ISO18884 e ISO16362) e americanas (USEPATO9 e USEPATO13) para amostragem de particulado e gás. É um equipamento leve, robusto, ideal para ser instalado em todos os tipos de locais e condições. Possui interface RS232, controle eletrônico de vazão, programação com relógio permanente, tempo de amostragem ajustável em até 168 horas, capacidade de armazenamento de até 60 relatórios, sendo armazenados os parâmetros: vazão, volume amostrado, pressão atmosférica, temperatura ambiente e carga do filtro. 33 7.8.2 Módulo sequencial para amostragem de material particulado (figura 15) - Sentinel PM Fonte: LISBOA, (2007) Este módulo permite até 16 amostragens sequenciais de material particulado total, PM10, PM2,5, PM1 e metais pesados, conforme a escolha da cabeça de amostragem. Acoplado ao amostrador CHARLIE, efetua amostragens sequenciais, conforme programação desejada, e sem interrupção. Atende a normas européias (EN 12341) e americanas (USEPA 40 CRF parte 50). 7.8.3 Monitor de poluição urbana (figura 16) - Streetbox Fonte: REIS, (2010) Este instrumento foi desenvolvido para avaliação dos efeitos do fluxo do tráfego de veículos em cidades. É um instrumento compacto, robusto e de fácil instalação. Permite a configuração de 3 sensores eletroquímicos ( a selecionar em combinações: CO, H2S, NO2, 34 SO2, NO), monitor de PM10, sensor de velocidade e direção do vento, sensor de ruído. Efetua o registro on line dos dados monitorados, os quais podem ser acessados via radio ou GSM. Possui alternativa de funcionamento com bateria interna, externa ou ligada à rede. Devido a seu custo e facilidade de transporte e instalação, é ideal para estudos de tráfego em ambientes urbanos ou avaliação indicativa do impacto da poluição atmosférica gerada por empreendimentos. 7.8.4 Estação de monitoramento contínuo (figura 17) Fonte: LISBOA, (2007) Abrigo completo com ar, no-break, micro, manifold, instrumentos contínuos para CO, SO2, H2S, NOx, O3, THC, partícula (Mp10 ou PTS), torre metereológica completa, calibradores e gerador de ar zero. 8 SELEÇÃO DOS PONTOS DE MONITORAMENTO 8.1 Históricos de Monitoramento em Morro da Fumaça e Região Os monitoramentos realizados pela Fundação do Meio Ambiental de Morro da Fumaça em parceira com a UNESC obtiveram resultados de monitoramento do dióxido de enxofre (SO2), partículas totais em suspensão – PTS, e partículas inaláveis - PI. 35 Tabela 5 - Localização e período de monitoramento dos poluentes. Local do Ponto Município Ano Colégio Princesa Isabel – Centro Morro da Fumaça 1994, 1997, 2001 e 2002 SINDCER – Centro Morro Da Fumaça 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009 Rua Manoel Silvano, 834 Sangão 2006, 2007 e 2008 Fonte: SOUZA, 2010. O município de Morro da Fumaça foi à região com maior número de ultrapassagens do padrão primário nos monitoramentos anteriores, além de ter atingido níveis críticos de deterioração da qualidade do ar. 8.2 Ponto de Monitoramento 8.2.1 Ponto 1 de Monitoramento O Sindicato da Indústria da Cerâmica Vermelha - SINDICER de Morro da Fumaça é uma entidade representativa do setor cerâmico com mais de 150 empresas associadas. Como entidade representativa, realiza diversas atividades com o objetivo de fortalecer o setor cerâmico na região sul de Santa Catarina. O Sindicato da Indústria de Cerâmica Vermelha (SINDICER) é uma região caracterizada por apresentar uma forte economia voltada para a indústria de cerâmica vermelha (olarias) (MORRO DA FUMAÇA, 2010). Essa região foi escolhida para ser monitorada, não apenas pela caracterização das atividades econômicas na região, mas também pelo número de reclamações da comunidade junto a Fundação do Meio Ambiente (FATMA). Sendo monitorada anteriormente anos de 2005 a 2009. Figura 18: Representação do primeiro ponto de amostragem – SINDICER, localizado na Av. Celeste Recco, n° 414, Centro, Morro da Fumaça. 36 Fonte: Google Maps, modificado pelos autores (2013). 8.2.2 Ponto 2 de Monitoramento No segundo ponto escolhido para ponte de monitoramento foi na Escola Básica Municipal Vicente Guollo, primeiramente por ser ponto próximo a outras empresas com potencial poluidor no Município, e também por estar próxima a divisa do município de Morro da Fumaça e Sangão. O município de Sangão possui em seu entorno as principais fontes de poluição atmosféricas da região, com várias olarias e empresas potencialmente degradadoras. Figura 19: Representação do segundo ponto de amostragem – Escola Básica Municipal Vicente Guollo, localizada na Rua 20 de Maio, Centro, Morro da Fumaça. 37 Fonte: Google Maps, modificado pelos autores (2013) Para a realização de um monitoramento continuo a necessidade de uma estação fixa para monitoramento da qualidade do ar (figura 20) nos dois pontos escolhidos no município, com equipamentos utilizados para medição de poluentes atmosféricos: Hi-Vol, Trigás e Hi-Vol MP10. Fonte: LISBOA, (2007). 38 Material particulado Inalável (MP10) – Cabeça de Anderson Figura 21: Equipamento para medição de MP10 conhecido como cabeça Anderson. Fonte: LISBOA, (2007) Fonte: LISBOA, (2007) Figura 22: Trigás Amostrador de pequeno volume utilizado para medição simultânea de 3 gases poluentes atmosféricos (SO2, NO2, H2S, NH3). Fonte: LISBOA, (2007) 398.3 Duração do Monitoramento As durações do monitoramento com os equipamentos devem ser feitas no mínimo de 24 horas por dia, a cada 6 dias em cada ponto por semana, para SO2 e PTS e, continuamente para monóxido de carbono e oxidantes fotoquímicos (SANTA CATARINA, 1981). As demais amostras devem ser coletadas no período de 22 horas por dia, por 6 dias por semana, respeitando o tempo de calibramento e manutenção dos equipamentos, sendo realizado por pessoas especializadas. 40 9 CONSIDERAÇÃO FINAL Agda Como mencionado anteriormente, o município de Morro da Fumaça tem em sua economia forte influencia da indústria ceramista, atividade esta que gera poluentes atmosféricos de grande consequência para a comunidade entorno. Outras atividades contribuem com o lançamento de poluentes, como a agricultura e, ainda que em menor aspecto, o lançamento de gases dos automóveis que circulam na cidade. Portanto, se faz necessário o monitoramento da qualidade do ar, visto que alguns estudos já foram realizados para comprovar essa situação. Por meio dos dados levantados, puderam-se observar os principais poluentes e através destes, quais os melhores métodos e equipamentos para realização do monitoramento na cidade. Deiser O município de Morro da Fumaça por muito tempo foi considerado como sendo o mais poluído em se tratando de poluição atmosférica no estado de Santa Catarina, esse fato se deu, pois o mesmo é um município relativamente pequeno, porém, com muitas empresas principalmente de cerâmica vermelha, ou seja, as olarias. Essa realidade vem mudando com o avanço das exigências ambientais e também das tecnologias aplicadas ao controle de emissões atmosféricas. Por ser um município pequeno e com altos níveis de poluição atmosférica, faz-se necessário a implantação de um sistema de monitoramento da qualidade do ar no mesmo, com o intuito de verificar a que níveis de poluição a população de Morro da Fumaça está exposta. Alguns dados foram levados em consideração para a escolha dos locais de monitoramento, um dos pontos será localizado no centro do município, mais precisamente no prédio do SINDICER por ser um local onde à maior população exposta e também porque há muitas reclamações da população junto à fundação do Meio Ambiente do município, o outro local proposto foi próximo à divisa com o município de Sangão na Escola Básica Municipal Vicente Guollo. O que nos levou a escolher este ponto é o fato de que no município de 41 Sangão também a uma quantidade significativa de olarias e devido à direção dos ventos favorecerem a dispersão dos poluentes chegarem ao município de Morro da Fumaça. Graziela As olarias por muitos anos foi a principal economia do município, a cidade cresceu e se desenvolveu a partir delas. Hoje consta-se com 59 empresas, por se tratar de um processo produtivo relativamente simples obteve-se muito pouco desenvolvimento e qualificação pois não exige uma mão de obra qualificada, as responsabilidades ambientais eram insignificante, somente em 2004 com a TAC – termo de ajustamento de condutas, foi definido o comprometimento das empresas a não utilizar carvão mineral como combustível, as empresas começaram a utilizar lenhas de reflorestamento, que mesmo com seus impactos significativos, se não houver o tratamento adequado, mas são bem menores que os impactos causados pela queima de carvão mineral. A necessidade de um monitoramento na região de Morro da Fumaça segundo FATIMA apud SOUZA, 2010 se caracteriza não apenas pela forte economia voltada as indústrias cerâmicas, mas também ao grande número de reclamações junto à fundação e um elevado número de problemas respiratórios. As indústrias geralmente trabalham sem nenhum tipo de filtragem de material. Isso significa que tudo que é expelido pelas chaminés vão diretamente para o ar. Sem contar com a poeira levantada pelos inúmeros caminhões que trafegam pelo município carregados de argila, vale ressaltar as condições precárias de trabalho oferecidas, onde o alto nível de ruídos, poeira e entulhos prejudicam os trabalhadores que muitas vezes trabalham sem carteira assinada. Júlia As condições encontradas nos estudos anteriores podem gerar consequências a saúde de toda a população, agravando os sintomas de tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta e ainda apresentar falta de ar e respiração ofegante. Para a população de grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas) podem apresentar efeitos ainda mais graves à saúde (AIRNOW, 2010). 42 Para melhor avaliação da qualidade do ar para os habitantes do município de Morro da Fumaça e entorno, sugere-se que haja mais pontos de monitoramentos fixados, não havendo alterações de locais, garantindo a confiabilidade dos dados obtidos, incentivando para que os mesmos divulgados em boletins periódicos ao público em geral, permitindo que a população acompanhe a qualidade do ar na região. As reclamações da poluição atmosférica da comunidade junto ao órgão fiscalizador têm sido frequentes, a falta de monitoramento contínua implica em falta de dados e consequentemente falta de mudanças na legislação necessárias para proteger a saúde da população, já que muitos estudos não se mostram conclusivos e havendo relações diretas entre a poluição e os casos de doenças respiratórias no Município. 43 REFERÊNCIAS ANTERO. CAPÍTULO V - PROPOSTA DE INDICADORES DE DESEMPENHO DO PROCESSO E DO PRODUTO NA CERÂMICA VERMELHA. Disponível em: <http://www.eps.ufsc.br/disserta99/antero/cap5.htm>. Acesso em: 08 out. 2013. BRAGA, Benedito et al. Introdução à engenharia ambiental. São Paulo: Prentice Hall, 2002. 305p. CAMARA, Vicente Francisco. PANORAMA DAS EMISSÕES ATMOSFÉRICAS DAS OLARIAS DO SUL DE SANTA CATARINA. 2013. 70 f. Trabalho Conclusao de Curso (Graduacao) - Curso de Engenharia Sanitaria e Ambiental, Departamento de Engenharia Sanitária E Ambiental, Universidade Federal De Santa Catarina, Florianópolis, 2013. Disponível em: <http://www.lcqar.ufsc.br/site/data/_uploaded/file/TCC/tcc%20vicente%20camara.pdf>. Acesso em: 13 set. 2013. CETESB – COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Relatório de Qualidade do Ar do Estado de São Paulo 2001. São Paulo – SP: CETESB, 2002, 124 p. CETESB. DIÓXIDO DE ENXOFRE. Julho de 2012. 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In: FUNDATEC – Fundação Universidade-Empresa de Tecnologia e Ciências – Escola de Engenharia da UFRGS. Usina TermoelétricaJorge Lacerda IV – RIMA – Relatório de Impacto Ambiental, Volume 4 – Aspectos Bióticos, Parte A. Porto Alegre, RS. (Versão n.2). 1997. 44 LISBOA, Henrique de Melo; KAWANO, Mauricy. CONTROLE DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA. São Paulo – SP: Montreal, Dez. 2007. Capítulo IV. MACCARI, Idê M. S. MORRO DA FUMAÇA: Passado e Presente. Morro da Fumaça –SC. Editora Soller, 2005. 58 p. Il. MAIOLI, Brígida Gusso. QUANTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL PARTICULADO FINO (MP2,5) NA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA-ES.2011. 118 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Ambiental, Departamento de Programa de PÓs-graduaÇÃo, Universidade Federal do EspÍrito Santo Centro TecnolÓgico, VitÓria, 2011. Cap. 1. Disponível em: <http://www.ct.ufes.br/ppgea/files/DISSERTACAO BRIGIDA.pdf>. Acesso em: 16 out. 2013. MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE. RESOLUÇÕES CONAMA N.º 003. 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