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Posse e sua classificação

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Posse e sua classificação (art. 1.196 a 1.203 do CC) - (Lei nº 13.105/15)
Posse direta e indireta, justa e injusta, violenta, clandestina, precária, boa-fé, má-fé, natural, justo título, ad interdicta, ad usucapionem, composse, posse velha e nova.
I - Da posse
Para caracterizar a posse são necessários dois elementos integrantes:
1. corpus: é a relação material do homem com a coisa, ou a exterioridade da propriedade.
2. animus: é a intenção de proceder com a coisa como se fosse seu proprietário.
De acordo com o art. 1.196/CC, considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes a propriedade (geralmente, usar e gozar da coisa).
 - Objeto da posse
Nossa jurisprudência tem considerado, não sem alguma resistência, a idéia de que é possível proteção possessória de tudo aquilo que puder ser apropriado e exteriormente demonstrado.
  
II - Classificação da posse  
A) Posse direta e posse indireta 
Toda vez que o direito ou a obrigação de possuir caiba a outra pessoa que não o proprietário, a posse se desdobra em: posse direta – para aquele que detém materialmente a coisa, ou seja, tem contato físico com a coisa – e indireta, para o proprietário que concedeu ao primeiro o direito de possuir. É o que acontece com: nu-proprietário e usufrutuário; locador e locatário; comodante e comodatário; depositante e depositário; compromissário vendedor e compromissário comprador etc. A posse direta, exercida temporariamente, não exclui a posse indireta do titular da propriedade (ou assemelhado).
A posse direta pode se desdobrar, como, por exemplo, no caso do usufruto: existe o nu-proprietário (possuidor indireto) e o usufrutuário (possuidor direto), mas este resolve dar a coisa em locação, originando a posse direta do locatário. Neste caso, o usufrutuário passa a ser também possuidor indireto. 
- Pode o possuidor direto mover ação possessória contra o possuidor indireto?
Tendo a posse direta, o possuidor poderá defendê-la por meio de ações possessórias (manutenção, reintegração e interditos proibitórios) contra terceiros e até mesmo contra o próprio possuidor indireto, sendo que este também goza de proteção possessória para defender a posse direta contra terceiros que a turbem ou ameacem.
B) Posse natural ou detenção : é aquela que se encontra nas mãos de outra pessoa que não o proprietário, mas aquele detém a coisa em nome deste, ou seja, há uma relação de dependência. De acordo com o art. 1.198/CC, não é possuidor quem se limite a deter a coisa em nome de outrem ou de acordo com as ordens e instruções que recebera. Ex.: empregado que toma conta de propriedade agrícola do patrão; empregada doméstica que toma conta do lar.
C) Posse justa e injusta - pode o possuidor injusto defender sua posse?
A justiça ou injustiça é conceito de exame objetivo, ou seja, não há necessidade de saber da intenção da pessoa (ao contrário da posse de boa-fé ou de má-fé).
Segundo o art. 1.200/CC: "É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária". A posse exige que sua origem não apresente vícios. Posse viciada é aquela cujo vício originário a torna ilícita. Exemplos de posse justa: derivada de contratos (compra e venda/locação/comodato...), usucapião após 15 anos, etc.
Logo, posse injusta é aquela que apresenta algum dos vícios acima.
Os vícios só poderão ser alegados pela vítima. Terceiros não tem legitimidade para arguir a injustiça da posse. Por isso, a posse injusta pode ser defendida pelos interditos, não contra aquele de quem foi tirada pela violência, clandestinidade, ou pelo abuso de confiança, mas contra terceiros, que queiram obter a posse para si. O direito visa resguardar a paz social.
  - Posse violenta
É a posse obtida pelo uso da força (violência física ou moral). Lembre-se que apesar de ser injusta é posse. A violência pode partir do próprio agente ou de terceiros que atuam sob sua ordem. A violência pode, também, atingir o possuidor ou quem detém a coisa em nome dele. Ex.: tomar coisa móvel das mãos de outrem contra a sua vontade; esbulho de algum imóvel.
  - Posse clandestina
Posse clandestina é a que se dá escondido daquele que tem interesse em conhecê-la. É no momento da aquisição da posse que se avalia a clandestinidade. Não é clandestina a posse obtida com publicidade e posteriormente ocultada. Ex.: grileiro; vizinho que muda a cerca do lugar na calada da noite sem dizer nada etc.
  - Posse precária
Posse precária é aquela que se origina do abuso de confiança por parte de quem recebe a coisa com a obrigação de restituí-la, e depois, se recusa a fazê-lo. A precariedade não se presume. Deve haver cláusula expressa sobre a devolução. Ex.: quando cessa o comodato, a locação, o depósito e o comodatário/locatário/depositante não restituem a coisa.
  - Os atos violentos ou clandestinos autorizam a aquisição da posse?
Segundo o art. 1.208/CC, os atos violentos ou clandestinos não autorizam a aquisição da posse até cessar a violência ou clandestinidade. Porém, lembre-se que o possuidor injusto tem direito de proteger a posse contra terceiros, mas não contra o proprietário ou possuidor originário.
D) Posse de boa-fé e posse de má-fé
Segundo o art. 1.201/CC, a posse é de boa-fé: "se o possuidor ignora o vício, ou obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa".
A posse de má-fé é a inversa: o possuidor tem ciência dos vícios obstativos da posse e, no entanto, a adquire. Há casos em que a posse é de boa-fé e injusta. Ocorre quando o possuidor ignora os defeitos de sua posse. Ex.: possuidor de imóvel convicto de que a coisa realmente lhe pertence, ignora o vício de que o imóvel tenha sido adquirido de forma violenta pelo primeiro possuidor. Posse de má-fé é aquela que é injusta, mas o possuidor conhece os defeitos de sua posse. Ex.: esbulho de fazenda de café.
Esta classificação da posse é importante para duas situações: a aquisição da coisa por usucapião (art. 1.238/CC e ss.) e a questão dos frutos e benfeitorias da coisa possuída (art. 1.214, 1.216 a 1.222, todos do CC).
  - Justo título
Justo título é o título hábil para transferir o domínio e que realmente o transferiria, se emanado do verdadeiro proprietário. Ele configura o estado de aparência que permite concluir estar o sujeito gozando de boa posse. Justo título é tanto aquele existente, mas defeituoso, como aquele inexistente que o possuidor reputa como tal. De acordo com o parágrafo único do art. 1.201/CC, presume-se a boa-fé daquele que possui justo título, salvo prova em contrário ou quando a lei expressamente não admitir tal presunção.
  - Como e quando a posse de boa-fé pode mudar para posse de má-fé?
A doutrina tem entendido que a citação (do réu) e a contestação (que dá ciência ao possuidor, autor da demanda, da inavalidade de sua posse) acabam com a boa-fé, porque essas circunstâncias fazem presumir que o possuidor não ignora que possui a coisa indevidamente. No caso de posse injusta (por violência, clandestinidade ou precariedade), altera-se o caráter da posse quando esses vícios cessarem (art. 1.208/CC). No caso de boa-fé, altera-se o caráter quando o possuidor toma conhecimento do vício (art. 1.202/CC).
Se a posse foi adquirida de má-fé, nunca haverá modificação do caráter, pois ninguém pode mudar, por si próprio, a causa ou o título da posse. Também se opera a transformação de caráter da posse através de uma mudança de posição jurídica em relação à coisa (ex: locatário que compra o imóvel locado).
De acordo com o art. 1.203/CC, a posse mantém o mesmo caráter de quando foi adquirida, salvo disposição em contrário. Se a posse foi adquirida violenta, clandestina ou precariamente, ela conservará esse caráter aos respectivos adquirentes, salvo se provar que a violência, clandestinidade ou precariedade já cessaram.
E) Posse ad interdicta
Posse ad interdicta é toda posse que pode ser defendida pelas ações possessórias, na hipótese de ser ameaçada, turbada ou esbulhada.
F) Posse ad usucapionem
Quando aposse é prolongada, pelo decurso de certo tempo, ela pode dar origem ao usucapião, desde que ocorram os requisitos previstos em lei (art. 1.238 e ss do Código Civil). A posse que apresenta todos os requisitos necessários é chamada posse ad usucapionem.
G) Posse nova e posse velha
Com base no art. 558 do CPC, a posse nova é aquela que existe a menos de ano e dia (1 ano e 1 dia) e posse velha é aquela que já existe por mais de um ano e dia. Essa classificação é importante para se conceder a liminar na ação possessória, isto é, se a posse for nova, é possível pedir liminar nos interditos (seguem o procedimento previsto nos art. 560 e ss do CPC); se a posse for velha, a ação seguirá o procedimento comum, não perdendo o caráter possessório. O prazo de ano e dia para caracterização de posse nova conta-se, em regra, desde a data do esbulho ou turbação até o ajuizamento da ação, ou seja, a ação possessória precisa ser proposta no prazo máximo de 1 ano e 1 dia, contados da turbação ou esbulho, para que siga o procedimento previsto nos art. 560 e ss do CPC, do contrário, seguirá o procedimento ordinário.
H) Composse
Ocorre quando duas ou mais pessoas possuem coisa indivisa. Dois ou mais sujeitos podem ter a posse da mesma coisa como se condôminos fossem, caso se tratasse de propriedade.
Independente da quota-parte de cada possuidor, ambos compossuidores podem defender sua posse contra terceiros, mas um não pode excluir a posse dos outros compossuidores (art. 1.199/CC).

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