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UNIVERSIDADE ESTACIO DE SA 
Curso de Direito 
AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE EM ÁREA URBANA: PERTINÊNCIA DA APLICAÇÃO DAS REGRAS DO ATUAL CÓDIGO FLORESTAL EM CURSOS D’ÁGUA
GRAZIELLI DOS SANTOS RECHE
CAMPO GRANDE / MS
2016
GRAZIELLI DOS SANTOS RECHE
AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE EM ÁREA URBANA: PERTINÊNCIA DA APLICAÇÃO DAS REGRAS DO ATUAL CÓDIGO FLORESTAL EM CURSOS D’ÁGUA
Artigo Cientifico Jurídico apresentado como exigência parcial para a conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso à banca examinadora da Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande, sob a orientação do Professo Fernando de Alvarenga Barbosa.
CAMPO GRANDE / MS
FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ
AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE EM ÁREA URBANA: PERTINÊNCIA DA APLICAÇÃO DAS REGRAS DO ATUAL CÓDIGO FLORESTAL EM CURSOS D’ÁGUA
GRAZIELLI DOS SANTOS RECHE
RESUMO
O trabalho aqui exposto tem o objetivo 
Palavras chaves: 
SUMÁRIO
	
INTRODUÇÃO	..5
A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E O DIREITO CONSTITUCIONAL 	06
Plano Diretor e Estatuto da Cidade	10
1.1.1 O Município e a aplicação das legislações ambiental Federal e Estadual	10
1.1.2 O Estatuto da Cidade	11
1.1.3 Plano Diretor	15
APLICABILIDADE DOS LIMITES IMPOSTOS PELO NOVO CÓDIGO FLORESTAL NO MEIO URBANO	18
Conceito de área de preservação permanente - APP	20 
O alcance da aplicação do novo código Florestal para APP em meio urbano 	21
O CONFLITO 	22
CONSIDERAÇÕES FINAIS	23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	25
INTRODUÇÃO
– A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E O DIREITO CONSTITUCIONAL. 
Na abordagem do referido tema podemos verificar que até a década de 70, ainda não havia permeado às formulações jurídicas um conceito amplo de meio ambiente que pudesse substancialmente nortear uma corrente política ambiental. 
	No mesmo sentido é o enfoque de Carvalho:
Foi somente após o surgimento de um conceito científico proporcionando uma visão globalizante do fenômeno ambiental, sobretudo informado pela noção de ecossistema, que se permitiu embasar-se consistentemente a disciplina jurídica do ambiente. [1: CARVALHO, Carlos Gomes de. Introdução ao Direito Ambiental. 4ª ed. São José: Conceito, 2008, p. 17.]
A percepção de natureza não evoluiu muito desde o dia do descobrimento até a atualidade. A riqueza da “Terra e Arvoredos” que primeiramente surpreendeu, apenas foi reconhecida pela Constituição Federal de 1988, ou seja, depois de passados 488 anos.
	Cita-se, para enfatizar, a fundamentação de Leite e Canotilho:
Tantos anos após, ainda há fartura em “terra e arvoredos” [...] o país mudou. Passou de Colônia a Império, De Império a República; alternou regimes autoritários e fases democráticas; viveu diferentes ciclos econômicos; fomentou a indústria; promulgou constituições, a começar pela de Dom Pedro I, de 1824; aboliu a escravatura e incorporou direitos fundamentais no diálogo do dia-a-dia. Como é evidente, tudo neste período evoluiu, menos a percepção da natureza e o tratamento a ela conferido. Somente a partir de 1981, com a promulgação da lei n. 6.938/81 , ensaiou-se o primeiro passo em direção a um paradigma jurídico-econômico que holisticamente tratasse e não maltratasse a terra, seus arvoredos e os processos ecológicos essenciais a ela associados.[2: Lei da Política Nacional do Meio Ambiente.][3: CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 57 e 58.]
	No Brasil, a expressão meio ambiente é utilizada pela primeira vez numa Constituição no ano de 1988. Importante salientar que a emenda Constitucional 1/1969 utiliza pela primeira vez num texto constitucional a expressão ecológico. Pode-se considerar que tal previsão legal constitui um avanço no que diz respeito ao meio ambiente.[4: Art. 172 A lei regulará, mediante prévio levantamento ecológico, o aproveitamento agrícola de terras sujeitas a intempéries e calamidades e calamidades. O Mau uso da terra impedirá o proprietário de receber incentivos e auxílios do governo.]
	Nesse sentido, registram Leite e Canotilho:
Só em meados da década de 70 os sistemas constitucionais começaram, efetivamente, a reconhecer o ambiente como merecedor da tutela maior; esse, sem dúvida, um daqueles raros momentos, que ocorrem de tempos em tempos, em que o senso de civilização é redefinido. Há, em tal constatação um aspecto que impressiona, pois na história do direito poucos valores ou bens tiveram uma trajetória tão espetacular, passando, em poucos anos, de uma espécie de nada-jurídico ao ápice da hierarquia normativa, metendo-se com destaque nos pactos políticos nacionais.[5: CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 60.]
	A nossa Carta Magna prevê em seu artigo 225 que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Neste sentido, Machado afirma que o direito ao meio ambiente equilibrado é de cada um, como pessoa humana, independentemente de sua nacionalidade, raça, sexo, idade, estado de saúde, profissão, renda ou residência.[6: Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.][7: MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 18ª ed.. São Paulo: Malheiros Editores, 2010.]
	A constitucionalização do meio ambiente é uma irreversível tendência internacional, que coincide com o surgimento e consolidação do Direito Ambiental. [8: CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato.Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 61.]
	O Direito Ambiental é uma ciência nova, porem autônoma. Essa independência lhe é garantida porque o Direito Ambiental possui os seus próprios princípios diretores, presentes no artigo 225 da CF.[9: FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.]
	Sobre o assunto, Silva comenta:
A constituição de 1988 for, portanto, a primeira a tratar deliberadamente da questão ambiental. Pode-se dizer que ele é uma constituição eminentemente ambientalista. Assumiu o tratamento da matéria em termos amplos e modernos. Traz um capítulo específico sobre o meio ambiente, inserido no título da ordem Social”. Mas a questão permeia todo o seu texto, correlacionada com os temas fundamentais da ordem social. [10: SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 8ª ed. São Paulo: Malheiros editores. 2010.]
	
	A constituição de 1988 pode muito bem ser denominada verde, tamanha a preocupação e tal o destaque que dá a proteção do meio ambiente. Depois de um longo período praticamente esquecido, o tema surge no ordenamento pátrio demonstrando a preocupação do constituinte com o cenário ambiental atual.[11: MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: A gestão ambiental em foco. 6ª ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2009.]
	Nesse sentido, preleciona Machado:
	Na verdade, o texto supremo catou com indisputável oportunidade o que está na alma nacional – a consciência de que é preciso aprender a conviver harmoniosamente com a natureza -, traduzindo em vários dispositivos aquilo que pode ser considerado um dos sistemas mais abrangentes e atuais do mundo sobre meio ambiente. A dimensão conferida ao tema não se resume, a bem ver, aos dispositivos concentrados especialmente no capítulo VI do Título VIII, dirigido à ordem social – alcança da mesma forma inúmeros outros regramentos insertos ao longo do texto nos mais diversos títulos e capítulos, decorrentes do conteúdo multidisciplinar da matéria.[12: MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 18ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2010, p. 108.]O texto constitucional empregou figuras genéricas: Poder público e coletividade; como sendo aquelas obrigadas a preservar e defender o meio ambiente. Há que se destacar que poder público abrange os três poderes sendo eles executivo, legislativo e judiciário. [13: AMADEI, Vicente Celeste & AMADEI, Vicente de Abreu. Como lotear uma gleba: o parcelamento do solo urbano em seus aspectos essenciais. São Paulo: Universidade SECOVI SP, 2001. Pag. 65.]
	Nesse sentido, especifica Machado:
O Poder Público é a coletividade deverão defender e preservar o meio ambiente desejado pela constituição, e não qualquer meio ambiente. O meio ambiente a ser defendido preservado é aquele ecologicamente equilibrado. Portanto, descumprem a Constituição tanto o poder Público como a coletividade quando permitem ou possibilitam o equilíbrio do meio ambiente.[14: Ibidem p. 137]
	A Constituição Federal estabeleceu às presentes e futuras gerações como destinatárias da defesa e da preservação do meio ambiente. O artigo 225 consagra a ética da solidariedade entre as gerações, pois as gerações presentes não podem usar o meio ambiente fabricando a escassez e a debilidade para as gerações vindouras. [15: CARVALHO, Carlos Gomes de. A cidade e o Código Florestal. São Paulo: Editora Plêiade, 2010, 2ª Ed. Pag. 23.]
	No mesmo sentido é o enfoque de Leite: 
	
A ecologização da constituição não é cria tardia de um lento e gradual amadurecimento do direito ambiental, o ápice que simboliza a constituição dogmática e cultural de uma visão jurídica de mundo. Muito ao contrario, o meio ambiente ingressa no universo constitucional em pleno período de formação do direito ambiental. A experimentação jurídica ecológica empolgou simultaneamente, o legislador infraconstitucional e o constitucional. [16: CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, 2ª ed., p. 64]
	Para Leite e Canotilho, portanto, a constitucionalização da preocupação com a preservação do meio ambiente não é tardia, mas ocorre justamente no momento em que surge o Direito Ambiental.
1.1 Plano Diretor e Estatuto da Cidade
Treze anos após a promulgação da Constituição Federal de 1988, em 10 de julho de 2001, foi aprovada e sancionada a Lei nº 10.257, com o nome de Estatuto da Cidade, passando a viger a partir de 10 de outubro de 2001.
O Projeto de Lei nº 5.788/90, após onze anos tramitando desde 1990 pelo Congresso Nacional e algumas mudanças, foi aprovado e transformado, finalmente, na Lei que traça as diretrizes gerais para o ordenamento urbano, conforme explicitado na Constituição Federal.
A grande ênfase dada ao planejamento municipal através do Estatuto da Cidade, adequado a vários princípios que regem o direito ambiental, diz respeito ao equilíbrio ambiental, numa preocupação constante com a necessidade de preservar a natureza, corrigindo os erros e inconsequências já cometidos por nossa geração e pelas gerações passadas, para legar às gerações futuras uma cidade que ofereça todas as condições de vida saudável e bem estar dos munícipes.
1.1.1 O Município e a aplicação das legislações ambiental Federal e Estadual
	A constituição federal confere, indistintamente, à União, aos Estados e ao Distrito Federal a competência para proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas e de preservar as florestas, a fauna e a flora (art. 23, VI e VII). Apropriado explicar que, qualquer dos entes públicos mencionados tem competência para aplicar a legislação ambiental, ainda que essa legislação não tenha sido de autoria do ente público que a aplica.
	Assim, o município não pode legislar sobre águas, mas pode, e deve aplicar a legislação federal de águas no ordenamento do território municipal. Não há competência privativa da União para legislar sobre a maioria dos bens constantes do art. 20 da CF. Dessa forma, a própria União deve sujeitar-se às regras emanadas dela mesma, dos estados e dos Municípios, conforme os quatro parágrafos do art. 24 e do art. 30, I e II ambos da CF.[17: MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 18ª. ed. rev., atual. e ampl.. São Paulo: Malheiros Editores, 2010.]
1.1.2 Estatuto da Cidade
	O Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro com o objetivo de regulamentar os mandamentos constitucionais contidos nos art. 182 e 183 da Carta Magna, com a finalidade de regular o uso da propriedade urbana em benefício da coletividade, da segurança e do bem estar dos cidadãos.[18: SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010.]
	Tal mandamento foi ditado para todo o território nacional e visa a uma estrutura de vida nacional, tanto assim, que cabe aos municípios grande parte de sua explicitação e aplicação mediante leis próprias.[19: Idem.]
	Para que haja uma ordenação do crescimento e transformação da cidade e do campo é indispensável à existência do plano diretor. Porém, não se pode esperar que o plano diretor contivesse ou preveja tudo, limitando a capacidade criativa dos munícipes; também não podemos crer que liberdade de iniciativa se torne uma forma de desrespeito aos limites mínimos estabelecidos nas legislações vigentes.[20: GUERRA, Antônio José Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista da. Impactos Ambientais Urbanos no Brasil . Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.]
	Nesse sentido, sintetiza Machado:
O Plano Diretor tem prioridade sobre outros planos existentes no Município ou que possam vir a ser instituídos. O termo Diretor tem dimensão jurídica considerável, pois é um plano criado pela lei para dirigir e para fazer com que outras leis municipais, decretos e portarias anteriores ou posteriores tenham que se ajustar ao plano diretor.[21: MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 18ª.ed. rev., atual. e ampl.. São Paulo: Malheiros Editores, 2010, p. 403.]
	Percebe-se assim, que a intenção do legislador ao criar a lei 10.257/2001, foi estabelecer uma linha dorsal, sendo que as outras legislações existentes ou que venham a existir tenham que se adaptar àquela.[22: Idem.]
	Pode-se afirmar que a função social da propriedade urbana é cumprida quando esta atende às exigências fundamentais de uma política de desenvolvimento e de expansão urbana, expressa no plano diretor.
	No mesmo sentido é o enfoque de Fiorillo:
[...] a origem das cidades se dá em decorrência das grandes mudanças da organização produtiva, na medida em que referida organização transformou, ao longo da história, a vida cotidiana da pessoa humana, provocando, de maneira crescente, um grande salto no desenvolvimento demográfico.[23: FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11ª ed. rev., atual. e ampl.. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 441.]
	Essas mudanças na organização produtiva acabam por influenciar o surgimento das cidades, a partir do momento em que o excedente produzido passa a ser distribuído para a maioria e teoricamente para toda a população, a cidade ainda se contrapõe ao campo, mas este dualismo não mais é inevitável e pode ser superado. [24: SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 8ª.ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 439]
	A lei 10.257/2001, como instrumento que passou a disciplinar no Brasil, mais que o uso puro e simples da propriedade urbana, as principais diretrizes do meio ambiente artificial, fundado no equilíbrio ambiental e em face do tratamento jurídico constante na nossa Constituição Federal especialmente em seus art. 182 e 183.[25: Idem]
	Nesse sentido, argumenta Fiorillo:
Assim, na chamada execução da política urbana, torna-se verdadeiro afirmar que o meio ambiente artificial passa a receber uma tutela mediata (revelada pelo art. 225 da CF, em que encontramos a proteção geral ao meio ambiente enquanto tutela da vida em todas as suas formas, centrada na dignidade da pessoa humana) e uma tutelaimediata (que passa a receber tratamento jurídico aprofundado em decorrência da regulamentação dos arts. 182 e 183 da CF) relacionando-se diretamente ás cidades. É, portanto, impossível desvincular da execução da política urbana o conceito de direito à sadia qualidade de vida, assim como o direito a satisfação dos valores da dignidade da pessoa humana e da própria vida.[26: FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11ª.ed.rev.,atual. e ampl.. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 449]
	A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, garantindo o direito à cidades sustentáveis. Entende-se por cidade sustentável o direito a terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações. (art. 2º, I, do Estatuto).[27: GUERRA, Antônio José Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista da. Impactos Ambientais Urbanos no Brasil . Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.]
	Cita-se, para enfatizar, a fundamentação de Sirvinskas:
Cuida de uma das diretrizes do Estatuto da Cidade que tem por finalidade evitar “o crescimento desordenado que gere efeitos negativos ao meio ambiente, o uso inadequado dos imóveis, a proximidade de usos incompatíveis, a poluição e a degradação ambiental, sendo preconizada a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico como orientação para o conteúdo da função social dos imóveis; a aplicação de qualquer um dos instrumentos previstos no art. 4º da mesma lei que não tenham como objetivo o alcance de tal diretriz não encontra respaldo nas normas gerais de política urbana.[28: SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 705.]
Sob a visão do autor, a política urbana deve estar sempre voltada para o bem estar das pessoas, prezar pela melhora em sua qualidade de vida bem como jamais se afastar dos valores da dignidade da pessoa. 
	No mesmo sentido é o enfoque de Fiorillo:
A Lei 10.257/2001, considerada a mais importante norma regulamentadora do meio ambiente artificial, tendo como objetivo principal o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante algumas diretrizes gerais, criou a garantia do direito as cidades sustentáveis.[29: FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11ª ed. rev., atual. e ampl.. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 449.]
	Ainda que o art. 41 da referida lei expressa que o plano diretor é obrigatório apenas em alguns casos:
Art. 41.O plano diretor é obrigatório para cidades:
I – com mais de vinte mil habitantes;
II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4o do art. 182 da Constituição Federal;
IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico;
V – inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.
§ 1o No caso da realização de empreendimentos ou atividades enquadrados no inciso V do caput, os recursos técnicos e financeiros para a elaboração do plano diretor estarão inseridos entre as medidas de compensação adotadas.
§ 2o No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.
	Analisando-se mais profundamente as situações em que é obrigatória a existência de Plano Diretor, percebe-se que ele vai além do que aparenta. Assim, boa parte dos Municípios enquadra-se em algumas situações sendo assim obrigado a ter seu plano diretor.[30: SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010.]
	As cidades brasileiras cresceram de forma extremamente desigual e predatória. Diante deste cenário, a elaboração do Plano Diretor pode contribuir para a construção de cidades em que prevaleça o interesse coletivo, que sejam capazes de incluir os indivíduos e se desenvolvam em sintonia com o meio ambiente e com a região. Além do mais, o Plano Diretor é uma ótima oportunidade de debater o futuro que se quer para as cidades, estimulando a construção da cidadania.[31: Idem]
1.1.3 Plano Diretor
	A política de desenvolvimento Urbano é traçada pelo plano diretor, que é criado por lei municipal e determina as diretrizes e estratégias para o desenvolvimento urbano e econômico da cidade e orienta os investimentos públicos. Pode-se dizer que é uma lei municipal que cria um sistema de planejamento e gestão da cidade, determinando quais serão as políticas públicas a serem desenvolvidas nos próximos dez anos em todas as áreas da administração pública. É ele quem vai determinar para onde a cidade deve crescer e se desenvolver.[32: CANOTILHO, José Joaquim Gomes, LEITE, José Rubens Morato. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. 2ª ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 220.]
	Nesse sentido, descreve Sirvinskas:
A partir do plano diretor é que se estabelecerão as diretrizes do uso e ocupação do solo urbano. Com base neste plano surgirá um novo Código de edificações, que estipulará normas rígidas e racionais do uso e ocupação do solo urbano. Sem esse plano a cidade crescerá desordenadamente... Podemos assim conceituar plano diretor como o conjunto de normas legais e técnicas disciplinadoras da expansão urbana e do desenvolvimento socioambiental, tendo por finalidade o bem estar individual e social da comunidade local.[33: SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 8ª.ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 708.]
O art. 182 da Constituição Federal, em seu caput diz que a política de desenvolvimento urbano executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei tem com objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes. O instrumento básico dessa política é o plano diretor e, é ele que norteará os rumos do desenvolvimento saudável e sustentável da comunidade municipal.[34: MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina, jurisprudência. 6. ed. rev. atual. e ampl.. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 542]
O Plano Diretor (criado pela lei 10.257/2001 e disciplinado nos art. 39 a 42) é o instrumento que reúne as regras para o desenvolvimento do Município e as formas de ocupação do território municipal, especialmente o urbano, com base no entendimento das funções econômicas, das características ambientais, sociais e territoriais do Município, assim como de sua região de influência.[35: FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11ª ed. rev., atual. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 439.]
	No mesmo, está prevista a aplicação dos instrumentos presentes no Estatuto da Cidade, tais como: Parcelamento e Edificação Compulsórios, IPTU Progressivo no Tempo, Direito de Preempção, Transferência do Direito de Construir e Outorga Onerosa do Direito de Construir.[36: Ibidem p. 439.]
	De acordo com a Constituição Federal (art. 182), o Plano Diretor é instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana do município. 
	Nesse sentido, define Machado:
Plano Diretor é um conjunto de normas obrigatórias, elaborado por lei municipal específica, integrando o processo de planejamento municipal, que regula as atividades e os empreendimentos do próprio poder público municipal e das pessoas físicas ou jurídicas, de Direito privado ou Público a serem levados a efeito no território municipal.[37: MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 18ª ed. rev., atual. e ampl.. São Paulo: Malheiros Editores, 2010, p. 403.]
	A cidade pode ser entendidacomo o espaço territorial onde vivem os seus habitantes, de forma que o direito de propriedade não é ilimitado, mas sim atrelado ao cumprimento da sua função social.[38: FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11ª ed. rev., atual. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2010.]
	A função social da propriedade urbana é cumprida quando esta atende as exigências fundamentais de uma política de desenvolvimento e de expansão urbana, a qual é expressa no plano diretor.[39: SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 8ª ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010.]
	O Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana e será obrigatório para os Municípios com mais de vinte mil habitantes. Essa exigência deve ser obrigatória não só para os Municípios com mais de 20 mil habitantes, mas também para aqueles que tenham população inferior. São tantos os benefícios que a cidade passa a ter que não é possível imaginar um Município sem Plano Diretor. Dentre os benefícios, instrumentalizados pelo plano diretor pode-se citar a organização, o crescimento e a aplicação do princípio da função social.[40: Idem..]
2 A APLICABILIDADE DOS LIMITES IMPOSTOS PELO NOVO CÓDIGO FLORESTAL NO MEIO URBANO
O Código Florestal de 1965 foi revogado pela Lei Federal n° 12.651 de 25 de março de 2012, que apresentou consideráveis novidades no que tocante ao assunto deste tópico – no item seguinte serão destacados alguns comentários e críticas da doutrina a respeito do Novo Código Florestal.
No Novo Código Florestal, conceitua a Área de Preservação Permanente no texto trazido no artigo 3º, inciso II, entendendo-se esta como a área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
Os pressupostos caracterizadores de uma Área de Preservação Permanente, conforme estabelecido na norma, representam a sua função ambiental e, como matéria de legalidade, devem estar presentes na área que se pretenda declarar como de preservação permanente. Portanto, esclarece Paulo de Bessa Antunes que somente as áreas que efetivamente desempenham funções ambientais podem receber a designação de APP. [41: ANTUNES, P. d. (2013). Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumer Juris.FIORILLO, C. A. (2002). Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11ª ed. rev., atual. E ampl. São Paulo: Saraiva.]
Os artigos 4º e 6º estabelecem dois grupos de Áreas de Preservação Permanente – no mesmo sentido que o Código anterior – quais sejam respectivamente: as áreas designadas como de preservação permanente por força da própria lei e as áreas de preservação permanentes criadas por força de ato do Poder Público.
Relevante destacar que o Poder Público poderá declarar certo local como Área de Preservação Permanente no intuito de assegurar condições de bem-estar público, conforme a redação do artigo 6º, inciso VII. Trata-se evidentemente de conceito aberto, que requer adequada regulamentação.
Na esteira dos diplomas florestais anteriores, a Lei n° 12.651/2012, em seu artigo 8º, estabelece que a intervenção ou supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente poderá ocorrer em casos de utilidade pública, de interesse social ou em situações que causem baixo impacto ambiental.
A correta definição para os termos utilidade pública, interesse social e as hipóteses que caracterizam atividades de baixo impacto ambiental estão previstas no artigo 3º do novel diploma. Ressalta-se a importância destes conceitos e exemplos, uma vez que com base em tais conceitos se dará a autorização para supressão da vegetação de preservação permanente.
Enquanto o sistema anterior previa três hipóteses para caracterizar o interesse social legitimador de intervenção em Áreas de Preservação Permanente, o Novo Código Florestal estabeleceu um conjunto com 12 situações, sendo que as hipóteses ainda poderão ser ampliadas pelos Estados, uma vez que aos Conselhos locais permite-se a declaração de atividades de baixo impacto ambiental.[42: ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumer Juris]
Destaca-se ainda que o legislador, conforme disposto na alínea “e” do inciso VIII do artigo 3º do referido Código, admite a possibilidade de criação de nova hipótese para supressão de área de preservação permanente em caso de utilidade pública para atividades similares àquelas dispostas no rol do mesmo inciso, inexistindo alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, o que revela o potencial de interferência assegurado ao Poder Público.
A proteção das Áreas de Preservação Permanente não tem por objetivo apenas tutelar a vegetação, mas sim outros recursos naturais, como o solo e a água. Tal constatação é perceptível a partir do próprio conceito trazido pela Lei Florestal, onde são reveladas as funções ambientais deste espaço, conforme já destacado.[43: FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11ª .ed. rev., atual. e ampl.. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 455]
Na região urbana, as áreas de preservação permanente representam uma série de funções, tais como, a proteção do solo contra desastres associados ao uso e ocupação inadequados em encostas e topos de morro; proteção dos cursos hídricos em prevenção a enchentes, poluição e assoreamento; manter a permeabilidade do solo, evitando assim inundações; propiciando a recarga dos aquíferos de modo a garantir o abastecimento público; constituir refúgio para a fauna; atenuar o desequilíbrio climático típico de centros urbanos, como o excesso de aridez e a formação de ilhas de calor.[44: (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. , 2016)]
Podemos verificar que a função das áreas de preservação permanente em meio urbano é acentuada, uma vez que, além de constituir um elemento fundamental para o
equilíbrio natural que independe da localização em área urbana ou área rural – também auxiliará, indiretamente, na segurança dos habitantes contra desastres naturais e desconfortos causados pelas interferências desmedidas no meio ambiente natural. 
Destaca-se, ainda, que a manutenção das Áreas de Preservação Permanente em meio urbano valoriza a paisagem e propicia um espaço de lazer e recreação aos habitantes das cidades e aproximação com os elementos da natureza.
A soma de todos estes fatores expressa, em síntese, a função das Áreas de Preservação Permanente em área urbana de propiciar uma maior qualidade aos seus habitantes.
2.1 Conceito de área de preservação permanente – APP
É necessário que antes de se analisar a questão relativa às APPs se verifique previamente os conceitos que envolvem o tema, de modo a facilitar o estudo do tema proposto. Impossível fazer aqui um estudo completo e detalhado, devido à complexidade do assunto. Para tanto seria necessário um estudo específico, mas, tendo em vista o objetivo apenas de situar o leitor, a mesma será feita de forma superficial, de forma a permitir o entendimento do tema abordado.
APPs são áreas onde, por imposição da lei, a vegetação não pode ser alterada pela ação do homem, com o objetivo principal de preservar os recursos hídricos e a biodiversidade, e a satisfação da coletividade. A legislação vigente é bastante rígida no que se refere às APPs admitindo a supressão da mesma apenas nos casos de utilidade pública ou interesse social legalmente previstos. 
	Neste sentido, informa Araújo:
As cidades, não raro, nascem e crescem a partir de rios, por motivos óbvios, quais sejam, além de funcionar como canal de comunicação, os rios dão suporte a serviços essenciais, que incluem o abastecimento de água potável e a eliminação dos efluentes sanitários e industriais. Ao longo desses cursos d’água, em tese, deveriam ser observadas todas as normas que regulam as APP. Na prática, todavia, essas e outras APP têm sido simplesmente ignoradas na maioria de nossos núcleosurbanos, realidade que se associa a graves prejuízos ambientais, como o assoreamento dos corpos d'água, e a eventos que acarretam sérios riscos para as populações humanas, como as enchentes e os deslizamentos de encostas.[45: ARAÚJO, Sueli Mara Vaz Gama de, As Áreas de Preservação Permanente e a Questão Urbana. Consultoria Legislativa de Meio Ambiente e Direito Ambiental. Estudo/ago. Brasília: Câmara dos Deputados, 2002.]
O mesmo autor afirma ainda que as normas que regulam as APPs são confusas sendo que não há consenso sobre o assunto especialmente no que se refere à questão urbana. Esta confusão contribui para o descumprimento dessas normas em áreas urbanas.
2.3 O alcance da aplicação do novo Código Florestal para APP em meio urbano
	
O entendimento quanto à aplicabilidade ou não dos limites de APPs impostos pelo Novo Código Florestal tem causado uma nítida sensação de insegurança jurídica para todos que se encontram inseridos neste contexto.
O Código Florestal, tanto nas suas versões passadas como na atual, é reconhecido como importante instrumento de proteção ambiental. Concebido para regular principalmente o uso e a ocupação do imenso território rural brasileiro, sua aplicação nas áreas urbanas tem se mostrado desafiadora frente à ocorrência de inúmeros conflitos e situações de insegurança jurídica. Neste contexto, a regulamentação das Áreas de Preservação Permanentes (APPs) nos espaços urbanos constitui uma questão que precisa ser discutida pelo poder público e pela sociedade.
Recentemente, durante o III Seminário Nacional sobre o tratamento das Áreas de Preservação Permanente em Meio Urbano, realizado em Belém do Pará, um dos temas foi exatamente o que estamos apresentando aqui, “O novo Código Florestal e sua aplicação em áreas urbanas: uma tentativa de superação de conflitos?”. Segundo as autoras do texto, em seu pensamento conclusivo apontaram a reflexão de urgência do enfrentamento da questão, ou seja, a necessidade de discussão de uma legislação específica de proteção de áreas de preservação permanente, revestidas ou não de vegetação, para áreas urbanas. Legislação esta que ao mesmo tempo em que possibilite o reconhecimento das distintas realidades urbanas existentes no país, garanta a preservação e recuperação ambiental das áreas de APP, baseadas na identificação das funcionalidades prestadas por estas áreas. Ainda que se tenha pouco tempo de aplicação da Lei Federal 12651/2012, as experiências consolidadas ao longo das últimas décadas tem demonstrado que é desaconselhável optar por tentativas de melhor adequá-la, através de emendas ao atual texto ou leis complementares, como foi à opção adotada para o Código Florestal anterior. A produção de uma nova legislação exclusivamente voltada à regulação das APPs no espaço urbano impõe-se como a alternativa mais apropriada. [46: http://www.observatorioflorestal.org.br/opiniao/o-codigo-florestal-e-cidades-o-dilema-das-apps-urbanas 47 http://anpur.org.br/app-urbana-2014/anais/ARQUIVOS/GT2-243-120-20140710190757.pdf][47: ]
Diante de todo o exposto, entendemos que a aplicação do Código Florestal vigente em cursos d´água em áreas urbanas consolida, é medida extrema e impeditiva a todo e qualquer progresso econômico.
3. O conflito entre crescimento urbano e proteção de Áreas de Preservação Permanente.
Atualmente as cidades vivem o constate conflitos entre dois direitos fundamentais, o direito ao meio ambiente equilibrado e o direito à moradia. E consequentemente, o conflito entre a legislação ambiental e a urbanística. É onde também se explicitam os conflitos de interesse entre os atores que a constroem, tais como o setor imobiliário formal, os movimentos de moradia, e o poder público.
Antes desta alteração, o Código Florestal não fazia qualquer referencia às restrições impostas pelas faixas estabelecidas para as áreas de preservação permanente (APP) em áreas urbanas. Além disso, desde 1986, com a alteração dada pela Lei Federal 7511/1986, as faixas de APP adotadas para cursos d’água passam a serem maiores que as faixas não edificantes definidas pela lei, ainda que cada faixa tenha sido concebida com propósitos e objetivos diversos, protegendo bens e funcionalidades distintos.
Outras questões, além das alterações impostas ao texto original do Código Florestal, se impõem acirrando estes conflitos. A partir das décadas de 1980 e 1990, as cidades brasileiras passam a ser palco da mobilização e do avanço das discussões referentes à questão da Reforma Urbana, que culminam com a promulgação em 2001, do Estatuto da Cidade. Paralelamente, outros setores da sociedade também se mobilizam quanto à necessidade de uma agenda ambiental para as áreas urbanas.
	
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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