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PPE 1 AULA 1 A 10

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PESQUISA E PRATICA EM EDUCAÇÃO 1 
AULA 1 – BREVE HISTORICO DA UNIVERSIDADE ESTACIO 
DE SÁ E FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA AREA DE 
EDUCAÇÃO NO BRASIL 
Conhecer a história da Universidade Estácio de Sá, bem como a sua 
localização em nosso País; 
2. entender a missão das Instituições de Ensino Superior na 
atualidade; 
3. analisar o processo histórico de formação dos profissionais da 
área da Educação no Brasil. 
Parte importante da historia da educação no Brasil ,a Estácio contribui 
para o crescimento dos indivíduos e para o desenvolvimento sustentável 
do pais, formando cidadãos e disseminando conhecimento.São mais de 
200 mil estudantes que , diariamente, escrevem as historias de suas vidas 
amparadas pela instituição, preparando- se para o mercado de trabalho e 
construindo para um futuro melhor. 
1970 – Nasce a Faculdade de Direito Estacio de Sá em uma pequena casa 
na zona norte do Rio de Janeiro . Seu fundador, o magistrado João Uchoa 
Cavalcanti Netto, cria um projeto pedagógico inovador , conseguindo , em 
pouco tempo , que o curso se torne um modelo de ensino na área de 
direito no Brasil. 
1972 – A faculdade de Direito Estacio de Sá transforma-se em Faculdades 
Integradas Estacio de Sá , incorporando novos cursos de ensino superior. 
1988 – A Estácio conquista o status de Universidade e começa a crescer no 
Município do Rio de Janeiro. 
1996 – A instituição ultrapassa os limites municipais , com a criação das 
unidades de Resende, Niteroi, Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. 
1997 – Lançamento da graduação tecnológica, com cursos focados em 
nichos específicos do mercado. 
1998 - Inicio da expansão nacional, com a criação do primeiro Conselho 
de Integração Social, órgão criado para estreitar as relações do grupo com 
a sociedade civil e implantação da primeira faculdade privada de medicina 
do Nordeste. 
2007- Abertura do capital na Bolsa de Valores 
2008 – Socios –fundadores associam-se á GP Investimentos na gestão da 
Estacio. 
Onde estamos? 
São 78 unidades, em 16 estados, 26 municípios e dois países. 
Qual é a missão de uma Instituição de Ensino Superior(IES)? 
A missão é proporcionar o acesso de diferentes segmentos da população 
ao ensino superior e aos benefícios da pesquisa e da extensão, tendo 
como principio o conteúdo ético das ações empreendidas .No exercício da 
responsabilidade corporativa, a IES privilegia a proximidade com os seus 
clientes , através da desconcentração regional dos seus “campi” e do 
preço acessível dos serviços , bem como a qualidade em todas as suas 
dimensões. 
Entre os atributos implicitantes considerados no enunciado da missão 
podem ser destacados os seguintes: 
Missão A: Predominância do acesso ao ensino , como expressão do 
investimento, tendo em vista a democratização do Ensino Superior para 
aqueles que , de outra forma, não teriam acesso a ele. 
Missão B: O ensino superior, primeiro beneficio citado, contempla o 
ensino superior propriamente dito mais o ensino proporcionado aos 
cursos sequenciais, de formação de tecnólogos e de pós- graduação lato 
sensu. 
Missão C: A referencia aos diferentes segmentos da população ressalta o 
sentido democrático desempenhado pela IES, assim como o 
comprometimento com a sua responsabilidade corporativa, 
contemplando a diversidade através do atendimento a diferentes faixas 
etárias , regiões , níveis de renda e perfis intelectuais. 
Missão D: a menção aos benefícios da pesquisa e da extensão contempla 
a importância da indissociabilidade das funções universitárias e a 
convicção de que a IES exerce plenamente a sua missão através dos seus 
resultados. 
Missão E: O conteúdo ético é menção que expressa a predominância da 
busca do bem comum sobre qualquer outro. 
Missão F: O compromisso com a qualidade em todoas as suas dimensões 
é a manifestação de um pacto com a ampliação deste conceito, que 
aplicado aos benefícios proporcionados pela IES, contemple: 
 O desempenho dos serviços prestados , em suas características 
primarias e sucessivas; 
 
 A durabilidade , compreendendo a maximização do período em que 
o serviço produz efeitos; 
 
 A conformidade, expressa pela correspondência com padrões para a 
comparação do serviço prestado com um modelo de expectativa; 
 
 O serviço continuado , estabelecendo um compromisso com a 
atualização e com a solução de problemas; 
 
 A qualidade percebida , que correponde á reputação; 
 
 A resposta , capacidade de otimizar a relação entre a IES e os seus 
clientes; 
 
 A estética , suscetibilidade a padrões percebidos pelos sentidos de 
cosntrução cultural e compromissos inclusivos , e a ética, antes 
mencionada. 
 
A missão da IES deverá estar sempre próxima da comunidade com o 
objetivo de garantir o cumprimento da responsabilidade socila, 
procurando atender as necessidades desta população , com vistas á 
melhoria de suas condições de vida. Para tal a IES dve estar 
comprometida com a verdade, com o pluralismo cultural, com o 
dialogo, enfatizando a primazia do bem comum sobre os interresses 
individuasi e o desenvolvimento do espírito de solidariedade. 
O exercício de reconstruir o projeto do Curso exige de nos um olhar 
sobre a hisotria. Nesse sentido, nos colocamos frente a desafios , 
dos quais alguns são cruciais e tem sido apontados pela literatura 
educacional, pela legislação, pelo movimento de professores .vamos 
começar por algumas questões que problematizam e nos levam ao 
movimento de busca de caminhos: 
 
Nosso referencial para olhar a historia é o “tempo de agora” 
proposto por Walter Benjamin, tempo que rompe com a cronologia 
e com a linearidade.Ao meso tempo em que olhamos o passado, 
somos arremessados para o presente. 
Esse movimento teve a perspectiva de capturar lampejos do 
passado, densos de contradição e de possibilidades.Momentos do 
passado que se reapresentam hoje com desafios para aqueles que 
produzem a profissão docente e para os que pensam a formação do 
professor. 
 
O nascedouro do Curso de Pedagogia é a “Faculdade de Filosofia , 
Ciências e Letras” e quando buscamos suas origens , já nos 
confrontamos com “impasses” sobre o trabalho docente e sua 
formação , que apontam para a questão da identidade do Curso . 
Identidade que busca afirmação no contexto dos anos 30 através da 
configuração do campo educacional, com seus saberes, intelectuais 
e agentes. 
 
Os objetivos da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 
abrangiam os seguintes aspectos: 
 Preparar trabalhadores e intelectuais para o exercício das altas 
finalidades culturais de ordem desinteressada ou técnica 
 
 Preparar candidatos para o magistério do ensino secundário , 
normal e superior. 
 
 Realizar pesquisas nos vários domínios da cultura que constituam 
objetos de ensino. 
 
Uma instituição multifacetada que visava tanto a uma ampla 
formação cultural e cientifica, quanto á formação de professores e 
especialistas em educação.O curso estruturava-se em duas 
habilitações: bacharel e licenciatura, o que já sinalizava seu caráter 
dual. 
Nesse contexto , a atuação profissional do “bacharel” acabava por 
destinar-se apenas á atividade docente no Curso Normal ou a 
alguma atividades técnica ligada á orientação pedagógica 
educacional profissional. 
Na época ainda não havia amadurecido suficiente a consciência dos 
problemas educacionais , nem se generalizado a convicção de que o 
educador carecia de uma formação técnico-profissional 
especializada para a qual se tornava indispensável uma instituição 
própria. 
 
Sucupira (1969) , apoiando-se no pensamento de Anísio Teixeira, 
afirmaque : 
 O caráter que as Faculdades de Filosofia assumiram no curso de sua 
evolução afastou-as do estudo e da preocupação pelos problemas do 
magistério secundário e do primário e limitou-as á formação , quando 
muito , dos especialistas nas disciplinas literárias e cientificas, tendo mais 
em vista o ensino superior do que o ensino nas escolas de cultura pratica 
de nível secundário ou cultura vocacional nas escolas normais. 
Esta problemática favorece a criação de estabelecimentos isolados , 
unidades de ensino superior destinados á formação do profissional da 
educação.Há assim, uma busca da especificidade epistemológica da 
formação de professores do ensino médio e de especialista em educação. 
Mas aqui já estamos no contexto do regime militar, e essa especificidade 
refere- se basicamente á adequação do sistema educacional, e portanto , 
do pedagogo, a uma crescente atividade de trabalho especializado e 
tecnocrático. 
Um referencial que , a nosso ver , fragmenta o olhar sobre a educação , 
através da consagração da fatura entre os que pensam e os que executam 
: a formação de professores no curso normal e de especialistas do curso 
de Pedagogia. 
A reforma universitária, empreendida pela ditadura militar e modelo que 
ainda vigora através da lei 5540/68, institui algumas alterações sendo 
talvez a mais fundamental , a mais importante , o desmanche do modelo 
da década de 30 , que previa a participação da era da educação no âmbito 
da faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na forma como estava 
organizada: Bacharelados acrescidos da formação pedagógica e o Curso de 
Pedagogia. 
O artigo 30 da lei estabelecida que a formação de professores para o 
ensino de 2° graus e a preparação de especialistas para o trabalho de 
planejamento, supervisão administração inspeção e orientação para as 
escolas e os sistemas escolares seriam feitos em nível superior . 
No campo da Pedagogia, Essa legislação se concretizou, principalmente do 
parecer 252/69, criando as habilitações técnicas e instituindo também que 
o titulo único a ser conferido pelo curso de pedagogia seria o de licenciado 
, já que todos os graduados neste curso poderiam ser professores do 
Curso Normal. 
O direito ao magistério primário já se apresentou como um impasse: 
Quem pode o mais pode o menos? 
Quem prepara o professor primário também pode ser professor deste 
nível de ensino? 
Nos anos 70 , predominou um enfoque mecânico tecnicista. Contudo, no 
final dessa década, as limitações deste enfoque vão sendo denunciadas, e 
a problemática educacional passa a ser analisada a partir de 
determinantes históricos e políticos-sociais que os condicionam. 
Essa mudança expressa o movimento da sociedade brasileira na tentativa 
de superar o autoritarismo e a construção da redemocratização das 
relações sociais concretas .Ha uma mudanças significativa na forma e no 
conteudo ao se tratar a relação entre educação e sociedade. 
Registra-se assim, a emergência de movimentos dos educadores e 
estudantes diante desta relação, expressos,principalmente, por evento 
como :o” 1 Seminário de Educação Brasileira” (1978), a 1 Conferencia 
Brasileira de Educação (1980); a criação do ”Comitê Nacional Pro-
CONARCFE ( Comissão Nacional pela Reformulação dos Cursos de 
Formação de Educadores) da qual se originou a ANFORE ( associação 
Nacional pela Formação dos Profissionais de Educação), em 1990.Tais 
movimentos foram apontado outros caminhos para a formação de 
professores , caminhos com os quais nos encontramos ainda hoje. 
A década de 80, no contexto de transição de uma sociedade autoritária 
para uma sociedade de base democrática, se apresenta como momento 
de luta e de afirmação dos sujeitos históricos que disputam o espaço de 
hegemonia na concretização dos projetos pedagógicos , embasados em 
uma perspectiva “maço”das relação sociais. 
Porem, na década de 90 , assistimos a um processo de despolitização da 
sociedade civil brasileira que visava a dar ênfase a pratica política que se 
circunscreve a uma perspectiva “microssocial”. 
Neste contexto, no campo da formação de professores, nos colocamos em 
um amplo embate de políticas governamentais, registrando-se o 
enfrentamento de projetos distintos de sociedade que revelam diferentes 
concepções de mundo, de homem, de professor, de pedagogo. 
É justamente nesse contexto, que a lei de Diretrizes e Bases da Educação 
(9.394/96) propõe que a formação de professores ocorrerá em nível 
superior: em cursos de licenciatura, de graduação plena, em universidades 
e Institutos superiores de educação, inserindo, assim, outro ator, ao lado 
das universidades, no que se refere a formação de professores. 
Estamos nos referindo a criação do curso normal superior a ser ministrado 
pelos institutos superiores de educação. 
Destacamos, assim, os referencias que fundamentam nosso olhar sobre o 
curso de pedagogia. Concepção estas que norteiam o conceito de base 
comum nacional, defendido pelo movimento nacional dos educadores em 
nosso país. 
A base comum nacional dos cursos de formação de educadores não deve 
ser concebida como um currículo mínimo ou um elenco de disciplinas, e 
sim como uma concepção básica de formação do educador e a definição 
de um corpo de conhecimento fundamental. 
Revisão 
- Podemos considerar como missão das Instituições do Ensino Superior: 
 
I - Predominância do acesso ao ensino, como expressão do investimento 
que é feito em democratizar o Ensino Superior para aqueles que, de outra 
forma, não teriam acesso a ele. 
 
II - O ensino superior, primeiro benefício citado, contempla o ensino 
superior propriamente dito mais o ensino proporcionado nos cursos 
sequenciais, de formação de tecnólogos e de pós-graduação lato-sensu. 
 
III - A referência aos diferentes segmentos da população ressalta o sentido 
democrático desempenhado pela IES bem como o comprometimento 
com a sua responsabilidade corporativa, contemplando a diversidade 
através do atendimento a diferentes faixas etárias, diferentes regiões, 
diferentes níveis de renda e diferentes perfis intelectuais. 
Assinale a alternativa correta: Todos os enunciados estão corretos. 
- 
 A reforma universitária, empreendida pela ditadura militar foi marcada 
pela lei? 5540/68. 
 
 
 
 
Aula 2 – O Curso de Pedagogia da 
Universidade Estácio de Sá 
 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
1. Compreender os fundamentos teóricos do curso de Pedagogia da 
UNESA; 
2. analisar as visões sobre: mundo, sujeito, produção de cultura e processo 
educativo contidas no Projeto Político Pedagógico do curso de Pedagogia 
da UNESA; 
3. compreender criticamente as quatro dimensões da formação dos 
profissionais da educação. 
 
Fundamentos teórico-metodológicos do Curso de Pedagogia da UNESA. 
Algumas visões sobre: mundo, sujeito, produção da cultura e processo 
educativo. 
 
Para conceber os fundamentos do curso, buscamos definir nossa visão 
sobre o mundo contemporâneo, sobre homens e mulheres nele inseridos, 
bem como sobre a dinâmica da produção da cultura e suas relações com a 
educação. 
 
Nas últimas décadas, fomos bombardeados por um festival de 
pronunciamentos alarmantes, no que diz respeito ao conjunto das 
relações sociais existentes. Pronunciamentos estes que alardearam uma 
sociedade em crise, em meio à euforia de uma suposta vitória do 
conservadorismo econômico. Crise do homem moderno, crise dos 
paradigmas científicos, crise do socialismo real, crise do humanismo, crise 
do Estado do Bem-Estar Social etc. 
 
É preciso, todavia, resgatar o múltiplo sentido da noção de crise. Como se 
sabe, para os chineses, o ideograma que expressa a palavra crise significa, 
também, oportunidade. Outro olhar mais positivo sobre a situaçãode 
crise permite que percebamos estar nos umbrais de uma mudança nos 
modelos de pensamento. 
 
Essa mudança não descarta o conflito e a possibilidade de gestarmos 
nosso futuro, pois assume as incertezas e a complexidade da realidade; 
para além da fragmentação, entende as diferenças como fundamentais 
(genéricas, étnicas, geracionais etc.); enfim, se abre a novas formas de 
interpretação e intervenção pedagógica na realidade social. 
 
Os homens e as mulheres assumem a cena como sujeitos 
do processo educativo. Do ponto de vista ontológico, o ser humano se 
diferencia dos animais pela necessidade de 
produzir as suas próprias condições de vida. 
 
Entretanto, não o faz apenas em função de tal necessidade, mas sim 
antecipando os resultados de sua ação, sendo, desse modo, capaz de 
definir os caminhos a seguir, num processo em que as definições implicam 
sempre redefinições. 
 
Em outras palavras, estamos afirmando que é por meio do trabalho que 
homens e mulheres transformam e adaptam a natureza e extraem dela os 
meios que garantem a sua subsistência. Assim, o trabalho lhes possibilita 
irem além da pura natureza, podendo, então, assumir uma postura de 
contraposição, como sujeitos, ao mundo dos objetos. 
 
A atividade humana ou o trabalho propriamente dito pode ser analisado 
em, pelo menos, dois sentidos. 
 
Sentido Antropológico: Num sentido antropológico, detectamos a 
dependência do ser humano ao meio, como 
ser natural e ativo, ao mesmo tempo. 
 
Sentido teórico-gnosiológico: E num sentido teórico-gnosiológico, isto é, o 
trabalho social constitui-se como uma categoria da teoria do 
conhecimento, onde a relação sujeito-objeto é, primordialmente, uma 
ligação prática construída no e pelo trabalho. Assim, podemos afirmar que 
o trabalho tem um sentido concreto, o de transformação das próprias 
condições existenciais humanas, ou seja, da realidade. 
 
Podemos afirmar que a relação que homens e mulheres estabelecem com 
a natureza é uma relação social, pois reflete a ação puramente humana. 
 
O ser humano, ao dominar e transformar a natureza, como ser natural e 
ativo, a desencanta e, consequentemente, se transforma. Ou seja, a 
dialética homem-natureza-homem possibilita uma reforma concomitante 
– a naturalização do homem e a humanização da natureza e, com isto, a 
constituição do mundo da cultura. 
 
SAIBA MAIS: 
sentido dialético desse processo indica que este movimento é múltiplo, ou 
seja, não há uma polarização homem-natureza, pois o homem também 
integra a própria natureza. 
 
Já que as relações entre homem e natureza não se dão pela atuação de 
um indivíduo isolado, mas por uma rede de relações entre os seres 
humanos, estes são desafiados em seu cotidiano pelo multiculturalismo, 
pelas diferenças étnicas, de gênero, de geração e de classe. 
 
Em cada uma dessas circunstâncias, o saber e o fazer, nunca dissociados, 
interferem na construção da história humana, enfrentam 
condicionamentos e geram respostas que precisam ser consideradas. 
 
Essas diferentes constituições dos sujeitos sociais têm que estar presentes 
na nossa reflexão sobre o processo pedagógico. Devem também ser 
levados em conta desafios como a própria sustentabilidade do destino 
planetário, que nos levam a enfatizar nossa responsabilidade ecológica. 
 
O trabalho como princípio pedagógico precisa estar ancorado nesses 
fenômenos. 
 
É a partir deste trabalho como princípio pedagógico que homens e 
mulheres sentem a necessidade de passar para as futuras gerações aquilo 
que pensaram e aprenderam no intercâmbio com o mundo natural, na 
tentativa de garantir as condições de sua própria existência. 
 
Sendo assim, o ser humano funda o trabalho educativo e, a partir deste, 
plasma o processo de troca dos saberes construídos e reconstruídos 
historicamente e socialmente pela humanidade. 
 
Esse conjunto de atores sociais é formado por educadores/educandos, em 
inter e retroação com outros atores inseridos no ambiente e no contexto 
geo-sócio-histórico-social, durante todo o processo de sua existência. 
 
A história é um devir e, enquanto tal, se apresenta como possibilidade de 
o homem pensar outras condições existenciais e buscar mecanismos nos 
diversos espaços político-sociais para a efetivação de um novo projeto de 
sociedade, onde prevaleça a dimensão humana e suas relações com o 
ambiente no qual vive e produz suas condições de vida. 
 
A história concebida como construção, responsabilidade e possibilidade 
puramente humana deve ser o referencial para que a pessoa humana se 
situe de forma crítica e coerente diante do seu tempo e assuma para si o 
papel de sujeito histórico transformador das condições existenciais no 
mundo contemporâneo. 
 
Assim, sustentamos que atualmente o homem tem, diante de si, não só 
um desafio político, mas um compromisso real com a sua própria 
existência. Sob o ponto de vista do campo educacional, tais desafios se 
apresentam como tarefas político- pedagógicas para o humano ser e estar 
no mundo como sujeito transformador das próprias condições de vida em 
que se encontra. Essa é, também, a experiência da 
construção de uma cidadania ativa. 
 
Fundamentos teórico-metodológicos do Curso de Pedagogia da UNESA: 
dimensões da formação dos profissionais da educação 
 
Os referenciais que foram até aqui explicitados indicam a amplitude do 
processo de formação dos profissionais da educação, assumidos por nós. 
Em nosso entender, essa formação deve contemplar múltiplas dimensões 
que se entrelaçam: 
 
1 – Ético-política: ensar, refletir, analisar e discutir as diversas e novas 
formas de compreensão da realidade, como possibilidade efetiva de 
construção de um novo homem e de uma nova sociedade. 
A atuação do pedagogo não pode estar voltada apenas para a sua própria 
dinâmica interna, mas deve estar diretamente comprometida com os 
desafios do seu próprio tempo, visto que o curso deve ser compreendido 
como locus privilegiado para se repensar as mais variadas práticas 
educativas da sociedade contemporânea. 
 
Tal perspectiva nos possibilita compreender que o docente, no exercício 
de sua própria prática pedagógica, situa-se como formador e formando da 
relação que se estabelece entre o ato de ensinar e o de aprender nas 
relações humanas, ora tidas como formais, ora como informais, embora 
cada tipo de processo educativo guarde sua especificidade. 
Isso o remete a uma responsabilidade ética de compreender a dinâmica 
de desenvolvimento histórico da humanidade, como também de se 
localizar nesse processo e localizar o outro como parte integrante e 
atuante da mesma. 
 
2 – Político-pedagógica: Assumir uma postura crítica e coerente com os 
princípios norteadores da sua prática, na busca constante de formulação 
de mecanismos de democratização das relações e dos espaços sociais, 
através da especificidade de seu trabalho docente, ou seja, a docência 
como ação intencional, crítica e cientificamente fundamentada, que leve à 
aprendizagem significativa do aluno e não se limite à mera transmissão de 
conhecimentos e verdades pré-estabelecidas. 
 
A preocupação com os processos de construção/reconstrução de saberes 
nos leva a assumir criticamente que os saberes e as práticas existentes são 
temporários e, por isso mesmo, devem ser objetos constantes de análise. 
Todo conhecimento é provisório e se constitui como tal por ser um dos 
resultados do devir histórico. 
 
3 – Epistemológica: Fazer da prática pedagógica um objeto constante de 
investigação, enfrentando os desafios do cotidiano escolar e não escolar, 
com vistas a alcançar novas formas de compreensão do real e, 
consequentemente, dos processos educativos. 
 
Esta dimensão exige uma “sólida formação teórica e interdisciplinar sobre 
o fenômeno educacional e seus fundamentos históricos, políticos e 
sociais, bem como o domínio dos conteúdos a serem ensinados pelaescola.” A complexidade do processo educativo pressupõe esta sólida 
formação epistemológica no sentido de dar sustentação ao movimento de 
análise e de intervenção docente na realidade educacional. 
 
4 – Estético-cultural: Assumir a prática pedagógica como um processo 
aberto à construção de uma interpretação, acolhedor das diferenças e 
promotor de relações humanas fundadas no respeito e na tolerância. É 
fundamental a busca de um olhar amplo que incorpore à formação 
docente “a boniteza e a decência que estar no mundo, com o mundo e 
com os outros, substantivamente, exige de nós. Não há prática docente 
verdadeiramente que não seja ela mesma um ensaio estético e ético”. 
Esse olhar para o outro exige de nós a promoção de uma educação de 
cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade multicultural e 
pluriétnica do Brasil, buscando relações étnico-sociais positivas, rumo à 
construção da nação democrática 
 
Fundamentos teórico-metodológicos do Curso de Pedagogia da UNESA: 
princípios orientadores do Curso 
 
A fundamentação teórica e as dimensões da formação até aqui 
explicitadas nos indicam os princípios que orientam este projeto. Veja o 
que afirma o parecer CNE/CP 05/2005: 
 
O graduando em Pedagogia trabalha com um repertório de informações e 
habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e 
práticos, cuja consolidação será proporcionada pelo exercício da profissão, 
fundamentando-se 
em interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e 
relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. 
 
Este repertório deve se constituir por meio de múltiplos olhares, próprios 
das ciências, das culturas, das artes, da vida cotidiana, que proporcionam 
leitura das relações sociais e étnico-raciais e também dos processos 
educativos por estas desencadeados. 
 
Essa perspectiva reforça os princípios que foram construídos e 
sistematizados pelo movimento dos educadores reunidos em torno da 
ANFOPE (Associação Nacional de Formação de Professores) e expressos no 
relatório do X Encontro Nacional, realizado em Brasília, em 2000. 
Juntamo-nos ao movimento desses educadores para adotarmos os 
seguintes princípios para o Curso de 
 
Pedagogia da IES: 
 
 A formação do pedagogo fundamenta-se numa perspectiva de 
educação omnilateral dos homens; 
 
 a complexidade do fenômeno educativo e a natureza ontológica 
deste processo indicam a necessidade de uma formação omnilateral 
que possibilite uma efetiva dialética entre as diferentes dimensões 
citadas no item anterior, o que implica compreender a 
interdependência entre todos os fenômenos relativos à formação 
dos profissionais da educação. 
 
A pesquisa é incorporada como um dos elementos de formação. 
Situados historicamente, o pensar e o agir pedagógico decorrem de uma 
relação direta entre teoria e prática do fazer humano. A relação entre o 
binômio teoria/prática é indissociável, ou seja, se constitui 
concomitantemente. 
 
Tal formulação decorre da compreensão e da importância epistemológica 
do conceito de práxis como atividade prático-crítica, ou seja, como 
atividade sensível da subjetividade humana que permita a superação da 
rígida oposição que foi estabelecida entre as ciências da natureza e a 
história, entre o método da explicação causal e as suas formas de 
compreensão intuitiva. 
 
Assumir como horizonte de um projeto tal relação é considerarmos outro 
elemento como sendo central para a formação do profissional em 
educação, ou seja, tal perspectiva nos remete à importância da pesquisa 
não só do ponto de vista teórico, mas também do político, cultural, 
histórico, ideológico. 
No que se refere à pesquisa, esta deve ser considerada como... 
“(...) um princípio formativo e cognitivo da docência”, sendo um 
componente constitutivo tanto da teoria quanto da prática pedagógica. A 
pesquisa fundamenta a construção e a reconstrução das teorias, assim 
como a dimensão investigativa da atuação prática permite a permanente 
criação e recriação do conhecimento. 
 
A prática da investigação sistemática no Curso de Pedagogia favorece a 
formação discente para a atuação do professor com atitude de 
pesquisador, crítico e reflexivo e/ou como profissional de Educação, 
constantemente atento às transformações e às contradições do mundo do 
trabalho, que busca a autonomia, a elaboração própria, a constante 
atuação e inovação de conhecimentos, e estabelece o diálogo com os 
diversos sujeitos sociais e a discussão coletiva sobre as experiências e a 
realidade concreta. 
 
Nessa perspectiva de formação, as articulações entre conhecimentos 
teóricos, pesquisa e prática pedagógica devem constituir-se como eixos 
articuladores do currículo do Curso de Pedagogia. 
 
A formação do pedagogo implica uma sólida formação teórica em todas 
as atividades curriculares aliada à formação na e a partir da prática 
 
O perfil do graduado em Pedagogia deverá contemplar consistente 
formação teórica, diversidade de conhecimentos e de práticas, que se 
articulam ao longo do curso. 
 
Além das horas teóricas, as disciplinas comuns, bem como outras que 
implicam metodologias de ensino, possuem horas de campo, que no 
espírito da Resolução CNE/CP2, de 19/02/2002, são consideradas horas de 
prática como componente curricular que devem ser vivenciadas ao longo 
do Curso. 
 
As atividades práticas visam ao enriquecimento da formação do aluno e 
são decorrentes e articuladas às disciplinas, sendo orientadas pelos seus 
respectivos professores. 
 
O campo se destina à realização de um conjunto de atividades 
estruturadas que fortalecem o conhecimento da disciplina e visam à 
observação e reflexão sobre a aplicação dos conhecimentos estudados 
nos diferentes cenários da realidade. 
 
As atividades estruturadas se constituem como componente curricular 
obrigatório para os cursos de graduação. Tais atividades são desenvolvidas 
em diferentes contextos de atuação da futura prática profissional do 
egresso, sem que se confundam com estágio curricular supervisionado e 
com as atividades acadêmicas complementares. 
 
Revisão: 
- As quatro dimensões que compõem a formação dos profissionais da área 
da educação são: Ético-política, político-pedagógica, epistemológica e 
estético-cultural. 
- A atividade humana ou o trabalho propriamente dito pode ser analisado: 
I – Num sentido antropológico, onde detectamos a dependência do ser 
humano ao meio, como ser natural e ativo, ao mesmo tempo. 
III – Num sentido natural, ou seja, o trabalho é uma atividade natural dada 
ao ser humano e não construída pelo mesmo. 
 
 
Aula 3 – Universidade na Idade Média, 
no Período Renascentista e na Idade 
Moderna 
 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
 
1. Compreender contexto histórico do nascimento da Universidade na 
Idade Média; 
2. entender o papel da Universidade neste contexto, bem como as 
transformações que permitiram a superação da sociedade feudal 
3. analisar a Universidade na Idade Moderna e as inovações que se deram 
com as reformas universitárias influenciadas pelo controle do Estado 
sobre a mesma. 
Introdução: 
 
Nesta aula, teremos a preocupação de compreender quatro momentos 
históricos sobre o surgimento e as mudanças da Universidade. São eles: 
 
Séculos XII - XV - surgimento da Universidade na Idade Média. 
 
Séculos XV - XVI – o humanismo renascentista e as transformações do 
capitalismo comercial e as ideias liberais. 
 
Séculos XVII - XVIII - descobertas científicas (XVII, século do método) e 
Iluminismo (XVIII, valorização da razão, do espírito crítico, da tolerância 
religiosa, início da Revolução Industrial). 
 
Século XIX à atualidade - a Universidade Moderna, nova relação Estado-
Universidade. 
Idade Média – O surgimento da Universidade. 
Considerando uma determinada forma de se produzir a história, a Idade 
Média inicia-se,no século V, com a queda do Império Romano e termina 
no século XV com a tomada de Constantinopla pelos Turcos. Como 
também, pode considerar seu fim com a descoberta da América, em 1492, 
por Cristovão Colombo. 
 
Contexto histórico: 
 
A Idade Média é marcada pela influência da Igreja Católica Apostólica 
Romana centrada na figura do papa que exercia o poder temporal 
(político disputado com a monarquia) e o poder espiritual (religioso) no 
feudalismo. A sociedade medieval estava dividida em três classes sociais: o 
clero, a nobreza e o povo (classe dominada representada pelos servos). 
 
O clero, além do exercício do poder temporal e espiritual, é a classe 
detentora do conhecimento e proprietária de terras oriundas das 
doações de reis ou nobres à Igreja, pois boa parte de seus membros 
advinham da nobreza, bem como, do próprio povo. 
 
 Outra classe dominante é a nobreza que, além de proprietária de terras, 
é a classe guerreira, ou seja, alguns de seus membros comandavam os 
exércitos para defender os reis e a Igreja. 
 
Por outro lado, temos a classe dominada formada pela maioria da 
população e que trabalhava para os senhores feudais (proprietários de 
terras). É nesta configuração que prevaleceu nas relações políticas, 
econômicas e sociais o sistema feudal que, por sua vez, não possibilitava 
ao povo uma ascensão social. Em outras palavras, a sociedade feudal não 
permitia uma mobilidade social, ou seja, a ascensão de membros da classe 
dominada à classe dominante. 
 
Além disso, a história medieval é marcada por guerras, fomes e pestes e 
sua economia era de subsistência (produzia-se somente o necessário para 
atender as necessidades básicas da existência humana e o pequeno 
excedente servia de pagamento de impostos pelos servos aos 
proprietários de terras). Desse modo, a riqueza era medida em terras para 
o cultivo e o pastoreio, como também, prevalecia a prática do escambo 
(troca de mercadorias) como base econômica. 
 
É neste contexto que surgem os Estados europeus na França, na 
Inglaterra, na Dinamarca, em Portugal, e os reinos que se formavam na 
Espanha e em outros lugares. Tal estrutura política acabou possibilitando 
o desenvolvimento de diferentes línguas que evoluíram a partir do latim, 
como também, das influências da língua dos invasores à Europa Medieval, 
tais como: os árabes, os vikings e os húngaros entre os séculos VIII e XI. 
 
Vimos o contexto histórico do surgimento da universidade, e como 
estamos numa Universidade e temos como preocupação no curso - bem 
como, nesta disciplina - compreender o desenvolvimento do 
conhecimento de forma contextutalizada, gostaríamos que você fizesse a 
leitura do texto “A escolástica pré-tomista” que se encontra disponível no 
site: HTTP://www.numdodosfilosofos.com.br/escolastica.htm. 
 
Neste texto, você irá compreender o pensamento filosófico e teológico da 
época que expressava uma visão de mundo teocêntrica (Deus como 
centro do Universo). 
 
Desta forma, perceberá como na cultura da época se justificavam as 
verdades e a relação com o conhecimento, bem como, dos modelos 
educativos. Esta leitura nos permitirá compreender por que, para que e 
que modelo de Universidade se construiu. 
 
Por fim, vale destacar que a Idade Média teve grandes desenvolvimentos 
no campo da Arte, da Ciência e Tecnologia, das armas e da culinária para 
a cultura ocidental, da qual fazemos parte e somos herdeiros. Do ponto 
de vista político-pedagógico, apresentamos dois motivos: 
 
 a) a indicação de tais leituras no curso tem a preocupação da formação 
do professor leitor, conhecedor, reflexivo, crítico e pesquisador; 
 
b) você poderá vivenciar uma experiência interdisciplinar no curso 
fazendo uma relação com o conteúdo de Filosofia da Educação e História 
da Educação. Lembre-se: seguindo as orientações de leitura a cada aula, 
todos nós (professores e alunos) percebermos o quanto vamos 
(re)construindo os nossos olhares sobre o mundo, o homem e nós 
mesmos. 
 
O modelo da Universidade do período medieval. 
 
Contexto: 
- O renascimento comercial e urbano a partir do século XII. 
- O surgimento de uma nova classe social: a burguesia (moradores dos 
burgos – pequenas vilas) que aos poucos desenvolve a atividade 
comercial. 
- A formação das corporações de oficio. 
 
Concepção de universidade: 
- Século XII – a Universidade é criada e se institucionaliza no trabalho dos 
copistas e tradutores (legado greco-cristão); se organiza através do 
modelo corporativo. 
 
Os três campos de formação: 
- São oferecidos os cursos de Teologia, de Direito e Medicina. 
- A formação teológico-jurídica que responde a uma sociedade dominada 
por uma cosmovisão católica (centrada na escolástica/ferramenta 
intelectual: tendo em vista as contradições entre fé e razão, recomenda 
respeitar o principio da autoridade – que se apóia na humildade para 
consultar os grandes sábios, evitando-se a coesão da igreja). 
- A organização corporativa. 
- A preservação da sua autonomia em face do poder político da Igreja. 
 
Pedagogia Escolástica: 
- Caracteriza-se pelas repetições dogmáticas, ditadas como verdades 
incontestáveis; os dogmas eram impostos – ensinados através de teses 
autoritariamente demonstrativas. 
- Centrada no hábito das discussões abertas, dos debates políticos, das 
disputas como elementos integrantes do currículo. 
- Os debates aconteciam sob a vigilância do professor que, além de 
moderador, garantia a ortodoxia das idéias e eventuais conclusões; 
 
A UNIVERSIDADE NOS SÉCULOS XV E XVI 
 
A Universidade criada na Idade Média não se identificará com os ideais 
desenvolvidos pelo espírito do humanismo renascentista dos séculos XV e 
XVI, com a Reforma Protestante e com o nascimento da Ciência Moderna. 
Este período é marcado pela passagem do feudalismo para o capitalismo 
comercial, impulsionados pelas Grandes Navegações e a descoberta da 
América em 1492. 
 
Teremos a ascensão da burguesia como detentora de uma riqueza e que 
começa a gestar sua visão de mundo expressa na filosofia humanista do 
renascimento e da filosofia moderna, na arte renascentista e nas teorias 
científicas, bem como nas teorias políticas e econômicas do liberalismo. 
 
Veremos que no século XVI, a Igreja Católica responde à Reforma 
Protestante e às críticas elaboradas à Escolástica Medieval (teologia 
aristotélico-tomista) com o movimento da Contra-Reforma. 
 
Desse modo, a Universidade assume uma postura defensiva no sentido de 
não acrescentar aos valores do passado as novas descobertas que se 
faziam e anunciava a ideia de modernidade. 
 
Observaremos nesse período uma notável diversificação do conhecimento 
humano e uma fragmentação dos órgãos de formação da transmissão do 
saber e, com isto, o conceito de Universidade torna-se inconsistente com 
a nova realidade que se gestava, pois, cada vez mais, evidenciava-se o 
declínio dos valores teocêntricos e a ascensão dos valores 
antropocêntricos. Se no período medieval prevaleceu uma visão negativa 
do homem (centrada no pecado original), agora se defenderá uma visão 
positiva centrada na defesa da dignidade humana. 
 
A defesa da dignidade humana é expressa no princípio antropocêntrico de 
que “o homem é um microcosmo que reproduz em si a harmonia do 
cosmo”. Este princípio, defendido pelos humanistas renascentistas, 
baseou-se na retomada da cultura greco-romana – sem a influência 
dos comentadores medievais – a partir da ideia defendida por 
Parmênides (filósofo pré-socrático) de que “o homem é a medida de 
todas as coisas”. 
 
Neste momento, teremos no plano filosófico todo um esforço na 
construção da noção de individualidade – fundamental para a sociedade 
moderna e capitalista – marcada pela confiança no poder da razão 
humana para estabelecer seus próprios caminhos (racionalismo cartesiano 
e empirismo inglês), bem como, a defesa dos pensadoresiluministas do 
século XVII, cujo maior representante foi Immanuel Kant, da noção de 
subjetividade humana como sendo o lugar da certeza e da verdade. 
 
Teremos a construção de uma noção de razão subjetiva como critério de 
verdade em oposição à verdade revelada que prevalecerá no período 
medieval. Portanto, evidencia-se no campo educacional a defesa de uma 
produção intelectual centrada na secularização do pensamento, ou seja, 
desvinculada de um pensamento dogmático da Igreja Medieval. Tais 
mudanças possibilita-nos entender que este período significou uma 
decadência das Universidades, pois as mesmas não se adaptavam aos 
novos tempos e aos novos paradigmas filosóficos, científicos, políticos e 
artísticos. 
 
A Universidade na Idade Moderna 
 
Na Idade Moderna (séculos XVII e XVIII), as Universidades parecem não 
desempenhar mais o papel que desempenhara no período medieval, ou 
seja, de focos culturais criadores. Além do que, serão acusadas por seus 
opositores como perpetuadoras de ensinamentos ultrapassados e por 
ignorarem as novas correntes de pensamento na época que se baseavam 
nos estudos do grego e do hebraico, no progresso da Ciência Moderna, no 
desenvolvimento do Direito Positivo (século XVII) e na filosofia do 
iluminismo do século XVIII. 
 
Levando-se em conta as universidades do século XVII e XVIII, a história 
também apresenta as suas contradições, pois é na modernidade que 
teremos o surgimento de novas Universidades. 
 
Se em 1500 havia 60 Universidades na Europa, em 1790, este número 
chega a 137 fundações, mesmo que 50 delas tenham fracassado em seus 
projetos. Além disso, tal expansão não impediu que muitos centros 
urbanos tenham ficado desprovidos de sua presença, tendo em vista o 
crescimento das cidades. 
 
Neste contexto de conflitos e contradições, percebe-se o papel 
controverso da Universidade em sua relação com os governos e com as 
elites burguesas, pois ambos desconfiavam de sua importância e de seu 
papel. Segundo a análise de Maria Lúcia Arruda Aranha: 
“A constatação de um desnível crescente entre os ensinamentos 
universitários (faculdades superiores) e as expectativas sociais, colocava-
se com clareza influindo em toda a história universitária da época 
moderna” (2006). 
 
Como consequência do processo de colonização na América Latina por 
parte dos espanhóis, teremos a formação das primeiras Universidades 
Latino-Americanas com a criação da Universidade de São Domingo 
(1538) e da Universidade do México (1551). 
 
Na análise de Charle, podemos perceber que o papel do ensino 
universitário diminui: 
“A despeito de grande número de autores e pensadores importantes da 
época moderna terem passado pela Universidade (…) foi geralmente fora 
da Universidade que elaboraram suas obras mais importantes ou fizeram 
suas descobertas“ (CHARLE, 1996). 
 
Mas será na Idade Moderna que surgiram novos lugares voltados à 
sociabilidade erudita, à pesquisa, à inovação, tais como: 
Academias e as sociedades eruditas, Os salões, Cursos e chancelarias, As 
bibliotecas, O gabinete do rico amador. 
 
A partir do século XVIII, os Estados decidem criar estabelecimentos 
independentes da Universidade - mais diretamente submetidos ao seu 
controle e também abertos às ideias e às novas pedagogias: 
 
As academias científicas - associações particulares de ricos e eruditos 
(final do século XV). 
 
Escolas especiais e profissionais – os Estados e as próprias profissões 
tomaram cada vez mais consciência de que apenas os títulos universitários 
não garantiriam por si mesmo um verdadeiro “saber fazer”. 
 
Nos séculos XVI-XVIII - as reformas universitárias foram se multiplicando 
tendo como objetivo principal assegurar o controle por parte do Estado 
em detrimento dos antigos privilégios de autonomia, pois tais reformas: 
“Acompanhando o progresso da tolerância religiosa e do espírito das 
luzes, refletem um verdadeiro desejo de modernização, viés de uma 
adequação mais estreita com as necessidades dos Estados e das 
profissões” (CHARLE, 1996)”. 
 
E de acordo com Luckesi “(…) será, porém o século XIX, com a nascente 
industrialização, o responsável pelo golpe à universidade medieval” 
(2005). 
 
Modelos de Universidades 
 
As reformas implantadas, principalmente no século XVIII, levaram a dois 
modelos de universidades na Europa: 
 
Universidade Napoleônica (1806) – caracterizada pela progressiva perda 
de sentido unitário da alta cultura e a crescente aquisição do saber 
profissional, profissionalizante, pragmático, e utilitarista do Iluminismo. 
Além de surgir das necessidades profissionais, estrutura-se fragmentada 
em escolas superiores, cada uma das quais isoladas em seus objetivos 
práticos. 
 
Universidade de Berlim (por Humbolt, em 1810) – universidade moderna 
pensada como centro de pesquisa centrado na preparação do homem 
para descobrir, formular e ensinar a ciência levando em conta as 
transformações da época; defende a concepção de uma universidade que 
se estrutura na indivisibilidade do saber e do ensino e pesquisa, contra a 
ideia das escolas profissionais napoleônicas. 
 
Concepção de Ensino: Segundo Jasper: “ensinar é participar do processo 
de pesquisa. Só o homem voltado para a pesquisa pode realmente 
ensinar; do contrário, ele reduz seu trabalho a transmitir um pensamento 
inerte, mesmo sendo pedagogicamente ordenado, no lugar de comunicar 
a vida do pensamento” (K. Jaspers). 
 
A partir deste contexto, podemos perceber duas grandes renovações que 
marcarão o desenvolvimento da Universidade até a atualidade. 
 
Primeira renovação: ciência ou profissão (1780-1860) - Período pós-
revolução francesa: grande parte da atividade de pesquisa deriva de 
instituições extra-universitárias (academias, sociedades eruditas) ou é 
realizada por eruditos livres e isolados;a primeira metade do século XIX - é 
marcada pela ruptura com a herança universitária;o ensino universitário 
dota-se de novas funções (mesmo que a pesquisa e a formação 
profissional se deem em instituições livres ou não universitárias). 
 
Segunda renovação: pesquisa ou abertura social (1860-1940) – este 
período é caracterizado como sendo o período da diversificação, da 
expansão e da profissionalização do ensino superior. 
 
Podemos perceber que a padronização é parcial devido às especificidades 
nacionais e infranacionais, tais como: a desigualdade do grau de 
desenvolvimento econômico e de urbanização; a posição dominante ou 
dominada do país no conjunto internacional. Um traço comum surge 
nessa época (século XIX): 
“o ensino superior torna-se um lance cada vez mais central para a 
promoção social dos indivíduos, para a afirmação nacional, para o 
progresso científico e econômico nacional e internacional, para a 
formação das elites e dos quadros sociais e até para a evolução das 
relações entre os sexos com o início da feminização dos estudos 
superiores” (CHARLE, 1996). 
 
A história das universidades nos possibilita a compreensão de parte de 
nossa herança intelectual e do funcionamento de nossa sociedade. 
 
Cada época precisou resolver o dilema renovado da preservação do saber 
passado e da integração, da avaliação dos aprendizados e da mudança dos 
critérios de apreciação. Assim sendo, “as novas características do ensino 
superior surgidas no decorrer do século XVIII modificam completamente 
os antigos sistemas universitários. A transformação, tão temida no século 
XIX e por muito tempo adiada nas décadas de 1950-1960, tornou-se em 
toda parte uma palavra de ordem permanente (…) apesar de todas as 
transformações por que passaram as universidades desde o século XVIII, a 
função crítica continua sendo o verdadeiro fio condutor dessa aventura 
intelectual, sempre ameaçada pelos poderes sociais há sete séculos” 
(CHARLE, 1996). 
 
Revisão: 
II - A formação teológico-jurídica que responde a uma sociedade 
dominada por umacosmovisão católica (centrada na 
escolástica/ferramenta intelectual: tendo em vista as contradições entre 
fé e razão, recomenda-se respeitar o princípio da autoridade – que se 
apoia na humildade para consultar os grandes sábios, evitando-se a 
pluralidade de interpretações e mantendo-se a coesão da Igreja). 
III - A preservação da sua autonomia em face do poder político e da Igreja. 
 
I- Caracteriza-se pelas repetições dogmáticas, ditadas como 
verdades incontestáveis; os dogmas eram impostos – ensinados 
através de teses autoritariamente demonstrativas. 
 
II - Centrada no hábito das discussões abertas, dos debates 
públicos, das disputas como elementos integrantes do currículo. 
 
III - Os debates aconteciam sob a vigilância do professor que, 
além de moderador, garantia a ortodoxia das ideias e eventuais 
conclusões. 
 
 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
 
1. Conhecer as fases da educação no Brasil Colônia; 
 
2. aprofundar o olhar sobre a Universidade europeia e os cursos 
superiores no Brasil do século XIX; 
3. compreender o contexto histórico brasileiro na primeira metade do 
século XX; 
4. analisar o surgimento dos cursos de Ensino Superior no Brasil, de 
caráter privatizante, nas primeiras décadas do século XX; 
 
5. entender a Revolução de 30 e a Reforma Francisco Campos (1931), 
como também a formação das primeiras Universidades no Brasil. 
 
Introdução 
Na aula anterior, vimos o nascimento e o desenvolvimento da 
Universidade na Europa medieval até a Idade Moderna. Nesta aula, 
estaremos voltados para compreender a formação dos cursos superiores 
no Brasil e o surgimento das primeiras universidades brasileiras. Além 
disso, destacaremos a Reforma Francisco Campo de 1931 e o ideário 
escolanovista que influenciará as Instituições de Ensino Superior. 
 
 
 
Chegada dos primeiros jesuítas em 1549. 
Plano de Instrução elaborado pelo Padre Manoel da Nóbrega: a) 
aprendizado do português; b) aprendizado profissional e agrícola; c) 
gramática latina. 
Portugal não permitia a existência de ensinos superiores em suas colônias. 
Desta forma, os filhos dos colonos iriam para a Metrópole estudar na 
Universidade de Lisboa ou na Universidade de Coimbra. 
Período da Ratio Studiorum. 
Organização e consolidação da educação jesuítica que atendia apenas aos 
filhos de colonos e o ensino superior servia apenas para a formação de 
padres. 
Período da Reforma Pombalina 
Ocorre a expulsão dos Jesuítas da colônia. As reformas pombalinas 
promoveram a instrução pública em Portugal tendo por base os ideais 
iluministas com a implantação das “aulas régias”. 
Período Joanino 
Chegada do príncipe João VI (futuro D. João VI) são criados os seguintes 
cursos superiores: 
 1808 – Escola de Cirurgia e Anatomia na Bahia e que mais tarde 
constituirá a Universidade Federal da Bahia (UFBA), como também, 
a criação da Academia de Guarda Marinha no Rio de Janeiro. 
 1810 – Formação da Academia Militar (hoje abriga a Engenharia da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ). 
 1814 – Criado o curso de Agricultura 
 1816 – Criada a Real Academia de Pintura, Escultura e Arquitetura. 
Período do Império: 
 Em 1827, o Imperador D. Pedro I inaugurou os cursos jurídicos em 
São Paulo e em Olinda (Pernambuco). 
 Em 1832, em Ouro Preto (MG) é criada a Escola de Minas e 
Metalurgia e em 1839 é inaugurada a Escola de Farmácia nesta 
cidade. 
 Em 1837 foi fundado o Imperial Colégio D. Pedro II no Rio de 
Janeiro. 
 
O educador e intelectual Anísio Teixeira faz a seguinte análise das escolas 
superiores oficiais que teve no Brasil até o final do Império em 1889 e o 
início da República: 
“Imobiliza-se durante o período do Império, o desenvolvimento 
educacional, mantendo-se ao longo do século XIX as condições 
educacionais da Colônia, com um modestíssimo acréscimo de ensino 
primário, seguido de escolas vocacionais, um sistema seletivo de preparo 
da elite reduzido a muito poucas escolas secundárias e um ensino superior 
limitado exclusivamente às profissões liberais, em meia dúzia de 
instituições nacionais isoladas e de tempo parcial. 
(...) Quanto à Universidade propriamente dita, somente na última fala do 
trono, 80 anos depois da criação da primeira escola superior, o imperador 
reconheceu, afinal, a sua necessidade, dignando-se a recomendar duas, 
uma para o Norte e outra para o Sul do país. A recomendação tardia e 
frouxa não foi atendida nem sequer pela República, que no mesmo ano se 
proclamou, em consequência da Abolição da Escravatura e das crises 
militar e da Igreja que se lhe seguiram, problemas em que se consumaram 
os últimos anos da estagnação imperial” (1989). 
ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 
Sintetizando, segundo Anísio Teixeira, até o começo do século XIX a 
universidade do Brasil foi a Universidade de Coimbra - onde iam estudar 
os brasileiros da elite após cursarem os reais colégios dos jesuítas. 
Contraditoriamente, o ensino superior criado no Brasil, embora não 
organizado sob a forma universitária, buscava corporificar valores que só a 
universidade com a sua cultura desinteressada poderia cumprir (legado 
colonialista). 
SEGUNDO ANISIO TEIXEIRA, NO BRASIL: 
“o ensino nas escolas superiores, depois da Independência, era de tempo 
parcial, com professores de tempo parcial e de intensa vida profissional 
fora da escola. (…) [a contradição se coloca] quando se comprova o culto e 
a admiração que provocava o êxito intelectual de algum aluno”. (TEIXEIRA, 
1989; 73). 
“A falta de estudos superiores de tipo acadêmico havia de tornar 
extremamente precária a formação dos professores para os colégios 
secundários de que o Imperial Colégio Pedro II era o modelo e o padrão” 
(TEIXEIRA, 1989; 73). 
A confusão do País com respeito à cultura intelectual universitária, 
contraditoriamente, objeto de culto e também de descaso, se tratando de 
criar condições reais à mesma. 
O desafio da política 
 
1) O mundo Ocidental foi profundamente marcado pela cultura urbano-
industrial decorrente da aplicação do conhecimento científico e 
tecnológico no mundo do trabalho e da produção provocando o que se 
denomina de Primeira Revolução Industrial, ou seja, estamos falando da 
consolidação do capitalismo industrial e da ascensão da burguesia como 
classe dominante do ponto de vista econômico e como classe dirigente do 
ponto de vista político-social. Afinal de contas, o modelo de Estado 
decorrente das revoluções burguesas será o Estado-Nação ou Estado 
Moderno (também denominado de Estado Liberal Burguês), com a adoção 
da democracia liberal burguesa como sistema de governo. 
 
2) A Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX decorreu da introdução de 
novas máquinas, como também, de novas relações de trabalho (sistema 
fabril) com a introdução da divisão social do trabalho, da introdução de 
novas técnicas agrícolas, do desenvolvimento dos transportes (navio a 
vapor, rodovias e ferrovias), do desenvolvimento de novas fontes de 
energia (carvão, petróleo e eletricidade) e um deslocamento da população 
do campo para a cidade para servirem de mão de obra barata para o 
desenvolvimento da indústria capitalista. 
 
3) Com a consolidação do projeto burguês de sociedade do século XIX, é 
que podemos compreender o mundo contemporâneo a partir da análise 
de Cambi e de Teixeira: 
 
 “A contemporaneidade é a época da educação e de uma educação social 
que dá substância ao político (governo dos e sobre os cidadãos), mas que 
também se reelabora segundo um novo modelo teórico, que integra 
ciência e filosofia, experimentação e reflexão crítica, num jogo complexo e 
sutil” (CAMBI, 1999; 381). 
 
“Seja Comte, seja Humbolt, o que se debatia no século XIXera a nova 
universidade, devotada à pesquisa e à ciência, que iria reformular o 
conhecimento humano em todos os campos do saber e, além disto, criar a 
consciência das culturas nacionais. (…) Saíamos da cultura greco-latina 
para a cultura vernácula; depois para cultura nacional e por fim para a 
cultura científica. (…) movimento que o Brasil ignorou vivendo 114 anos 
sem as instituições destinadas a formular e a ministrar, no nível superior, a 
cultura nacional e a cultura científica pura no sentido de não apenas 
aplicada” (TEIXEIRA, 1989; p. 98). 
Anísio Teixeira fez a seguinte análise sobre a importância da Universidade 
de Berlim, na Alemanha: 
 
“É na Alemanha, com efeito, que se opera a grande transformação da 
universidade, voltando a ser o centro de busca da verdade, da 
investigação e da pesquisa: não o comentário sobre a verdade existente, 
não o comentário sobre o conhecimento existente, não a exegese, a 
interpretação e a consolidação desse conhecimento, mas a criação de um 
conhecimento novo, que iria inspirar as culturas nacionais. A sociedade 
estava se transformando, a pesquisa ia voltar a essa universidade até 
então toda debruçada sobre o passado, para projetá-la para o futuro”. 
(1989; 81,82). 
 
O Brasil do século XIX foi marcado pelo embate entre duas vertentes que 
também se rivalizaram no que diz respeito ao ensino superior e a criação 
da Universidade, pois, de um lado, encontravam-se: 
 
Os Liberais: que defendiam a criação da Universidade. 
 
Os Positivistas: que se opunham a criação da mesma por compreenderem 
que esta instituição de ensino estava comprometida com o conhecimento 
metafísico que se opunha, segundo a sua ótica, ao conhecimento 
científico. 
 
Segundo Anísio Teixeira: “O Brasil tem a experiência da universidade 
escolástica e, depois, da universidade reformada de Pombal. Esta já era a 
universidade clássica, em seus reflexos do Iluminismo, mas não era a 
universidade de ciência experimental. Fora disto, tínhamos a vivência do 
ensino profissional para o clero, os legistas e os médicos” (1989; p. 94). 
 
Brasil – primeira metade do século XX 
 
 SUL - Se no século XIX tivemos no Brasil um deslocamento do eixo 
econômico da produção de açúcar no Nordeste para a produção cafeeira 
centrada no Sudeste e no Sul, tal processo promoveu também um 
aprofundamento do ciclo imigratório, a construção de ferrovias (1856-
1875), a urbanização (com crescente aumento da população) e a 
industrialização etc. 
Sobre a exportação do café, Mello faz a seguinte consideração: “O próprio 
complexo exportador cafeeiro engendrou o capital-dinheiro disponível 
para a transformação em capital industrial” (Mello, 1982; 147). 
 
SUDESTE - Portanto, o século XX inicia-se sobre as bases de uma nova 
estrutura política, social e econômica, ou seja, sob o lema da República 
teremos uma alternância no poder central (Governo Federal) entre os 
barões do café de São Paulo e os produtores de leite de Minas Gerais. O 
período da Primeira República (1889-1930) é conhecido pelo nome de 
República do café com leite. 
Tal período vai ser profundamente marcado pelas crises do sistema 
capitalista decorrentes da formação do Estado-Nação, principalmente no 
que se refere a composição do território nacional, levando à: Primeira 
Guerra Mundial (1914-1918); A Revolução Russa de 1917; o nacionalismo 
dos anos 20 e 30 (Nazismo e Fascismo); a queda da bolsa de valores de 
Nova Iorque em 1929 e a Segunda Guerra Mundial (1937-1945). 
 
No Brasil, se por um lado a Primeira Guerra Mundial impulsionou o 
desenvolvimento da indústria brasileira, por outro lado, a crise de 1929 
provocou a falência dos produtores de café e, com isto, o fim da Primeira 
República. 
 
Neste contexto, teremos no Brasil a crise da hegemonia política e a 
Revolução de 1930 que foi um movimento armado, liderado pelos estados 
do Rio Grande do Sul, da Paraíba e de Minas Gerais, levando a um golpe 
de Estado que depôs o então Presidente da República Washington Luís e 
impediu a posse do Presidente eleito Júlio Prestes. Desse modo, dá-se o 
fim da República Velha e o início de um período ditatorial liderado pelos 
militares levando a ocupar o Governo Central Getúlio Vargas. Desta forma, 
o Governo Provisório de Getúlio Vargas vai durar de 1930 a 1934, quando 
o mesmo é eleito, via Congresso Nacional, à Presidente da República de 
1934-1937. 
 
A Constituição de 1937 
 
A Constituição de 1937 criou o “Estado Novo”, tinha caráter centralizador 
e autoritário, tanto que suprimiu a liberdade partidária, a independência 
entre os três poderes e o próprio federalismo existente no País. Além 
disso, Getúlio Vargas, assumindo uma postura autoritária, fechou o 
Congresso Nacional e criou o Tribunal de Segurança Nacional. Neste 
período, os prefeitos das cidades eram nomeados pelos governadores e 
esse, por sua vez, pelo Presidente da República. Por fim, uma das 
estratégias de seu governo, foi criar o Departamento de Imprensa e 
Propaganda (DIP) que tinha como final projetar a imagem de Getúlio como 
o “Pai dos pobres” e o “Salvador da Pátria”. 
 
 
 
 
1909/1926: É criada a Universidade de Manaus com cursos de engenharia, 
direito, medicina, farmácia, odontologia, oficiais da Guarda Nacional. Este 
momento foi marcado pela extração da borracha que, ao entrar em 
declínio, levou ao fim esta Instituição de Ensino Superior. 
 
1911/1917: Foi criada a Universidade de São Paulo com cursos de 
medicina, odontologia, farmácia, comércio e belas artes. 
 
1915: Em Curitiba são criados os cursos de direito, engenharia, medicina, 
farmácia, odontologia e comércio e, somente, no ano de 1950, como 
faculdades livres, serão incorporadas à Universidade Federal do Paraná 
(UFPA). 
 
1889/1918: Foram criados 56 cursos de Ensino Superior em 
estabelecimentos, na sua maioria privados. 
1920: A Universidade do Rio de Janeiro, a primeira a ser autorizada pela 
Presidência da República, cria as faculdades de medicina, engenharia e 
direito. 
 
1927: Com subsídios do Governo do Estado de Minas Gerais são criados as 
faculdades de engenharia, direito, medicina, odontologia e farmácia, nos 
mesmos moldes da reunião de faculdades que, mais tarde, serão 
incorporadas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 
 
Antes de avançarmos a temática de nossa aula, vale destacar um pouco da 
história da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz): 
 
um importante instituto de pesquisa na área da saúde, localizada no 
Bairro de Manguinhos na cidade do Rio de Janeiro. Sua criação foi em 25 
de maio de 1900, como Instituto Soroterápico Federal. Em 1907, passa a 
denominar-se como Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos. 
Mas, somente em 1918, passa a se chamar Instituto Oswaldo Cruz e em 
1974 tornou-se Fundação Oswaldo Cruz, adotando a sigla Fiocruz. 
 
As lacunas do ensino superior brasileiro vêm acentuar-se depois da I 
Guerra Mundial (1914-1918) quando o desenvolvimento do país passa a 
exigir a inclusão da ciência, com seus métodos de pesquisa. Essa 
universidade de ciência e de pesquisa - a escola pós-graduada - se impõe, 
ou seja, a universidade deixa de ser puramente um locus privilegiado de 
transmissão do saber existente para se constituir como sendo a criadora 
do novo saber e do novo conhecimento. 
 
Somente no Governo Provisório de Getúlio Vargas que será criado o 
Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, em 14 de 
Novembro de 1930, sendo empossado como Ministro Francisco Campos, 
que expressa suas ideias de acordo com o movimento escolanovista tão 
forte na época. 
 
Se as Universidades da Europa no século XIX e início do século XX foram 
marcadas por dois modelos distintos de Universidade, ou seja, o modelo 
francês centrado na formação profissional e o modelo alemão centrado na 
formação científica e no desenvolvimento da pesquisa, como também, da 
adoção de um novo modeloteórico da educação que se expressa pelos 
binômios Ciência/Experimentação X Filosofia/Reflexão Crítica. 
 
A formação de Ensino Superior no Brasil estruturou-se no início do século 
XX dentro do modelo francês e a preocupação com uma formação 
profissional persistirá na Reforma Francisco Campos. O Decreto 19.851 
dispõe sobre a organização e a finalidade do Ensino Superior no que se 
refere ao Estatuto das Universidades Brasileiras: 
 
Vejamos o Decreto 19.851 de 11 de abril de 1931: 
“elevar o nível da cultura geral; estimular a investigação científica em 
quaisquer domínios dos conhecimentos humanos; habilitar ao exercício de 
atividades que requerem preparo técnico e científico superior; concorrer, 
enfim, pela educação do indivíduo e da coletividade pela harmonia de 
objetivos entre professores e estudantes e pelo aproveitamento de todas 
as atividades universitárias, para a grandeza da Nação e para o 
aperfeiçoamento da Humanidade”. 
 
Vejamos a análise de Romanelli sobre a reforma Francisco Campos: 
“… era a primeira vez que uma reforma atingia profundamente a estrutura 
do ensino e, o que é importante, era pela primeira vez imposta a todo o 
território nacional. Era, pois, o início de uma ação mais objetiva do Estado 
em relação à educação” (1978; 131). 
Com o início de uma ação objetiva do Estado em relação à educação, 
podemos destacar dois pontos fundamentais da Reforma Francisco 
Campos. São eles: 
 
Retomada da centralização político-administrativa iniciada com a criação 
do Ministério da Educação. 
 
Universidade - obrigatoriedade de pelo menos três dos seguintes cursos: 
Direito, Medicina, Engenharia e Educação, Ciências e Letras (reforçava a 
velha concepção aristocrática de ensino - cursos formadores de 
profissionais para as carreiras liberais). 
 
Vejamos as Universidades criadas a partir da referida reforma Francisco 
Campos : 
 
1933: Criação da Fundação da Escola Livre de Sociologia e Política de São 
Paulo (fundação de direito privado). 
 
1934: Criação da Universidade de São Paulo através de Decreto Estadual, 
incorporando as faculdades de Direito, Politécnica, Escola Superior de 
Agronomia, Medicina e Veterinária. Instituto de Educação incorporado 
como Faculdade de Educação. 
 
Foram criadas as Faculdades de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
(coração da Universidade, por adotar os estudos de cultura livre e 
desinteressada – antigo projeto de Fernando de Azevedo). Foi criado o 
Instituto de Ciências Econômicas e Comerciais. 
 
1935/1939: Criada a Universidade do Distrito Federal que, 
posteriormente, será incorporada à Universidade do Brasil. 
 
1937/1938: Foram criadas respectivamente a Universidade Federal do Rio 
de Janeiro, e após o Estado Novo, a União Nacional dos Estudantes (UNE). 
 
1940: Fundação das Faculdades Católicas no Rio de Janeiro (em 1946, 
reconhecida como Pontifícia Universidade Católica, como sendo a 
primeira universidade privada). 
 
Veja agora o que Fernando de Azevedo pensa dos grupos escolanovistas: 
 
Para Fernando de Azevedo, a presença dos adeptos e divulgadores da 
Escola Nova nos anos 20 e 30 marca a educação brasileira como um 
verdadeiro “divisor de águas” separando a mentalidade tradicional e velha 
da nova e progressista. Os grupos dos escolanovistas declaravam-se 
liberais abertos à sociedade capitalista-urbano-industrial e às ideias do 
movimento da Escola Nova que circulava no exterior. 
 
Revisão: 
 
O Plano de Instrução elaborado pelo Padre Manoel da Nóbrega no Brasil 
Colônia, abarcava: 
- aprendizado do Português, aprendizado técnico-cientifico, e a gramática 
latina. 
“Seja Comte, seja Humbolt, o que se debatia no século XIX era a nova 
universidade, devotada à pesquisa e à ciência, que iria reformular o 
 
 
conhecimento humano em todos os campos do saber e, além disto, criar a 
consciência das culturas nacionais. (…) Saíamos da cultura greco-latina 
para a cultura vernácula; depois para cultura nacional e por fim para a 
cultura científica (…) movimento que o Brasil ignorou vivendo 114 anos 
sem as instituições destinadas a formular e a ministrar, no nível superior, a 
cultura nacional e a cultura científica pura no sentido de não apenas 
aplicada”. Qual representante do escolanovismo fez esta análise sobre a 
Universidade? 
- Anísio Teixeira. 
 
 
 
Aula 5 – A Universidade Brasileira – 
Parte 2 (da Segunda Metade do Século 
XX à Atualidade) 
 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
 
1. Compreender criticamente as principais características dos Governos no 
Brasil da década de 50 à atualidade; 
 
2. identificar e analisar as principais medidas desses Governos sobre a 
Universidade e o Ensino Superior; 
 
3. refletir sobre a formação acadêmica no Ensino Superior. 
 
Breve Histórico do Brasil dos anos 50 à atualidade 
 
"… Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da 
vida para entrar na História” (Getúlio Vargas, 1954). 
 
Getúlio Vargas (1951 – 1954) : Depois de ter sido deposto em 29/10/1945 
por um golpe militar, viveu exilado em sua cidade natal, São Borja (RS). 
Em 1950 sai candidato à Presidência pelo PTB (Partido Trabalhista 
Brasileiro) à sucessão de Dutra, sendo eleito popular, em 1951, para 
governar o País. 
Principais propostas: criação da Eletrobrás – fundamental para o 
desenvolvimento industrial e a criação da Petrobrás com a finalidade de 
diminuir a importação do produto, responsável por consumir metade das 
divisas nacionais. 
 
Foi pressionado a renunciar em decorrência da crise política que se 
instalou após a tentativa frustrante de assassinato de Carlos Lacerda, 
jornalista que acusava o presidente de acumular privilégios, parentes e 
aliados no Governo – por parte do chefe da guarda do presidente, 
Gregório Fortunato. 
 
Mediante pressões advindas de vários setores da sociedade e das Forças 
Armadas, Vargas não 
suportou as mesmas e suicidou-se em 24/08/1954. 
Nereu Ramos concluiu o mandato de Getúlio e o Brasil permaneceu em 
estado de sítio até a posse de Juscelino Kubistchek em 31/01/1956. 
 
Juscelino Kubistchek (1956 – 1960): Foi eleito para Presidente da 
República em 03/10/1955 com 36% dos votos válidos. Esta eleição marcou 
a utilização da cédula eleitoral oficial confeccionada pela Justiça Federal, 
pois antes os partidos políticos eram responsáveis pela confecção e 
distribuição das cédulas eleitorais. 
 
A União Democrática Nacional (UDN) tentou impugnar o resultado da 
eleição, alegando que Juscelino não havia obtido a maioria absoluta dos 
votos. 
Um levante militar, liderado pelo General Henrique Teixeira, na época 
Ministro da Guerra, garantiu que em 31/01/1956, Juscelino Kubistchek 
tomasse posse ao lado de seu vice-presidente João Goulart. 
 
Último presidente a assumir o cargo no Palácio do Catete, no Rio de 
Janeiro, lançou o seu Plano de Metas com o lema: “cinquenta anos em 
cinco”. Tal plano tinha cinco grandes grupos: energia, transporte, 
alimentação, indústria de base, educação. Além disso, previa a construção 
de Brasília para ser a nova capital do Brasil tendo sido inaugurada em 
21/04/1960. 
 
Seu plano procurou estimular e diversificar o crescimento da economia 
brasileira baseada na expansão industrial e na integração dos povos e de 
todas as regiões do País. 
Procurou reduzir o custo Brasil e reduzir a dependência das importações, 
processo denominado de “substituição de importações”. 
 
Seu governo foi marcado pela manutenção do regime democrático e da 
estabilidade política. Uma das grandes habilidades políticas de JK foi 
conciliar as tensões com seus adversários políticos, sejam eles da 
sociedade civil ou do meio militar. Teve como maior adversário político 
Carlos Lacerda, com o qual se reconciliou posteriormente. 
 
No campo econômico, desenvolveu uma política desenvolvimentista 
permitindo a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro,isentou de impostos a importação de máquinas e equipamentos 
industriais e liberou a entrada de capitais externos em investimentos de 
risco, desde que associados ao capital nacional. 
 
Promoveu a implantação da indústria automobilística, da indústria naval, a 
construção de usinas hidrelétricas (Furnas) e de usinas de siderurgia. Além 
disso, abriu as rodovias transregionais que uniram todas as regiões do 
Brasil, como também, aumentou a produção de Petróleo pela Petrobras e 
fundou a Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste). 
 
Em 1959 rompeu com o Fundo Monetário Internacional (FMI) por não 
aceitar a reforma cambial. Foi acusado de aumentar a dívida pública do 
Brasil por ter lançado títulos e cartas precatórias na Bolsa de Valores para 
conseguir a verba necessária para terminar a construção de Brasília. 
 
A dívida externa do País saltou de 1,5 bilhão de dólares para 3,8 bilhões no 
final de seu governo. Além disso, agravou-se a dívida com as altas 
remessas de lucros das empresas estrangeiras de “capital associado” e 
pelo déficit na balança de pagamentos. 
O fim de seu governo foi marcado pelo crescimento da inflação, o 
aumento da concentração de renda e do arrocho salarial, pois durante o 
seu governo a produção industrial cresceu 80%, os lucros da indústria 
cresceram 76% e os salários apenas 15%. 
 
Jânio Quadros (1960 – 1961): Eleito Presidente da República em 
03/10/1960, mas não conseguiu eleger seu vice Milton Campos, pois 
naquela época o voto para presidente e vice-presidente era separado. Foi 
eleito à vice João Goulart do Partido Trabalhista Brasileiro. 
 
Continuou a política internacional dos governos anteriores, 
restabelecendo relações diplomáticas e comerciais com a URSS e a China. 
 
Condecorou Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, irritando 
profundamente os seus aliados (principalmente a UDN) que o acusavam 
de comunista. 
Criou o Parque Nacional do Xingu e os primeiros parques ecológicos 
nacionais. 
Instalou uma política para enxugar a máquina governamental e enviou ao 
Congresso Nacional projetos de lei antitruste e a lei de reforma agrária, 
embora os mesmos não foram levados à votação. 
 
A Política Externa Independente (PEI), conduzida pelo chanceler Afonso 
Arinos de Melo Franco, não era bem vista pelos Estados Unidos e nem por 
grupos econômicos que se beneficiavam da política anterior, como 
também, pela direita nacional e pelos militares. Tanto que o acusaram de 
levar o Brasil para o comunismo. 
 
Carlos Lacerda denunciou uma suposta trama liderada pelo ministro da 
Justiça do Governo de Jânio, Oscar Pedroso Hora, de tê-lo convidado a 
participar de um golpe de Estado. No dia seguinte (25/08/1961), Jânio 
Quadros anuncia a sua renúncia e esta é aceita pelo Congresso Nacional. 
 
João Goulart (1961 – 1964): Com a renúncia de Janio Quadros, Goulart 
assume o Governo de 1961-64. 
Lançou o Plano Trienal com a finalidade de solucionar os problemas 
estruturais do País. 
Suas reformas visavam combater o analfabetismo apoiando-se na difusão 
das experiências de Paulo Freire. Além disso, direcionou 15% da renda 
produzida no País para a área da educação. 
Propôs uma reforma agrária e urbana. 
 
Ditadura Militar – um capítulo a parte 
Assista ao vídeo do período da Ditadura Militar à transição democrática, 
com o professor Boris Fausto: 
 
O mundo pós Segunda Guerra Mundial (1939-1945) acabou levando à 
polarização de duas forças antagônicas em termos de uma estrutura 
política, enconômica e social: de um lado, o capitalismo liderado pelos 
Estados Unidos e, por outro lado, o comunismo liderado pela União 
Soviética. Este período ficou conhecido também como sendo o período da 
Guerra Fria, pois a disputa de poder entre essas duas forças iam desde a 
dominação e subordinação territorial a investimentos no poder bélico de 
cada regime, como também, de difusão da ideologia que constituía cada 
uma, principalmente através dos meios de comunicação de massa e de 
políticas educacionais. 
 
Breve Histórico do Brasil dos anos 50 à atualidade 
 
O contexto internacional, como também o ambiente nacional decorrente 
das práticas políticas desenvolvimentistas e populistas, que marcaram os 
governos brasileiros no período pós Governo Vargas (1954), criaram as 
condições necessárias para que, em 31 de março de 1964, ocorresse o 
Golpe Militar com o apoio norte-americano. Pois os Estados Unidos 
estavam interessados na entrada de capital estrangeiro no Brasil, bem 
como na possibilidade de que acontecesse aqui o que ocorrera com a 
Revolução Cubana (1959), que adotou o regime socialista. 
 
Por outro lado, tal contexto se expressava nas relações da sociedade 
brasileira da época de forma conservadora, tanto que a classe média 
sustentou a articulação entre os oficiais das Forças Armadas e os partidos 
políticos conservadores (PSD e UDN, liderado por Carlos Lacerda). 
 
Ao assumirem o poder, os militares governaram através de decreto de 
Atos Institucionais (AI) que determinavam, por exemplo, o fechamento 
dos partidos políticos e instituíam um sistema bi-partidário composto 
pelos que apoiavam o Governo Militar (ARENA) e os que supostamente 
poderiam fazer uma oposição ao regime ditadorial (MDB – Movimento 
Democrático Brasileiro). 
 
Contudo, tal sistema político estava monitorado e limitado pela existência 
de uma legislação rigorosa que inibia a possibilidade dos opositores se 
manifestarem claramente sobre o poder da época. Além disso, 
suprimiram os direitos constitucionais, com a criação de órgãos 
governamentais que serviram para impor uma censura em várias áreas da 
sociedade brasileira, principalmente no campo da arte, da educação e do 
movimento estudantil. 
 
Gostaríamos de convidá-lo(a) a assistir o depoimento de Chico Buarque 
sobre a Ditadura Militar no Brasil. O relato deste compositor e intelectual 
brasileiro é um testemunho histórico que nos permite compreender a 
relação do conflito existente entre arte e política num contexto 
repressivo. 
 
Chico Buarque, como um número expressivo de artistas da época, se 
posicionaram contra o Regime Militar e produziram obras que 
expressavam uma postura de luta contra hegemonia. Além disso, você 
terá a oportunidade de perceber, do ponto de vista pedagógico, como 
podemos utilizar de um recurso visual e de uma linguagem estética para 
tratarmos de um conteúdo específico em uma disciplina, como também 
poder perceber, do ponto de vista do conhecimento, outras formas de 
compreensão da realidade das que existem nos livros didáticos ou nos 
textos científicos. 
 
Estaremos, mais uma vez, contemplando uma das dimensões que fazem 
parte da formação em nosso curso: 
 
A dimensão estético-cultural 
 
 Para os que viveram os anos da ditadura, é a possibilidade de se 
resgatar uma memória histórica e relembrar o que e como viveram 
aqueles anos, e, para os que não viveram, é a possibilidade de 
conhecer uma parte de nossa história com olhares diferentes e 
refletir sobre o que somos hoje. 
 
 Esperamos que todos gostem da proposta, pois a partir deste 
material, estaremos debatendo alguns pontos importantes em 
nosso fórum temático. O vídeo se encontra disponível no seguinte 
endereço: 
http://www.youtube.com/watch?v=AJ6FX5PR31s 
 
Alguns apontamentos sobre a educação na Ditadura Militar 
 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que teve início nas discussões da 
Constituinte de 1946, foi finalmente aprovada em 1961. Tal demora 
demonstra a disputa de poder no aparelho estatal e em conflito com a 
sociedade, pois o período de 46-61 foi marcado pelo populismo de Vargas 
e o desenvolvimentismo de JK. Contudo, algumas questões vigoraram 
para o ensino superior, tal como a expansão do número de vagas. 
 
Da mesma forma que tivemos na sociedade uma postura conservadora, 
de uma maioria representante da classe média brasileira e,

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