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Direito Penal Aula 04

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OAB INTENSIVO SEMANAL – X EXAME FGV 
DIREITO PROCESSUAL PENAL – PROFº CRISTIANO RODRIGUES 
Material disponível na Área do Aluno: www.lfg.com.br/areadoaluno 
Material digitado e elaborado pelo Monitor: Fábio Henrique A. de Paula 
INTENSIVO OAB REGULAR – MÓDULO II - NOITE 
Disciplina: Direito Penal 
Prof. Cristiano Rodrigues 
Aula: 04 
 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO – MONITORIA 
 
 
I. Anotações de aula 
II. Simulado 
 
 
I. ANOTAÇÕES DE AULA 
 
Dolo eventual. Ocorre quando o agente não possui a intenção de gerar o resultado, porém 
atua de acordo com os seguintes elementos: 1) previsão concreta do resultado; previsão é 
diferente de previsibilidade = possibilidade de prever = culpa. 2) Consentimento, indiferença 
quanto à eventual produção do resultado. (teoria do consentimento ou assentimento). 3) Age 
aceitando, assumindo os riscos da ocorrência do resultado. No dolo eventual em face da 
ausência de intenção, vontade do agente, não é possível falar em tentativa e o agente 
responde apenas pelos resultados efetivamente causados. 
 
Culpa: É exceção já que a regra geral é que os crimes vêm previstos na forma dolosa e para que se puna um 
crime a título de culpa, produto da falta de cuidado do agente é preciso expressa previsão legal no próprio 
tipo penal. Não há compensação de culpas em direito penal, ou seja, uma conduta culposa não anula a outra. 
 
 
 
 
 
 
 
Espécies de culpa: 
 
Culpa comum ou inconsciente. É aquela em que o agente não tem previsão, consciência do 
resultado embora fosse possível para ele prever (previsibilidade) sendo, portanto produto de 
uma falta de cuidado (imprudência, negligência, imperícia) gerando um resultado típico. 
 
Culpa consciente ou com previsão.É aquela em que o agente tem a consciência, previsão 
concreta do resultado, porém repudia sua ocorrência e só atua na convicção de que o resultado 
não se produzirá por confiar em suas habilidades pessoais para a prática do ato. Responde pelo 
crime culposo. 
 
Elementos que 
compõem o crime 
culposo 
Conduta (ação/omissão) 
Resultado típico 
Causalidade 
Falta de cuidado (imprudência, negligência e imperícia) 
Previsibilidade 
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OBS1: A ampla maioria dos crimes de trânsito são tratados como culposos pelo CTB (Art. 302 e 303), porém 
as hipóteses de “pega” competição em via pública e as lesões associadas à embriaguez ao volante, na 
maioria dos casos geram crime doloso de acordo com dolo eventual. 
 
OBS2: Os crimes preterdolosos são aqueles em que o agente possui dolo em sua conduta, mas acaba 
gerando um resultado mais grave do que o pretendido produto de culpa tornando assim o crime mais grave e 
com pena maior. Ex.: Art. 129, §3º, CP. 
 
2) Ilicitude ou antijuridicidade: 
 
É a relação de contrariedade ao ordenamento jurídico de uma conduta típica através da teoria indiciária 
adotada pelo CP pela qual todo fato típico será também ilícito, salvo se estiver presente uma excludente de 
ilicitude. (Art. 23, CP). 
 
2.1. Excludente de ilicitude: Art. 23, CP. 
 
(a) Estado de necessidade: Art. 24, CP. 
 
Estado de 
necessidade (Art. 
24, CP) 
Perigo 
Atual e inevitável; 
Não criado pela vontade do próprio agente; 
Bem próprio ou de terceiros; 
Inexigibilidade do sacrifício do bem. 
 
Ocorre quando há um perigo para determinado bem jurídico e a única forma de se garantir a 
preservação do bem é sacrificando outro bem. 
 
 
 
Requisitos: 
 
1-) Perigo atual e inevitável: é aquele que já esteja ocorrendo e que não haja outra forma de preservar o bem a não ser lesionando 
um bem alheio 
 
2-) Não criado pela vontade do próprio agente: que o agente não tenha criado a situação de perigo dolosamente . 
 
3-) Bem próprio ou de terceiro: é possivel agur para preservar o bem próprio ou de qualquer terceiro. 
 
4-) Inexigibilidade do sacrifício do bem: que o sacrificio do bem não seja exigível do agente e portanto havendo o conflito entre um 
bem jurídico indisponível (vida) em perigo não se pode sacrificar este bem para preservar outro também em perigo que seja 
disponível (Ex: Patrimonio). Porém se isto acontecer será possível diminuir a pena do crime praticado de 1/3 à 2/3 – Art. 24, § 2º do 
CP. 
 
OBS1: se o sacrifício do bem ameaçado era exigível do agente não há estado de necessidade e ele 
responderá pelo crime praticado. Isto ocorre fundamentalmente pelo confronto entre um bem disponível 
(patrimônio) com um bem indisponível (vida) em que não é permitido lesionar o segundo para preservar o 
primeiro. Porém, neste caso em que o sacrifício era exigível, se o agente lesionar o bem alheio, embora 
responda pelo crime terá sua pena diminuída de 1/3 a 2/3. Art. 24, §2º, CP. 
 
OBS2: De acordo com o artigo 24, §1º do CP, os garantidores que tem o dever legal de enfrentar o perigo, ou 
seja, os presentes no Artigo 13, §2º, alínea “a”, CP não podem alegar estado de necessidade. 
Nada impede que os demais garantidores (Artigo 13, §2º, alínea “b” e “c”, CP) aleguem estado de 
necessidade em certas situações. 
 
(b) Legitima defesa: Art. 25, CP. 
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Legítima defesa. 
 
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, 
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
Palavra chave: agressão. 
 
Legítima defesa (Art. 25, CP) Agressão 
Atual ou iminente 
Injusta 
Bem próprio ou de terceiros 
Reprimida através de meios moderados 
 
Elementos integrantes da legitima defesa: 
 
Agressão é toda conduta humana voltada a lesionar um bem alheio. O ataque de animal por não 
caracterizar agressão não gera situação de legítima defesa, mas tão somente situação de estado de 
necessidade já que caracteriza uma situação de perigo. Porem, se o animal for utilizado como 
instrumento, arma, para um ser humano agredir outro, podemos falar em legítima defesa. 
 
(a) atual ou iminente. Atual, é aquela presente, que está acontecendo, ou seja, que já começou e ainda 
não terminou. Iminente é aquela próxima, prestes a acontecer, e se dá no último momento antes 
da atualidade. Logo, não há legitima defesa de agressões passadas nem de agressões futuras. 
 
Quando houver uma agressão futura e o agente se antecipar com a conduta defensiva, 
lesionando este futuro agressor, fala-se em legítima defesa antecipada. Que não gera exclusão da 
ilicitude, mas sim exclusão da culpabilidade se esta antecipação for a única forma de garantir a 
tutela do bem, ou seja, proteger o bem. 
 
(b) injusta: é toda aquele que não esta autorizada pelo ordenamento, logo, não há legítima defesa de uma conduta justificada 
praticada por alguém que esteja protegido por uma excludente de ilicitude. Não há legítima defesa 
contra estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal, exercício regular de direito, e 
não há legítimadefesa de legítima defesa. (legítima defesa recíproca). Nada impede a legítima 
defesa contra o ataque do inimputável. 
 
(c) bem próprio ou alheio: o agente pode repelir uma injusta agressão praticada contra ele 
mesmo ou contra um terceiro não havendo qualquer requisito para isto. 
 
(d) meios moderados: o agente deverá atuar utilizando apenas o que for estritamente suficiente 
e necessário para fazer cessar a agressão, sendo que fora da moderação haverá o excesso que 
será punido a título de dolo ou culpa. (art. 23, parágrafo único). OBS: nada impede que haja 
legítima defesa do excesso de quem atuando em legítima defesa passa dos limites da moderação 
permitindo assim que o agressor originário se defenda deste excesso que caracteriza uma 
agressão injusta. Legítima defesa sucessiva. 
 
OBS: a legítima defesa putativa, ou seja, virtual é aquela em que o agente pensa que está em situação de 
agressão quando isto não ocorre incidindo assim em erro (erro de tipo permissivo). Não havendo excludente 
de ilicitude. 
 
(c) Estrito cumprimento do dever legal: 
 
Atua licitamente o funcionário público que age cumprindo de forma estrita, dentro dos limites, o dever 
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que lhe foi imposto pelo ordenamento jurídico, pela lei. O policial que dispara lesionando ou matando certo 
meliante só pode fazer isso em legítima defesa própria ou de terceiro porque não atua em estrito 
cumprimento de dever legal. 
 
(d) Exercício regular de direito: 
Age licitamente todo aquele que atua exercendo um direito próprio de forma regular e dentro dos limites 
que a lei lhe outorgou. Ex.: exercício do poder familiar, lesões desportivas, boxe, vale-tudo, intervenção cirúrgica. 
 
 
Ofensáculos ou Ofendiculas: são os meios de defesa previamente colocados para proteção do 
patrimônio, da propriedade, como por exemplo, o caco de vidro, o arame farpado, o cachorro, etc. 
 
Observação: A cerca elétrica embora seja ofendícula para a maioria da doutrina, deve ser vista como legítima defesa preordenada, 
pois é mecanismo com funcionamento capaz de repelir o agressor no momento em que este atua. 
 
(e) Consentimento do ofendido: 
Quando o titular de um bem jurídico disponível autoriza previamente a lesão, afasta-se a ilicitude da 
conduta (causa supralegal de exclusão da ilicitude). Não cabe para crimes contra a vida. Ex.: eutanásia. 
 
Continuar de culpabilidade 
 
 
 
SIMULADO: 
 
1)Prova: FCC - 2007 - MPU – Analista Processual Dentre os elementos do fato típico, NÃO se inclui o resultado. 
 
a-) a ação ou a omissão. 
b-) o dolo ou a culpa. 
c-) a relação de causalidade. 
e) a tipicidade. 
 
 
2) Prova: UEG - NÚCLEO - 2008 - PC-GO - Delegado de Polícia 
 
Sobre o dolo, é CORRETO afirmar: 
 
a-) o dolo direto de segundo grau compreende os meios de ação escolhidos para realizar o fim, incluindo os efeitos secundários 
representados como certos ou necessários, independentemente de serem esses efeitos ou resultados desejados ou indesejados 
pelo autor. 
b-) age com culpa consciente aquele químico que manipula fórmulas para produção de alimentos sem as devidas cautelas relativas à 
contaminação; no entanto, sabedor do perigo, continua a atuar e acaba, desse modo, causando lesão à saúde dos consumidores. 
c-) no dolo de primeiro grau, o agente busca indiretamente a realização do tipo legal. 
d-) o Código Penal pátrio, no artigo 18, inciso I, adotou somente a teoria da vontade. 
 
3)Prova: FAURGS - 2012 - TJ-RS - Analista Judiciário 
 
Sobre a classificação dos delitos como dolosos ou culposos, considere as afirmações abaixo. 
 
I - Diz-se que o crime é doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. 
 
II - O elemento diferenciador entre o dolo eventual e a culpa consciente é a previsão concreta e subjetiva do resultado. 
 
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III - As penas abstratamente previstas para os delitos praticados com dolo direto são mais gravosas do que as previstas para os 
delitos praticados com dolo eventual, porquanto no primeiro caso o agente tem a intenção de produzir o resultado, enquanto que, 
no segundo, o agente apenas assume o risco da sua ocorrência. 
 
IV - O elemento diferenciador entre a culpa consciente e a culpa inconsciente é a previsibilidade objetiva do resultado. 
 
V - O ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio da excepcionalidade do crime culposo. 
 
estão corretas? 
 
 a) Apenas I e II. 
 b) Apenas I e V. 
 c) Apenas III e V. 
 d) Apenas I, II e IV. 
 e) Apenas I, IV e V. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 1) C; 2) Errado; 3) B;

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