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História do Ceará [Casa de Cultura UFC]

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HISTÓRIA DO CEARA – AIRTON DE FARIAS (Mestre em História Social pela UFC, Licenciado em História pela UECE, Bacharel em Direito pela UFC e autor de História do Ceará, História da Sociedade Cearense e Além das Armas).
UNIDADE 1
A CONQUISTA DO LITORAL CEARENSE
	
O povoamento humano do atual território do Ceará começou há milhares de anos, conforme indicam as pesquisas arqueológicas. Há fósseis também no estado, alguns de dinossauros, anteriores à presença dos homens, evidenciando a evolução das espécies e as diferença de clima e vegetação do passado em relação ao presente. Existem igualmente restos de mamíferos gigantes que chegaram a conviver com humanos.
1.1. O Quase Abandono do Siará
No século XVI, o Siará ficou praticamente esquecido por Portugal, devido, sobretudo, à falta de grandes atrativos econômicos – não tinha ouro, prata, especiarias, etc., e suas riquezas (como sal, âmbar-gris, macacos, papagaios, etc.), não eram lá muito lucrativas. Prova do abandono cearense é que o primeiro donatário da capitania, Antônio Cardoso de Barros, nunca veio colonizar suas posses.
A presença do espanhol Vicente Pinzón, em janeiro de 1500, para alguns autores, teria feito do Ceará o “verdadeiro” local do “descobrimento” do Brasil. Há muita controvérsia sobre isso.
Foi apenas no século XVII que Portugal decidiu colonizar o litoral cearense, por razões estratégico-militares: defender a faixa litorânea setentrional do Brasil contra estrangeiros (em particular, os franceses, que chegaram a fundar uma colônia no Maranhão – A “França Equinocial”) e criar no Ceará uma base de apoio logístico que facilitasse a conquista da região norte da colônia (daí a História do Ceará inicialmente girar em torno de “fortes”).
1.2. As Tentativas de Conquista
A primeira tentativa oficial de colonizar do Ceará deu-se em 1603, com Pero Coelho. Na condição de capitão-mor, esse açoriano organizou uma expedição, cujo objetivo era explorar estas terras, combater piratas, fazer a paz com os índios e tentar encontrar metais preciosos.
Após combater franceses e índios na Ibiapaba, Pero e seus homens instalaram-se nas margens do rio Ceará, onde foi erguido o Forte de São Tiago (a região foi batizada de Nova Lusitânia). Não encontrando riquezas na região, Pero passou a escravizar os índios. Como estes reagiram, Pero recuou e ergueu o Forte de São Lourenço nas ribeiras do rio Jaguaribe. Mas, como as “hostilidades” indígenas continuavam, sofrendo os pesados efeitos da seca de 1605-07, Pero Coelho viu-se obrigado a deixar o Ceará, indo para o Rio Grande do Norte.
A segunda tentativa de conquistar a terra cearense deu-se com os padres jesuítas Francisco Pinto e Luis Filgueira, em 1607. A catequização e colonização andavam juntas no Brasil – aumentava-se o número de cristãos e garantia-se a posse da terra. Os dois religiosos fizeram praticamente o mesmo percurso de Pero Coelho, indo parar na Ibiapaba. Ali procuraram cristianizar os nativos. Mas os índios lembravam ainda dos maus tratos impostos por Pero Coelho. Assim, os nativos Tocariju atacaram os jesuítas e mataram Francisco Pinto. Luis Filgueira conseguiu escapar, indo para o Rio Grande do Norte.
1.3. Martim Soares Moreno
Outra tentativa de conquista do Ceará deu-se com Martim Soares Moreno.
A primeira vez que Moreno esteve no Ceará foi com a fracassada bandeira de Pero Coelho em 1603. Seis anos depois, em 1609, na condição de tenente do forte dos Reis Magos, já dava combate a traficantes franceses no litoral cearense.
Em 1611, com a ajuda de índios da região, chefiados por Jacaúna, Moreno fundou às margens do rio Ceará o Forte de S. Sebastião. No ano seguinte, apesar de suas pretensões colonizadoras, foi convocado para combater os franceses que haviam fundado a França Equinocial no Maranhão.
Moreno só retornou ao Ceará em 1621, no cargo de capitão-mor. Encontrando o Forte de S. Sebastião praticamente destruído, reconstruiu o possível, também incentivando, sem muito êxito, a pecuária e a cana-de-açúcar.
A falta de recursos e da atenção de Portugal fizeram com que Moreno se retirasse do Ceará em 1631, dirigindo para Pernambuco, onde foi combater os holandeses que então invadiam o Brasil. Anos depois, regressou às terras portuguesas, não vindo mais ao Ceará. Na visão tradicional, tem-se Moreno como “fundador” do Ceará – tanto que é homenageado pelo escritor José de Alencar no livro Iracema.
1.4. Tempos Flamengos
No ano de 1630, os holandeses invadem Pernambuco na pretensão de dominar a região açucareira e de encontrar outras riquezas. Assim, em 1637, tropas flamengas conquistam o forte cearense de São Sebastião. De início, contaram os holandeses com o apoio dos índios. Depois, contudo, a “aliança” se desfez, pois o holandês não se diferenciava do português no mau trato do índio. Revoltados, em 1644, os nativos atacaram e destruíram o fortim, trucidando os holandeses.
Os flamengos retornam em 1649, sob o mando do capitão Matias Beck, em busca de minas de prata. Erguem no monte Marajaitiba, nas margens do riacho Pajeú, o forte de Schoonemborch, em torno do qual, depois, iria espontaneamente surgir a atual cidade de Fortaleza.
Os holandeses ficam no Ceará até 1654, quando retiram-se em virtude de sua derrota em Pernambuco e expulsão do Brasil. Sob a liderança do capitão-mor Álvaro de Azevedo, os portugueses retomam a colonização e mudam o nome do forte para Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
Bom atentar que por esse período o “Siará” esteve submisso a outras entidades administrativas. Entre 1621 e 1656, foi gerenciado pelo Maranhão. De 1656 a 1799, esteve submetido a Pernambuco. Isso atrapalhou o crescimento material da capitania.
Por anos, o “Siará” dos invasores europeus estava restrito ao litoral. Isso, contudo, mudaria a partir da segunda metade do séc. XVII com a conquista dos sertões em função da pecuária.
UNIDADE 2
A CONQUISTA DOS SERTÕES CEARENSES 
– A PECUÁRIA –
A partir da segunda metade do século XVII, deu-se a conquista dos sertões cearenses, em função da pecuária, atividade inicialmente restrita ao litoral de Pernambuco e Bahia (Zona da Mata).
Foram razões que possibilitaram a colonização do interior do “Siará” e do Nordeste: o crescimento populacional da região açucareira (onde inexistia terra para todos os habitantes), o aumento do número de rebanhos bovinos, dificultando ou dando prejuízos para o plantio da cana-de-açúcar (o gado era atividade complementar da cana – fornecia alimentos, força de tração, etc.) e o próprio incentivo do governo português com a Carta Régia de 1701, que proibia a criação de gado a menos de 10 léguas da costa (para que no litoral de Pernambuco e Bahia apenas se cultivasse cana).
A penetração e conquista dos sertões aconteceram por duas rotas: sertão-de-fora, dominada por pernambucanos, vindos pelo litoral, e sertão-de-dentro, dominada por baianos. Tais rotas se confluíram no Ceará, com os colonos ocupando o litoral inicialmente e daí as ribeiras dos rios Jaguaribe e Acaraú.
A terra era obtida através da requisição às autoridades de cartas de sesmarias, o que deu margem a formação dos latifúndios cearenses.
Nesse processo de conquista, a grande vítima foi o índio – exterminado ou expulso para dar espaço aos currais de gado. Outras vezes, os índios eram jogados em aldeamentos, áreas onde eram construídas aldeias artificiais nas quais padres jesuítas os “catequizavam”, “civilizando-os”. O aldeamento também possuía uma função militar – dali, o índio “manso” era levado a combater os índios “selvagens”. Depois, muitas cidades se formaram em torno desses aldeamentos, como Caucaia (antigo aldeamento de N. S. de Caucaia, depois Soure), Pacajus (aldeamento de Paiacu, em seguida chamado monte-mor-velho, Guarani), Messejana (Paupina), Baturité (Monte Mor Novo), Iguatu (Telha), Crato (Miranda), Parangaba (Arronches), etc.
Óbvio que os índios lutaram contra os invasores, como na “Guerra dos Bárbaros”, quando os nativos Janduim, Baiacu, Icó, Anacé,Quixelô, Já- guaribara, Acriú, Canindé, Tremembé, Cariri e outros lutaram por quase 50 anos contra os conquistadores (final do século XVII e início do seguinte). Acabaram derrotados, massacrados ou escravizados. Os remanescentes indígenas que possui hoje o Ceará é o retrato do genocídio e do etnocídio dos quais foram vítimas.
O grande símbolo associado aos sertões (ainda hoje) foi o vaqueiro – mestiço, branco pobre, negro livre ou escravo, índio submetido. Conhecedor da fauna e da flora, cuidava da fazenda quando da ausência do senhor. Não recebia salário – era pago no sistema de “quarteação”.
Na quarteação, o vaqueiro, após trabalhar certo tempo na fazenda (geralmente 4 ou 5 anos), recebia uma cria de cada quatro nascidas anualmente. Assim, com o tempo, poderia o vaqueiro fundar uma fazenda por conta própria (daí por que a condição de vaqueiro era uma situação que muitos desejavam).
Pouco usou-se o negro escravo na pecuária cearense, devido sobretudo ao o alto preço dos africanos (o Ceará sempre foi um local pobre) e à grande oferta de mão-de-obra sertaneja livre, barata e ociosa (as fazendas absorviam poucos braços e existia uma massa populacional “vagabundeando” pelo interior). Usado em pequena escala no pastoreio, o negro foi empregado mais nas atividades domésticas e artesanais.
As fazendas tinham um caráter autônomo e auto-suficiente – eram mundos à parte, onde imperava a vontade dos senhores proprietários, os “nossos primeiros coronéis”. A baixa rentabilidade da pecuária ensejava o uso do couro para a fabricação de utensílios do dia-a-dia sertanejo – chapéus, roupas, bainhas de faca, botas, etc. Era a chamada “civilização do couro”.
Os rebanhos bovinos cearenses eram conduzidos pelos tangerinos para a venda em Pernambuco, Bahia e, posteriormente, nas Minas Gerais. Percorriam rudes veredas, chamadas de “estradas sertanejas”. Nos cruzamentos de muitas destas, surgiram cidades, como Icó, Quixeramobim e Sobral.
Em pouco tempo, os sertões cearenses estavam conquistados pelos invasores. Para a expansão pastoril, contribuíram: a demanda dos mercados consumidores do litoral açucareiro e da região mineradora, a facilidade na obtenção de sesmarias e de novas terras, o crescimento vegetativo (mas não qualitativo) dos rebanhos, as pastagens abundantes (na época das chuvas), as vastas áreas sertanejas, o caráter salino do solo, a exigência de pouco capital e mão-de-obra na montagem da fazenda e o próprio fato do gado se auto-transportar.
Mas a venda de gado para outras capitanias não era tão lucrativa assim – o gado emagrecia, perdia-se, morria por ataque de feras, era assaltado. Havia ainda o peso dos impostos. Assim, os criadores do gado do litoral passaram, no século XVIII, a vender seus rebanhos na forma de charque (carne seca salgada ao sol), produzido nas oficinas ou charqueadas. O charque, além de seu papel dentro da própria colônia, apresentou destaque também no trafico de escravos entre o Brasil e os centros comerciais de negros em África, especialmente Angola.
UNIDADE 3
OUTRAS ATIVIDADES ECONÔMICAS COLONIAIS
3.1. Charque
Para o desenvolvimento das charqueadas no litoral cearense, contribuíram os ventos constantes e a baixa umidade relativa do ar, a abundância de sal, as barras dos rios acessíveis à navegação de cabotagem da época, o grande rebanho cearense e o próprio fato da técnica salineira não exigir muitos conhecimentos e nem muito investimento.
As oficinas situavam-se na porção litorânea, próximas aos rios, de onde levava-se a carne seca em sumacas a Recife, Salvador e até o Rio de Janeiro – ali seria alimento para pobres e escravos. Assim, destacaram-se como centros charqueadores: Aracati (na foz do rio Jaguaribe), Acaraú, Sobral (rio Acaraú), Granja e Camocim (rio Coreaú).
Em tais oficinas, além de trabalhadores livres não absorvidos pela pecuária, empregou-se mão-de-obra escrava, índia e negra, embora em escala pequena.
O charque traz mudanças socioeconômicas para o Ceará. Verificou-se uma divisão de trabalho na capitania (áreas para criar gado e áreas para charquear), uma maior integração política, cultural e comercial entre sertão e litoral, um crescimento do pequeníssimo mercado interno local, o enriquecimento de um grupo de latifundiários e comerciantes, o crescimento de centros urbanos, como Aracati (o principal núcleo charqueador e mais importante cidade do Ceará até pelo menos a metade do séc. XIX) e uma diversificação de produção (comercialização e até exportação de couro).
Não se sabe quando instalaram-se as primeiras charqueadas cearenses, mas o certo é que essa atividade dominou o comércio cearense por todo o séc. XVIII. 
Contudo, no final do citado século XVIII, o charque local entrou em decadência, devido às calamitosas secas do período (que dizimavam os rebanhos), a concorrência com Rio Grande do Sul, e a atenção que os cearenses passaram a dar ao algodão (que então alcançava bons preços no mercado externo).
3.2. Cotonicultura
O algodão já era cultivado pelos nossos índios antes da invasão portuguesa. Com a colonização, passou a ser cultivado como atividade de subsistência nas fazendas de criar.
Foi a partir do final do século XVIII que se desenvolveu a cotonicultura no Brasil e no Ceará. Isso devido aos bons preços do algodão no mercado internacional e à demanda da Inglaterra, que usava a fibra em suas fábricas têxteis, típicas da primeira fase da Revolução Industrial. Os preços também subiram devido a desorganização da produção dos EUA, que viviam sua Guerra de Independência (década de 1770).
Pela primeira vez o Ceará tinha um produto voltado diretamente para o mercado internacional.
Fatores que favoreceram a cotonicultura no Ceará: o clima quente e a regularidade das chuvas (no sentido de que há uma época certa para o inverno e outra para o verão), a fertilidade dos solos (praticamente virgens), o curto ciclo vegetativo do algodão, a não exigência de muitos investimentos na lavoura (facilidade de cultivo, colheita, beneficiamento, etc.). Com isso, não só latifundiários dedicaram-se à atividade, mas também pequenos proprietários, agregados, moradores e arrendatários.
As principais regiões produtoras, inicialmente, eram os distritos de Fortaleza e Aracati, além das serras de Baturité, Uruburetama, Meruoca, Pereiro e Aratanha.
No algodão cearense, também pouco empregou-se o negro escravo – o curto ciclo vegetativo da fibra tornava desvantajoso o emprego de muitos africanos. Era mais barato usar mulheres e crianças ou a mão-de-obra livre não absorvida no pastoreio.
A cotonicultura e a pecuária acomodaram-se uma à outra, dando origem ao chamado binômio gado-algodão. A rama do algodoeiro servia de alimento ao boi na época da estiagem e o animal adubava os solos com esterco.
A expansão da cotonicultura seria fundamental para separar o Ceará de Pernambuco de 1799; até então, o comércio externo cearense era feito via porto do Recife, o que encarecia o algodão local. Daí a por pressão de autoridades, comerciantes e produtores para a separação cearense (embora continuasse a influência pernambucana).
O comércio de algodão também favoreceu Fortaleza, que passou a crescer a passos largos, superando Aracati (abalada com a crise do charque) e assumindo a condição de principal núcleo urbano cearense na segunda metade do século XIX. Com a separação de Pernambuco, Fortaleza começou a ser dotada de uma infra-estrutura administrativa (porto, estrada, alfândega, etc.), que possibilitou tornar-lhe o grande centro coletor e exportador de algodão do Ceará.
No final do período colonial, devido à recuperação da cotonicultura dos EUA, o algodão e, por conseqüência, o próprio Ceará entraram em crise, o que contribuiu para o envolvimento de cearenses na “Revolução” Pernambucana de 1817 e na Confederação do Equador.
O auge do algodão cearense dar-se-ia na segunda metade do século XIX, beneficiado com a desorganização da produção americana em virtude da Guerra da Secessão(1861-65).
UNIDADE 4
CRIAÇÃO DE VILAS
Em 1699, Portugal autorizou a instalação da primeira vila do Ceará, chamada de São José de Ribamar. Com isso, a metrópole desejava evitar os excessos dos capitães-governadores e ter um maior controle sobre a elite latifundiária, envolvida em lutas por terras e em grandes embates com índios, militares do Forte e religiosos.
Acontece que não houve especificação quanto ao local onde seria erguido o pelourinho (coluna que simbolizava a elevação de uma localidade à condição de vila). Isso deu margem a uma série de atritos entre o capitão-mor governador, padres e os “homens bons” (os latifundiários, que exerciam os cargos de vereadores na Câmara municipal da vila).
Tais disputas pela vila não passavam de uma maneira dos envolvidos tentarem aumentar seus poderes e influência. Assim, por anos, o pelourinho foi deslocado entre o Forte de N. S. da Assunção (no qual residiam militares e religiosos), a Barra do Ceará (a Vila Velha, habitada por mestiços e índios catequizados) e Aquiraz (onde moravam os “homens bons”).
Em 1713, por fim, o pelourinho foi definitivamente instalado em Aquiraz – daí o porquê de muitos historiadores afirmarem que Aquiraz foi a primeira capital do Ceará (mas outros negam esse argumento, lembrando que o poder decisório quase sempre esteve no forte).
No mesmo ano de 1713, contudo, Aquiraz foi atacada pelos índios na “Guerra dos Bárbaros”, quando morreram e saíram feridos muitos dos habitantes. A vila esvaziou, pois quase todos foram procurar a segurança dos canhões da Fortaleza.
Em conseqüência, Fortaleza ganhou status de capital e, em 13 de abril de 1726, foi elevada finalmente à condição de vila. Mas sua importância econômica era muito pequena. Aquele era o período da expansão da pecuária nos sertões. Daí surgirem vilas interioranas em função do pastoreio, como Icó (1738), Aracati (1748), Sobral (1773), Granja (1773) e Quixeramobim (1789). A criação de vila era também uma forma de estimular a produção e de controle sobre a população sertaneja.
Com a expulsão dos padres jesuítas do Brasil, em 1759, os aldeamentos foram transformados em vilas, como foram os casos de Viçosa do Ceará, Caucaia, Parangaba (ainda em 1759), Messejana (1760), Baturité e Crato (1764). Curioso que os “diretores” administradores das vilas indígenas passaram a explorar ou expulsar os nativos, apossando-se das terras destes. Essa espoliação foi oficializada na segunda metade do século XIX, quando o governo provincial passou a declar que “não havia mais índios no Siará”. Dessa forma, os remanescentes indígenas cada vez mais perderam suas terras e até o “direito de existir”. 
UNIDADE 5
O CEARÁ NAS REVOLTAS DO SÉCULO XIX
	
5.1. O Ceará na “Revolução” Pernambucana de 1817
A influência de Pernambuco sobre o Ceará era muito forte. Mesmo com a autonomia político-administrativa obtida em 1799, a capitania cearense continuou ligada econômica, social e politicamente às terras pernambucanas. Some-se a isso, os efeitos da crise econômica e política (seca, decadência do algodão), que também faziam-se presente no Ceará. Assim, a adesão dos cearenses à “revolução” pernambucana de 1817 parecia certa.
Essa “revolução” era influenciada pelas idéias iluministas européias, visando a independência da colônia ante a exploração portuguesa. Teve uma grande participação de religiosos. Os rebeldes conseguiram apoio da Paraíba e do Rio Grande do Norte, mas foram brutalmente derrotados.
A participação cearense na “revolução” foi pequena – a crise do algodão não atingira intensamente ainda a capitania. A elite praticamente não aderiu e as massas não se mobilizaram. Além disso, o governador do Ceará, Inácio de Sampaio, estava pronto para reprimir qualquer movimento contra os interesses da coroa portuguesa.
Somente a família Alencar, na região do Cariri, aderiu ao movimento.
Os Alencar, sob a chefia de Dona Bárbara de Alencar, apoiaram a revolta, obtendo, de início, a neutralidade do capitão do Crato, José Pereira Filgueiras.
José Martiniano de Alencar (jovem seminarista enviado por Pernambuco para “revolucionar” o Ceará), no dia 3 de abril de 1817, em frente à igreja do Crato, proclamou a República. Dali, marchou para o prédio da Câmara Municipal, onde, apoiado por alguns “cabras”, depôs às autoridades monárquicas, soltou os presos e içou uma bandeira branca.
Os rebeldes tomaram ainda a vila de Jardim. Mas, o movimento era frágil, não “sensibilizou” a população. Assim, sem apoio, os rebeldes ficaram isolados.
O movimento foi sufocado 8 dias após o início – 11 de abril de 1817.
Os membros da família Alencar e outros líderes foram presos e enviados para Fortaleza e, depois, Salvador (BA). Em 1821, acabaram anistiados.
O movimento fora sufocado, mas suas causas não. O descontentamento da elite continuaria, o que futuramente provocaria, em 1824, a mais importante mobilização rebelde da região, a Confederação do Equador.
5.2. O Ceará na Confederação do Equador (1824)
Em 1824, estourou em Pernambuco, propagando-se para outras províncias do que hoje é chamado de Nordeste, a Confederação do Equador, um movimento liberal (influenciado pelo Iluminismo, Revolução Francesa e independência dos EUA), separatista (tinha o propósito de separar a região do restante do Brasil) e republicano (desejava proclamar uma República) contra o autoritarismo e centralismo do governo de D. Pedro I (1822-31).
O Ceará, tendo à frente os liberais (chefiado pela família Alencar) aderiu ao movimento devido à influência pernambucana sobre os cearenses, ao descontentamento geral com a crise econômica da região e ao temor dos “patriotas” (liberais) em perder o comando do Ceará para os “corcundas” (conservadores, aliados de D. Pedro I).
A dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 e a outorga da Constituição de 1824 por D. Pedro I provocou protestos no Ceará. Em abril de 1824, os liberais, tendo à frente Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves, depuseram o recém-nomeado presidente da província (e aliado de D. Pedro I) Costa Barros.
Em agosto de 1824 escolheu-se como presidente definitivo da província Tristão Gonçalves, deliberando-se pela anexação do Ceará à Confederação.
A revolta, entretanto, fracassaria – o Ceará foi a última província a se render. Tristão Gonçalves morre em combate. Pereira Filgueiras se rendeu e faleceu em Minas Gerais. Pe. Mororó, Pessoa Anta, Francisco Ibiapina, Feliciano Carapinima e Azevedo Bolão foram julgados, condenados e fuzilados no Campo da Pólvora (Praça dos Mártires/Passeio Público). José Martiniano de Alencar foi perdoado por D. Pedro I e tornou-se aliado da monarquia daí em diante.
 
 5.3. A Sedição de Pinto Madeira
Em 1831, D. Pedro I abdicou ao trono do Brasil, em consequência da oposição movida, sobretudo, pela elite latifundiária. Como o herdeiro, Pedro de Alcântara, tinha apenas 5 anos, até a maioridade deste, o País seria governado por regentes. A fase regencial (1831-40) foi conturbada, com muitas revoltas.
Com a queda de D. Pedro, os liberais moderados, ligados à família Alencar, chegaram ao governo cearense e passam a perseguir um grande desafeto: Pinto Madeira.
Joaquim Pinto Madeira era um coronel de milícias da vila de Jardim, autoritário, absolutista e aliado de D. Pedro I. Perseguido pelos liberais, para escapar às perseguições dos inimigos, Madeira articulou uma revolta, sob o pretexto que pretendia o regresso de D. Pedro ao trono.
A causa principal da revolta, porém, era local e estava nas disputas entre os coronéis de Crato, de tendência liberal, e de Jardim, de tendência absolutista, pelo domínio político do Cariri cearense.
Exércitos formados por sertanejos humildes de Crato e Jardim travaram sangrentos combates, num dos quais faleceria o liberal José Pinto Cidade. O governo provincial cearense, entregue ao presidente José Mariano de Albuquerque, bem como o governo regencial, com o mercenário francês Pedro Labatut, intervieramno confronto contra Pinto Madeira.
Em outubro de 1832, Pinto Madeira rendeu-se. Após vários adiamentos, foi julgado e considerado culpado pelo assassinato do citado José Pinto Cidade – isso por pressão de seu inimigo José Martiniano de Alencar, que então ocupava o governo cearense.
A Pinto Madeira não foi sequer dado o direito de recorrer da decisão, sendo fuzilado no Crato em 1834.
UNIDADE 6
O CEARÁ NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
6.1. Abolicionismo no Ceará
Tradicionalmente considera-se o Ceará como a primeira província do Brasil a abolir a escravidão em 1884. Desde o início da colonização, se verificava a escravidão negra no Ceará. Inexistia tráfico negreiro direto da África para o Ceará. Sempre houve resistência negra contra a escravidão, o que não descartava “negociações de cotidiano”.
Quatro anos antes da Lei Áurea, em 1884, a província “acabou” com o sistema escravista, virando, para os bairristas, “terra da luz”, “berço da liberdade”, etc.
Mas a abolição não veio por “bondade” dos cearenses. Há explicações para essa “precocidade”. Em primeiro lugar, citaríamos o pequeno número de cativos e sua menor influência na economia local – como vimos, a economia cearense, baseada no binômio gado-algodão, não absolvia muita mão-de-obra escrava negra (assim, a abolição não traria muitos abalos para a economia local).
Em segundo, poderíamos falar da pressão da campanha abolicionista. Como no resto do Brasil, ocorreu uma influência marcante da cultura européia sobre os cearenses na segunda metade do século XIX. As ideias de “civilização”, “progresso” e “modernização” do Iluminismo, do positivismo e outros sistemas filosóficos chocavam-se com uma instituição tão brutal como o sistema escravista. Por isso, segmentos das elites e das classes médias fundaram entidades abolicionistas (como a “Sociedade Cearense Libertadora” e o “Centro Abolicionista”), visando o fim do regime servil. Essa campanha abolicionista, contudo, não visava uma ruptura radical, mas ao fim da escravidão de forma “ordeira”, priorizando a compra de cartas de alforria.
Em terceiro, citaríamos o tráfico interprovincial (a venda de escravos do Nordeste para os cafezais do Sudeste), que diminuía ainda mais o número – e o peso econômico – dos escravos locais. Também deve-se mencionar a questão das secas (era inviável um grande número de negros numa área sujeita a secas e, por conseguinte, à fome, à sede, à doenças, etc.) e a atuação dos setores populares que aderiram à ideia abolicionista – o maior exemplo foi Francisco José do Nascimento, o “Dragão do Mar”, que liderou o jangadeiros em vitoriosas greves em 1881, objetivando impedir o embarque de escravos no porto de Fortaleza.
Assim, em janeiro de 1883, Acarape (atual Redenção) passou para a história nacional como o primeiro núcleo urbano a libertar seus negros. Fortaleza deu liberdade a seus cativos em 24 de maio de 1883. Finalmente, a 25 de março de 1884, promulgou-se lei inviabilizando a escravidão na província – embora existam registros de cativos no Ceará em datas posteriores.
6.2. Economia
Na segunda metade do século XIX, o Ceará reproduziu, em escala menor, a expansão da economia brasileira.
O algodão cearense, cultivado comercialmente desde o final do século XVIII, conheceu o apogeu na segunda metade do século XIX, na década de 1860 precisamente – isso porque os preços da fibra atingiram um alto patamar, em virtude da desorganização da produção dos Estados Unidos (principais fornecedores das fábricas inglesas), mergulhados na brutal Guerra da Secessão (1861-65). Essa vultosa produção algodoeira tinha em Fortaleza seu grande centro coletor e exportador. 
Houve igualmente a ampliação das atividades tradicionais (como a pecuária) e a diversificação da pauta de exportação, a exemplo da borracha, açúcar e, com destaque, o café, produto que chegou algumas vezes a superar as exportações de algodão, sendo cultivado em serras como Baturité, Maranguape, Meruoca, Aratanha, Grande, Uruburetama e Araripe.
Ampliam-se os serviços urbanos e de transportes (em 1870, inicia-se a construção da EFB) e o comércio (com a instalação, inclusive, de negocistas estrangeiros). Apesar dessa “modernização”, não se alterou a estrutura sócio-econômica do Ceará, que terminou o século XIX em grave crise desse modelo agro- exportador e comercial.
6.3 A Hegemonia de Fortaleza
A capital cearense assume na segunda metade do século XIX, a condição de principal núcleo econômico, político e social da província, superando Aracati. Para tanto contribuíram: a) os capitais acumulados com o comércio algodoeiro e de outros produtos; b) a centralização política da monarquia brasileira, que concorria para concentrar nas capitais das províncias todo o poder decisório, beneficiando-as com obras – assim, a condição de capital de Fortaleza transformo-a em ponto destacado na recepção de obras e recursos; a) a construção e melhorias de estradas e ferrovias, como a Estrada de Ferro Fortaleza-Baturité (EFB), inaugurada em 1873; d) e a intensa migração rural-urbana, principalmente na época das secas.
O crescimento de Fortaleza se evidencia em seu “aformoseamento”, ofertas de serviços urbanos e adoção de uma infra-estrutura razoável. Passa a ter transporte coletivo por bondes de tração animal, calçamento nas ruas centrais, linhas de telégrafo e de vapor para a Europa e Rio de Janeiro, iluminação à gás carbônico, telefonia, biblioteca pública, bons educandários (como o Liceu e o Colégio Imaculada Conceição), seminário (da Prainha), jornais, etc.
É a chamada Belle Époque. A elite inspirava-se nos valores “civilizados” da Europa – luvas, chapéus, casacos, nomes franceses, idéias do velho mundo. O Passeio Público era local de encontros e paqueras. Os intelectuais reuniam-se nos famosos “cafés” (quiosques) da Praça do Ferreira. Num desses cafés, o Java, em 1892, formaria-se a mais irônica e crítica associação de letrados cearenses, a Padaria Espiritual. Em sua publicação, O Pão, homens como Adolfo Caminha, Antônio Sales, Lopes Filhos, entre outros, criticavam os valores da época, defendiam a cultura popular e, de certo modo, antecipavam a preocupação nacionalista da Semana de Arte Moderna paulista de 1922.
Em 1875, o engenheiro pernambucano Adolfo Herbster elabora um plano urbanístico, objetivando disciplinar a expansão da cidade através do alinhamento de suas ruas e da abertura de novas avenidas.
Os lucros do algodão, no entanto, reduzir-se-iam com a recuperação da cotonicultura norte-americana na década de 1870. Com isso, o Ceará entrou no século XX em difícil situação econômica. Curiosamente, foi o algodão encalhado e os capitais acumulados do comércio que possibilitaram a instalação das pequenas primeiras fábricas têxteis cearenses.
Mas se Fortaleza conhecia algum progresso material, o mesmo não se podia dizer dos sertões, onde imperava ainda a violência, a arbitrariedade e a exploração da massa pelos coronéis latifundiários. Os camponeses sofriam os males da concentração da terra. Grupos de jagunços a serviço de coronéis lutavam por terra e influência política, massacrando inocentes. Imperava a impunidade.
As secas, como a de 1877-80, dizimavam de fome e sede milhares de cearenses, outros muitos morriam nos surtos de varíola. O povo migrava sobretudo para a Amazônia, onde ia explorar os seringais.
Mas os oprimidos reagiram. Um dos meios foi através dos movimentos messiânicos, em que o povo seguia um líder religioso em busca de dignidade, condições de vida melhores e assistência espiritual. Foram líderes messiânicos nordestinos: padre Ibiapina, padre Cícero, beato Zé Lourenço e o líder de Canudos (BA), Antônio Conselheiro.
Outros nordestinos, no entanto, partiam para a violência como meio de escapar da miséria. Formavam grupos de cangaceiros, saqueando, assaltando e amedrontando e todos. O mais famoso líder do cangaço dos sertões foi Virgulino Ferreira, o Lampião, morto apenas em 1938, em Sergipe.
UNIDADE 7
A OLIGARQUIA ACCIOLINA
Por oligarquia acciolina,entendemos o grupo político liderado pelo comendador Nogueira Accioly, que dominou de forma autoritária, nepótica, despótica, corrupta e monolítica o Estado do Ceará, entre 1896 e 1912. Para tanto, foi fundamental a adesão à política dos governadores (um mecanismo de apoio mútuo entre o presidente da república e os governadores dos Estados, levando à formação de oligarquias), o apoio dos coronéis latifundiários, à aliança com fortes grupos econômicos locais, a prática de nepotismo, corrupção eleitoral e repressão às oposições.
No primeiro mandato de Accioly (1896-1900), destacaram-se a corrupção em larga escala e o “caso da vacina”, quando a oligarquia atritou-se com o farmacêutico Rodolfo Teófilo, que criticava o descaso do governo ante um surto da doença.
O governo de Pedro Borges (1900-04), eleito para desmascarar Accioly, acabou sendo uma continuidade da oligarquia. Accioly foi ainda reeleito para dois mandatos, em 1904 e 1908, respectivamente. Isso intensificou as ações dos oposicionistas, integrados por oligarcas dissidentes do esquema governista, por burgueses, pela classe média, por populares e até por coronéis.
Em 1910, chegava à Presidência da República o gaúcho Hermes da Fonseca. Em seu período, verificou-se a ocorrência da chamada “política das salvações”, pela qual militares e classe média promoveram pelo País levantes armados na pretensão de derrubar as oligarquias estaduais e enfraquecer o senador Pinheiro Machado, o homem forte da república. Uma das oligarquias “derrubadas” foi a de Accioly no Ceará.
Assim, para as eleições estaduais de 1912, as oposições cearenses lançaram, dentro da “política das salvações”, a candidatura do tenente-coronel Marcos Franco Rabelo para o governo, enquanto Accioly apontava como seu candidato o manipulável Domingos Carneiro. A campanha foi bastante agitada e violenta, tendo como clímax a repressão do governo à “passeata das crianças”, uma manifestação dos rabelistas, na qual morreram e saíram feridas diversas crianças.
 Em conseqüência, a cidade de Fortaleza rebelou-se, mergulhando numa verdadeira guerra civil (21 a 24 de janeiro de 1912). Para não perder a vida, Accioly aceitou renunciar ao governo cearense. Em seguida, Franco Rabelo foi eleito para governar o Ceará, sendo, porém, deposto dois anos depois, em 1914, na Sedição de Juazeiro.
UNIDADE 8
PADRE CÍCERO
A trajetória de Padre Cícero Romão Batista foi de polêmicas. Praticante de um catolicismo popular, acabou entrando em atrito com a romanização promovida pela alta cúpula da Igreja Católica, isto é, com a política de valorização dos dogmas e da hierarquia católica promovida a partir do final do século XIX pelo Vaticano. Cícero nasceu no Craro-CE, em 1844 e instalou-se em Juazeiro no ano de 1872, ganhando o respeito da comunidade por seu trabalho religioso. Em 1889, obteve destaque por ter realizado um “milagre”, transformando em sangue uma hóstia na boca da beata Maria de Araújo. Tal milagre não foi aceito pela cúpula católica, e Cícero acabou perseguido. Ao contrário de Antônio Conselheiro em Canudos, Pe. Cícero aliou-se aos políticos e oligarcas visando preservar Juazeiro dos inimigos. Para os críticos, ao envolver-se com políticos, virou um “coronel de batinas”. Juazeiro prosperou bastante em função do “milagre”. A atuação política do Padre aumentou com a chegada de Floro Bartolomeu, seu “alter ego”. Cícero e Floro participariam da Sedição de Juazeiro, em 1914, contribuindo para a queda do governador cearense Franco Rabelo. A morte de Floro em 1926 e a Revolução de 30 marcaram a decadência de Cícero. Nos últimos anos de vida, tentou inutilmente recuperar os plenos poderes do sacerdócio. Faleceu em 1934. 
UNIDADE 9
A SEDIÇÃO DE JUAZEIRO (1913-14)
Tal fato liga-se ao fracasso nacional da “política das salvações” – o presidente Hermes da Fonseca, Pinheiro Machado e as oligarquias articularam revoltas armadas nos estados, visando derrubar os governos “salvacionistas” no poder. Assim caiu Franco Rabelo, o “salvador” cearense, eleito em 1912, após o fim da oligarquia acciolina.
Rabelo, inábil, em poucos meses perdeu o apoio de muitos dos políticos que o tinham ajudado a chegar ao poder – daí porque a Assembléia Legislativa tentou, sem êxito, votar o “impeachment” do “salvacionista”.
O governador das “salvações”, contudo, possuía o apoio dos fortalezenses, temerosos da volta de Accioly e da fúria vingativa deste. Diversas vezes, o povo da capital cearense frustrou as pretensões golpistas dos opositores de Franco Rabelo.
Logo, os opositores concluíram que a única forma de acabar com o “salvador” seria com uma revolta vinda do interior para capital. Dessa maneira, com apoio de Hermes da Fonseca, Pinheiro Machado, Nogueira Accioly, João Brígido e outros oligarcas, arquitetaram um plano golpista nos sertões, onde tinham o apoio do deputado Floro Bartolomeu e do padre Cícero Romão Batista, de Juazeiro.
Floro e Cícero haviam sido aliados da oligarquia acciolina, e se constituíram nas figuras centrais da Sedição de Juazeiro. Os oposicionistas convocaram extraordinariamente a Assembléia Legislativa em Juazeiro e cassaram o mandato de Rabelo. Este, de Fortaleza, enviou tropas para aquela cidade caririense, na pretensão de derrotar os golpistas. O povo sertanejo, pensando ser uma agressão ao santo “Padim Ciço”, dirigiu-se a Juazeiro, para lutar numa “guerra santa”.
Os homens de Rabelo cercaram Juazeiro, mas, após alguns meses de combate, acabaram derrotados pelos seguidores de padre Cícero. Os golpistas, então, marcharam sobre Fortaleza e obrigaram Rabelo a renunciar ao governo cearense (antes, o presidente Hermes da Fonseca já havia decretado a intervenção no Estado).
Após a Sedição de Juazeiro, houve um relativo equilíbrio entre as oligarquias cearenses – nenhuma delas dominou sozinha o Estado, sendo o povo reprimido em suas manifestações. Tal quadro se manteria até 1930, quando, com a “Revolução de 30”, houve um reajuste das forças políticas locais.
UNIDADE 10
O CEARÁ NOS ANOS TRINTA
10.1. As Interventorias
Em 1930, Getúlio Vargas chegava à Presidência da República através duma “revolução”. Iniciava-se uma nova era para o País: leis trabalhistas, industrialização de base, centralismo político, etc.
Vitoriosa a “Revolução” de 30, passaram os Estados a serem governados por interventores – indicados por Getúlio e escolhidos entre os tenentes e civis que haviam apoiado o golpe varguista. Queria-se, assim, afastar dos governos estaduais as oligarquias da República Velha e se colocar em prática as medidas centralizadoras da Era Vargas.
No Ceará, após o afastamento das oligarquais da primeira república, foi nomeado interventor o médico Fernandes Távora (1931), que governou por pouco tempo, pois continuou com as práticas políticas do período histórico anterior. Távora, na realidade, era um dissidente das oligarquias “caídas” em 30.
O segundo interventor cearense foi Roberto Carneiro de Mendonça (1931-34), que procurou conciliar os “revolucionários” de 1930 com os oligarcas da Velha República. Em seu período, no ano de 1932, ante fortíssima seca, os cearenses foram enviados para combater a Revolução Constitucionalista de São Paulo. Nessa seca, ergueram-se campos de contração para controlar os flagelados da estiagem.
Em 1933, convocaram-se eleições para uma Assembléia Constituinte, o que ensejou a reorganização dos partidos locais. Os tenentes e liberais apoiadores da “Revolução” de 30 fundaram o Partido Social-Democrático (PSD), enquanto as tradicionais oligarquias, junto com segmentos conservadores da Igreja, reuniram-se na Liga Eleitoral Católica (LEC).
A LEC, por seus vínculos religiosos e apoio dos latifundiários interioranos, obteve enorme penetração no eleitorado cearense. Dessa maneira, essa sigla religiosa elegeu a maioria dos deputados constituintes em 1933. A LEC também apoiava os segmentos fascistas que organizaram por essa época a AIB (Ação Integralista Brasileira) no Ceará.
O terceiro interventor foi FelipeMoreira Lima (1934-35), que realizou uma gestão agitada. Aliado ao PSD, não conseguiu evitar que a LEC vencesse as eleições para deputado estadual de 1934 e elegesse, indiretamente, no ano posterior, o novo governador do estado, Menezes Pimentel. Dessa forma, as antigas oligarquias cearenses da primeira república retomavam o poder.
Menezes Pimentel administrou o Ceará por 10 anos, entre 1935 e 1937, como governador legal, e entre 1937 e 1945, como interventor do Estado Novo. Foi um movimento de muita violência e autoritarismo.
10.2. A Legião Cearense do Trabalho (LCT) 
A Legião Cearense do Trabalho (LCT) foi uma organização operária conservadora, nacionalista, cristã, paternalista, autoritária, corporativista, anticomunista e antiliberal, existente no Ceará entre 1931 e 1937, sendo fundada e liderada pelo tenente Severino Sombra.
Sombra conseguiu muito sucesso com a LCT devido ao baixo grau de organização e politização dos trabalhadores, à política de conciliação do interventor cearense Carneiro de Mendonça e ao apoio da Igreja e da LEC.
O pensamento da LCT e de Sombra estava no livro “Ideal Legionário”. Visava criar um estado centralizado, intervencionista, harmonioso e corporativista, “protegendo” os trabalhadores. Também se destacou na entidade o padre Hélder Câmara (depois, um dos mais importantes líderes da ala progressista da Igreja, falecido em 1999).
Sombra pensava em estender a legião para todo o Brasil. Mas, por apoiar a Revolução Constitucionalista de 1932, foi preso e exilado em Portugal. Depois, a LCT acabou filiando-se à AIB (Ação Integralista Brasileira) de Plínio Salgado, que se tornou rival de Sombra.
Em 1933, Sombra retornou do exílio e, não conseguindo obter a chefia da AIB, abandonou a LCT e fundou no Ceará uma entidade semelhante, a Campanha Legionária. Mas não obteve sucesso devido ao apoio agora prestado pela Igreja aos integralistas, ao surgimento de entidades operárias de esquerda, às disputas com a própria LCT e à lei de sindicalização de Vargas. A Campanha Legionária, a LCT e AIB foram fechadas em 1937, com a implantação da ditadura do Estado Novo.
10.3. O Caldeirão
O Caldeirão foi uma comunidade religiosa e coletiva surgida no Crato sob a liderança do beato Zé Lourenço e destruída em 1936 pelo governo de Menezes Pimentel, com o apoio da Igreja e dos latifundiários.
José Lourenço, paraibano, negro e analfabeto, chegou a Juazeiro por volta de 1890, sendo aconselhado pelo padre Cícero (de quem era seguidor) a se estabelecer na região e a trabalhar com algumas das famílias de romeiros. Arrendou, então, um lote de terra no sítio Baixa D’anta e passou a desenvolver um fenomenal trabalho coletivo, dividindo entre os trabalhadores o produzido. O sítio rapidamente prosperou e começou a chamar a atenção.
Na década de 1920, adversários políticos de padre Cícero e Floro Bartolomeu, na pretensão de atingir estes, espalharam o boato de que as pessoas de Baixa D’anta estavam cultuando a um boi como se fosse santo. Lourenço foi preso, sendo o boi morto. Pouco depois, o novo dono do sítio Baixa D’anta exigiu que o beato e os camponeses deixassem a terra.
Talvez por volta de 1926, padre Cícero acomodou Lourenço e os seguidores deste no sítio Caldeirão, de sua propriedade. O Caldeirão tornou-se um Canudos em dimensões menores. Em busca de uma vida digna e de conforto espiritual, muitos nordestinos foram para lá. Lourenço recebia a todos, e o sítio prosperava num sistema igualitário e coletivo.
O progresso do Caldeirão incomodou as elites, visto que os latifundiários perdiam a mão-de-obra barata que exploravam. Além disso, a Igreja condenava a religião popular praticada na comunidade. Para complicar, o País vivia um clima de histeria anticomunista – Lourenço foi acusado de ser um agente bolchevique!
Como o sítio, após a morte de padre Cícero em 1934, ficou por herança para os padres salesianos, as classes dominantes passaram a difamar ainda mais a comunidade de Lourenço. Em setembro de 1936, a comunidade foi dispersa e o sítio, incendiado numa ação da polícia.
Lourenço e sua gente instalaram-se, então, no alto da Serra do Araripe e reorganizaram uma nova comunidade. Alguns moradores, liderados por Severino Tavares, queriam vingança e, realizando uma emboscada, mataram alguns policiais.
Enviou-se em seguida, em maio de 1937, um grande contingente policial para a Serra do Araripe, massacrando os camponeses (os dados são imprecisos, mas especula-se entre 300 e 1000 mortos).
José Lourenço conseguiu escapar, retornando mesmo depois ao Caldeirão – as autoridades convenceram-se de que ele não participara da emboscada aos policiais. Mas, no final de 1939, retirou-se da terra por nova pressão dos salesianos. Comprou um pequeno sítio, o “União”, em Exu (PE), vivendo em paz até 1946, quando veio a falecer. Seu corpo está enterrado em Juazeiro. 
UNIDADE 11
O CEARÁ NA REPÚBLICA POPULISTA (1945-64)
11.1. A “Redemocratização” de 1945
 Durante o Estado Novo (1937-45), foi o Ceará administrado pelo interventor Menezes Pimentel (que governava já desde 1935), nomeado por Vargas. Nessa fase de autoritarismo, censura, torturas e repressão, as atividades políticas cearenses praticamente inexistiram.
Com o envolvimento do Brasil na II Guerra Mundial (1939-45), montou-se uma base norte-americana em Fortaleza, mudando os hábitos locais e empolgando a população, que realizou diversos atos, manifestos e passeatas contra o nazismo. Ao mesmo tempo, uma intensa propaganda governamental influenciava os sertanejos a migrar para a Amazônia e explorar látex nos seringais da região num “esforço de guerra”. Milhares de cearenses foram para o norte em busca de “tempos novos” – a maioria só encontrou miséria e até mesmo a morte na floresta. Era a “Batalha da Borracha”.
No Ceará, como no restante do Brasil, as manifestações contra o nazismo passaram a criticar igualmente a ditadura getulista. E o Estado Novo caiu como um castelo de areia. O País se “redemocratizava”, marcando-se eleições e formando-se partidos nacionais.
Assim, os opositores ao interventor Menezes Pimentel organizaram a secção local da União Democrática Nacional (UDN), enquanto o interventor fundava o Partido Social Democrático (PSD). Eram agremiações conservadoras, elitistas, sem muito conteúdo ideológico. Também surgiu uma secção do Partido Comunista do Brasil (PCB) – apesar de toda a campanha anticomunista movida pela classe dominante e pela igreja Católica, então chefiada pelo bispo Dom Almeida Lustosa.
Da mesma forma, organizou-se o Partido Social Progressista (PSP), chefiado por Olavo Oliveira, que pelo menos na década de 50, atuaria como “fiel da balança” nas disputas eleitorais cearenses.
A demissão de Menezes Pimentel da interventoria local e a coligação entre PSP e UDN deram aos udenistas a vitória nas eleições de 1947, elegendo o governador Faustino Albuquerque.
11.2. A Fragilidade das Elites
A novidade no pós-45 foi a existência de partidos nacionais (até então os partidos eram estaduais), o que, porém, não evitou especificidades políticas locais. No Ceará, havia outro complicador do jogo político: a histórica fragilidade estrutural das elites cearenses, em virtude da econômica precária (baseada na exportação agrícola e no comércio), em virtude do estado ser uma região pobre, de solos ruins e castigada por secas periódicas, além da própria divisão interna das camadas dominantes.
Essa fragilidade fica clara quando se percebe que no período 1945-64, nas eleições, o governador não conseguia eleger seu sucessor. Quem ganhava era a oposição (exceção dá-se em 1962, como adiante veremos).
Os dois principais partidos do período, UDN e PSD, alternam-se no poder. Não eram agremiações de forte conteúdo ideológico. Ao contrário, havia dentro desses partidos alas brigando entre si. O que lhes dava um pouco de unidade era o clientelismo, a capacidade de estar no poder, garantir cargos, verbas públicas, privilégios econômicos, etc.
Na UDN tinham-se duas facções:uma do sul do Ceará, liderada por Fernandes Távora, e outra, no norte, chefiada por José Sabóia de Albuquerque, de Sobral.
O PSD, surgido da burocracia do Estado Novo, possuía como maiores líderes Menezes Pimentel, José Martins Rodrigues e Expedito Machado. Um grupo chefiado por Olavo Oliveira deixaria o PSD e formaria o PSP (Partido Social Progressista). Dependendo de quem lhe ofertasse mais vantagens, o “olavismo” ora apoiava a UDN, ora o PSD. Era o “fiel da balança”, capaz de decidir as eleições.
Havia ainda, tendo como maior reduto a capital, o pequeno Partido Republicano (PR), chefiado pelo ex-interventor e prefeito de Fortaleza entre 1947-51 Acrísio Moreira da Rocha, figura carismática, o qual, junto com os irmãos Péricles e Crisanto, representava genuinamente no Ceará o populismo reinante no Brasil. Após a cassação do registro do PCB, em l947, muitos comunistas foram “abrigar-se” no PR.
A partir de mais ou menos 1954, um novo partido iria superar o “olavismo” como “fiel da balança”, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sobre a chefia do rico comerciante Carlos Jereissati – elemento vinculado nacionalmente ao getulismo e a João Goulart.
Foram governadores do Ceará nesse período: Faustino Albuquerque (UDN 1947-51), Raul Barbosa (PSD 1951-54), Paulo Sarasate (UDN 1955-58), Parsifal Barroso (PSB, PTB 1959-63) e Virgílio Távora (UDN- PSD/“União Pelo Ceará” 1963-66).
O único momento em que um governo elegeu seu sucessor foi em 1962, quando, sob as bênçãos do governador Parsifal Barroso, UDN e PSD se coligaram e se formou a chamada “União Pelo Ceará” – coligação de direita das elites, que tinha como candidato Virgílio Távora.
A “União pelo Ceará” foi esmagadoramente triunfante nessas eleições, só perdendo um cargo importante: uma vaga no Senado. O eleito foi exatamente seu adversário maior, Carlos Jereissati (PTB).
Com Távora no governo, teve-se o incremento da “modernização conservadora” cearense, baseada na industrialização (influência direta do “nacional-desenvolvimentismo”). Daí Virgílio ter se esforçado para trazer para o Ceará a energia de Paulo Afonso, atrair indústrias do Sudeste, conseguir recursos da SUDENE, BNB e Governo Federal, criar o Banco do Estado do Ceará (BEC) para facilitar financiamentos e instalar o Primeiro Pólo Industrial, em Maracanaú. Com o golpe de 1964, ocorrem várias prisões de militantes de esquerda e cassações de parlamentares. 
UNIDADE 12 
O CICLO DOS CORONÉIS
O golpe de 1964 ocorreu exatamente um ano após a posse de Virgílio Távora. O coronel ficou então dividido, pois, apesar de criticar as “Reformas de Base” de João Goulart, era seu amigo pessoal e fora dele ministro. Essa aproximação de Távora com Jango fez até com que alguns militares “linha dura” pedissem a cassação do governador. Távora escapou da deposição por sua amizade com Castelo Branco e influência do tio, Juarez Távora, junto aos golpistas. A longo prazo, a Ditadura acabou beneficiando Távora, pois, contando com a amizade do presidente (cearense) Castelo Branco, obteve, além de prestígio político, muitos recursos para seus projetos industrialistas.
As esquerdas buscaram se reorganizar após o Golpe de 64, tendo grande influência junto ao movimento estudantil através do PORT (Partido Operário Revolucionário Trotskista), AP (Ação Popular) e PCdoB. O Partido Comunista do Brasil liderou o movimento estudantil universitário e instalou campos de treinamentos de guerrilheiros visando apoiar a futura guerrilha do Araguaia. ALN (Ação Libertadora Nacional) e PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário) fizeram ações armadas no Ceará.
Na sucessão, contudo, Távora não conseguiu indicar um nome de seu agrado. O quadro político mudara com a instalação do bipartidarismo no país (no Ceará, a ARENA reuniu a maior parte dos políticos da UDN, do PSD e do PSP, enquanto no MDB ingressaram políticos do PTB, das esquerdas e uma ala do PSD, chefiada por José Martins Rodrigues) e com a determinação de eleições indiretas para governador (seria este escolhido pelos deputados estaduais, embora, na prática, apenas se referendasse o nome indicado pelos militares). Paulo Sarasate, amigo de Castelo Branco e ardoroso defensor da “Revolução” de 1964, conseguiu que fosse eleito, para surpresa geral, o obscuro deputado Plácido Aderaldo Castelo, que governa o Estado entre 1966-71.
Em 1971, com as bênçãos do presidente da República, Médici, e a pressão dos militares do Recife, foi indicado para governar o Ceará um tecnocrata, o coronel e engenheiro César Cals de Oliveira, o que não agradou muito Vírgílio Távora, que contava em voltar ao poder. Concomitantemente, dentro da ARENA fortalecia-se o grupo do coronel Adauto Bezerra, figura vinda de uma poderosa família de Juazeiro, ligada ao cultivo de algodão e ao ramo bancário.
Surgiam assim os famosos três “coronéis do Ceará”, todos militares de carreira, Vírgílio Távora, Adauto Bezerra e César Cals, que, nos anos de 1970 e início da década de 1980, dominaram politicamente o Estado. Tinham entre si um acordo (“Acordo dos Coronéis”) que os mantinha na “cúpula” do Estado e “dividia” as bases entre eles, não deixando espaços para o MDB local.
Após a administração de César Cals (1971-75), foi a vez de Adauto Bezerra assumir o poder local, governando entre 1975-78.
No ano de 1979, Virgílio Távora, com o apoio de Geisel, regressou ao governo cearense e consolidou a transição para a “modernidade conservadora”, com obras estruturais e de cunho industrialista, como o sistema Pacoti-Riachão, a energização rural e o término do Distrito Industrial.
Com a “distensão política” e a “abertura democrática” ocorridas no País no final da década de 1970 (a ARENA virou PDS e o MDB, PMDB), o acordo dos coronéis passa a se desestruturar. Em 1982, os três coronéis disputavam acirradamente nos bastidores a indicação de quem seria o novo governador do estado. Ante o impasse, a questão sucessória foi levada ao presidente Figueiredo, que firmou o “Pacto de Brasília”, pelo qual os coronéis dividiriam o Estado entre si, na base dos 33% dos cargos públicos de lo e 2o escalões, além dos cargos executivos. Gonzaga Mota, “um homem neutro” (na prática, ligado a Virgílio Távora), seria o governador, cabendo a Adauto o cargo de vice, a Virgílio, uma vaga no Senado e a César Cals, a prefeitura de Fortaleza. Assim ocorreu nas eleições de 1982.
Mas foi ilusória a vitória dos coronéis. Estes haviam preparado a “modernidade” do estado, mas suas práticas autoritárias e clientelistas ironicamente os enfraqueceriam. Abria-se espaço para novas forças políticas: em 1985, Maria Luiza Fontenelle, do PT, era eleita prefeita de Fortaleza. Em 1986, um grupo de “jovens empresários”, um deles Tasso Jereissati, passaria a governar o Ceará. Eram tempos de “mudanças”.
UNIDADE 13 
A GERAÇÃO CAMBEBA
Em 1986, Tasso Jereissati era eleito governador do Ceará, derrotando os três famosos coronéis do Ceará, Adauto, Vírgílio e César, e inaugurando uma nova etapa política no estado.
Mas tal fato não foi ocasional. Na realidade, enquadra-se dentro de um projeto político burguês-capitalista, com origens no ano de 1978, quando “jovens empresários” assumiram o controle do Centro Industrial Cearense (CIC). Até aquela data, a chefia do CIC era ocupada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FlEC).
Esses “jovens empresários”, como Beni Veras, Tasso Jereissati, Amarílio Macedo, Sérgio Machado e Assis Machado Neto, tornam o CIC um centro de debates e gestam uma candidatura ao governo. Embora tenha o CIC de início mantido boas relações com os coronéis (por exemplo, apoiaram a candidatura de Gonzaga Mota ao governo em 1982), criticavam duramente o excessivo intervencionismo do Estado na economia, a corrupção, o clientelismo e outros problemas da máquina pública, pregando uma gestão “moderna”, (neo) liberal no Ceará e empresarial para “acabar com a miséria”.
A oportunidade para os “jovens empresários” assumirem o governo dar-se-ia em1986. O então governador Gonzaga Mota (PMDB), já rompido com seus “padrinhos políticos” (os coronéis), resolveu apoiar um nome do CIC para concorrer a sua sucessão: Tasso Jereissati. Este, valendo-se do sucesso nacional do Plano Cruzado, da crise e decadência das “velhas” elites chefiadas pelos coronéis e contando com o apoio e simpatia de amplos segmentos sociais (até das esquerdas), derrota o candidato do PFL (dissidente do PDS, atual DEM), coronel Adauto Bezerra.
Encontrando o Estado em lastimável situação financeira, Tasso, sob o lema “Governo das Mudanças”, busca moralizar a máquina pública, diminuindo o nepotismo e o empreguismo – embora achate o salário dos servidores públicos e tenha com estes uma relação de atritos.
Visando dar ao governo uma “gestão técnica”, o “Governo das Mudanças” elimina a intermediação de “políticos profissionais”, sobretudo na primeira gestão (1987-91), o que lhe traz um certo isolamento da sociedade civil e a tacha de autoritário. Em pouco tempo, ganhou forte oposição, mesmo daqueles que o haviam apoiado na eleição (daí o grupo tassista ter deixado o PMDB e entrado no PSDB). O Cambeba (Palácio do Governo e sinônimo dos partidários de Tasso) procurou descredenciar essa oposição chamando-a genericamente de “forças do atraso”, elementos “corporativistas”, pessoas de “interesses contrariados”.
A geração Cambeba procurou a “modernização” da máquina administrativa cearense, ou seja, a promoção de uma “gestão técnica” e pró-capitalismo do Estado, de modo que se buscasse o equilíbrio orçamentário (o que aconteceu principalmente no primeiro mandato de Tasso e na gestão de Ciro Gomes, com a austeridade nos gastos públicos, aumento da arrecadação de tributos, corte de gratificações, eliminação de cargos públicos, achatamento de salários dos servidores, etc.), a eficiência da máquina estatal (por exemplo, com a informatização da burocracia e a qualificação dos servidores públicos), a probidade no trato com a coisa pública (sem privilégios a particulares), o investimento em obras de infra-estruturas (sobretudo a partir do segundo mandato de Tasso, com verbas e empréstimos do governo federal e de órgãos internacionais de desenvolvimento) e os estímulos à indústria e atividade conexas. 
Utilizando também muito “marketing” (um dos estados que mais investe em propaganda no Brasil é o Ceará), a geração Cambeba ganhou a hegemonia política do Estado e projeção nacional, embora as “mudanças” tão propaladas, como a industrialização cearense, venha de décadas, desde os anos 1960, a partir da criação do Banco do Nordeste (1952), da SUDENE (1959) e das administrações do coronel Virgílio Távora (1963-66/1979-82).
O domínio cambebista garantiu a eleição em 1990 de Ciro Gomes ao governo pelo PSDB. Depois, Ciro iria para o PPS, mantendo-se, porém, “fiel” a Tasso. Em 1994, há o retorno de Jereissati ao Executivo cearense. Tasso seria reeleito ainda em 1998. Um dos maiores núcleos de oposição ao Cambeba encontrava-se em Fortaleza, onde nos anos 90 e início do século XXI dominou o grupo político conservador do então prefeito Juraci Magalhães. Na capital também são fortes as esquerdas, tanto que em 2004 o PT conseguiu eleger Luizianne Lins como gestora da cidade.
Apesar das “mudanças” realizadas pelo Cambeba na política e economia do Estado – o PIB cearense cresceu nos últimos anos em média mais que o do restante do Brasil – não houve empenho suficiente para acabar com a pobreza absoluta que impera no Ceará. Ao contrário, o projeto burguês-capitalista do “Governo das Mudanças” não alterou substancialmente a concentração de renda no estado, também uma das maiores do País. O modelo capitalista, neoliberal, urbano e industrialista abandonou quase por completo a agricultura interiorana, salvo as grandes agroindústrias, incrementando a miséria e o êxodo rural.
Esse caos social ajuda a entender a dificuldade tida pelo Cambeba para eleger Lúcio Alcântara governador em 2002, numa dramática e apertada vitória sobre o petista José Airton Cirilo e, por fim, perder o comando cearense em 2006, quando foi eleito Cid Gomes, irmão de Ciro Gomes, para o executivo local. 
O grupo dos Ferreira Gomes conseguiu formar um governo coligando vários agrupamentos político, quase não contanto com oposição institucional. Manteve praticamente o mesmo modelo econômico e administrativo da Geração Cambeba.
Recomendações Bibliográficas
FARIAS, Airton de. História do Ceará – da Pré-história ao Governo Cid Gomes. Fortaleza: Livro Técnico, 2007.
SOUSA, Simone (organizadora). Uma Nova História do Ceará. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2007.
QUESTÕES
01. (UECE) Sobre o processo de ocupação da costa cearense durante o século XVII, pode-se afirmar corretamente:
a) Os portugueses aliaram-se aos indígenas que habitavam essas terras e construíram fortes apenas para defender o centro do comércio do pau-brasil.
b) A presença portuguesa no Ceará tem a ver com a ocupação de Pernambuco pêlos franceses e do Maranhão pelos holandeses.
c) O litoral foi intensamente disputado por índios e forças militares de várias potências européias, e várias fortificações foram construídas por portugueses e holandeses.
d) A conquista do litoral cearense foi empenhada por motivos econômicos, já que o cultivo de cana-de-açúcar estava bastante desenvolvido e o açúcar necessitava ser transportado diretamente para Portugal.
02. Sobre os primeiros tempos da história do Ceará, marque (V) para as afirmações verdadeiras e (F) para as falsas:
a) ( ) O donatário da capitania do Ceará, Antônio Cardoso de Barres, não chegou sequer a tomar posse de sua doação, somente vindo ao Brasil como provedor da fazenda no governo de Tomé de Souza em 1549.
b) ( ) A primeira tentativa de conquista foi efetuada em 1603, pela bandeira dirigida por Pero Coelho de Sousa, por isso ele é considerado o fundador do Ceará.
c) ( ) Não existe relação entre a conquista do Ceará e a luta pela expulsão dos franceses do Maranhão.
d) ( ) Numa visão tradicional, Martim Soares Moreno é considerado o fundador oficial do Ceará. 
e) ( ) A base da fundação de Fortaleza foi criada pelos holandeses, na figura de Matias Beck, que, chegando ao Ceará, construiu o forte de Schoonenborck, ficando este, após a expulsão dos flamengos, sob a direção governamental do capitão-mor Álvaro de Azevedo Barreto.
e) ( ) Os missionários da Companhia de Jesus Francisco Pinto e Luís Filgueira, com "objetivos catequéticos", chegaram às terras do Siará Grande em 1607, mas não foram bem-sucedidos. 
03. (UECE) - “A incorporação do Ceará ao Projeto Colonial Português deu-se de modo tardio, quando comparado à conquista do litoral pernambucano, iniciada ainda na primeira metade do século XVI. As primeiras tentativas de conquista do Ceará só ocorreram no início do século XVII com Pero Coelho de Souza, em 1603. Depois com Martim Soares Moreno e por fim, com holandeses, a mais duradoura. No entanto, as tentativas de conquista ocorridas entre 1603 e 1654 não deixaram marcas importantes”. Fonte: PINHEIRO, Francisco José. Os Povos Nativos do Ceará (uma síntese possível) in: Ceará de Corpo e Alma – um olhar contemporâneo de 53 autores sobre a Terra da Luz – Rio de Janeiro: Relume/Dumará – Fortaleza: Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico), 2002, págs. 21/22.
No que concerne ao processo de ocupação do território cearense é correto afirmar:
I.O processo de anexação e ocupação efetiva da Capitania do Ceará ao Projeto Colonial Português só se efetuou no final do século XVII e início do século XVIII
II.A Capitania do Ceará despertou imediato interesse dos colonizadores portugueses
III.A resistência armada dos povos nativos do território cearense aos colonizadores estendeu-se até o final do século XIX. Marque a opção verdadeira:
A)II e III são falsas 
B)II e III são verdadeiras
C)I e II são verdadeiras
D)I e III são falsas
04. As principais atividades econômicas que modificaram a paisagem do sertão cearense ao longode sua história foram:
A) o cultivo de arroz e a exploração da carnaúba;
B) o cultivo de cana-de-açúcar e de feijão;
C) o cultivo de café e de banana;
D) a pecuária e o cultivo de algodão;
E) a criação de lagosta e o cultivo de milho.
05. (UFC- adaptada) "O couro era o boi. O avanço coloniza dor ganhava terreno financiando currais onde antes somente pisava o índio bravio. E cada curral iria ser uma fazenda, que se garantia juridicamente com a obtenção da sesmaria ou data". (Fonte: GIRÃO, Raimundo. Pequena História cio Ceará. 4" edição. Fortaleza: UFC, 1984, p. 85-86).
Sobre o texto acima, relativo ao período colonial do Ceará, marque (V) se as afirmativas forem verdadeiras e (F) se forem falsas.
a) ( ) O desenvolvimento do Ceará colonial foi propiciado pela expansão das fazendas de gado. 
b) ( ) O Ceará:foi conquistado pêlos donos de frotas que expulsaram os indígenas da região. 
c) ( ) O colono português radicado no Ceará dedicou-se, unicamente, às tarefas relacionadas com as charqueadas.
d) ( ) A única função desempenhada pelos escravos nos engenhos cearenses foi a de vaqueiro. 
e) ( ) O povoamento e a colonização do Ceará relacionam-se, diretamente, com a. atividade pastoril.
f) ( ) O ciclo do couro foi responsável não só pela ocupação dos sertões cearenses, mas também de toda a faixa litorânea do Nordeste. 
06. (UFC- adaptada) Sobre o processo de ocupação do território do atual estado do Ceará:
a) As áreas centrais foram ocupadas economicamente antes do litoral.
b) Os rios Jaguaribe e Acaraú foram os principais caminhos naturais de penetração.
c) A pecuária desenvolveu-se, sobretudo, nas regiões serranas.
d) Os colonizadores no Ceará respeitaram as terras indígenas, evitando exterminar os índios.
e) Os historiadores do Ceará, sem exceção, afirmam que a ocupação do Cariri deu-se como resultado da expansão da Casa da Torre.
07. (UFC) Leia com atenção o texto abaixo e depois responda ao que se pede:
"As secas de 1777-78 e 1790-93 são apresentadas (...) como causa única dos primeiros impasses desenvolvimentistas do criatório do Ceará e pela falência das charqueadas (...). Não deve ser esquecido, porém, que naquele período o Ceará não apenas perdeu parte do rebanho e ganhou um competidor no comércio de carne seca, um outro fato foi acrescido à economia cearense, a partir daí (...)". (Fonte: GIRÃO, Valdelice Carneiro. As oficinas ou charqueadas no Ceará. Fortaleza: Secretaria de Cultura e Desportes, 1984, p. 127).
a) Explique o que eram as charqueadas.
b) Analise o outro elemento responsável pela falência das charqueadas, considerando o contexto histórico.
08. No século XIX, o plantio de algodão no Ceará resultou da:
a) necessidade de abastecer as indústrias têxteis paulistas.
b) demanda gerada pela Revolução Industrial inglesa.
c) necessidade de abastecer as indústrias têxteis nordestinas.
d) necessidade de aproveitar o grande contingente de escravos na agricultura.
 09. (UFC) A indústria têxtil inglesa demandou, no século XIX, quantidades crescentes de algodão. Provedores tradicionais dessa matéria-prima, como a Índia e o Egito, foram substituídos pelos Estados Unidos; mas, na década de 1860, os conflitos entre o norte e o sul desse país interromperam o fornecimento. Nessa década, o algodão se converteu no principal produto das exportações cearenses.
Em relação ao cultivo de algodão no Ceará, em 1860, é correto afirmar que:
A) Realizou-se com a utilização, de forma generalizada, da mão-de-obra escrava.
B) foram trazidos trabalhadores das áreas de seringais decadentes, criando-se o SEMTA, Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores do Amazonas.
C) Foi realizado com parceiros, escravos e trabalhadores livres.
D) Realizou-se a abolição prematura da escravidão, e se ofereceram salários atraentes para os ex-escravos.
E) foi introduzido por imigrantes norte-americanos, provenientes das áreas algodoeiras.
10. (UNIFOR) A economia cearense foi marcada por dois grandes ciclos econômicos: o Ciclo do Gado (séculos XVIII e XIX) e o Ciclo do Algodão (séculos XIX e XX). Marque a alterativa correta
quanto à história econômica do Ceará:
a) O algodão ocupou um papel secundário na economia cearense, muito mais vin-culada à
pecuária. Neste sentido, as conseqüências econômicas do comércio algodoeiro foram quase
imperceptíveis, principalmente em Fortaleza.
b) Com a riqueza do algodão, a cidade de Aracati, com seu porto natural na foz do rio
Jaguaribe, tornou-se a principal cidade cearense.
c) A pecuária extensiva foi a responsável pela ocupação dos sertões do Ceará, principalmente ao
longo dos grandes rios e dos vales úmidos.
d) A cidade de Fortaleza foi o centro da produção pecuarista cearense, tornando-se a “capital do
couro”.
e) A pecuária extensiva cearense localizava-se no litoral, às margens das praias, já que o interior
era muito seco e impróprio para o gado.
11. (UFC) O contato dos indígenas "cearenses" com os invasores europeus contribuiu para:
a) o fortalecimento da identidade étnico-cultural dos indígenas diante da superioridade da cultura européia.
b) a coesão social entre as diversas tribos indígenas através dos aldeamentos.
c) o fortalecimento da cultura indígena dos aldeamentos jesuíticos.
d) o processo de perda da identidade cultural dos indígenas.
e) que os missionários católicos evitassem o genocídio e o etnocídio dos indígenas no Ceará. 
12. (UECE) Leia o texto a seguir. 
“Animados pelo exemplo e fortalecidos pela certeza de mútua assistência, entraram na luta os Baiacus seguidos, mais tarde, pelos Cratiús e Icós cearenses”. “Não obstante batidos e dizimados, os nativos continuaram a resistir corajosamente aos portugueses, fazendo prolongar a campanha de 1713 pelos subseqüentes anos de 1714 e 1715”. (Carlos Studart Filho. Páginas de História e Pré-História. Fortaleza: Editora do Instituto do Ceará, 1966, pp. 63 e 133). 
Assinale a alternativa que apresenta corretamente o conflito ao qual o autor do texto acima se refere. 
A) A Guerra pela Terra, que envolveu os conquistadores portugueses contra nativos cristãos. 
B) A Guerra dos Bárbaros, que envolveu portugueses e seus aliados contra nativos não cristianizados. 
C) A Guerra do Sertão, que envolveu portugueses e nativos católicos contra holandeses e nativos protestantes. 
D) A Guerra entre portugueses e franceses, sendo que os segundos foram auxiliados por nativos que 
eram seus aliados. 
E) A Guerra entre as potências mercantilistas, Portugal e Holanda, sendo que os nativos foram 
insuflados pelos holandeses. 
13. (UFC – Adaptada) “... Os aldeamentos funcionaram frequentemente como acampamentos militares [...] Parangaba. Paupina (atualmente Messejana), Soure (atualmente Caucaia)...
(Fonte: HOORNAERT, Eduardo. Catequese e aldeamentos na história do Ceará. Universidade Aberta. O POVO, 1984). Marque V ou F:
A partir do texto acima, pode-se deduzir que os aldeamentos indígenas no Ceará, tiveram outros objetivos, além da específica evangelização, uma vez que:
a) ( ). tornava-se necessário aos colonizadores controlar os nativos.
b) ( ). utilizavam-se dos indígenas pacificado, para combater os considerados indóceis.
c) ( ). planejava-se o emprego da mão-de-obra indígena em prol da economia pecuária.
d) ( ). idealizava-se educar os índios nos moldes europeus para elevar o nível cultural da região.
14. (UECE) As três vilas mais importantes do Ceará no Período da Pecuária (1720-1790) eram:
A)Aracati, Sobral e Icó
B)Sobral, Icó e Fortaleza
C)Aquiraz, Fortaleza e Icó
D)Icó, Aracati e Fortaleza
15. "Na manhã do dia 11, Pereira Filgueiras, após reunir seus soldados e cercar as principais estradas do Grato, invade a vila, restabelecendo a antiga ordem. Homens armados, cavalos correndo, poeira, ansiedade, medo. Era a repressão. O Capitão-Mor dá vivas a Monarquia e ao Rei, no que é correspondidopêlos cratenses, alguns dos quais há poucos dias "ferozes" republicanos (...) José Martiniano de Alencar é o único que se dispõe a resistir, pateticamente, com uma faca. Inútil. Logo é detido. Oito dias após seu início, a revolução pernambucana e liberal de 1817 no Ceará está derrotada." (FARIAS, Airton de. Senador Alencar. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha. 2000. p, 34).
Sobre a participação cearense na "Revolução" pernambucana de 1817, marque a opção errada. 
a) O movimento de cunho liberal e influenciado pela Revolução Francesa e independência dos EUA propunha a independência do Brasil.
b) Para garantir a adesão cearense, foi enviado de Pernambuco o jovem seminarista José Martiniano de Alencar.
c) A participação cearense foi muito pequena, ficando restrita ao Cariri e à família Alencar, chefiada por D. Bárbara de Alencar. 
d) Os rebeldes cearenses, da mesma forma que os pernambucanos, acabaram fuzilados; em praça pública.
16. (UFC) “Em 26 de agosto foi constituída a República do Ceará, em um Grande Conselho de 405 eleitores formado pelas pessoas economicamente mais expressivas da província com a presença das Câmaras de Fortaleza, Aquiraz e Messejana e representantes das demais comarcas".
      (Maria do Carmo R. Araújo. "A participação do Ceará na Confederação do Equador".In: Simone Souza (coord.). HISTÓRIA DO CEARÁ. 2� ed. Fortaleza. Fundação Demócrito Rocha. 1994, p.152.). 
O texto acima fala de um momento simbólico importante, quando da participação do Ceará na Confederação do Equador. Sobre isto:
a) Responda o que foi a Confederação do Equador.
b) Indique dois aspectos que influenciaram na adesão do Ceará à Confederação do Equador.
17. (UECE) Sobre a Confederação do Equador, é correto afirmar que:
A) como a Balaiada e a Farroupilha, ocorreu no período regencial;
B) foi uma revolta de escravos na Bahia;
C) foi uma revolta ocorrida no sul do Brasil, que acabou com a criação de um novo país: o Uruguai;
D) teve início em Pernambuco e proclamou a independência de várias províncias do Nordeste;
E) foi a maior revolta ocorrida nos primeiros anos da República.
18. (UFC) Leia o texto a seguir.
Ofício da Villa do Crato. Temos presente o Ofício de V. Excelências do primeiro do corrente a
que acompanharam os Decretos da dissolução da Assembléia Constituinte e Legislativa do Brasil
plenamente congregada no Rio de Janeiro [...] e apesar do laconismo que se observa em dito Ofício, ele
veio pôr-nos em perplexidade pelo modo decisivo com que V. Excelências, supremas Autoridades desta
Província, mandam sem mais reflexão (...)
Jornal Diário do Governo do Ceará, 1º de abril de 1824.
A citação acima se refere à dissolução da Assembléia Constituinte, em 1823, fato que se relaciona com a eclosão da Confederação do Equador. Sobre a participação do Ceará nesse movimento revoltoso, assinale a alternativa correta.
A) O Ceará participou da Confederação do Equador porque pretendia romper com a dependência econômica e política em relação a Pernambuco.
B) A província do Ceará almejava se isolar das demais províncias do atual Nordeste: Paraíba,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí e Alagoas.
C) O crescimento da exportação de algodão fez com que os proprietários e comerciantes cearenses lutassem pelos interesses do grupo “corcunda”, aliado de D. Pedro I.
D) O grupo “patriota”, composto por membros da família Alencar, defendia idéias monarquistas para garantir os direitos do Ceará junto ao imperador.
E) A maior parte das elites cearenses aderiu ao movimento levada pelo receio de perder sua autonomia,em decorrência do centralismo político imposto pela Constituição de 1824.
19. (UECE) Os cearenses tomaram parte ativa em importantes acontecimentos da História do Brasil, como a Confederação do Equador ocorrida em 1824, que teve, entre suas causas:
a) as frustrações liberais diante da dissolução da Constituinte, a imposição da Constituição de 1824, agravada pela nomeação de Paes Barreto à Presidência de Pernambuco.
b) a organização do Ministério dos Marqueses, integrado por amigos pessoais do imperador.
c) a questão sucessória do trono português, que provocou violenta reação na população, que temia nossa recolonizarão.
d) o incentivo dado pelo imperador ao Partido Brasileiro, contrariando o interesse da burguesia e militares portugueses.
e) a proclamação da Independência da Cisplatina, descontentando a opinião pública pela perda territorial.
20. Sobre os movimentos insurrecionais em que o Ceará participou no século XIX é falso:
a) A revolução de 1817 tinha caráter emancipacionista e republicano, sendo comandado pela família Alencar, lideres da facção liberal local.
b) Os insurretos de 1817 acabaram fuzilados na Praça dos Mártires por terem participado de uma revolta contra El Rei de Portugal
c) A confederação do Equador visava criar uma república liberal no Nordeste, longe do centralismo de D. Pedro I e das ameaças recolonizadoras de Portugal
d) A influencia pernambucana e o descontentamento dos liberais cearenses com D. Pedro I explicam a adesão da província à Confederação do Equador
e) A sedição de Pinto Madeira não passou de uma disputa entre os coronéis de Crato e Jardim pelo controle do Cariri no contexto da abdicação de Pedro I
21. Sobre a História do Ceará, podemos dizer que:
a) a ocupação holandesa não se refletiu no Ceará.
b) o Ceará participou ativamente das revoluções de 1817 e da Confederação do Equador.
c) o Ceará não participou de nenhum movimento revolucionário liderado por Pernambuco.
d) a ação catequética dos padres jesuítas não se estendeu ao Ceará.
22. (UFC) "A chamada revolução de 1832, liderada por Joaquim Pinto Madeira, coronel que ocupava o posto de comandante de armas do Cariri cearense, melhor seria caracterizada corno revolta, pois não traria mudanças profundas ou substanciais na região em que se produziu" - João Alfredo Montenegro. A respeito do movimento que o texto se refere, analise as seguintes afirmativas e marque a opção correta: 
I. Reunia forças políticas em torno do movimento a favor da restauração de Pedro I. 
II. Caracterizava-se por sua feição liberal à semelhança dos movimentos de 1817 e 1824.
III. Pretendia tão somente alterar a fase política do país com a proclamação da República.
IV. Concorreu para sua eclosão a rivalidade política entre os coronéis do Crato e Jardim que disputavam o domínio político do Cariri.
a) I e IV estão corretas.
b) II e III estão corretas.
c) I e III estão corretas.
d) II e IV estão corretas.
e) III e IV estão corretas.
23. (UFC) Considerando-se a economia do Ceará, na segunda metade do século XIX, podemos afirmar, corretamente:
a) Apesar de o Ceará contar com uma diversidade de produtos do setor primário, estes não figuravam nas exportações.
b) A principal fonte de receita da Província era a exportação de artesanato, principalmente objetos de couro e madeira.
c) O consumo interno de algodão, sobretudo na produção de tecidos grossos para escravos, impossibilita qualquer excedente para exportação. 
d) O charque, produzido inicialmente em Pelotas (RS), logo após sua técnica de produção chegar ao Ceará, passou a figurar na pauta de exportação. 
e) Dentre os produtos de exportação da Província do Ceará figurava o café, que tinha, como principal região produtora a Serra de Baturité.
24. (UFC adaptada). Marque V ou F. A consolidação de Fortaleza como centro político, econômico e administrativo, a partir da segunda metade do século passado, verificou-se por (pelo):
a) ( ) sua condição de centro coletor e exportador de algodão.
b) ( ) sediar os principais serviços da administração pública.
c) ( ) ser a capital da Província e cidade portuária.
d) ( ) ter sido a primeira vila estabelecida no Ceará.
e) ( ) desenvolvimento do comércio exportador.
25. (UFC) A partir do século XVIII, contribuíram para consolidar Fortaleza como principal centro

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