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Apostila Prof. Juarez - Capítulo 4 - INDICADORES DA QUALIDADE DOS GRÃOS

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Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 63
Capítulo
4
 
 
INDICADORES DA QUALIDADE DOS GRÃOS 
 
 
 Juarez de Sousa e Silva 
Pedro Amorim Berbert 
Solenir Rufato 
 Adriano Divino Lima Afonso 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O conceito de teor de água (umidade) tem origem no fato de os grãos serem 
constituídos de substâncias sólidas e de certa quantidade de água retida sob várias 
formas. Para as operações de colheita, secagem e armazenamento, consideram-se que o 
grão é formado apenas por matéria seca e água. Assim, teor de umidade é a quantidade 
relativa de água presente no grão. 
O teor de umidade é considerado o fator mais importante que atua no processo 
de deterioração de grãos armazenados. Mantendo-se este em níveis baixos, os demais 
terão seus efeitos gradualmente diminuídos: menor ataque de microrganismos e 
diminuição da respiração dos grãos. O teor de umidade influencia, acentuadamente, as 
características necessárias aos processos, como colheita, manuseio, secagem, tempo de 
armazenagem, germinação, processamento etc. Portanto, desde a colheita até o 
processamento, é de primordial importância o conhecimento do teor de umidade dos 
produtos. Por exemplo, a compra de um produto com teor de umidade acima do ideal 
representa prejuízo para o comprador, que estará pagando pelo excesso de água, além 
de colocar em risco a qualidade final do produto. A venda com umidade abaixo do ideal 
prejudicará o vendedor, pois ele incorreu em gastos desnecessários com energia para 
secagem e desgastes do equipamento, além de afetar a qualidade do grão. 
Sendo um processo que trata materiais biologicamente ativos, a secagem pode 
ser definida como um método universal de condicionamento de produtos agrícolas 
(grãos em geral) , pela remoção da água a um nível tal que os mantenha em equilíbrio 
com o ambiente de armazenamento, preservando a aparência e a qualidade nutritiva 
para alimentação animal e/ou humana e a viabilidade como semente. 
Muitos consideram os termos "secagem" e "desidratação" como sinônimos. 
Entretanto, a desidratação consiste na remoção de umidade até que o material fique 
completamente seco, ou seja, até que o conteúdo de umidade do material se aproxime de 
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 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 64 
zero (maiores detalhes sobre o assunto serão vistos nos capítulos referentes à teoria e 
aos métodos de secagem). 
Os agentes biológicos que danificam a qualidade e diminuem o peso dos 
produtos armazenados são os roedores, insetos, pássaros e fungos. Em menor escala, a 
respiração também pode contribuir para a perda de matéria seca durante a 
armazenagem. 
 
2. PERDA DE GRÃOS ARMAZENADOS 
 
No Brasil, segundo estudos realizados em 1968 pela Universidade Federal de 
Viçosa, a perda de grãos de milho, como conseqüência da armazenagem inadequada em 
fazendas e unidades armazenadoras chegava a 35 %. Atualmente, com boas técnicas de 
armazenagem que vem sendo adotadas, este valor deve estar abaixo de 20%. Nos 
Estados Unidos, onde as condições favoráveis de clima, facilidades de transporte e 
armazenagem propiciam menor desenvolvimento de pragas, as perdas não são elevadas 
e estão próximos a 5%. Ainda assim, os custos de prevenção e controle dos agentes 
causadores de perdas se aproximam de um bilhão de dólares anuais. 
 
2.1. Considerações Gerais 
 Sementes ou grãos são suscetíveis ao ataque de fungos durante o crescimento, a 
maturação e após a colheita. No armazém, pode também ocorrer o ataque de insetos e 
roedores, que, juntamente com os fungos, causam diminuição do peso, fermentação, 
rancificação e outros processos que alteram as propriedades sensoriais do produto. As 
perdas de produtos provocadas por microrganismos durante o armazenamento 
inadequado podem comprometer a totalidade da massa armazenada. 
Atualmente, os fungos são considerados os principais causadores de danos e 
deterioração nos produtos agrícolas, visto que no combate aos insetos e roedores são 
empregados técnicas mais modernas de controle. 
Os fungos são os maiores agentes causadores de doenças nas plantas cultivadas. 
Aqueles que atacam as sementes ou os grãos são classificados como fungos de campo e 
fungos de armazenamento. 
 
2.2. Fungos de Campo 
São aqueles que atacam os grãos ou as sementes antes da colheita, ou seja, no 
seu período de crescimento e na maturação. Tais fungos requerem, para seu 
crescimento, uma umidade relativa em torno de 90%, o que, para a maioria dos grãos, 
corresponde a um teor de umidade em torno de 25% b.u. Estes microrganismos 
paralisam seu crescimento quando o teor de umidade e a temperatura dos grãos são 
baixos. Os fungos dos gêneros Alternaria, Cladosporium, Fusarium e 
Helminthosporium são os mais comuns. 
 
2.3. Fungos de Armazenamento 
Os fungos ecologicamente denominados fungos de armazenamento são aqueles 
que se desenvolvem em sementes e grãos com teores de umidade abaixo de 17%, ou 
seja, quando possuem teores de umidade em equilíbrio, com umidades relativas na faixa 
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de 65-85%. Estes fungos, principalmente os dos gêneros Aspergillus e Penicillium, não 
se desenvolvem em produtos com teor de umidade superior a 25% b.u. 
Os fungos mais comuns e que causam a deterioração dos grãos armazenados 
são: Aspergillus repens, A. amstetodami, A. ruber, A. restrictus, A. glaucus, A. 
halophilicus, A. candidus, A. ochraceus, A. flavus, A. parasiticus e algumas espécies do 
gênero Penicillium. 
 
2.3.1. Causas do desenvolvimento de fungos 
Como dito anteriormente, os principais fatores que influenciam o 
desenvolvimento dos fungos em produtos armazenados são: teor de umidade, 
temperatura e tempo de armazenagem dos grãos, grau de infestação por fungos no 
campo, presença de material estranho e atividade de insetos e roedores. O fator isolado 
mais importante no desenvolvimento de fungos é o teor de umidade elevado. Na 
realidade, os fungos não são afetados diretamente pelo teor de umidade do produto, mas 
pela umidade relativa de equilíbrio do ar intersticial (veja mais adiante neste capítulo). 
Temperaturas elevadas também favorecem a proliferação dos fungos que se 
desenvolvem melhor em temperaturas entre 10 e 35 oC e umidades relativas elevadas. 
Durante a colheita, os grãos estão sujeitos a impactos mecânicos, que podem 
resultar em rachaduras e quebras que servirão de entrada a fungos e insetos. Em 
condições desfavoráveis, durante a colheita e armazenagem, o teor de umidade do 
produto pode ser alto e suficiente para permitir o desenvolvimento de fungos, 
aquecimento e outros danos à massa de grãos armazenada. Esses danos caracterizam-se 
por descoloração, perda de germinação, aumento do teor de ácidos graxos dos grãos e 
degradação das qualidades nutritivas. O aumento do teor de ácidos graxos em sementes 
é devido, principalmente, ao ataque por fungos. Este aumento constitui também o 
principal sintoma de deterioração das sementes, quando o teor de umidade destas está 
em torno de 14% b.u. 
O processo de respiração envolve a liberação de energia devida à oxidação de 
carboidratos e outros componentes orgânicos. Quando a respiração ocorre rapidamente 
e a produção de calor acontece mais intensamente do que pode ser dissipado, a 
temperatura do produto armazenado sobe e pode aumentar as chances de crescimento 
dos fungos. 
A maior parte,se não todo, do aquecimento acima de 20 oC é causada por 
microrganismo. O desenvolvimento dos fungos diminui quando a umidade relativa 
estiver abaixo de 70% ou quando a temperatura estiver abaixo de 0 oC. 
 
2.3.2. Danos causados por fungos de armazenamento 
Os principais danos provocados pela invasão dos fungos de armazenamento nos 
produtos agrícolas são: diminuição na germinação, descoloração, produção de toxinas, 
aquecimento, transformações bioquímicas, modificações celulares, emboloramento e 
apodrecimento. 
Muitos fungos de campo e de armazenamento produzem substâncias tóxicas que, 
em altas concentrações, podem causar a morte ou comprometer seriamente o 
desenvolvimento dos animais. Estas substâncias são conhecidas como micotoxinas e sua 
produção depende da espécie do fungo e das condições ambientais a que está submetido 
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o produto quando do seu armazenamento. O desenvolvimento prolongado de fungos em 
grãos de milho com elevado teor de umidade, em temperaturas na faixa de 2 a 7 oC , 
pode resultar na formação de grandes quantidades de toxinas. As micotoxinas mais 
comuns e potencialmente mais perigosa são a Aflatoxina, produzida pelo A. flavus, e a 
Ochratoxina, pelo A. ochraceus. 
 
2.3.3. Detecção de fungos 
O isolamento e conhecimento dos fungos de armazenamento que proliferam no 
produto podem fornecer informações a respeito do tipo de deterioração sofrida pelos 
grãos. Uma observação direta sob luz ultravioleta e a mensuração da produção de gás 
carbônico (CO2) podem ser usadas para determinar a perda de qualidade dos grãos e 
predizer o tempo permissível de armazenamento. O TPA é o período máximo de tempo 
que o produto com determinado teor de umidade pode ser armazenado ou mantido sob 
determinadas condições de temperatura e umidade relativa. 
 
2.3.4. Controle 
 As condições do ambiente de armazenamento e a característica do grão 
armazenado influenciam a qualidade final do produto. Um armazenamento seguro 
depende da qualidade do grão armazenado. Para a obtenção de um produto de melhor 
qualidade, os cuidados devem ser iniciados na lavoura, evitando-se a ocorrência de 
danos mecânicos, ataque de insetos no campo e atraso na colheita. Uma pré-secagem 
do produto é de extrema importância, assim como a trilha e o transporte, que devem ser 
executados com equipamentos limpos, para que não se tornem focos de contaminação. 
Independentemente do grau de tecnologia usado para o armazenamento de grãos, 
a limpeza do local onde será armazenado o produto é de fundamental importância. 
Grãos limpos podem ser armazenados por mais tempo, quando comparados com grãos 
contendo impurezas. Adicionalmente, todo cuidado deve ser observado para prevenir o 
ataque de insetos e roedores, o que pode favorecer o desenvolvimento de fungos durante 
o armazenamento. 
O controle dos roedores poderá ser feito pela vedação do armazém e por iscas 
venenosas. Para os insetos poderão ser usados produtos químicos ou o controle da 
temperatura e umidade do produto armazenado. O melhor método para evitar a 
proliferação de fungos em grãos é a secagem destes, em níveis de umidade em que a 
disponibilidade de água não seja suficiente para ser utilizada no desenvolvimento desses 
microrganismos. A combinação baixo teor de umidade e baixas temperaturas é o meio 
mais eficiente para o controle dos fungos durante o armazenamento (Veja aeração de 
grãos). 
O uso da técnica de aeração da massa de grãos para diminuição e manutenção de 
baixas temperaturas é um procedimento de grande valia para o bom armazenamento. 
 
3. INDICADORES DA QUALIDADE 
 
Qualidade de grãos é um termo polêmico. Seu significado depende da finalidade 
ou do uso final do produto. Em situação lógica, é o comprador final que deve 
especificar as características de qualidade do grão de tal maneira que o produtor ou o 
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processador possa fornecer um produto com qualidade a um mínimo custo. Portanto, 
produtor e comprador devem, necessariamente, estar conscientes da importância da 
qualidade para comercialização, pois diferentes compradores de grãos requerem 
propriedades qualitativas diferentes. 
Muitas vezes, os efeitos da secagem artificial sobre composição, valor nutritivo, 
viabilidade e características ideais dos grãos para o processamento industrial não são 
considerados na classificação comercial; de modo geral, para fins comerciais, os grãos 
podem ser classificados de acordo com três ou mais das seguintes características: 
a) teor de umidade; 
b) peso hectolítrico; 
c) porcentagem de grãos quebrados ou danificados; 
d) porcentagem de materiais estranhos e impurezas; 
e) dano por calor ou outros; 
f) suceptibilidade à quebra; 
g) característica de moagem; 
h) teor de proteína; 
i) teor de óleo; 
j) germinação; 
k) presença de insetos; 
l) contagem de fungos; e 
m) tipo do grão e outros. 
 
3.1. Aspectos Relacionados à Secagem 
Estudiosos afirmam que o calor tem efeito definitivo sobre o valor nutricional 
dos grãos. Uma diminuição na qualidade comercial, devido à secagem em elevadas 
temperaturas, nem sempre corresponde a um decréscimo no valor do grão como ração 
animal. Verificou-se que o valor nutritivo do milho, para suínos, não foi reduzido 
quando este produto foi secado à temperatura entre 60 e 104 oC. Já a disponibilidade de 
lisina foi reduzida quando o milho, com teor de umidade a 14 e 23% b.u., foi secado a 
150 e 127 oC, respectivamente. O teor de niacina não foi afetado pela temperatura, mas 
a disponibilidade de pirodoxina foi significativamente reduzida quando, com teor de 
umidade a 14% b.u., o milho foi secado a 160 oC (SILVA 1980). 
Quando a soja para fins industriais é submetida à secagem em camada fixa, a 
temperatura do ar pode atingir 60 oC. Pesquisas mostram que a 88 oC houve redução na 
produção de óleo. A 232 oC, usando um secador de fluxo concorrente, não foram 
observadas alterações na produção e qualidade do óleo. Nos EUA, é comum a utilização 
de temperaturas da ordem de 90 oC para a secagem em indústrias de transformação de 
soja. 
Embora a maioria dos pesquisadores não concorde que as alterações no valor 
nutricional do milho ou da soja sejam devidas às altas temperaturas de secagem, eles 
são unânimes em afirmar que as características físicas e químicas, como consistência, 
conteúdo de energia, palatabilidade, dureza, cor, umidade e teor de proteínas e 
aminoácidos, são afetados pela temperatura de secagem (SILVA 1980). 
 
 
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3.1.1. Densidade 
O peso hectolítrico (veja capítulo 2 – Estrutura, Composição e Propriedades dos 
Grãos) geralmente sofre alterações durante o processo de secagem. A intensidade dessa 
mudança depende do teor de umidade inicial e final do produto, de temperatura de 
secagem, da variedade dos grãos, do tipo e da quantidade de impurezas e intensidade de 
danos. Geralmente, um baixo peso hectolítrico (PH = kg/100L) reduz o valor do milho 
para moagem, independentemente da causa desse baixo valor. 
Sob condições normais, quanto menor o teor de umidade do produto, maior será 
seu peso hectolítrico, com exceção do café em coco, arroz em casca e cevada. A 
secagem excessiva de um produto a temperaturas muito elevadas danificará o material, 
que, conseqüentemente, terá menor peso hectolítrico. A uma mesma faixa de umidade 
final, quantomais alta for a temperatura de secagem, menor será o peso hectolítrico. 
 
3.1.2. Quebrados 
A secagem, unicamente, não aumenta a porcentagem de grãos quebrados. 
Contudo, grãos secados de modo inadequado apresentam maior tendência à quebra 
quando transportados. 
Um dos principais danos sofridos pelos grãos durante o processo de secagem são 
rachaduras no seu interior, sem ocorrência de ruptura em suas camadas mais externas 
(Figura 1). Além da temperatura do ar de secagem, outros fatores podem provocar essa 
maior susceptibilidade à quebra; dentre estes encontram-se o teor de umidade inicial dos 
grãos, o sistema de secagem utilizado e a taxa de resfriamento. Em geral, a 
susceptibilidade à quebra diminui à medida que os grãos submetidos à secagem 
apresentam teores de umidade inicial mais baixos. 
Para secagem em altas temperaturas, um teor de umidade inicial acima de 18% 
b.u. parece provocar aumento significativo na susceptibilidade à quebra. Já a interação 
entre tempo de aquecimento e mudança de umidade dos grãos parece ser o melhor 
indicador da variação na porcentagem de grãos quebrados. 
Estudos relacionando os danos causados durante o transporte à temperatura de 
secagem mostraram que, quanto mais elevada a temperatura do ar, maior a quantidade 
de grãos rachados e partidos e que rachaduras na casca e cotilédones da soja podem 
estar correlacionadas com o teor de umidade inicial dos grãos. Tais danos não ocorrem 
quando a umidade relativa do ar é igual ou superior a 50%. 
Tentativas têm sido feitas para desenvolver equipamentos destinados a prever a 
susceptibilidade dos grãos à quebra. Os equipamentos propostos submetem as amostras 
a esforços preestabelecidos ou a condições de impacto, após os quais é feita a análise da 
amostra. Até o momento, apenas o "Stein Breakage Tester" (Figura 2) é usado para 
avaliar danos mecânicos em amostras de grãos. 
 
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Figura 1 - Semente de milho com o endosperma seriamente danificado. 
 
 
 
Figura 2 – Stein Breakage tester. 
 
3.2. Teor de Água ou Umidade Contida nos Grãos 
Como materiais higroscópicos, os grãos contêm água em estado líquido, que está 
em contato direto com a estrutura celular, porém é facilmente evaporada na presença de 
ar com baixa umidade relativa. Essa água é conhecida como "água livre". Uma outra 
porção de água, denominada água de constituição, também compondo a estrutura 
celular, está quimicamente presa ao material. 
 Durante a secagem, a maior parte da água evaporada é “água livre". Para facilitar 
a compreensão, será considerado aqui que o grão é composto apenas de matéria seca e 
água livre (Figura 3). 
A quantidade de água, ou o teor de água dos grãos, é expressa pela relação entre 
as quantidades de água e matéria seca que compõem o produto. O teor de umidade é o 
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fator de maior importância na prevenção da deterioração do grão durante o 
armazenamento. Mantendo-se baixo o teor de umidade e a temperatura do grão, o 
ataque de microrganismos e a respiração terão seus efeitos minimizados. 
O operador do secador deve estar sempre atento para que, ao final do processo de 
secagem, o produto não perca água em excesso, trazendo problemas no manuseio, no 
beneficiamento e na comercialização. 
O ideal é que se determine o teor de umidade dos grãos antes do processamento. 
Caso o produto esteja com excesso de umidade, deve-se secá-lo até um teor de umidade 
ideal para cada processo. No caso de um produto muito seco, o operador deve usar silos 
com sistema de ventilação para ventilar o produto à noite, de forma que este absorva 
água até atingir o teor de umidade desejado. 
 
 
Figura 3 – Simplificação da composição do grão 
 
3.2.1. Cálculo do teor de água 
Como dito anteriormente, a quantidade de água (teor de umidade) contida nos 
grãos é designada baseando-se no peso da água e geralmente é expressa em 
porcentagem. 
Há dois modos de expressar a umidade contida num produto, ou seja, base úmida 
(b.u.) e base seca (b.s.). 
A umidade contida nos grãos em base úmida é a razão entre o peso da água (Pa) 
presente na amostra e o peso total (Pt) desta amostra: 
 
 U = 100 (Pa / (Pt) eq.1 
 
 t = (Pms + Pa) = peso total eq.2 
 
em que 
U = teor de umidade , % b.u. 
Pa = peso da água; 
Pt = peso total da amostra; e 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 71
 Pms = peso da matéria seca. 
 
A porcentagem de umidade em base seca é determinada pela razão entre o peso 
da água (Pa) e o peso da matéria seca (Pms): 
 
 U’ = 100 ( Pa / Pms) eq.3 
 
em que 
 
U’= teor de umidade, % b.s. 
 
Pelas equações, vê-se claramente que o teor de umidade expresso em base seca é 
numericamente maior do que o teor de umidade em base úmida (U’>U). Isto porque, no 
segundo caso (U’) , com apenas Pms, o denominador é menor do que no primeiro caso 
(U), em que ele representa o peso total do grão (Pa+Pms), e, em ambos os casos, o 
numerador permanece constante, ou seja, representa sempre o peso da água. 
Geralmente a porcentagem em base úmida é usada em designações comerciais e 
no estabelecimento de preços. Por outro lado, o teor de umidade em base seca (decimal) 
é comumente usado em trabalhos de pesquisa e em cálculos específicos. 
 
3.2.1.1. Mudança de base 
Uma tabela de conversão é muito útil e precisa quando se deseja passar da base 
seca para a base úmida e vice-versa, podendo ser construída por meio das seguintes 
equações: 
 
a) Passar de b.u. para b.s. 
 
 U' = [U / (100-U)].100 eq.4 
 em que 
 
U = % b.u. e U'= % b.s. 
 
Exemplo: se U = 13% b.u., qual será o valor de U' ? 
 
 U' = [13 / (100-13)].100 =14.9% ou 0,149 b.s. 
 
b) Passar de b.s. para b.u. 
 
 U =[U' / (100 + U')].100 eq.5 
 
 Exemplo: se U' = 0,13 ou 13% b.s. , qual será o valor de U ? 
 
 U = [13 / (100 +13)].100 = 11,5% b.u. 
 
 Os problemas seguintes ilustram o emprego dos métodos b.u. e b.s. na 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 72 
determinação da umidade contida nos grãos. 
 
Problema no 1 
Para uma tonelada de milho, inicialmente com 25% b.u. (Uo = 0,25 b.u.), 
encontrar a quantidade de água a ser removida durante a secagem para 14% b.u. 
Solução: 
- Método A (usando base úmida) 
Quantidade de água inicial = 0,25 x 1.000 kg = 250 kg 
 
U = Pa/Pt =Pa/(pa +Pms) 
 
 Como a matéria seca permanece constante durante a secagem, tem-se: 
 
Pms = Pt - Pa = 1000 – 250 = 750 kg 
 
Portanto, 
0,14 = Pa / (Pa + 750) ou Pa = 122 kg 
 
Peso de água a ser removido: 
 
Par = 250 – 122=128 kg 
Peso final do produto: 
 Pf = Pms + Pa = 122 + 750 = 872 kgEste resultado poderá ser obtido pela equação 6: 
 
 Pf = Pms [100 / (100 - Uf)] eq.6 
 
 Pms = 1000 - 250 = 750 kg 
 
 Pf = 750 [100 / (100 - 14)]= 872 kg 
 
logo, (1000 - 872) kg =128 kg de água a serem removidos de 1.000 kg de grãos. 
 
- Método B (usando base seca) 
 Primeiramente, faz-se a mudança de base, isto é, 25% b.u. e 14% b.u. 
correspondem, respectivamente, a 33,33% b.s. e 16,28% b.s. A quantidade de água a ser 
removida (AR) é igual ao peso da matéria seca, multiplicado pela diferença entre a 
umidade inicial e final em base seca, dividida por 100, ou seja: 
 
 AR = [750 (33,33 - 16,28)] / 100 = 128 kg 
 
Neste ponto, é possível mostrar a importância do conhecimento correto do teor 
de umidade na comercialização dos produtos agrícolas, uma vez que vultosas somas em 
dinheiro podem estar envolvidas. 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 73
Problema no 2 
Uma unidade armazenadora compra 1.000 toneladas de milho cujo teor de 
umidade é 16% b.u., quando o ideal seria comercializar o produto com 13% b.u. 
Quantas toneladas de água esta unidade armazenadora estaria comprando em 
excesso? 
1o - passo: Para 1.000 toneladas de milho, tem-se: 
 
16% b.u. = (Pa / 1000).100 
 
 Pa =160 toneladas de água ou 840 toneladas de matéria seca. 
 
2o – passo: Para que as mesmas 84o t de matéria seca se encontrassem a 
13% b.u., elas deveriam possuir a seguinte quantidade de água: 
 
13%b.u. =[Pa' / (840+ Pa')].100 
 
 Pa' = 125,5 t. 
 
Portanto, as 1000 t de milho contêm 160 – 125,5 = 34,5 t de água em excesso, 
que estão sendo comercializadas como sendo milho. 
Poderíamos chegar ao mesmo resultado usando seguinte fórmula: 
 
 D =[(Ua - Uc)/ (100 - Uc)].100 eq.7 
em que 
 
D = desconto, em %; 
Ua = umidade atual do produto, % b.u; 
Uc = umidade de comercialização, % b.u; 
 
Substituindo os valores do problema anterior, tem-se 
 
D = [(16 - 13) / (100 - 13)].100 = 3,45% 
 
Assim, se forem comercializadas 1.000 t do produto com 16% de umidade, 
deveriam ser descontadas 34,5 t, relativas à quantidade de água em excesso. 
Deve-se ressaltar que, além do desconto devido ao excesso de água, a unidade 
armazenadora deverá cobrar, em caso de contrato, uma taxa referente à secagem dessa 
água excedente. 
A Tabela 1 fornece os valores médios de umidade para operações de colheita 
e armazenagem para diferentes tipos de grãos, e a Tabela 2 fornece os valores de 
base úmida (%) convertidos em base seca (decimal). 
 
 
 
 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 74 
TABELA 1 - Teores de umidade para colheita mecanizada e armazenagem segura, 
em % b.u. 
 
Máximo Ótimo Comum Armazenagem 
para para após segura Produto 
Colheita Colheita Secagem 1 Ano 5 Anos 
Cevada 23 15 - 17 9 11 10 
Milho 23 20 - 22 11 11 9 - 10 
Arroz 21 17 - 19 11 11 - 12 9 - 11 
Soja - - - 11 - 12 9 - 10 
Sorgo 26 23 - 26 9 11 - 12 9 - 10 
Trigo 23 15 - 17 8 12 - 13 10 - 11 
 
TABELA 2 - Conversão de umidade base úmida (%) para base seca (decimal) 
 
b.u. (%) b.s. b.u. (%) b.s. b.u. (%) b.s. 
8 0,087 15 0,176 22 0,282 
9 0,099 16 0,190 23 0,299 
10 0,111 17 0,200 24 0,316 
11 0,123 18 0,220 25 0,333 
12 0,136 19 0,234 26 0,351 
13 0,150 20 0,250 27 0,370 
14 0,163 21 0,265 28 0,389 
 
 
4. MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE 
 
Há dois grupos de métodos para determinação do teor de umidade de grãos: a) 
diretos ou básicos (estufa, destilação, evaporação, radiação infravermelha) e b) 
indiretos (métodos elétricos, calibrados de acordo com o método-padrão de estufa ou 
outro método direto). 
 
4.1. Métodos Diretos ou Básicos 
Pelos métodos diretos, a massa de água extraída do produto é relacionada com a 
massa de matéria seca (teor de umidade, base seca) ou com a massa total do material 
original (teor de umidade, base úmida). Apesar de serem considerados métodos-padrão, 
os métodos diretos exigem muito tempo e trabalho meticuloso para sua execução. São 
normalmente usados em laboratórios de análise de controle de qualidade. Os principais 
são os métodos da estufa, destilação, evaporação (EDABO) e infravermelho. 
 
4.1.1. Estufa 
A determinação do teor de umidade dos grãos pelo método da estufa (sob pressão 
atmosférica ou a vácuo) é feita com base na secagem de uma amostra de grãos, de 
massa conhecida, calculando-se o teor de umidade através da massa perdida na 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 75
operação de secagem. A razão entre a perda de massa da amostra retirada da estufa e 
sua massa original, multiplicada por 100, fornece o teor de umidade em porcentagem, 
base úmida. 
O tempo de secagem da amostra e a temperatura da estufa são variáveis e 
dependem do tipo e das condições em que se encontra o produto e da estufa utilizada. 
Para utilização do método-padrão, o leitor deve consultar o manual “Regras para 
Análise de Sementes”, editado pelo antigo Ministério da Agricultura e Reforma 
Agrária. 
De um modo geral, quando for necessária a determinação do teor de água dos 
grãos pelo método da estufa sob pressão atmosférica (Figura 4), pode-se usar os 
seguintes critérios: 
 
a) Estufa sob pressão atmosférica 
- Método em uma etapa: pesar pelo menos três amostras de 25 a 30 g do produto 
em pesa-filtros (Figura 4) e colocá-las em estufa a 105oC, por um período de 48 horas. 
Retirar as amostras e colocá-las em um dessecador (Figura 4), até que sua temperatura 
entre em equilíbrio com a temperatura ambiente, pesando-as em seguida. A média das 
massas iniciais menos a média das massas finais das amostras representa a massa média 
da água evaporada. Para uma massa inicial média de 25 g de grãos e uma massa final 
média de 20 g, Ter-se-á: 
Ma = Mi – Mf = 25 - 20 = 5 g 
 
% b.u. = (Ma/Mi )100 = (5/25)100 = 20% b.u. 
 
O tempo de 48 horas, antreriormente mencionado, é um dado prático que varia 
conforme o tipo de grão. Para maiores detalhes sobre o método, recomenda-se 
novamente o manual oficial: Regras para Análise de Sementes. 
 
- Método em duas etapas: é utilizado para grãos com teor de umidade acima de 
13% b.u.: 
1a etapa: colocar amostras com 25 a 30 g de grãos inteiros em estufa a 130 oC, até 
atingir teor de umidade em torno de 13% b.u. Na prática, essa operação leva 
aproximadamente 16 horas. Pesada a amostra, segue-se a segunda etapa. 
2a etapa: a amostra retirada na primeira etapa é moída e separada em 
subamostras de 2 a 3g. Em seguida, as subamostras são mantidas em estufa a 130 oC 
durante uma hora e feita a pesagem conforme explicado anteriormente. 
Para demonstração, segue-se o o exemplo: 
- Peso inicial da amostra = 30 g. 
Na primeira etapa o peso atingiu 24 g, isto é, foram retirados 6 g de água (30 - 
24 = 6 g). 
O peso inicial da amostra devidamente moída é de 3 g para a segunda etapa, e, 
no final da secagem, é de 2,5 g. Assim, a água extraída nesta etapa é 3 - 2,5 = 0,5 g. 
Tanto na primeira como na segunda etapa, é necessário levar as amostras para o 
dessecador, para que atinjam a temperatura ambiente. 
Verifica-se, portanto, que foi perdido 0,5 g para a amostra de 3 g, 
 Capítulo 4Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 76 
correspondente a 24 g na primeira etapa. 
 
Assim, os 24 g teriam perdido: 
 
 3 g ____ 0,5 
24 g ____ X 
 
X=(24 x 0,5 ) / 3= 4 g de água. 
 
Portanto, da amostra inicial com 30 g, foram retirados 10 g de água, isto é, 6 g 
na primeira e 4 g na segunda etapa. Daí, Ter-se-á: 
% b.u. =(10 / 30 ) 100 = 33,3% 
 
 % b.s. = (10 / 20 ) 100 = 50% 
 
 
Figura 3 – Equipamentos necessários para determinação do teor de água pelo 
método de estufa 
 
b) Estufa a vácuo 
As amostras são inicialmente moídas, colocadas em estufa a aproximadamente 
100 oC e mantidas sob pressão de 25 mm de Hg durante aproximadamente cinco horas. 
A seguir, elas são retiradas e, como nos processos anteriores, pesadas após atingirem a 
temperatura ambiente. A perda de peso representará a quantidade de água da amostra. 
Calculando-se como nos casos anteriores, será obtida a porcentagem de umidade. A 
estufa a vácuo não é comumente usada para a determinação de umidade de grãos. 
 
4.1.2. Destilação 
A umidade é removida pela fervura dos grãos em banho de óleo vegetal ou em 
tolueno, cuja temperatura de ebulição é muito superior à da água. O vapor d'água 
Estufa Ventilada 
Dessecador 
Balança para 
Laboratório 
Pesa-filtro 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 77
oriundo da amostra é condensado, recolhido, e seu peso ou volume determinado. 
Há dois métodos de destilação para o caso de grãos: Tolueno e Brown-Duvel. 
 
4.1.2.1. Tolueno 
Inicialmente a amostra é moída, pesada (5 a 20 g) e destilada em tolueno à 
temperatura de aproximadamente 110 oC, até perder toda a água. Na prática, essa 
operação dura cerca de duas horas (Figura 5). Em muitos casos, o tolueno pode ser 
substituído pelo xileno, cujo ponto de ebulição é de aproximadamente 138 oC. Ambos, 
porém, apresentam o inconveniente de serem inflamáveis. 
 
Figura 5 – Esquema do método de destilação em tolueno. 
 
4.1.2.2. Brown-Duvel 
 É um dos métodos-padrão nos Estados Unidos da América. O aparelho pode ser 
constituído por vários módulos e a umidade é determinada pelo processo de destilação. 
Não há necessidade de moer a amostra. É muito semelhante ao método do tolueno, 
porém possui um sistema termométrico que desliga automaticamente a fonte de 
aquecimento. 
O tamanho da amostra, a temperatura e o tempo de exposição variam com o tipo 
de grão. É aconselhável, portanto, consultar o manual do aparelho, antes de executar a 
determinação de umidade. A Figura 6a ilustra o funcionamento deste método. 
A água é removida pelo aquecimento, até o ponto de ebulição, de uma mistura 
de grãos e óleo vegetal. A temperatura de ebulição do óleo é muito superior à da água. 
O vapor d’água oriundo da destilação da amostra é condensado e seu volume 
determinado. 
Considerando a densidade da água como 1,0 g/cm3, a massa da água retirada é 
igual ao volume medido por meio de uma proveta graduada. O Brown Duvel comercial 
(Figuras 6b) possui um sistema termométrico que desliga automaticamente a fonte de 
aquecimento quando o óleo atinge uma temperatura específica para cada tipo de 
produto. 
 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 78 
 
 Figura 6a - Esquema básico do método de destilação. 
 
 
 
Figura 6b - Detalhes de dois modelos comerciais. 
 
4.1.3. Método EDABO 
Apesar dos vários tipos de determinadores de umidade (diretos ou indiretos) 
disponíveis no mercado, eles são, em geral, de custos relativamente altos e muitas das 
vezes os fornecedores não oferecem a devida assistência técnica. Como necessitam de 
aferição ou calibração periódica, e por causa das dificuldades de operação e custo de um 
sistema-padrão, foi desenvolvido o método de determinação EDABO (Evaporação 
Direta da Água em Banho de Óleo), uma variação do método de destilação, de baixo 
custo e de mesma precisão do método-padrão. Na Figura 6, vê-se um esquema 
simplificado do método EDABO, que pode ser construído com os recursos de uma 
carpintaria simples. Caso contrário, pode-se, com utensílios doméstico ou de 
laboratório, termômetro e uma balança com capacidade para pesar 500 g com precisão 
de 0,5 g, ou melhor, montar um sistema EDABO (Figura 7a e 7b). 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 79
Para determinar a umidade por meio do EDABO, o operador deve seguir os 
seguintes passos de acordo com os exemplos a seguir: 
 
Exemplo 1: determinar o teor de umidade de um lote de café. 
Solução 
a) fazer amostragem correta do lote; 
b) pesar 100 g do café e colocar em um recipiente com aproximadamente 10 cm de 
diâmetro e 20 cm de altura, resistente a altas temperaturas, dotado de tampa 
perfurada (tipo ralo), com um furo maior para inserir um termômetro graduado 
até 200 °C; 
c) adicionar óleo de soja até cobrir a camada de grãos; 
d) pesar o recipiente + produto (grãos) + óleo + termômetro e anotar a massa inicial 
(Mi); 
e) aquecer o conjunto, por aproximadamente 15 minutos, até atingir a temperatura 
indicada na Tabela 3 (no caso do café beneficiado, 190oC). A seguir, retirar a 
fonte de calor, esperar que cesse o borbulhamento e, por pesagem, obter a 
massa final (Mf); e 
f) o resultado de Mi - Mf é o teor de umidade em porcentagem, base úmida. 
 
Por exemplo, se Mi = 458,9 g e Mf = 445,4 g; 
Ma = Mi - Mf = 13,5 g, 
 ou seja, o teor de umidade do lote é 13,5% b.u. 
 
 
 
Figura 7 - Esquema básico de um EDABO construído em madeira. 
 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 80 
 
Figura 8a - Esquema de um EDABO para laboratório com chama a gás. 
 
 
Figura 8b - Sistema EDABO para três repetições com chama a álcool. 
 
TABELA 3 - Temperatura para determinação do teor de umidade pelo método 
EDABO 
 
PRODUTO TEMP. PRODUTO TEMP. 
 (oC) (oC) 
Feijão 175 Milho 195 
Arroz em casca 200 Soja 135 
Arroz beneficiado 195 Sorgo 195 
Café em coco 200 Trigo 190 
Café beneficiado 190 
 
 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 81
Exemplo 2: representar, em decimal base seca (b.s.), o teor de umidade encontrado em 
porcentagem base úmida (b.u.) no problema anterior. 
Solução: De acordo com a equação 4 tem-se:: 
U’ (%) = ? 
U (%) = 13,5% 
U’(%) = [13,5/(100-13,5) ] . 100 = 15,6% ou 0,156 b.s. 
 
Clique para ver: vídeo 1 
 
4.1.4. Fontes de erro nos métodos diretos 
Embora às vezes considerados padrões primários ou secundários, os métodos 
diretos de determinação de umidade estão sujeitos a grandes variações. Entre as 
principais variações estão: 
 
- secagem incompleta; 
- oxidação do material; 
- erros de amostragem; 
- erros de pesagem; e 
- erros de observação; 
 
A Figura 8 mostra a variação de peso durante a determinação da umidade por 
um método direto. Podem-se identificar três fases distintas para ilustrar os dois 
primeiros tipos de erros. A primeira fase corresponde àquela em que os grãos perdem 
água gradativamente, enquanto a segunda é o fim da secagem, quando o peso 
permanece constante, porque toda a " água livre" foi removida. 
Prolongando-se o tempo além da segunda fase, novamentecomeça a ocorrer 
uma queda de peso, ou seja, o material começa a oxidar. Se o processo for interrompido 
na primeira ou na terceira fase, incorre-se em erro. Portanto, a interrupção deve 
acontecer na segunda fase, isto é, quando não há variação no peso da amostra. 
Erros de amostragem: a finalidade de uma amostra, como se verá mais adiante, 
consiste em representar uma população ou um lote. Se a amostragem não for efetuada 
segundo técnicas adequadas, o valor obtido não será confiável mesmo utilizando o 
método mais seguro na determinação da umidade. 
Erros de pesagem: a utilização de balanças inadequadas ou imprecisas conduz a 
erros na determinação da umidade. Amostras ainda quentes provocam correntes de 
convecção, prejudicando bastante a precisão da pesagem. 
Para melhor caracterizar o valor da umidade de um produto, a pesagem das 
amostras e a leitura no aparelho devem ser realizadas por uma única pessoa. 
Dependendo do tipo de equipamento, uma leitura situada entre dois valores conhecidos 
dificilmente terá o mesmo valor se for feita por pessoas diferentes. 
 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 82 
 
 
 Figura 8 – Variação no peso da amostra em função do tempo de secagem por 
processos diretos. 
 
4.2. Métodos Indiretos 
Incluem, principalmente, os métodos elétricos. Os equipamentos classificados 
nesta categoria utilizam uma propriedade do grão que varia com o seu teor de umidade e 
são sempre calibrados segundo um método direto adotado como padrão oficial. 
Em razão da rapidez na determinação do teor de umidade, os determinadores 
elétricos ou eletrônicos são usados no controle da secagem, da armazenagem e em 
transações comerciais. Estes equipamentos fornecem o valor do teor de umidade em 
base úmida, ou seja, mostra a relação percentual entre a quantidade de água e a massa 
total da amostra, de acordo com a equação 1. 
 
4.2.1. Método da resistência elétrica 
A condutividade elétrica de um material varia com o seu teor de umidade. No 
caso de grãos, o teor de umidade (U) é inversamente proporcional ao logaritmo da 
resistência que estes oferecem à passagem de uma corrente elétrica. Numa determinada 
faixa, a umidade contida numa amostra de grãos pode ser dada pela equação 8. 
 
 U = K.(1 / log R ) eq.8 
em que 
 
U = teor de umidade; 
K = constante que depende do material; e 
R = resistência elétrica. 
 
O circuito básico usados nos determinadores de umidade com base na resistência 
elétrica e a representação gráfica da relação entre teor de umidade dos grãos e 
resistência elétrica oferecida por eles são mostrados na Figura 9. 
Sabe-se que a resistência elétrica de um material varia de acordo com a 
temperatura e que, ao contrário dos metais, um aumento na temperatura promove 
diminuição da resistência elétrica no carbono. Como os grãos são constituídos 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 83
basicamente desse material, o operador de um determinador com base no princípio da 
resistência elétrica deve tomar alguns cuidados com a temperatura das amostras. 
Temperaturas elevadas poderão induzir a erros (temperatura alta resulta em uma baixa 
resistência elétrica, que por sua vez significa umidade elevada). Assim, torna-se 
necessário fazer a correção da temperatura. 
A resistência elétrica depende da pressão exercida pelos eletrodos sobre a 
amostra de grãos. Quanto maior a pressão exercida sobre os grãos, menor será a 
resistência elétrica que poderá influenciar o valor correto da umidade. Portanto, cada 
tipo de grão, num mesmo aparelho, deverá ser submetido a uma pressão específica (ler o 
catálogo do equipamento). 
Geralmente, os aparelhos comerciais (Figura 10) apresentam melhores 
resultados para amostras com baixo teor de umidade (10 a 20% b. u.). 
 
Figura 9 – Esquema do método da resistência elétrica e sua variação em função do 
teor de umidade. 
 
 
Figura 10 – Medidor de umidade cujo princípio de funcionamento é a resistência 
elétrica dos grãos. 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 84 
Ao usar um equipamento que funcione com base na resistividade elétrica, os 
seguintes pontos devem ser observados: 
 
1. Consultar o manual do equipamento. Cada tipo de grão exige uma técnica 
específica e a leitura não pode ser repetida com uma mesma amostra, pois esta é 
danificada pelo sistema de compressão. 
2. As técnicas de amostragem devem ser seguidas. 
3. Observar freqüentemente o estado de limpeza dos eletrodos. Ao serem 
comprimidos entre eles, os grãos deixam um resíduo que poderá prejudicar as 
determinações subsequentes. 
4. Ajustar periodicamente o sistema de compressão, pois ele está sujeito a 
esforços relativamente elevados e, dependendo do material de fabricação, poderá sofrer 
sérias avarias. 
5. A leitura, em caso de amostras retiradas quentes do secador, poderá ser irreal. 
Para evitar erros, é importante manter os grãos em repouso por algum tempo 
(homogeneização da umidade no interior dos grãos) e esperar que sua temperatura fique 
próxima à temperatura do aparelho. 
6. A leitura, em caso de grãos com superfície molhada por condensação ou que 
foram expostos à chuva, mostrará um teor de umidade acima do real. 
7. Os determinadores de umidade devem ser avaliados periodicamente e, se 
necessário, devem ser novamente calibrados com a utilização de um método direto. 
 
4.2.2. Método do dielétrico 
As propriedades dielétricas dos materiais biológicos dependem, principalmente, 
de seu teor de umidade. A capacidade de um condensador é influenciada pelas 
propriedades dielétricas dos materiais colocados entre suas armaduras ou placas. Assim, 
determinando as variações da capacidade elétrica do condensador, cujo dielétrico é 
representado por uma massa de grãos, pode-se indiretamente determinar seu teor de 
umidade. 
A Figura 11 mostra o esquema básico de determinadores que utilizam as 
propriedades dielétricas dos grãos. A variação da capacidade dielétrica (D) e o teor de 
umidade (U) dos grãos são dados pela equação 9. 
 
 U = D x C eq. 9 
em que 
 
D = dielétrico; 
C = constante que depende do aparelho, do material etc; e 
U = teor de umidade. 
 
Os equipamentos baseados neste princípio (Figuras 12 a,b,c) são rápidos e de fácil 
operação. Ao contrário dos sistemas por resistência elétrica, não danificam as amostras 
de grãos. 
Para usar corretamente um aparelho com base no princípio do dielétrico ou 
capacitivo, o operador deve seguir as seguintes recomendações: 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 85
1. Como alguns aparelhos medem também uma pequena resistência oferecida pelo 
material à passagem de corrente elétrica, eles são considerados mais precisos na 
determinação de teores de umidade mais baixos. Este método permite determinar o teor 
de umidade de grãos recém saídos do secador, porque o efeito da temperatura é menor 
do que aquele observado no método da resistência elétrica. 
2. As técnicas de amostragem devem ser seguidas. 
3. A correção adequada da temperatura é necessária. 
4. A queda da amostra na câmara, sempre que possível, deve ser feita semprea 
partir de uma mesma altura e com bastante cuidado. Existem aparelhos que são 
fabricados com dispositivos automáticos para pesagem e carga de amostras. 
5. Flutuações de voltagem na linha de distribuição podem prejudicar a 
determinação. Portanto, os equipamentos devem ser padronizados freqüentemente, de 
acordo com o manual do equipamento. 
6. Os determinadores de umidade devem ser avaliados periodicamente e, se 
necessário, calibrados por meio de um método direto. 
7. Para cada tipo de grão existe uma tabela específica para determinação do teor 
de umidade. 
8. As instruções do fabricante devem ser seguidas corretamente. 
 
 
Figura 11 – Esquema elétrico básico de um determinador de umidade capacitivo. 
 
 
 
 B (analógico) A (digital) C (com interface para micros) 
 
Figuras 12 - Determinadores de umidade com base nas propriedades dielétricas 
dos grãos. 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 86 
5. TEOR DE UMIDADE DE EQUILÍBRIO 
 
O conceito Teor de Umidade de Equilíbrio é importante porque está diretamente 
relacionado à secagem e armazenagem dos produtos agrícolas e é útil para determinar se 
o produto ganhará ou perderá umidade, segundo as condições de temperatura e umidade 
relativa do ar. Quando a razão da perda de umidade do produto para o ambiente é igual 
à razão do ganho de umidade, o produto está em equilíbrio com o ar ambiente. A 
umidade do produto, quando em equilíbrio com o ambiente, é denominada umidade de 
equilíbrio ou equilíbrio higroscópico. A umidade de equilíbrio é, portanto, a umidade 
que se observa depois que os grãos são expostos por um período de tempo prolongado a 
uma determinada condição ambiental. 
 O teor de umidade de equilíbrio de uma amostra de grãos depende ou é função da 
temperatura, da umidade relativa do ar e das condições físicas do grão. Por exemplo, o 
café em coco, em pergaminho e beneficiado apresenta umidades de equilíbrio 
diferentes. 
A relação entre a umidade de determinado produto e a correspondente umidade 
relativa de equilíbrio, para uma dada temperatura, pode ser expressa por meio de curvas 
(Figura 13a). São curvas denominadas “Isotermas De Equilíbrio", porque os valores 
plotados para cada uma, correspondem à mesma temperatura. Na Figura 13b, pode-se 
observar a representação do fenômeno da histerese, em que se verifica que os valores do 
teor de umidade de equilíbrio são diferentes para quando os grãos ganham água 
(adsorção) e quando perdem água (dessorção). A velocidade de adsorção de água pelo 
grão é muito mais lenta que a velocidade de dessorção, o que faz com que ocorra o 
fenômeno de histerese entre a curva de secagem e o reumedecimento do produto. 
A relação matemática mais empregada para representar as isotermas de equilíbrio 
é dada pela equação 10: 
 
 1 - UR = exp(-C T (Ue)n) eq. 10 
em que 
 
UR - umidade relativa do ar, decimal; 
exp - base do logaritmo neperiano = 2,718; 
T - temperatura absoluta, oK; 
Ue - umidade de equilíbrio, % b.s.; e 
C e n - constantes que dependem do material. 
 
Pela equação 10 e Figura 13a observa-se que: 
- a umidade de equilíbrio é zero para umidade relativa igual a 
 zero; 
- a umidade relativa de equilíbrio aproxima-se de 100 % quando 
 a umidade do produto tende para 100%; e 
- a declividade da curva tende para infinito quando a umidade 
 tende para 100%. 
 
Dentro de certos limites, a equação 10 permite traçar a curva de equilíbrio para 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 87
um mínimo de dois pontos. As constantes para alguns produtos agrícolas já foram 
determinadas e são mostradas na Tabela 4. Na Tabela 5, encontram-se alguns valores de 
umidade de equilíbrio para diferentes produtos a 25oC. 
 Para predizer satisfatoriamente os valores de umidades de equilíbrio para o 
milho e a soja, podem ser usadas as equações 11 e 12, para milho, as equações 13 e 14, 
para soja. 
 
 Ue =7,4776 UR 0,4584/lnTf eq.11 
 
para 0 < UR ≤ 52 % 
 
 Ue =21,2198 exp(0,0146 UR)/lnTf eq.12 
 
 para 52 ≤ UR <100 % 
 
em que 
Ue = umidade de equilíbrio do milho, % b.u.; 
Tf = temperatura do grão, oF; e 
UR = umidade Relativa do ar, %. 
 
 Ue = 3,96 UR 0,492 /lnTf eq.13 
 
 para 0 < UR < 55% 
 
 Ue = 6,21 exp(0,0274 UR)/ lnTf eq.14 
 
para 55 <UR <100 % 
 
em que 
Ue = umidade de equilíbrio da soja, % b.s.; 
UR = umidade relativa do ar, %; e 
Tf = temperatura do grão, oF. 
 
 TABELA 4 – Constantes de equilíbrio para alguns produtos (equação 10). 
 
Produto C n 
Milho 1,98x10-5 1,9 
Sorgo 6,12x10-6 2,31 
Soja 5,76x10-5 1,52 
Trigo 10,06x10-7 3,03 
 
 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 88 
 
Figura 13 a - Isotermas de equilíbrio com T1>T2>T3. 
 
 
Figura 13 b - Fenômeno de histerese. 
 
TABELA 5 - Teor de umidade de equilíbrio (% b.u.) para diversos produtos, a 25oC. 
 
Umidade Relativa (%) Produto 20 40 60 
Café beneficiado 7,0 10,0 12,0 
Milho 7,1 10,0 12,4 
Arroz em casca 6,5 9,4 12,2 
Soja 5,3 6,9 9,7 
Trigo (duro) 7,2 9,9 12,1 
 
A relação entre o valor de Ueq e as condições do ar pode ser também representada 
pela seguinte equação: 
 
 Ue = a – b {ln[-(T+c)ln UR]} eq. 15 
 
Em que: 
a, b e c = constantes que dependem do produto (Tabela 6); 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 89
T = temperatura do ar (oC); 
UR = umidade relativa (decimal); e 
Ue = umidade de equilíbrio (decimal, b.s.). 
 
TABELA 6 - Constantes a, b e c para o cálculo do teor de umidade de equilíbrio de 
grãos, de acordo com a equação 15. 
 
Produto a b c 
Café 0,350 0,058 50,555 
Milho 0,339 0,059 30,205 
Arroz em casca 0,294 0,046 35,703 
Soja 0,416 0,072 100,288 
Trigo (duro) 0,356 0,057 50,998 
 
5.1. Pressão de Vapor x Umidade de Equilíbrio 
Como no ar, o vapor d’água do grão exerce pressões no sentido de ocupar todos 
os espaços vazios em seu interior, e, de modo semelhante, a pressão de vapor d’água do 
produto pode ser determinada pela superposição dos dados de umidade de equilíbrio, no 
gráfico psicrométrico (Figura 14). Assim, a umidade de equilíbrio pode ser usada para 
determinação da pressão de vapor do material. Se a pressão de vapor d’água do grão for 
maior do que a pressão de vapor no ar ambiente, a água será transferida do grão para o 
ambiente (desorção). Inversamente, se a pressão de vapor d’água do grão for menor do 
que a do ar ambiente, a água passará do ambiente para o grão (absorção). 
A pressão de vapor é dada em mbar, Pa ou mmHg, dendo determinada pela 
superposição dos dados de umidade de equilíbrio no gráfico psicrométrico, bastando 
para isto localizar o ponto na curva correspondente à umidade do produto para a 
temperatura emquestão e, em seguida, fazer a leitura da pressão de vapor. Outro 
método para determinar a pressão de vapor d’água do grão consiste em localizar a 
umidade relativa de equilíbrio, para a umidade do produto e temperatura em questão. A 
umidade relativa de equilíbrio é definida como a razão entre pressão de vapor da água 
do grão e a de vapor de saturação para a temperatura especificada. Assim, pode-se 
determinar a pressão de vapor de água no grão como o produto da umidade relativa de 
equilíbrio pela pressão de vapor de saturação, para aquela temperatura. 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 90 
 
 
Figura 14 – Gráfico psicrométrico e curvas de Ue para milho. 
 
 
 
 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 91
5.2. Determinação da Umidade de Equilíbrio 
A determinação da umidade de equilíbrio é feita pela manutenção do produto em 
um ambiente (uma massa de ar) cujas características psicrométricas são conhecidas ou 
preestabelecidas. Dois métodos são usados para determinar a umidade de equilíbrio: o 
método estático (Figura 15), em que o ar e o produto não sofrem movimentação, e o 
método dinâmico (Figura 16), em que o ar e o produto são movimentados 
mecanicamente para acelerar o equilíbrio. 
Apesar de mais usado, o método estático necessita de vários dias ou semanas 
para que a umidade do produto entre em equilíbrio com o ambiente. Neste método, 
pode-se usar soluções salinas saturadas ou soluções ácidas, a diferentes concentrações, 
para manter a umidade relativa desejada sob determinada temperatura. 
Usando o método dinâmico, chega-se mais rapidamente ao valor da Ue. A 
velocidade com que o equilíbrio é atingido vai depender da quantidade de trocas a 
serem feitas para um produto em particular. Neste método, o ar é borbulhado através de 
uma solução ácida ou uma solução salina saturada, que controla a umidade em torno do 
produto. 
Um sistema de acondicionamento de ar ou uma câmara climática podem também 
ser usados. Estes são equipamentos caros e raramente disponíveis em quantidade 
suficiente para realizar testes simultâneos; por isso, o meio químico de controle da 
umidade é geralmente o mais usado. A solução salina saturada mantém praticamente a 
mesma umidade relativa a diferentes temperaturas. 
É mais fácil manter uma solução salina saturada do que tentar manter uma 
solução não-saturada. Isto porque, como a água evapora, a solução permanecerá ainda 
“mais saturada”, mantendo a umidade relativa constante do começo ao fim do 
experimento. 
Solução de ácido sulfúrico não é indicada para o controle da umidade porque 
corrói facilmente as partes metálicas e é menos estável do que a solução salina saturada. 
Os efeitos da variação da temperatura sobre a umidade relativa vão depender do 
produto químico usado, pois, a uma dada concentração, a porcentagem de umidade 
diminui com o aumento da temperatura. 
O tempo necessário para atingir o equilíbrio varia de acordo com a solução e o 
tamanho do recipiente e das amostras. Para obter resultados satisfatórios, é aconselhável 
utilizar amostras de 10 a 15 gramas. Para rápida recuperação da umidade relativa num 
recipiente (Figura 15), depois que a tampa foi removida e recolocada, é necessário que 
a superfície exposta da solução seja a máxima possível. A amostra deve ficar bem acima 
da solução, para evitar seu contato com o produto em caso de uma movimentação 
brusca do sistema. 
 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 92 
 
Figura 15 – Esquema do método estático para determinação da Ue. 
 
Figura 16 – Esquema do método dinâmico para determinação da Ue. 
 
6. CALOR LATENTE 
 
Para utilização na maioria dos processos computacionais ou nas previsões dos 
processos de secagem, o calor latente ou entalpia de vaporização é determinado 
considerando-se a evaporação da água livre, com o uso de tabelas de vapor. O emprego 
desses dados para determinar o calor latente, especialmente quando o produto é colhido 
com baixo teor de umidade, apresenta erros consideráveis. Os dados da umidade de 
equilíbrio podem ser usados como base para determinação do calor latente (método de 
OTHMER). A equação 16 relaciona a pressão de vapor com o calor latente de 
vaporização de duas substâncias (água nos produtos e vapor d'água livre). 
 
 L /L' =(log P2- logP1)/ (log P'2- LogP'1) eq.16 
 
em que L e P representam o calor latente de vaporização da água e a pressão de vapor, 
nos produtos, e L' e P' representam o calor latente e a pressão de vapor da água livre. 
Linhas quase retas são obtidas quando as pressões de vapor dos produtos são 
plotadas na ordenada e a pressão de vapor da água é plotada na abcissa, em papel log-
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 93
log, para cada teor de umidade (b.s.). A inclinação destas linhas, para teores de umidade 
diferentes, dá a razão entre o calor latente de vaporização da água no produto e o da 
água livre. Assim, esta razão (L / L') pode ser expressa em termos de teor de umidade 
quando existem dados de umidade de equilíbrio do produto disponíveis para várias 
temperaturas, como na Tabela 7. 
 
 L / L' = 1 + a e(b.U) eq.17 
 
em que 
 
a e b = constantes que dependem do produto; e 
U = teor de umidade do produto, % b.s. 
 
TABELA 7 – Valores da razão (L/L’) e das constantes (a e b) para trigo, milho e arroz 
a diferentes teores de umidade. 
 
Produto Umidade L/L’ a b 
 
 
Trigo 
5 
10 
15 
20 
 
1,1990 
1,1441 
1,0919 
1,0246 
 
 
0,4813 
 
 
-0.1343 
 
 
Milho 
5 
10 
15 
20 
 
1,3706 
1,2882 
1,2133 
1,1185 
 
 
0,5779 
 
 
-0,0744 
 
 
Arroz 
12 
15 
17 
19 
 
1,1596 
1,0845 
1,0543 
1,0350 
 
 
2,1346 
 
 
-0,2161 
 
 
7. AMOSTRAGEM 
 
A avaliação e a apresentação de uma resposta correta sobre problemas que 
envolvem análises laboratoriais sobre qualidade de grãos baseiam-se nas seguintes 
atividades: preparação da amostra para análise, metodologia laboratorial apropriada ou 
segundo padrões oficiais, apresentação e interpretação de resultados, quando for o caso, 
e retirada de amostras representativas do lote a ser analisado. Apesar de estar citada por 
último e, por questões didáticas, ser apresentada neste ponto, a retirada de uma amostra 
adequada é indispensável para a execução das outras atividades. 
Amostras coletadas incorretamente promoverão distorções de dados e, muitas 
vezes, conseqüências desastrosas. Mesmo quando os métodos de análises e classificação 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 94 
são utilizados corretamente, o uso de amostras tendenciosas invalidará todas as outras 
operações. 
Por exemplo, para determinar a umidade de um lote de grãos, toma-se uma 
amostra (quantidade menor) que represente o lote, visto não ser possível fazer a 
determinação de todo o conjunto. Assim, a técnica de amostragem visa conseguir, 
sempre que possível, uma quantidade do material que, embora pequena, possua todas as 
características médiasdo conjunto. Na determinação do teor de umidade de uma carga 
em sacaria, se a amostra for tirada somente de um saco, na parte superior dessa carga, 
possivelmente ela não será representativa, pois poderá estar influenciada pela chuva, por 
ventos úmidos ou secos etc. 
Portanto, quanto maior a influência do meio de transporte, distância 
transportada, do tipo de embalagem, da origem do produto e do meio ambiente, mais 
apurados devem ser os critérios de retirada de amostras. Em geral, os manuais oficiais 
fornecem os critérios mínimos, e nada impede que critérios extras, no sentido de 
melhorar a representatividade das amostras, sejam adotados. 
 
7.1. Tipos de Amostragens 
Geralmente a comercialização de grãos é feita de três maneiras distintas, segundo os 
sistemas de transportes e embalagens; para isso, deve-se estabelecer o método de 
retirada de amostras: 
- Amostragem de cargas em sacaria: no caso de amostragem de cargas em sacaria, 
recomenda-se retirar amostras de pelo menos 10% dos sacos escolhidos ao acaso, 
sempre representando a expressão média de cada lote e numa porção mínima de 30 
gramas em cada saco. Caso o número de sacos seja inferior a 20, todos os sacos devem 
ser amostrados. Caso a amostragem seja feita em lotes de sacaria, como no caso do 
produto armazenado, deve-se seguir a Tabela 8. 
 
TABELA 8 – Amostragem de sacaria em lotes 
 
N a N a N a 
362-400 20 2402-2500 50 6242-6400 80 
842-900 30 3482-3600 60 7922-8100 90 
1522-
1600 
40 4762-4900 70 9802-10000 100 
a = número de sacos a serem amostrados. 
N = número de sacos por lote 
 
- Amostragem de cargas a granel: em vagões ou caminhões, dependendo do tamanho 
(Figura 17), devem-se retirar, aleatoriamente, no mínimo cinco amostras em diferentes 
pontos, podendo ser retiradas duas em cada extremidade e uma no centro, usando um 
coletor de amostras próprio para o material a granel; 
 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 95
 
 
Figura 17 – Amostragem de carga a granel em caminhões. 
 
Amostragem em transportadores: existem diversos tipos de coletores para 
serem usados durante a descarga, nos transportadores mecânicos (correia, roscas 
transportadoras, elevadores etc.) e transportadores por gravidade, que periodicamente 
retiram uma amostra do material em movimento. O período ou intervalo de coleta é 
determinado em função do tamanho da amostra, que deve ser bem calculado. Para 
transportadores de correias e transportadores por gravidade, o mais simples seria um 
pequeno caneco ou um amostrador por sucção, que, em períodos determinados, retiraria 
uma amostra do produto. 
Para amostragem em parafusos-sem-fim, um alçapão, adaptado na parte inferior 
da tubulação ou calha, abriria a intervalos regulares, permitindo a retirada de pequenas 
quantidades do produto. 
 
7.2. Equipamentos 
Caladores ("Triers"): os caladores são inseridos na sacaria para retirar as 
amostras. Há dois tipos principais e com diferentes tamanhos, podendo ser de corpo 
único ou com corpo de dupla tubulação (Figura 18). 
 
 
Figura 18 – Caladores ou amostradores para sacaria. 
 
Amostradores para caminhões e vagões graneleiros: para vagões ou 
caminhões existe um amostrador com dupla tubulação e orifícios ao longo do coletor de 
amostras; a tubulação interna gira, ora abrindo, ora fechando as aberturas externas. 
Encontram-se no mercado amostradores de até 3 m de comprimento, com diâmetro 
próximo de 4 cm e dotado de pontas, para facilitar a introdução na massa de grãos. Em 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 96 
alguns casos, a tubulação interna é segmentada, com a finalidade de retirar amostras em 
várias profundidades da carga. A Figura 17 detalha este tipo de equipamento. Outra 
característica que pode ser encontrada neste amostrador é a adaptação em forma de um 
"T" na extremidade superior e um helicóide na ponta, facilitando a introdução na massa 
de grãos pela torção, à semelhança de um parafuso. 
 
Amostradores para unidades armazenadoras a granel: neste caso, o principal 
tipo de amostrador consta de um cilindro metálico, cuja capacidade varia de 125 a 254 
g, dotado de uma ponta na extremidade inferior, para facilitar a introdução na massa de 
grãos; na extremidade superior é acoplada uma peça com rosca para encaixe de 
extensões, para diferentes profundidades de amostragem. 
Durante a introdução do coletor na massa de grãos, o cilindro permanece 
fechado. Atingida a profundidade desejada, um pequeno movimento em sentido 
contrário provoca a abertura do cilindro, possibilitando, assim, a coleta da amostra. 
Como a peça acoplada à extensão é presa ao cilindro por um elo metálico, pode-se 
retirá-lo com a amostra desejada (Figura 19). 
Dependendo do teor de umidade dos grãos, é possível coletar amostras com até 8 
m de profundidade. À medida que aumenta a altura da camada de grãos, aumenta 
também a dificuldade de amostragem. Para facilitar a operação, as extensões medem 
cerca de 90 cm de comprimento e possuem roscas nas extremidades. 
Alguns tipos de amostradores possuem termômetros acoplados que permitem, 
também, verificar a temperatura da massa de grãos nos pontos amostrados. 
 
Figura 19 – Amostradores para armazenagem a granel ou em silos. 
 
Alguns tipos de amostradores utilizam princípios pneumáticos (por sucção) para 
coleta de amostras a diferentes profundidades (Figuras 20 e 21). Para retirar uma 
amostra média a diferentes alturas de um mesmo lugar, não é necessária a introdução 
repetida do coletor, pois, ao introduzi-lo uma única vez na massa de grãos, as amostras 
podem ser coletadas a diferentes profundidades. 
Os amostradores pneumáticos são muito criticados, por aspirarem grande 
quantidade de impurezas, mascarando, assim, a avaliação da amostra. 
 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 97
 
Figura 20 – Amostrador pneumático com introdução manual e com extensores. 
 
Figura 21 – Amostrador pneumático com introdução hidráulica. 
 
Clique para ver: vídeo 1 vídeo 2 vídeo 3 vídeo 4 vídeo 5 vídeo 6 
 
Divisor de amostras: quando o tamanho da amostra é relativamente grande, 
retiram-se amostras da amostra, sendo para isso necessário que a original seja 
homogênea. Para isso, empregam-se divisores que, além de dividirem a amostra 
principal em metades, promovem também a homogeneização do material. 
O uso do divisor de amostras é recomendado antes que sejam efetuadas 
quaisquer determinações de umidade ou outro tipo de análise. 
O tipo mais comum é o divisor " Boerner" (Figura 22), que movimenta os grãos 
por gravidade. É um equipamento portátil, composto por uma moega cônica, receptora 
de grãos, com capacidade variável e dotada de uma válvula para controlar o fluxo de 
grãos. Esta moega comunica-se com um cone de expansão, onde os grãos são 
uniformemente distribuídos por uma série de células radiais, que dividem a amostra em 
partes iguais e as depositam em dois recipientes na base do divisor. 
 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 98 
 
 
Figura 22 – Divisor e homogeneizador de amostra “Boerner”. 
 
Clique para ver: vídeo 1 
 
7.3. Formação e Apresentação das Amostras 
A amostra usada para a determinação da qualidade comercial deve refletir 
fielmente todoo lote amostrado. Para isso, é necessário que a amostra a ser analisada 
seja adequada, bem embalada e conservada corretamente. As amostras classificam-se 
em: 
1- Amostra simples: é cada pequena porção de grãos retirados por um 
amostrador, em diferentes pontos da carga. 
2- Amostra composta: é formada pela combinação de todas as amostras 
simples retiradas do lote. Pode ser normalmente maior que o exigido para 
análise, a amostra composta deve ser subdividida. 
3- Amostra média: é aquela que chega ao laboratório em quantidade suficiente 
para as diferentes análises. 
4- Amostra de trabalho: proveniente da redução da amostra média, é usada 
em cada teste a ser realizado. 
5- Amostra subjetiva: é utilizada para quando o material estiver sob suspeita. 
 
7.4. Identificação das Amostras 
Primeiramente, devem ser utilizadas embalagens que garantam uma 
identificação segura e conservação perfeita das amostras. As embalagens podem ou não 
ser herméticas, dependendo do tipo de análise a ser feita. Por exemplo, se a amostra for 
usada na determinação da umidade, ela deverá ser acondicionada em embalagem 
impermeável. 
As embalagens devem possuir etiquetas de identificação, onde constem, no 
mínimo, as seguintes anotações: número da amostra, identificação do lote (número, 
quantidade, natureza e acondicionamento), nome do proprietário do lote, responsável 
pela coleta da amostra/data e local da amostragem, como mostrado a seguir. 
 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 99
 
 
Amostra: 
Identificação do lote: 
Número: 
Quantidade: 
Natureza: 
Acondicionamento: 
Nome do proprietário do lote: 
Responsável: 
Data: 
 
 8. AFERIÇÃO E CALIBRAÇÃO DE DETERMINADORES DE UMIDADE 
 
Uma das maiores dificuldades encontradas para a adoção e utilização 
generalizada dos determinadores de umidade por meio de medidores elétricos e 
eletrônicos é o fato de serem equipamentos importados, ou cópias destes, produzidos 
sob licenciamento, caros e não possuem escalas calibradas para alguns tipos de grãos 
produzidos no Brasil. Outro problema encontrado se refere à credibilidade nos 
resultados quando o equipamento apresenta algum tipo de desajuste devido a fatores 
operacionais, ambiente de armazenamento ou alguma falha no sistema de alimentação, 
dentre outros. Assim, torna-se necessária uma aferição e, em alguns casos, uma 
calibração da escala reserva ou uma escala específica para determinar a umidade de um 
tipo de grão em particular. 
Mesmo obedecendo a todos os critérios operacionais indicados pelo fabricante, 
dificilmente serão obtidos resultados semelhantes quando houver diferenças 
significativas na composição química e nas características físicas entre determinadas 
variedades de uma mesma categoria de grãos. Como exemplo, pode ser citado o caso do 
feijão e do arroz, que apresentam grande variabilidade entre classes. 
Além de acarretar problemas durante todas as fases do pré-processamento, uma 
medição incorreta do teor de umidade implicará em perdas financeiras e de 
credibilidade do pessoal responsável pelo setor de classificação de uma empresa. Por 
tudo isso ou por um possível desajuste do equipamento, exigem-se avaliações que 
permitam maior confiabilidade nos dados. Para tal, sugere-se que, periodicamente, o 
operador faça medições de amostras com teores de umidade conhecidos e com o mesmo 
tipo de grão a ser trabalhado. Constatados desvios absolutos superiores a 0,5 ponto 
percentual, deve-se providenciar um ajuste ou uma nova calibração do equipamento em 
uma instituição especializada. 
 
8.1. Métodos de Calibração de uma Escala de um Determinador Indireto de 
 Umidade 
Nos equipamentos em que a determinação de umidade é feita de forma indireta, 
há necessidade de uma de calibração para cada tipo de produto segindo o seguinte 
roteiro: 
a) determinar o tamanho e o número de amostras necessários, segundo as 
 Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
 Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 100 
características do equipamento; 
b) estabelecer a faixa de umidade desejada para calibração; 
c) preparar material, embalagem e condições de armazenagem; 
d) estabelecer e preparar as condições laboratoriais; 
e) determinar o teor de umidade por meio de um método-padrão; 
f) determinar a equação de correlação ou tabelas, usando dados de umidade 
obtidos com o equipamento e com o método-padrão; e 
g) calcular o fator de correção devido à temperatura. 
 
No preparo do material na faixa de umidade desejada, deve-se ter o cuidado de 
utilizar grãos colhidos e trilhados manualmente. O material original deve ser divido em 
lotes e secado à sombra ou com ar a baixas temperaturas, na faixa de umidade desejada. 
Por exemplo, se for estabelecida uma escala para a faixa de 10 a 20% de umidade, seria 
conveniente estabelecer lotes com a umidade entre 8 e 22% com variação aproximada 
de dois pontos percentuais. 
Uma equação de correlação, por meio de um método estatístico, deve ser 
estabelecida com os valores determinados pelo equipamento cuja escala se quer calibrar 
e pelo método-padrão adotado. Caso estes pontos sejam plotados num sistema de 
coordenadas (valores lidos na escala x teor de umidade-padrão) e caracterizarem uma 
reta, por exemplo (equação 18 ), os valores a e b da equação podem ser facilmente 
obtidos do diagrama traçado. 
 
 Y = ax + b eq.18 
 
8.2. Equipamentos Necessários 
Além de uma sala com temperatura e umidade relativa controladas em torno de 
20oC e 60%, respectivamente, os seguintes materiais são necessários: 
- manual de instrução do equipamento; 
- determinador de umidade; 
- um método oficial para determinar o teor de umidade real, como estufa, destilador ou 
outros, com os respectivos acessórios; 
- balança com precisão mínima de 0,5 g; 
- termômetros; 
- refrigerador; 
- produto limpo, manualmente colhido e trilhado e com diferentes teores de umidade; e 
- embalagens. 
 
8.3. Calibração 
Antes de iniciar a calibração propriamente dita, o operador deverá observar as 
técnicas de amostragem e conhecer e manejar corretamente o equipamento cuja escala 
será calibrada. Instruções mais completas poderão ser fornecidas pelo fabricante do 
equipamento. Além disso, os seguintes procedimentos deverão ser observados: 
 
- para calibrar uma escala qualquer, ou uma escala reserva (alguns equipamentos 
apresentam uma escala e que não é definida para um determinado tipo de grão), devem 
Capítulo 4 Indicadores de Qualidade 
Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas 101
ser feitas, pelo menos, cinco determinações para cada teor de umidade; 
- para evitar erros grosseiros e para facilidade de cálculos, todas as amostras em teste 
devem ser conservadas em temperatura constante durante as determinações de 
umidade, exceto aquelas destinadas às medições para correção de temperaturas; 
- as amostras não devem conter material estranho; 
- o método-padrão a ser usado deve ser o analítico, aceito para o material em teste. 
 
8.4. Operacionalização dos Testes 
Para a execução dos testes, os seguintes passos devem ser obedecidos: 
 
1 - Verificação do tamanho da amostra, segundo característica do equipamento. 
2 - Coleta da amostra: 
a) obter o máximo de amostras, conforme a necessidade de calibração. Um 
número menor que 50 amostras prejudicará a precisão do trabalho e 
dificultará uma possível análise estatística; 
b) cada amostra deve ter tamanho

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