A PONTUAÇÃO É ESSENCIAL PARA A CLAREZA

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A boa pontuação é essencial para a clareza 
Chico Viana 
 
A forma como pontuamos reflete a ênfase que queremos dar a determinados 
componentes textuais. Envolve a divisão dos vários segmentos do texto e tem 
grande valor para a expressividade. A pontuação é um dos recursos que utilizamos 
para dar clareza ao enunciado e captar o interesse do leitor. 
 
Entre os sinais de pontuação, há os que indicam pausas, como a vírgula, o ponto e 
vírgula e o ponto. E há os que marcam o tom, como os pontos de exclamação e de 
interrogação. Os do primeiro tipo são fundamentais no texto dissertativo, pois 
ajudam a distinguir alguns termos oracionais de outros e a dividir o texto em blocos 
de ideias. 
 
A vírgula indica uma pausa de pequena extensão. Usa-se, basicamente, para 
separar: 
 
1. Termos que desempenham a mesma função sintática 
Exemplo: “Os homens em geral são escravos; vivem presos às suas profissões, aos 
seus interesses, aos seus preconceitos.” 
(G. amado) 
 
Nessa passagem, a vírgula separa os três complementos do adjetivo “presos”. 
 
2. Orações coordenadas 
Exemplo: “Rezei o credo, segurei a vela, fiz todos os gestos do ritual.” 
 
3. Oração subordinada anteposta à principal 
Exemplo: “Quando me viu, tratou de sair de fininho.” 
 
Na ordem direta, a vírgula é optativa. 
 
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4. Oração coordenada aditiva que tem sujeito diferente do sujeito da 
oração inicial 
Exemplo: “O tempo passava, e Pedro ficava cada vez mais impaciente.” 
 
5. Oração adjetiva que explica termo anterior 
Exemplo: “Não se pode descuidar do sono, que faz o organismo repousar.” 
 
A ausência da vírgula daria a entender que há outro tipo de sono, não repousante, 
para o organismo. 
 
 
O ponto e vírgula separa unidades que já têm seus membros separados por vírgula. 
É o que ocorre nesta frase, em que os núcleos “flor”, “livro’ e “bilhete” são separados 
por vírgulas de seus determinantes: 
 
“Trouxe-me uma flor, que achara perdida em um terreno; um livro, comprado em 
um sebo barato; e um bilhete amarfanhado, tosco, confessando-me seu amor.” 
 
Os dois-pontos se usam antes de uma enumeração ou de uma explicação: 
 
Exemplos 
“São três as virtudes teologais: fé, esperança e caridade.” 
“Hoje ele só tem um sonho: formar-se em Medicina.” 
 
O ponto delimita o período, que é um grupamento autônomo formado por uma ou 
mais orações. Enfileirar períodos separando-os por vírgulas sem que haja uma razão 
estilística para isso torna caótico o enunciado. 
 
Exemplo: “Durante o século XIX, muitas foram as invenções e descobertas 
tecnológicas, dentre elas está a internet, criada inicialmente como instrumento de 
uso militar, veio a ser comercializada posteriormente.” 
 
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Períodos mal pontuados tornam-se obscuros, pois, neles, as informações se 
atropelam sem ordem ou relevância. É o que se vê nas passagens seguintes, 
retiradas de redações: 
 
a) “Mostrar-se ao mundo tem sido o objetivo de muitas pessoas atualmente, 
imaginando que isso é um feito muito importante, essa ideologia possui cada 
vez mais poder devido à mídia e globalização.” 
 
b) “Não existe uma cura universal para a timidez, pois para superá-la vai 
depender principalmente da própria pessoa, apesar de que para aqueles com 
maior dificuldade a ajuda de psicólogos é importante, além de ter força de 
vontade e apoio dos familiares e amigos.” 
 
c) “Os jovens estão cada vez mais criando mecanismos de manifestações, o 
último que ocorreu foi o chamado ‘rolezinho’, iniciado de maneira 
despretensiosa, apenas uma circulada pelos shoppings, porém o número de 
pessoas assim como o movimento se tornou exagerado, impactando em 
pânico na sociedade e consequentemente, no lucro das vendas.” 
 
Os períodos apresentam-se embolados, formando uma massa indistinta. Ao usar 
apenas vírgula, os alunos deixaram de destacar as informações importantes. Tópicos 
e comentários se confundem, como se tivessem igual valor. O problema é agravado 
pelo gerundismo e por falhas coesivas e semânticas (raramente, a má pontuação 
vem só). 
 
Na reescrita, busca-se corrigir tudo isso. As versões corrigidas mostram como a falta 
de ordem e clareza compromete ideias razoáveis, que não fariam feio em uma 
redação: 
 
 
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a) “Mostrar-se ao mundo tem sido o objetivo de muitas pessoas, que imaginam 
ser esse um feito muito importante. Essa ideia possui cada vez mais prestígio 
devido à mídia e à globalização.” 
 
b) “Não existe uma cura universal para a timidez. Superá-la vai depender da 
própria pessoa, embora para aqueles com maior dificuldade a ajuda de 
psicólogos seja importante. Será preciso, também, ter força de vontade e 
contar com o apoio dos familiares e amigos.” 
 
c) “Os jovens estão sempre criando novas formas de manifestação. A última foi o 
chamado ‘rolezinho’, que se iniciou de maneira despretensiosa – apenas uma 
circulada pelos shoppings – e acabou reunindo um grande número de 
pessoas. No entanto, o movimento se tornou exagerado, trazendo pânico à 
sociedade e impactando o lucro das vendas.” 
 
 
Fonte 
REVISTA Língua Portuguesa. Blog Na Ponta do Lápis. Disponível em: 
<http://revistalingua.com.br/textos/blog-ponta/pontuar-bem-e-essencial-para-a-clareza-344913-
1.asp>. Acesso em: 8 jul. 2015.