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A CIDADE ANTIGA

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LIVRO PRIMEIRO
I- Crença a respeito da alma e da morte
O autor começa a falar sobre o respeito da alma e da morte, mostrando que desde épocas remotas e mesmo antes da filosofia, os homens já possuíam ideias a respeito de sua natureza, alma e os mistérios da morte, bem como uma segunda existência para além da vida terrena, os diversos ritos fúnebres mostram como acreditavam nessa hipótese.
Desta crença surgiu a necessidade do sepultamento, pois se acreditava que uma alma sem sepultura se tornava perversa, o povo antigo acreditava que com o sepultamento se trazia a felicidade para o morto pra sempre. Havia também quem acreditava na existência de um lugar subterrâneo, onde a alma era separada do corpo e as penas e recompensas eram distribuídas conforme a conduta que tivera durante a vida. Essas crenças exerciam muita influência na vida do homem antigo.
II - O culto dos Mortos
O homem antigo criou ao longo dos anos determinadas regras, estabelecendo uma espécie de religião da morte com diversos dogmas e rituais, os mortos eram considerados umas criaturas sagradas e eram venerados com se fossem deuses, dessa forma o homem passou a ter ideia do sobrenatural e a acreditar em coisas transcendentais, elevando seu pensamento do humano ao divino.
III - O fogo sagrado
Para os homens gregos e romanos era considerado divino, eles o cultuavam oferecendo tudo que julgassem ser de seu agrado, a cerimônia sagrada era considerada o modo em que o homem entrava em comunhão com deus, o culto ao fogo sagrado não foi exclusivo dos povos da Grécia e Itália, aparecendo também no oriente com a religião de Brama, estabelecida de acordo com as leis de Manu, que possuíam o dever de manter o fogo aceso dia e noite.
Os hindus bem como os gregos e romanos, julgavam os deuses como seres que necessitavam de honras e respeito, mas também de bebidas e alimentos. A prática da religião do fogo se originou dos árias, tribos que viviam na Ásia central numa época remota, e uma vez se separaram levando consigo esse culto em comum, que levaria posteriormente ao culto do fogo por povos de localidades distintas. Existe uma nítida relação entre o culto dos mortos e o do fogo sagrado, essa religião que tirava seus deuses do próprio homem se enfraqueceu, mas nunca ao ponto de desaparecer completamente.
IV- A religião domestica
O fato da religião do povo antigo não adorar somente um deus, e também os deuses não aceitarem a adoração de todos os homens, tornava-a estritamente doméstica. Cada família possuía um túmulo onde sepultava os mortos, ali celebravamcerimônias, e, em tempos remotos, o túmulo ficava dentro das casas na parte central, assim toda vez que um familiar entrava ou saia, fazia-lhe uma invocação. Desta maneira os antepassados continuavam a fazer parte da família, e o pai era tido como imortal e divino.
Na religião doméstica não existiam uniformes ou regras comuns, cada família agia independentemente, e o poder externo não tinha direito de interferir nos cultos, podia apenas certificar que o pai cumpria com seus deveres, desta maneira as religiões domésticas se manifestavam nas casas, as quais cada uma possuía seus deuses e protegiam sua família. Os ritos e orações eram passados de pai para filho e as mulheres só participavam dos cultos com seu marido ou pai.
I - A religião foi o principio constitutivo da família antiga
A origem da família não está apenas na geração, o fato da irmã não se igualar ao irmão e o filho emancipado, ou a filha casada deixarem de fazer parte da família, evidenciam essa situação. Na família antiga não encontramos o afeto natural, algo muito mais forte unia seus membros, a religião do fogo sagrado e dos antepassados. “A família era assim um grupo de pessoas a quem a religião permitia invocar o mesmo lar e oferecer a refeição fúnebre aos mesmos antepassados”, dessa forma lhe conferia regras, tornando a famíliaantiga diferente da formação comum dos sentimentos naturais do homem.
II - O casamento
O casamento e a primeira instituição estabelecida pela religião doméstica, uma mulher quando pedida em casamento abandonaria o lar de seus pais e passaria a cultuar os deuses de seu marido, o marido colocaria uma estranha em seu âmbito familiar e dessa forma expondo os ritos de sua família.
O casamento era considerado uma cerimônia santa, e para se efetuar a tal celebração cada cultura imponha seu ritual que deveria ser seguido fielmente, o casamento era tão importante que não se admitia poligamia e o divórcio era praticamente impossível, devendo ser anulado por cerimônia religiosa assim como foi concebido.
III - A continuidade da família. Proibição do celibato. Divorcio em caso de esterilidade. Desigualdade entre filho e filha
O celibato colocava em risco a continuidade da família bem como o culto aos ancestrais, por essa razão era considerado uma crueldade. As crenças diziam que um homem não pertence a si mesmo e sim uma família, o que tornava obrigatório a ininterrupção dessa sequência, o casamento era uma obrigação, e seu objetivo era perpetuar o culto religioso, no casamento de mulher estéril era permitido o divórcio, no caso do homem estéril, um irmão ou parente deveria substituí-lo, no caso de viuvez erapermitido se casar novamente, se não houvesse filhos do marido.
O nascimento de uma mulher não satisfazia o objeto do casamento, uma vez que a mulher quando fosse casar renunciaria ao culto do pai, pertencendo à religião do marido, o filho almejado era sempre um homem, que tinha como responsabilidade a perpetuação da religião e o culto ao fogo sagrado de sua família.
IV- Adoção e a emancipação
A mesma religião obrigando o homem ao casamento, determinando o divórcio em casos de esterilidade, substituindo o marido por algum parente nos casos de impotência ou de morte prematura, oferece ainda à família um derradeiro recurso, como meio de escapar à desgraça tão temida da sua extinção. Era permitida a adoção para as famílias que a natureza não lhes concedeu filhos, adotar um filho era dar continuidade a religião doméstica e a conservação do fogo sagrado.
A adoção era relativa à emancipação, para que um filho adotivo pudesse ser aceito em uma nova família, deveria ser liberado de sua religião original.
V - O parentesco, o que os romanos entendiam por “agnação”.
O parentesco só era reconhecido pelo direito de oferecer sacrifícios aos antepassados em comum, “o princípio do parentesco não estava no ato material do nascimento, mas no culto”, e como a mulher não transmitia o culto, só os homens podiam usufruir deste. O fato de se encontrar um parente com vínculo de sangue não era suficiente para se considerar um parente, tornava-se necessário o vínculo do culto, e mesmo os filhos emancipados tornavam-se agnados.
VI - O direito de propriedade
Os antigos sempre praticaram a propriedade privada, na religião doméstica as pessoas tinham em suas casas o fogo sagrado e o túmulo de seus ancestrais, os quais necessitavam de ser cultuado pelos membros da família, o fogo nunca poderia sair da casa e os mortos o local onde haviam sido enterrados, desta forma a ideia de propriedade nasce naturalmente, a fim de proteger aquilo que era considerado sagrado traçava-se o limite de cada propriedade. A sepultura estabelecia um vínculo indissolúvel da família com a civilização.
As famílias cercavam suas propriedades, e estabelecido um limite não havia poder capaz de muda-lo, esses limites compreendiam uma área destinada ao campo, onde se plantava no centro a casa e dentro dela o túmulo e o fogo sagrado. A lei das Doze Tábuas permitia a divisão do campo entre irmãos, e posteriormente a venda, mas o túmulo continuava inviolável. Um homem que adquiria uma dívida poderia ser escravizado, porém a lei não permitia que a propriedade fosse tomada como pagamento, uma vez que a terra pertencia à família.
VII - O direito de sucessão
“O direito de propriedade, tendo-se estabelecido para a efetivação de um culto hereditário, não podia extinguir-se ao cabo da curta vidado indivíduo. O homem morre, o culto fica; o lar nunca deve apagar-se nem o túmulo ficar abandonado. Persistindo a religião doméstica, com ela continua existindo o direito de propriedade”, deste princípio nasce às regras do direito de sucessão, uma delas é a hereditariedade passada de pai para filho, embasado na religião doméstica. Ao filho cabe à sucessão da propriedade, obrigações e dívidas, já a filha não tem direitos, pois não era considerada apta a perpetuar o culto.
Quando um homem morria sem filhos, na falta de irmãos ou sobrinhos, recorriam aos antecedentes do morto, pela linha masculina, este seria o herdeiro. O homem não poderia receber herança de duas famílias, no caso do filho adotivo, era necessário o desligamento da família adotante, desta forma ele poderia dar continuidade ao culto herdado. O patrimônio da família era indivisível, quando o pai falecia o filho mais antigo assumia o lugar do pai e os demais ficavam tutelados ao irmão.
VIII - A autoridade na família
A origem e natureza do poder paterno entre os antigos e a enumeração dos direitos que compunham o poder paterno, onde a família era composta pelo pai, mãe, filhos e escravos que eram regidos pela religião doméstica. O poder dohomem derivado das crenças o colocava numa posição superior a das mulheres, o casamento constituía essa subordinação, as crianças só atingiam a maturidade pela morte do pai, a religião tornou a família um corpo organizado, uma sociedade mantida pelo poder paternal, a autoridade do pai imperava de forma absoluta de modo que, o pai era o chefe supremo da religião doméstica, não podia ser contestado, poderia reconhecer ou não o filho que nascesse repudiar a mulher caso fosse estéril, casar a filha, vender o filho, emancipa-lo, da propriedade era o usufrutuário e respondia pelos delitos cometidos pela família.
IX - A antiga moral da família
Os princípios morais se baseavam na religião, sempre que um homem cometesse algum ato desaprovado pelos deuses, sofreria uma punição moral, e até poderia ser impedido de se aproximar de sua casa, para que fosse perdoado era necessária uma cerimônia para purifica-lo, o adultério era considerado a ato mais grave, pois tornaria o culto profano, o homem traído condenava a mulher adultera a morte, homem e mulher tinham a obrigação do respeito mútuo, apesar da mulher estar sobre o domínio do marido, tinha suas responsabilidades como cuidar do fogo sagrado. A moral proibia o derramamento de sangue, suas crenças fortaleceram as noções de justiça.
X - A “Gens” em Roma e na Grécia
Onde agens era um tipo de parentesco artificial, uma associação política de famílias, uma característica evidente é que a gens possuía um culto próprio como nas famílias, o sistema da gens apresenta contra si, o direito de sucessão para o herdeiro natural, a comunidade das crenças religiosas onde houvesse nascimento e origem da língua plebeia, a gens teve sua origem na religião doméstica de forma natural, conservando a unidade que a religião lhe concedera, e alcançou todo desenvolvimento do direito privado, os membros de uma mesma gens usavam o mesmo nome, transmitindo de geração a geração a fim de perpetuá-lo. O servo passa a fazer parte da família, ele era iniciado no culto doméstico, sendo inclusive enterrado na mesma sepultura da família, quando liberto se chamava cliente, continuava a reconhecer a autoridade de seu senhor.
LIVRO TERCEIRO
I - A fratria e a cúria. A tribo
Toda fratria e cúria possuíam seus respectivos altares e deuses protetores, cultos que conservavam suas peculiaridades, para fazer parte de uma fratria, a pessoa deveria ter nascido do casamento dos componentes desta, e sua admissão se dava por ato religioso, passando a ter vínculo indissolúvel.
As fratrias e cúrias deram origens às tribos, que por sua vez estabeleceu sua religião, a tribo promulgava seus decretos, possuía tribunal de jurisdiçãoe acima dela não havia nenhum poder.
II - Novas crenças religiosas
Os deuses da natureza física e a relação dessa religião com o desenvolvimento da sociedade humana, onde os fenômenos da natureza eram considerados deuses, a religião natural surgiu de diferentes pensamentos como consequência de sua força natural. Essa nova religião atuava num campo mais amplo e como consequência surge uma nova moral, que não se limitava a ensinar os deveres da família, ao passo que foi se desenvolvendo a sociedade cresceu, e o fogo sagrado passa a não ser mais uma divindade e torna-se o altar de sacrifícios dos deuses e tem seu lugar no interior dos templos.
III - Forma-se a cidade
A tribo, tanto como a família e a fratria, constitui-se em corpo independente, com culto especial de onde se excluía o estrangeiro. Quando formada, nenhuma nova família podia nela ser admitida. Duas tribos de modo algum podiam fundir-se em uma só, porque a sua religião a isso se opunha.
Mas, assim como muitas fratrias estavam reunidas em uma tribo, muitas tribos puderam associar-se sob a condição de o culto de cada uma delas ser respeitado. No dia em que nasceu essa aliança nasceu à cidade, a religião subsistiu em pequenos cultos dos quais se estabeleceu um culto comum, politicamente funcionavam pequenos governos, e em cima destes se levantou o governo comum, a concepção religiosa foi a inspiração para a organização das sociedades, os homens uma vez que havia uma divindade em comum, associavam-se a grupos cada vez maiores.
IV - A cidade
A cidade era a associação religiosa e política das famílias e das tribos o domicílio e, sobretudo, o santuário desta sociedade, quando as tribos decidiam se unir e compartilhar o mesmo culto, fundava-se a urbe para representar o santuário do culto comum, o primeiro cuidado era escolher o local da nova cidade, o que ficava a cargo dos deuses, no dia da fundação primeiro era oferecido um sacrifício, e após a cerimônia cava-se um fosso e colocava-se terra trazida da cidade anterior, com esse ato julgavam trazer para ali a alma dos seus ancestrais da antiga terra, acendia-se o fogo e ao redor deste erguia-se a cidade.
V - O culto do fundador. A lenda de Enéias
O fundador era o homem que realizava o culto religioso, sem o qual a cidade não podia se estabelecer. Depois de morto era cultuado como um deus e se tornava o antepassado comum para todas as pessoas da cidade. Consideram Enéias como sendo o fundador de Roma, na destruição de Tróia, Enéias não deixou o fogo sagrado se extinguir, o povo e os deuses fogem com Enéias a procura de um novo local para se estabelecer.
VI - Os deuses da cidade
Cada cidade possuía seus próprios
deuses e eram da mesma natureza que os da religião primitiva, os mortos fossem quem fossem eram guardas do país sob a condição de lhe renderem o culto. Cada cidade possuía seu corpo de sacerdotes, entre os sacerdotes de cidades distintas não possuía nenhum vínculo, pois suas crenças e liturgias eram mantidas em segredo.
Em troca da proteção da cidade os homens rendiam cultos a seus deuses, quando uma cidade era conquistada os deuses eram considerados culpados, em tempos de guerra se apoderavam dos deuses da cidade com cerimônias, para passa-los para seus lados ou para destruí-los.
VII - A religião da cidade
1o Os Banquetes Públicos
A principal cerimônia da cidade era o banquete comum, em honra a suas divindades, com toda a população presente. Em algumas pessoas faz o banquete comum todos os dias.
2o As Festas e o Calendário
Do tempo que o homem tem para viver, deve dar um quinhão aos deuses. Tudo que era sagrado havia festa, festa dos muros da cidade, território, fundador, dos campos de trabalho, toda cidade tinha a sua festa para cada divindade adotada como protetora, em dia de festa o trabalho era proibido. O calendário eraa sucessão de festas religiosas regulado pela pelas leis da religião e só conhecido pelos sacerdotes.
3o O Censo e a Lustração
Uma das cerimônias mais importante na religião da cidade chamava-se festa da puruficação, tinha por finalidade o resgate das faltas cometidas pelos cidadãoscontra o culto, o responsável para realizar essa festa chamava-se Censor.
Para isso exigia-se que nenhum estrangeiro pode estar presente e todos os cidadãos devem estar presentes. A perda do direito de cidadania era o castigo para o homem que não se inscrevesse no censo.
O censor era o senhor absoluto naquele dia , determinava o lugar de cada homem, se colocado entre os senadores seria senador, assim sucessivamente.
4o A Religião na Assembléia, No Senado, No Tribunal e No exército; O Triunfo
A assembléia iniciava-se sempre com um ato religioso, a Tribuna era lugar sagrado, olocal de reunião do senado sempre foi o templo.
Na guerra a religião se mostrou mais poderosa que na paz, o exército ostentava a insígnia da cidade, levava consigo as estátuas de suas divindades, os deuses indicavam o início das batalhas.
Assim tanto em tempo de paz como de guerra, religião intervinha em todos os atos dos homens, envolvendo o homem, alma, corpo, vida privada, vida pública, assembléias, tribunais, tudo estava sob o julgo da religião. Governava o homem com autoridade absoluta que coisaalguma permanecia fora do seu poder.
VIII - Os ritual e os anais
O caráter e a virtude da religião dos antigos não era educar a inteligência humana na concepção do absoluto, abrir ao espírito ávido um caminho fulgurante, em cuja extremidade julgasse entrever Deus. Esta religião apresenta-se como conjunto mal entabulado de pequenas crenças, de pequenas práticas e de ritos minuciosos. A palavra religião não se tomava no significado que tem para nós, uma doutrina sobre Deus, um símbolo de fé acerca dos mistérios que vivem em nós e em nossa volta; este mesmo termo entre os antigos significava ritos, cerimônias e atos de culto exterior. A doutrina pouco valia; o mais importante estava nas práticas, e estas eram obrigatórias, imperiosas.
A religião aparecia como laço material, cadeia que mantinha o homem como escravo. Cada família possuía umlivro onde estavam condensadas suas fórmulas, a menor falta convertia o ato sagrado em sacrilégio, e o mais importante era que nunca fossem esquecidos os ritos e que jamais sofressem alteração, os ritos nunca eram mostrados aos estranhos, pois revelar um rito era trair a religião. Na história se inscreviam todos os acontecimentos relativos à religião para lição e piedade dos descendentes, como prova material da existência dos deuses. Os anais da cidade eram rudes e os documentos nunca saiam do santuário.
IX - DO governo da cidade. O rei
A autoridade religiosa do rei e a autoridade política do rei. O rei era o sacerdote do lar público e tinha como função principal realizar as cerimônias religiosas, o lar público era a fonte de dignidade e poder. Assim como a família, a cidade possuía um chefe político, como a religião se envolvia com o governo, justiça e a guerra, o rei era ao mesmo tempo, sacerdote, magistrado, militar. Entre as populações a sociedade nasceu pela necessidade coletiva, os reis tinham necessidade de força material, sua autoridade era sustentada pela crença.
X - O magistrado
O magistrado representava a cidade, associação tão religiosa quanto política, para os antigos qualquer forma de autoridade de alguma maneira era religiosa, quando as revoluções suprimiram a realeza, o povo procurava uma forma de eleição endossada pelos deuses, o magistrado recebia um presságio dos deuses e indicava a pessoas a ser votada, a cidade exigia que o magistrado fosse de família pura, se asseguravam que o candidato estava apto a desempenhar as funções religiosas, ficando a cidade em suas mãos.
XI - A lei
Surgiu como parte da religião, por muito tempo apenas os pontífices eram os jurisconsultos e as contestações de diversos cunhos eram levadas ao seu tribunal. As leis não foram feitas pelos homens, surgiu como consequência da crença, era a própria religião aplicada nas relações dos homens, a lei era imutável e irrevogável, porque era divina, não havia considerações a respeito, nem se explicava o porquê, e os homens as obedeciam fielmente.
XII - O cidadão e o estrangeiro
O cidadão era reconhecido como o homem que participava do culto religioso da cidade, e disto advinham seus direitos, o estrangeiro era aquele que não tinha acesso ao culto e nem tinha direito a isso, o estrangeiro se encontrava em uma situação pior do que a de um escravo, pois não possuía nenhum direito e não era protegido por nenhuma lei.
XIII - O patriotismo. O exílio
A pátria de cada homem era a parte do solo que a religião doméstica, ou a nacional, santificara, a terra onde estavam depositadas as ossadas de seus avós e ocupada por suas almas. A pequena pátria era o campo fechado da família, com o seu túmulo e o seu lar. Terra sagrada da pátria diziam os gregos. Esse chão tornara-se verdadeiramente sagrado para o homem, porque os seus deuses o habitavam. Estado, Cidade e Pátria não eram conceitos abstratos, como entre os povos modernos; representava, verdadeiramente, todo o conjunto de divindades locais com o culto de cada dia, e ainda com crenças, a agirem poderosamente sobre a alma, a posse da pátria era de suma importância e a punição dos grandes delitos era o exílio, o exilado abandonava a pátria e deixava ali seus deuses, não conseguiria encontrar uma religião ou pátria que pudesse dar conforto e consolo, nem os direitos inerentes ao cidadão.
XIV - o espírito municipal
Cada cidade tinha sua própria religião, seus códigos , suas festas. O calendário de uma não podia ser igual a outra.
A natureza física exerce certa influência, mas as crenças era algo muito mais forte. Por essa razão não puderam estabelecer nenhuma outra organização social que não fosse a cidade.
O espírito da cidade está fundamentado na religião, de forma que não é possível a união de duas cidades.
CAPÍTULO XV
Relações entre as cidades; a guerra; a paz a aliança dos deuses
Quando as cidades estavam em guerra, não era apenas os homens que combatiam, também os deuses.
Antes da batalha o soldado profere contra o exército inimigo uma maldição, depois duelavam com uma fúria selvagem bem própria de quem julgava ter os deuses a seu lado. O vencedor podia usar sua vitória como melhor lhe aprouvesse. Quando o vencedor não exterminava o vencido, tinha o direito de destruir sua associação religiosa e política.
O tratado de paz era feito através de ato religioso, essa cerimônia religiosa atribuía às convenções internacionais de caráter sagrado e inviolável, assim como nas guerras os deuses estavam presentes. Estipulava-se que haveria uma aliança entre os deuses e o homem.
CAPITULO XVI
As confederações; as colônias
Algumas cidades se agruparam numa espécie de confederação, essas também tiveram seu templo e cultos religiosos. Essas confederações exerceram pouca ação política.
Uma colônia não era anexo ao Estado, era independente, todavia possuía um vínculo de natureza particular e isso provinha de um pacto de quando fora fundada.
CAPÍTULOXVII
O romano; o ateniense
A religião com seus dogmas e práticas outorgou aos romanos e gregos seu modo de pensar e de agir.
O romano ou patrício era o homem nobre, poderoso e rico. Todo o dia oferece sacrifício em sua casa, todo momento consulta os deuses, só corta cabelo na lua cheia, carrega amuletos. É valente mas com a condição que os auspícios lhe tenham assegurado a vitória. Acredita-se que há mais deuses em Roma do que cidadãos, por temerem os deuses vieram o a ser senhor da terra.
O ateniense afastava-se do romano pelo caráter de espírito, mas se assemelhava pelo temor aos deuses, concebido como inconstante, caprichoso e tão livre pensador.
O ateniense tem suas coleções de antigos oráculos, não começa nenhuma frase sem antes invocar a boa forma.
 
CAPÍTULO XVIII
Da onipotência do Estado; os antigos não conheceram a liberdade individual
Em sociedade estabelecida sobre tais princípios, a liberdade individual não existia, a vida privada não fugia da onipotência do Estado, tal era o seu poder que ordenava a inversão dos sentimentos naturais e era obedecido.Os antigos não conheciam a liberdade de vida privada, nem a de educação, nem a religiosa, o homem não tinha sequer a mais ligeira concepção do que fosse a liberdade.
 
LIVRO QUATRO As Revoluções
I. Patrícios e Cliente
Os patrícios eram os chefes das famílias, eles compunham o senado e as assembléias deliberativas, tinham o comando da cidade. Os clientes como já vimos, eram as pessoas que se submetiam a outras para poderem ter acesso a algum culto e proteção.
II. Os plebeus
O povo era compreendido de patrícios e clientes, a plebe estava fora. Uma classe muito numerosa que provavelmente fossem remanescentes de povos conquistados e subjugados.
Três palavras caracterizavam os plebeus: "Não tem culto", não tendo culto, não tinha aquilo que autorizava o homem a ter um pedaço de terra, fazendo dela sua propriedade. Não tendo religião todo plebeu era impuro, dessa religião proveio a distinção de classes.
III. Primeira revolução
Surge uma aristocracia formada pelos patres, que ganha força e promove a luta contra os reis. A Realeza é despojada do seu antigo poder, tornando-se apenas um sacerdócio.
Em Esparta, a realeza foi deposta do seu poder pela aristocracia, que entregou para os magistrados anuais denominados éforos. Para os reis restou apenas o sacerdócio
Já em Atenas, Teseu transformou o governo de monárquico em republicano, onde o corpo político era composto pela aristocracia.
Em Roma, a aristocracia assume o poder, porém as classes inferiores reclamam e a realeza é restabelecida sob forma de eleição.Numa, foi mais sacerdócio que guerreiro. O terceiro rei foi mais guerreiro que sacerdócio, foi morto, com isso o senado se restitui com toda sua autoridade.
O quinto rei, voltou-se contra o senado e foi assassinado, o sexto rei tomou o poder com um golpe de Estado apoiado pelas classes inferiores, foi degolado.
A cidade fica momentaneamente sem o rei, a aristocracia se aproveita, toma o poder definitivamente, para realeza só restou o sacerdócio.
IV. A aristocracia governa as cidades
A religião hereditária era para essa aristocracia título de domínio absoluto. Em Roma esse regime durou pouco tempo, já na Grécia teve um longo período.
Essa aristocracia permaneceu absoluta no poder, conservando título de proprietário, não tendo as classes inferiores direito sobre o solo.
 
V. Segunda revolução; Transformações na constituição da família; desaparece o direito de primogenitura; a “gens” se desagrega-se
As velhas instituições começaram a fraquejar. Pouco a pouco se foi deixando de lado a regra da indivisão, desaparece o direito de primogenitura.
Esse desmembramento da gens enfraqueceu a antiga família sacerdotal, o que tornou mais fáceis as outras transformações.
 
VI. Libertam-se os clientes
A família antiga compreendia, sob a autoridade de um único chefe, duas classes de categoria desigual: de um lado os ramos mais novos, isto é o indivíduo naturalmente livre; de outro servos ou clientes, inferiores pelo nascimento, mas aproximados do chefe pela sua participação no culto doméstico
O cliente não tinha direito a nada, nem mesmo sua vida lhe pertencia. Mais tarde, o olhar do cliente começou a estender-se para além do acanhado círculo da família. Via existir fora da família uma sociedade, regras, leis, altares, templos e deuses. No coração desses homens penetrou o ardente desejo de liberdade.
Houve uma guerra entre cliente e patronos, que preencheu logo período da existência de Roma.
O cliente começou a alcançar o direito de propriedade, no início o chefe da gens demarca-lhe um lote de terra para cultivar. Não muito depois ele se torna possuidor vitalício desse lote, contanto que contribua para todas as despesas do antigo patrono.
O cliente consegue outro direito:
consegue o direito de ao morrer, transmitir o que possui ao filho.
Pouco a pouco os vínculos da clientela afrouxam-se e o cliente vai se afastando do patrão.
 
VII. Terceira revolução. A plebe passa a fazer parte da cidade
A classe inferior, em sua fraqueza, não lobrigou de início outro meio de combater a aristocracia senão apodo-lhe na monarquia.
O povo conseguiu eleger chefes entre os seus; e não podendo dar-lhes um nome de reis chamou-os de tiranos.
O povo na Grécia e em Roma, procurava restaurar a monarquia, mas não por preferir esse regime, a monarquia era para o povo um meio de vencer e de se vingar.
A classe inferior cresceu pouco a pouco em poderio. No século VI, a Grécia e a Itália viram brotar nova fonte de riquezas, aterra já não bastava para todas as necessidades do homem: nasciam as artes, a indústria e o comércio. Pouco a pouco formou uma riqueza mobiliária, cunhou-se moeda e o dinheiro apareceu.
Tudo mudou; os maus foram colocados acima dos bons. A justiça foi alterada, leis antigas deixaram de ter vigência e leis de estranha inovação ás substituíram. A riqueza tornou-se o único objetivo dos desejos dos homens, porque apenas esta lhes reconheceu o poderio. Assim a cidade antiga foi se transformando gradualmente.
Muitos estrangeiros afluíram a Roma, onde a localização se tornava propícia para o comércio, o cliente que conseguia escapar da gens tornava-se
plebeu. A ambição da plebe era destruir as antigas barreiras que a excluíam das associações religiosa e política. Os reis protegeram a plebe e a plebe apoiou os reis. Os primeiros progressos dos plebeus deram-se no reinado de Sérvio, sua primeira reforma foi dar terás à plebe. Promulgou leis que até então não as tinha tido. Foi um início de direito comum as duas classes, e para plebe um começo de igualdade.
A plebe constituída em sociedade quase regular teria chefes escolhidos entre seus próprios membros, essa é a origem do tribuno. Assim que a plebe encontrou seus chefes, não tardou em reunir também as suas assembleias deliberativas. Escolhido esse caminho, começou por reclamar um código de leis.
Decidiu-se que os legisladores seriam todos patrícios, mas o seu código, antes de ser promulgado e posto em vigor, devia ser exposto ao público e submetido a aprovação prévia de todas as classes. O patriciado usou de todas as suas forças e habilidades para afastar os plebeus das magistraturas.
A plebe tomou armas e iniciou a guerra civil. Com o transcorrer do tempo, a religião dos plebeus tornou-se coisa séria, chegando esses a crer que era mesmo sobre o ponto de vista do culto e relativamente a seus deuses, iguais aos
patrícios. A plebe percebeu que não teria igualdade civil ou política se não tivesse também o sacerdócio.
 
VIII. Modificações no direito privado; Código das Doze Tábuas; Código de Sólon
Nos novos códigos o legislador não representa mais a tradição religiosa, mas a vontade popular. A lei doravante tem por princípio o interesse dos homens, e por fundamento o assentimento da maioria.
Um dos pontos onde ás doze tábuas não se afasta do direito antigo, é a conservação do poder do pai.
O código de Sólon corresponde a uma grande revolução social, as leis são as mesmas para todos. Tanto em Atenas como em Roma o direito começou a transformar-se.
IX. Novo princípio de governo. O interesse publico e o sufrágio
O princípio que dali em diante, se fundou o governo das cidades, passou a ser o interesse público. A religião deixara de governar os homens. A eleição não pertence mais aos deuses, mas ao povo. São os homens que escolhem.
 
X. Tenta-se constituir uma aristocracia da riqueza, estabelecimento da democracia, quarta revolução
Não foi a democracia o regime que sucedeu á dominação da aristocracia. Vimos no exemplo de Atenas e de Roma, que a revolução efetuada não fora obra das classes humildes.
Os direitos políticos que na época precedente eram inerentes ao nascimento, passaram a estar durante algum tempo, inerentes a fortuna.
A aristocracia não baseou unicamente sua superioridade na riqueza, procurou também ser da classe militar. A nobreza sacerdotal da época precedente prestara grande serviço, porque foi ela quem pela primeira vez estabeleceu leis e fundou governos regulares.
A classe rica não manteve o domíniopor tanto tempo. Diante da riqueza o sentimento mais vulgar no homem não é o respeito, mas a inveja. As cidades da Grécia e Itália viviam em estado de guerra. Um dos efeitos da guerra, era ou ficarem as cidades quase sempre obrigadas a conceder armas as classes inferiores. A guerra preencheu o espaço que a aristocracia de riqueza interpusera entre si e as classes inferiores.
O regime democrático foi necessário para que o pobre tivesse amparo e o rico um freio, concedeu-se direitos a todos os homens livres.
 
XI. Regras do governo democrático; exemplo da democracia ateniense
À medida que as revoluções seguiam o seu curso, os povos se afastavam do regime antigo.
Superior ao próprio senado estava a assembleia do povo. Era verdadeira e soberana. Como nas monarquias bem constituídas, a democracia também tinha normas invariáveis às quais se submetia.
Atenas sabia bem que a democracia só podia sustentar-se pelo respeito ás leis.
Os tesmótetas apresentavam seus projetos ao senado, em caso de aprovação convocavam a assembléia para comunicar-lhes. Numa outra estância, reunia-se o povo que devia votar, se aprovado se transformava em lei.
A lei nova sempre vinha com o nome do seu autor, que mais tarde podia ser perseguido judicialmente e punido. O povo como verdadeiro soberano era considerado impecável, mas orador, com tudo, continuava sempre como responsável pelo conselho que dera.
Essas eram as regras às quais a democracia prestava obediência. Um desastre para a pátria seria igualmente para cada cidadão a diminuição da sua dignidade pessoal, da sua segurança e da sua riqueza.
O dever do cidadão limitava-se ao voto, quando chegava a sua vez ele se tornava magistrado de seu demo ou de sua tribo.
 
XII. Ricos e pobres; desaparecem a democracia; os tiranos populares
À medida que se afastavam do antigo regime, formava-se uma classe pobre. Antes, quando cada homem pertencia a uma gens e tinha um chefe, a miséria era quase desconhecida. O homem era alimentado pelo seu chefe; aquele a quem prestava obediência. Devia, em troca, atender a todas as suas necessidades.
A democracia não suprimiu a miséria; tornou-a mais acentuada. A igualdade nos direitos políticos tornou mais evidente ainda a desigualdade de condições.
CAPÍTULO XIII
Revolução em Esparta
Na

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