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RECURSOS NOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS

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Sistema Recursal nos Juizados Especiais Cíveis
Críticas e Sugestões
Luiz Guilherme Ourofino Irineu Rodrigues
Aluno Graduação em Direito – UNESA
INTRODUÇÃO
Com o advento da Lei 9.099/95, a justiça brasileira deu
um grande passo em direção à modernidade, o acesso à
justiça, tema espinhoso que deve ser tratado com a
seriedade que merece, acenou para um contingente
expressivo, que até então, encontrava­se praticamente à
margem do sistema judiciário.
O rito processual especialíssimo, regido pelos princípios
da oralidade, simplicidade, informalidade, economia
processual e celeridade, conforme disposição expressa no
art. 2º da lei, busca, sempre que possível, a conciliação
ou a transação entre as partes.
Como é cediço, no rastro de qualquer grande mudança,
em decorrência da própria natureza humana, surgem
questões polêmicas e controvertidas que ao longo do
tempo são saneadas, sobretudo pelo próprio trabalho das
rodas da engrenagem que tendem a amoldarem­se
harmonicamente com o descortinar de cada novo dia.
Ocorre, que determinadas questões de ordem meramente
interpretativa merecem um pouco mais de
aprofundamento por parte daqueles que operam o direito,
até mesmo para cumprir o desiderato comum, a
realização da justiça. Com este escopo, é que
humildemente tento trazer à luz do mundo jurídico
algumas críticas e sugestões com relação ao sistema
recursal nos Juizados Especiais Cíveis, tendo consciência
de que não são entendimentos novos, mas certamente
interessantes, que refletem a opinião de uma minoria,
ainda.
RECURSOS NOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS
A Lei 9.099/95, no que concerne aos recursos cabíveis,
pelo menos ao que parece, optou por reduzir
significativamente o arsenal contestatório que nos é
permitido pelo CPC, simplificando o processo a tal ponto
que restringiu a manifestação de inconformismo
basicamente ao Recurso Inominado, e mesmo assim,
para não ver violado o princípio constitucional ínsito do
duplo grau de jurisdição. O Recurso Inominado, que
equivale ao Recurso de Apelação, serve para atacar
sentenças desfavoráveis submetendo o processo à análise
de um órgão colegiado, formado por 3 (três) juízes de 1º
grau de jurisdição, denominado Turma Recursal Cível, (§
1º, art. 41 da Lei 9.099/95 e art. 2º inciso V da lei
2.556/96). O Regimento Interno das Turmas Recursais
(Resolução 06/99 do Conselho de Magistratura do RJ)
alterou sensivelmente este dispositivo.
Dispõe o art. 41 da Lei 9.099/95:
“Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação
ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio juizado.”
Não são passíveis de serem submetidos à nova
apreciação, portanto, os casos onde houver conciliação
homologada ou laudo arbitral, atendidos os pressupostos
que a própria lei elenca nos arts. 24, 25 e 26. Com
relação à interposição de recurso para ver modificada a
sentença de primeira instância, o procedimento é similar
ao do CPC, com as peculiaridades da lei especial.
Diverso do CPC é o fato de que o recurso em regra é
recebido somente em seu efeito devolutivo, podendo, a
pedido do recorrente ou de ofício, o juiz dar­lhe efeito
suspensivo para evitar dano irreparável para a parte.
Vale dizer que a execução provisória é cabível em sede
de Juizados Especiais Cíveis, devendo­se, para isso,
observar o procedimento estatuído nos arts.587 e 588 do
CPC, aplicado de forma subsidiária à lei 9.099/95.
Diverso, também, é o fato de não ser possível qualquer
outro tipo de recurso além do pedido de revisão da
sentença de primeira instância. A parte inconformada
interpõe Recurso Inominado à Turma Recursal e pronto,
nenhuma outra interferência lhe é possível.
Pelo exposto acima, pela total falta de previsão ou
omissão por parte do legislador, parece que a única
possibilidade de recurso, após a sentença, com o fito de
reformá­la, é realmente a via do Recurso Inominado.
A questão dos Embargos de Declaração, previstos nos
arts. 48, 49 e 50 da lei 9.099/95, será tratada mais
adiante, entretanto, como sabemos, trata­se de pedido de
esclarecimento ao Juiz prolator da sentença para que
afaste obscuridade, suprima omissão, ou elimine
contradição que porventura exista no julgado.
A mingua de caminhos legalmente instituídos para
satisfazer o inconformismo dos advogados militantes, no
que tange não só às decisões terminativas, mas também
às decisões interlocutórias, é que hodiernamente vêm
surgindo teses e/ou práticas processuais com o intuito de
viabilizar pretensões jurídicas aproveitando­se de brechas
ou de omissões legais.
Mas especificamente, tratarei das possibilidades do
recurso contra decisões interlocutórias em sede de
Juizados Especiais Cíveis, passando, também, pelo ataque
às decisões proferidas pelo juízo ad quem, por serem, ao
que me parece, uma das questões que mais afligem os
advogados que militam nesta nova entrância da justiça.
Antes, porém, dedicarei atenção à questão da
subsidiariedade do CPC em relação à lei 9.099/95,
princípio, sem o qual, invibializar­se­ia o conjunto do
presente estudo.
DA SUBSIDIARIEDADE DO CPC EM RELAÇÃO À LEI
9.099/95
Não são raros os autores que ao tratarem de
determinados temas relacionados aos Juizados Especiais
Cíveis invoquem a aplicação subsidiária do Código de
Processo Civil. Em muitos casos há entendimento
pacífico, em outros nem tanto. Certo mesmo, é que os
autores para fazerem valer suas teses lançam mão da
aplicação subsidiária do CPC, de outro turno, estes
mesmos autores, por vezes, vedam esta possibilidade.
Importante é que a própria jurisprudência, por assim
dizer, fixou através do Aviso nº 18/97, enunciados finais
cíveis, onde entendeu no seu inciso IX, abaixo, que deve
ser considerada a aplicação subsidiária do CPC, sem que,
contudo, olvide­se dos princípios constitutivos e
norteadores dos Juizados Especiais Cíveis, princípios
estes, para que não reste dúvidas, positivados no art. 2º
da lei 9.099/95.
“Há aplicação subsidiária do CPC à lei 9.099/95 em tudo
que for compatível com as normas específicas ou
princípios norteadores do microssistema dos Juizados
Espaciais Cíveis. (Por maioria).”
Entretanto, existem julgados em que se deixa de
observar o entendimento acima, valendo­se, o
magistrado, para isso, da letra fria da lei, ou de falhas
nas técnicas empregadas em sua redação, ou ainda, de
omissões legislativas, propositais ou não. Certo é o fato­
dever que se impõe ao magistrado buscar a verdade,
independentemente de previsão legal, devendo, este,
dizer o direito aplicado ao caso concreto.
A LICC, Lei de Introdução ao Código Civil, ao meu
modesto entender uma das mais importantes leis de todo
o nosso ordenamento jurídico, suplica aos magistrados
para que com clareza de raciocínio e espiritualidade
quase que divina, não se eximam do dever de julgar
valendo­se, para tal, da falta de previsão legal ou de
omissões legislativas, devendo, então, aplicar os
princípios gerais de direito, os costumes e a analogia, e
ainda, arrisco completar, o bom senso.
LICC – art. 4º – “ Quando a lei for omissa, o Juiz decidirá
o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.”
Ora, à luz de comando tão simples e complexo que beira
a genialidade, o Estado estendeu a todos nós, operadores
do direito, a difícil e bela tarefa de regular as situações
do mundo fático, enquadrando­as em nosso ordenamento
jurídico, mesmo que não haja norma específica. É como
se o Estado nos dissesse: não há fato externo ao mundo
jurídico.
O próprio CPC, em seu capítulo IV, seção I, que trata dos
poderes, dos deveres e da responsabilidade do Juiz,
dispõe no art. 126:
“O Juiz não se exime de sentenciar ou despachar
alegando lacuna ou obscuridade na lei. No julgamento da
lide caber­lhe­á aplicar as normas legais, não as
havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos
princípios gerais de direito.”
O mesmo diploma legal, a LICC, emana de seu art. 5º
que:“Na aplicação da lei, o Juiz atenderá aos fins sociais a
que ela se dirige e às exigências do bem comum.”
Mais uma vez o Estado­Juiz é advertido de sua função,
tendo como desiderato a finalidade social e o bem
comum.
A subsidiariedade do CPC em relação à lei 9.099/95 pode
também ser flagrada quando a própria lei especial, ao
tratar dos Juizados Especais Criminais, dispõe
expressamente em seu art. 92 que aplica­se
subsidiariamente as disposições do Código Penal e do
Código de Processo Penal, no que não forem
incompatíveis, o que, analogicamente, torna possível a
aplicação do CPC. Ademais, os artigos que tratam da
execução em sede de Juizados Especiais Cíveis, em
especial o art. 52, declara expressamente ser aplicável o
CPC de forma subsidiária.
Não se pode olvidar que o CPC é norma geral processual
de direito público, e, assim sendo, aplicar­se­á
subsidiariamente a toda e qualquer norma processual
especial.
Outro ponto que deve ser considerado é o que dispõe o §
2º do art. 2º da LICC, que define:
“A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou
especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica a anterior.”
Vale dizer que a lei anterior continua produzindo seus
efeitos no mundo jurídico, posto que não é revogada nem
modificada pela lei nova, e, sendo a lei antiga de ordem
geral, obviamente integrará a lei nova naquilo em que for
omissa, prevalecendo o fenômeno da subsidiariedade.
Na realidade, os próprios Juizados Especiais Cíveis vêm
entendendo pela aplicação subsidiária do CPC, basta
analisarmos as uniformizações de entendimentos,
enunciados, bem como as resoluções do Conselho de
Magistratura, onde consolida­se este pensamento.
O aviso nº 125/95, no enunciado nº 5, informa que é
possível a concessão da liminar prevista no art. 928 do
CPC, para ações possessórias regidas pela lei 9.099/95. O
Mesmo aviso, no seu enunciado de nº 6, informa ser
compatível com o rito estabelecido pela lei 9.099/95 a
tutela antecipada a que alude o art. 273 do CPC.
O aviso 18/97, de forma insofismável, nos informa em
seu inciso IX, que há a aplicação subsidiária do CPC à lei
9.099/95 em tudo que for compatível com as normas
específicas ou princípios norteadores do microssistema
dos Juizados Especiais Cíveis.
O aviso nº 17/98, no seu enunciado de nº 23, nos informa
que os termos do art. 506 do CPC são válidos, dispondo
que a publicação posterior ao acórdão ou o resultado do
julgamento no diário oficial valerá como intimação da
parte.
O § 2º, art.15, da Resolução nº 11/98, dispõe que os
embargos de declaração, em matéria cível, quando
protelatórios, acarretarão para o embargante a sanção
prevista no art. 538, parágrafo único do CPC. A Resolução
de nº 06/99, ratifica este entendimento no mesmo artigo
e parágrafo.
Por todo o exposto, é que creio ser possível a aplicação
subsidiária do CPC em relação à lei 9.099/95, naquilo em
que forem compatíveis, observando­se os princípios
norteadores da lei especial. Não há como negarmos tal
entendimento, posto estar latente este intercâmbio
jurídico. O que não podemos e não devemos aceitar é a
interpretação conveniente da norma, que baila ao sabor
dos interesses do hermeneuta. Ou aplicamos
subsidiariamente o CPC, em todos os casos, ou fazemos
inserir artigo de lei que vede por completo esta
integração. Da forma que hoje nos é apresentado o
problema não há como entendermos de outra forma.
Adiante tratarei dos recursos em espécie, começando
pelos recursos previstos na lei dos Juizados Especiais
Cíveis, ultrapassando para os recursos disponíveis no
CPC, e, terminando com a análise da correição parcial e
do mandado de segurança e em sede de Juizados
Especiais Cíveis.
RECURSOS PREVISTOS PELA LEI 9.099/95
RECURSO ‘INOMINADO’
Inicialmente, cumpre­me ressaltar, que o recurso que nos
é facultado pela lei 9.099/95, por falta de denominação
específica, e ainda, para que não haja confusão com
outros recursos existentes em nosso ordenamento
processual, posto a sua peculiaridade, é denominado por
mim de Recurso Inominado, ou simplesmente Recurso,
como dispõe a lei, estando este entendimento ombreado
por boa parte de nossos juristas.
Dispõe o art. 41 da lei 9.099/95:
“Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação
ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio juizado.”
O Recurso Inominado, tratado no art. 41 da lei dos
Juizados Especiais Cíveis, equipara­se ao Recurso de
Apelação, tratado nos arts. 513 a 521 do CPC. A parte
inconformada com a sentença de primeira instância,
desejando vê­la reformada, interpõe Recurso Inominado
para Turma Recursal, órgão colegiado composto por 3
(três) juizes togados de primeiro grau de jurisdição, § 1º
do art. 41 da lei 9.099/95. Cabe aqui uma pequena
ressalva. Apesar de a Lei 9.099/95 dispor no § 1º do art.
41 que os recursos serão julgados por uma turma
formada por 3 (três) juízes togados, em exercício no
primeiro grau de jurisdição, e de a Lei Estadual 2.556/96,
em seu art. 16, ratificar esta disposição, as resoluções
01/98 e 06/99, ambas do Conselho de Magistratura do
Estado do Rio de Janeiro, a segunda revogando a
primeira, tendo, ainda, a última o cunho de anteprojeto
de Regimento Interno das Turmas Recursais Cíveis,
dispõe de maneira diversa, posto que no anteprojeto o §
1º do art. 1º dispõe que as Turmas Recursais serão
compostas por 4 (quatro) juízes togados, todos titulares,
preferencialmente em exercício nos Juizados Especiais.
Podemos destacar algumas diferenças entre os dois
intitutos:
O Recurso inominado é julgado pela Turma Recursal, uma
vez que trata­se de unidade jurisdicional autônoma e
independente, na forma do art. 5º da lei 2.556/96, que
cria os Juizados Especiais Cíveis e Criminais na Justiça do
Estado do Rio de Janeiro, dispondo ainda sobre sua
organização, composição e competência, já a Apelação é
julgada pelo Tribunal.
Não é possível o juízo de admissibilidade pelo juízo a quo
nos Juizados Especiais. (enunciado nº 2, aviso 8/97, 1ª
Reunião entre Juízes integrantes das Turmas Recursais
Cíveis do Estado Do Rio de Janeiro), o que seria hipótese
de agravo, como abordarei mais adiante.
O Recurso Inominado, diferentemente da Apelação, é
recebido somente em seu efeito devolutivo, exceto se
pedido pela parte para que seja recebido, pelo coligado,
em seu duplo efeito, devendo alegar dano irreparável,
(art. 43 da Lei 9.099/95). Entendo, que do não
recebimento do Recurso em seu duplo efeito, quando
requerido, caberá à parte, primeiramente, pedido de
reconsideração à própria Turma recursal, que, negando­o,
facultará ao recorrente a via da Reclamação.
O prazo para interposição do Recurso Inominado é de 10
(dez) dias, contados da ciência da sentença (art. 42 da
Lei 9.099/95), e não de 15 (quinze) dias, prazo do CPC.
No mais, haverá a integração do CPC, exceto nos casos
dos arts. 518 e parágrafo, 519 e parágrafo, 520 nos
incisos I, II, III e VI, e, 521 primeira parte, por conterem
matéria regulada ou conflitante com a lei 9.099/95.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Estatuído nos arts. 48, 49 e 50 da lei 9.099/95, os
Embargos de Declaração serão interpostos em 5 (cinco)
dias, contados da ciência da decisão. A novidade fica por
conta da possibilidade de interpô­los oralmente, conforme
faculta o art. 49 da lei dos JEC. Interessante, em relação
aos Embargos de Declaração do CPC, arts. 535 a 538, foi
a inserção do vocábulo ‘dúvida’ no art. 48, uma vez que
esta expressão, que existia no CPC revogado, foi abolida
do novo Código de Processo Civil, trazendo um retrocesso
difícil de explicar. Quero crer que este vocábulo tornou­se
redundante, uma vez que constatando­se obscuridade,
esta, naturalmente, dará causa à dúvida.
Dispõe o art. 48 da lei 9.099/95:
“Caberão embargos de declaração quando, na sentença
ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão ou
dúvida.”
O art. 535 do CPC, ao dispor sobre este instrumento
processual, elencou em seus incisos:
“Cabemembargos de declaração quando:
I – houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou
contradição;
II – for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar­se o
juiz ou tribunal.”
O art. 50 dispõe que:
“quando interpostos contra sentença, os embargos de
declaração suspenderão o prazo para recursos.”
Causa­me estranheza o art. 50 da lei dos JEC, pois,
dispondo que “quando interpostos contra sentença…”,
leva­nos a crer que poderá ser interposto contra outro
tipo de decisão que não a sentença, neste caso, as
decisões interlocutórias, uma vez que é entendimento
legal não caber recursos contra despachos de mero
expediente, art. 504 CPC.
Outro ponto que reforça esta tese é que sendo a Lei
9.099/95 subsidiária ao CPC, conforme já explorado, seria
desnecessária a informação do art. 50. Por tais motivos,
acredito que a expressão “quando interposto contra
sentença” nos possibilita a utilização deste instrumento
processual contra decisões não terminativas, de maneira
especialíssima, sendo que nestes casos, não
interromperão o prazo para interposição de qualquer
outro recurso, quando possível. Fica a sugestão.
 
Sendo assim, penso que as demais disposições estatuídas
no CPC, ao tratar de embargos de declaração, em
especial o parágrafo único do art. 538, devam ser
importadas, sendo este, aliás, o entendimento do art. 15,
§ 2º da Resolução 11/98, ratificada, mais adiante, pela
Resolução de nº 06/99, ambas do Conselho de
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, que é o
anteprojeto do Regimento Interno das Turmas Recursais,
observando­se, ainda, a aplicação supletiva do Regimento
Interno do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro, sendo os casos omissos solucionados pela
presidência do Tribunal de Justiça.
É de se ressaltar que o recurso de Embargos de
Declaração pode ser oposto a acórdão proferido pela
Turma Recursal, também no prazo de 5 (cinco) dias da
intimação do julgado, sendo dirigido ao Relator, conforme
dispõe o art. 15 §§ 1º e 2º da resolução 06/99 do
Conselho de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro.
OS RECURSOS PREVISTOS NO CPC E A LEI 9.099/95
Abaixo, o art. 496, CPC, elencando os recursos
disponíveis que serão aplicados, quando possível, em
sede de Juizados.
Dispõe o art. 496 do CPC:
“São cabíveis os seguintes recursos:
I – apelação;
II – agravo;
III – embargos infringentes;
IV – embargos de declaração;
V – recurso ordinário;
VI – recurso especial;
VII – recurso extraordinário;
VIII – embargos de divergência em recurso especial e em
recurso extraordinário.
Os recursos Ordinário, Especial e Extraordinário, bem
como seus embargos, não serão estudados por tratarem
de matéria sobretudo constitucional, fugindo ao escopo do
trabalho ora elaborado.
DA APELAÇÃO
Como estudado anteriormente (Recurso Inominado), o
recurso de Apelação, da forma como foi concebido pelo
CPC, não foi recebido pela Lei 9.099/95. A lei dos
Juizados Especiais Cíveis disciplinou a questão no arts. 41
e parágrafos, 42 e parágrafos e 43, alterando, inclusive,
a nomenclatura do próprio recurso, ou, se preferirem,
omitindo a sua nomenclatura.
Por ser assunto já tratado anteriormente, não dedicarei
outras linhas neste tópico.
DO AGRAVO
O recurso de agravo, da forma que o conhecemos no
CPC, arts. 522 a 529, é o recurso cabível contra decisões
interlocutórias, ou seja, decisões não sejam terminativas
(art. 267 e 269 CPC), bem como que não estejam
incluídas no rol dos despachos de mero expediente,
contra os quais é incabível recurso (art.504 CPC).
O CPC faculta duas modalidades de agravo, o agravo
retido e o agravo de instrumento. Em resumo, na
primeira hipótese, agravo retido, a parte que discordar
da decisão interlocutória proferida, deverá interpô­lo
mediante petição escrita ou oralmente durante a
audiência, hipótese do § 3º do art. 523 CPC, expondo os
fatos e o direito, bem como as razões do pedido de
reforma da decisão, sendo que esta petição ficará
anexada aos autos, por isso retido, ou inserta no próprio
termo da audiência, quando for o caso, sendo apreciada
somente quando da interposição e julgamento do recurso
de Apelação, devendo a parte requerer expressamente
nas razões ou na resposta da apelação sua apreciação
pelo tribunal. Com relação ao segundo caso, agravo de
instrumento, a parte levará imediatamente para o
tribunal o conhecimento da decisão interlocutória
impugnada, observados os requisitos dos arts. 524, 525 e
526 do CPC, podendo o tribunal atribuir efeito suspensivo
ao recurso, inciso II do art. 527.
Como já restou claro neste estudo, defendo
ardorosamente a aplicação subsidiária do CPC em relação
à lei 9.099/95. A aplicação subsidiária do CPC no que
concerne ao agravo, portanto, não estaria fora deste
trabalho. Diversos julgados, bem como enunciados cíveis,
a saber, enunciado 1 do aviso 08/97 e, enunciado 6 do
aviso 17/98, primeira reunião e primeiro encontro de
Coordenadores e Juízes das Turmas Recursais dos
Juizados Especiais, respectivamente, negam a
admissibilidade do recurso de agravo em sede de
Juizados Especiais Cíveis, por falta de previsão legal,
mesmo após a sentença. Curioso é o fato de que mesmo
na ausência de previsões legais, autorizam­se
determinadas práticas, como por exemplo, a impetração
de mandado de segurança para a Turma Recursal
(Resoluções 11/98 e 06/99, e Enunciados 19 do aviso
125/95, 7 e 8 do aviso 17/98), ou a interposição de
Recurso Extraordinário (Resoluções 11/98 e 06/99) do
acórdão proferido pela Turma Recursal Cível. Como já
dito anteriormente, o que não se pode aceitar é a
interpretação conveniente da lei, o que causa temível
insegurança jurídica.
Para discorrer um pouco mais sobre o tópico ´agravo´,
faz­se necessário uma pequena análise dos princípios
informativos da lei 9.099/95, insculpidos em seu art. 2º.
Dispõe o art. 2º da lei 9.099/95:
“O processo orientar­se­á pelos critérios da oralidade,
simplicidade, informalidade, economia processual e
celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação
ou a transação.”
Para este tema, interessa sobremaneira o estudo mais
aprofundado do princípio da celeridade. Os dicionários
nos ensinam que a expressão ´celeridade´ quer dizer
qualidade de célere, que por sua vez significa veloz,
ligeiro, rápido. O princípio da celeridade prevê uma
prestação jurisdicional rápida, sem contudo, olvidar da
segurança na prestação da jurisdição ao jurisdicionado. A
celeridade que se almeja é o término de um processo em
poucos meses, inclusive com sentença definitiva, pois, de
nada adianta a solução rápida em primeiro grau, se o
processo se arrastar no segundo grau de jurisdição.
Celeridade não significa decidir na hora, como faz um
árbitro de futebol, e sim, decidir com rapidez e
segurança, obviamente respeitados princípios de ordem
constitucional.
Dentre os princípios de ordem constitucional processual,
os que mais interessam ao tema são: Princípio do Devido
Processo Legal com seus consectários Princípio do
Contraditírio e Princípio da Ampla Defesa, e ainda,
Princípio do Duplo Grau de Jurisdição.
Dispõe a Constituição Federal:
Art. 5º, inciso XXXIV, ‘a’ – 
“São a todos assegurados, independentemente do
pagamento de taxas: O direito de petição aos Poderes
Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou
abuso de poder.”
Art. 5º, inciso XXXV –
“A lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão
ou ameaça a direito.”
Art. 5º, inciso LIV – 
“Ninguém será privado da liberdade ou seus bens sem o
devido processo legal.”
Art. 5º, inciso LV – 
“Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes.”
Ora, entendo ser de utilitaríssima presteza os efeitos que
emanam do princípio informativo da celeridade, praticado
em sede de Juizados Especiais, trazendo no seu bojo a
realização de uma justiça rápida que atendenda aos
anseiosda sociedade moderna, entretanto, não podemos
deixar de considerar os princípios que emanam de nossa
própria Constituição Federal, lei maior que deve ser
respeitada por todo o ordenamento jurídico
infraconstitucional.
Ao dispor expressamente sobre os princípios acima
alencados, o constituinte quis assegurar­se do
entendimento de tais direitos, visto que, como sabemos,
outras cartas constitucionais que abraçavam estes
princípios, não o faziam expressamente, o que não por
isso deixava de considerá­los. Outro aspecto importante é
o fato de tais princípios estarem inseridos no capítulo I do
título II da CRFB/88, o que quer dizer que são direitos e
garantias fundamentais, verdadeiras cláusulas pétreas.
Entendo que o princípio da celeridade não pode se
sobrepor aos princípios constitucionais do devido
processo legal, da ampla defesa, do contraditório, e do
duplo grau de jurisdição, posto que, estes, emanam da
vontade soberana do povo, vontade esta consolidada em
nossa Carta Magna, enquanto que aquele é mero princípio
processual de ordem infraconstitucional.
Ultrapassada a questão do confronto celeridade X ordem
constitucional, retorno à analise do inciso IX do Aviso
18/97, enunciados finais cíveis, sabiamente nos ensina
que “ há a aplicação subsidiária do CPC à lei 9.099/95 em
tudo o que for compatível com as normas específicas ou
princípios norteadores do microssistema dos Juizados
Especiais Cíveis”.
Ao analisar a hipótese do agravo de instrumento da
forma como se apresenta no CPC, entendo que só deva
ser aplicado em último caso, uma vez que estaria
violando, justamente, o princípio da celeridade. O
procedimento requerido para a interposição de agravo de
instrumento é demasiadamente complexo, o que trará
entraves incompatíveis com os princípios norteadores do
sistema. Sem embargo da questão da subsidiariedade em
si, uma vez que esta existe e é admitida, o que ocorre é
tão somente a incompatibilidade deste recurso com os
princípios informativos da lei, estatuídos no art. 2º da
mesma, em especial o princípio da celeridade.
Entretanto, o nosso ordenamento processual civil traz
outro meio de se atacar as decisões interlocutórias,
através do agravo retido, e por isso não estaríamos
violando princípio constitucional ao deixarmos de utilizar
o agravo de instrumento como forma primeira de
interceder no processo.
Em todos os casos onde haja decisão interlocutória,
deverá a parte insatisfeita, primeiramente, proceder ao
pedido de reconsideração para o próprio juiz prolator da
decisão, que indeferindo tal pleito possibilitará a via do
agravo, que deverá ser preferencialmente na modalidade
de retido nos autos.
Quando utilizar o agravo retido e quando utilizar o agravo
de instrumento? Conforme já exposto, é latente que o
agravo na modalidade de instrumento é o que menos se
adequa ao rito especialíssimo da lei dos Juizados,
devendo, por este motivo, ser utilizado em último caso.
Devemos proceder a um processo de exclusão, de forma
que onde não for possível a utilização do agravo retido
utilize­se o agravo de instrumento para fazer valer
direitos instituídos pelo nosso ordenamento
constitucional.
Com relação ao agravo retido, ainda, arrisco dizer que
não foi disciplinado na lei atual simplesmente por ser
posterior à mesma. As leis 9.139/95 e 9.245/95, que
instituíram e inseriram o instituto processual do agravo
no CPC, da forma como o conhecemos hoje, são
posteriores à lei 9.099/95, que criou os Juizados Especiais
Cíveis e Criminais. Outra razão para prestigiar
primeiramente o agravo retido é a disposição contida no
inciso III do art. 280 do CPC, no capítulo destinado ao
procedimento sumário, que muito se assemelha ao
procedimento especialíssimo da lei 9.099/95, onde é o
recurso escolhido pelo legislador para atacar decisões
interlocutórias, obviamente por ser o que menos causa
prejuízos à celeridade.
O uso do recurso de agravo retido é adequado à
finalidade e aos princípios dos Juizados Especiais Cíveis,
que deve corresponder a um rito simples e rápido. Pela
sua utilização, não se estará obstaculizando o feito,
causando interferências que certamente são
desinteressantes ao procedimento dos Juizados. 
Desta forma, ocorrendo decisão de caráter interlocutório,
passível, portanto, de recurso, entendo que poderá
primeiramente requerer­se a reconsideração ao Juiz
prolator da decisão, sendo­lhe negado, a parte interporá
agravo retido, que será consignado em ata quando a
decisão atacada for proferida em audiência, na forma do
§ 3º do art. 523 do CPC. Após a sentença de primeira
instância, caberá o mesmo agravo retido, só que agora
deverá ter forma de petição escrita, observado­se os
princípios da informalidade e simplicidade, de forma que,
em ambos os casos, habitará os autos até que subam
para a Turma Recursal, que, por sua vez, o apreciará
preliminarmente, quando requerido nas razões ou contra­
razões de recurso inominado. Nos outros casos, por
exclusão, caberá o agravo de instrumento, interposto
diretamente ao órgão colegiado, Conselho Recursal ou
Turma Recursal, como dispõe a lei, obedecendo­se aos
procedimentos do CPC.
Importante lembrar do princípio do acesso à justiça.
Obstaculizar o recurso contra decisões interlocutórias é
uma das formas de se vedar o acesso à justiça, que não
deve ser confundido com acesso ao judiciário.
Não podemos nos esquecer que vivemos em um Estado
Democrático Constitucional de Direito, com gênese
romano­germânica, portanto, pautado por leis escritas.
Devemos, então, obedecer a hierarquia das leis. Nossa
Lei Maior, a Carta Magna, vem sendo alvo de toda sorte
de mutilações, apedrejada por grupos de interesse de
ordem obscura. Todo poder emana do povo que deve ser
tutelado pelo Estado. O poder Judiciário, asilo
indevassável do povo, não poderá curvar­se às tentações
do mundo moderno. A retidão de princípios deve estar
consolidada em nossas mentes, pois, são homens que
constituem uma nação.
EMBARGOS INFRINGENTES
Dispõe o art. 530 do CPC:
“Cabem embargos infringentes quando não for unânime o
julgado proferido em apelação e em ação rescisória. Se o
desacordo for parcial, os embargos serão restritos à
matéria objeto da divergência.”
Primeiramente, cumpre ressaltar, que serve o recurso de
Embargos Infringentes para atacar decisões terminativas
proferidas em grau de Apelação ou em Ação Rescisória,
sendo que a última não é objeto deste estudo. Com
relação à apelação faz­se necessário lembrar que não é
recurso cabível em sede de Juizados Especiais Cíveis,
entretanto, a lei 9.099/95 previu em seus arts. 41 e
parágrafos, 42 e parágrafos e 43, o recurso cabível para
atacar as decisões que põem termo ao processo em
primeira instância, ou seja, o Recurso Inominado, já
tratado anteriormente. Portanto, em tese, observando­se
o princípio da subsidiariedade do CPC em relação à lei
9.099/95, seria plausível falarmos em embargos
infringentes em sede de juizados.
O Anteprojeto de Regimento Interno das Turmas
Recursais Cíveis, Resolução 06/99 do Conselho de
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, silencia a
respeito deste recurso, dispondo, apenas, em seu art. 16
que aplicam­se supletivamente ao funcionamento das
Turmas Recursais as normas do Regimento Interno do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janieiro, sendo,
ainda, os casos omissos solucionados pela presidência do
Tribunal de Justiça. Obviamente, por casos omissos
entende­se aqueles não regulados nem pela Resolução e
nem pelo Regimento Interno.
Nesta linha de raciocínio, ao enfrentarmos acórdão da
Turma Recursal onde não houvesse unanimidade,
interpor­se­ia o recurso de Embargos Infringentes,
observados os procedimentos estatuídos no Regimento
Interno do Tribunal de Justiça. Dispõe o art. 4º, inciso I,
alínea ‘e’, do RITJERJ:
“Compete à Seção Cível processar e julgar os Embargos
Infringentes contra acórdãos de grupos e câmaras cíveis
e o recurso contra decisão que não os admitir”Neste momento, ocorre, então, um desafio insuperável,
uma vez que o órgão Turma Recursal é desprovido de
divisões de competência, a exemplo do Tribunal de
Justiça. Não há Tribunal Pleno, Órgão Especial, Seção e
Câmara. Grosso modo, a competência é cumulativa nas
Turmas Recursais, ou seja, os recursos são interpostos
diretamente para ela, segregando­se, apenas, a matéria
cível da criminal, conforme dispõe o art. 1º da Resolução
06/99.
Pelo exposto, entendo ser incabível o Recurso de
Embargos Infringentes em sede de Juizados Especiais
Cíveis, o que, de certa forma, não avilta princípios
constitucionais, uma vez que, mesmo precariamente, já
estaria garantido o princípio do duplo grau de jurisdição,
prestigiando­se, ainda, o princípio informativo da
celeridade.
O próximo recurso seria o Embargo de Declaração,
entretanto, este recurso foi tratado anteriormente.
OUTROS “RECURSOS” – CORREIÇÃO PARCIAL E
MANDADO DE SEGURANÇA
CORREIÇÃO PARCIAL ou RECLAMAÇÃO
Por mais que tentemos resolver as questões processuais
obedecendo aos critérios e condições explanados, haverá
vezes em que a parte se sentirá na iminência de sofrer
um grande prejuízo, sem que haja um remédio específico
para sanar o dano que o Juiz causou aos interesses em
litígio.
A Correição Parcial ou Reclamação veio ao mundo jurídico
justamente para afrontar decisões judiciais que possam
causar dano irreparável para a parte.
Dispõe o art. 210 do RITJERJ:
“São suscetíveis de correição, mediante reclamação da
parte ou do órgão do Ministério Público, as omissões dos
juízes e os despachos irrecorríveis por eles proferidos
que importem em inversão da ordem legal do processo
ou resultem de erro de ofício ou abuso de poder”
O CODJERJ, em seu art. 219, também dispõe a respeito
do tema.
Portanto, caberá a via da Correição Parcial, mediante
Reclamação, sempre que as omissões ou os despachos
irrecorríveis proferidos pelo Juiz dêem causa à inversão
da ordem legal do processo, ou ainda, originem­se de
erro ou abuso de poder.
Com relação à sua admissibilidade, será de competência
do Vice­Presidente do Tribunal de Justiça, conforme
dispõe o art. 211 do Regimento Interno.
É sobretudo importante ressaltar, que é requisito
inafastável para o pleito da Reclamação, a existência
anterior de pedido de reconsideração ao Juiz que prolatou
a decisão atacada, parágrafo único do art. 211 do
Regimento Interno. Tanto o pedido de reconsideração
quanto a própria Reclamação deverão obedecer ao prazo
de 5 (cinco) dias, ou seja, havendo decisão irrecorrível ou
omissão do Juiz, a parte deverá pedir a reconsideração
em 5 (cinco) dias, contados da data da publicação ou da
ciência, só então, sendo denegatório o novo despacho, é
que poder­se­á lançar mão da Reclamação, obedecendo­
se, também, o prazo de 5 (cinco) dias contados da data
do despacho que denegou a reconsideração. Os arts. 212
à 215 do Regimento Interno dispõe a cerca dos
procedimentos exigidos para a formulação da
Reclamação.
Quanto à possibilidade da utilização desta modalidade de
pedido em sede de Juizados Especiais Cíveis, não há o
que se negar, uma vez que a própria Resolução 06/99,
que funciona como anteprojeto de Regimento Interno das
Turmas Recursais Cíveis, dispõe em seu art. 16 que
aplicam­se supletivamente ao funcionamento das Turmas
Recursais as normas do Regimento Interno do Tribunal de
Justiça.
Sendo assim, diante daqueles casos em que o dano se faz
iminente e não há mais instrumentos processuais
disponíveis, para se evitar dano irreparável para a parte,
seja por omissão a respeito daquilo que devia se
pronunciar, seja por decisão irrecorrível, deverá a parte
interpor Reclamação ao Tribunal de Justiça.
MANDADO DE SEGURANÇA
Para finalizar este estudo, não poderia deixar de tecer
um breve comentário a respeito do instituto do Mandado
de Segurança. Como sabemos, o Mandado de segurança,
instituído em nosso ordenamento jurídico pela lei
1.533/51, serve para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus, sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, alguém sofrer violação ou houver
justo receio de sofrê­la por parte de autoridade, seja de
que categoria for ou sejam quais forem as funções que
exerça.
Diversos enunciados, bem como resoluções, regulam a
questão do Mandado de Segurança em sede de Juizados
Especias, o que, de pronto, autoriza a sua proposição.
Dispõe o Enunciado 19 do Aviso 125/95:
“O Mandado de Segurança contra ato do Juiz do Juizado
Especial Cível será julgado pelo Conselho Recursal.”
Dispõe o Enunciado 7 do Aviso 17/98:
“É admissível Mandado de Segurança somente contra ato
ilegal e abusivo praticado por Juiz do Juizado Especial.”
Dispõe o Enunciado 8 do Aviso 17/98:
“O prazo para informações no Mandado de Segurança é o
do art. 7º, inciso I, da lei 1.533/51, podendo o Relator
solicitar urgência.”
Dispõe o art. 1º da Resolução 11/98, ratificado pelo art.
1º da Resolução 06/99, que funciona atualmente como
Regimento Interno das Turmas Recursais Cíveis:
“Haverá na Comarca da Capital duas Turmas Recursais,
uma cível e outra criminal, com competência para
julgamento dos Mandados de Segurança, Habeas Corpus e
dos recursos das decisões proferidas pelos Juizados
Especiais de todas as Comarcas, excluídas aquelas
mencionadas no art. 2o desta Resolução.”
Desta sorte, não há o que se cogitar da não aplicabilidade
do Mandado de Segurança em sede de Juizados Especiais
Cíveis, o que seria afrontar o direito de petição, o acesso
à justiça e os princípio constitucional da ampla defesa.
Importante ressaltar que a lei do Mandado de Segurança,
lei 1.533/51, em seu art. 5º, inciso II, dispõe que não se
dará Mandado de Segurança quando se tratar de
despacho ou decisão judicial, quando haja recurso
previsto nas leis processuais ou possa ser modificado por
via de correição. Portanto, estamos diante de derradeiro
pedido ao judiciário, em se tratando de decisão judicial,
onde só terá cabimento se houver esgotado todos os
meios processuais possíveis, e ainda, não possa ser
reformada por via de Reclamação.
No que tange às decisões das Turmas Recursais,
deveremos, por força do contido no art. 16, da Resolução
06/99 do Conselho de Magistratura, por se tratar de caso
omisso, em ambos os regimentos internos, apresentar o
Mandado de Segurança diretamente para o Vice­
Presidente do Tribunal de Justiça, para que este
providencie o seu processamento.
CONCLUSÃO
O homem, ser insatisfeito que é, sempre estará a procura
de novos entendimentos, de novos desafios, tentando,
como que num movimento instintivo, a cada novo dia,
deixar a copa das árvores e ganhar as desconhecidas
planícies que rodeiam o seu pequeno mundo. Com este
pensamento é que tentei trazer à lume do mundo jurídico
algumas críticas e sugestões a respeito do sistema
recursal nos Juizados Especiais Cíveis. Sei que trata­se
de tema delicado, mas sei também que por este mesmo
motivo merece ser estudado, deve ser enfrentado. Se
permanecermos em cima da copa das árvores, com sua
aparente segurança, estaremos abandonando a nossa
essência, a nossa eterna curiosidade.
Espero que os nossos juristas entendam este breve e
modesto trabalho, que teve como objetivo, tão somente,
provocar a discussão sobre a qualidade do acesso à
justiça em sede de Juizados Especiais. Se ao menos uma
única idéia aqui apresentada deixar estas páginas para
habitar a prática de nossos órgãos jurisdicionais, já
estarei gratificado, sentirei os meus pés tocarem a terra
úmida à sombra daquela árvore, e estarei pronto para
iniciar a minha caminhada com destino incerto, mas
compensador.
Devemos enfrentar as questões que o mundo moderno
nos apresenta, devemos ter agilidade e tranquilidade
para conduzirmos o momento histórico que vivemos,
assim como nossos antepassados o fizeram quando foi
dado a eles a oportunidade. Descemos das árvores,
conhecemos o fogo, construímos cidades, fizemos
guerras,fizemos paz, ganhamos a terra e o espaço, qual
o próximo passo?

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