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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS FACULDADE DE TECNOLOGIA BALANÇO DE MASSA E ENERGIA APLICADOS A SECADORES DE TAMBOR NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE MINGAUS MANAUS - AM 2016 Héricles Klauss da Silva Franco – 21453681 Mariana Campos Afonso – 21456324 Thais dos Santos Leal – 21456933 Atividade da disciplina do curso de Engenharia Química apresentada a Universidade Federal do Amazonas para obtenção de nota parcial da disciplina Princípios dos Processos Químicos ministrado pela Profª CRISTIANE DALIASSI RAMOS DE SOUZA. MANAUS-AM 2016 RESUMO Farinhas pré-cozidas são preparações a base de cereal, instantâneas ou de rápida dissolução, que, quando reidratadas, com água ou leite, se transformam em sopa, mingau, creme ou massa. Tais produtos tiveram grande êxito no mercado de alimentos para bebês, principalmente devido a sua praticidade no uso diário aliado à nutrição balanceada. Os tambores de secagem utilizados na produção desses mingaus apresentam elevado consumo energético. Em função disso, realizar análises e os devidos balanços de massa e energia no sistema são de fundamental importância a fim de evitar perdas e custos desnecessários. Nesse trabalho, foi realizado o estudo do balanço de massa e energia simples aplicado nos processos rotineiros da produção de mingaus em tambores de secagem. Sumário RESUMO 1. Considerações Iniciais ................................................................................... 1 2. Objetivo ......................................................................................................... 2 3. Balanço de Massa ......................................................................................... 2 4. Balanço de Energia ....................................................................................... 3 5. Balanço de Massa e Energia Aplicados a Secadores de Tambor .................. 4 5.1. Um Exemplo de Balanços de Massa e Energia Simples no Processo de Obtenção do Mingau .......................................................................................... 6 6. Considerações Finais .................................................................................... 8 7. Referências ................................................................................................... 9 1. Considerações Iniciais Secadores de tambor têm sido amplamente utilizados na indústria alimentícia para a secagem de vários alimentos líquidos, semilíquidos ou pastosos. Dessa maneira, muitos produtos alimentícios secos, tais como o leite em pó, mingaus, sopas, maltodextrinas e muitos outros produtos, alimentares ou não, podem ser produzidos. O produto obtido, por sua vez, se caracteriza como poroso e extremamente fácil de ser reidratado, ou seja, de utilização instantânea. O objetivo desse tipo de processo é, no entanto, estender a vida útil dos produtos, otimizando os custos de embalagem e transporte. Também conhecidos com o nome de rolo de secador ("drum dryer" ou "roller-dryer"), secadores de tambor são constituídos de um ou dois tambores rotativos, com diâmetro variável (0,5 a 1,5 metros), medindo 2 a 5 metros de comprimento, aquecidos internamente através do uso de vapor (Gava, 1978). Ou seja, são secadores que se utilizam da condução com o efeito secativo sendo obtido através da transferência de calor do vapor - que condensa dentro dos tambores - para a película fina de material recobrindo a sua superfície externa. Ele pode estar na pressão atmosférica ou ser mantido em pressão reduzida (vácuo). A figura 1 representa um processo comumente utilizado de desidratação na produção de mingaus em secadores de tambor. O material a ser secado é preparado em um misturador, adicionando-se os ingredientes desejados (farinha, açúcar, vitaminas e etc.). Depois da mistura (5-10 min) o alimento líquido ou semilíquido é transportado por meio de uma bomba para a superfície do tambor de secagem e igualmente distribuído ao longo dela. Quando na superfície externa do tambor de secagem rotatório na forma de uma película fina, o material é então desidratado. Após 3/4 de uma revolução do tambor a partir do ponto de alimentação, o produto seco é então raspado dos tambores que estão girando em baixa rotação, por meio de uma lâmina. Por fim, a película seca é então moída para dar ao produto final a forma de um pó fino (Gava, 1978). É de suma importância que, para qualquer processo industrial, se utilizem equipamentos adequados. Nesse caso, deve-se observar o tamanho e tipo do secador de tambor a ser utilizado, visando a otimização do investimento e custos operacionais. Por isso, balanços de massa e energia se tornam cruciais, uma vez que permitem a análise do rendimento do aparelho. . Figura 1. Desenho esquemático da produção de mingaus no secador de tambor 2. Objetivo Apesar das diversas técnicas de secagem disponíveis na indústria hoje, o secador de tambor ainda apresenta uma enorme importância na produção de alimentos desidratados. Tendo isso em vista, a intenção dessa análise é aplicar balanços de massa e energia simples nos processos rotineiros da produção de mingaus em tambores de secagem. 3. Balanço de Massa Também chamado de balanço material, se apoia na lei de conservação da massa, onde afirma que a mesma não pode ser criada nem destruída. Os balanços de massa pode ser classificados como contínuos, em batelada ou semibatelada, e também como processos transientes ou estacionários. No primeiro caso, não existe transferência de massa através dos limites do sistema entre o momento da carga da alimentação e o momento da retirada dos produtos. Em processos contínuos, as entradas e saídas fluem continuamente ao longo do tempo total de duração do processo. Processos em semibatelada ou semicontínuos são todos aqueles que não são nem contínuos nem em batelada. Por outro lado, se todas as variáveis (temperaturas, pressões, volumes, vazões e etc.) não variam com o tempo, o processo é dito estacionário. No caso contrário, o processo passa a ser transiente ou não-estacionário (FELDER ET. ROUSSEAU, 2013). Para Felder (2013), um balanço de uma quantidade conservada em um sistema pode ser escrito de acordo com a seguinte equação geral: ENTRADA + GERAÇÃO - SAÍDA - CONSUMO = ACÚMULO (entra através das fronteiras do sistema) (produzido dentro do sistema) (sai através das fronteiras do sistema) (consumido dentro do sistema) (acumula- se dentro do sistema) Na indústria, a realização do balanço de massa é de suma importância, pois nos permite estimar e verificar a ocorrência de perdas ou acúmulos, avaliando a total eficiência do processo. 4. Balanço de Energia O balanço de energia, por sua vez, possui um conceito semelhante, mas sua aplicação é voltada para o consumo energético do processo. Sua origem está no alto custo da energia, onde o seu desperdício leva a uma diminuição dos lucros. Por exemplo, se uma planta gasta mais energia que seus concorrentes,seus produtos se tornarão mais caros e deixarão de ser competitivos no mercado consumidor. Com o balanço de energia, é possível que contabilizemos cuidadosamente a quantidade de energia que flui para dentro e para fora de cada unidade de processo e determinar a necessidade energética global do processo (FELDER, 2013). Assim como no balanço de massa, aqui os sistemas também podem ser descritos como abertos, fechados, estacionários ou transientes. De maneira geral, a equação do balanço de energia pode ser escrita da seguinte maneira (HIMMELBLAU, 2011): ∆𝑬 = ∆ (𝑼 + 𝑬𝒑 + 𝑬𝒄) = 𝑸 + 𝑾 − ∆(�̇� + 𝑬�̇� + 𝑬�̇�), onde: ∆𝑬 = ∆ (𝑼 + 𝑬𝒑 + 𝑬𝒄) ∆(�̇� + 𝑬�̇� + 𝑬�̇�) São nulos em sistemas estacionários, onde não há acúmulo de energia. São nulos em sistemas fechados, onde não há fluxo de massa entre as fronteiras do sistema. 5. Balanços de Massa e Energia Aplicados a Secadores de Tambor Balanços de massa e energia representam a base do controle de processos na indústria alimentícia e, consequentemente, na indústria de secagem de alimentos. Estes balanços exigem uma atenção especial na indústria em questão, devido à complexidade dos alimentos e a importância de componentes secundários na qualidade do produto a ser obtido. Balanços de massa e energia em processos de secagem podem ser muito simples, ou muito complexos, levando em consideração um enorme número de variáveis de processos e parâmetros. Na figura 2 encontramos um esquema de um alimento a ser seco e a quantidade de fluxo de vapor necessária para definirmos de maneira adequada os resultados finais de balanço de massa e energia. Materiais líquidos ou semilíquidos de fluxo de massa 𝑚𝑖 ( 𝑘𝑔 𝑠 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑠𝑒𝑐𝑎) , quantidade de água 𝑋𝑖 ( 𝑘𝑔 𝑘𝑔 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑠𝑒𝑐𝑎) e temperatura 𝑇𝑖( 𝐶 𝑜 ) é seco e raspado do tambor de secagem com um fluxo de massa 𝑚𝑜 (𝑘𝑔/𝑠 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑠𝑒𝑐𝑎) , e quantidade de água 𝑋𝑜(𝑘𝑔/𝑘𝑔 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑠𝑒𝑐𝑎) e temperatura 𝑇𝑜( 𝐶 𝑜 ). A água é retirada do material por aquecimento a um fluxo de massa 𝑚𝑤. Portanto, o vapor (fluxo de massa 𝑚𝑠 ( 𝑘𝑔 𝑠 ), temperatura 𝑇𝑠( 𝐶 𝑜 ) e quantidade de calor Q (kW)) está entrando no tambor de secagem transferindo calor para a sua parede. Nesse processo, ele se resfria e condensa, deixando o sistema na forma líquida (condensado). Fig. 2 Desenho esquemático do fluxo de material alimentar e vapor em um secador de tambor De uma maneira simplificada, a equação do balanço de massa pode ser escrita da seguinte maneira: Entrada = Saída + Acúmulo Portanto, para uma secadora adiabática ideal (sem perdas de massa e calor), o balanço de massa pode ser escrito como: Entrada (fluxo de massa da matéria seca) = Saída (fluxo de massa da matéria seca) + Acúmulo (fluxo de massa da matéria seca) Ou seja, 𝑚𝑖 = 𝑚𝑜 + 𝑚𝑤 (Eq.1) Considerando que na água evaporada nenhuma matéria seca pode ser encontrada, então 𝑚𝑤 = 0, e por consequência: 𝑚𝑖 = 𝑚𝑜 (Eq. 2) Já no balanço de energia, quando neste processo, a principal forma de energia a ser considerada no estudo é o calor, e, portanto, apenas o balanço de calor será realizado. Em aplicações práticas dos processos de secagem de alimentos a aplicação do balanço de energia requer o foco no calor, já que se caracteriza como a forma dominante de energia. Balanços de calor envolvem entalpia e calores específicos de variados processos e vapores. O balanço de energia pode ser calculado com base na energia externa utilizada por quilograma de produto, ou material cru processado, ou em sólidos secos, ou algum componente crucial do processo. A Figura 2 também indica o fluxo de energia requerido para determinar os balanços de calor resultantes. A entrada de energia termal no secador 𝑄 (𝑘𝑊) é utilizada para aquecer o material sólido 𝑄𝑚(𝑘𝑊) e para evaporar a água 𝑄𝑤(𝑘𝑊), presumindo que o secador de tambor seja adiabático, como já dito anteriormente. Portanto, a equação geral de balanço de energia para o secador de tambor pode ser escrita da seguinte maneira: 𝑄 = 𝑄𝑚 + 𝑄𝑤 (Eq. 3) portanto, 𝑄𝑚 = 𝑚𝑖(𝐶𝑝𝑚 + 𝑋𝑖𝐶𝑝𝑤)(𝑇𝑜 − 𝑇𝑖) (Eq. 4) 𝑄𝑤 = 𝑚𝑖(𝑋𝑖 − 𝑋𝑜)(∆𝐻𝑜 − (𝐶𝑝𝑤 − 𝐶𝑝𝑠)𝑇𝑜) (Eq. 5) onde, 𝐶𝑝𝑚𝐶𝑝𝑤𝐶𝑝𝑠 - calor específico do material, água e vapor (kJ/kg K). ∆𝐻𝑜 - calor latente de condensação (kJ/kg) 𝑋𝑖 , 𝑋𝑜 - composição de água nos estados final e inicial do material (%, base seca) O calor pode ser absorvido ou liberado por algumas reações no processamento de alimentos, mas normalmente as quantidades são desprezíveis quando comparadas aos calores latentes e sensíveis. Calor sensível é aquele que quando adicionado ou liberado da matéria prima alimentícia muda a sua temperatura e, portanto, pode ser percebido. O calor latente é, por outro lado, o calor requerido para mudar o estado físico das matérias. Considerando o secador de tambor como não-adiabático, balanços diferenciais do secador devem incluir perdas e ganhos locais de calor. 5.1 Um Exemplo de Balanços de Massa e Energia Simples no Processo de Obtenção do Mingau A papa - como é popularmente conhecida - é uma das mais importantes refeições na dieta de um bebê. Ela pode ser produzida utilizando as mais diversas técnicas como secagem por aspersão (spray) ou secagem por tambor. Em seguida, demonstramos, através de um exemplo de secagem por tambor, a obtenção do mingau seco, à base de cereais, e os seus respectivos balanços de massa e energia. Figura 3. Desenho esquemático do fluxo de massa em um típico processo de secagem para a obtenção do mingau. A figura 3 representa um exemplo de fluxo de massa no processo de obtenção do mingau. Presume-se que o secador de tambor é adiabático e que apenas uma perda material de 6% ocorra. Utilizando um simples balanço de massa, podemos obter o seguinte: A massa de matéria seca na mistura molhada é de 940kg*(1-0,6) = 367kg, enquanto a massa de água na mesma é 940kg - 367kg = 564 kg. A massa do produto final pode ser calculada da seguinte maneira: 376kg / 𝑚𝑜= 0,95 / 1, obtendo 𝑚𝑜= 396 kg. Portanto, a massa evaporada de água é 940 - 396 = 544 kg. O balanço de massa total pode é representado na tabela a seguir: Entrada Saída Matéria Seca 400kg Produto Seco 396 kg Água 600 kg Descarte Água 36 kg Matéria Seca 24 kg Água Evaporada 544 kg Total 1000 kg 1000kg Tabela 1. Dados do balanço de massa no processo de obtenção do mingau. Por outro lado, temos também um processo muito simples de balanço de energia, já que a única energia a ser considerada é o calor. Presumindo que o secador de tambor do exemplo acima utilize vapor saturado (calor latente de condensação 2260 kJ/kg) para o processo de obtenção do mingau (temperaturas (𝑇𝑖 = 25 𝑜𝐶, 𝑇𝑜 = 100 𝑜𝐶)) o calor requerido total pode ser obtido facilmente. Utilizando a (Eq. 3), obtemos que a energia térmica total necessária para o processo é de Q = 392 kW. 6. Considerações Finais Balanços de massa e energia possuem uma importância crucial no estudo e avaliação de processos industriais, sendo indispensáveis na sua elaboração. Os balanços podem se dar de variadas maneiras, e apresentar diferentes graus de complexidade. O estudo aqui apresentadovisou trazer balanços simples, mostrando a eficácia de metodologias mais acessíveis em processos industriais práticos a fim de poupar tempo e obter resultados satisfatórios. 7. Referências FELDER, Richard M.; ROUSSEAU, Ronald W. Princípios Elementares dos Processos Químicos. 604 p. LTC, 2013. GAVA, Altenir Jaime. Princípios de Tecnologia de Alimentos. 284 p. NBL, 1978. HIMMELBLAU, David M.; 1967. Basic Principles and Calculations in Chemical Engineering. Prentice-Hall, New Jersey, USA.
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