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Epidemiologia do Câncer carcinogênese

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Epidemiologia do Câncer/Carcinogênese
Josevan Souza
A epidemiologia além de fornecer dados quantitativos, permite conhecer melhor a etiologia e definir estratégias de prevenção. Esta metodologia foi utilizada, há mais de 2 séculos, por Bernardino Ramazzini, na identificação do alto risco de câncer de mama entre freiras, e por Percival Pott, 1775, analisando maior prevalência de câncer de pele da região escrotal em limpadores de chaminés. A epidemiologia baseia-se em dois princípios: as doenças não ocorrem ao acaso; as causas predisponentes podem ser identificadas. As principais observações sobre as causas do câncer podem ser obtidas por estudos epidemiológicos que relacionam influências ambientais, raciais ( hereditárias) e culturais. 
Nesse sentido, o estudo dos padrões das neoplasias nas populações, deve contribuir para o conhecimento das origens do câncer. 
Dados estimados para 2014/2015 (INCA):
O Brasil vem sofrendo mudanças em seu perfil demográfico, consequência, entre outros fatores, do processo de urbanização populacional, da industrialização e dos avanços da ciência e da tecnologia. A essas novas caraterísticas da sociedade brasileira, unem-se os novos estilos de vida e a exposição, ainda mais intensa, a fatores de risco próprios do mundo contemporâneo. 
Esse processo de mudança demográfica, denominado de “envelhecimento” da população, associado à transformação nas relações entre as pessoas e seu ambiente, trouxe uma alteração importante no perfil de morbimortalidade, diminuindo a ocorrência das doenças infectocontagiosas e colocando as doenças crônico-degenerativas como novo centro de atenção dos problemas de doença e morte da população brasileira. 
De acordo com estimativas mundiais do projeto Globocan 2012, da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc, do inglês International Agency for Research on Cancer), da Organização Mundial da Saúde (OMS), houve 14,1 milhões de casos novos de câncer e um total de 8,2 milhões de mortes por câncer, em todo o mundo, em 2012. A carga do câncer continuará aumentando nos países em desenvolvimento e crescerá ainda mais em países desenvolvidos se medidas preventivas não forem amplamente aplicadas. Nesses, os tipos de câncer mais frequentes na população masculina foram próstata, pulmão e cólon e reto; e mama, cólon e reto e pulmão entre as mulheres. Nos países em desenvolvimento, os três cânceres mais frequentes em homens foram pulmão, estômago e fígado; e mama, colo do útero e pulmão nas mulheres. 
Em 2030, a carga global será de 21,4 milhões de casos novos de câncer e 13,2 milhões de mortes por câncer, em consequência do crescimento e do envelhecimento da população, bem como da redução na mortalidade infantil e nas mortes por doenças infecciosas em países em desenvolvimento. 
No Brasil, a estimativa para o ano de 2014, que será válida também para o ano de 2015, aponta para a ocorrência de aproximadamente 576 mil casos novos de câncer, incluindo os casos de pele não melanoma, reforçando a magnitude do problema do câncer no país. O câncer de pele do tipo não melanoma (182 mil casos novos) será o mais incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de próstata (69 mil), mama feminina (57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil). 
É incontestável que o câncer é hoje, no Brasil, um problema de saúde pública, cujos controle e prevenção deverão ser priorizados em todas as regiões, desde as mais desenvolvidas – cultural, social e economicamente – até às mais desiguais. As abordagens orientadas para enfrentar esse problema de saúde são, necessariamente, múltiplas, incluindo: ações de educação para saúde em todos os níveis da sociedade; prevenção orientada para indivíduos e grupos; geração de opinião pública; apoio e estímulo à formulação de legislação específica para o enfrentamento de fatores de risco relacionados à doença; e fortalecimento de ações em escolas e ambientes de trabalho. 
De outro lado, atividade fundamental é o monitoramento continuado dos programas de prevenção e controle implementados para combater o câncer e seus fatores de risco. Esse monitoramento incorpora a supervisão e a avaliação dos programas como atividades necessárias para o conhecimento do andamento e do impacto no perfil de morbimortalidade da população, bem como a manutenção de um sistema de informações oportuno e de qualidade, que subsidie análises epidemiológicas como produto dos sistemas de vigilância. 
Câncer da cavidade oral
Estimam-se, para o Brasil, no ano de 2014, 11.280 casos novos de câncer da cavidade oral em homens e 4.010 em mulheres. Tais valores correspondem a um risco estimado de 11,54 casos novos a cada 100 mil homens e 3,92 a cada 100 mil mulheres.
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer da cavidade oral em homens é o quarto mais frequente nas regiões Sudeste (15,48/ 100 mil) e Nordeste (7,16/ 100 mil). Na região Centro-Oeste, é o quinto (8,18/ 100 mil). Nas regiões Sul (15,21/ 100 mil) e Norte (3,21/ 100 mil), o sexto. Para as mulheres, é o nono mais frequente nas regiões Sudeste (4,88/ 100 mil) e Nordeste (3,72/ 100 mil). Na região Norte (1,60/ 100 mil), ocupa a 11a posição. Na região Centro-Oeste (3,30/ 100 mil), é o 12o mais frequente e, na região Sul (3,09/ 100 mil), o 15o (Tabelas 4, 12, 22, 27 e 32).
O câncer de cavidade oral é considerado um problema de saúde pública em todo o mundo. A última estimativa mundial apontou que ocorreriam cerca de 300 mil casos novos e 145 mil óbitos, para o ano de 2012, por câncer de boca e lábio (C00-08). Desses, cerca de 80% ocorreram em países em desenvolvimento. As mais altas taxas de incidência foram observadas em populações da Melanésia, do Centro-Sul Asiático, da Europa Oriental, Central e Ocidental, da África e da América Central.
Os principais fatores de risco para o câncer da cavidade oral são: tabagismo, etilismo, infecções por HPV, principalmente pelo tipo 16, e exposição à radiação UVA solar (câncer de lábio). Contudo, entre tais fatores, destacam-se o tabagismo e o etilismo. Estudos mostram um risco muito maior de desenvolver câncer na cavidade oral em indivíduos tabagistas e etilistas do que na população em geral, evidenciando a existência de uma sinergia entre o tabagismo e o etilismo. Ressaltam ainda um aumento no risco de acordo com o tempo que a pessoa fuma, com o número de cigarros fumados por dia e com a frequência de ingestão de bebidas alcoólicas.
A dieta também parece exercer um papel importante na prevenção desse tipo de câncer. Alguns estudos de base hospitalar reportam que o aumento da ingestão de frutas e vegetais contribui para a diminuição do risco de desenvolver essa neoplasia.
As taxas de incidência para câncer de cavidade oral relacionado à infecção pelo HPV, como amígdala, base da língua e orofaringe, vêm aumentando entre a população de adultos jovens em ambos os sexos. Parte desse aumento pode ser em razão de mudanças no comportamento sexual.
Apesar disso, as taxas de mortalidade por câncer da cavidade oral apresentam um declínio na maioria das populações masculinas. Contudo, em mulheres, esse comportamento ainda não pode ser observado, porque o início do uso do tabaco por elas foi posterior ao dos homens.
A melhor forma de diminuir a incidência dessa doença é controlar os fatores de risco que conhecidamente favorecem seu desenvolvimento. Para reduzir a mortalidade, é necessário que haja diagnóstico precoce feito por meio do exame clínico dos tecidos da boca, realizado obrigatoriamente por um profissional de saúde capacitado, com o qual será possível identificar tanto lesões potencialmente malignas quanto o câncer em estágios iniciais, possibilitando um tratamento menos agressivo e o aumento da sobrevida. O autoexame não deve ser preconizado como método preventivo com o risco de mascarar lesões e retardar o diagnóstico do tumor.
Fatores Geográficos e Ambientais:
Acredita-se que os fatores ambientais sejam os contribuintes mais significativos na maioria dos cânceres esporádicoscomuns (65% do total de cânceres). Nesse sentido, acredita-se também que os fatores geográficos estão atrelados ao fatores ambientais. 
No ambiente, os fatores carcinogênicos estão na atmosfera, no local de trabalho, nos alimentos e nas práticas pessoais. Exemplos: ambientes externos ( raios UV, poluição); medicamentos; no trabalho ( associado com o uso de asbestos, cloreto de vinil, entre outros); em casa ( alimentação rica em gordura, álcool). Pessoas com sobrepeso, também tem chances maiores de morte por câncer, pesquisas nos EUA mostram que a obesidade está associada com 14% das mortes por câncer em homens e 20% em mulheres. Para além, o álcool e o fumo separadamente aumentam as chances de acometimento, e as duas unidas aumento ainda mais, de forma sinérgica, os risco de acometimento de câncer, principalmente os de vias aéreas e trato digestório. 
Fatores de Idade:
A maioria dos carcinomas ocorre nos anos mais tardios da vida, acima dos 55 anos de idade. Acomentendo a morte de mulheres entre 40 e 79 anos e homens entre os 60 e 79 anos. A incidência crescente com a idade pode ser associada com o acúmulo de multações somáticas associadas À emergência de neoplasmas malignos, além do declínio da imunocompetência, que acompanha o evelhecimento. 
Embora, as crianças não são poupadas de cânceres. 10% das mortes infantis nos EUA estão associadas com o câncer, sendo a segunda causa de morte de individuos menos que 15 anos, perdendo apenas para acidentes. 
Fatores Genéticos:
No geral esses fatores são pequenos, em relação aos ambientais, cerca dd 10% dos cpaientes com câncer herdaram mutações que os predispõem ao câncer. A mais comum são as síndromes neoplásicas hereditárias com padrão autossômico dominante, que pode ser caracterizada como uma mutação potual, que ocorre em um único alelo de um gene supresor de tumor. Algumas características peculiares são vistas, como os tumores tendem a surgir em sítios e tecidos específicos, sem predisposição para câncer em geral. 
As neoplasias também pode ter associação com os defeitos de reparo do DNA, que resulta na instabiliadade do mesmo, nessa categoria, os acometimento em colorreto, intistino delgado, endométrio e ovário são evidenciados. 
Também é importante salientar os cânceres familiares, muito embora o padrão não seja muito claramente definido, além de não estarem associados a fenótipos marcadores específicos. Acometem principalmente a mama, ovário e cérebro. Uma pesquisa americana estima que cerca de 10 a 20 % dos pacientes com cânces de mama e de ovário possuem um parente de primeiro ou de segundo grau com um desses tumores. 
Portanto, em grande parte a origem é ambiental, mas a falta de historia familiar não exclui um componente hereditário. Nesse sentido, a interação entre esses dois fatores é complexa e vai muito além da ação de genes.
Agentes Carcinogênicos:
Carcinogênse Química – Ela surge da interação entre a iniciação-promoção. Ou seja, a iniciação consiste na exposição das células a uma dose suficiente de agentes carcinogênicos, que são os iniciadores, em outras palavras, uma célula iniciada está alterada e essa alteração é irreversível. (embora a iniciação isolada não é suficiente para formação do tumor). Já os promotores induzem os tumores nas células já iniciadas, além disso, a formação dos tumores não pode ser causada diretamente pelo um promotor, sem que antes aconteça a iniciação. 
Carcinogênese Física (radiação) – seja na forma de raios UV da luz solar ou sob a dorma de ionização eletromagnética e radiação particulada, a radiação é um carcrnógeno bem estabelecido. Apesar disso, a contribuição da radiação para o número total de câncer ainda é perquena, embora a latência do dano provocado por energia de radiação e o seu efeito cumulativo requerem períodos longos de observação, tornando dificil a averiguação por parte da academia. Os raios UV, derivados do sol, causam incidência aumentada de carcinoma de célular escamosas, carcinoma basocelular e possívelmente de melanoma de pele. Já as radiações ionizantes, sejam elas eletomagnéticas (raios X e Y)e particuladas são todas carcinogênicas, sendo mais frequentes no acometimento de leucemias mieloides agudas e crônicas, além de câncer de tireóide (em jovens), mama, pulmões e glândulas salivares. 
Apesar de tudo isso, o profissional de saúde não deve esquecer que, qualquer célula pode ser transformada em uma célula cancerosa se houver exposição suficiente à energia d radiação. 
Carcinogênese Biológica - Poucos vírus foram associados à carcinogênese humana, alguns são: Vírus da Leucemia de Células T Humanas Tipo 1: linfomaseleucemias; HPV: câncer de colo de útero e orofaringe; EBV: linfomas; HBV: hepatocarcinoma; Herpes vírus 8: sarcoma de Kaposi.

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