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Estudo de caso Guarnição de remo

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406-P01
R E V : M A R C H 3 0 , 2 0 0 4 
 
________________________________________________________________________________________________________________ 
 
Caso LACC 406-P01 é a versão traduzida para Português do caso 9-403-131 da HBS. Os casos da HBS são desenvolvidos somente como base para 
discussões em classe. Casos não devem servir como aprovação, fonte primária de dados ou informação, ou como ilustração de um gerenciamento 
eficaz ou ineficaz. 
 
Copyright 2006 President and Fellows of Harvard College. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada em um sistema 
de dados, usada em uma tabela de dados, ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio - eletrônico, mecânico, fotocopiada, gravada, 
ou qualquer outra - sem a permissão da Harvard Business School. 
 
 
S C O T T S N O O K 
J E F F R E Y T . P O L Z E R 
A Guarnição de Remo do Exército 
 
Era maio de 2002, bem perto do final da temporada de remo, e o coronel Stas Preczewski, 
treinador da guarnição de remo da Academia Militar de West Point do exército dos Estados Unidos 
havia passado as últimas três semanas em absoluta frustração. Ele enfrentava uma situação que 
nunca tinha visto antes em nove anos como treinador desse esporte: a guarnição do barco Varsity 
Junior (VJ) ganhava com freqüência do barco Varsity (V) durante o treino em algumas regatas. Não 
era isso que devia acontecer. O treinador Preczewski (ou Treinador P.) tinha selecionado os membros 
do barco Varsity depois de uma longa série de testes objetivos que avaliaram a velocidade, força e 
coordenação da equipe – e todos testes demonstraram que eles eram os melhores oito remadores de 
sua equipe. Sendo assim, como era possível que a guarnição do barco Varsity Junior – composta dos 
oito remadores com o ranking mais baixo da equipe – ganhasse freqüentemente do barco Varsity? 
Durante toda a temporada o Treinador P. tentou de várias formas reunir informações que 
pudessem ajudá-lo a entender e resolver essa situação inusitada. Só que até aquele momento nada 
havia funcionado. Faltava apenas uma semana para o grande evento da temporada, a regata do 
campeonato Nacional da qual participavam mais de 100 escolas, e o Treinador P. considerava várias 
opções. A ação mais radical seria reconhecer que a equipe do Varsity Junior era melhor que a equipe 
do Varsity e simplesmente promover toda a equipe VJ para o barco Varsity naquela regata. Uma 
segunda opção seria alternar um pequeno número de remadores entre os dois barcos. 
Alternativamente o Treinador P. poderia manter os membros das equipes atuais em cada barco e 
tentar intervir na situação para melhorar o desempenho da guarnição do barco Varsity — mas como? 
Histórico da guarnição de remo 
As guarnições remavam barcos leves (tipo shell) com cerca de 18 metros de comprimento e bem 
estreitos. Em barcos “de remo simples”, cada remador utiliza um único remo, fazendo o movimento 
da remada utilizando suas mãos, pés, costa e braços. Além dos remadores, havia um timoneiro 
“empoleirado” na parte de trás do barco para comandar o leme, dirigir, motivar e estabelecer a 
estratégia da regata para a guarnição. As guarnições competiam em grupos de dois, quatro e oito 
remadores. Normalmente os remadores consideravam os barcos com oito remadores, conhecidos 
como “Oito com”, o supra-sumo, a melhor guarnição para se conquistar um “carrinho”. Esses barcos 
de 8 remadores possuíam carrinhos numerados de 1 (ou carrinho da proa) a 8 (ou carrinho da 
cadência). (Ver na Ilustração 1 a descrição das posições dos remadores para uma regata a remo). O 
carrinho da “cadência” estabelecia a voga para a guarnição, informando-a ao timoneiro durante os Do
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406-P01 A Guarnição de Remo do Exército 
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treinos e regatas (isso quando tinha fôlego para tanto!). Afinal de contas, remar é uma atividade 
exaustiva. 
Na verdade, fisiologistas que estudaram o esporte afirmam que remar uma regata de 2.000 metros 
é comparável a disputar dois jogos de basquete consecutivos.1 
O remo goza a distinção de ser o primeiro esporte interuniversitário dos EUA, tendo começado 
em 1852 com uma regata entre Harvard e Yale.2 A versão moderna de guarnição interuniversitária 
era um esporte praticado o ano todo, começando quando os estudantes retornavam ao campus em 
agosto e terminando depois da formatura no início de junho. A temporada de regatas de outono era 
composta por regatas chamadas de “Head” normalmente de 5,6 km (p.ex. a regata do Rio Charles em 
Boston, conhecida como “Head of the Charles”). Essas regatas agrupavam de 20 a 60 guarnições 
remando com seus barcos contra o relógio. Depois que todas as guarnições completavam a regata, 
elas eram classificadas de acordo com os tempos obtidos, determinando o vencedor. Embora vencer 
fosse importante, a temporada de outono era dedicada em geral à realização de testes de qualificação, 
treinamentos para iniciantes e para melhorar a técnica de remar dos membros da guarnição. 
Quando a temporada de outono terminava no início de novembro, os membros da guarnição se 
transferiam para a fase de condicionamento em ginásio durante o inverno, para desenvolver força e 
resistência para a próxima temporada de “sprint” – regatas rápidas – na primavera. A temporada de 
sprint era composta de competições em duplas e regatas realizadas em cursos de 2.000 metros. As 
raias eram demarcadas com bóias, de modo que as guarnições dos barcos pudessem competir lado a 
lado. Nos grandes eventos era utilizado um sistema de “eliminatórias” no qual o melhor barco ou os 
dois melhores de cada rodada eliminatória avançavam para a próxima rodada da competição. Como 
essas regatas eram muito disputadas, mesmo os fatores aparentemente pequenos podiam separar os 
vencedores dos vencidos. 
Os fatores de sucesso 
Ser bem sucedido em guarnições de remo exigia uma combinação única de habilidades pessoais e 
coordenação em equipe. Na tentativa de aprender mais sobre esses fatores, o Comitê Olímpico Norte-
americano patrocinou um projeto de pesquisa no qual dezenas de técnicos de guarnições de remo 
indicaram os fatores que eles consideravam mais significativos para se obter o máximo desempenho. 
A pesquisa solicitava que os técnicos indicassem a importância de mais de duzentas variáveis que 
estavam direta ou indiretamente relacionadas com o remo “simples”, no qual cada membro da 
guarnição utiliza apenas um remo. A amostra incluía treinadores de vários níveis, desde iniciantes 
com 1 a 2 anos de experiência, intermediários com 3 a 4 anos de experiência até os treinadores 
mestres com mais de 4 anos de experiência. As respostas dos técnicos revelaram que as duzentas 
variáveis poderiam ser subdivididas em quatro categorias distintas relativas a questões de 1) força e 
condicionamento; 2) técnica de remar; 3) fatores psicológicos; e 4) organização de um programa. O 
mais interessante é que a importância atribuída a essas categorias variou de acordo com o nível de 
experiência dos treinadores. Uma tendência padrão dos técnicos mais novos e intermediários foi 
considerar um grande número de variáveis (chegando às vezes até cem) como sendo altamente 
importantes, ao passo que os técnicos mais experientes se concentraram em um número menor de 
variáveis, entre 11 e 20. Além disso, a tendência dos técnicos iniciantes era focar na técnica, ao passo 
que os técnicos intermediários se concentraram no condicionamento; os técnicos mestres – aqueles 
 
1 Consultar www.usroing.org 
2 Consultar www.usroing.org Do
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A Guarnição de Remo do Exército 406-P01 
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mais experientes e mais bem-sucedidos – tenderam a destacar variáveis psicológicas como os 
ingredientes mais importantes para o sucesso de uma guarnição. 
Força e resistência individual. Os oito atletas individuais em cada barco precisavam de extrema 
força e resistência para poder ter alguma esperança de se sair razoavelmente bem. Os treinadores 
utilizavam um processo relativamente fácil e objetivo para medir a resistência e o condicionamento 
individual dos atletas. O “ergômetro” de remar (ou na forma abreviada “erg”) media objetivamente o 
trabalho realizado em uma determinada distância ou período para cada remador individual. 
Esse equipamento estável e baseado em terra, semelhante às “máquinas de remar” encontradas na 
maioria dos ginásios, simulava a técnica geral de remar necessária para competir na água, porém 
eliminava a instabilidade de remar em um barco de competição e isolava cada membro de uma 
guarnição dos outros remadores em um barco. Os remadores treinavam no “erg” para obter 
resistência e técnica e eram testados periodicamente ao longo do ano uns contra os outros e contra 
seus próprios resultados anteriores. Os resultados eram comparáveis entre maquinas e anos, 
facilitando a comparação do tempo médio do ano atual com o do ano anterior, ou comparar uma 
equipe de Boston com uma equipe de uma outra máquina em Seattle, tudo isso com a precisão de um 
décimo de segundo em um teste de 2.000 metros. 
Os exercícios de levantamento de peso complementavam o treinamento no erg. Os registros do 
número de repetições e a quantidade de peso levantado em vários exercícios, incluindo banco de 
supino e exercícios para pernas, supino rosca e agachamentos, forneciam ao técnico medições 
objetivas da força e do progresso dos indivíduos ao longo do tempo. Tanto os resultados do erg como 
os registros de levantamento de peso forneciam medidas objetivas e comparáveis da capacidade de 
força e resistência para auxiliar o técnico a avaliar as habilidades individuais dos membros da 
guarnição. 
Trabalho em equipe. Embora as habilidades individuais fossem extremamente importantes, era 
crucial para os oito atletas sincronizarem suas remadas. A guarnição de remo é um dos poucos 
esportes no qual não há recompensa para o desempenho individual, como o caso do MVP no jogo de 
basquete – “o jogador mais valioso”. De fato, se um membro de uma guarnição tentasse superar de 
repente o desempenho de seus colegas de equipe em uma regata, o barco poderia na verdade reduzir 
seu ritmo porque os remadores perderiam o sincronismo. Além disso, uma consideração 
fundamental era a atitude mental dos membros da guarnição, que tinham que estar perfeitamente 
sintonizados uns com os outros, numa só mente e com a meta comum de cruzar a linha de chegada à 
frente das outras guarnições. 
John Smith, um técnico de remo escrevendo no final do século XIX, observou que “remar tem 
tudo a ver com minúcias”3 e as equipes desde então têm continuado a lutar para dominar os detalhes 
do remo. Ao observar uma boa guarnição, todas as mãos dos oito remadores, seus braços, costas e 
pernas parecem que se movem como se estivessem unidos por barras de aço. O sincronismo de cada 
remo entrando e saindo da água tem que ocorrer dentro de centésimos de segundo em relação aos 
outros remos, o que por sua vez exige que cada remador mantenha suas mãos precisamente na 
mesma altura. Adicionalmente, para que a entrada e a saída d’água estejam perfeitamente 
sincronizadas, todos os remadores têm de puxar seus remos na água com um ritmo idêntico. Durante 
a fase de recuperação do ciclo da remada, todos os remos têm que se mover em uníssono enquanto 
permanecem acima da água, caso contrário bateriam na água e retardariam o barco. Se qualquer 
parte desse movimento da remada, ou a pá do remo, estiver defasada, o barco poderá perder seu 
centro de equilíbrio e desacelerar. Como o centro de gravidade do barco fica acima da linha d´água, 
 
3 Bourne, Gilbert. A Textbook of Oarsmanship (Um livro-texto sobre a arte de remar) (1987; edição original de 1985). Sport Book 
Publishing. Do
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406-P01 A Guarnição de Remo do Exército 
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um remador que simplesmente sacudisse a cabeça para tirar os cabelos dos olhos durante a fase de 
recuperação de uma remada poderia fazer o barco adernar para um lado e seu remo poderia bater na 
água. Embora de modo geral seja difícil que um membro da equipe possa atribuir uma falha na 
técnica ou nível de esforço de outro membro, durante o dia da regata, a qualquer indivíduo em 
particular, os outros remadores poderiam sentir a falha imediatamente. 
Um remador veterano descreveu a dificuldade de permanecer sincronizado: 
Eu adoro o desafio físico, mental e mesmo técnico, em termos de posicionamento do corpo, 
sincronismo, quando as partes do corpo se movem, mantendo o barco ajustado, determinando 
quando a pá entra e sai da água, qual a altura sobre a água, onde suas mãos devem estar, como 
você parlamenta o remo com uma mão e prepara com a outra. E depois que você faz a pegada, 
depois que você dá a puxada com toda a sua energia, você tem que mudar para um ritmo 
suave e sem esforço na recuperação. 
Pense nisso dessa maneira – é o equivalente a oito caras todos tentando fazer um swing de 
golfe perfeito ao mesmo tempo, todos juntos, 200 vezes em seguida.4 
Como cada movimento de cada remada de uma regata com 200 remadas (2.000 metros) deve estar 
em perfeita sincronia, uma guarnição de oito se confronta com 1.600 oportunidades (8 pessoas x 200 
remadas) de perturbar o equilíbrio do barco. Naturalmente, é praticamente impossível cada pessoa 
dar 200 remadas perfeitas. Muitas vezes, portanto, o que distinguia os melhores barcos era a maneira 
como os remadores se adaptavam bem às remadas imperfeitas dos outros remadores. Se um remador 
cometesse um erro, era muito importante que os outros remadores – que sentiam o resultado daquele 
erro – evitassem ajustar sua técnica para compensá-lo, porque essa reação poderia desencadear um 
movimento progressivo de remadas dessincronizadas e instáveis. Em vez disso, a melhor atitude a 
tomar era confiar que quem quer que tivesse feito o erro corrigisse sua próxima remada, permitindo 
que o barco recuperasse o equilíbrio e a velocidade máxima. 
A confiança necessária entre os membros da equipe relacionava-se com a psicologia da equipe 
como um todo. Como cada membro contribuía com o esforço de equipe em remar, uma guarnição de 
remo seria tão forte quanto seu elo mais fraco. Quando um membro se desviava do ritmo do grupo 
isso freqüentemente tinha um efeito cascata que desequilibrava os movimentos dos outros 
remadores. Esta máxima do “elo mais fraco” se aplica não somente à técnica de remar, mas também 
ao limite de um indivíduo para o colapso físico. Em algum momento, os remadores são confrontados 
com a exaustão de participar em uma longa regata, o que poderia fazê-los sentir que seria impossível 
manter o ritmo implacável da equipe. Se um membro atingisse seu limite e tentasse descansar mesmo 
que fosse por uma puxada, o momentum da equipe seria quebrado. A perda da energia de um 
remador por apenas uma puxada produziria uma carga maior nos remos dos outros sete remadores. 
Se um dos sete restantes estivesse próximo de seu limite de fadiga física, mesmo um aumento 
mínimo na carga em seu remo aumentaria substancialmentesuas chances de falha. 
Conseqüentemente, se um remador abrandasse o ritmo próximo do final de uma regata, isso poderia 
ter um efeito dominó no desempenho dos outros remadores. Ganhar uma regata a remo, portanto, 
exige que os remadores lutem para não atingir seu limite físico e, ao mesmo tempo, que cometam o 
menor número possível de erros técnicos em cada remada. 
Na realidade, a sincronia em geral era imperfeita. O Treinador P. explica: 
 
4 Thomas, Jack, “Different Strokes”, The Boston Globe, 9 de setembro de 2003, 
http://www.boston.com/news/globe/living/articles/203/09/30/different_strokes (acessado em 30 de setembro de 2003) Do
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A Guarnição de Remo do Exército 406-P01 
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Qualquer pequena mudança no barco da regata afeta o barco inteiro. Em geral, quando 
uma pessoa muda, as outras sete tentam reagir de diversas maneiras. O importante é não 
reagir. Em vez disso, os participantes precisam confiar uns nos outros; confiar que a pessoa 
fora de ritmo se corrigirá. Você precisa confiar que ninguém da equipe será o elo mais fraco 
daquela guarnição, e sim que o elo mais fraco estará no barco do concorrente. 
Em uma guarnição de remo com coordenação perfeita, remar poderia parecer quase como algo 
sem esforço devido à sinergia entre os oito remadores. Na verdade, o Treinador P. de vez em quando 
exercitava os membros da equipe em treinos pedindo que remassem com seus olhos fechados, para 
ajudar a equipe a aprender a “sentir” essa coordenação, chamada de “swing”. Ele explicou: “o 
exercício os ajudava a se sentirem parte integrante da equipe como um todo, em vez de um grupo de 
indivíduos. O swing é algo assim como o êxtase de um corredor ou estar “em alfa” onde cada puxada 
parece uma atividade sem esforço depois de outra – o paraíso para um remador. 
 A guarnição de remo do exército em 2001-2002- 
O Treinador P. aguardava com ansiedade o início da temporada da primavera de 2001-2002 para a 
Guarnição de Remo do Exército. A equipe de 2000-2001 havia obtido um desempenho excelente na 
primavera anterior, e a maioria dos participantes da equipe estava retornando para mais uma 
temporada. Eles haviam dado duro no outono e no inverno para melhorar suas habilidades 
individuais, e esse trabalho havia dado resultado. Uma das primeiras tarefas do treinador foi 
selecionar os oito melhores remadores para o barco Varsity e colocar os oito remadores restantes no 
barco Varsity Junior. Esses dois barcos haviam competido em diversos níveis durante a temporada, 
mas competiram diretamente entre si nos treinos e indiretamente, comparando seus tempos de 
regata. Como fazia todos os anos, o Treinador P. começou a temporada realizando uma série de 
exercícios para determinar tarefas para os barcos Varsity e Varsity Junior. 
O primeiro conjunto de exercícios avaliou a habilidade individual de remar. Essas medições 
objetivas incluíam força, técnica e resistência individual utilizando uma máquina ergométrica. O 
Treinador P. ficou satisfeito ao observar que a média da equipe de 2001-2002 havia melhorado em 10 
segundos, em um teste de 2.000 metros no erg, em comparação ao ano anterior. No contexto, a média 
da Guarnição de Remo do Exército era de 6:32 comparada com uma média aproximada de 6:20 da Ivy 
League e 5:55 da Equipe Olímpica Norte Americana. O Treinador P. tinha em mãos os resultados 
ergométricos individuais dos membros da guarnição quando o time foi para Atlanta para uma 
semana intensiva de treinamentos. 
O Retiro em Atlanta 
À medida que o tempo melhorava, era hora de começar seriamente a temporada de competição da 
primavera. Os remadores estavam ansiosos para começar depois de passar o inverno em 
treinamentos fora de temporada. A folga da primavera serviu como uma largada, com uma semana 
de “retiro” de remo fora de casa, que a equipe passou treinando junto na antiga Vila Olímpica de 
remo de 1996, em Atlanta. Lá, os remadores usaram suas manhãs para remar em barcos selecionados 
aleatoriamente, para se concentrar em técnica e adaptabilidade. À noite os remadores liam biografias 
de remadores e artigos relacionados ao remo. A parte da tarde, entretanto, era a mais intensa do dia. 
Foi nessa parte do dia que o Treinador P. realizou diariamente uma série de “disputas por carrinho” 
que iriam determinar ao final quais remadores seriam selecionados para o barco Varsity. Do
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406-P01 A Guarnição de Remo do Exército 
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As “disputas por carrinho” forneciam dados sistemáticos acerca de como cada remador utilizava 
suas habilidades individuais e, ao mesmo tempo, trabalhava em conjunto com seus companheiros de 
equipe em um barco na água. O sistema de disputa por carrinho era utilizado amplamente, inclusive 
no processo de seleção da equipe Olímpica, porque os técnicos acreditavam que ele capturava 
objetivamente as habilidades de um indivíduo em contribuir com o desempenho da equipe. Em 
primeiro lugar, oito remadores de força equivalente eram divididos arbitrariamente em dois barcos 
de 4 pessoas, que disputavam uma corrida por dois minutos em águas calmas. Se o barco “A” 
vencesse o barco “B” por 10 metros, isso era registrado. Imediatamente após a regata, solicitava-se a 
um membro de cada barco que trocassem de lugar, e os dois barcos passavam a disputar outra 
corrida de dois minutos. Se o barco “B” vencesse o barco “A” por 15 metros na segunda competição, 
era registrado que o remador “X” (originalmente no barco A) era 25 metros melhor que o remador 
“Y” com quem havia trocado de lugar. Assim, a diferença nos resultados entre os dois barcos, em 
duas competições, poderia ser atribuída aos dois remadores que havia trocado de lugar nos barcos. 
Como ninguém sabia quando poderia ser trocado, cada indivíduo estava motivado para dar o melhor 
de si em cada tentativa nas disputas pelo carrinho. O treinador coletava os dados durante diversas 
regatas, com todas as combinações possíveis de remadores em cada barco. As regatas que 
terminavam com resultados muito próximos ou resultados surpreendentes muitas vezes eram 
repetidas para confirmar o resultado. Embora os tempos de competição medissem o desempenho 
integral do barco com 4 pessoas, a comparação sistemática de muitas tentativas com muitas 
combinações permitiu ao Treinador P. aferir as capacidades relativas de cada membro individual e, 
conseqüentemente, classificar os remadores em ordem decrescente. 
Ao final da semana em Atlanta, o Treinador P. havia selecionado os oito melhores remadores para 
o barco Varsity e os oito remadores restantes para o barco Varsity Junior. Ele lembra que foi uma 
decisão fácil: 
A disputa pelos carrinhos deixou claro quais eram os oito indivíduos corretos para o barco 
Varsity. A equipe Varsity tinha as oito pontuações mais elevadas para força individual, com 
duas exceções. Os dois indivíduos com a maior resistência absoluta foram colocados no barco 
VJ devido ao seu desempenho nas disputas por carrinhos. Um deles tendia a se concentrar no 
seu desempenho individual, mas atrapalhou sua equipe de 4 pessoas nas competições. Ele não 
parecia dar o melhor de si na água, e no entanto criticava os colegas. Ele remava forte, mas 
desperdiçou técnica na competição, retardando com isso seu barco. O outro remador era 
jovem, inexperiente e tinha uma técnica muito precária na água onde isso era importante. 
Ambos os remadores perderamsuas disputas por carrinho. 
No último treino da semana, as duas equipes recém-selecionadas competiram pela primeira vez, 
e, conforme esperado, o barco Varsity derrotou o barco VJ facilmente. O barco Varsity experimentou 
o “swing” quase de imediato, e os remadores estavam entusiasmados com sua primeira experiência 
juntos como equipe Varsity. 
De volta ao Rio Hudson 
Quando a equipe chegou de volta ao campus, o Treinador P. viu que alguns membros do barco 
Varsity pareciam infelizes e criticavam uns aos outros por não terem derrotado o barco VJ com uma 
vantagem maior em Atlanta, cinco dias antes. Ele achou isso um bom sinal: “Eu achei que isso era 
uma indicação da luta deles pela excelência. Vejo agora que eu devia ter visto isso como um sinal dos 
tempos difíceis que me aguardavam." 
No que dizia respeito ao Treinador P., seu barco Varsity tinha, pensando objetivamente, os oito 
melhores remadores e ele esperava que eles tivessem um bom desempenho juntos. Em outros anos e Do
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A Guarnição de Remo do Exército 406-P01 
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com base em seu conhecimento de outras equipes, o Varsity era quase sempre mais rápido do que o 
Varsity Junior, tanto nos treinos quanto em competições reais. E isso era mais do que natural 
considerando que os oito melhores remadores estavam no Varsity. A vitória do Varsity sobre o VJ no 
seu primeiro confronto confirmou, claramente, a metodologia de seleção objetiva. Mas será que 
confirmava mesmo? 
Durante o primeiro treino da equipe no rio Hudson depois da folga da primavera, o barco VJ 
venceu imediatamente o Varsity na regata de treino. O Treinador P. considerou este resultado uma 
aberração. Entretanto, quando isso aconteceu novamente outras vezes, isso começou a intrigá-lo. Não 
demorou para que se estabelecesse um claro padrão. Para sua crescente surpresa, o Treinador P. 
verificou que o Varsity Junior remava mais rapidamente do que a equipe do Varsity cerca de dois 
terços das competições. E não é que a equipe do VJ estivesse se tornando mais rápida; a equipe do 
Varsity é que parecia estar se tornando mais lenta. Considerando a atenção e o cuidado dedicados ao 
posicionamento de cada membro nos barcos, e os dados de desempenho objetivo nos quais ele 
baseou as decisões quanto a este posicionamento, ele não tinha nenhuma indicação prévia de que isso 
ia acontecer. 
O Treinador P. estava perplexo com estes acontecimentos e começou a fazer uma análise diária 
meticulosa de todos os fatores potenciais que pudessem estar causando este padrão de resultados. 
Suas primeiras ações tinham por objetivo coletar vários tipos de informações e experiências de 
desempenho para tentar isolar a razão específica por que o Varsity Junior vencia o Varsity. Por 
exemplo, ele realizou várias regatas de grupos de dois durante as quais dois membros do Varsity 
competiram contra o par correspondente do VJ. Independentemente de quais dos dois membros ele 
colocava juntos, o par do Varsity sempre vencia o par do VJ. Daí então ele realizou outra série de 
regatas nas quais vários grupos de quatro ou seis remadores do Varsity competiam contra seus 
colegas do VJ. Aqui, novamente, os remadores do Varsity sempre venciam a competição. Somente 
quando os oito remavam juntos é que o VJ vencia o Varsity. Estes resultados confirmavam 
novamente para o Treinador P. que o barco Varsity tinha os melhores remadores individuais, mas 
havia alguma coisa na maneira como eles funcionavam como equipe de oito remadores que fazia com 
que “o todo fosse menor do que a soma das partes”. 
Utilizando as informações coletadas sobre os membros da equipe, o Treinador P. elaborou uma 
matriz dos 16 remadores, relacionando seus pontos fortes e fracos nos vários fatores. Estes fatores 
incluíam as pontuações no ergômetro, limites de levantamento de peso, técnica de remo e se a pessoa 
era um líder ou liderado, otimista ou pessimista, formador ou desagregador de equipe (ou seja, 
alguém que conversava o tempo todo durante o treino ou vivia criticando os outros), e outros 
correlatos. As pontuações de cada membro quanto aos critérios mais subjetivos se baseavam na 
observação direta do treinador e nos comentários feitos pelos próprios remadores. O treinador 
assistente também contribuiu com avaliações quanto aos itens subjetivos. Suas opiniões eram quase 
idênticas às do Treinador P. no caso destas avaliações subjetivas. O padrão que surgiu da observação 
desta matriz mostrou que os membros do Varsity tinham a melhor habilidade técnica e 
condicionamento físico entre os 16 remadores, mas nenhum deles se classificou como líder e muitos 
apareceram como desagregadores da equipe. Por outro lado, entre os membros da equipe do VJ não 
havia praticamente nenhum desagregador. 
O Treinador P. conhecia a pesquisa feita pelo comitê olímpico que enfatizava a importância dos 
fatores psicológicos. Além disso, ele se sentia à vontade para analisar estes fatores à luz de sua 
formação e doutorado em psicologia, e sua experiência como professor efetivo do Departamento de 
Ciências do Comportamento e Liderança de West Point. Além de confiar no seu próprio critério como 
treinador experiente, ele trouxe do Centro de Excelência de Desempenho (CEP) de West Point uma 
pessoa especializada em maximizar o desempenho individual e de equipes. O CEP era formado por Do
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psicólogos desportivos da Academia de West Point, treinados para desenvolver a aplicação 
sistemática de habilidades mentais específicas necessárias para melhorar o desempenho humano. 
Eles empregam uma série de técnicas de treinamento que visam a utilização de “crenças, atitudes e 
pensamentos que auxiliam o desenvolvimento da confiança, concentração e motivação necessários 
para atingir todo o potencial do indivíduo”. Embora a equipe do VJ parecesse aceitar este 
treinamento do CEP, o Treinador P. estava preocupado sobre como este seria recebido pelos 
membros mais céticos do Varsity, que tachavam o treinamento de “frescura”. 
O Treinador P. sempre incentivou seus remadores a trocarem e-mails como forma de apoiar 
mutuamente os esforços de cada um em desenvolver uma mentalidade de vencedor. Ele pediu 
também que qualquer crítica ou sugestão fosse encaminhada diretamente a ele. Uma amostra dos e-
mails que circulavam entre os membros da equipe do VJ dizia o seguinte: “…todo mundo já 
participou de competições suficientes para saber que um dia se ganha e em outro se perde… Lembre-
se apenas de que todos da equipe [do VJ] desejam ganhar tanto quanto você... entre nós só existem 
remadores sérios, interessados em remar pra valer”. Um outro e-mail dizia: “Nós temos a confiança e 
o controle necessários para vencer essa competição. Sabemos como vencer e vamos vencer do nosso 
jeito. Vamos ganhar juntos ou perder juntos.” E ainda um outro e-mail: “Nós não estamos remando 
por nós mesmos, pelo treinador ou pela Guarnição do Exército. No momento decisivo, naqueles 1.000 
metros finais, vamos remar pensando em cada um dos remadores daquele barco, não vamos querer 
deixar nenhum deles na mão.” 
Por outro lado, uma amostra dos e-mails que circulavam entre os membros da equipe do Varsity 
dizia: “Eu nunca pensei em ser o elo mais fraco, mas nessa regata eu tenho certeza que não sou. Eu 
sei que se voltar a me concentrar, as coisas vão voltar a funcionar.” Muitos dos remadores do Varsity 
escreviam diretamente ao Treinadorcom suas reclamações. Um desses e-mails, embora não o único 
exemplo destas acusações, diz: “Bem, agora começarei a sessão de reclamações contra o Jim já que 
não tive oportunidade de falar com você. Além de seu “ego gigantesco” (e não vou sequer me deter 
na consideração deste item) ele não é nada consistente e eu não sei se você pode notar isso estando do 
lado de fora. Acho que ele não ouve o timoneiro muito bem e a mim também ele não ouve. Eu 
realmente preciso de alguém com quem eu possa estabelecer uma ligação e isso não está acontecendo 
com o Jim. Já houve ocasiões em que eu quase pedi que você me transferisse para qualquer barco, 
desde que não fosse aquele no qual ele está. Eu conheço e tento não esquecer a história que você 
conta sempre sobre o cara que deu uma surra no outro ao final da temporada, mas eu realmente não 
acho que eu vá agüentar tanto tempo. Ele realmente me dá nos nervos (o que é estranho porque eu 
costumo me dar bem com todo mundo) e eu acho que todo mundo começa a notar o papelão que ele 
anda fazendo e se perguntando por que ele está sentado naquele carrinho. Sinto muito se parece que 
eu estou tentando fazer com que você mude alguma coisa que não quer mudar (porque você é o 
treinador) mas eu estou apenas tentando mostrar como eu vejo as coisas.” De todos os e-mails como 
este, recebidos pelo Treinador P., não ficou estabelecido um padrão claro que apontasse para um 
único culpado entre os membros do Varsity. 
O Treinador P. pensou ainda em atribuir essa ocorrência desconcertante à rivalidade existente 
entre os dois barcos. Por ocasião de uma das sessões de formação de equipe do CEP, os membros da 
equipe do Varsity acusaram-no de criar um atrito entre eles e a equipe do VJ por tê-los forçado a 
competir entre si com tanta freqüência nos treinos. A equipe do Varsity preferia remar sozinha, 
separada da equipe do VJ. Um dos seus membros chegou a sugerir que a competição estabelecida 
pelo Treinador entre a equipe do Varsity e a do Varsity Junior enfraquecia a equipe do Varsity. 
Enquanto a equipe do Varsity Junior não tinha nada a perder, para a do Varsity era constrangedor 
competir contra eles. Um outro membro da equipe argumentou que era muito difícil competir no rio 
remando somente contra o relógio, porque a outra equipe servia como um bom benchmark para 
medir a velocidade deles na regata. Do
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Alguns comentários também abordavam as comparações feitas internamente entre os membros da 
equipe do Varsity. Por exemplo, um dos remadores que estava no seu segundo ano atribuiu seu baixo 
desempenho ao fato de ser o membro mais novo da equipe. Ele sentia que não conseguia influenciar 
os membros mais velhos que tinham uma patente militar mais alta que a dele. 
Antes de competirem entre si nos treinos, os membros de cada equipe faziam uma rodinha, 
juntavam as mãos e davam seu grito de guerra. Desde o início, o grito da equipe do VJ era sempre o 
mesmo “nada a perder”. A equipe do Varsity, por outro lado, vivia mudando as palavras que usava, 
e seu grito de guerra normalmente tinha como foco específico a própria regata. Por exemplo, eles 
partiam aos gritos de “força no remo”, “morrer nunca” e “chegar na frente.” 
Depois de cada treino, as equipes guardavam os equipamentos e faziam uma autocrítica. O 
Treinador P. notou que os membros do Varsity tendiam a criticar uns aos outros individualmente em 
relação a detalhes do treino ou regata. Às vezes eles eram impiedosos ao avaliar o desempenho 
mútuo. Já os membros da equipe do VJ não criticavam uns aos outros individualmente. Se alguma 
correção era necessária, eles nunca destacavam um remador individualmente, em vez disso faziam 
comentários gerais sobre os detalhes que todos precisavam melhorar. 
O Treinador P. tinha adotado uma abordagem meio arriscada quanto às atividades de 
condicionamento da equipe durante as temporadas de inverno e primavera. Observando que a 
pontuação geral da equipe no ergômetro era tão superior àquela do ano anterior (que tinha sido uma 
bem-sucedida temporada de vitórias), ele acreditava que as equipes deste ano podiam chegar às 
finais do Campeonato Nacional. Confiante nisso, queria assegurar que eles tivessem todas as chances 
possíveis para atingir este objetivo. Para isso ele marcou um encontro com o responsável pelo 
condicionamento físico da equipe, um cara apelidado “Satã” por suas sessões infernais de 
levantamento de peso. 
O Treinador P. informou à equipe que ele e Satã tinham bolado um plano de condicionamento 
físico que os levaria ao ápice de sua força e resistência na semana do Campeonato Nacional. Este 
plano exigia que eles continuassem com muitos exercícios de levantamento de peso durante a 
temporada normal de regatas. O Treinador P. disse que isso podia reduzir significativamente sua 
velocidade durante a temporada de competições em duplas e durante o Campeonato da Liga e 
Campeonato Estadual de Nova York. Entretanto, interrompendo os exercícios de levantamento de 
peso aproximadamente 14 dias antes do Campeonato Nacional, eles podiam esperar que o descanso 
de 14 dias de levantamento de peso permitiria que seus músculos sarassem e crescessem, ficando 
preparados para o desempenho máximo. Ele descrevia isso como uma espécie de efeito “estilingue” 
de crescimento da força individual que se manifestaria na época mais crítica da temporada — 
durante o Campeonato Nacional. Na verdade os membros das duas equipes, do Varsity e VJ, estavam 
ficando cada dia mais fortes e seus tempos ergométricos vinham melhorando no decorrer da 
temporada. Entretanto, o Varsity estava perdendo nas competições de dupla e terminando mais ou 
menos no meio da flotilha em eventos maiores, ao passo que o VJ rotineiramente ganhava dele. 
À medida que a temporada avançava e se aproximava o Campeonato Nacional, os membros da 
equipe do VJ estavam muito mais entusiasmados com sua temporada do que os membros da equipe 
do Varsity. Esta disparidade pode ter afetado a experiência final feita pelo Treinador P. que consistiu 
em colocar, algumas vezes, remadores do VJ no barco Varsity durante os treinos. Inevitavelmente, 
isso levou a resultados piores. No início da temporada, os membros da equipe do VJ teriam se 
sentido prestigiados ao serem transferidos para o barco Varsity. Agora, porém, o VJ não queria nada 
com o remador do Varsity que foi “rebaixado”, e o remador do VJ queria ficar com o barco VJ, um 
vencedor, sem a menor vontade de ser “promovido” para o Varsity, um perdedor. Na verdade 
quando as transferências eram feitas, o VJ vencia com mais vantagem ainda, indicando que o 
remador “rebaixado” fazia com que o barco VJ fosse mais veloz do que antes. Entretanto, se o Do
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remador “rebaixado” era mesmo melhor do que aquele que fora “promovido” para o Varsity, 
(confirmando novamente o posicionamento inicial), isso invalidava o objetivo de tentar melhorar o 
barco Varsity trocando remadores com o VJ! O Treinador P. continuava confiante quanto ao potencial 
do barco Varsity, mas ele se questionava cada vez mais se esse potencial seria realizado nesta 
temporada ou não. 
O que fazer? 
Trocar os barcos Varsity e Varsity Junior. A opção mais radical considerada pelo Treinador P. 
era reconhecer que o barco Varsity Junior tinha um desempenho melhor do que o Varsity e 
simplesmente mudarseus nomes. No entanto, ele relutava em fazer isso. Afinal de contas, todas as 
informações coletadas antes e depois da designação dos barcos indicavam que o Varsity tinha os 
remadores mais fortes. Por outro lado, havia um precedente de troca de barcos. Em meados da 
década de 90, passando por uma situação similar, o treinador de Cornell fez a troca, e tanto o barco 
Varsity como o VJ venceram Campeonatos Regionais naquele ano. 
Alternar remadores. Uma outra opção que o Treinador P. continuava a considerar era alternar 
alguns remadores entre os dois barcos. Talvez ele ainda não tivesse achado a combinação correta para 
o barco Varsity, apesar de todos os seus esforços. A viabilidade desta opção era um tanto limitada 
devido à preferência dos membros da equipe do Varsity Junior de permanecer nele. Alguns tinham 
até expressado seu desagrado em relação a esta troca de barcos. 
Intervir para melhorar o desempenho do barco Varsity. Considerando que o Varsity tinha os 
remadores mais fortes, o Treinador P. começou a pensar em como ele podia intervir para melhorar 
seu desempenho. Visando isso, ele decidiu começar a semana final de treino da equipe com uma 
reunião com os membros da equipe do Varsity para discutir seu desempenho. 
Reunião com o Grupo 
Faltando apenas quatro dias para o Campeonato Nacional, o treino da segunda-feira terminou 
com o VJ derrotando novamente o Varsity. A equipe do VJ saiu do rio Hudson animada, dando seu 
grito de guerra “nada a perder”, e deixou a área de treino. O Treinador P. manteve o Varsity na água, 
encostou sua lancha ao lado do barco e olhou bem nos olhos de cada remador. O timoneiro, 
cabisbaixo, só balançava a cabeça. O treinador não viu nos olhos dos remadores a dor que, se 
houvesse, refletiria a agonia da derrota física para o VJ. O que ele via ali eram espíritos derrotados, 
olhares vazios. Os remadores xingavam baixinho, sem emoção. O Treinador P. ordenou: “Guardem o 
barco no ancoradouro — e vamos nos encontrar na mesa de piquenique.” 
O Treinador P. esperou à mesa de piquenique para observar a chegada de seus remadores do 
Varsity. Os membros da equipe sequer queriam se sentar perto uns dos outros. Alguns se ajoelharam 
na grama, outros ficaram de pé, um simplesmente deitou no chão e os outros ficaram nos quatro 
cantos da mesa, o mais longe possível um do outro. Ninguém falou nada. Faltavam exatamente 
quatro dias para o Campeonato Nacional. O Treinador P. declarou sua confiança neles mas expressou 
sua própria frustração por não ter conseguido entender porque eles não estavam vencendo. 
Ele expôs os argumentos lógicos quanto à avaliação objetiva e critérios de seleção. Terminou 
dizendo que a resposta estava neles como uma equipe e que ninguém sairia dali até que uma solução 
fosse proposta ou os problemas identificados para serem resolvidos. 
As primeiras explicações forçadas enfocaram mais a situação geral da equipe do que os membros 
em particular. Mas o tom mudou quando Joe, o mais novo membro da equipe, teve a oportunidade Do
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de falar. Joe se levantou, deu uns passos à frente e de repente se virou para confrontar todos os 
outros. “Eu tenho carregado esse barco sozinho”, falou zangado. “Eu sou o único cara que realmente 
dá duro em cada remada. Eu me sinto como se estivesse remando sozinho.” Ele argumentou que seus 
companheiros deviam procurar neles mesmos a explicação para seu desempenho insatisfatório. 
Outros membros da equipe refutaram rapidamente as alegações de Joe. "Eu é que carrego este 
barco”, disse outro remador. Outros dois remadores alegaram que eles não estavam fazendo corpo 
mole, pelo contrário, estavam se esforçando ao máximo. Depois de várias acusações furiosas e 
explosões de defesa, um dos homens resumiu o que todos eles estavam sentindo: ele estava cheio 
daquela situação e não via a hora da temporada acabar. 
O Treinador P. ficou surpreso com o rumo tomado pela discussão. Ele viu seus oito melhores 
remadores desanimados, zangados e cerrando os punhos. Ele perguntou ao grupo: “Bem, e qual é a 
solução?” Ninguém respondeu absolutamente nada. Depois de um tenso período de silêncio, o 
Treinador P. disse a eles que a reunião tinha lhe dado muita coisa para pensar, e que eles deveriam 
voltar para o treino no dia seguinte prontos para lidar com esta situação. 
Quando terminou de falar, o Treinador P. ficou observando os oito companheiros de equipe se 
afastarem, cada um indo numa direção. Depois que eles se dispersaram, a caminhada de volta ao seu 
escritório pareceu mais longa do que de costume. Ele se sentia desanimado diante da perspectiva 
iminente de ver sua equipe desfeita e sabia que tinha uma longa noite pela frente para pensar no que 
deveria fazer. 
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Ilustração 1 Posição dos remadores em uma guarnição de barco a remo 
Carrinhos Descrição 
1 e 2 Carrinhos da proa. Remadores que dão a “partida”, são os primeiros a serem substituídos, 
ou a sair da ação. Descritos como “automotivados” e "solitários." Raramente falam. 
3 e 4 Similar ao 5 e 6, mas com melhor técnica, menos força. Boa opção de revezamento com o 
par da proa. Compõem, com os remadores 5 e 6, a “Sala das Máquinas” do barco. 
5 e 6 Os remadores mais fortes, porém com técnica menos apurada. O capitão da equipe senta 
no carrinho 6. 
7 Bom seguidor do 8, quase uma cópia perfeita dele. O 7 conduz o lado estibordo do barco. 
8 Carrinho da cadência. Fundamental para estabelecer o ritmo das remadas. Não é tão forte, 
porém é o mais uniforme com uma técnica sólida. Deve ter uma atitude de “nunca desistir”. 
Fonte: Criado pelo autor do caso 
 
Timoneiro ou patrão: direciona o barco, motiva a equipe e estabelece a estratégia da regata. 
Executa o plano de treinamento do treinador para o dia e corrige a técnica de remar, quando o 
treinador não está presente e também durante as regatas. Apontado como líder, é responsável pelo 
barco quando em movimento e geralmente passa despercebido em terra. Informa os problemas ao 
Técnico, conforme apropriado. 
 
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