Buscar

Intervenção Federal: Espécies e Competências

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Intervenção
Em determinadas situações excepcionais, a Constituição possibilita que essa autonomia política (dos entes federados) seja afastada temporariamente, por meio da intervenção de um ente (maior) sobre o outro (menor).
Portanto, em nosso país, só a União e os estados-membros podem ser sujeitos ativos de intervenção. Os estados-membros podem intervir sobre os municípios situados em seus territórios (CF, art. 35). E a União pode intervir nos estados-membros/DF (CF, art. 34) e nos municípios localizados em territórios (CF, art. 35), tendo em vista que a Constituição não prevê intervenção federal em municípios localizados em estados-membros.
A intervenção funciona como medida última para estabelecer o respeito à Constituição Federal. Assim, pode ser considerada um meio de controle de constitucionalidade.
Observe que a intervenção configura ato de dupla conseqüência:
a) uma de natureza estritamente jurídica → invalidade do ato; e
b)uma de caráter político-administrativo → afastamento temporário da autonomia local.
Espécies de Intervenção Federal 
As possibilidades de intervenção se dividem em:
Espontânea - Nesses casos, o chefe do executivo age de ofício, discricionariamente, efetivando a medida diretamente. 
As situações que ensejam essa medida são:
a) manter a integridade nacional (CF, art. 34, I);
b) repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra (CF, art. 34, II);
c) pôr termo a grave comprometimento da ordem pública (CF, art. 34, III);
d) reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
 (i) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; ou 
(ii) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei (CF, art. 34, V).
Nos casos acima, a iniciativa do chefe do executivo não depende de nenhum órgão.
Além desses casos, temos a chamada intervenção provocada, quando a medida depende da provocação de algum outro órgão ao qual a Constituição conferiu essa competência. Nesses casos, a provocação poderá se dar por solicitação ou requisição.
Provocada por solicitação – Na situação prevista no art. 34, IV da CF/88
(garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação), caso o poder impedido seja o Executivo ou o Legislativo, a intervenção dependerá de solicitação desse poder. 
Por exemplo, se o poder coagido for o Legislativo estadual, caberá a ele solicitar ao Presidente da República a intervenção federal naquele estado. Nesse caso, o Presidente poderá ou não atender ao pedido (trata-se de solicitação).
Provocada por requisição – Podemos listar os seguintes casos como sendo de requisição (em todos esses casos só haverá intervenção se houver a provocação de um desses órgãos, lembrando que não haverá discricionariedade na atuação do Presidente, que, quando requisitado, está obrigado a promover a intervenção): 
a) para garantir o livre exercício do Poder Judiciário nas unidades da Federação (CF, art. 34, IV) – caso em que a competência para a requisição será do STF;
b) para prover a execução de ordem ou decisão judicial (CF, art. 34, VI) – caso em que a intervenção dependerá de requisição feita pelos seguintes tribunais superiores, de acordo com a natureza da ordem descumprida: (i) TSE, no caso de descumprimento de ordem ou decisão da Justiça eleitoral; (ii) STJ, no caso de descumprimento de ordem ou decisão do próprio STJ; e (iii) STF, no caso de descumprimento de ordem ou decisão do próprio STF, da justiça do trabalho ou da justiça militar;
(Um detalhe importante é que se o descumprimento for de ordem ou decisão da justiça federal ou estadual, a competência para requisição será do STJ, exceto se envolver matéria constitucional, caso em que a competência para a requisição será do STF).
c) para garantir a execução de lei federal (CF, art. 34, VI) e no caso de ofensa aos princípios sensíveis (CF, art. 34, VII) – caso em que a intervenção dependerá de representação interventiva do Procurador-Geral da República perante o STF (CF, art. 36, III).
E o que são os tais “princípios sensíveis”, capazes de acarretar intervenção federal, caso não sejam respeitados?
Bem, eles estão listados no art. 34, VII da CF/88:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
O decreto de intervenção será expedido pelo Presidente da República, nomeará o interventor (se couber) e especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução da medida. Até porque se trata de medida excepcional e temporária.
De se destacar que, cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos retornam, salvo impedimento legal.
Ademais, esse decreto será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou
da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. 
Nesse caso, estando o Congresso em período de recesso, far-se-á convocação
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
Segundo a Constituição, dispensa-se essa análise posterior do Congresso nos
casos em que a intervenção teve por finalidade: (i) prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial (CF, art. 34, VI); e (ii) assegurar a observância dos princípios sensíveis (CF, art. 34, VII). E o decreto limitar-se-á
a suspender a execução do ato impugnado, se esta medida bastar ao restabelecimento da normalidade (CF, art. 36, § 3°).
Sintetizando:
Intervenção estadual nos municípios
Salvo no caso de municípios localizados em territórios, apenas os estados membros poderão intervir em municípios (e apenas em municípios localizados nos seu próprio domínio).
Nesse caso, a intervenção passa a ser competência do governador, competindo à Assembleia Legislativa o controle político (também no prazo de 24 horas).
As hipóteses de intervenção estadual em municípios estão taxativamente previstas no art. 35 da CF/88:
I) deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II) não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III) não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV) o Tribunal de Justiça der provimento à representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Essa última hipótese apresenta duas especificidades:
- depende de provimento pelo Tribunal de justiça de representação formulada pelo Procurador-Geral de Justiça; e - não será submetida ao controle da Assembleia Legislativa.
Atenção! 
No caso da intervenção estadual, dispensa-se a apreciação da Assembleia Legislativa apenas no caso de o Tribunal de Justiça dar provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Por fim, cabe ainda mencionar súmula do STF que enuncia: “não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de justiça que defere pedido de intervenção estadual em município”(Súmula 637).

Outros materiais