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AMAMENTAÇÃO EM PÚBLICO - Argumentação frente à colisão de direitos constitucionais

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FACULDADES UNIFICADAS DOCTUM DE LEOPOLDINA
SUMÁRIO
Prefácio ............................................................................................................ 1
Argumentação contra a amamentação em público
1. HISTORICIDADE E CULTURA ..................................................................... 2
2. DA PSICOLOGIA .......................................................................................... 3
3. DO DIREITO ................................................................................................. 4
	Direito à privacidade e direito a não saber ............................................. 4
	Crime contra a criança ............................................................................ 5
4. PROPOSTA DE SOLUÇÃO .......................................................................... 6
PREFÁCIO
	O presente estudo visa o reconhecimento e a análise das garantias constitucionais, implícitas ou expressamente, de maneira a identificar os princípios de que o direito faz uso em função do indivíduo e do coletivo na sociedade brasileira contemporânea, através de ponderação da legislação e doutrina jurídica, bem como de demais disciplinas complementares. Neste âmbito, com o advento dos direitos fundamentais e a valoração do cenário jurídico em face à pessoa humana, observa-se a proteção das previsões legais do homem contra o descompasso no emprego fático destas. 
	Acresce que a pauta sobre diversos temas polêmicos e controversos tem se estendido do âmbito público ao particular, de modo que, na aplicação do direito, entram em colisão. Assim, o direito à amamentação em público e o direito à privacidade concorrem entre si, aprofundando um debate sobre o qual apresenta-se a aplicabilidade das normas no caso concreto e a decorrente diversidade interpretativa em razão de sua igualdade hierárquica, com a proposição de satisfazer a máxima efetividade dos direitos fundamentais e a concordância prática, de maneira que se torna, por vezes, necessário o uso do princípio da proporcionalidade.
	Postula-se, pois, a argumentação através do estudo histórico e cultural da formação do Estado com bases no patriarcado, como também faz-se a observância de estudos em psicologia, antropologia e saúde sobre a influência do meio na amamentação e, posteriormente, no desenvolvimento da criança e da mulher em razão das possibilidade de transtornos psicofísicos e doenças. Finalmente, no contexto jurídico se versa o aprofundamento do crime contra a criança, interpretando as leis previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a relação do direito à não saber e do direito à privacidade frente à temática disposta. 
HISTORICIDADE E CULTURA
	Sendo a dignidade da pessoa humana a matriz que norteia o Estado Democrático de Direito, devendo as normas proteger e ampliar a eficácia de tal, a Constituição Federal de 1988 define a igualdade entre homens e mulheres, a inviolabilidade da liberdade e a não submissão à tratamento desumano ou degradante, todos constantes no art. 5º, visando assegurar as garantias individuais e os direitos e deveres coletivos. Todavia, observa-se a formação cultural brasileira pautada no patriarcalismo, cujo sua base é a supremacia do homem à mulher nas relações sociais, manifestando-se ainda hoje, mesmo quando vedada qualquer forma de discriminação pela Lei Maior.
	Desta maneira, a subjugação sofrida pela mulher, ao longo da história, viola sua autonomia da vontade, seu estado de direito, sua dignidade e sua integridade psicofísica, de tal agravo que, o cenário do Direito no pós Segunda Guerra prioriza a inclusão do respeito à dignidade da pessoa humana, do direito à liberdade, igualdade e integridade física, moral e social, especialmente no que cabe ao idoso, que aqui não nos cabe falar, à criança e à mulher. Assim, espera-se um ajustamento social para a concretude destas proteções, o que, no caso concreto, não se efetiva. Argumenta-se tal através de dados demonstrando que 77% das mulheres, em situação de violência, sofrem agressões semanal ou diariamente, por ano constam mais de 50.000 denúncias de violência psicológica contra a mulher, bem como um terço das mulheres já se sentiram constrangidas ao amamentarem em público.
	A constatação do cenário social brasileiro expõe a problemática da amamentação em público no que tange ao estresse, ao constrangimento, à tensão e desconexão entre a genitora e a prole, durante o aleitamento em local não adequado onde pode, ilegítima e ocasionalmente, sofrer abuso e violência, apesar da existência de normas e políticas públicas sobre a igualdade de gênero, a liberdade e a dignidade humana. Não há de se negar a situação ou aceita-la, uma vez que é emergencial a mudança na mentalidade social quanto à mulher, seus direitos e, em especial, seu direito à amamentar em locais públicos, contudo, a realidade demanda consideráveis perigos às vítimas nestas determinadas situações, cujas consequências durante o momento podem gerar imensurável impacto negativo na criança e na mãe. 
 
DA PSICOLOGIA
	Objetivando o traumatismo como resultado de tensão, constrangimento ou alto nível de estresse no momento da amamentação, Jean-Yves Leloup no livro “O corpo e seus símbolos”, desenvolve sobre os distúrbios alimentares e transtornos comportamentais advindos da situação anteriormente exposta. 
	O filósofo, antropólogo e Ph.D. em psicologia, apresenta a relação do bebê com outro corpo, que é o da mãe, como forma de encontrar uma nova fusão e unidade, a qual foi perdida com o nascimento, ao que chama-se de consciência oral. Assim, estando esta fase ligada à boca, memórias relacionadas com fortes emoções neste nível evolutivo da criança podem gerar sintomas de bulimia ou anorexia, ainda no aleitamento, prejudicando o crescimento normal e saudável, e a relação entre mãe e filho pelo afastamento do último durante a ocasião íntima de alimentar com sua genitora. Ao longo do desenvolvimento do indivíduo, o qual tenha sofrido uma situação negativa no momento da amamentação, pela infância, adolescência e vida adulta, pode-se observar também estes problemas patológicos de bulimia e anorexia, onde as más lembranças ligadas à boca e a posterior ausência da intimidade com a mãe gerou traumas para o restante da vida.
	Leloup, então, expressa a bulimia como uma profunda falta, na qual a pessoa que sofre da doença busca preencher-se pelo excesso de comida, decorrendo este vazio da falta do seio materno ou das más memórias do período de desmame. Na anorexia, ocorre a restrição voluntária do alimento, mesmo quando há fome, em razão de uma histérica repugnância à toda espécie de comida, o que, muitas vezes, consolida-se também no aleitamento e nas dificuldades ocorridas neste período. Demais problema, resultante à época em que o bebê recebia alimento, é a úlcera, a qual por vezes está ligada à necessidade inconsciente de ser nutrido, posto que antes não o fora de maneira devida, agindo esta carência sobre o estômago, através do sistema parassimpático, e levando à uma hipersecreção ácida. 
	Posto que as impressões guardadas da infância sempre estão presentes em algum lugar do ser, atenta-se para as consequências que estendem-se até a vida adulta e podem causar agravos permanentes na convivência familiar e social, no psicológico e emocional do indivíduo e mesmo no corpo físico. Defende-se, assim, a necessidade de que a amamentação se ampare em um momento de verdadeira conexão entre mãe e filho, de forma harmônica, tranquila e agradável e, principalmente, visto a influência do ambiente, em um local onde não haja grande movimentação, poluição sonora ou visual, ou em que se ponha à risco de possíveis tormentos ou violência, a fim de que se preserve a saúde e o desenvolvimento da criança e da mãe. 
DO DIREITO
	Com o resgate valorativo do Direito, a dignidade da pessoa humana se importa em princípio fundamental constitucional, atingindo uma dinâmica de extrema importânciae implicando, como extensão desta, em novas acepções também dos direitos da personalidade. Assim, na decorrência de um conflito entre garantias fundamentais, a aplicação da proporcionalidade representa que não há valor supremo e absoluto, de modo a aniquilar demais garantia de valor e grau equivalente, devendo, então, equilibrar os direitos individuais com os sociais de modo a limitar a atuação dos poderes públicos e vedar o excesso de atos desproporcionais. 
Direito à privacidade e direito a não saber	
	Um dos diversos sentidos que se pode atribuir à privacidade é de que nela se respalda um espaço, interno, exclusivo do indivíduo, cabendo que a este se resguarde as informações que não se deseje saber ou que um demais saiba. Na Constituição Federal, em seu art. 5º, X, e no Código Civil, art. 21, fundamenta-se a proteção da esfera privada, no que tange à vida privada e à intimidade da pessoa humana, cabendo o direito de não conhecer determinado dado relacionado à sua condição existencial. Assim, pode-se qualificar o direito a não saber correspondente à possibilidade de uma pessoa se abster de tomar conhecimento de determinada informação, assegurando a proibição de constranger alguém a tomar tal conhecimento, o que resulta, então, do direito a não saber como decorrente do direito à privacidade, sendo uma extensão negativa deste. 
	Neste sentido, devendo o direito à privacidade e o direito a não saber proteger um valor moral específico e irrenunciável, argumenta-se sobre a violação deste direito quanto ao contato indesejado ou não pretendido, num espaço público onde pessoas de diversas crenças e preceitos se encontram, à amamentação, especialmente quando esta se faz de forma explícita, a constranger ou afrontar determinados conceitos morais. Desta maneira, não caberia ser assegurado ao indivíduo a privacidade de consciência sobre não ter conhecimento da forma como se dá o aleitamento, a fim de preservar suas convicções? Mais do que isso: uma vez que a intimidade abrange a liberdade de querer ou não saber algo, como direito à esconder suas fraquezas e garantir sua consciência de credo, a permissão da amamentação em público, sem devido local privado, não estaria violando a honra do indivíduo exposto à situação? 
Crime contra a criança
	Sobre uma primeira consideração a este respeito, é definido pelo ECA, na lei 8.069/90, art. 2º “Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos”. Desta forma, crianças em processo de aleitamento se encontram protegidas integralmente pelo Estatuto, especialmente no que tange à garantia de gozar de “todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana [...] a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”. É, pois, indiscutível o dever familiar e comunitário de assegurar a vida, a alimentação como extensão desta, a dignidade e a saúde, de tal modo que priorize a efetivação de políticas sociais públicas a permitirem seu nascimento e desenvolvimento sadio.
	Neste contexto, como explicitado anteriormente à despeito do impacto de uma vivência traumática no momento da amamentação, cabe interpretar a lei também de modo a impedir que uma garantia, como a de dar o alimento, prive uma demais, a qual seja a evolução psicofísica digna. Assim, a agressão física e psicológica contra a criança pode advir mesmo de um desejo legítimo da mãe de alimentar ao seu filho, sem que esta se preocupe, todavia, com o ambiente em que se encontra e a influência deste no progresso da criança, podendo comprometer sua saúde em razão, não somente de violência por parte da sociedade, mas do caótico cenário público de poluição visual e sonora. 
	É aqui, neste contexto de garantir um direito, qual seja a amamentação, que decorre o crime contra a criança: o trauma, gerado por uma vivência violenta neste período em razão de ambiente inadequado, quando prejudica o desenvolvimento psicológico e físico do indivíduo consiste no impedimento do desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social digno, privando-o assim de um direito inerente previsto pelo Estado.
	 
PROPOSTA DE SOLUÇÃO
	Considerando todos os argumentos já expostos, evidencia-se a necessidade de resolver a problemática, a fim de permitir a aplicação de ambos direitos, o da privacidade e o da amamentação. É inviolável o direito de liberdade da mulher para alimentar o seu filho, garantindo-lhe a sobrevivência e saúde, porém, é inevitável a ponderação do direito a não saber ou presenciar este acontecimento que, apesar de natural, possa ofender e constranger indivíduos ou grupos, também deve-se atentar para os riscos a que se expõe a criança ao realizar o aleitamento em local não devido.
	É imprescindível, pois, que encontre uma solução, a qual poderia ser a resolução da questão a criação e instalação de cabines de amamentação nos estabelecimentos e locais públicos, por parte dos responsáveis e do Estado, possibilitando que a mulher amamente seu filho quando for necessário, no entanto, em local privado, higienizado e confortável para o momento íntimo de relação entre ambos. Através de tal, garantir-se-ia a proteção da criança para aproveitar de tranquilidade, a intimidade da mulher em não expor seu corpo e a privacidade dos demais cidadãos presentes.
	O Direito deve ser uno, buscando solucionar possíveis conflitos da melhor forma possível, a fim de que se garanta a globalidade das normas e princípios, harmonizando espaços de tensão, através da utilização da razoabilidade, adequação e proporcionalidade.

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