Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 3 Em algumas espécies, a porção cranial do estômago é revestido por epitélio não glandular e a parte distal por epitélio glandular. No cavalo, a linha divisória entre as duas é denominada margo plicatus. A mucosa gástrica do estômago contém pregas; o estômago glandular funciona na digestão enzimática e hidrolítica dos alimentos. A mucosa é revestida por células epiteliais colunares mucosas, células epiteliais de superfície, células mucosas do colo, células parietais, células principais e células neuroendócrinas (enterocromafins, argentafins). 4 Barreira da Mucosa Gástrica A secreção ácida é liberada pelas células parietais. É estimulada pela histamina (secretada constantemente por mastócitos e células enteroendócrinas locais), acetilcolina (liberação fásica por processos dos neurônios pós-ganglionares parassimpáticos, distensão da parede e reflexo intramural) e gastrina (liberada por células G do antro pilórico por estímulo de cálcio, aminoácidos e peptídeos da ingesta, estímulo vagal e reflexo vagovagal fúndico-pilórico). A secreção é inibida pela concentração de ácido no antro pilórico e presença de ácido, gordura e soluções hipermolares no duodeno. As células mucosas e sua secreção protegem a mucosa da difusão e autodigestão pelo ácido clorídrico e enzimas proteolíticas. Glândulas mucosas cárdicas e pilóricas secretam bicarbonato que neutraliza a ação dos ácidos. A vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo e inibição da secreção ácida também é promovido por prostaglandinas. Células parietais – susceptíveis; Células mucosas – proteção Atrofia das células parietais Sem hiperplasia das células mucosas: doenças GI em geral (inapetência) Com hiperplasia das células mucosas (nematoides e perda de apetite) 5 acloridria Metaplasia e hiperplasia de células mucosas Substituição das células parietais por células mucosas Processos inflamatórios agudos ou crônicos BVD, RIB, Ostertagia, Trichostrongylus e Hyostrongylus 5 6 7 A dilatação primária é de origem nutricional e geralmente associada a ingestão de alimentos facilmente fermentáveis. Geralmente é aguda e pode ter patogenia semelhante à acidose lática dos ruminantes. Em equinos e suínos, a porção anterior do estômago permite fermentação microbiana. Gás (obstrução da eructação, C. perfringens, mecanismos fisiológicos de produção de CO2, aerofagia), fluido ou alimento. 8 É causada por impedimento físico ou funcional do esvaziamento do estômago. Pode ser aguda ou crônica Os impedimentos funcionais podem ocorrer devido a atonia por distensão da parede do estômago ou por paralisia vagal 9 A atonia devido à distensão mecânica da parede agrava a dilatação e causa deslocamento do órgão, que pode culminar com torção ou volvo, principalmente no cão. No cavalo, a dilatação progride geralmente para a ruptura. Os distúrbios metabólicos desencadeados com a retenção de secreções no estômago, dificuldade de retorno venoso na cavidade abdominal e a interferência na circulação sistêmica podem causar a morte mesmo sem as complicação de torção e ruptura. Os órgãos abdominais apresentam congestão passiva ou isquemia, principalmente os próximos ao estômago, pela compressão. Há também aumento da pressão intratorácica, atelectasia pulmonar e congestão passiva dos órgãos torácicos e tecidos cervicais e craniais. Ocorre anoxia com hemorragias puntiformes e edema. Em equinos, pode ocorrer ruptura ou, quando os animais sobrevivem, podem desenvolver laminite devido a falha circulatória periférica. O volvo é quase sempre consequência da dilatação gástrica. Repetidos episódios de dilatação gástrica resultam em distensão e relaxamento do ligamento gastrohepático, que combinado com outros fatores (superalimentação, exercício pós-prandial e predisposição hereditária) levam a rotação gástrica. A torção do estômago ou volvo ocorre quase exclusivamente em cães, especialmente os de raças grandes (Pastor Alemão, Dogue Alemão, Fila Brasileiro, São Bernardo), mas também é relatado em matrizes suínas durante a gestação em gaiolas 10 individuais, arraçoadas manualmente uma vez por dia 10 11 O estômago gira em direção horária ao redor do esôfago. A curvatura maior move-se ventrocaudalmente para a direita, forçando o piloro e o duodeno cranialmente em direção horária, em torno do esôfago, fazendo com que fiquem à esquerda do plano médio, comprimidos entre o estômago dilatado e o esôfago. O esôfago fica completamente fechado nas torções de 270 a 360º. Ocorre infarto venoso na parede do estômago, que fica escura e edematosa, há extravasamento de sangue para o lúmen. A mucosa sofre necrose isquêmica e pode haver ruptura ou perfuração do estômago. 12 O baço, que segue o deslocamento do ligamento gastroesplênico, fica na posição ventral direita, entre o estômago, o fígado e o diafragma; dobra-se em V e torna-se extremamente aumentado e congesto, podendo sofrer torção, infarto e ruptura. 13 14 15 16 Problemas intercorrentes: acetonemia, hipocalcemia, metrite, retenção de placenta, O deslocamento à esquerda é menos grave e às vezes é corrigido durante o manuseio do cadáver. O deslocamento à direita é mais raro e normalmente se complica com a torção do abomaso sobre sua curvatura menor, com envolvimento do omaso, levando à morte em poucas horas. O omaso e abomaso estão torcidos no sentido anti-horário, sobre a curvatura menor de ambos, com o duodeno fazendo uma laçada que envolve os dois órgãos. As serosas estão intensamente congestas e edemaciadas. 17 O eixo longo do abomaso faz rotação dorsal e caudal, movendo a curvatura maior do abomaso em sentido anti-horário e em direção à pelve. (McCracken, Kainer e Spurgeon. Atlas Colorido de Anatomia de Grandes Animais, ed. Guanabara Koogan, 2004) 18 Ocorre comumente em vacas leiteiras no 1º mês após o parto. O abomaso cheio de gás move-se à esquerda e dorsalmente no abdome. Desloca o rúmen parcialmente cheio em direção medial e distorce a posição normal e a orientação do retículo, do omaso e do rúmen cranial. (McCracken, Kainer e Spurgeon. Atlas Colorido de Anatomia de Grandes Animais, ed. Guanabara Koogan, 2004) 19 É provocada por conteúdo que se condensa, como resultado de restrição hídrica, alimentos muito fibrosos e grosseiros, grãos moídos finamente que empastam com facilidade (trigo, cevada, arroz, milho) ou em consequência de estenose pilórica, física ou funcional. A estenose funcional , mais comum, é resultante de indigestão vagal ou paralisia vagal (devido a peritonite traumática, lesões inflamatórias e neoplásicas do vago intratorácico e traumas cirúrgicos do vago, e aderências entre omaso e abomaso. Há acúmulo intenso de ingesta no abomaso e omaso; podem se desenvolver divertículos de impulso. O sequestro de cloretos no rúmen e a hipocalemia, consequência da diminuição da ingestão de alimentos e excreção renal contínua, causam distúrbios metabólicos. 20 A ruptura do estômago é quase sempre consequência da dilatação e ocorre como um esgarçamento da parede da curvatura maior, onde a parede é mais fina e menos resistente à distensão. Mais comum em equinos, provavelmente pelo reduzido tamanho do estômago e pelo trânsito rápido do alimento. Ocorre hemorragia e extravasamento do conteúdo para a cavidade abdominal, causando peritonite, choque e morte. As perfurações são menores que as rupturas e associadas com parasitismo, úlceras e neoplasias, e ocorrem principalmente na região pilórica, em cães. 21 O termo gastrite é muitas vezes usado de forma genérica, referindo-se a uma grande variedade de alterações que, geralmente, não atendem aos critérios histológicos de inflamação. Diferenciar de hiperemia e petéquias inespecíficas e agônicas. Entre estas alterações, estão: necroseda mucosa gástrica, erosão ou ulceração por insultos químicos, mecânicos ou isquêmicos, incluindo a gastrite urêmica, a gastrite verdadeira, com infiltrado leucocitário na lâmina própria, atrofia e fibrose da mucosa gástrica e hiperplasia linfofolicular. 1 - Gastrite Erosiva em Husky Siberian 9 anos de idade, tratado com anti- inflamatórios. O animal sofria de um carcinoma pulmonar. http://www.fmv.utl.pt/atlas/digest/pages_us/digest060_ing.htm 2 - Gastrite aguda em cão. A mucosa está muito brilhante devido à anormal quantidade de muco, o qual pode ser visto fluindo do lume do órgão http://atlas.fmv.utl.pt/ap_digest/digest_085.htm 22 A gastrite hipertrófica crônica acontece somente no cão (além do homem) e se caracteriza por hipertrofia das rugas da região fúndica, hiperplasia das células mucosas, podendo ocorrer dilatação cística das glândulas. A gastrite metaplásica crônica ocorre nas parasitoses gástricas (Ostertagia e Trichostrongylus em ruminantes), acompanhada de acloridria, diarreia e perda de proteínas plasmáticas para o lúmen intestinal. Ocorre atrofia ou metaplasia mucosa das células parietais e necrose ou ulceração e tem como consequência uma gastrite micótica, causada por Rhizopus, Absidia ou Mucor. Há trombose de arteríolas e vênulas, com consequente infarto hemorrágico da mucosa Gatrite eosinofílica foi relatada em carnívoros, associada a larvas encistadas de nematódeos (Toxocara canis) ou a reação de hipersensibilidade. Macroscopicamente, há espessamento focal ou difuso da parede. 23 Figura 1: Mucosa hiperêmica com acentuado edema (http://patologiavet.blogspot.com.br/2012/06/enquanto-isso-na-patologia- geral.html) Figura 2: gastrite hipertrófica em boxer de 8 anos. Área pilórica com mucosa irregular superficial devido a hiperplasia glandular regional 24 É uma hiperplasia das células mucosas superficiais da mucosa gástrica, mais comum em homens na 4a à 6a décadas. Na realidade, não é gastrite (isto é, não há inflamação), nem hipertrófica (o que há é uma hiperplasia das células epiteliais). A causa é desconhecida. Pode ser assintomática ou produzir dor epigástrica, náuseas ou vômitos. A secreção gástrica é excessivamente mucosa, e pode faltar ácido clorídrico. Pode ser tão abundante que leva a perda de proteína para a luz do tubo digestivo, suficiente para dar hipoalbuminemia e edema, sendo uma das causas da chamada enteropatia com perda de proteínas. Fig. 2: alongamento do epitélio foveolar, com hiperplasia e dilatação cística das glândulas foveolares na porção basal da mucosa, com extensão para a submucosa 25 Esquerda: gastrite crônica atrófica em cão. À esquerda, parede mais fina do que o restante do estômago. Direita: abomasite crônica com atrofia da mucosa em ovelha. Uma área (seta) está hiperplásica, formando espessas pregas 26 A infecção pelo Clostridium septicum em animais jovens, determinada por fatores adversos, causa abomasite aguda em borregos e bezerros. À necropsia, há fluido abdominal sanguinolento e a serosa do abomaso está congesta ou coberta com fibrina. As dobras do abomaso podem estar espessadas, avermelhadas e às vezes hemorrágica ou necrótica. Há notável edema gelatinoso e enfisema da submucosa. 1 – Abomasite em bezerro. http://www.fmv.utl.pt/atlas/digest/pages_us/digest046_ing.htm 2 – Abomasite hemorrágica em ovino. http://atlas.fmv.utl.pt/ap_digest/digest_032.htm 27 A patogenia das úlceras gástricas são decorrentes de um desequilíbrio entre o efeito lítico do ácido clorídrico e da pepsina e a capacidade da mucosa em manter-se íntegra. Alterações nesses mecanismos são fatores patogenéticos gerais. Gastrinomas: neoplasias do pâncreas secretoras de gastrina. Os mastócitos produzem histamina O refluxo duodenal contém substâncias lipossolúveis (sais biliares, álcoois e lisolectina) que lesionam a membrana lipoprotéica da célula, tornando-a permeável ao ácido. Os glicocorticoides reduzem a renovação epitelial e diminuem a disponibilidade de ácido aracdônico para síntese de prostaglandinas, além de estimular a secreção ácida. A redução do fluxo sanguíneo da mucosa leva à menor secreção de bicarbonato e favorece a difusão ácida, além de causar lesão nas células superficiais. Ocorre provavelmente devido à hipotensão secundária à redução na concentração de prostaglandinas. 28 As úlceras subagudas ou crônicas têm as bases e bordas revestidas por tecido de granulação e superfície revestida por fina camada de tecido necrótico. Há metaplasia mucosa e hiperplasia das glândulas ao redor da úlcera. Em condições favoráveis, os tecidos adjacentes projetam-se sobre as bordas da úlcera e preenchem o defeito da mucosa. 29 A perfuração de úlceras gástricas e duodenais desencadeia grave hemorragia e extravasamento do conteúdo para a cavidade abdominal 30 31 32 33 34 1- O verme adulto migra no tubo digestivo; 2 – os ovos são eliminados nas fezes e se transformam em L1 e L2 que são ingeridos por larvas de moscas onde se desenvolve para L3; 3 – A mosca deposita estas larvas nas mucosas ou feridas do cavalo; 4 – As larvas causam feridas de verão ou esponja. 35 Os parasitos são encontrados envoltos por exsudato esverdeado no interior de nódulos submucosos. As lesões se localizam próximo a margo plicatus. 36 37 38 http://quizlet.com/14292309/blagburn-parasit-quiz-1-flash-cards/ http://www.vet-parasitology.com/strongylida.php Larvas encistadas (L4) T. axei no epitélio abomasal de ovino 39 Espessamento nodular do abomaso em bovinos 40 Nódulos brônzeos na mucosa do abomaso 41 Estômago - Esquerda: felino; direita: gambá 42 43 44 45 46 47 48
Compartilhar