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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES I Pedro Lino 2012.2

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LARISSA DE MELLO BRAGA, LUISA FONSECA TAPIOCA, MARINA ALBUQUERQUE
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERDADE FEDERAL DA BAHIA
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
PEDRO LINO
SEMESTRE: 2012.2
Avaliações: 05/02/2013 E 26/03/2013.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS:
É importante saber os enunciados das jornadas de direito de civil; são cinco jornadas no conselho da justiça federal, contando com 528 enunciados. Alguns desses enunciados reveem o entendimento de anteriores, o que é bom, pois mostra que há uma mudança, um repensar no direito. Esses enunciados são doutrinários, porém não devem ser tomados como textos canônicos, devem ser discutidos. O saber é um processo coletivo, construído através da crítica, do debate, de concordâncias e discordâncias, o que infelizmente não ocorre muito no curso de direito, no qual há um culto ao estabelecido. A última jornada foi no final do ano passado, mas só quatro delas foram enunciadas, uma delas foi meramente discursiva. 
A maior expressão do direito civil é o contrato, muito ligado ao direito obrigacional. O direito tributário está muito próximo ao direito obrigacional; obrigação tributária é obrigação pública.
Pierre Bourdieu dizia que toda vez que surgia *uma nova lei os advogados caiam numa sede de entender o que aquilo queria dizer* um novo código, os operadores do direito se fechavam numa irmandade para entender porque o legislador propôs aquelas diretrizes. Estamos reescrevendo o código civil, é um momento muito complicado de decisões, como, por exemplo, se vamos mudar de acordo com as mudanças, ou manter o status quo. Qual código queremos? Nesse processo de interpretação, não podemos nos valer apenas dos argumentos de autoridade, da opinião de alguns iniciados, precisamos dessacralizar algumas figuras, pois o importante são os argumentos, e não a pessoa. 
Não existe um sentido próprio na norma, o que está no texto não deve ser desvendado pelo intérprete. Na verdade o sentido vem de fora, é heterônomo, de acordo com cada interpretação. A lógica jurídica é consequencialista, mas é uma lógica de escolha, depende das premissas que adotamos. 
Segundo Gramsci, vivemos num momento em que o velho ou está morto ou está morrendo e o novo ainda não pôde nascer. O mundo virou uma pequena aldeia em função da comunicação. Sintomas patológicos do direito: legalização, relativização do conceito de soberania, etc.
O direito das obrigações reflete diretamente a estrutura econômica da sociedade, regulando, juridicamente, as relações econômicas, dimensão econômica – ex: contrato de compra e venda é uma operação econômica conformada pelo direito. O direito não é pura forma, tem um conteúdo que conforta determinados valores. No século XIX, um pensador, lendo Malthus, no tempo que a economia estava nascendo, disse que a economia é a ciência do lúgubre. Da onde vêm as leis da economia que regem nossas vidas? São leis naturais ou contingencias, que refletem a história de uma determinada sociedade? A economia comanda nossas ações e pensamentos e ela e a ética vivem numa situação de dependência mútua. 
Por que surgiram as constituições sociais, como a Constituição mexicana e a de Weimar, no início do século passado? Surgiram porque havia um capitalismo liberal e um avanço, um espectro do comunismo. Para evitar esse avanço, asseguraram-se aos trabalhadores condições de vida boas e até melhores que as oferecidas pelo comunismo. Foi um momento de concessão, em que, aqui no Brasil, houve muitas greves históricas, especificamente em São Paulo, promovidas pelos anarquistas italianos imigrantes. Os direitos sociais, então, não foram incorporados por haver pessoas boas no poder, e sim porque houve um conflito, e o direito é resultado dessa medição de forças, do poder, essa calma ideia do contratualismo é falsa.
O que é uma lei, então? São meros suportes formais de significados políticos, já que o direito é construído politicamente, fruto do debate, do conflito, do antagonismo. O profissional de direito é, muitas vezes, associado a um moleque de recado de certos grupos dominantes. É um saber muito próximo ao poder, até prisioneiro; será que temos um potencial emancipatório? Se o direito conseguir preservar um pouco do que conseguiu, sim, porém, do jeito que andam as coisas, não haverá essa emancipação, isso porque esta vem através da política, no sentido bom. 
No estado social, que ruiu na Europa com a queda do muro de Berlim, o capital era o único freio. Quando houve a queda, houve uma tentativa de retirada de direitos sociais das constituições. A mão invisível de Adam Smith continua operante pelo estrangulamento. O mar da história é agitado. A democracia é incompatível com o liberalismo e com a constituição, já que a democracia é experimentalismo e mudança. Quando houve a Crise em 2008, as empresas que sempre acharam que o Estado deveria ser mínimo pediram para ele ser máximo e cobrir os custos das falências, contudo, essas mesmas empresas acham que o Estado deve ser mínimo para garantia dos direitos sociais. 
O direito não deve ser pensando de forma autônoma, tem que saber um pouco de cada, economia, história, etc. É importante ter a visão jurisprudencial, pois são eles que vivenciam o direito na prática. 
AULA 29/11/2012
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – PLANO DO CURSO: 
CONCEITO:
Segundo Cristiano Chaves, a obrigação deve ser vista como uma relação jurídica transitória, que estabelece vínculos entre duas diferentes partes (denominadas credor e devedor, respectivamente), cujo objeto é uma prestação positiva ou negativa, de caráter patrimonial, garantindo-se o cumprimento, sob pena de coerção judicial. Porém, é necessário perceber que a obrigação é muito mais dinâmica e funcional do que a ideia estática de direitos para o credor e responsabilidades para o devedor, isoladamente. Na verdade, o que existe são inúmeras obrigações recíprocas, assumindo ambas as partes, em diferentes momentos, o papel de credor e devedor de diferentes obrigações, denotando um verdadeiro caráter dinâmico na relação obrigacional. Isso decorre da boa-fé objetiva, implicando, portanto, uma série de deveres recíprocos, através de uma cooperação entre as partes, indistintamente.
CARACTERÍSTICAS: o direito das obrigações é muito preso à normatividade, à lei. Utiliza-se a parte especial do código civil, o que remete a um modelo germânico, contudo, nem todos os países adotam essa sistemática. Obrigações é uma expressão muito plurífera e pode ser entendida tanto no aspecto de crédito quanto de débito. O direito das obrigações retrata a estrutura econômica da sociedade, qual seja, capitalista, liberal e democrática (sendo mais liberal que democrática,) e busca disciplinar essas relações, normatizando essa esfera de produção e circulação de bens e serviços, jusperalizando essas operações econômicas, não permitindo, por exemplo, abusos. Esse direito sempre foi um estatuto do credor, mas isso está mudando para uma visão de direito cooperativo, uma visão dinâmica do direito das obrigações, entendendo-se obrigações como processo . Todavia, existem também os deveres anexos de condutas, dever de proteção; a relação passa a ser simultânea e esses deveres são dos credores periféricos, não dizem respeito à prestação principal que é pagar, mas são importantes. 
Também podem ser apontadas como características do direito das obrigações:
Caráter transeunte (até mesmo porque não pode haver uma relação obrigacional perpétua, o que implicaria, como se pode extrair de seu conceito, uma verdadeira servidão humana).
Vínculo jurídico entre as partes (através do qual a parte interessada pode exigir da outra, coercitivamente, o adimplemento).
Caráter patrimonial (pois somente o patrimônio do devedor pode ser atingido, afastada a sua responsabilidade pessoal).
Prestação positiva ou negativa (pode ser uma conduta de dar, fazer ou não fazer). 
DIREITOS REAIS E DIREITOS PESSOAIS (OBRIGACIONAIS): as fronteiras entre esses direitos não são seguras e nem precisas.
-Numa visão tradicional, os direitos pessoais têm por objeto prestações humanas, sãocomportamentos humanos, enquanto que o direito real afeta a coisa direta e imediatamente, no seu exercício, perseguindo-a onde quer que se encontre (sequela). 
- Assim, o direito real tem eficácia erga onmes (os romanos diziam que o direito real adere ao corpo como a lepra), e os direitos pessoais têm eficácia relativa – vale entre as partes, terceiros não são atingidos. No caso do locatário, para ele exercer a posse direta sobre o bem, ele precisa de uma autorização pessoal que o permita agir, precisa de um contrato, precisa que alguém (proprietário, locador) lhe conceda o uso do bem – obrigação prestacional. Já quando se fala de direitos reais, é preciso registrar os atos para dar publicidade e eficácia erga omnes; o contrato individual não garante nada porque não há como todas as pessoas saberem. Para solucionar isso, pode-se, por exemplo, instituir uma servidão (deve-se lavrar a escritura no cartório de registro de imóveis, de modo que, quando alguém quiser comprar aquele imóvel, possa ter acesso a esse registro, através da certidão; caso não pegue, o problema é dessa pessoa que quiser comprar, pois se pressupõe que todos sabem/devem saber o que está registrado. Essa servidão vai perseguir aquele bem sempre, a menos que a outra parte concorde em desfazer, mas se alguma das partes não quiser cancelar a servidão, ela tende a perpetuidade).
-Os direitos reais tendem a perpetuidade, nesse caso a servidão é um direito real, já os direitos pessoais são temporários. 
-Os direitos reais são regidos pelo princípio da tipicidade, ou seja, só são direitos reais aqueles contemplados em lei, as pessoas não podem criar direitos reais, porque, historicamente, eram os direitos mais importantes, ou seja, que mais interferiam na sociedade, tendo eficácia erga omnes, por isso há um monopólio político e jurídico estatal sobre eles. Já o direito pessoal é o campo da liberdade, é regido pela autonomia privada, não precisa ter regramento legal, inclusive, algumas figuras contratuais ainda não estão regulamentadas, podendo-se criar contratos atípicos, desde que não infrinjam os princípios de ordem pública. 
	DIREITOS REAIS
	DIREITOS OBRIGACIONAIS
	Absoluto (eficácia erga omnes)
	Relativo (eficácia inter partes)
	Atributivo (um só sujeito)
	Cooperativo (conjunto de sujeitos)
	Imediatividade
	Mediatividade
	Permanente
	Transitório
	Direito de sequela
	Apenas tem o patrimônio do devedor como garantia
	Numerus Clausus
	Numerus Apertus
	Jus in re (direito à coisa)
	Jus ad rem (direito a uma coisa)
	Objeto: a coisa
	Objeto: a prestação
CATEGORIAS HÍBRIDAS: são determinados institutos que possuem tanto características de direitos reais quanto de pessoais, a doutrina diverge quanto a eles. São categorias doutrinárias, que não estão na lei. Podem-se destacar algumas manifestações dessa zona híbrida entre direitos reais e direitos pessoais:
Não apenas as obrigações, mas os direitos reais podem nascer de negócios jurídicos (registro de compra e venda).
Alguns direitos reais são apenas criados para amplicar a eficácia das relações obrigacionais (direitos reais de garantia).
Mesmo dentro de relações reais existem obrigações para as partes (no usufruto, o usufrutuário se encarregará das despesas ordinárias de conservação da coisa).
Alguns direitos obrigacionais possuem eficácia real, como a locação averbada no registro imobiliário.
OBRIGAÇÕES PROPTER REM/MISTAS/OB REM/AMBULATÓRIAS: é quando um titular de um direito real é obrigado a satisfazer determinada prestação exatamente pela titularidade desse direito. Trata-se de obrigações em que a pessoa do credor ou do devedor individualiza-se não em razão de um ato de autonomia privada, mas em função da titularidade de um direito real. A obrigação propter rem está vinculada à titularidade do bem, sendo esta a razão pela qual será satisfeita determinada prestação positiva ou negativa, impondo-se sua assunção a todos os que sucedam ao titular na posição transmitida. Aliás, como a assunção da obrigação decorre da titularidade da coisa, ao devedor será concedida, em certos casos, a faculdade de se libertar do vínculo, renunciando ao direito real em favor do credor. Trata-se do chamado abandono libertatório ou renúncia libertatória. 
Ex: direito de vizinhança – necessidade de construir tapumes divisórios, não basta ser titular da propriedade (direito real) tem que satisfazer o direito (obrigação). A mais comum das obrigações propter rem é a cota condominial (você paga pelo fato de ser proprietário, porque você possui o direito real). Havendo inadimplemento de cotas condominiais pelo locatário, o prédio responsabilizará o proprietário e este, por sua vez, fará uso do instrumento contratual para obter direito de regresso em face do locatário. Se um inquilino não pagar, pode-se penhorar o imóvel? O STJ entendeu primeiro que a impenhorabilidade protegeria o condômino, impedindo a penhora, mas depois voltou atrás (lei 8009, art. 3). Uma das exceções diz respeito a contribuições. Na verdade, o legislador quis se referir a contribuições de melhoria, mas o STJ interpretou como também estando aí as contribuições em razão da coisa (propter rem); então, hoje há o entendimento do STJ de que é possível sim penhorar esse bem. Então, trata-se de um direito real ou pessoal? Tem características de direito pessoal, porque é uma prestação, um pagamento, mas, ao mesmo tempo, está ligado ao fato de eu ser titular da coisa, para justificar a penhora. 
OBRIGAÇÕES COM EFICÁCIA REAL: lei 8246/81 (lei do inquilinato), art.33, relação locatícia é obrigacional, contrato de locação, vindo com o contrato acessório que é a fiança. Apesar do princípio da liberdade das formas (art. 107, CC - A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir), segundo o qual, se a lei não previr nenhuma forma, pode ser qualquer uma (não vinculada), a fiança não admite um contrato verbal, assim como um contrato de estágio, por exemplo, não pode ser verbal. Quando se faz um contrato de fiança, deve-se levá-lo para registrar no cartório de imóveis para dar eficácia erga omnes e passar a ter eficácia real. O cartório de registro de imóveis tem toda a vida do imóvel, por isso não adianta realizar esse registro no cartório de títulos e documentos. Quando você registra o contrato de locação no cartório de imóveis (mas deve registrar 30 dias antes da alienação), você disponibiliza a um possível adquirente, quando o proprietário quando for vender, uma certidão de ônus, mostrando que já há um inquilino. Isso é necessário porque o inquilino tem a preferência pela aquisição do imóvel, conforme o art. 33 da lei do inquilinato. Se o proprietário não der a preferência, pode ter que depositar o valor em juízo – ação de adjudicação pra exercer o direito de preempção (quando o proprietário vende para outra pessoa sem consultar o inquilino). Todavia, não se pode desfazer o contrato de compra e venda, porque o terceiro agiu de boa-fé, cabendo apenas ação indenizatória. 
BOA-FÉ OBJETIVA, COMO FUNDAMENTO: a boa-fé clássica é a boa-fé psicológica, subjetiva, que diz respeito ao desconhecimento de riscos; comprar uma casa sem título verdadeiro, e depois descobrir a fraude, mas o primeiro agiu com boa-fé objetiva (*eu acho que é subjetiva). 
Benfeitorias são despesas que se fazem nas coisas para conservá-las ou evitar que se deteriorem (benfeitorias necessárias), para melhorá-las (benfeitoria útil) ou para embelezá-las (benfeitorias voluptuosas). Quando se paga imposto, por exemplo, trata-se de uma benfeitoria necessária. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e utilitárias e direito à retenção das benfeitorias voluptuosas. O possuidor de má-fé tem direito só a indenização das benfeitorias necessárias, para evitar o enriquecimento sem causa. 
Boa-fé psicológica é também quando, por exemplo, dois irmãos casam-se sem saber que irmãos são. O ato é nulo, mas vai gerar todos os efeitos até a declaraçãode nulidade. 
Já a boa-fé objetiva obrigacional é como um standard, um padrão de conduta. É uma definição doutrinária, que o CDC incorporou há mais de 20 anos, e agora o Código Civil. Judite diz que o oposto de boa-fé psicológica/subjetiva é a má-fé, e o oposto de boa-fé objetiva é ausência de boa-fé objetiva. Ainda segundo Judite, que concorda com a abordagem majoritária da doutrina, as funções da boa-fé são: hermenêutica, interpretativa; restritiva de exercício de direitos, ou função de controle; e criação de deveres anexos. Mas pode haver variações, uma vez que é uma classificação meramente doutrinária.
 FUNÇÃO HERMENÊUTICA, INTERPRETATIVA – art.113 (Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração) é um dispositivo novo, que a doutrina entende que se refere à boa-fé objetiva. Conforme esse artigo, a interpretação dos negócios jurídicos deve estar de acordo com a boa-fé objetiva.
FUNÇÃO RESTRITIVA DE EXERCÍCIO DE DIREITOS OU FUNÇÃO DE CONTROLE – art. 187 (Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes) é, talvez, um dos artigos mais importantes, e está na parte geral, o que significa que deve reger tudo no direito civil, e mais, em todo ordenamento jurídico. 
Quando surgiu a teoria do abuso de direito? Em 1912 houve o famoso caso Bayard; havia em Paris um ponto de atracação de dirigíveis e o vizinho era um terreno de Bayard; ele, sem interesse econômico, social construiu enormes torres de aço pontiagudas; nesse caso entendeu-se que houve abuso de direito. No Brasil, começaram a aplicar isso no direito de família, quando os pais separados impediam os filhos de ver os avós. 
O art. 187 mistura boa-fé objetiva, função social e bons costumes. O abuso de direito foi incorporado à legislação brasileira com esse código e a doutrina, até então, promovia uma ginástica para tentar explicar o abuso de direito através do código anterior. Havia um artigo nesse código (art. 100) igual ao que existe no código atual (eu coloquei art. 113 e lari colocou art. 156, mas achei ambos estranhos), que trata da coação. Conforme tal artigo, entendia-se que se o exercício do direito fosse anormal, ele seria abusivo. Fazia-se, então, uma interpretação forçada para invocar o abuso de direito. 
Os artigos utilizam cada vez mais muitos conceitos jurídicos abertos e cláusulas gerais, como lealdade e confiança recíproca. Todavia, deve-se pensar quem define esses parâmetros. Quais consequências de empregar esses conceitos? Fortalece o poder do juiz (uma vez que lhe dá um cheque em branco) que define, no caso concreto, o que são esses conceitos, e gera insegurança jurídica, pois, até que se defina pauta definitiva, decide-se com a vontade do julgador. As vantagens do modelo, por outro lado, são uma maior aproximação do caso concreto e uma atualização mais constante da legislação, de modo a acompanhar a realidade, não precisando mudar a norma sempre, só a interpretação. 
Estamos nos aproximando do direito americano, dos precedentes, de um modelo jurisprudencialista, judicativo decisório. A jurisprudência é tão forte hoje que o tribunal superior sequer recebe um recurso que não esteja tratando de uma matéria consolidada, enunciado 26 (anotar) e 24.
FUNÇÃO DE INTEGRAÇÃO DOS CONTRATOS - o art. 422 (Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé) fala de probidade e boa-fé. De acordo com o art. 421 (Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato), o contrato deve se analisado segundo a ótica social (cláusula geral), é uma abertura que o sistema oferece para o atual judiciário. O art. 608 (Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos) - é difícil mensurar quando é aliciar, por isso só se aplica em casos excepcionais; Judite e o caso da Sica (boa-fé objetiva).
 FUNÇÃO DE CRIAÇÃO DE DEVERES ANEXOS 
OBRIGAÇÃO COMPLEXA: Superada a visão estática do direito, o devedor e o credor têm deveres e direitos um para com o outro. O direito obrigacional sempre foi visto de forma desideologizada, como se estivesse pairando acima das contingências históricas e sociais, sendo mera expressão da racionalidade e da técnica do direito. Até outro dia, usava-se o código da Suíça, mas é complicado querer transportar institutos romanos para os dias de hoje. O direito das obrigações clássico sempre foi o estatuto do credor (obrigação como ideia de sujeição, como vínculo que prende, nó que constrange) e o devedor adstringia-se à obrigação convencionada. Na atualidade, há uma nova percepção do direito das obrigações a partir de valores constitucionais: solidariedade; respeito a questões existenciais. Pietro Perlingieri foi quem pensou a constitucionalização do direito civil, tendo a contribuição de Clóvis Couto e Silva. Numa perspectiva contemporânea, o direito obrigacional deixa de ser esse estatuto do credor e passa ter como objetivo uma cooperação entre o credor e o devedor. Existe a prestação principal, mas existem os deveres acessórios/anexos que o credor deve realizar, considerando que ele não pode satisfazer sua prestação de qualquer forma – dever de cuidado, dever de abstenção, dever DE observar a boa-fé objetiva, por exemplo, o adimplemento substancial (cumprimento voluntário da obrigação) - se o devedor adimpliu substancialmente não justifica o cancelamento do contrato, cabe ao credor, através do juízo, buscar o pagamento do restante; é a aplicação da boa-fé objetiva, não realizar o dever bem é como não realizar. A violação positiva do contrato é chamada de inadimplemento.
Assim, numa visão dinâmica, as obrigações complexas são o conjunto de direitos que reciprocamente vincula o credor e o devedor.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL: 
SUJEITO: o elemento subjetivo da obrigação é dúplice, encontrando-se, em posições contrapostas, credor e devedor, respectivamente, sujeito ativo e sujeito passivo. O credor é aquele que pode exigir de outrem um determinado comportamento, enquanto o devedor é quem deve cumpri-lo. É possível que haja pluralidade em qualquer dos polos da relação obrigacional (sujeito ativo e passivo) e que o sujeito da obrigação não seja determinado quando da gênese da relação, bastando, neste caso, que seja determinável ao tempo do cumprimento da prestação. Os sujeitos da relação jurídica obrigacional podem ser pessoas naturais, jurídicas, capazes, incapazes (desde que mediante representação ou assistência) e até mesmo entes despersonalizados. Há ainda a possibilidade de existir um sujeito coletivo, como na hipótese dos interesses difusos e coletivos, em que é possível afirmar que a coletividade é credora de determinadas obrigações. O sujeito também pode ser substituído, contanto que a obrigação não seja personalíssima.
*obrigação tributária e jurídica tributária.
OBJETO: o objeto é a prestação devida, tendo sempre conteúdo econômico ou conversibilidade patrimonial. Esse objeto (a prestação) pode ser positivo (dar – obrigação tributária – ou fazer – elaborar uma estátua, cantor se apresentar) ou negativo (não fazer) e consiste, invariavelmente, em uma conduta humana. Importante notar que o objeto da obrigação (que é a prestação humana) não se confunde com o objeto da própria prestação (um bem da vida qualquer). Entende-se que a prestação é o objeto imediato da relação obrigacional, enquanto a própria coisa é seu objeto mediato (objeto da prestação). 
A prestação precisa se revestir de algumas características, sob pena de nulidade da relação obrigacional: a) licitude; b) possibilidade física e jurídica; c) determinabilidade; d) patrimonialidade. 
VÍNCULO: trata-se do liame abstrato que ata os sujeitosda relação obrigacional, possibilitando a um deles exigir do outro o objeto da prestação, sob pena de excussão patrimonial através do Poder Judiciário. É o adimplemento, é o elo, corrente que encadeia. É ele que confere coercibilidade à relação obrigacional. Algumas obrigações, todavia, por força de determinação legal, não possuem o caráter coercitivo do vínculo jurídico – são as obrigações naturais, como a dívida prescrita e a dívida de jogo. Existem duas teorias em relação ao vínculo:
Teoria monista/clássica: haveria apenas uma única relação jurídica; ao dever de prestar corresponde o dever de exigir, ou seja, uma obrigação de prestar abrange o direito de exigir, é uma prerrogativa.
Teoria dualista: entende que esse vínculo se faz em dois momentos – o debitum, que seria o dever de satisfazer a prestação, e a obligatio, que é a responsabilidade no sentido econômico; pela responsabilidade se autoriza o credor a lançar mão do patrimônio de devedor. 
Segundo Cristiano Chaves, O débito traduz a prestação a ser espontaneamente cumprida pelo devedor, em decorrência da relação de direito material originária. Seria o bem da vida solicitado pelo credor, consistente em um comportamento traduzido por um dar, fazer ou não fazer. Em suma, cuida-se de direito subjetivo do credor à prestação, como um poder jurídico de satisfação de seu interesse. O cumprimento exato da prestação extingue em regra o direito à prestação. Não obstante a existência de um direito à prestação, o credor não dispõe ainda do poder de exigir o cumprimento, mas, apenas, de uma simples expectativa de adimplemento por parte do devedor. Sendo certo que o devedor possui o dever específico de prestar, a fim de satisfazer o direito subjetivo alheio, o inadimplemento da obrigação gera a responsabilidade do devedor. A responsabilidade patrimonial, por seu turno, é a sujeição que recai sobre o patrimônio do devedor como garantia do direito do credor, derivada do inadimplemento do débito originário. Por intermédio de agressão aos bens do devedor, será concretizada a pretensão do credor, quando houver lesão a seu direito material. Obrigação civil perfeita = débito (finalidade imediata a ser imediatamente adimplida) + responsabilidade patrimonial (finalidade mediata, remota).
A importância prática disso é entender os casos em que um desses momentos existe sem o outro. 
A primeira hipótese é a obrigação natural: tem o debitum, mas não tem obligatio, como, por exemplo, a dívida de jogo; é despida de exigibilidade, não completou seu ciclo; uma vez satisfeita, não cabe repetição (art. 882 - Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível), ou seja, no caso de uma dívida prescrita, se não se pagar, não há exigibilidade, mas se se pagar, não há repetição – pedir de volta –, pois o pagamento é válido, eficaz, perfeito. 
A segunda hipótese é a obligatio sem debitum- um fiador, quando assume uma obrigação, não é um devedor, mas assume a obrigação sem o debitum, (se o devedor renuncia o beneficio de ordem???). 
Hoje, a teoria dualista é mais utilizada porque permite compreender situações de divisar debitum e obligatio.
AULA 11/12/2012
MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES: dizem respeito a uma classificação que o próprio legislador estabeleceu. O livro dar obrigações se inicia no art. 233, com uma classificação que leva em conta a natureza do objeto – obrigação de dar.
OBRIGAÇÕES DE DAR – coisa certa e coisa incerta: leva em conta a natureza do objeto. As obrigações de dar, que têm por objeto prestações de coisas, consistem na atividade de dar (transferindo-se a propriedade da coisa), entregar (transferindo-se a posse ou a detenção da coisa), restituir (quando o credor recupera a posse ou a detenção da coisa entregue ao devedor), ceder, transferir, etc. exige um objeto, art.104, II, se não tem objeto o negócio jurídico é inválido. Aqui tratamos da perda superveniente quando existe o objeto. 
– coisa certa: quando há objeto determinável, logicamente, uma coisa certa.
– coisa incerta: Há indeterminação do objeto ao tempo de sua gênese, embora seja determinável. Logo, essa indeterminabilidade não pode ser absoluta. O art. 243 trata dessa questão: “A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”. O gênero é uma classificação própria do direito, falta menção aos seus caracteres individuais, visto que cereal é, por exemplo, um gênero, mas nesse caso não se está determinando nada, visto que o arroz, feijão são cereais; então se critica esse termo, sendo mais apropriada a utilização do termo espécie ao invés de gênero. Um exemplo desse gênero e quantidade são 1000 sacas de café. 
Contudo, vale ressaltar que, quando houver a escolha, a coisa incerta torna-se certa. Mas, a quem compete a escolha do gênero e quantidade? Cabe, em regra, ao devedor, salvo estipulação contrária, art. 244 (“Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do Título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.”). Como no direito obrigacional cabe a escolha das partes, pode haver modificação por elas; não há ilicitude ou abuso nisso. Dessa maneira, as partes podem decidir sobre quem vai escolher quais sacas devem ser dadas; nesse caso não pode pegar as 100 piores sacas e entregar, não deve entregar a coisa pior; daquele universo deve escolher aquelas que possuem a qualidade média, isto decorre do próprio princípio da boa-fé. Mas se a escolha couber ao credor? Ele pode escolher essas sacas? Já que o credor vai sempre querer a nata do gênero, o melhor? O Código Civil não prevê. Há, nesse caso, divergência na doutrina, a maioria entende que se deve escolher pela qualidade média, mas a minoritária diz que o credor pode escolher o melhor, teria essa prerrogativa de escolher a nata do gênero. 
Nesse sentido, e com propósito de fazer uma analogia, existe o chamado legado de coisa genérica, art. 1929 (“Se o legado consiste em coisa determinada pelo gênero, ao herdeiro tocará escolhê-la, guardando o meio-termo entre as congêneres da melhor e pior qualidade.”), tem-se a sucessão legítima – pessoa morre sem deixar testamento, que é o mais comum- e a sucessão testamentária - única hipótese de nomeação de legatário. O herdeiro testamentário recebe uma parte da herança, como 40% de tudo, já o legatário é possuidor de bens específicos, determinados, é um legado, ex: fazenda, casa. O legislador permite legado de coisa genérica, por exemplo, deixar 300 cabeças de gado para tal pessoa; o herdeiro que é o devedor deve seguir a regra geral de escolher o gado de acordo com a qualidade média, mas se a escolha couber ao legatário, que é um credor, ele pode escolher os melhores, art. 1931 (“Se a opção foi deixada ao legatário, este poderá escolher, do gênero determinado, a melhor coisa que houver na herança; e, se nesta não existir coisa de tal gênero, dar-lhe-á de outra congênere o herdeiro, observada a disposição na última parte do art. 1.929.”). Nesse caso, segundo Pedro Lino, pode-se até ver uma analogia: se o legatário que é um CREDOR pode escolher os melhores bens, o credor no geral deveria poder escolher também. 
Em relação à perda, se se perde o objeto antes da tradição, o devedor tem o prejuízo; se for obrigação de restituir o proprietário será o arcador. O gênero nunca perece; então, se perder as sacas, o proprietário deve arrumar outras. Mas quando a quantidade que se oferece é maior do que a que se tem? O Código não disciplina, porém, se ficar demonstrado que o gênero não é tão genérico assim, que é limitado, a doutrina considera que poderia se aplicar a regra da coisa certa. Art. 246: Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
Obrigações de dar coisa certa (arts. 233 a 242, CC): nessa modalidade de obrigação, o devedor se obriga a dar, entregar ou restituir coisa específica, certa, determinada, perfeitamente identificada. Assim,o credor não está obrigado a receber outra coisa senão aquela descrita no título da obrigação, conforme o art. 313 (Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa), em que temos o princípio da identidade da prestação. A substituição, todavia, é possível, desde que haja aceitação do credor. O direito das obrigações é talvez o mais árido dos ramos do direito civil, o mais técnico talvez. Nos países capitalistas ocidentais, vê-se muita similitude, obviamente que respeitando as contingências de cada país. Mas eu vou procurar despertar o interesse de vocês na importância desse ramo do direito, trazendo exemplos concretos. 
Um estudante, maior de idade, pediu o carro emprestado a um amigo e saiu para um barzinho na Pituba; estacionou, fora do bar e, quando ele voltou, não encontrou o carro; havia sido furtado. Como fica essa situação? Uma vez que o carro não tinha seguro, ele é obrigado a ressarcir o amigo? Vocês hão de convir que havia um contrato verbal de empréstimo. 
Chamar atenção para um elemento fundamental do direito das obrigações: a maior parte das normas são normas dispositivas (não imperativas), supletivas (podem ser alteradas pela vontade das partes), ou seja, se não houver disposição em contrário, prevalece o que está no código. Seria uma aplicação do princípio da autonomia privada; as partes podem regular de maneira diferenciada. No silêncio, prevalece o que está no código.
Riscos: perda/destruição – o problema, no direito das obrigações, relacionado à obrigação de dar coisa certa, diz respeito ao risco de perda ou deterioração da coisa. Como lidar com esse problema? Nesse caso, há que se invocar a milenar regra do “res perit domino suo”, cuja raiz se assenta no Código de Hamurabi, significando que, em caso de perda ou deterioração da coisa, por caso fortuito ou força maior, suportará o prejuízo o seu proprietário. Deve-se lembrar, nesse sentido, que, no direito brasileiro, o contrato não transfere a propriedade; o que transfere é a tradição (real ou simbólica) ou o registro no cartório de imóveis. No contrato, você apenas assume a obrigação de transferir. A escritura pública de uma casa é um contrato de compra e venda, porém um negócio solene. Mas a escritura não transfere a propriedade; pode até transferir a posse, se houver constituo possessório. Você precisa registrar a escritura no cartório de registro de imóveis para adquirir a propriedade. Na França e na Itália, o contrato transfere a propriedade, mas nosso sistema é registral. Assim, a transferência dos riscos da coisa ao adquirente é verificada somente ao instante da entrega do bem – devidamente formalizada, em se tratando de imóveis. 
Vamos imaginar que a prestação seria a entrega de um cavalo de raça, registrado, com pedigree; um cavalo perfeitamente individualizado. Você vendeu o cavalo, mas não entregou ainda. A venda foi feita, o pagamento foi celebrado, mas, antes da entrega, o cavalo morre atingido por um raio, portanto sem culpa do devedor. Nesse caso, simplesmente a obrigação se resolve, ela se extingue. Como ficam os direitos, se houver pagamento? Deve-se restituir, pois, do contrário, seria um caso de enriquecimento sem causa; então, deve-se voltar a status quo ante. 
Segunda situação – o cavalo se perdeu por culpa do devedor. Por exemplo, houve uma epidemia e todos deviam vacinar, mas ele não vacinou; o cavalo morreu por causa dessa epidemia. Houve, portanto, culpa do devedor. E aí? Haverá, além da restituição pelo possível valor já pago, indenização por perdas e danos, independente de se o pagamento pelo animal já ocorreu ou não; basta que o contrato tenha sido feito. 
Toda vez que há culpa há a ideia de perdas e danos. Art. 234 (Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos). 
Condição suspensiva – elemento acidental do negócio jurídico; cláusula que subordina a eficácia de um negócio jurídico a um evento futuro e incerto; no caso da suspensiva, impede a aquisição do exercício do direito até o seu implemento. 
SINTETIZANDO – em caso de perda ou perecimento (prejuízo total), duas situações diversas podem ocorrer:
- Se a coisa se perder sem culpa do devedor antes da tradição (entrega da coisa), ou pendente condição suspensiva (o negócio encontra-se subordinado a um acontecimento futuro e incerto), fica resolvida (extinta) a obrigação para ambas as partes, suportando o prejuízo o proprietário da coisa que ainda não a havia alienado. Então, o credor não tem que exigir mais nada do devedor, a não ser que já tenha pago anteriormente algum valor a este, caso em que o devedor deve restituir o valor, senão seria enriquecimento ilícito.
- Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente (valor da coisa), mais perdas e danos. Neste caso, suportará a perda o causador do dano, já que terá de indenizar a outra parte. 
* OBS.: A indenização por perdas e danos é um acréscimo em relação ao inadimplemento culposo da obrigação. 
Vamos pensar agora na deterioração da coisa. E aí também podem ocorrer duas hipóteses: havendo culpa ou não. O animal, por exemplo, pode ficar infértil por alguma fatalidade ou por culpa do devedor, que foi negligente. Nesse caso, o animal não morreu, mas perdeu algumas características, havendo, portanto, uma deterioração do objeto. Um animal específico e determinado se deteriorou sem culpa – o credor comprou um cavalo e aconteceu essa deterioração. Ele é obrigado a receber o cavalo? Vai se desfazer o negócio? Ele poderia aceitar um abatimento? Ele não é obrigado a receber. Mas aí se abre uma faculdade para o credor. Qual seria essa faculdade/opção? Art. 235 (Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu). O credor resolve (desfaz o negócio), se ele achar que deve; ou abate a deterioração do valor da compra. Existe, contudo, um problema nesse artigo que não está bem resolvido, que é o grau de deterioração que justificaria essa recusa. É qualquer deterioração? Alguns autores entendem que o grau de deterioração deve ser significativo; outros entendem que, por menor que seja a deterioração, se justificaria a aplicação desse artigo. Eu não conheço nenhuma jurisprudência a respeito disso. Devedor culpado pela deterioração – o credor é obrigado a receber? Não. Em nenhuma hipótese ele é obrigado a receber. Mesmo que o credor entenda resolver (desfazer) o negócio, ele tem direito a perdas e danos. Art. 236 (Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos). 
SINTETIZANDO – em caso de deterioração (prejuízo parcial; perder características ou qualidades essenciais da coisa), também duas hipóteses são previstas em lei:
- Se a coisa se deteriora sem culpa do devedor, poderá o credor, a seu critério, resolver (extinguir) a obrigação ou aceitar a coisa no estado em que se encontra, abatido de seu preço o valor que perdeu.
- Se a coisa se deteriora por culpa do devedor, poderá o credor recusar a coisa e exigir o equivalente ao valor pago por ela ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, a indenização pelas perdas e danos. 
AULA 18/12/2012
Obrigação de restituir: é uma obrigação de dar. Restituir significa devolver. Nas obrigações de restituir, o devedor devolve coisa certa, recebendo o credor o que já lhe pertencia. Portanto, credor é o proprietário; a coisa se perde para o dono. Essa obrigação existe em duas hipóteses: em alguns direitos reais – usufruto e habitação, e em alguns direitos pessoais - comodato (negocio jurídico gratuito, infungível, é o próprio bem) e locação (negóciojurídico no qual se paga aluguel, no fim da locação o inquilino deve restituir a coisa, é um bem fungível). Relembrando o caso do carro emprestado que foi roubado: nesse caso, há obrigação jurídica de ressarcir o prejuízo? Nesse caso, temos duas hipóteses:
A coisa se perde sem culpa do devedor: Aplicação do artigo Art. 238 do CC- Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. O STJ entende que há uma sociedade; o automóvel tem riscos e o credor se responsabilizou por isso, logo, o proprietário é responsabilizado nos tribunais.
Se houver culpa: O devedor, além de pagar a quantia equivalente ao bem, ainda tem que pagar por perdas e danos (Perdas e Danos: É tudo que ele perdeu e tudo o que ele deixou de ganhar). Incide o artigo 239 do CC- “Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.”.
Da mesma forma que pode se perder, a coisa pode se deteriorar, mas quem vai ficar no prejuízo? Art. 240, CC, “Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.”. 
* Foi perguntado na sala quem teria o dever de restituir o bem na seguinte situação: Um marinheiro, comandando o navio, causa um dano ao bem. Nesse caso, incide o artigo 932: São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Vantagens produzidas: melhoramentos e acréscimos. São bens acessórios as benfeitorias (responsáveis por melhorar, conservar e embelezar a coisa principal) e as acessões (coisa nova que incorpora valor, como exemplo, uma casa que constrói em um terreno); existem as acessões artificiais e naturais. Na prática, esses bens acessórios são muito parecidos. Se houver melhoramentos e acréscimos, como fica? O professor leu os seguintes artigos:
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
*Os melhoramentos mencionados no artigo 242 são as benfeitorias; o aumento é o acréscimo. 
Pergunta: Se A vende um imóvel e surge uma ilha (tratada nesse caso como uma acessão natural) o devedor poderá cobrar a mais? A resposta esta no artigo 237 do CC: Até a tradição pertence ao devedor da coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. 
*Se houver benfeitoria necessária e útil, justifica o devedor cobrar mais pelo bem antes da tradição. Não vale o devedor (proprietário do bem) agregar benfeitorias voluptuárias e sair cobrando por todas antes da tradição. O professor acha esse artigo complicado, confuso.
AULA 20/12/2012 
OBRIGAÇÕES DE FAZER: Pretende o credor a prestação de um fato, consistente na realização de uma atividade pessoal ou serviço pelo devedor ou por um terceiro, que não resulta imediatamente a transferência de direitos subjetivos. Enfim, sobreleva aqui a conduta do devedor, e não o bem que eventualmente dela resulte. Logo, é uma prestação de uma atividade, de comportamentos, como contrato de trabalho, promessa de compra e venda, outorgar a escritura definitiva, comprar carro parcelado. A doutrina recomenda para distinguir a obrigação de dar e fazer Washington de Barros, que traz a seguinte lógica: se o contrato pressupõe uma obrigação anterior de fazer por parte do devedor, como fazer estátua, é uma obrigação de fazer, e quando já há pronta uma estátua e você vende é de dar. Pode ser fungível – trocar uma roda, em tese, é fungível, quando contrata uma empresa manda-se um funcionário, mas tudo depende do caso concreto; e infungível – levam-se em conta as qualidades pessoais do prestador do serviço, art. 247 (“Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.”). Mas se a pessoa não puder ir? A obrigação se desfaz sem qualquer reparação, quando não há culpa, existe aqui uma situação que não deu causa, art. 248 (“Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.”). O CC inovou falando da possibilidade da obrigação ser exercida por terceiros, que deve ser ressarcido, art.249 (“Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.”), não vale pra bem infungível. Mas quando o serviço é mais urgente, como quando precisar reformar uma parede, não precisa de autorização judicial, art. 249, §U (“Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.”).
OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER: o devedor se compromete a não praticar certo ato que poderia livremente praticar se não houvesse se obrigado. Existe a obrigação de não fazer:
- instantânea: que seria aquela que, quando descumprida uma única vez, é irreversível, gerando inadimplemento absoluto posto impossível a restituição ao estado originário, como divulgar o segredo industrial da coca-cola. 
- contínua: que admite, mesmo após o descumprimento, a opção pela purgação da mora através da recomposição ao status quo ante, eis que perdura ao longo do tempo, exemplos: obrigação de não poluir, sanada pela instalação de aparelhos não poluentes; obrigação de não estabelecer concorrência em determinado local; obrigação de deixar passagem em tal lugar.
O remédio jurídico são as chamadas astreintes, que são as multas diárias estabelecidas em juízo para forçar as partes a respeitar decisões judiciais. Coagir o devedor a satisfazer as prestações. Nas ações cíveis públicas, em geral, preveem obrigações de fazer e não fazer com pagamento e dano moral coletivo. Em plano de saúde, por exemplo, para autorizar tratamento se deve ir em juízo, estabelecendo multa diária. Código tributário, art. 113 (Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos), é uma obrigação pública, é principal – art.3, o tributo, que é uma obrigação compulsória, então a obrigação principal – é pagar o tributo ou acessória – prestações positivas ou negativas, SS 2, emissão de nota fiscal, apresentar os livros fiscais, por exemplo, fornecer ofício, uma documentação, negativas: não pode impedir a entrada do fiscais. A obrigação de fazer torna-se de dar (pecuniária), pois quando não se faz é objeto de multas, penalidades– SS3.
AULA 08/01/2012
OBRIGAÇÕES EM RELAÇÃO AO OBJETO
Simples: obrigação de dar, entrega de um objeto. Ostentam apenas um credor, um devedor e uma prestação.
Compostas: várias prestações conjugadas. 
Conjuntiva/cumultiva: A obrigação só é satisfeita na entrega de todos os objetos que fazem parte da obrigação. Como exemplo, entregar um automóvel e uma joia; é cumulativa. 
Alternativa/disjuntiva: entregar este OU aquele objeto. Apesar da pluralidade de prestações possíveis e distintas, estas se excluem no pressuposto de que apenas uma delas deverá ser satisfeita. O devedor se liberta da obrigação com o cumprimento de apenas uma das prestações. Então, é a que contém duas ou mais prestações e o devedor se libera com o cumprimento de uma delas. É uma obrigação única, mas estão ligadas disjuntivamente, é alternativa, ou entrega um OU outro. Estão na lei, ou pode ser estipuladas pela vontade das partes. Exemplo de obrigações alternativas previstas em lei: art. 1701, CC (A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor), alimentando é o credor, alimentador é um devedor. A alternatividade está no OU; em regra, é do devedor a escolha; art. 1932 (No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro a opção), no legado alternativo, presume-se o herdeiro que é o devedor, é quem deve satisfazer o legado, é uma presunção juris tantum. Uma vantagem é que aumenta a possibilidade de cumprimento da obrigação, por isso o legislador tem permitido que a escolha seja do devedor, que deve avaliar o que é mais interessante para ele, art. 252 (Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou), sempre existe essa ressalva, pois sempre é possível as partes modificarem essas previsões. 
IMPORTANTE: Quando há perda de uma das prestações, por exemplo, a entrega de um imóvel, mas verificou-se que está inalienável, há concentração automática na outra prestação, art. 253 (Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra). 
Mas e se nenhuma das prestações puder ser satisfeita? Olha-se a culpa do devedor, mas se a escolha couber ao credor olha outras coisas, há um universo de opções para analisar. Dois cavalos se perderam por culpa do devedor, este ficará obrigado a pagar a última prestação que se impossibilitou (não há como satisfazer uma prestação, ai há concentração automática na outra, porém esta também não pode ser satisfeita, ai tem o devedor que pagar esta ultima). Art. 256 (Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação). Art. 255 (Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos): quando o credor tinha a escolha, exige o equivalente ou mais perdas e danos? A doutrina diverge, uns entendem que deve pagar perdas e danos, pois frustrou a expectativa de poder escolher, e outra parte diz que não poderia, pois já recebeu uma das prestações. E se ambas se perdem por culpa do devedor, o credor pode escolher uma das duas para indenizar mais perdas e danos. Não há previsão de perda simultânea, mas se pensa que poderia escolher qualquer uma das duas mais perdas e danos.
Concentração do delito: é uma fase da obrigação alternativa que se caracteriza pela conversão da obrigação alternativa, originariamente plural, em obrigação simples, pela determinação do objeto a ser prestado. A concentração poderá ser convencionada para fins de escolha pelo credor, devedor ou por outras vias, autônomas à vontade das partes. No momento da concentração será definida a natureza jurídica da obrigação – quanto ao objeto, elementos, conteúdo e exigibilidade.
Facultativa: permite o devedor substituir a obrigação principal por outra. não estão previstas no código, mas no código civil argentino há artigos disciplinando essas obrigações. Seria aquela obrigação que não tendo por objeto se não uma só prestação permite a lei ou o contrato ao devedor substituí-la por outra, são obrigações simples. A prestação devida é uma só, incidindo unidade de objeto quando da celebração do contrato, pois a obrigação facultativa é um direito potestativo concedido ao devedor de adimplir o débito de uma forma diversa ao estabelecido com o credor. Só existe uma prestação, mas se defere que o devedor escolha outra para substituir, que vai estar prevista no contrato ou na lei. O devedor se desobriga quando não pode realizar a prestação, a substituição por outra prestação é facultativa, pode prestar ou não. O professor não concorda com o nome “facultativa”, pois leva a entender que a relação dependeria exclusivamente da vontade do devedor, que teria o dever potestativo de descumprir a obrigação, se assim entendesse. Mas ela existe aqui no Brasil? Exemplo: se achar um relógio perdido e devolver há o achádego, que é uma recompensa, art. 1233 (Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente). Não diz quem é a autoridade competente, a princípio seria um delegado. Art. 1234 (Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, SE o dono não preferir abandoná-la). Onde tem obrigação facultativa? Se o dono não preferir abandoná-la, porque ficar caro se houve grande dispêndio do descobridor. Art. 475, CLT (O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de trabalho durante prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício) – facultado; o empregador pode não querer mais a pessoa, apesar de ter que pagar uma indenização, mas o empregado não pode exigir a indenização, pode exigir voltar ao emprego, e ai o empregador pode escolher pagar a obrigação. Súmula 160, TST. 
AULA 10/12/2012
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS: obrigações divisíveis permitem o cumprimento fracionado e obrigações indivisíveis, a contrario senso, não comportam o fracionamento da obrigação. As obrigações pecuniárias, por exemplo, são divisíveis; entrega de saca, gado. Quando se tem um credor e um devedor, essa classificação não tem tanta importância, porque mesmo nas divisíveis o credor não é obrigado a aceitar o pagamento fracionado se assim não se convencionou. E ai é preciso que se lembre da aplicação do art. 314 (Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.) - principio fundamental relacionado ao pagamento. A dificuldade surge quando se tem mais de um devedor ou credor. Você pode ter uma pluralidade subjetiva no polo ativo ou no passivo. As discussões surgem quando se tem vários devedores com um credor numa obrigação divisível. Por exemplo, 3 devedores devem R$300.000 a determinado credor. Quanto cada um deveria? * A divisibilidade ou indivisibilidade diz respeito à prestação (é uma questão objetiva). Já a solidariedade tem feição subjetiva. Aplicando o art. 257 (Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.), tem-se a presunção de que as prestações são iguais (presunção relativa, juris tantum); obrigações distintas, são autônomas. Então, cada um deveria R$100.000. Se um dos devedores cair em solvência, como fica essa situação? O credor vai experimentarum prejuízo. Diferentemente, por exemplo, se fosse uma obrigação solidária, porque ai ele ia escolher de quem cobrar, conforme quem tivesse melhor situação econômica. Principio do concurso partes fiunt. O problema maior diz respeito às obrigações indivisíveis.
Indivisibilidade: Têm-se diversos tipos de indivisibilidade: indivisibilidade física (cavalo, joia, automóvel), legal (situações em que a indivisibilidade é patente; a servidão de não construir, exemplo- art. 1386 - As servidões prediais são indivisíveis, e subsistem, no caso de divisão dos imóveis, em benefício de cada uma das porções do prédio dominante, e continuam a gravar cada uma das do prédio serviente, salvo se, por natureza, ou destino, só se aplicarem a certa parte de um ou de outro), e a convencional (consertável pelas partes). O legislador esclareceu o que é uma obrigação indivisível (art. 258 - A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.).
Efeitos: A indivisibilidade é excepcional no direito das obrigações, já que é foco constante de conflitos. 
- Obrigação indivisível com pluralidade de devedores: O que acontece se três devedores se obrigam a entregar um automóvel de R$300.000? Aí ela se aproxima muito da obrigação solidária, porque cada um deles passa a ser obrigado pela dívida toda. Tem-se então uma relação interna entre os devedores e uma relação externa dos devedores com o credor. Se apenas um devedor for obrigado a arcar com toda a obrigação, posto que ela seja indivisível e os outros não a cumpram, ele vai se voltar contra os outros devedores em uma ação regressiva para haver destes o resto do valor (passa a ser um crédito pecuniário, já que ele se sub-rogou) - Art. 259: Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. Art. 261: Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
- Obrigação indivisível com pluralidade de credores: Se um credor receber a prestação por inteiro, os outros dois credores terão o direito de exigir a sua parte em dinheiro (no caso de uma obrigação indivisível), portanto, cada um dos credores deverão receber a parte que lhes cabe. Se o devedor pagar apenas a um dos credores, deve haver cautela (uma autorização por parte dos demais credores). O devedor deve ter muito cuidado, pois “quem paga mal paga duas vezes”. Art. 260: Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. Quando houver o pagamento para só uma das partes deve haver uma garantia real – caução de ratificação, que pode ser hipoteca.
Remissão (perdão da divida) – Suponhamos que um credor tenha remitido (perdoado) a dívida de um automóvel, indivisível, como vai se entregar os outros 2/3 do bem aos outros dois credores? Eles terão direito a receber. Mas o código fala em desconto (expressão não muito adequada). O que vai acontecer é que os que receberam vão ter que devolver o valor em pecúnia ao devedor (princípio da preservação dos contratos). Art. 262: Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Na verdade, não é um desconto, é um reembolso. Direito de retenção – garantia do reembolso – é possível? Alguns autores defendem essa tese de que estaria contida aqui uma espécie de direito de retenção, mas a doutrina de forma geral não está de acordo com essa proposta interpretativa. O direito de retenção é uma manifestação de autotutela, e a tendência do direito é cada vez mais de limitar tal conduta, retendo para si o monopólio da violência legítima; entendem que devem buscar pelas vias legais o seu direito.
Perda da indivisibilidade: Art. 263 – Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.
Se a qualidade de indivisível se perder? Por culpa ou sem culpa, uma conduta de algum dos devedores, por força maior, etc., nesse caso, essa obrigação se resolve e se transforma em perdas e danos. A coisa deixa de ser indivisível e se torna valor monetário, passando a ser divisível. Então, se são três devedores, cada um vai ficar devendo. Se fosse a solidária mesmo havendo a perda do objeto a solidariedade continuaria. Se houver perda sem culpa, não há perdas e danos, cada um apenas responderá por sua fração. Se houver culpa de todos, respondem todos por perdas e danos em partes iguais. E se só um deu causa a perda? Uma corrente entende o culpado responde sozinho pelo equivalente mais perdas e danos, e a outra corrente entende que todos pagam sua parte e só o culpado paga por perdas e danos. 
SS 1º o professor entende que se o ato for ilícito deve haver a solidariedade – ou seja, pode cobrar o dinheiro todo só de um - e não por divisibilidade- cada um paga sua cota, o credor só pode cobrar a cota de cada, muda esse entendimento o art. 942: Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.
AULA 17/01/2013
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS: *O STJ reconhece uma situação de solidariedade na questão de empréstimo de veículos; talvez ele tenha pensado, nessa questão, que punir o proprietário era o único meio de ressarcir a vítima. No Brasil a solidariedade não se presume, ou seja, se emprestei 1000 reais a 4 pessoas, eu não posso cobrar todo o preço para uma pessoa, estando diante, então, de uma obrigação divisível, e se algum devedor cair em solvência o credor fica no prejuízo – art. 257 (Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.). A solidariedade resulta da lei ou da vontade das partes, Art. 265 (A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.). Hoje a jurisprudência tem forçado essa solidariedade, falando da sua função social. Art. 264 oferece uma definição da solidariedade: Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. Na obrigação solidária todos estão vinculados à dívida. Existem relações externas – dos credores para com os devedores – e internas – entre os credores ou entre os devedores; quem pagar pode entrar com ação regressiva para reaver o dinheiro dos outros devedores. Essa obrigação foi pensada como uma forma de garantia do crédito. Cada um deve uma cota, mas pode pagar como um todo, se responsabiliza pelo todo; a regra é a divisibilidade, depois de pagar o que deve ao credor. A coação exercida por terceiros, em regra, não vicia o contrato. Art. 154: Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, SE dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá SOLIDARIAMENTE com aquele por perdas e danos. O coato vai propor ação para anular o negócio, e pode buscar perdas e danos – é uma solidariedade prevista em lei. Esse artigo 154 representa, portanto, uma hipótese de solidariedade prevista em lei. O comodato é um bem infungível, ficarão solidariamente. 
Art. 942: Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamentepela reparação.
Art. 932: São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
 – Responsabilidade por fato de terceiro: Diz respeito à conduta de terceiro; num acidente de ônibus, pode acionar tanto o motorista quanto a empresa; solidariamente responsável. 
Quanto a servidores públicos, há responsabilidade civil subjetiva sob os servidores. Responsabilidade civil: artigo 37 CF (Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa). Se o servidor público pratica um ato ilícito, pode acioná-lo diretamente? Na qualidade de servidor público, no exercício das suas funções §6º- garantia do servidor que só pode ser acionado por via regressiva e não diretamente, cabe acionar a administração, que tem a responsabilidade de contactar observando se houve dolo ou culpa, esse é o ultimo entendimento do STF, não há obrigação solidária. O STF entende nesse art. 37, §6º uma garantia do servidor, sendo que o problema de acionar o Estado é que, dessa forma, submete-se ao regime de precatório. São exemplos de solidariedade contemplada em leis: CDC, art.7 (Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.); CTN, art. 124 (São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II - as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.); art. 12 do estatuto do idoso (A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.) - professor escreveu um artigo, abriu uma exceção para o idoso porque normalmente a obrigação alimentar não é solidária (site jusnavegandi). 
Obrigação solidária é diferente da subsidiariedade, que é uma espécie de responsabilização que estabelece um beneficio de ordem, só pode atingir o patrimônio de determinada pessoa se passar pelo do devedor; súmula 331 do TST é muito aplicada, não tem lei que regule terceirização, o problema é que esta está sendo usada no Brasil para burlar/subtrair direitos, mecanismo de precarização de subemprego; o sistema protetivo é precarizado. A súmula criou um obstáculo a empresas privadas em relação aos entes públicos, pois o empregado tem que provar a culpa do tomador nos casos dos entes públicos. Inciso I da súmula, o tomador pode ser responsabilizado se for mostrado que o terceirizado não era terceirizado, o vínculo era formado diretamente do tomador, pois usou uma empresa interposta para fraudar, ai não é subsidariedade e sim responsabilidade direta. Há decisões do STJ dizendo que a pessoa que teve seu carro batido pode acionar diretamente o seguro da pessoa que bateu, pois havia uma solidariedade, mas essa solidariedade não é da lei, é decorrente da função social do contrato. O art. 1697 (Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.) trata da subsidiariedade, não da solidariedade; um neto pode buscar o avo para alimentos? Mesmo o pai trabalhando e tendo condições? A mãe propôs um ação contra o avô? Não pode acionar diretamente o avo, a menos que fique provado que o pai não tem condições, não é solidariedade, só existe no caso do idoso, mas como estabeleceu pra idoso e não pra criança? Art. 827 (O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.), artigo do fiador. 
Solidariedade ativa: não é muito comum. É quando você tem vários credores solidários e um devedor único. Ou seja, é a solidariedade no polo ativo. Muitos autores dizem que essa solidariedade não é boa porque o credor que recebe pode se aproveitar e ficar com todo o dinheiro. Aqui, o devedor escolhe um pra pagar e recebe por isso quitação plena e definitiva. Não se aplica a regra do art. 260, 268, CC (Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores; Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar). Só existe uma hipótese em que o devedor não pode escolher: se houver uma cobrança judicial, pressupõe-se que alguém foi citado; se um credor solidário demandar em juízo, o devedor não tem como escolher. *demandar equivale a demanda em juízo; nesse caso, paga-se em juízo também (na dúvida, deposita-se em juízo). O depósito judicial da coisa devida é uma forma de extinção das obrigações. 
Obrigação indivisível X Obrigação solidária – art. 263 (Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. § 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos); art. 271 (Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade). A lei de locações presume a solidariedade. Conta corrente conjunta é considerada uma hipótese de solidariedade ativa; eles são credores em relação aos valores depositados no banco. Isso tem uma importância prática muito grande. Se um emite um cheque e este volta sem fundos, eu posso executar ambos ou só o emitente do cheque? O que os tribunais têm entendido é que em conta corrente conjunto, a solidariedade ativa se estabelece entre os correntistas (credores) e o banco, sendo aqueles credores solidários destes, ano entre aqueles e o portador. O cotitular de conta corrente conjunta detém apenas solidariedade ativa dos créditos junto a instituição financeira, não se tronando responsável pelos cheques emitidos pelo outro correntista. O portador só pode executar o emitente, o cotitular não.
Solidariedade passiva: mais importante, é a modalidade de obrigação corriqueira, em face do interesse que desperta nos credores pela obtenção de maiores garantias de pagamento, diante de mais um devedor. Washington de Barros diz que os devedores solidários (passivos) são com bois atrelados a uma carroça. Se se trata da solidariedade passiva, evidentemente que o credor pode exigir o pagamento de quaisquer dos devedores. A solidariedade é um reforço extraordinário. Isso aumenta as chances de recebimento do crédito. O credor não enxerga pessoas, mas sim patrimônios. A grande vantagem da solidariedade passiva é que o credor pode escolher de qual devedor ele vai cobrar e o faz analisando quem tem melhor situação econômica. É na relação externa (entre o credor e os devedores) que vinga a solidariedade, na relação interna (entre os próprios devedores) não há solidariedade; a regra gera é que cada um responde por sua cota, a obrigação é divisível. 
Se um devedor paga solidariamente a dívida toda e quando ele for cobrar dosdemais devedores, um deles ficar insolvente, tem-se uma regra pra atenuar o prejuízo do devedor que se prejudicou pela insolvência do outro: divide-se o prejuízo igualmente entre os devedores que sobraram. Art. 283 (Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores). Art. 585 (Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante) – solidariedade obrigatória. Se duas pessoas tomaram de empréstimo um cavalo no valor de 100 mil reais e ele morreu, sem culpa das pessoas, o credor arca com o prejuízo e as pessoas só restituem o valor a ele. Se o cavalo morrer por culpa de alguma das pessoas que tomaram de empréstimo, o culpado responde pelas perdas e danos e o credor pode cobrar o valor do cavalo de qualquer um dos dois. Art. 279 (Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado). Art. 280 (Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida) – como os juros de mora é um acessório e houve um atraso, todos respondem. É claro que numa relação interna, só o culpado responderá pela obrigação acrescida. 
AULA 12 22/01/2013
Renúncia de solidariedade e remissão da dívida: Existem dois enunciados que tratam sobre isso: artigos 282 (Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais) e 284 (Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente) do Código Civil.
Artigo 282. Renunciar é quando você decompõe a divida. O credor não excluirá a responsabilidade do devedor, apenas amenizará sua situação ao convertê-lo de devedor solidário em mero devedor fracionário (Orlando Gomes justifica isso no fato de que a solidariedade é instituída com função de garantia do credor, sendo que ‘toda garantia pode ser dispensada’). Por exemplo, são cinco devedores solidários, devendo mil reais a um credor. Se há a renúncia da solidariedade por um dos devedores, este beneficiado passa a dever apenas a sua cota isoladamente: só pode ser cobrado dos duzentos reais. Os outros quatro pagariam, de acordo com o entendimento da maioria dos autores, os R$800,00. A minoria acredita que a desobrigação de um não vai abater o valor correspondente (valor da cota do devedor beneficiado da renúncia), devendo os quatro pagar, ainda, R$1.000,00. Nesse caso, se os quatro restantes pagassem os mil reais, houve a quitação, e o beneficiado da renúncia não deveria mais ao devedor, mas deveria quitar a sua cota diante dos outros quatro devedores. Se não fosse assim, o credor obteria vantagem indevida (mil reais + duzentos do que se beneficiou com a renúncia). 
“Renunciar” é tirar o vínculo dos devedores solidários, mas, ao fazer isso, titular não diminui nem aumenta o seu crédito. O que muda é a forma de cobrança (por cotas).
A questão é se, dos remanescentes, o credor pode cobrar o valor total original (minoria da doutrina), ou se deve cobrar apenas o valor abatido.
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
Artigo 284. A remissão, por outro lado, é o perdão da dívida. Ou seja, consiste na declaração do credor, aceita pelo devedor, de que não deseja receber o que lhe é devido. Sendo, então, uma forma de extinção das obrigações. O devedor fica inteiramente liberado do vínculo. A dívida passa a ser de R$800,00, a ser dividido entre os quatro devedores. O professor não concorda com uma parte do artigo em questão: “inclusive no que tange ao rateio da cota do eventual devedor insolvente [...]” => o fato de o credor ter perdoado a condição de um devedor estaria agravando a condição dos demais. Se o credor remitir o débito em favor de um dos devedores, haverá extinção da obrigação em relação a ele, contudo, a solidariedade remanescerá em face dos demais codevedores. Logo, se um devedor for perdoado e um deles for insolvente, por exemplo, acaba prejudicando os demais, que terão que dividir o mesmo valor por um número menor de pessoas.
A remissão pode ser de dois, de três [...]; a dívida passaria a ser R$600,00, R$400,00. A renúncia também admite o benefício concedido a mais de um beneficiado.
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.
Artigo 385 do CC. Fica, então, essa dúvida, pois este artigo fala que “não haverá prejuízos”. O que vai importar, portanto, é a interpretação que dá o Direito a estes enunciados, que acabam se “contradizendo”.
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.
Artigo 285 do CC (Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar). Às vezes não cabe nem o regresso. Exemplo de aplicação do artigo 285 no artigo 932, III do CC, que trata da responsabilidade por fato de terceiro. Conjugado com o artigo 942, parágrafo único. As pessoas do artigo 932 são solidariamente responsáveis por atos ilícitos (responsabilidade civil): patrão e empregado.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
O empregado, que é motorista de uma empresa de transporte, está dirigindo embriagado e bate no carro de terceiro, que não tem seguro nem nada. A empresa para a qual trabalha também será responsável. Responderão solidariamente. É claro que nos casos em que a culpa é exclusiva da vítima, resta excluído o nexo causal, e ninguém responderá por nada.
Eu posso acionar o empregador e o empregado. Entra a discussão: se eu acionar só o empregador (como normalmente acontece)? Digamos que o empregador pagou o valor de R$10.000,00. Qual seria a cota para o empregado? Aplicação do 285: neste caso, interessa exclusivamente ao empregado (agindo com dolo ou culpa), e o empregador não deve arcar nem com metade. Cabe ao empregado o pagamento da quantia total. Caso tenha havido culpa também do empregador (pode ser pessoa física ou jurídica), ele também é responsável pela quantia. 
Artigo 77, III (Art. 77 - É admissível o chamamento ao processo: III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum). Se um dos devedores é acionado pelos R$1.000, o acionado pode promover um chamamento ao processo dos demais devedores. Integrar à lide outras pessoas. Chamam ao processo os devedores solidários restantes. “X” acionou “A”, e “A” chama os outros ao processo. Como o CC estabelece a possibilidade de o credor cobrar de apenas um devedor, o CPC estabelece uma regra que força o credor a litigar contra o devedor que ele não pretendia? Isso não esvaziaria o Direito? Isso ocorre por conta do “princípio da economia processual”. “A”, então, chama o restante dos devedores solidários para antecipar o regresso (ação de cobrança pela cota de cada um correspondente). Quando o juiz proferir a sentença, reconhece a dívida e assegura o regresso do chamante em relação aos demais que ele convocou. O credor teoricamente só litiga contra “A”. Quando “A” for condenado, já haverá, na sentença, a antecipação da ação de regresso. 
Os doutrinadores falam da

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