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Atualidades Aula 00de06 Ponto

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Atualidades - Teoria e Exercícios - TJDFT 
Aula 00 - Política e Sociedade Internacional 
Prof. Leandro Signori 
Aula 00 - Política e Sociedade Internacional 
Caro aluno, 
É com imenso prazer que nos encontramos no PONTO DOS 
CONCURSOS para esta jornada em busca de um excelente resultado na 
disciplina de ATUALIDADES no concurso do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO 
DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. 
Antes de dizer como será o seu curso, vou me apresentar. 
Meu nome é Leandro Signori, gaúcho de Lajeado. Ingressei no serviço 
público com 21 anos e já trabalhei nas três esferas da administração pública -
municipal, estadual e federa l - o que tem sido de grande valia para a minha 
formação profissional - servidor e docente. Nas Prefeituras de Porto Alegre e 
São Leopoldo desenvolvi minhas atividades nas respectivas secretarias 
municipais de meio ambiente; na administração estadual, fui servidor da 
Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), estatal do governo do Rio 
Grande do Sul. 
Fui também, durante muitos anos, servidor públ ico federa l, como 
geógrafo, no Ministério da Integração Nacional, onde trabalhei com 
planejamento e desenvolvimento territorial e regional. 
Graduei-me em Geografia - Licenciatura - pela Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul (UFRGS) e - Bacharel - pelo UNICEUB em Brasília. A 
oportunidade de exercer a docência e poder alcançar o conhecimento 
necessário para a aprovação dos meus alunos me inspira diariamente e me traz 
grande satisfação . Como professor em cursos preparatórios on fine e presencial 
ministro as disciplinas de Atualidades, Conhecimentos Gerais, Realidade 
Brasileira, Geografia, Direito Ambiental e Meio Ambiente. 
OK, professor, e como será o nosso curso? © 
Será um curso completo de teoria e exercícios no qual vamos contemplar 
os seguintes conteúdos listados no edital do concurso anterior: 
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ATUALIDADES: Tópicos atuais no Brasil e no mundo, re lativos a 
economia, política, saúde, sociedade, meio ambiente, desenvolvimento 
sustentável, educação, energia, ciência e tecnologia. 
Ao todo serão seis au las, incluindo esta au la demonstrativa, cuja 
estrutura é a seguinte: 
Aula Conteúdo Programático 
00 Política e Sociedade Internacional 
01 Economia Internacional 
02 Economia Brasileira 
03 Política e Sociedade Brasileira - I 
04 Política e Sociedade Brasileira - II 
05 Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 
06 Bônus - Aula ao Vivo - revisão, bizus e dicas finais. 
Nos meus cursos tenho por hábito incluir muitas questões, assim, até fina l 
deste curso, vou disponibilizar mais de 400 uestões comentadas, sendo a 
grande maioria do Cespe. Você vai ficar super treinado no esti lo Cespe de 
questões da disciplina. Ao fazer esta grande quantidade de questões, você 
perceberá claramente os assuntos mais cobrados pela banca. 
Em cada aula, no desenvolvimento da teoria, estou inserindo questões 
logo após os assuntos explanados, para que você veja como a nossa disciplina é 
cobrada pelas bancas. Elas também serão relacionadas nas questões propostas, 
de modo que você poderá resolvê-las antes de iniciar a leitura da teoria. 
Na parte teórica seremos objetivos, todavia sem deixar de fora nenhum 
conteúdo e sem esquecer dos detalhes cobrados pelo Cespe. Vamos ver as 
pegadinhas e as cascas de banana que são colocadas para escorregarmos na 
., 
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questão. Também vou usar várias figuras, tabelas, gráficos e mapas de forma a 
sintetizar e esquematizar o conteúdo. 
 Além das apostilas, vamos ter uma AULA AO VIVO. Nessa aula vou fazer 
uma revisão e trazer dicas finais sobre os assuntos com maior possibilidade de 
serem cobrados nas provas objetiva e discursiva. Serão bizus quentíssimos de 
reta final e revisão de estudos. 
 Mas atenção, esta aula não será gravada e não será disponibilizada no 
site do Ponto. Para tanto, quando a aula for marcada, caro aluno, você terá que 
se programar para participar. Só terão acesso à aula, os alunos que adquiriram 
o curso pelo Ponto dos Concursos. 
 Quem quiser também pode me seguir no Facebook curtindo a minha fan 
page. Nela divulgo gabaritos extraoficiais de provas, publico artigos, 
compartilho notícias e informações importantes do mundo atual. Segue o link: 
https://www.facebook.com/leandrosignoriatualidades. 
 Sem mais delongas, vamos aos estudos, porque o nosso objetivo é que 
você tenha um excelente desempenho em Atualidades. 
 Para isso, além de estudar, você não pode ficar com nenhuma dúvida. 
Portanto, não as deixe para depois. Surgindo a dúvida, não hesite em contatar-
me no nosso Fórum. 
 Ótimos estudos e fiquem com Deus! 
 Forte Abraço. 
 Professor Leandro Signori 
 
“Tudo posso naquele que me fortalece.” 
(Filipenses 4:13) 
 
 
 
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Sumário 
1. Islamismo, Mundo Árabe e Oriente Médio 
1.1 Instabilidade Política e Conflitos Bélicos 
1.2 Fundamentalismo Islâmico 
1.3 Irã 
1.4 A Questão da Palestina 
2. Ucrânia 
3. América Latina 
4. Sociedade Internacional 
5. Segurança internacional 
6. Organizações Internacionais 
7. Questões comentadas 
 8. Questões propostas 
 
Observação: O tema das migrações internacionais será estudado na Aula 
4, junto com o estudo da população no Brasil e no mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. O Islamismo, Mundo Árabe e Oriente Médio 
Ao lado do Cristianismo e do Judaísmo, o Islamismo é uma das três 
grandes religiões monoteístas, ou seja, acreditam na existência de um único 
Deus. A palavra Islã significa submeter-se e exprime a obediência à lei e à 
vontade de Alá (Allah, Deus em árabe). O livro sagrado do Islamismo é o 
Alcorão, que consiste na coletânea das revelações divinas recebidas por 
Maomé de 610 a 632. Os seguidores da religião são conhecidos como 
muçulmanos. Atualmente, o Islã é a religião que mais se expande no mundo, 
está presente em mais de 80 países e compreende mais de um bilhão de fiéis. 
Após a morte do profeta Maomé, em 632, criou-se a figura do califa, ou 
seja, o líder da comunidade muçulmana no mundo. A divisão do Islã entre 
sunitas e xiitas, remonta ao século VII e tem origem na disputa sobre a 
sucessão do profeta. Os sunitas defendem que o chefe do Estado mulçumano 
(califa) deve reunir virtudes como honra, respeito pelas leis e capacidade de 
trabalho, porém, não acham que ele deve ser infalível ou impecável em suas 
ações. Os xiitas defendem que a chefia do Estado muçulmano só pode ser 
ocupada por alguém que seja descendente do profeta Maomé ou que possua 
algum vínculo de parentesco com ele. Afirmam que o chefe da comunidade 
islâmica, o imã, é diretamente inspirado por Alá, sendo, por isso, um ser 
infalível. O quarto califa foi Ali, primo do profeta Maomé e casado com sua filha, 
Fátima. Ali foi assassinado. 
Os sunitas são a grande maioria, mais de 80% dos muçulmanos no 
mundo. Os xiitas são maioria apenas no Irã, Iraque e Azerbaijão, nos dois 
primeiros os presidentes são dessa ramificação. Os alauítas são uma variação 
moderada dos xiitas, presentes, sobretudo na Síria, tendo o presidente Bashar 
al-Assad como um dos seus seguidores. 
O grupo guerrilheiro Hezbollah é de orientação xiita. Por sua vez, o 
Hamas e a Al Qaeda são sunitas. O EstadoIslâmico (EI) também é sunita e luta 
pelo retorno do califado islâmico. O último califado foi o Império Otomano, e foi 
abolido pelo nacionalista e secular líder turco Mustafa Kamal Ataturk em 1924. 
O califado e uma forma de governo centrada na figura do califa, que seria 
um sucessor da autoridade política do profeta Maomé, com atribuições de chefe 
de Estado e líder político do mundo islâmico. 
 
Mundo Árabe e Oriente Médio 
A civilização árabe tem origem na península Arábica. No século VII, as 
tribos da região unificaram-se em torno da língua árabe e do islamismo. A partir 
da unificação, os árabes formaram um vasto império que se expandiu até a 
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Índia, o norte da África e a pen ínsula Ibérica, com apogeu em 750 d .C. O 
mundo árabe ocupa a área que vai do oceano Atlântico ao golfo Pérsico, 
abrangendo o norte da África e boa parte do Oriente Médio (veja no mapa 
abaixo) . 
Os contornos dos atuais pa íses existentes no mundo árabe são, até certo 
ponto, arbitrários e resultam do domínio das potências estrangeiras sobre a 
região no início do século XX. Com fortes interesses no controle das grandes 
reservas de petróleo, governos estrangeiros negociaram a independência de 
suas colônias ou áreas sob seu controle para que fossem governadas por 
al iados ou colaboradores. 
O Oriente Médio não deve ser confundido com o mundo árabe. É uma 
região que faz parte da Ásia, tem muito petróleo e pouca água. Integra Irã e 
Turquia com populações islâmicas não árabes e Israel, país judeu. Os curdos 
habitam vários países do Oriente Médio, região onde também vivem várias 
minorias como os assírios e caldeus . 
Historicamente Irã e Arábia Saudita disputam hegemonia e influência no 
Oriente Médio. Possuem diferenças étnicas e relig iosas, os iranianos são persas 
e muçulmanos xiitas, os árabes são sunitas. Estas diferenças fazem com que 
apoiem governos e grupos armados de acordo com a orientação rel igiosa de 
cada país. Como exemplo temos a Síria, onde o Irã apoia o governo do xiita 
Assad e a Arábia Saudita apoia grupos rebeldes sunitas. 
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(CESPE/FUB/2015 - VÁRIOS CARGOS) O Oriente Médio, onde se situa o 
território palestino, é região estratégica para o mundo contemporâneo 
desde que o petróleo passou a exercer papel relevante na economia 
mundial, o que explica a histórica atenção que lhe é conferida pelas 
grandes potências. 
COMENTÁRIO: 
A Palestina situa-se no Oriente Médio, região com a maior reserva de 
petróleo do mundo, fonte de energia mais utilizada no mundo. Berço do 
Islamismo, região de cl ima desértico, o Oriente Médio passou a ser estratégico 
para o mundo contemporâneo, desde que o petróleo passou a exercer papel 
relevante na economia mundial, o que explica a histórica atenção que lhe é 
conferida pelas grandes potências. 
Gabarito: Certo 
1.1 Instabilidade Política e Conflitos Bélicos 
Em 2011, o mundo árabe se viu diante de uma sene de revoltas 
populares, que ficaram conhecidas como Primavera Árabe, em alusão à 
Primavera de Praga. O palco dos conflitos foi a África do Norte e Oriente Médio, 
região formada por países de maioria árabe e muçulmana. As revoltas 
ocorreram em países com regimes autoritários e teve como resultado a 
deposição dos ditadores da Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen. Na Síria, a revolta 
se transformou em uma sangrenta guerra civil . 
A Tunísia é o único país em que a revolta popular alcançou o objetivo da 
democracia. Nos demais países onde os ditadores foram derrubados - Egito, 
Líbia e Iêmen - a Primavera se transformou num tenebroso "Inverno Árabe", 
além da Síria, onde descambou para a guerra civil. 
Tunísia 
A Revolução de Jasmim, como ficou conhecido o processo que atingiu a 
Tunísia entre 2010 e 2011, levou à queda do presidente Ben Ali, que ocupava o 
cargo desde 1987. Ela começou com protestos populares após o suicídio de um 
vendedor ambulante, contra o regime autoritário do presidente. As 
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manifestações foram reprimidas violentamente e resultaram na derrubada do 
regime em 14 de janeiro de 2011. 
No início de outubro, o Quarteto de Diálogo Nacional da Tunísia ganhou o 
Prêmio Nobel da Paz de 2015, "por sua decisiva contribuição para a construção 
de uma democracia pluralista no país durante a revolução de 2011", segundo o 
comitê que entrega o prêmio. O quarteto foi formado em 2013, quando o 
processo de redemocratização do país estava correndo risco de colapsar após 
assassinatos políticos e protestos se espalharem pelo país. 
Ele é composto por quatro organizações: a União Geral Tunisiana do 
Trabalho (UGTT, um sindicato), a União Tunisiana da Indústria, do Comércio e 
do Artesanato (Utica, patronato), a Ordem Nacional dos Advogados da Tunísia 
(ONAT) e a Liga Tunisiana dos Direitos Humanos (LTDH). 
 
Síria 
Combates encarniçados desenvolvem-se desde 2011, quando 
manifestações pró-democracia, logo após os acontecimentos da Primavera 
Árabe, na Tunísia e no Egito, chegaram ao país e foram duramente reprimidas 
pelo regime do ditador Bashar al-Assad. 
A reação de parte da oposição foi armar-se para tentar derrubar o 
governo. Assim surgiu o Exército Livre da Síria (ELS), dirigido pela oposição 
moderada, que iniciou combates contra as forças de Assad, contando para isso 
com o apoio logístico da Turquia e com o fornecimento de armas e munições 
por parte do Catar e da Arábia Saudita. 
De lá para cá, a situação agravou-se, assumindo o caráter de uma guerra 
civil. De um lado, estão o governo sírio e seus aliados externos, como a Rússia 
e o Irã, além do grupo xiita libanês Hezbollah. De outro, os rebeldes anti-Assad, 
na maioria sunitas, têm o apoio das principais potências ocidentais, da Arábia 
Saudita e de outros países do Oriente Médio. Além do Exército Livre da Síria 
(ELS), outros grupos combatem o regime de Assad, como o Estado Islâmico e a 
Frente al-Nusra (ligada a Al Qaeda). 
Liderados pelos Estados Unidos, uma coalizão de países ocidentais e do 
Oriente Médio tem realizado ataques aéreos contra o Estado Islâmico no país e 
no Iraque. Nos bombardeios aéreos, a coalizão tem poupado o Exército regular 
sírio. O motivo é o temor de que, com a derrubada do ditador, a situação 
escape ao controle e a Síria mergulhe ainda mais no caos, com disputas 
permanentes entre milícias e o fatiamento do território, como ocorre na Líbia. 
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No final de setembro, a Rússia entrou na guerra civil ao lado do regime de 
Bashar al-Assad. Os russos estão realizando ataques aéreos contra os grupos 
armados de oposição, não é só contra o Estado Islâmico. Com o apoio da 
aviação russa, o exército de Assad já está conseguindo realizar pequenos 
avanços e retomar territórios conquistados pelos pela oposição armada. 
A guerra na Síria já causou a morte de 200 mil pessoas, gerou mais de 4 
milhões de refugiados e está sendo considerada "a maior crise humanitária de 
nossa era" pela ONU. Além dos refugiados, outros 6,5 milhões foram deslocados 
pelo interior do país. O total de 9,5 milhões de pessoas forçadas a sair de suas 
casas equivale a quase metade da população do país. Os refugiados foram 
principalmente para Turquia, Líbano e Jordânia. A destruição pelo país é 
generalizada. 
(VUNESP/POLÍCIA CIVIL SP/2014 - OFICIAL ADMINISTRATIVO} Cerca 
de seis mil pessoas deixam o país todos os dias por causa dos conflitos 
em que o país está envolvido há mais de dois anos, segundodados 
oficiais da ONU. Os números divulgados, em dezembro de 2013, 
apontam para 1,8 milhão de refugiados vivendo nos países vizinhos, 
uma quantidade sem precedentes. 
(http ://operamundi.uol.com. br/conteudo/noticias/30069/crise+de+refugiados+ 
e+a+maior+do+mundo+desde+o+genocidio+de+ruanda .shtml. Adaptado) 
O país onde ocorre, atualmente, o mais violento conflito da atualidade é 
(A} a Líbia. 
(B} o Egito. 
(C} a Síria. 
D} o Líbano. 
(E} o Iêmen. 
COMENTÁRIOS: 
A Síria é o país onde ocorre atualmente o mais violento conflito armado. A 
guerra civil entre o governo do ditador Bashar AI-Assad e grupos de oposição já 
matou mais de 200 mil pessoas e teve origem na Primavera Árabe. 
A crise na Síria é complexa e contagia as demais nações da região porque 
o país ocupa papel importante nas tensões do Oriente Médio e sua população é 
n 
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composta de sunitas e alauítas (xiitas), grupos com longa história de rivalidade 
em todo o Oriente Médio. 
Gabarito: C 
 
 Líbia 
A queda do ditador Muammar Kadafi, em 2011, que governou o país com 
mão de ferro por 42 anos, gerou um vácuo de poder, fomentando a disputa 
entre milícias armadas que até então lutavam juntas contra o ditador. Esses 
grupos armados combatem por interesses próprios, para abocanhar o poder nas 
regiões em que atuam e para obter lucros com a exploração de recursos 
naturais, em particular do petróleo. Distinguem-se mais pela origem étnica e 
pela vinculação a suas regiões do que pela inspiração religiosa, e formam 
coalizões que podem juntar islâmicos ou não. 
As disputas políticas após as eleições de 2014 levaram à formação de dois 
governos, que disputam a legitimidade de falar em nome do país. O governo 
reconhecido internacionalmente está sediado na cidade de Tobruk e aglutina 
particularmente os setores laicos. O outro, com sede na capital do país, Trípoli, 
tem grande presença de islâmicos e controla a parte mais importante do país. 
O Estado Islâmico se expandiu para o país e tem cometido atentados 
terroristas. 
 
Iraque 
A ocupação militar dos EUA entre 2003 e 2011 atingiu o objetivo de 
derrubar o ditador Saddam Hussein, mas insuflou as disputas políticas internas 
já existentes no país. O frágil governo que está no poder privilegia a população 
xiita, o que acirra as tensões com os sunitas e os curdos. O cenário de caos 
institucional favoreceu a expansão do EI, que conquistou amplas áreas no país 
com uma interpretação radical dos preceitos sunitas. Essas divisões sectárias, 
que foram exacerbadas durante os anos de ocupação dos EUA, prejudicam a 
resistência, porque o governo não consegue mobilizar os sunitas para a defesa 
do Estado iraquiano. 
A ascensão do EI provocou a morte de mais de 20 mil pessoas no país, 
além da destruição de vários patrimônios históricos e da virtual divisão do país 
em três: uma ampla área ao norte sob controle do grupo terrorista; o território 
autônomo dos curdos, principal minoria que habita o país, no nordeste; e a 
região que compreende a capital, Bagdá, e o sul, de população 
predominantemente xiita, sob controle oficial do governo iraquiano. 
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Iêmen 
Localizado na entrada do Mar Vermelho, o atual Iêmen é resultado da 
fusão, em 1990, do Iêmen do Norte, de forte tradição islâmica, com o Iêmen do 
Sul, mais ocidentalizado e pró-socialista. A Primavera Árabe levou à renúncia do 
ditador Ali Abdullah Saleh, no fim de 2011, após 33 anos no poder. Atualmente, 
desenvolve-se uma luta em que se contrapõem nada menos do que quatro 
forças políticas, cada uma delas com apoios ou subdivisões: o grupo dos 
houthis, o governo, a Al Qaeda na Península Arábica (AQPA) e grupos 
separatistas do sul. 
O movimento houthi, de inspiração zaidita (uma das divisões dos xiitas), 
trava nos últimos meses um combate contra as tropas do presidente do país, 
Abd al-Rabbuh Mansur al-Hadi. Em fevereiro de 2015, os houthis deram um 
golpe de Estado, obrigando al-Hadi a fugir para a Arábia Saudita. O movimento 
tem, supostamente, o apoio do Irã e do ex-ditador iemenita Ali Abdullah Saleh, 
enquanto o regime saudita, com a colaboração dos EUA, respalda as tropas 
leais ao presidente. 
A Arábia Saudita passou a bombardear em março posições dos houthis, 
com o apoio logístico dos EUA e a participação da Liga Árabe, que decidiu 
formar uma força militar conjunta, com 40 mil soldados, para tentar desalojar 
os houthis de suas posições e recolocar Hadi na presidência. Tentativas de 
negociação entre as partes não deram resultado até julho. Nesse mês, a ONU 
constatou que o Iêmen está no nível mais alto de emergência humanitária, com 
mais de 21 milhões de pessoas (80% da população) necessitando de ajuda. 
Desse total, 13 milhões vivenciam situações de fome. 
Paralelamente ao avanço dos houthis, o Iêmen serve de base para a 
AQPA, grupo considerado pelos EUA o ramo mais perigoso do grupo terrorista Al 
Qaeda. Os norte-americanos têm realizado ataques com aviões não tripulados 
(drones) para atingir os integrantes da milícia. Por fim, grupos separatistas do 
sul do país lutam contra a AQPA e contra o governo central. 
 
Curdistão 
Nos combates contra o Estado Islâmico, destaca-se a ação dos guerreiros 
curdos iraquianos (chamados de peshmerga) e sírios. O EI persegue os curdos 
e a minoria yazidi, que pratica uma religião própria. O enfrentamento direto 
com os jihadistas do EI tem passado em boa medida pela atuação das forças 
curdas, armadas pelos aliados ocidentais, que dão combate terrestre ao grupo 
islâmico, apoiando dessa forma os bombardeios aéreos comandados pelos EUA. 
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Esse papel de destaque leva analistas a especu larem se uma das 
consequências dos conflitos atuais não seria a ampliação da autonomia dos 
curdos dentro do Iraque ou até mesmo a formação, num prazo ainda indefinido, 
de um novo país, o Curdistão, reunindo os curdos que vivem espalhados pela 
região. 
Maior etnia sem Estado no mundo, com 26 milhões de pessoas, os curdos 
habitam uma área contínua que abrange territórios de Turquia, Iraque, Síria, 
Irã, Armênia e Azerbaidjão (veja mapa a seguir) . O projeto de um Estado curdo 
ganhou força no final do século XX, sobretudo na Turquia e no Iraque, países 
nos quais o movimento foi violentamente reprimido. 
Mar Negro GEÓRGIA 
AZERBAIDJÃO 
IRA 
o 
SÍRIA 
f2J Curdistão (SOO mil km2) 
Fonte: Dictionnaire de Geopolitique 
O principal grupo separatista curdo atuante na Turquia, o Partido dos 
Trabalhadores do Curdistão (PKK), desenvolvia a luta armada contra o Estado 
t urco, mas negocia há anos um acordo com o governo central. Em 2013, o 
partido declarou um cessar-fogo. Contudo, em julho de 2015, o governo da 
Turquia começou a atacar redutos do PKK no Curdistão iraquiano, próximo à 
fronteira turca. O PKK reagiu e as hosti lidades tem se sucedido de lado a lado. 
Na Síria, a milícia curda Unidades de Proteção do Povo (YPG), com apoio 
de ataques aéreos, resistiu heroicamente a ofensiva do EI sobre a estratégica 
cidade curda de Kobane, na tríplice fronteira síria, turca e iraquiana. Após 
meses de conflitos, o Estado Islâmico recuou e desistiu de conquistar a cidade. 
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Embora sejam muçulmanos sunitas, os curdos não são islamitas 
conservadores. As mulheres têm mais liberdade, são mais respeitadas.Muitas 
estão nas fileiras da milícia curda síria YPG, lutando contra o Estado Islâmico. 
 
1.2 Fundamentalismo Islâmico 
Ainda que o fundamentalismo esteja atualmente muito associado aos 
islâmicos, grupos fundamentalistas existem em todas as religiões. Os 
agrupamentos políticos fundamentalistas buscam impor seus dogmas religiosos 
como base da organização do Estado e da sociedade. É uma posição 
obscurantista, que recusa a democracia e se opõe à perspectiva secular adotada 
desde a Revolução Francesa (1789), quando os negócios de Estado se 
separaram das convicções religiosas. 
A enorme maioria dos adeptos da religião islâmica é constituída por 
pessoas comuns que professam uma crença religiosa. Por isso, é um erro 
grave, que tem origem em preconceito religioso ou social, identificar grupos 
terroristas que dizem agir em nome do islamismo com os hábitos e crenças das 
populações muçulmanas em geral. 
O fundamentalismo islâmico é contrário ao Estado democrático e laico, e 
sua perspectiva é a do Estado teocrático, como no Irã, onde o chefe do Estado 
é o líder religioso supremo, o aiatolá. No Alcorão, o livro sagrado do islamismo, 
está o fundamento para a organização social e estatal. Defendem a implantação 
da Sharia – o conjunto de leis e códigos de conduta extraídos do livro sagrado 
– como lei, rejeitando o princípio da separação entre religião e Estado. 
O fundamentalismo islâmico é a fonte inspiradora de vários grupos 
armados que do mundo islâmico, lutando pela tomada do poder nos países em 
que atuam. Os mais conhecidos são a Al-Qaeda, Estado Islâmico, Boko Haram e 
Al Shabah. 
 
Al Qaeda 
O saudita Osama bin Laden fundou a Al Qaeda, em 1988, no Afeganistão, 
quando lutava ao lado dos guerrilheiros islâmicos (mujahedin) contra a 
ocupação soviética, com equipamentos e recursos vindos das potências 
ocidentais. Mas após a Guerra do Golfo, em 1990, quando tropas lideradas 
pelos EUA atacam o Iraque, a jihad (guerra santa) da Al Qaeda passa a ter 
como inimigo o Ocidente, em especial os Estados Unidos, por causa da 
crescente presença militar no Oriente Médio. 
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Nos anos 1990, Bin Laden foi responsabilizado por vários ataques a alvos 
norte-americanos, até realizar o atentado terrorista de 11 de setembro de 
2001, contra os EUA. Então, Bin Laden ganhou fama mundial. Vários grupos 
anunciaram sua ligação com a Al Qaeda, o que permitiu ao grupo expandir seu 
alcance, para se tornar uma rede terrorista com ramificações internacionais. 
Na última década, porém, a Al Qaeda Central (AQC), no Afeganistão e 
Paquistão, foi duramente atingida pelas ações militares dos EUA. O trabalho de 
espionagem e os ataques com drones mataram seus líderes e reduziram sua 
capacidade de ação e de se comunicar com as “filiais”. A morte de Bin Laden 
por uma equipe da Marinha dos EUA, em 2011, enfraqueceu o grupo. O novo 
líder, o médico egípcio Ayman al Zawahiri, não possui o carisma do fundador. 
 
Estado Islâmico 
Com um vasto território que extrapola fronteiras, abrangendo áreas do 
Iraque e da Síria, ativos estimados em 2 bilhões de dólares e um contingente 
de 31 mil combatentes, o Estado Islâmico (EI) consolida-se como a mais 
poderosa organização extremista islâmica em atividade. 
Sua ascensão é surpreendente quando se considera que, até pouco tempo 
atrás, o EI era uma filial da Al Qaeda entre tantas outras atuando na Ásia e na 
África. Criado no Iraque em 2003, com o nome Al Qaeda no Iraque (AQI), o 
grupo espalhou o terror contra as forças de ocupação e os xiitas, até ser 
praticamente aniquilado após a morte de seu comandante, Abu Musab al-
Zarqawi, em 2006. Rebatizado Estado Islâmico do Iraque (EII), o grupo renasce 
a partir de 2010, sob um novo líder, Abu Bakr al-Baghdadi. 
O vácuo de segurança criado pela retirada militar dos EUA, o clima de 
revolta dos sunitas com o governo pró-xiita do Iraque e o caos da guerra civil 
síria criam condições para que o EI prospere. Ao expandir as atividades para a 
Síria, onde infiltrou militantes para abocanhar dinheiro e armas, recrutar 
guerrilheiros e instalar bases, em 2013 o grupo muda o nome para Estado 
Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL). E, após dominar territórios no norte da 
Síria e do Iraque o grupo anuncia a criação de um Califado, em junho de 2014, 
se autodenominando Estado Islâmico (EI). 
O Califado é uma referência aos antigos impérios islâmicos surgidos após 
a morte de Maomé, que seguiam rigorosamente a Sharia, a lei islâmica – dos 
quais o mais notório é o Império Árabe. O califa, considerado sucessor do 
profeta, é a autoridade política e religiosa máxima. Al-Baghdadi é proclamado 
califa do EI. 
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Nas áreas que conquista, o EI rapidamente assume o controle sobre bases 
militares, bancos, hidrelétricas e campos de petróleo e instaura um governo 
próprio, com ministérios, cortes islâmicas e aparato de segurança . A cobrança 
de taxas e impostos, junto com a venda ilegal de petróleo, os sequestros e as 
extorsões, garantem ao grupo uma renda diária estimada em 2 milhões de 
dólares. No plano social, o código moral é severo . 
Um traço marcante do EI é o emprego de táticas tão bárbaras que até a 
AI Qaeda renegou o grupo. São execuções em massa, às vezes contra 
comunidades inteiras, e mortes coletivas, por crucificação, decapitação e 
enforcamento. Além de ser uma estratégia de guerra, visando submeter 
populações locais pelo terror, a violência indiscriminada, também direcionada 
aos "infiéis" (minorias étnicas e rel igiosas e ocidentais), é uma mensagem 
poderosa para atrair muçulmanos desiludidos de todas as partes do mundo, 
inclusive do Ocidente, que passam a lutar em suas fileiras e aniquilar inimigos 
do islã com a promessa da salvação. O EI vem intensificando a captura e 
assassinatos de cristãos, muitos deles por decapitação. 
Mais de 30 grupos jihadistas de vários países da África e Ásia juraram 
lealdade ao autoproclamado califa Estado Islâmico. Esses grupos têm cometido 
uma série de atentados terroristas, principalmente na Líbia, Tunísia, Egito, 
Iêmen e Afeganistão. 
O mais recente barbarismo do Estado Islâmico é a destruição de 
esculturas, monumentos, palácios e templos do patrimônio cultural e 
arqueológico de cidades históricas do Iraque e da Síria (sítio arqueológico de 
Palmira, do tempo da dominação do Império Romano). Basicamente são 
relíquias da cultura assíria. O EI justifica a destruição dizendo que cultuam 
outras divindades e por isto são demoníacas, ferindo, portanto, os princípios do 
Islã. 
O EI é bastante ativo na internet. Utiliza intensamente a web para 
divulgar suas atividades, recrutar novos combatentes e invadir sites de 
organizações governamentais e privadas. 
(VUNESP/SAP/2015 AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIA) O grupo Estado Islâmico (EI) publicou nesta 
segunda-feira (15.12) fotos da execução de 13 homens apontados 
como combatentes sunitas inimigos dos jihadistas. Três fotos, 
,. e 
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publicadas em um fórum jihadista e nas redes sociais, mostram a 
execução dos homens, todos vestidos com macacões de cor laranja. 
( http ://noticias. t erra .com. br/ mundo/ estado- is! a mico-revela-fotos- de-execucao--em-massa ,35ebdcd49705a410VgnCL0200000 b2 bf46dORCRD. html. 16.12 .14 . 
Adaptado) 
O grupo Estado Islâmico tem forte atuação 
(A} no Egito. 
(B} na Argélia. 
(C} no Iraque. 
(D} na Arábia Saudita. 
(E} no Irã. 
COMENTÁRIOS: 
O Estado Islâmico tem forte atuação no Iraque e na Síria, domina vastos 
territóriosdos dois países, onde proclamou a criação de um califado islâmico. 
Gabarito: e 
Boko Haram 
O Boko Haram atua na Nigéria e realiza incursões no Chade, Níger e 
Camarões. Criado em 2002, na Nigéria, a partir de 2009, iniciou atos de 
violência, com o objetivo de impor nesse país uma versão mais radical da sharia 
(a lei islâmica), que veta a adoção de vários aspectos da cultura ocidental, 
como a educação secular. A maioria dos muçulmanos rejeita essa interpretação. 
O Boko Haram, que era aliado da rede terrorista AI Qaeda, vinculou-se em 2015 
ao Estado Islâmico. 
Os ataques do Boko Haram se intensificaram nos últimos anos. Na ação 
de maior repercussão, o grupo sequestrou, em abril de 2014, 276 meninas com 
idades entre 16 e 18 anos, estudantes na cidade de Chibok. Algumas 
conseguiram fugir do cativeiro e relataram estupros diários e a venda de 
meninas como esposas em mercados da fronteira com Camarões e o Chade. O 
caso provocou comoção mundial e diversas persona lidades aderiram à 
campanha pedindo a libertação das garotas. 
Nas cidades atacadas pelo grupo, houve fuga de mi lhares de pessoas, que 
buscavam refúgio em áreas não tomadas pelos insurgentes. Até o início de 
2015 estima-se que a milícia tenha sido responsável por 15 mi l mortes e pelo 
deslocamento de 1,5 milhão de pessoas de suas casas. Trata-se de um 
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problema central na Nigéria atual, que ameaça não apenas a segurança de sua 
população como a atividade econômica do país. Nações como Chade, Níger e 
Camarões também são afetadas pelas ações do Boko Haram e lançaram 
campanhas militares contra o grupo, com o apoio da França. 
(FUNIVERSA/SEAP DF/2015 AGENTE DE ATIVIDADES 
PENITENCIÁRIAS) Particularmente célebre pelas atrocidades cometidas 
contra suas vítimas, muitas das quais decapitadas a sangue frio em 
cenas gravadas e postadas na Internet, o Boko Haram identifica-se 
como grupo armado comprometido com a defesa de Israel. 
COMENTÁRIOS: 
O Boko Haram é um grupo terrorista, fundamentalista islâmico, que atua 
na Nigéria. Não tem nenhum compromisso com a defesa do Estado judeu de 
Israel. O grupo quer tomar o poder na Nigéria e implantar um estado islâmico, 
com base na sharia ( lei islâmica). 
Gabarito: Errado 
AIShabah 
Fundado em 2004, o AI Shabah atua na Somália, sendo filiado a rede AI 
Qaeda. O grupo passou a ser mais conhecido em 2013, a partir do atentado que 
cometeu em um shopping center em Nairóbi, capital do Quênia. Desde 2007, 
uma força de paz composta por vários países da União Africana (UA) atua ao 
lado de forças do governo somali no combate ao AI Shabah, o que tem imposto 
várias derrotas e enfraquecido a milícia. 
1.3 O Irã 
O Irã ocupa lugar central no xadrez do Oriente Médio. O regime define-se 
desde a Revolução de 1979 como uma república islâmica, e segue a vertente 
xiita do islamismo. Posiciona-se frontalmente contra Israel e é aliado do regime 
sírio de Bashar al-Assad, exercendo também influência sobre partidos xiitas que 
estão no governo do Iraque. Dessa forma, busca formar um arco xiita de poder, 
centrado na oposição a Israel e às monarquias sunitas do Golfo Pérsico, como 
Arábia Saudita, Barein e Catar. 
.. .., 
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Desde 2003, a Agência I nternacional de Energia Atômica (AIEA), os EUA e 
as demais potências ocidentais tentam impedir o avanço do programa nuclear 
iraniano. Eles acusam o pa ís de desenvolver a tecnologia de enriquecimento de 
urânio com a intenção de fabricar armas nucleares. O Irã nega . 
A ONU exigia que o I rã parasse de enriquecer urânio e autorizasse o 
acesso irrestrito da AIEA às suas instalações. Diante da negativa do Irã, foram 
aprovadas quatro rodadas de sanções contra o país, entre 2006 e 2010. 
Como a China e a Rússia se opuseram a novas sanções na ONU, os EUA e 
a União Europeia anunciaram em 2011 o embargo ao petróleo iraniano e 
punições financeiras contra nações que compram petróleo do país. Foram 
decretadas também sanções contra o sistema bancário do Irã. O embargo levou 
à queda expressiva nas exportações de petróleo iraniano, comprometendo a 
obtenção de divisas externas. 
Em 2013, o Irã começou a negociar um acordo para a retirada das 
sanções com o Grupo 5+ 1 (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China + 
Alemanha) em troca da limitação de suas iniciativas nucleares. Em julho de 
2015, Irã e as potências chegaram a um acordo, que limita e condiciona o 
programa nuclear iraniano, visando assegurar que o programa nuclear iraniano 
tenha um caráter não mil itar, em troca da retirada das sanções internacionais 
que asfixiam a economia do país. O texto, que autoriza o Irã a prosseguir com o 
programa nuclear civi l e abre o caminho para uma normalização da presença do 
país no cenário internacional. 
Os iranianos se comprometeram a reduzir a capacidade nuclear (redução 
de dois terços do número de centrífugas de urânio em 10 anos, de 19.000 a 
6.104, diminuição das reservas de urânio enriquecido) durante vários anos e a 
permitir que os inspetores da AIEA realizem inspeções profundas em suas 
insta lações. 
(VUNESP/POLÍCIA CIVIL SP/2014 - OFICIAL ADMINISTRATIVO} O 
acordo entre este país e o grupo de seis países conhecido como GS+ 1, 
que prevê a redução do programa nuclear em troca de alívio nas 
sanções econômicas, só foi assinado após meses de encontros secretos. 
[ ... ] 
A comunidade internacional também fica vetada de propor novas 
sanções relacionadas ao programa nuclear do país. Caso ele não 
cumpra com o acordo no período de seis meses, está sujeito a 
.. o 
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penalidades adicionais. O país, por sua vez, se comprometeu a 
desacelerar seu programa nuclear. 
(http ://noticias . uol . com. br/internacional/u ltimas-noticias/2013/11/25/acordo--
nuclear-com-foi-costu rado-em-encontros-secretos-com-eua. htm. Adaptado) 
A notícia refere-se ao acordo entre potências políticas e 
(A} o Irã. 
(B} Israel. 
(C} o Paquistão. 
(D} o Iraque. 
(E} a Turquia. 
COMENTÁRIOS: 
Resposta simples e objetiva: Irã. 
Gabarito: A 
1.4 A questão da Palestina 
A criação do Estado de Israel, em 1948, dá início a um conflito entre 
judeus e árabes, já que estes últimos viviam na região do novo país. O 
território ocupado por Israel, após uma guerra, foi maior do que o aprovado 
pela ONU. A criação de Israel levou à expulsão de mais de 700 mil palestinos, 
que se tornaram refugiados. Atualmente, a população palestina refugiada soma 
5 milhões de pessoas, que reivindicam o direito ao retorno a suas terras, o que 
não é aceito por Israel. 
Os Acordos de Oslo (1993-1995), assinados entre palestinos e 
israelenses, com mediação dos EUA, traçaram a meta de dois Estados: um 
judeu (Israel) e um palestino, formado pela Faixa de Gaza e pela Cisjordânia, 
ambas ocupadas pelos israelenses em 1967. Definiram ainda a criação da 
Autoridade Nacional Palestina (ANP), como embrião do futuro Estado. Nos 
últimos 20 anos, a perspectiva dos "dois Estados" guia as negociações de paz. 
Não houve, porém, avanços efetivos para uma paz duradoura, por causa das 
divergências entre as partes. 
O Hamas, baseado na Faixa de Gaza, e o Hezbollah, baseado no sul do 
Líbano, são as mais importantes organizações guerrilheiras anti-I srael. Ambas 
pregam a destruição total do Estado judaico. 
Gaza, que está submetida por Israel a um bloqueio territorial e 
econômico, sofreu em 2014, pela terceira vez em cinco anos, um pesado 
-tn 
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ataque militar por parte dos israelenses,que causou mi lhares de mortes e a 
destruição de boa parte da infraestrutura loca l. A Cisjordânia se vê cortada por 
um muro que a separa de I srael, invade seu território e impede a livre 
circu lação de seus habitantes, tratados como potenciais terroristas. 
Nos últimos 20 anos, essa perspectiva geral dos "dois Estados" é a que 
tem guiado as negociações de paz. Na prática, porém, não houve avanços. Do 
lado israelense, o atual governo, do primeiro-ministro Benyamin Netanyahu, 
defende posições que os palestinos consideram inaceitáveis, como a 
continuidade e a ampliação dos assentamentos israelenses na Cisjordânia . 
Outra divergência é sobre o status da cidade de Jerusalém. Os palestinos 
defendem que a parte oriental da cidade, também ocupada pelos israelenses 
desde 1967, seja a capital de seu futuro Estado. Israel não aceita essa divisão, 
reivindicando a cidade inteira como a sua própria capital. 
Ponto de honra para os árabes nas negociações, é o direito ao retorno dos 
palestinos expulsos de Israel e seus descendentes pelas guerras de 1948 e dos 
Seis Dias (1967). O governo israelense não aceita sequer debater a sua volta, 
pois o eventual regresso colocaria em xeque a própria existência de Israel ta l 
como é hoje. 
Em 2012, a ONU concedeu para a Palestina a condição de "Estado 
observador não-membro". Mais de 140 Estados, inclusive o Brasil, já 
reconhecem o Estado da Pa lestina. O último a reconhecer foi o Vaticano, em 
junho de 2015. 
(CESPE/FUB/2015 - VÁRIOS CARGOS) O Vaticano e a Palestina 
assinaram um acordo histórico sobre os direitos da Igreja Católica nos 
territórios palestinos. A preparação do texto por uma comissão bilateral 
levou quinze anos. Embora o Vaticano se refira ao "Estado da 
Palestina" desde o início de 2013, os palestinos consideram que a 
assinatura do acordo equivale a um reconhecimento de fato de seu 
Estado. 
O Estado de S.Paulo, 27/6/20 15, p. A21 (com adaptações). 
Tendo esse fragmento de texto como referência inicial e considerando a 
amplitude do tema por ele abordado, bem como o contexto geopolítico 
no qual este se insere, julgue os itens a seguir. 
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As tensões no Oriente Médio se elevaram no pós-Segunda Guerra 
Mundial, quando, por resolução das Nações Unidas, decidiu-se pela 
partilha do território conhecido como Palestina, para nele serem 
criados dois Estados: um judeu e outro, árabe. 
COMENTÁRIO: 
Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) dividiu a Palestina 
histórica em dois Estados - um para os judeus, com 53°/o do território, outro 
para os árabes palestinos, com 47°/o. Estes últimos rejeitaram o plano. 
Já na sua criação, Israel se deparou com uma guerra em 1948. Cinco 
países árabes enviaram tropas para impedir sua fundação, mas Israel estava 
preparado e tinha o respaldo das principais potências - EUA e União Soviética. 
As forças militares do novo Estado não apenas defenderam suas fronteiras 
originais como empurraram os palestinos para uma área menor do que a que 
lhes tinha sido destinada. 
A criação do Estado judeu nunca foi aceita na sua totalidade pelos árabes. 
Após a sua criação, os conflitos e as tensões se elevaram no Oriente Médio. Na 
atualidade, grupos armados como o Hezbollah e o Hamas pregam a destruição 
do Estado de Israel e se envolvem em conflitos frequentes com a nação judaica. 
Gabarito: Certo 
2. Ucrânia 
A Ucrânia é a segunda maior nação da Europa em área, atrás somente da 
Rússia . Conhecido como o celeiro da extinta União Soviética (URSS), por causa 
da grande produção de cereais, o país desenvolve moderna atividade agrícola. 
O país é rico em reservas de carvão, ferro e manganês. 
Durante quase todo o século 20, a Ucrânia fez parte da União Soviética, 
até sua independência, em 1991. Desde então, o país passou a olhar em uma 
outra direção, do Oriente para o Ocidente, da Rússia para a União Europeia, 
tendo os exemplos de Polônia, Eslováquia e Hungria - todos membros da União 
Europeia - em seu horizonte. 
Mas a Ucrânia não completa esse movimento porque duas forças 
contrárias a paral isam. De um lado, está a parte ocidental do país, onde vivem 
as gerações mais jovens e de onde partiu o movimento de aproximação da 
União Europeia . Do outro, está à parte orienta l e sul, mais próxima da Rússia, 
onde se fa la russo e não ucraniano e preva lece um sentimento de nosta lgia dos 
anos de integração soviética . Por fim, de cada um desses lados, existem os 
interesses e pressões de grandes potências mundiais. 
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Ucrânia dividida 
Regiões onde a maioria fa1a ucraniano querem 
proximidade com a União Europeia; área onde a língua 
russa predomina prefere influência de Mosoou 
Maioria fala ucraniano Maioria fala russo 
RÚSSIA 
o 
~~ 0 ---._ Mar Negro \ L-______.r - Mapa: GoogleMap~-
Fonte: Instituto lntemaáonal de Sociok,gia de Kiev 
Cíl .com.br lnfográfico atualizado em 11/05/2014 
Em 2012, o parlamento ucraniano aprovou um acordo de livre-comércio 
com a Rússia e outras seis nações da Comunidade dos Estados Independentes. 
Em novembro de 2013, após meses de negociações, a Ucrânia desistiu de 
assinar um acordo de associação e livre-comércio com a União 
Europeia . A assinatura do acordo é um passo essencial para o país ser aceito 
como candidato a membro da comunidade europeia. 
O presidente Viktor Yanukovych admite a influência de Moscou na decisão 
e retoma negociações para ingressar na união aduaneira dos russos. Para evitar 
o engajamento da Ucrânia na União Europeia, a Rússia ofereceu um amplo 
pacote financeiro ao país vizinho, que inclui a redução de 30°/o do preço do gás 
e a compra de 15 bilhões de dólares em títulos da dívida ucraniana. 
A decisão de Yanukovych de não assinar o acordo com a UE, desencadeou 
uma onda de protestos que durou mais de três meses, levou dezenas de 
milhares de pessoas às ruas, causou uma centena de mortes, se espalhou pelo 
país e levou a queda do presidente Yanukovych, que fugiu para a Rússia . O 
parlamento votou pela sua destituição, conduziu a formação de um governo 
interino e marcou eleições para 25 de maio. 
Ato contínuo à queda de Yanukovych, na península da Criméia, milícias 
pró-Rússia ocuparam rapidamente prédios públicos, aeroportos, postos de 
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controle, bases militares, etc. Nessa península, a maioria da população é de 
etnia russa e a grande maioria fala o idioma russo. Os russos da Criméia 
apoiaram as milícias e o parlamento local aprovou a incorporação da região a 
Rússia . A decisão do parlamento foi confirmada pela população no referendo 
realizado em 16 de março de 2014. No dia 22 de março, a Crimeia e a cidade 
portuária de Sebastopol passaram a fazer parte da Federação Russa. 
Após a Criméia, a onda autonomista/separatista chegou ao leste da 
Ucrânia, região mais industrializada do país e com uma grande população de 
etnia e idioma russo. Importantes cidades do leste, como Donestsk e Lugansk, 
foram tomadas e estão sob controle de grupos armados pró-Rússia. 
Como retaliação pela anexação da Crimeia e por apoiar os separatistas do 
leste, os Estados Unidos e a União Europeia impuseram sanções econômicas e 
políticas à Rússia. O país também fo i excluído do G-8. 
A Ucrânia realizou eleições presidências em maio de 2014. O vencedor foi 
o magnata Petro Poroshenko. A Rússia reconheceu os resultados das eleições 
no país. Em julho de 2014, a Ucrânia finalmente assinou o acordo de associação 
e livre comércio com a União Europeia. Também assinaram o acordo as ex-
Repúblicas Soviéticas da Geórgia e Moldávia. 
Um novo acordode paz foi assinado em fevereiro de 2015, entre a 
Ucrânia, Rússia, Alemanha, França e os separatistas do leste ucraniano. A 
assinatura ocorreu em Minsk, capital da Belarus. 
(IADES/CONAB/2014 - NÍVEL MÉDIO) 
A charge apresentada faz uma clara alusão à crise na Ucrânia. 
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Quanto ao tema, assinale a alternativa correta. 
(A} A União Europeia se encontra em uma difícil situação nesse conflito, 
pois apoia os ucranianos na sua integridade territorial e, ao mesmo 
tempo, depende das importações de gás da Rússia. 
(B} A Ucrânia possui uma explícita divisão: o oeste é pró-Rússia, tanto 
étnica como economicamente, enquanto o oeste é pró-Ocidente e 
europeizante. 
(C} A revolta popular na Ucrânia se iniciou com a decisão do presidente 
Viktor Yanukovych de rejeitar um acordo comercial com a Rússia e 
aceitar a ajuda econômica da União Europeia e dos Estados 
Unidos. 
(D} A Rússia de Vladimir Putin quer continuar com um grande domínio 
sobre a Ucrânia, pois depende das importações de gás desse país para 
se abastecer. 
(E} A anexação da Península da Crimeia pela Rússia foi o estopim da 
crise ucraniana, quando a população crimeana saiu às ruas exigindo 
permanecer ligada à Crimeia. 
COMENTÁRIOS: 
(A) Correta. A União Europeia apoia os ucranianos na sua integridade territorial 
e gostaria de impor sanções econômicas mais severas a Rússia. Porém, 
encontra-se em uma situação delicada, já que o gás russo é um componente 
importante para o suprimento energético de muitos países do bloco, 
especialmente a Alemanha. 
(B) Incorreta. A Ucrânia possui uma explícita divisão: o sul e o leste são pró-
Rússia, tanto étnica como economicamente, enquanto o oeste é pró-Ocidente e 
europeizante. 
(C) Incorreta. A revolta popular na Ucrânia se iniciou com a decisão do 
presidente Viktor Yanukovych de rejeitar um acordo comercia l com a União 
Europeia, em prol da participação do país na União Econômica Euroasiática. 
(D) Incorreta. A Rússia de Vladimir Putin quer continuar com uma grande 
infl uência sobre a Ucrânia. Putin não aceita o deslocamento geopolítico da 
Ucrânia em direção a União Europeia, tampouco a possibi lidade de ingresso do 
país na aliança militar da OTAN. A Ucrânia depende das importações de gás da 
Rússia para se abastecer . 
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 t d b | P f L d Si i 
 
25 
(E) Incorreta. O estopim da crise ucraniana foi a recusa do ex-presidente 
Viktor Yanukovych em assinar um tratado de livre comércio com a União 
Europeia, em prol do ingresso do país na União Euroasiática. 
Gabarito: A 
 
3. América Latina 
Cuba 
Cuba é o único país comunista das Américas. Vive uma crise econômica, 
com desemprego, queda de renda e racionamento de alimentos. Para enfrentar 
a crise, o governo decidiu reduzir o papel do Estado e abrir a economia 
parcialmente para o mercado. Passou a permitir a criação de empresas 
privadas, a compra e venda de imóveis e automóveis e o arrendamento de 
terras aos agricultores, que poderão ter lucro. 
Após a Revolução Cubana de 1959, e desde a adoção do comunismo, em 
1962, os EUA mantêm um bloqueio, proibindo o comércio e financiamentos de 
empresas norte-americanas para os cubanos. 
O Brasil, por meio do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e 
Social (BNDES), financiou a construção do Porto de Mariel, projeto de 1 bilhão 
de dólares, executado pela construtora brasileira Norberto Odebrecht. A ilha de 
Cuba fica numa posição privilegiada, na entrada do Golfo do México. O porto foi 
planejado para receber os maiores cargueiros em operação no mundo, que 
poderão atravessar o Canal do Panamá após a conclusão de sua ampliação. O 
projeto do governo cubano é transformar o porto em uma área estratégica de 
logística mercantil internacional. Para isso, está criando em Mariel uma zona 
econômica especial, com baixos impostos, semelhante às zonas econômicas 
especiais da China. 
Em uma decisão histórica, Cuba e Estados Unidos anunciaram, em 17 de 
dezembro, a retomada das relações diplomáticas após mais de 50 anos, mas o 
embargo comercial à ilha ainda continuará. O fim do bloqueio oficial depende de 
aprovação pelo Congresso norte-americano. Junto com o anúncio, foram 
adotadas medidas que iniciam uma aproximação, como a troca de prisioneiros, 
a redução de restrições a viagens de norte-americanos e a remessas de 
dinheiro para a ilha. O embargo, porém, se mantém, pois tem de ser revogado 
pelo Congresso dos EUA. Ele exerce um grande peso sobre a economia cubana, 
pois sufoca seu comércio exterior. O Vaticano (Papa Francisco) e o Canadá 
atuaram nos bastidores das negociações de um ano e meio para o 
restabelecimento das relações diplomáticas. 
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Na VII Cúpula das Américas, rea lizada em abril, no Panamá, Barack 
Obama e Rau l Castro se reuniram, no primeiro encontro entre presidentes dos 
dois pa íses em 59 anos. Em maio, Cuba foi retirada da lista norte-americana 
dos países que apoiam o terrorismo. 
As relações entre os dois pa íses foram formalmente retomadas com a 
reabertu ra das embaixadas de Cuba em Washington e dos EUA em Havana. No 
entanto, a cerimônia oficial de reabertura da Embaixada dos Estados Unidos em 
Havana, só ocorreu em 14 de agosto, com a presença de John Kerry, primeiro 
secretário de Estado norte-americano a visitar Cuba em 70 anos. 
(CESPE/TCU/2015 - TÉCNICO FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO} Após 
vários anos de impasses diplomáticos, os EUA retiraram Cuba da lista 
norte-americana de Estados que financiam e apoiam o terrorismo, o 
que permitiu a retomada das relações diplomáticas entre ambos os 
países. 
COMENTÁRIO: 
Após mais de 50 anos de rompimento político, Cuba e Estados Unidos 
anunciaram a retomada das relações diplomáticas em dezembro de 2014. Para 
a retomada destas relações, os Estados Unidos retiraram Cuba da lista de 
países que apoiam o terrorismo. A retirada de Cuba dessa lista era condição 
para a retomada das relações diplomáticas entre os países, pois, uma lei norte-
americana impede que o país tenha relações com países que apoiam e 
financiam o terrorismo. 
O Vaticano (Papa Francisco) e o Canadá atuaram nos bastidores das 
negociações de um ano e meio para o restabelecimento das relações 
diplomáticas. Em julho, os dois países reabriram as suas embaixadas em 
Washington (EUA) e Havana (Cuba). 
Gabarito: Certo 
Colômbia e Venezuela 
O governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia 
(FARC) negociam, desde 2012, em Havana, Cuba, um acordo de paz para por 
fim a guerrilha que já dura cinquenta anos. O governo de Cuba intermedia as 
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negociações. Em setembro, anunciaram que o acordo de paz sairá em seis 
meses, ou seja, até março de 2016. 
 As Farc surgiram em 1964, identificando-se como grupo militar marxista 
no meio rural. Na década de 1980, a organização passa a financiar suas 
atividades por meio do narcotráfico. Embora mantenha um discurso 
anticapitalista, muitos consideram que o grupo se torna basicamente uma 
organização armada que sobrevive da venda de cocaína. A guerrilha perdeu 
muita força a partir de 2008, com a morte de altos dirigentes e da ampliação do 
combate por parte do governo colombiano. 
 Colômbia e Venezuela tiveram uma crise de fronteira em agosto e 
setembro. A crise foi desencadeada no dia 19 de agosto depois de uma 
emboscada a três militares venezuelanos, que patrulhavam a fronteira, para 
impediro contrabando de alimentos e combustível da Venezuela para a 
Colômbia. Além dos militares, um civil venezuelano foi ferido por homens 
armados que fugiram de moto. 
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, atribuiu o ataque a “paramilitares” 
colombianos que, segundo ele, protegem o milionário negócio do contrabando, 
e mandou fechar parte da fronteira. Cerca de mil colombianos, vivendo 
ilegalmente na Venezuela, foram deportados. Colômbia e Venezuela chegaram 
a chamar seus embaixadores Caracas e Bogotá para consultas. Os dois países 
chegaram a um acordo para normalizar as relações em 21 de setembro. 
 
 5. Sociedade Internacional 
 
Estados Unidos - A questão racial, a tortura e a prisão de 
Guantánamo 
Nos últimos meses, mortes de negros por policiais - entre as quais as de 
Michael Brown em Ferguson, Missouri, Eric Garner em Staten Island, Nova York 
e Freddie Gray em Baltimore - levaram milhares de pessoas às ruas em várias 
cidades norte-americanas e reavivaram o debate sobre violência policial e 
racismo nos Estados Unidos. 
Cinco décadas após a Suprema Corte dos EUA declarar inconstitucionais 
as leis que separavam negros e brancos, a segregação racial e o racismo ainda 
estão presentes nos Estados Unidos. As estatísticas mostram a desigualdade 
social entre as duas raças, sendo os negros mais pobres. A polícia também é 
acusada de agir com excesso de violência e de matar impunemente os negros. 
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Raramente um policial que mata um negro é indiciado e quando vão a 
julgamento quase sempre são absolvidos. 
 Os negros são 13% da população dos Estados Unidos, mas formam 40% 
da população carcerária; 3% de todos os homens negros estavam presos no fim 
de 2013, enquanto a taxa entre brancos era de 0,5%. Em 2011, o pai de um de 
cada 15 negros americanos estava preso. Entre brancos, a proporção era de um 
para 111. Em 2012, homens negros estavam seis vezes mais sujeitos a ser 
presos do que brancos – entre latinos, a proporção era de 2,5 vezes mais do 
que brancos, segundo o Departamento de Justiça. 
 Outro fato importante, ocorrido nos EUA, é a divulgação de um amplo 
documento do Comitê de Inteligência do Senado, o qual denuncia torturas e 
violações dos direitos humanos praticadas durante a chamada "guerra 
ao terror", iniciada pelo então presidente George W. Bush. 
Segundo o relatório do Senado, as torturas e os métodos de 
interrogatório utilizados pela CIA contra suspeitos de terrorismo praticados após 
os atentados de 2001 foram muito mais brutais do que a agência admitia e não 
apresentaram resultados para conter as ameaças terroristas contra os EUA. 
A CIA recorreu a ameaças sexuais, simulação de afogamento, ameaça de 
falsas execuções e outros métodos brutais para interrogar suspeitos. As 
técnicas empregadas para forçar os detidos a divulgar informações sobre 
tramas e células terroristas excediam e muito as técnicas autorizadas pela Casa 
Branca, pela CIA e pelos advogados do Departamento de Justiça do então 
presidente Bush, segundo o documento. 
Alguns dos torturados estão na prisão da base militar norte-
americana de Guantánamo, na ilha de Cuba. A prisão foi aberta pelo 
antecessor de Obama, George W. Bush, depois do 11 de setembro de 2001, 
quando ocorreram os ataques às torres gêmeas, para abrigar suspeitos de 
terrorismo. O presidente Barack Obama assumiu o cargo há quase seis anos 
prometendo fechar a prisão, citando seus danos à imagem dos EUA em todo o 
mundo. Mas ele não foi capaz de fazê-lo, em parte por causa dos obstáculos 
colocados pelo Congresso dos EUA. 
Os Estados Unidos estão negociando com outros países para que recebam 
em liberdade os prisioneiros do centro de detenção, num esforço lento para 
fechá-lo. O Uruguai, Geórgia, Eslováquia, Arábia Saudita e Kuwait já 
receberam ex-detentos. 
 
Casamento gay – aprovação na Irlanda por referendo e 
legalização nos EUA 
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Em maio de 2015, a Irlanda se tornou o primeiro país do mundo a 
aprovar em um referendo o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Se trata 
de um acontecimento histórico para um país fortemente católico, onde até 
recentemente a Igreja Católica tinha um importante peso na política. 
A Irlanda foi um dos últimos países do mundo ocidental, a deixar de 
considerar a homossexualidade como crime. Até 1993, ser homossexual era 
ilegal e punido com a pena de prisão. O divórcio foi legalizado em 1995, os 
anticoncepcionais em 1985, e o aborto continua ilegal mesmo em caso de 
estupro. 
A Suprema Corte dos Estados Unidos legalizou em 26 de junho o 
casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país. Os 13 estados 
que ainda proibiam não podem mais barrar os casamentos entre homossexuais, 
que passam a ser legalizados em todos os 50 estados americanos. 
No Brasil, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou em 2013 uma 
resolução que obriga os cartórios de todo o Brasil a celebrar o casamento civil e 
converter a união estável homoafetiva em casamento. A resolução visa dar 
efetividade à decisão tomada em maio de 2011 pelo Supremo Tribunal Federal 
(STF), que liberou a união estável homoafetiva, dando direitos ampliados aos 
homossexuais. 
 
Papa Francisco 
O Papa Francisco visitou Cuba e Estados Unidos em setembro. Além das 
atividades religiosas nos dois países, em Cuba, o Papa se encontrou com o ex-
presidente cubano Fidel Castro. Nos Estados Unidos discursou na Casa Branca, 
no Congresso norte-americano e na Assembleia Geral da ONU. 
No Congresso dos Estados Unidos, o Papa pediu a abolição global da pena 
de morte, do comércio de armas, das hostilidades contra os imigrantes e falou 
sobre a necessidade de adotar medidas para combater a mudança climática. 
Segundo o papa, para minimizar os conflitos armados ao redor do mundo, é 
necessário acabar ao comércio de armas. 
Na Assembleia Geral da ONU, criticou os órgãos financeiros internacionais 
e o uso indiscriminado do planeta que prejudica a natureza e os mais pobres. 
Para o Papa, "Os organismos financeiros internacionais devem velar pelo 
desenvolvimento sustentável dos países e não a submissão asfixiantes destes 
por sistemas de crédito que, longe de promover o progresso, submetem as 
populações a mecanismos de maior pobreza, exclusão e dependência". Ele 
ainda condenou a “má gestão irresponsável da economia global”, que não pode 
ser guiada pela “ambição de riqueza e poder”. 
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Quanto ao aquecimento global e mudança climática, afirmou que a “sede 
de poder e propriedade material sem limites” estão prejudicando o meio 
ambiente e os mais pobres, criticando a cultura do descarte em vigor 
atualmente. O abuso e o mau uso do meio ambiente veem sempre 
acompanhado de processos de exclusão social. Os mais pobres são os que mais 
sofrem, são descartados pela sociedade. Para Francisco, a crise ecológica e a 
destruição da biodiversidade ameaçam “a própria existência da espécie 
humana”. 
Quanto as guerras e a questão nuclear disse que a guerra é a negação de 
todos os direitos e também um imenso ataque ao ambiente. O pontífice apelou 
sobre a "dolorosa situação" do Oriente Médio, do norte da África e de outros 
países africanos em que os cristãos são perseguidos e têm seus locais de culto 
destruídos. Em uma referência indireta ao Estado Islâmico, ele criticou a 
perseguição de minorias religiosas e a destruição do patrimônio cultural. 
O Papa também falou sobre o recente acordopara o fim da atividade 
nuclear no Irã, acertado com potências mundiais neste ano. "O recente acordo 
sobre a questão nuclear em uma região sensível da Ásia e do Oriente Médio é 
uma prova das possibilidades da boa vontade política e do direito, exercitados 
com sinceridade, paciência e constância", afirmou sem mencionar 
explicitamente o Irã. Também denunciou o narcotráfico que "silenciosamente 
cobra a vida de milhões de pessoas" e criticou que não é suficientemente 
combatido. 
 
6. Segurança Internacional 
A permeabilidade das fronteiras, as modificações operadas pela 
globalização e a porosidade das relações entre economia internacional 
e Estado nacional geraram novos desafios para a defesa e a segurança do 
Estado. Fatores que são apresentados como impulsionadores do declínio do 
Estado e da soberania, como o terrorismo internacional, o crime organizado, o 
narcotráfico e a ameaça de espionagem, são igualmente responsáveis pela 
ampliação e expansão de estruturas de inteligência sob comando estatal em 
quase todo o mundo. 
 
O Terrorismo 
O terrorismo é uso de violência física ou psicológica, através de ataques 
localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população 
governada, de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos 
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que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, alargando-se para a 
população do território. 
O terrorismo de Estado consiste em um regime de violência instaurado 
por um governo, em que o grupo político que detém o poder se utiliza do terror 
como instrumento de governabilidade. Caracteriza-se pelo uso da máquina de 
repressão do Estado como organização criminosa, restringindo os direitos 
humanos e as liberdades individuais. 
Na segunda metade do século XX, em muitos países da América Latina, 
chegaram ao poder ditaduras militares que estabeleceram regimes de exceção 
com restrições democráticas aos direitos humanos e às liberdades individuais. 
Contra esses regimes, levantaram-se oposições civis e grupos armados. Como 
método de dissuasão e combate às oposições, os regimes autoritários muitas 
vezes se utilizaram do terrorismo de Estado. Alguns especialistas apresentam 
como exemplo de terrorismo de Estado, a atuação do DOPS durante a ditadura 
militar brasileira, cuja tortura e acúmulo sistemático de informações sobre 
cidadãos considerados suspeitos de subversão potencializou um processo de 
terror. 
Por outro lado, a segunda metade do século XX também foi pródiga no 
surgimento e atuação de grupos guerrilheiros e terroristas na América Latina 
que se utilizavam de métodos violentos para o enfrentamento aos governos que 
se opunham. Na sua ação, muitos se utilizaram de atos terroristas como 
sequestros, assassinatos e atentados à bomba. 
Historicamente, atos que seriam tidos como terroristas foram 
considerados heroicos quando associados à luta contra a opressão ou pela 
libertação nacional. É o caso da Resistência Francesa, que lutou contra a 
ocupação nazista na II Guerra Mundial (1939-1945). 
A retórica da “guerra ao terror” do ex-presidente norte-americano George 
W. Bush levou muitos a associarem o terrorismo ao islamismo. Na verdade, há 
grupos fundamentalistas em todas as religiões. São os que enxergam nos 
textos sagrados de sua crença a orientação para a organização do Estado e da 
sociedade. É uma posição que recusa a democracia e se opõe à perspectiva 
adotada pela Revolução Francesa (1789) de separação entre religião e Estado. 
O terrorismo islâmico é uma forma de terrorismo religioso cometido por 
extremistas islâmicos. Fundamenta-se numa leitura dogmática e literal de 
trechos do Alcorão, o livro sagrado do Islã. São grupos armados que não 
contam com o apoio e a adesão da maioria da população islâmica. É um erro 
associar mecanicamente o Islã ao fenômeno do terror político contemporâneo. 
 
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O crime organizado 
Crime organizado é toda organização cujas atividades são destinadas a 
obter poder e lucro, transgredindo a lei das autoridades locais. Entre as formas 
de sustento do crime organizado encontram-se o tráfico de drogas, os jogos de 
azar e a compra de "proteção", como acontece com a Máfia italiana. 
Em cada país, as facções do crime organizado costumam receber um 
nome próprio. Assim, costuma-se chamar de Máfia ao crime organizado italiano 
e ítalo-americano; Tríade ao chinês; Yakuza ao japonês; Cartel ao colombiano e 
mexicano e Bratva ao russo e ucraniano. A versão brasileira mais próxima disso 
são os Comandos, facções criminosas sustentadas pelo tráfico de drogas e 
sequestros. 
Seja qual for a atividade à qual o crime organizado se dedique, este 
sempre enfrentará, além do combate das forças policiais de sua região de 
atuação, a oposição de outras facções ilegais. Para manter suas ações ilícitas, 
os membros de organizações criminosas armam-se pesadamente, logo pode-se 
dizer que as armas - e os assassinatos - são o sustentáculo do crime 
organizado. 
Após o fim da Guerra Fria e a queda do comunismo, o crime organizado 
se reconfigurou em nível internacional. As grandes organizações criminosas se 
diversificaram, algumas se uniram ou passaram a atuar em parceria. A 
global ização e o uso da moderna tecnologia e telecomunicações expandiram e 
enriqueceram tremendamente o crime organizado internacional. 
( CESPE/POLÍCIA FEDERAL/2015 - AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL) 
Cássio, promotor de justiça, comprou pela Internet e recebeu por 
SEDEX dois novos tipos de drogas, maconha sintética e pentedrona. As 
drogas, encomendadas como parte de uma investigação sobre o tráfico 
na Internet, foram entregues no gabinete do promotor, no Fórum 
Criminal da Barra Funda, em São Paulo, maior complexo judiciário da 
América Latina. A encomenda foi postada em Fortaleza - CE, embora o 
sítio estivesse hospedado nos Estados Unidos da América (EUA). 
Folha de S.Paulo, 26/10/2014, p. C1 (com adaptações). 
Tendo o fragmento de texto acima como referência inicial e 
considerando a relevância do tema por ele tratado no mundo 
contemporâneo, julgue o item seguinte. 
., "" 
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O episódio narrado no texto remete ao fato de que as facilidades 
introduzidas pelas inovações tecnológicas não são apropriadas apenas 
pelo sistema produtivo, por instituições diversas ou pelas pessoas 
comuns, mas também o são pela extensa rede do crime organizado que 
atua em escala global. 
COMENTÁRIOS: 
O episódio narrado já traz a resposta da questão como correta. Um 
promotor comprou drogas pela internet, portanto utilizou uma inovação 
tecnológica que se popu larizou há poucas décadas. O site onde o promotor fez a 
compra está hospedado em outro país, nos Estados Unidos. Mas o despacho da 
mercadoria não foi de algum lugar ou cidade daquele país, foi de uma cidade 
brasileira - Fortaleza, no Ceará. É uma demonstração de que o crime 
organizado atua em escala internaciona l e faz uso das inovações tecnológicas. 
A organização e a atuação do crime organizado acompanham a 
global ização, os criminosos passaram a atuar em rede e fazem uso das 
modernas tecnologias de comunicações e eletro/eletrônicas. 
Gabarito: Certo 
7. Organizações Internacionais 
Na segunda metade do século XIX, começa a formação de instituições de 
cunho mundial para organizar as atividades econômicas e políticas, cada vez 
mais globais. Vejamos as que são cobradas nas provas do Cespe. 
ONU 
A Organização das Nações Unidas (ONU) tem como objetivo manter a 
paz, defender os direitos humanos e as liberdadesfundamentais e promover o 
desenvolvimento dos países. Surge após a II Guerra Mundial, em substituição à 
antiga Liga das Nações. 
A organização é constituída por várias instâncias, que giram em torno do 
Conselho de Segurança e da Assembleia-Geral. A ONU atua em diversos 
conflitos por meio de suas forças internacionais de paz. 
A partir da ONU, foram criadas agências especializadas em temas que 
requerem coordenação global. As agências são autônomas. Além do Banco 
Mundial e do FMI , na área econômica, e da UNESCO, na de educação, algumas 
das mais conhecidas são : Organização para a Agricultura e a Alimentação 
.,., 
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(FAO), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização Mundial da 
Saúde (OMS). 
O Conselho de Segurança (CS) é considerado o centro do poder político 
mundial. A criação da ONU foi arquitetada pelas potências que emergiram com 
o fim da II Guerra Mundial: Estados Unidos, França, Reino Unido, a antiga 
União Soviética (atualmente a Rússia), e pela China. Esses países desenharam 
a distribuição do poder na ONU e até hoje são os únicos membros permanentes 
do CS. 
O CS é o órgão que toma as decisões mais importantes sobre segurança 
mundial. Tem poder para deliberar sobre o envio de missões de paz para áreas 
em conflito, definir sanções econômicas ou a intervenção militar num país. 
Além dos cinco membros permanentes, outras dez nações participam do 
CS como membros rotativos (que se revezam a cada dois anos). Todos 
participam das discussões, mas apenas os membros permanentes têm poder de 
veto. O Brasil já esteve por dez vezes como membro rotativo, mas atualmente 
não integra o CS. 
A estrutura do CS estava em harmonia com a correlação de forças do 
período da Guerra Fria (1945-1991), quando o mundo permaneceu dividido 
entre os blocos comunista e capitalista. O lado capitalista era representado por 
EUA, França e Reino Unido; o comunista, por China e União Soviética (ex-URSS, 
atual Rússia). As duas partes usavam o poder de veto para proteger suas 
respectivas áreas de influência e negociar soluções para os conflitos na esfera 
internacional. 
Com o fim da Guerra Fria (1945-1991) e um novo cenário mundial, países 
de fora do conselho, como Alemanha, Japão, Brasil e Índia, passam a 
reivindicar uma vaga permanente. As propostas de alteração encontram 
resistência dentro do Conselho de Segurança (CS) e também entre as nações 
integrantes da ONU. 
O Brasil é candidato a uma vaga de membro permanente do CS. Nos anos 
recentes, acentuou ações diplomáticas para conseguir essa vaga. De mero 
participante de missões militares das Nações Unidas, passou a chefiar desde 
2004, a Minustah, missão militar da ONU no Haiti. 
 
OEA 
A Organização dos Estados Americanos (OEA) reúne 34 países das três 
Américas e do Caribe. Cuba, excluída em 1962, é o único país do continente 
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que não pertence à OEA. A entidade possui quatro pi lares de atuação: 
democracia, direitos humanos, segurança e desenvolvimento. 
Dentro dessas áreas, trabalha de muitas formas, como na observação 
independente de pleitos eleitorais, acompanhamento de denúncias de violação 
aos direitos humanos, em negociações comerciais entre os países, ajuda 
econômica e humanitária em desastres naturais . Em 2012, por exemplo, a 
Venezuela pede para ser retirada da Comissão de Direitos Humanos da OEA, 
alegando que as decisões do órgão não são isentas. Nos últimos anos, a 
comissão denunciou o país por não punir os casos de violação de direitos 
humanos. 
CELAC 
A Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) foi 
criada em 2010 para agrupar as 33 nações da América Latina e Caribe. Sua 
composição é equivalente à da OEA, sem Estados Unidos nem Canadá. 
Teve como origem o Grupo do Rio - criado em 1986 para ampliar a 
cooperação política e ajudar na resolução de problemas internos das nações 
participantes - e a Cale - Cúpula da América Latina e do Caribe sobre 
Integração e o Desenvolvimento, formada em 2008. 
UNASUL 
A União das Nações Sul-Americanas (Unasul) é formada pelos 12 países 
da América do Sul. Criada em 2008, entrou em vigor em 11 de março de 2011, 
quando dez países haviam ratificado a adesão. Seu objetivo é articular os 
países sul-americanos em âmbito cultural, social, econômico e político. A 
entidade inaugurou a sua sede na cidade de Mitad dei Mundo, no Equador. 
(CESPE/POLÍCIA FEDERAL/2014 - AGENTE ADMINISTRATIVO) 11) A 
ONU, criada após a Segunda Guerra Mundial, tem por finalidade 
principal a manutenção da paz e da segurança internacional. 
COMENTÁRIOS: 
A ONU surge após a II Guerra Mundial, foi criada em 1945. A Organização 
tem o objetivo de manter a paz e a segurança internacional, defender os 
direitos humanos e as liberdades fundamentais e promover o desenvolvimento 
dos países. Gabarito: Certo 
-,e 
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QUESTÕES COMENTADAS 
 
(CESPE/FUB/2015) Durante cinco minutos, a torre Eiffel, um dos ícones 
da cidade-luz, ficou apagada. Em Roma, a prefeitura foi iluminada com 
as cores azul, branca e vermelha. Em Brasília, a embaixada francesa 
adotou um minuto de silêncio, assim como em outras partes do planeta. 
As homenagens às vítimas do atentado se reproduziram globalmente, 
em repúdio ao terrorismo. Fontes oficiais afirmam que um dos autores, 
de origem franco-argelina, recebeu treinamento militar da Al-Qaeda no 
Iêmen. 
Correio Braziliense. 9/1/2015 (com adaptações). 
Considerando o fragmento de texto acima como referência e os 
múltiplos aspectos relacionados ao tema por ele abordado, julgue os 
itens. 
 
01) O texto remete aos recentes atentados terroristas ocorridos em 
Paris, cujos alvos foram a redação da revista Charlie Hebdo — que 
resultou na morte de vários de seus mais conhecidos colaboradores — e 
uma mercearia especializada na venda de alimentos voltados para o 
público judeu. 
 
COMENTÁRIOS: 
 Em de janeiro de 2015, dois atentados terroristas foram cometidos contra 
a redação da revista de humor Charlie Hebdo e uma mercearia especializada na 
venda de alimentos voltados para o público judeu, em Paris. Os terroristas 
reivindicaram-se como membros da Al Qaeda na Península Arábica e do Estado 
Islâmico. 
 Gabarito: Certo 
 
02) Há consenso entre os especialistas de que as ações terroristas 
protagonizadas por seguidores radicais do Islã, como o Estado Islâmico 
e a Al-Qaeda, refletem um choque de civilizações no qual o Oriente se 
insurge contra a histórica dominação ocidental. 
 
COMENTÁRIOS: 
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 Não há consenso, o consenso na análise do mundo contemporâneo não 
existe. Quando o Cespe traz esta palavra mágica “consenso”, a questão tem 
99% de chances de estar errada. 
 Gabarito: Errado 
 
03) A expressão je suis Charlie (eu sou Charlie), presente em cartazes 
logo nas primeiras manifestações de repúdio aos atos de terror na 
capital francesa, passou a ser utilizada em várias regiões do planeta 
como forma de solidariedade aos jornalistas mortos. Por meio da 
expressão, afirma-se que a violência praticada ultrapassa suas vítimas 
diretas, atingindo a todos indistintamente. 
 
COMENTÁRIOS: 
O lema “Je suis Charlie” (“Eu sou Charlie”) foi amplamente adotado nas 
manifestações de repúdio aos atos de terror na capital francesa e pelo mundo,

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