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Plano de Avaliação

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VV II II SS EE MM EE AA DD EE SS TT UU DD OO DD EE CC AA SS OO 
 TT EE RR CC EE II RR OO SS EE TT OO RR 
 
MONITORAMENTO E AVAL IAÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS SOCIAIS – 
DESENVOLVIMENTO DE U M PLANO DE AVALIAÇÃO 
 
Autores: 
Paulo da Rocha Ferreira Borba 
Título Acadêmico: Graduado em Administração de Empresas pela FEA-USP 
Instituição: Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São 
Paulo – FEA-USP 
Endereço: Rua Lisboa, 104, apto 101-A, Jardim América – São Paulo – SP 
CEP: 05413-000 
E-mail: pfborba@uol.com.br 
Telefone: (11) 3082-9285 
 
Mário Luís Farah 
Título Acadêmico: Mestre em Administração - PUC/SP – 2003 
Instituição: Faculdade de Administração - Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) 
Endereço: Rua Cel. Melo de Oliveira, 668 - Ap. 53 - São Paulo - SP 
CEP: 050511-040 
E-mail: mariofarah@picture.com.br 
Telefone: (11) 3865 - 4913 
 
Maria Cristina Lopes Fedato 
Título Acadêmico: Graduada em Engenharia Mecanica – Poli – USP - 1986 
Instituição: Fundação Instituto Administração (FIA) 
Endereço: Rua Adib Auada, 111 - casa 49 - Cotia - SP 
CEP: 06710-700 
E-mail cristinap@fia.com.br 
Telefone: (11) 4612-5293 
 
Marco Antonio Figueiredo Milani Filho 
Título Acadêmico: Especialista em Finanças e Contabilidade - USP 
Instituição: FEA/USP 
Endereço: Rua Miranda de Azevedo, 1400 Apto 64 – São Paulo/SP 
CEP: 05027-1000 
E-mail: marcoamilani@aol.com 
Telefone: (11) 9838-3941 
 
João Teixeira Pires 
Título Acadêmico: MBA-RH 
Instituição: Fundação Instituto Administração (FIA) 
Endereço: Rua Eça de Queiroz, 527 - apto. 132 – Paraíso – São Paulo - SP 
CEP: 04011-032 
Email: joaotp@fia.com.br 
Tel: (11) 5572-0682 
 
 
2 
 
 
 
 
Resumo 
 
As mudanças que vêm ocorrendo no cenário sócio-político-econômico brasileiro nas 
últimas décadas têm dado espaço à expansão e ao fortalecimento das organizações sem fins 
lucrativos, entidades que compõem o Terceiro Setor. Este trabalho propõe-se a elaborar um 
projeto de avaliação e monitoramento de resultados para um programa social de uma 
organização sem fins lucrativos. O trabalho foi desenvolvido numa instituição filantrópica, a 
Casa Transitória Fabiano de Cristo (CTFC), responsável pelas ações sociais da Federação 
Espírita do Estado de São Paulo (FEESP). A Casa realiza diversos programas e projetos 
sociais, sendo que o escopo deste trabalho se limita ao programa de apoio a gestantes por este 
estar diretamente vinculado à missão da entidade, representando a sua atividade-chave. A 
elaboração deste projeto de avaliação se baseia em conhecimentos específicos deste campo de 
pesquisa, podendo-se destacar como princípios orientadores o caráter participativo e inclusivo 
do processo avaliativo, servindo a avaliação como ferramenta de amadurecimento e 
aprendizado para as partes interessadas no programa. Este trabalho deixa como uma 
perspectiva futura para a Casa o aprimoramento do processo avaliativo, como técnicas mais 
inovadoras de coleta de dados com o público beneficiado e o aprofundamento do estudo. 
 
Palavras – chave: terceiro setor; avaliação, programas sociais 
 
3 
“Monitoramento e Avaliação de Programas e Projetos Sociais – 
Desenvolvimento de um Plano de Avaliação” 
 
Introdução e Objetivo 
 
As mudanças que vêm ocorrendo no cenário sócio-político-econômico brasileiro nas 
últimas décadas têm dado espaço à expansão e ao fortalecimento das organizações sem fins 
lucrativos, entidades que compõem o Terceiro Setor. Por desempenharem função de interesse 
público, são crescentes as exigências para que estas entidades demonstrem transparência e 
prestem contas à comunidade, a parceiros e financiadores. Neste contexto, a avaliação de 
resultados assume um papel fundamental como ferramenta de gestão e sustentabilidade destas 
entidades. O objetivo deste trabalho é a elaboração de um projeto de avaliação e 
monitoramento de resultados para um programa social de uma organização sem fins 
lucrativos. O trabalho foi desenvolvido numa instituição filantrópica, a Casa Transitória 
Fabiano de Cristo (CTFC), responsável pelas ações sociais da Federação Espírita do Estado 
de São Paulo (FEESP). A Casa realiza diversos programas e projetos sociais, sendo que o 
escopo deste trabalho se limita ao programa de apoio a gestantes. Este programa foi 
selecionado por estar diretamente vinculado à missão da entidade, representando a sua 
atividade-chave. A elaboração deste projeto de avaliação se baseia em conhecimentos 
específicos deste campo de pesquisa, podendo-se destacar como princípios orientadores o 
caráter participativo e inclusivo do processo avaliativo, servindo a avaliação como ferramenta 
de amadurecimento e aprendizado para as partes interessadas no programa. O escopo deste 
trabalho se limita à elaboração do projeto de avaliação e capacitação da entidade para sua 
implementação. Este estudo traz contribuições no campo de pesquisa organizacional, 
especificamente sobre o tema Avaliação de Projetos e Programas Sociais. 
 
Fundamentação Teórica 
 
O Terceiro Setor no Brasil 
As enormes, rápidas e profundas modificações observadas no cenário mundial estão a 
exigir da sociedade novas formas de articulação dos grupos sociais, visando dar respostas 
mais efetivas às complexas demandas sociais decorrentes desses movimentos. Neste contexto, 
surge um tipo de organização singular, caracterizada nem pela ligação com o Estado nem 
objetivada ao lucro, como se espera das empresas, e sim pelo atendimento às demandas 
sociais, recebendo seu conjunto a denominação de Terceiro Setor. 
Dentro deste contexto, o chamado Terceiro Setor pode ser definido como “o espaço 
composto por organizações privadas, sem fins lucrativos, cuja atuação é dirigida a 
finalidades coletivas ou públicas” (Fischer, 2002:45). Trata-se de um campo de estudos 
recente, ainda marcado pela grande heterogeneidade de abordagens, classificações e 
conceitos, que refletem tanto a diversidade de organizações que compõem o setor, quanto o 
olhar que se coloca sobre o fenômeno em estudo, conduzindo a diversas indagações e 
questionamentos acerca de sua caracterização e gestão, pois além de congregar 
representativas parcelas da sociedade civil organizada, apresenta números significativos 
enquanto recursos envolvidos e usuários atendidos. Este complexo universo de organizações 
se constitui em terreno fértil para a Administração, por intermédio da investigação dos 
fenômenos concernentes ao seu desenvolvimento e gestão. A multiplicidade de organizações 
pode ser observada mediante a análise empreendida por Falconer (1993: 94), a qual classifica 
o Terceiro Setor brasileiro em “(1) o setor formado por instituições religiosas (...), (2) as 
organizações não-governamentais e novos movimentos sociais, (3) os empreendimentos ‘sem 
 
4 
fins lucrativos no setor de serviços’, (4) o setor para-estatal e nascido sob a tutela do Estado 
e (5) o setor das fundações e entidades empresariais”. 
Apesar da ampliação e o fortalecimento da atuação destas organizações, isto não tem 
resultado em uma identidade própria para o setor, pois conforme assevera Falconer (1999: 
91), “as organizações que formam o terceiro setor brasileiro estão divididas em linhas que 
refletem suas origens em grupos sociais diversos, que espelham este abismo social 
encontrado na sociedade bem como a diversidade de interesses existentes. No contexto em 
que surgem há poucos elementos e incentivos para a criação ‘espontânea’ de uma identidade 
de setor” que se caracteriza por um grande número de organizações com características, 
origens, finalidades, portes e recursos os mais diversos. A diversidade de organizações do 
Terceiro Setor existentes no Brasil dificulta a formação de um perfil claramente delineado em 
relação a aspectos comuns entre si, como seu propósito, fontes de financiamento, origem,etc. 
As diferentes tipologias disponíveis na literatura não conseguem nem a unanimidade dos 
estudiosos, nem tampouco a sinalização na direção de um caminho mais fluido e instrumental. 
A classificação internacional proposta por Salamon & Anheier (apud Hudson, 1999: 236) 
prevê a divisão das organizações em doze grupos: cultura e recreação; educação e pesquisa; 
saúde; serviços sociais; meio ambiente; desenvolvimento e habitação; direito, advocacy e 
política; intermediários filantrópicos e promoção do voluntariado; atividades internacionais; 
religião; associações profissionais e sindicatos; e não classificados em outros grupos. No 
entanto, como a utilização deste sistema não é unânime entre pesquisadores da área e para 
uma melhor contextualização da organização pesquisada neste estudo, adotamos outras 
tipologias propostas por autores que abordam, embora com diferenças, o universo constituído 
pelas entidades filantrópicas e religiosas, como Mendes (1999:11) que propõe a seguinte 
classificação: “organizações sem fins lucrativos; associações; entidades filantrópicas, 
beneficentes ou de caridade; fundações; e organizações não governamentais”. 
Outra possibilidade é a tipologia proposta por Fischer (2002:47), que enfatiza as 
origens e o desenvolvimento histórico do terceiro setor no Brasil, classificando as 
organizações que compõem o terceiro setor em “entidades tradicionais, laicas e religiosas; 
organizações não-governamentais, entidades paraestatais; entidades associativas; e 
entidades de iniciativa empresarial”. Segundo a autora, as associações laicas e religiosas 
remontam o próprio surgimento do terceiro setor no Brasil, cuja presença data do período 
colonial brasileiro. O papel inicialmente desempenhado pela Igreja Católica na criação e no 
apoio a entidades associativas diversas, posteriormente passou a ser assumido por outras 
instituições religiosas, principalmente nas áreas de educação e assistência social. Já as 
associações voluntárias laicas assumem destaque apenas a partir do final do século XIX. 
Desta forma, no Brasil, como no mundo, a assistência social historicamente possui, em suas 
raízes, uma forte associação com doutrinas religiosas, cujo principal componente é o caráter 
assistencialista das ações empreendidas. 
 
Avaliação de Projetos e Programas Sociais 
 
Delimitação do Marco Conceitual 
Os recentes movimentos de ocupação dos espaços “públicos não-estatais”, no que se 
refere a ações sociais no Brasil, vêm demonstrando a crescente importância do papel das 
organizações da sociedade civil sem fins lucrativos. Dentro desse processo de consolidação de 
papéis, tem-se criado pressões junto aos setores público e privado no sentido de garantir 
transparência no uso de recursos e efetividade das políticas públicas e programas sociais 
exercidos neste contexto. Desse modo, a avaliação de programas e projetos sociais tem 
 
5 
assumido papel fundamental, sendo objeto de um contínuo aperfeiçoamento em seu 
entendimento e em sua aplicação. 
No escopo deste trabalho, utilizaremos a seguinte definição de avaliação, conforme 
mencionada em Chianca (2001:16), como ponto de partida para reflexão do escopo envolvido: 
“A coleta sistemática de informações sobre as ações, as características e os resultados de um 
programa, e a identificação, esclarecimento e aplicação de critérios, passíveis de serem 
defendidos publicamente, para determinar o valor (mérito e relevância), a qualidade, 
utilidade, efetividade ou importância do programa sendo avaliado em relação aos critérios 
estabelecidos, gerando recomendações para melhorar o programa e as informações para 
prestar contas aos públicos interno e externo ao programa do trabalho desenvolvido”. 
Complementando esta definição, torna-se relevante destacar o caráter de 
aprendizagem contido no entendimento de um processo avaliativo. Segundo Silva e Brandão 
(2003), pode-se entender avaliação como a elaboração, negociação e aplicação de critérios 
explícitos de análise, em um exercício metodológico cuidadoso e preciso, com vistas a 
conhecer, medir, determinar ou julgar o contexto, mérito, valor ou estado de um determinado 
objeto, a fim de estimular e facilitar processos de aprendizagem e de desenvolvimento de 
pessoas e organizações. A idéia central é que os processos avaliativos ajudem os envolvidos a 
encontrar seus próprios caminhos de aprendizagem e desenvolvimento, e que ampliem o nível 
de consciência dos empreendedores sociais. Para cumprir estes objetivos, o papel da avaliação 
precisa transcender a fiscalização ou controle, abrangendo uma intensa reflexão que deve ser 
feita com todos os envolvidos no processo. Como apontam Chianca, Marino e Schiesari 
(2001):“A aprendizagem do adulto no contexto organizacional ou em outros sistemas sociais 
só é possível através de um processo contínuo de ação e reflexão. A reflexão ocupa um papel 
fundamental: provocar mudanças nas ações dos indivíduos. Este é especificamente o papel da 
avaliação: construir momentos reflexivos que permitam aos indivíduos a análise da realidade 
e dos fatos, para daí direcionarem suas ações, aprendendo pela experiência”. 
A definição de avaliação proposta por Chianca (2001:16) menciona explicitamente a 
avaliação de um programa. Podemos encontrar, também, a avaliação de um projeto. Segundo 
Armani (2001:18) “podem-se identificar três níveis de formulação da ação social: 
a) o nível dos grandes objetivos e eixos estratégicos de ação (a política); 
b) um nível intermediário em que as políticas são traduzidas em linhas mestras de ações 
temáticas e/ou setoriais (programas); e 
c) o nível das ações concretas, delimitadas no tempo, no espaço e pelos recursos 
existentes, que possam realizar os programas e as políticas, ou seja, os projetos”. 
No contexto de programa, entendemos atividades que são oferecidas em bases contínuas. Já 
no contexto de projeto, entendemos atividades que são oferecidas por um período 
determinado de tempo. 
Para efeito deste trabalho, a avaliação aqui concebida e analisada se presta a avaliação 
de um projeto social específico de assistência a gestantes carentes dentro de uma organização 
não lucrativa denominada “Casa Transitória Fabiano de Cristo”. A avaliação global de 
projetos e programas sociais pode ser subdividida nas seguintes avaliações: 
· avaliação do marco zero, 
· avaliação de processo ou formativa, e 
· avaliação somativa (Chianca, 2001). 
Segundo Chianca (2001:18) “a avaliação do marco zero ocorre antes da instalação de 
um determinado programa ou projeto e serve para orientar a equipe responsável por ele no 
planejamento das ações, garantindo o máximo de proximidade às reais necessidades e 
expectativas dos futuros usuários”. Ainda segundo Chianca (2001:17), a avaliação de 
processo ou formativa “tem como objetivo prover informações essenciais sobre um 
 
6 
determinado programa para que os gestores possam introduzir mudanças a fim de melhorá-lo 
ainda durante seu processo de implementação”. Já a avaliação de produto ou somativa é 
conduzida após o término de um programa ou projeto, servindo basicamente para julgar o 
mérito e a relevância de um programa ou projeto em relação a determinados critérios 
(Chianca, 2001:18). 
Marino (1998 :23) acrescenta a chamada avaliação de impacto afirmando que “o 
efeito final ou impacto de um projeto deve ser examinado após o período de implementação 
das ações”(Marino,1998:23). Os indicadores de resultados devem ser comparados àqueles 
iniciais, observados no Marco Zero. Para que seja possível a avaliação de um projeto ou 
programa social, deve-se fazer um esforço, desde o planejamento inicial das atividades, para 
identificar e desenvolver indicadores de resultados do projeto. Segundo Valarelli (1999), “em 
projetos sociais, indicadores são parâmetros qualificados e/ou quantificados que servem para 
detalhar em que medida osobjetivos de um projeto foram alcançados, dentro de um prazo 
delimitado de tempo e numa localidade específica”. Ainda segundo o autor são uma espécie 
de marca ou sinalizador, que busca expressar e demonstrar a realidade sob uma forma que 
possamos observar e obter dados mais concretos para melhor avaliação. Os indicadores 
indicam mas não são a própria realidade. “Baseiam-se na identificação de uma variável, ou 
seja, algum aspecto que varia de estado ou situação, variação esta que consideramos capaz de 
expressar um fenômeno que nos interessa” (Valarelli, 1999). Marino (1998) considera, ainda 
sobre a questão dos indicadores de resultados, que os objetivos do projeto ou programa e as 
perguntas formuladas para orientar a avaliação são importantes fontes para se definir os 
indicadores de resultados parciais ou finais. 
Ao pensarmos em indicadores para projetos e programas sociais, deparamo-nos com 
dificuldades adicionais para defini-los e interpretá-los adequadamente. Segundo artigo da 
Profa. Rebecca Raposo (in Ávila, 2001:98), “a diversidade de ações sociais, bem como os 
diferentes cenários e conjunturas onde ocorrem, torna inconveniente, quando não injusta para 
com as diferenças sociais, a definição de um conjunto de indicadores-padrão”. A autora 
propõe uma melhor compreensão dos possíveis impactos dos projetos e programas, ao 
visualizar, primeiramente, as ações inseridas num foco localizado e pontual. Depois, ao 
considerar uma série de variáveis, verificar o impacto de uma forma ampliada, podendo 
atingir, em alguns casos, o chamado plano das políticas públicas. Ao mesmo tempo, propõe o 
impacto tangível, mais facilmente mensurável, e o impacto intangível, que pode ser 
mensurado pela observação e mais facilmente contaminável pelas variáveis subjetivas (Ávila, 
2001:99). Uma pergunta que se coloca neste momento, diz respeito a qual seria a combinação 
mais adequada de indicadores quantitativos e qualitativos e quantos seriam necessários para 
fornecer uma base confiável de informação para o monitoramento e a avaliação. Segundo 
Armani (2001), um bom sistema de indicadores deve: ter mais indicadores nos níveis de 
atividades e resultados e menos no nível de objetivo geral; conter um número de indicadores 
adequado para o projeto, trazendo informações importantes porém não em excesso, de modo a 
facilitar a operacionalização da avaliação; fazer com que o processo de definição de 
indicadores seja o mais participativo possível, envolvendo todos os principais atores do 
projeto; promover reflexões periódicas com os atores ao longo de todo o projeto; explicitar os 
meios de verificação e coleta de dados, bem como seus responsáveis; e buscar fazer uso de 
informações já existentes ou de simples produção, com o objetivo de otimizar o uso de 
recursos. 
 
Processos de Avaliação de Projetos e Programas Sociais 
 
7 
Chianca (2001), propõe um modelo de etapas de planejamento, execução e 
análise/divulgação dos resultados da avaliação. Os principais itens identificados pelo autor 
são: 
a) PLANEJAMENTO: 
- Estudo da viabilidade: determinação dos interessados, quem deve conduzir, como 
selecionar os avaliadores, e o porque e quando avaliar; 
- Esclarecimento de objetivos da avaliação e análise do contexto: determinação do que 
avaliar e mapeamento do contexto político envolvido (relações de poder, interesses); 
- Identificação e seleção de perguntas avaliativas; 
- Identificação de indicadores: índices relacionados às perguntas avaliativas; 
- Seleção de fontes e métodos de informação: determinação de amostras, métodos de 
análises de dados e determinação de forma de comunicação dos resultados obtidos na 
avaliação. 
b) EXECUÇÃO DA AVALIAÇÃO 
- Atentar para aspectos políticos e éticos durante a avaliação: não se deve permitir que 
valores individuais e interesses influenciem a avaliação; 
- Coleta de dados: sempre testar os instrumentos de coleta, capacitar profissionais que 
coletam os dados, fazer cópia dos dados coletados, checar dados anotados. Focar a 
simplicidade, buscar sempre incluir mais de uma fonte de informação e método de coleta 
de dados no estudo, procurar combinar métodos qualitativos e quantitativos. Quanto aos 
métodos, procurar combinar os seguintes métodos: análise de documentos; observação, 
questionários; entrevistas individuais; entrevistas por telefone; entrevistas em grupo – 
foco. 
c) ANÁLISE DE RESULTADOS 
- A fase de análise envolve o manuseio e interpretação de dados quantitativos (freqüências, 
médias, desvios-padrão, quantidades), dados qualitativos (agrupamento de respostas em 
categorias, análises de campo) 
d) DIVULGAÇÃO E UTILIZAÇÃO DOS RESULTADOS 
- Elaboração de relatórios para cada público de interesse envolvido no processo; 
- Os constituintes principais dos relatórios de avaliação são: resumo executivo; introdução; 
descrição do foco de avaliação; metodologia; resultados; conclusões e recomendações; 
anexos. 
- Avaliação da avaliação: análise crítica do processo de avaliação, analisando pontos fortes, 
dificuldades e pontos a melhorar no processo como um todo. 
De maneira geral, os processos avaliativos, a nosso ver, devem apresentar uma 
abordagem pluralista, que envolva aspectos qualitativos e quantitativos, e centrada nas 
relações entre o sistema de ação e a lógica dos atores. Os processos são enriquecidos quando 
há o envolvimento de diferentes atores e a preocupação em se criar um sistema diversificado 
de indicadores, combinando conceitos, meios de coleta e diferentes responsáveis. 
 
Metodologia 
 
Este trabalho baseia-se no estudo de caso de um programa social de uma organização, 
selecionada por conveniência, para o qual foi criado um plano de avaliação de resultados.Os 
dados primários foram obtidos através de entrevistas semi-estruturadas. Os roteiros foram 
elaborados com base na literatura e em experiências vivenciais. Foram realizadas duas 
entrevistas em grupo com a equipe da Casa e do Programa, com o objetivo de envolver e 
sensibilizar estes atores para a importância do processo avaliativo. Também foram ouvidos o 
dirigente da Casa, os dirigentes do Programa e também uma instrutora do Programa. 
 
8 
Juntamente com este grupo foram definidos a pergunta avaliativa e os principais indicadores 
de resultados. O público beneficiado foi ouvido através de entrevista a uma amostra aleatória. 
O principal objetivo desta etapa foi aferir as expectativas e necessidades das beneficiadas. Os 
dados obtidos propiciaram também um melhor entendimento do Programa e serviram de 
referência para o detalhamento dos indicadores de resultado. Os dados secundários da 
organização e do programa foram obtidos a partir de documentos da organização e de 
registros de dados específicos do Programa, tendo servido de fontes de informações sobre o 
histórico e características da organização e do programa. Todos os dados coletados foram 
submetidos a uma análise de conteúdo. 
 
A Casa Transitória Fabiano de Cristo 
 
Histórico e Caracterização 
A Casa Transitória “Fabiano de Cristo” – CTFC – surgiu como uma necessidade 
decorrente da expansão das atividades assistenciais da Federação Espírita do Estado de São 
Paulo – FEESP. A FEESP foi fundada em 12/07/1936 na cidade de São Paulo, tendo como 
uma de suas finalidades a criação, manutenção e orientação de instituições e serviços 
assistenciais de amparo e reajustamento de necessitados em geral, em consonância com o 
princípio doutrinário que preconiza. As suas atividades assistenciais começaram a ser 
desenvolvidas no local onde hoje ainda situa-se a sua sede, na região central da cidade, e 
desenvolveram-se desde então. Conforme Ary Lex1 , em 1948 passou a oferecer consultas 
médicas e odontológicas gratuitas e em 1953 foram registradas 2.875 consultas homeopáticas 
e 164 alopáticas, além de atendimento odontológico a 4.717 pessoas e farmacêutico a 3.763.(Lex, 1996). Assim, o atendimento da infância e parturientes carentes sempre foi uma das 
preocupações da Instituição. 
Fundada em 1960, a CTFC rapidamente aumentou a quantidade de atendimentos, 
realizando em 1968 o total de 9.933 consultas médicas e 8.934 odontológicas, entre outros 
serviços. Nas décadas seguintes, outras atividades foram criadas não somente para o 
atendimento da saúde, mas também na área da educação. Em 1999, o número de registros de 
atendimento somou 39.006 pessoas (Fernandes, 2000). Atualmente a instituição possui cerca 
de 700 voluntários regulares, isto é, com tarefas semanais e presença constante. No banco de 
dados existem cerca de 4 mil pessoas cadastradas no voluntariado, mas sem presença regular 
ou encontram-se inativas. 
 
Programa de Orientação Maternal 
O atual programa de Orientação Maternal surgiu em 1956, decorrente da própria 
atividade de assistência social da FEESP. A assistência nunca se restringiu ao simples amparo 
material e orientações básicas sobre saúde, higiene e cuidados domésticos, mas 
fundamentalmente visou a estruturação familiar em alicerces morais e ao estímulo de 
melhores condições socioeconômicas através de cursos profissionalizantes ou atividades 
geradoras de renda. Considerada a fundadora da Orientação Maternal, a Sra. Cecília Fragoso 
Pinheiro Dias (1917-), educadora profissional, ingressou na FEESP nos inícios dos anos 50 e 
passou a freqüentar a 1ª turma do curso de Aprendizes do Evangelho, criada pela instituição. 
Ao final do curso, foi convidada por seu professor e futuro fundador da Casa Transitória, o Sr. 
José Gonçalves Pereira, a participar das atividades de assistência social desenvolvidas pela 
FEESP. A Sra. Cecília integrou o grupo de visitadores que tinha como função avaliar as 
 
1 Dr. Ary Lex, médico formado pela Faculdade de Medicina da USP, foi diretor do centro cirúrgico do Hospital 
das Clínicas (SP) e professor universitário. Atuou como voluntário e Conselheiro da FEESP de 1942 a 1988. 
 
9 
condições socioeconômicas das famílias cadastradas que recebiam assistência regularmente, 
verificando se as mesmas já haviam sido promovidas socialmente e se ainda possuíam reais 
necessidades de continuarem como assistidas. Após a fundação da Casa Transitória, a Sra. 
Cecília organizou as atividades que permanecem seguindo a proposta inicial até hoje. 
 
Características do Programa 
a) Perfil da gestante assistida: baixa renda ou desempregada; solteira ou abandonada; e baixa 
possibilidade de inserção social 
b) Enfoque dos cursos: saúde da mulher e da criança; orientação moral e assistência espiritual; 
treinamento para obtenção de renda complementar (cursos de corte e costura, manicure, 
cabeleireira e culinária) 
c) Duração: 30 aulas de 90 minutos cada, oferecidas duas vezes por semana às mulheres que 
encontram-se com gestação entre três e cinco meses; 10 aulas de 90 minutos cada, oferecidas 
uma vez por semana às mulheres que encontram-se com gestação entre seis e sete meses. 
O tempo médio de permanência das gestantes nas atividades do programa é de seis 
meses, com um índice de conclusão de 75%. Após a finalização das aulas, a mulher pode 
freqüentar por mais quinze semanas os cursos de complementação de renda. A evasão 
verificada é atribuída, conforme os responsáveis pelos cursos, à dificuldade financeira para o 
transporte até a CTFC. Apesar de haver a orientação doutrinária durante o curso, o 
atendimento não exige qualquer vínculo com o Espiritismo, fato este comprovado pelas 
diferentes religiões professadas pelas gestantes. Os benefícios materiais recebidos durante o 
período do programa, como lanche, enxoval para o bebê e mantimentos, sugerem ser o maior 
atrativo para a freqüência, não ignorando os benefícios intangíveis percebidos pelas gestantes 
e relatados como fundamentais em depoimentos e manifestações escritas ao término do curso. 
 Para manter esta estrutura o programa de Orientação Maternal conta com 75 
voluntárias que atuam como instrutoras ou coordenadoras das turmas. Historicamente são 
matriculadas semestralmente cerca de 600 gestantes, distribuídas em 20 novas turmas. Em 
2003, o número de mulheres matriculadas foi de 1030. 
 
Resultados – Projeto de Avaliação 
 À luz da contribuição teórica dos diversos autores apresentados e através de três 
seções de entrevista com os responsáveis e beneficiários do programa “Orientação Maternal” 
tornou-se possível elaborar um Projeto de Avaliação para este programa, a fim de que um 
melhor controle e monitoramento das ações, além de um aprendizado contínuo, 
“empoderasse” os responsáveis pelo programa, principalmente, o diretor da Casa Transitória e 
as coordenadoras do próprio programa, no sentido de que os objetivos e os meios para 
alcançá-los pudessem ser melhor definidos. 
 Em um primeiro momento, definiram-se algumas perguntas avaliativas, em reunião 
com o diretor da Casa Transitória e coordenadora do programa, a partir dos objetivos da Casa, 
ou seja, “amparar a criança reajustando-lhe a família”, e do programa “Orientação Maternal”. 
Assim, foram levantadas, inicialmente, quatro questões: 
- Em que medida o programa contribuiu para a melhoria da vida em família? 
- Em que medida o programa contribuiu para a melhoria da vida da própria gestante 
/ mãe? 
- Em que medida o programa contribuiu para a melhoria de vida deste filho em 
relação aos outros já existentes? 
- Em quais aspectos ocorreram melhorias concretas? De renda, saúde, educação, 
higiene ou psicológicos? 
 
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A partir destas quatro questões iniciais, o grupo de trabalho e os responsáveis pelo 
programa optaram por reduzi-las para apenas duas, visando maior foco e precisão do objetivo. 
Sendo assim, as duas perguntas avaliativas consensuais foram: 
- Em que medida o programa contribuiu para a melhoria da vida em família? 
- Em quais aspectos ocorreram melhorias visíveis? De saúde, higiene, relações 
familiares e cuidados com o bebê? 
Com as duas perguntas avaliativas definidas, iniciou-se um processo conjunto de 
definição de alguns indicadores com os responsáveis pelo programa e com o próprio público 
beneficiário, ou seja, as gestantes participantes dos cursos, em entrevistas semi – estruturadas 
separadas, a fim de evitar possíveis vieses. 
Através destas entrevistas, identificou-se a existência de um marco zero (Armani, 
2001) para o processo avaliativo, como o prontuário (vide anexos) preenchido pela 
interessada em participar do programa e o relatório de visita (vide anexos) realizada por 
colaboradores do programa a fim de constatar as reais condições de vida da gestante candidata 
a uma vaga do curso. 
Assim, a situação inicial das gestantes participantes do programa poderia ser 
facilmente obtida, já que se constituía em procedimentos já realizados pelos colaboradores do 
programa. Além disso, com base no referencial teórico e nas entrevistas, três dimensões de 
indicadores (Chianca, 2001) puderam ser elaborados: 
- Dimensão da Gestão; 
- Dimensão do Processo e 
- Dimensão do Impacto Social. 
No que se refere à Dimensão da Gestão, alguns indicadores simples, porém 
importantes, poderiam ser criados rapidamente a fim de que ocorresse um melhor 
monitoramento das atividades. Os indicadores desta dimensão seriam: 
- Custo do Programa em R$ / Número Total de Beneficiários; 
- Número Total de Colaboradores / Número Total de Beneficiários e 
- Taxa de Evasão. 
Estes indicadores, conforme pode ser observado, seriam estritamente quantitativos e 
de relativa facilidade de mensuração, porém, muito importantes, na medida em que 
permitiriam um melhor controle da eficiência do programa e serviriam até mesmo como fonte 
de informações para problemas ainda maiores do programa, como é o caso da Taxa de 
Evasão. Vale observar que a importância deste indicador foi muito enfatizadapelos 
responsáveis pelo programa, já que, atualmente, a taxa alcançaria níveis de aproximadamente 
25%, o que prejudicaria muito o andamento do programa e a consecução dos objetivos. Este 
indicador, inicialmente apenas quantitativo, estimularia a busca pelas razões e motivos da 
evasão, como, por exemplo, o custo do transporte para se chegar à Casa Transitória, 
enriquecendo muito o processo avaliativo. 
O responsável pelos indicadores desta dimensão seria a gestora do programa, já que 
esta pessoa estaria em contato direto com estas questões, utilizando-se de documentos 
internos para a coleta de dados e em uma periodicidade trimestral. 
Por sua vez, a Dimensão do Processo seria constituída por indicadores obtidos através 
das próprias gestantes, ao final de cada curso, em um processo participativo composto por 
duas fases. Em uma primeira fase, alguns questionários previamente elaborados seriam 
preenchidos pelas gestantes participantes do curso e, em uma segunda fase, seria realizado um 
grupo focal semi - estruturado com a participação das gestantes e de um facilitador. Os 
indicadores desta dimensão seriam: 
- Principal necessidade atendida; 
- Assuntos de maior interesse dos cursos; 
 
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- Grau de entendimento do conteúdo; 
- Percepção quanto ao instrutor; 
- Percepção quanto às instalações e 
- Sugestões. 
O responsável direto por esta dimensão seria o instrutor de cada turma, porém, no caso 
da condução do grupo focal, este seria substituído pela figura de um facilitador, evitando-se 
vieses cognitivos e outras influências nas respostas das gestantes. Desse modo, os 
instrumentos de coleta de informações seriam o questionário e o grupo focal, ambos sendo 
aplicados ao término de cada turma. Assim, o grupo focal serviria como uma espécie de maior 
estimulação de participação das gestantes, ao invés da aplicação exclusiva e pouco interativa 
do questionário. 
Finalmente, a dimensão do impacto social consistiria em indicadores qualitativos e um 
pouco mais custosos, entretanto, seriam essenciais para a constatação de resultados reais nas 
vidas das gestantes beneficiárias. Além disso, a existência de prontuários preenchidos pelas 
gestantes e os relatórios de visitas realizadas ao seu domicílio constituiria importante fonte de 
informações do marco zero da situação social das gestantes, o que serviria de base de 
comparação em relação à situação social posterior à participação no curso. Desse modo, a 
partir das diretrizes obtidas nas entrevistas com as gestantes e com os responsáveis pelo 
programa, do conteúdo programático dos cursos (vide anexos) e dos aspectos levantados nos 
prontuários e nos relatórios de visita como habitação, higiene e saúde, relacionamento 
familiar, processos jurídicos, aspectos espirituais e necessidades materiais, foram elaborados 
os seguintes indicadores de impacto social: 
- Aspectos gerais de higiene; 
- Condições de saúde; 
- Cuidados com o bebê; 
- Relações familiares. 
Esta dimensão reveste-se de importância fundamental, na medida em que permite 
observar os resultados reais e concretos que o programa alcançou na vida das beneficiárias. 
Os responsáveis pela coleta de informações seriam os mesmos assistentes sociais que 
realizam a triagem inicial e os mesmos colaboradores que realizam as visitas às casas das 
gestantes no início do curso. Dessa forma, através do relatório de visita ao final do curso, seria 
possível comparar as situações inicial e final social da gestante, ou seja, observar o impacto 
social alcançado pelo programa. A periodicidade da coleta destas informações qualitativas 
ocorreria três meses após a conclusão do curso pelas gestantes. 
Assim, através da definição deste projeto de avaliação, seria possível para os 
responsáveis pelo programa iniciarem um processo avaliativo e de aprendizagem contínuos, 
permitindo a definição mais clara dos objetivos do programa, um melhor controle e 
monitoramento das atividades, e uma constatação mais adequada e precisa dos efeitos 
concretos na vida das gestantes atendidas. É importante observar que todo este processo de 
construção do projeto de avaliação foi realizado com a participação dos responsáveis pelo 
programa e do público beneficiário, já que de outra forma não seria possível identificar as 
necessidades e expectativas dos envolvidos no programa “Orientação Maternal”. 
Além disso, este projeto de avaliação necessitará periodicamente de uma meta - 
avaliação, ou seja, as pessoas diretamente envolvidas com o programa serão responsáveis pelo 
próprio desenvolvimento e aprimoramento do processo avaliativo, já que este trabalho 
constituiu-se apenas de um ponto de partida do processo e de um meio de sensibilização dos 
responsáveis pela necessidade de avaliação sistemática de programas sociais como o 
“Orientação Maternal”. 
 
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Considerações Finais 
 
Ao longo do trabalho observou-se que os colaboradores da Casa Transitória um 
grande interesse e disponibilidade para a avaliação de resultados de seus projetos e 
programas. Enquanto algumas organizações muitas vezes se mostram refratárias à intervenção 
de avaliadores, baseadas numa visão ainda punitiva da avaliação, a Casa demonstra uma 
significativa disponibilidade para rever o programa e implementar melhorias a partir do 
processo avaliativo. Além disso, também observou-se que são as ações assistenciais do 
Programa aquelas que atraem o público para ele, tais como distribuição de alimentos e 
enxovais. As ações que procuram fortalecer as beneficiadas como cidadãs e que vão além do 
assistencialismo trazem um benefício que vai além das expectativas iniciais das gestantes. 
Esta constatação nos leva a refletir sobre o papel do assistencialismo como medida necessária 
para a criação de condições mínimas de aprendizado e protagonismo de populações 
extremamente carentes. 
O referencial teórico utilizado nos levou a propor à Casa um processo avaliativo 
altamente participativo, inclusivo e empoderativo. Entretanto, a Casa se mostrou ainda 
imatura neste tema e neste caminho, dando diversos indícios de que desejava que o projeto 
fosse desenvolvido e proposto pela nossa equipe, no papel de avaliadores e especialistas 
externos. Esta constatação nos sugere que práticas mais participativas de avaliação dependem 
de um amadurecimento da cultura de avaliação das entidades. Portanto, a proposta de 
avaliação foi elaborada levando em consideração a atual capacidade da organização em 
absorver e efetivamente utilizar os métodos propostos. Este trabalho deixa como uma 
perspectiva futura para a Casa o aprimoramento do processo avaliativo, podendo ser incluídas 
técnicas mais inovadoras de coleta de dados com o público beneficiado, bem como o 
aprofundamento do estudo da evasão do Programa. 
 
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Projetos Sociais . Porto Alegre: Tomo, 2001. 
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MENDES, Luiz Carlos Abreu. Visitando o Terceiro Setor (ou parte dele). IPEA, Texto para 
Discussão n.647, Brasília, Maio 1999. 
 
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