Buscar

A IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RESBCAL, São Paulo, v.1 n.3, p. 263-269, jul./ago./set. 2012 263
ISSN 2238-1589
RE
SU
MO
breve comuNIcação
Centro de Experimentação Animal, Instituto 
Oswaldo Cruz (IOC), Fundação Oswaldo Cruz 
(Fiocruz) – Rio de Janeiro, Brasil.
Autor para correspondência: 
Carlos Alberto Müller
E-mail: camuller@ioc.fiocruz.br
Recebido para publicação: 15/04/2012
Aceito para publicação: 02/08/2012
A IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E 
O TRABALHO EM EQUIPE NO BIOTÉRIO DE ExPERIMENTAÇÃO
maria alice do amaral Kuzel, Tatiana Pádua Tavares de Freitas, Giuliana viegas Schirato, 
Jenif braga de Souza, carlos alberto müller 
O objetivo do presente trabalho foi demonstrar a necessidade da presença do médico 
veterinário nas pesquisas e no monitoramento dos procedimentos e das rotinas rea-
lizadas nos Biotérios de Experimentação, independentemente do tipo de instalações 
dos mesmos; e a importância da qualificação profissional dos técnicos que atuam 
nos Biotérios de Experimentação. Com base no levantamento de pontos críticos dos 
biotérios do Centro de Experimentação Animal do Instituto Oswaldo Cruz (CEA/IOC), 
foram identificados os riscos das atividades realizadas, que, consequentemente, foram 
minimizados devido à presença do médico veterinário e de suas orientações aos técnicos 
do biotério e usuários (pesquisadores, tecnologistas, alunos de pós-graduação e técni-
cos de outros laboratórios). Foram observados os técnicos dos biotérios do CEA/IOC, 
após as orientações supra-citadas e aos cursos de capacitação profissional oferecidos 
pela instituição, tais como: Curso de Especialização para Técnicos, de Biossegurança 
em Laboratório de Pesquisa Biomédica, de Biossegurança em Biotérios, de Boas Prá-
ticas de Laboratório e de Prevenção de Incêndios. Diante do exposto, recomenda-se 
que os profissionais devem ser capacitados para exercer o manuseio e a pesquisa 
em animais, dentro destes conceitos. Devido à presença do médico veterinário e de 
suas orientações aos técnicos do biotério e usuários, e da capacitação oferecida aos 
bioteristas do CEA/IOC, como também o aumento da preocupação com o bem-estar e 
a segurança dos profissionais e dos animais envolvidos na experimentação, os riscos 
foram minimizados. A mudança de procedimentos nas rotinas aplicadas é eficaz para 
que os animais possam responder satisfatoriamente aos experimentos neles realizados 
e para que haja segurança aos que os manipulam. CEUA/Fiocruz LW-38/11, LW-08/10, 
L-024/09, LW-42/11.
Palavras-chave: Biotério. Médico veterinário. Biossegurança. Técnico em biotério.
1 INTRODUÇÃO 
O uso científico de animais de laboratório 
ainda é absolutamente necessário para produzir 
avanços na compreensão dos fenômenos biológi-
cos, bioquímicos, fisiológicos, comportamentais 
e de processos patológicos e indispensáveis, até o 
presente momento, na produção e no controle da 
qualidade de imunobiológicos e fármacos. Devido 
a pouca disponibilidade de métodos alternativos 
e/ou substitutivos, é necessário o estabelecimento 
de uma cultura de cuidados com os animais, com 
consciência e responsabilidade, que preservem 
o seu bem-estar e levem também, à melhoria e 
à confiabilidade das descobertas científicas1. Os 
investigadores e as instituições de pesquisa, ensino 
e produção possuem a responsabilidade moral, 
A IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E O TRABALHO EM EQUIPE EM BIOTÉRIO ExPERIMENTAL
264 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.3, p. 263-269, jul./ago./set. 2012
ética e legal de minimizar a dor e o sofrimento 
dos animais. Devem ser consideradas as questões 
das práticas e do manejo, tanto no planejamento 
quanto no desenvolvimento do experimento. Para 
tal, faz-se necessária a colaboração estreita entre 
médico veterinário, como responsável técnico, 
técnicos em biotério e pesquisadores, com o ob-
jetivo do uso humanitário dos animais2. Outros 
benefícios, além do aumento de qualidade na 
ciência, é a sensibilização da percepção pública 
quanto à experimentação animal, das oportunida-
des de financiamento e da colaboração com outros 
centros de pesquisa.3 
O primeiro passo, para que se possa alcançar 
um elevado grau na melhoria do bem-estar dos 
animais, deve ser dado através de educação e 
treinamento dos profissionais que irão utilizá-los. 
O conhecimento da biologia, da fisiologia e do 
comportamento faz com que estes profissionais 
identifiquem as necessidades de cada espécie e 
possam tratá-la de forma correta, com atitudes 
de respeito para com elas, diminuindo, assim, o 
estresse causado por um manejo inadequado e 
proporcionando-lhes maior bem-estar4.
Profissionais envolvidos na concepção e condu-
ção de experimentos em animais devem ser edu-
cados e adequadamente treinados para tal tarefa5. 
Complementarmente ao treinamento, deve haver 
o acompanhamento do iniciante por profissional 
com experiência comprovada em experimentação 
animal, por um período mínimo a ser estabelecido 
por cada instituição, considerando a formação, o 
conhecimento e as habilidades do iniciante quanto 
aos procedimentos operacionais e de biossegu-
rança e do biotério, bem como nas práticas expe-
rimentais a serem utilizadas no desenvolvimento 
dos ensaios biológicos específicos6.
Os profissionais, que atuam nas instalações 
de um biotério, qualquer que seja o nível de 
biossegurança, devem possuir treinamento nessa 
área e ser supervisionados por um profissional de 
nível superior7. A formação contínua no local de 
trabalho é essencial para manter o pessoal sensibi-
lizado quanto aos procedimentos de segurança8. O 
ingresso de um novo funcionário depende de um 
período de treinamento, da realização dos exames 
admissionais e dos exames específicos para a área 
de atuação9.
O médico veterinário é o profissional responsá-
vel pela saúde e bem-estar dos animais utilizados 
em pesquisa na instituição. Os procedimentos 
clínicos, como a eutanásia, são de responsabi-
lidade privativa do médico veterinário10. Para 
isso o mesmo deve estar legalmente inscrito no 
Conselho Regional do local onde trabalha11. 
Neste contexto, está inserida a sua atuação, es-
sencial para o estabelecimento e manutenção das 
condições adequadas em uma unidade de criação 
ou de experimentação animal. A instituição deve 
fornecer um profissional com experiência em 
animais de laboratório, com autoridade suficiente, 
incluindo o acesso a todos os animais e os res-
pectivos protocolos de pesquisa dos animais que 
estão sendo utilizados12,13. 
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Objetivou-se, com esse trabalho, demonstrar a 
importância da qualificação profissional dos técni-
cos dos biotérios nas rotinas realizadas nos Bioté-
rios de Experimentação, e a necessidade, além da 
obrigação legal, da presença do médico veterinário 
nas pesquisas e rotinas realizadas nos mesmos, 
independentemente do tipo de instalações. 
O presente trabalho foi realizado em biotérios 
do Centro de Experimentação Animal (CEA)/Ins-
tituto Oswaldo Cruz (IOC). Os biotérios possuem 
estrutura física e linhas de pesquisas diferentes. 
Todos possuem veterinários como responsáveis 
técnicos.
Em um primeiro momento, foi realizado o 
levantamento do fluxo de trabalho nos diferentes 
biotérios do CEA/IOC, onde foi identificada a 
rotina das atividades desenvolvidas, tais como: 
recebimento de animais e insumos, processos 
de esterilização e descontaminação, manejo dos 
animais e descarte de resíduos. Posteriormente, 
com base na literatura, na legislação e nas nor-
mativas vigentes, foram identificados os riscos 
das atividades realizadas e, conseqüentemente, a 
RESBCAL, São Paulo, v.1 n.3, p. 263-269, jul./ago./set. 2012 265
Maria Alice do Amaral Kuzel, Tatiana Pádua Tavares de Freitas, Giuliana Viegas Schirato, Jenif Braga de Souza, Carlos Alberto Müller
identificação dos pontos críticos dos trabalhos de 
pesquisa e os rotineiramenteefetuados14.
Esse levantamento foi feito por observação 
do trabalho dos técnicos e usuários do biotério. 
Houve registro das observações dos técnicos em 
dia de limpeza das estantes e de recebimentos de 
animais, quando ocorrem manejos de animais, 
esterilização e descarte de resíduos. Foram ano-
tados os procedimentos dos técnicos em relação à 
biossegurança e o bem estar animal. Os usuários 
foram observados desde o momento da entrada 
no biotério, sua conduta em relação aos animais 
do seu experimento, até a saída quando ocorre o 
descarte dos Equipamentos de Proteção Individual 
(EPIs). 
Todos os protocolos de pesquisa realizados 
pelos pesquisadores usuários dos biotérios foram 
aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Ani-
mais (CEUA/Fiocruz), e os parâmetros ambientais 
e de manejo também foram avaliados pela referida 
comissão. Protocolos aprovados: LW-38/11, LW-
08/10, L-024/09, LW-42/11. 
3 RESULTADOS
Após a identificação dos pontos críticos e ris-
cos, os médicos veterinários, através de estratégias 
específicas de cada biotério do Centro Experimen-
tação Animal (CEA), ou seja, para cada realidade, 
estabeleceram planos para a minimização dos 
referidos riscos para que tanto os técnicos como os 
usuários fossem capazes de realizar seus serviços 
e pesquisas dentro das normas vigentes.
Os procedimentos errados e percebidos na ho- 
ra, foram imediatamente corrigidos; porém os 
observados após a saída do usuário eram anotados 
no livro de ocorrência do biotério para posterior-
mente ser discutido de forma a se estabelecer as 
normas do biotério.
O foco principal da atividade do médico vete-
rinário é supervisionar o atendimento, o bem-estar 
e a clínica de animais utilizados em pesquisa, 
testes, ensino e produção. Esta responsabilidade 
estende-se a monitorar e promover bem-estar ani-
mal durante a sua utilização e em todas as fases 
de sua vida12. 
Constatou-se a necessidade de sensibilizar e 
orientar os usuários, tais como: pesquisadores, 
alunos de pós-graduação e técnicos de outros labo-
ratórios e, também, orientar e capacitar os técnicos 
de cada biotério no uso de EPIs (Figuras 1 e 2), 
uma vez que foram observados casos de retirada 
de EPIs, como máscaras (motivadas pelo emba-
çamento de óculos, dificuldade de respiração) e a 
perda de sapatilhas, sem que qualquer providência 
fosse tomada pelo usuário e/ou técnico. 
No manejo e contenção dos animais de labo-
ratório os técnicos e usuários foram orientados e 
treinados (Figuras 3 e 4).
No quesito “bem-estar animal”, os casos de 
ausência do veterinário responsável pelo protocolo 
e a falta de pessoal capacitado no momento da 
eutanásia, em qualquer espécie, foram os mais fre-
qüentes. Além disso, constatou-se o despreparo do 
pessoal no manejo de coelhos (Oryctolagus cuni-
culis), quer na simples contenção, na aplicação de 
injeções intramusculares e na coleta de sangue, 
causando o aumento do sofrimento do animal em 
experimentação. Em alguns casos, mesmo o usuá-
rio conhecendo o próprio despreparo, continuava 
Figura 2: Uso de EPI para área 
de lavagem
Figura 1: Uso de EPI 
para entrada no 
biotério.
A IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E O TRABALHO EM EQUIPE EM BIOTÉRIO ExPERIMENTAL
266 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.3, p. 263-269, jul./ago./set. 2012
promovendo o sofrimento do animal, obrigando 
a intervenção do médico veterinário responsável 
pelo biotério; ou, após o manuseio dos animais, 
era comum que os mesmos fossem recolocados 
nas estantes sem água ou comida. 
Em relação aos técnicos, a falta mais observada 
foi a aceitação de animais com características dife-
rentes daquelas pedidas pelo usuário. Outra falha 
notada no trabalho dos técnicos foi o excesso de 
rapidez na troca de caixas e limpeza das estantes, 
o que produzia maior estresse aos animais. 
Além disso, notou-se expressiva mudança de 
comportamento dos técnicos após as capacitações 
oferecidas pela instituição. Além de saírem mais 
conscientizados, se sentiram prestigiados pela 
oportunidade que lhes foi fornecida.
4 DISCUSSÃO
Os biotérios de experimentação necessitam cui-
dados rigorosos, pois são ambientes artificiais nos 
quais os animais ficam alojados durante o período 
experimental, sendo inevitável o seu manuseio, 
tanto nas rotinas, como nos experimentos. Há de 
se oferecer aos animais um ambiente adequado, 
bem como cuidados adicionais, à alimentação e 
hidratação.
O Centro de Experimentação Animal fornece 
EPIs descartáveis e de alta qualidade a todos os 
usuários e técnicos de biotérios, não aceitando a 
entrada de profissionais com EPIs que já foram 
utilizados em outras áreas.
Para os técnicos que não faziam uso adequado 
de EPIs foram feitas explanações de conscientiza-
ção a respeito da importância do uso correto desses 
equipamentos nas rotinas do biotério
Para os usuários foi instaurada uma dinâmica 
de acompanhamento durante as primeiras visitas. 
Deste modo, conseguiu-se demonstrar a forma 
correta de se paramentar e as condutas de biosse-
gurança a serem seguidas no interior do biotério. 
Quando notado o uso indevido de EPIs mesmo 
após os primeiros acompanhamentos, o médico 
veterinário fornecia-os novamente, aproveitando 
da ocasião para falar sobre a importância do uso 
de EPIs para a segurança do profissional, dos 
demais usuários e na qualidade do resultado da 
pesquisa. 
No intuito de sedimentar a boa prática do uso 
do EPI, o médico veterinário promovia o acompa-
nhamento dos usuários que tivessem apresentado 
algum tipo de rejeição ao uso do EPI em opor-
tunidades pretéritas, demonstrando novamente 
cada fase da paramentação e os locais de acesso 
às sapatilhas, luvas, jalecos, máscaras e demais 
equipamentos, no caso de haver necessidade de 
sua substituição durante a etapa de pesquisa. 
Como dito anteriormente, cada biotério pos-
sui uma realidade diferente, e os biotérios de 
experimentação devem ser projetados de acordo 
com o grupo de risco dos agentes que serão ali 
manipulados, tendo em vista as recomendações 
para diferentes níveis de biossegurança6. O pro-
jeto das instalações que compõem um biotério 
ou um laboratório de experimentação animal, 
constitui um dos fatores de maior importância, 
pois assegura a eficácia de seu funcionamento 
e, consequentemente, o cuidado e a vigilância 
adequados à manutenção dos animais ali aloja-
dos12. Por isso, mesmo que as condições espaciais 
(estrutura física e construtiva) tenham sofrido um 
Figura 3: Manipulação correta 
dos animais.
Figura 4: Contenção 
correta dos 
animais.
RESBCAL, São Paulo, v.1 n.3, p. 263-269, jul./ago./set. 2012 267
Maria Alice do Amaral Kuzel, Tatiana Pádua Tavares de Freitas, Giuliana Viegas Schirato, Jenif Braga de Souza, Carlos Alberto Müller
processo de adequação, ou seja, com adaptações 
arquitetônicas, há pontos críticos a serem mini-
mizados através de condutas preconizadas pelo 
médico veterinário responsável por cada biotério, 
respeitando-se a realidade local. Para se ter uma 
idéia da necessidade de orientação e da presença 
do profissional supracitado, é necessária uma 
organização funcional que permita a experimen-
tação dentro de padrões de conforto, higiene e 
segurança exigidos pela utilização de diferentes 
espécies, já que tanto os animais de criação 
quanto aqueles em experimentação requerem 
uma permanente vigilância ambiental, higiênica 
e nutricional. Há de se ter a definição do fluxo-
grama das operações de rotina dos técnicos do 
biotério, tais como por exemplo: recebimento e 
armazenamento correto de insumos e equipamen-
tos inerentes ao biotério; descarte de carcaças e 
outros resíduos; lavagem, esterilização e descon-
taminação de materiais (gaiolas e bebedouros), 
que garantam a higidez do ambiente; a utiliza-
ção, para tanto, das normas e dos procedimentos 
de biossegurança e/ou segurançado trabalho, 
levando-se em consideração a alta rotatividade 
dos usuários nos biotérios de experimentação, 
devido ao grande número de procedimentos nas 
pesquisas científicas. O acesso ao biotério deve 
ser restrito aos profissionais envolvidos nas ati-
vidades nele desenvolvidas7. 
Neste contexto, a presença do médico vete-
rinário é essencial para garantir as condições 
adequadas num biotério de experimentação, de 
forma a prevenir, minimizar ou eliminar os riscos 
das atividades desenvolvidas, sem comprometer 
o meio ambiente, o homem e a qualidade dos 
trabalhos, como preconiza as normas de bios-
segurança. 
No que tange às falhas de contenção, inicial-
mente foi colocado técnico capacitado à dis-
posição dos usuários, de forma a oferecer-lhes 
auxílio e orientações adequadas sobre as formas 
de contenção.
Esquecimentos de recolocação dos animais 
com água e comida raramente ocorrem. Nessas 
situações, além de se orientar os usuários numa 
próxima entrada no biotério, os técnicos fazem 
inspeções duas vezes ao dia, para verificar as salas 
dos animais e as salas de procedimentos.
Quando notória a falta de habilidade de um 
usuário em relação ao experimento, fazia-se que a 
equipe retornasse acompanhada do médico veteri-
nário responsável pelo protocolo, ou com alguém 
treinado pelo mesmo. Corroborava-se, assim, com 
o preconizado, em que o uso de modelos animais 
deve ser pautado por princípios éticos, além de 
condutas que minimizem a dor e o sofrimento do 
animal; que todos os procedimentos com animais 
que possam causar dor devem ser desenvolvidos 
com sedação, analgesia e, se necessário, com 
anestesia adequada6. Como esses são considerados 
procedimentos clínicos, assim como a eutanásia, 
são de responsabilidade privativa do médico vete-
rinário, ou seja, é obrigatória sua participação na 
supervisão ou execução, em todas as circunstân-
cias que se faça necessária7,10, pois erros humanos 
e técnicas inadequadas podem comprometer as 
melhores salvaguardas de proteção do pessoal8. 
Por isso, o caso de eutanásia deve ser resultante 
de vários treinamentos, realizando-se um reveza-
mento entre os técnicos, com o objetivo de que 
estes não fiquem insensíveis ao procedimento9. 
Um médico veterinário ou outra autoridade com-
petente deve ter função de consultor5.
O recebimento de animais com características 
diferentes das solicitados pelos usuários trazia 
grande transtorno, pois era necessário contatar o 
biotério de criação e pedir a troca dos animais. 
Após, tal atividade de pedir a correção do erro ser 
colocada sob a supervisão do médico veterinário 
responsável pelo biotério, os técnicos passaram a 
ter maior atenção nesta fase. Quanto à excessiva 
pressa em terminar o serviço de troca de caixas 
e de limpeza das estantes, escolheu-se, dentro 
da equipe, quem possuía maior aptidão para a 
tarefa ou preferência por determinada espécie, 
apesar de o treinamento ser feito em todos os 
elementos da mesma. Assim, os procedimentos 
técnicos ou administrativos passaram a ser des-
critos e de conhecimento de toda a equipe, e o 
técnico escolhido para limpeza de determinada 
sala passou a ser treinado para fazer o trabalho de 
forma correta; no início, com acompanhamento do 
A IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E O TRABALHO EM EQUIPE EM BIOTÉRIO ExPERIMENTAL
268 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.3, p. 263-269, jul./ago./set. 2012
médico veterinário e, mais tarde, com entradas em 
horários diferentes para supervisionar e corrigir as 
falhas. Foi notado que tantos os animais quanto 
os técnicos ficaram menos estressados. Outro fato 
interessante é que o técnico responsável pela sala 
passou a se sentir valorizado e à vontade para 
tirar dúvidas ou fazer pedido de material para a 
melhoria de seu trabalho. 
O atendimento ao usuário melhorou, pois o 
responsável pela sala, agora, é conhecedor de 
toda realidade local, repassada, de forma segura, 
para o veterinário responsável e para o usuário. 
Os técnicos com aptidão para a área de lavagem, 
melhoraram a qualidade de seus serviços. Esses 
fatos são reforçados pela opinião de outros autores 
que afirmam que se deve executar uma gestão que 
venha oferecer aos animais um ambiente adequa-
do ao seu bem estar6, que venha a demonstrar 
responsabilidade e respeito à vida; minimizar a 
dor ou o sofrimento; proporcionar um ambiente 
controlado, que diminua as condições de estresse 
e garantir a qualidade dos animais experimentais 
em seu papel como “reagentes biológicos”4. Se-
gundo Lee-Parritz (2001), em relação ao principio 
dos Três Rs (Replacement, reduction, refinament) 
formulados por Russel e Burch, o refinamento é 
considerado o mais importante no trabalho com 
animais de experimentação2.
Após a participação dos técnicos nos cursos 
oferecidos, foram observadas mudanças posi-
tivas de postura no trabalho dos mesmos. Há 
consenso que, além da atualização da formação 
técnica, é imperioso exigir conscientização, 
ética e imputação de responsabilidade legal na 
manipulação animal1. Esse fato é de extrema 
importância porque não há dúvidas sobre as 
vantagens advindas da qualificação profissional, 
o que contribui para o fortalecimento das pesqui-
sas na área da saúde e das ciências biológicas. 
Assim, deve haver o incentivo na atualização 
do profissional em relação às tendências e ino-
vações tecnológicas das áreas de atuação e das 
necessidades do serviço, pois o emprego de ani-
mais na experimentação fornece conhecimentos 
que contribuem de forma significativa para o 
bem-estar tanto do homem quanto dos animais. 
Objetiva-se uma melhor compreensão da fisiolo-
gia e patologias das espécies e a busca de novos 
investimentos na descoberta de imunobiológicos 
e fármacos a serem utilizados na prevenção e 
tratamento da saúde humana e animal. O uso de 
animais de experimentação é vital para a pesquisa 
biomédica2. 
Profissionais que realizam experimentos e os 
que cuidam dos animais devem ter formação e 
treinamento adequados. Em particular, profissio-
nais que realizam ou supervisionam a execução 
de experimentos devem ter disciplina e compe-
tência de acordo com o trabalho experimental a 
ser realizado, sendo capazes de lidar e cuidar de 
animais de laboratório5. Ao usarem-se animais 
em investigações, existe uma obrigação legal e 
moral de salvaguardar seu bem-estar e causar-lhes 
o menor sofrimento possível3. 
5 CONCLUSÃO
Todos os profissionais devem ser capacitados 
para exercer o manuseio e a pesquisa em animais 
dentro destes conceitos. Devido à presença do mé-
dico veterinário e de suas orientações aos técnicos 
do biotério e usuários, e da capacitação oferecida 
aos bioteristas do CEA/IOC à preocupação com 
o bem-estar e a segurança dos profissionais e dos 
animais envolvidos na experimentação, e, natu-
ralmente, com a qualidade animal para obter a 
validação da pesquisa experimental, os riscos são 
minimizados. Como a maioria dos biotérios de 
experimentação não foi estruturalmente planejada, 
e sim sofreu uma adequação física, a mudança de 
procedimentos nas rotinas aplicadas é eficaz para 
que os animais possam responder satisfatoriamen-
te aos experimentos neles realizados e para que 
haja segurança aos que os manipulam.
RESBCAL, São Paulo, v.1 n.3, p. 263-269, jul./ago./set. 2012 269
Maria Alice do Amaral Kuzel, Tatiana Pádua Tavares de Freitas, Giuliana Viegas Schirato, Jenif Braga de Souza, Carlos Alberto Müller
AB
ST
RA
CT
RE
FE
Rê
NC
IA
S
THE IMPORTANCE OF QUALIFIED PROFESSIONALS AND 
TEAMWORK IN AN ExPERIMENTAL BIOTHERIUM
This study’s objective is to demonstrate the need for the veterinarian in the research 
and monitoring of procedures and routines that are performed in animal experimentation 
facilities. This need is independent of the premises and includes the importance of profes-
sional qualifications for thetechnicians who work therein. A survey was conducted on the 
critical points of the Animal Experimentation Center; Oswaldo Cruz Institute (CEA / IOC). 
Certain risks were identified and then minimized, due to the presence of the veterinarian, 
through their professional guidance to the biotherium’s technicians and users (researchers, 
technologists, graduate students and technicians from other labs). Observations were also 
made after sending the CEA/IOC technicians to training courses offered by the institution, 
including the aforementioned guidelines. These included: A Specialization Course for 
Technicians, Biomedical Research Biosafety, Biosecurity in Biotheriums, Good Laboratory 
Practices and Fire Prevention. From this it can be determined that professionals should 
be trained in animal handling and research. Within the established guidelines. It can be 
concluded that due to the presence of the veterinarian, as well as the training offered, 
risks and concerns for the safety and welfare of both the professionals and animals were 
minimized. Changes in routine procedures when applied effectively allow the animals 
to respond satisfactorily to the experiments performed on them, in addition to providing 
safety to those who handle them. CEUA/Fiocruz LW-38/11, LW-08/10, L-024/09, LW-42/11.
Keywords: Biotherium. Veterinarian. Laboratory Technician.
1. Molinaro EM, Majerowicz J, Couto 
SER, Borges CCA, Moreira WC, 
Ramos S. Animais de Laboratório. In: 
Molinaro E, Caputo L, Amendoeira 
R, editores. Conceitos e métodos 
para formação de profissionais e 
laboratório de saúde: volume 1. 
Rio de Janeiro: EPSJV/IOC; 2009. 
p.155.
2. Lee-Parritz D. Animal care 
and maintenance. In: Souba WW, 
Wilmore SW, editors. Surgical 
Research. London: Academic Press; 
2001. p.47-61.
3. Comisíon Nacional de 
Investigacíon Cientifica y 
Tecnológica; Comité Asesor de 
Bioética FONDECYT-CONICYT. 4º 
Taller de bioética - aspectos bioéticos 
de la experimentación animal: 2009. 
Santiago: CONICYT; 2009.
4. Frajblat M, Amaral VLL, 
Rivera EAB. Ciência em animais 
de laboratório. Cienc Cult. 
2008;60(2):44-6.
5. Van Zutphena LFM, van der 
Valkb JBF. Developments on the 
implementation of the Three Rs in 
research and education. Toxicol In 
Vitro. 2001;15: 591-5.
6. Majerowicz J. Boas práticas em 
biotérios e biossegurança. Rio de 
Janeiro: Interciência; 2008.
7. Brasil.Ministério da Saúde. 
Diretrizes Gerais para o trabalho em 
contenção com agentes biológicos. 
3rd ed. Brasília: Editora MS; 2010.
8. Organização Mundial da Saúde. 
Manual de Segurança Biológica em 
Laboratório. 3rd ed. Genebra: OMS; 
2004.
9. Silva APR, Valentini EJG, Távora 
MFCLF, Rodrigues UP, Moreira 
VB, Mattaraia VGM. Animais de 
experimentação: cuidados e descarte. 
Biotec Ciên Desenv. 2005;35:16-20.
10. Brasil. Conselho Federal de 
Medicina Veterinária. Resolução 
Normativa n°. 1.000, de 11 de maio 
de 2012. Dispõe sobre procedimentos 
e métodos de eutanásia em animais e 
dá outras providências. Diário Oficial 
da União 16 maio 2012; Seção 1.
11. Brasil.Conselho Nacional de 
Controle de Experimentação Animal. 
Resolução Normativa n°. 6, de 10 
de julho de 2012. Altera a Resolução 
Normativa nº 1, de 9 de julho de 2010, 
que “Dispõe sobre a instalação e o 
funcionamento das Comissões de Éticas 
no Uso de Animais (CEUA’s)”. Diário 
Oficial da União 11 jul 2012; Seção1.
12. National Research Council of the 
National Academies. Guide for the 
care and use of laboratory animals. 
8th ed. Washington: The National 
Academies Press; 2010.
13. Cardoso TAO. Considerações 
Sobre a Biossegurança em 
Arquitetura de Biotérios. Bol Centr 
Panam Fiebre Aftosa. 1998-2001; 
64-67: 3-17. 
14. Molinaro EM, Majerowicz J, 
Valle S. Biossegurança em biotérios. 
Rio de Janeiro: Interciências; 2008.

Outros materiais