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1 Raciocínio Lógico - Unidade 1 Raciocínio Lógico Profª Carmen Suely Cavalcanti de Miranda Profº Ivickson Ricardo de Miranda Cavalcanti O que é Lógica? Parte 1 Raciocínio Lógico Profª Carmen Suely Cavalcanti de Miranda Profº Ivickson Ricardo de Miranda Cavalcanti 2 Raciocínio Lógico - Unidade 1 Carmen Suely CavalCanti de miranda Sou graduada em Serviço Social e Filosofia, especialista em Serviço Social e mestre em educação pela universidade Federal do rio Grande do norte. atuo como assistente Social desde 1981 e atualmente exerço a profissão de assistente Social na unidade de Saúde Familiar e Comunitária, uma unidade de atenção básica em Saúde da Secretaria municipal de Saúde da cidade de natal. leciono desde 1996 na universidade Potiguar as disciplinas: Filosofia, Ética, metodologia Científica, Cultura Brasileira e Filosofia da educação. desde 2010 estou na direção do Curso de Serviço Social desta mesma universidade. iviCkSon riCardo de miranda CavalCanti Sou graduado em Filosofia e especialista em Ética pela universidade Federal do rio Grande do norte. Sou professor de Filosofia desde o ano de 2004. iniciei minhas atividades profissionais como professor substituto do instituto Federal do rio Grande do norte. lecionei no ensino médio na rede pública da cidade de João Pessoa. Fui professor do instituto Federal de alagoas. atualmente sou professor do instituto Federal do rio Grande do norte, atuando no campus de apodi. leciono as disciplinas de lógica, Filosofia, epistemologia e metodologia Científica. Co n H eC en d o o S au to re S 3 Raciocínio Lógico - Unidade 1 raCioCÍnio lÓGiCo a disciplina de raciocínio lógico, que você inicia agora, é de fundamental importância para sua vida prática. Se você observar quando queremos pensar, falar ou escrever corretamente, precisamos primeiro ordenar nosso pensamento, isto é, precisamos utilizar a lógica. nem sempre raciocinamos da maneira correta, às vezes tomamos uma decisão ao invés de outra, agimos diversas vezes de maneira ilógica. através do raciocínio lógico nos apropriamos de ferramentas que contribuem para aprimorar a arte de pensar corretamente. Qualquer profissional que utilize o raciocínio como ferramenta de trabalho para resolver problemas de ordem administrativa ou financeira, problemas matemáticos, de planejamento ou de estratégia, entre outros, utiliza como matéria prima para o seu trabalho a arte de pensar. utilizar o pensamento exige cada vez mais o estudo de disciplinas voltadas ao aprimoramento, treinamento e aplicabilidade do pensamento. Convidamos você a percorrer conosco os vários momentos que compõem esta disciplina, percebendo gradativamente sua utilidade no seu dia a dia. Co n H eC en d o a d iS Ci Pl in a 4 Raciocínio Lógico - Unidade 1 o Que É lÓGiCa unidade 1 1.1 Contextualizando o que é? Por que a lógica integra a estrutura curricular de um curso de graduação? Seja qual for a pergunta, essas são questões que muitos estudantes fazem quando têm que cursar uma disciplina de raciocínio lógico. Para que você possa entender a importância dessa disciplina, é fundamental que saiba, em primeiro lugar, o que é a lógica, conhecimento cuja aplicabilidade se faz presente desde a Grécia quando os primeiros pensadores, os filósofos, utilizavam a lógica para distinguir o argumento correto do incorreto, até a nossa atualidade, com os computadores e toda tecnologia da informação - a base do funcionamento de um computador está na eletrônica e na lógica. e até mesmo para uma boa redação é indispensável coerência, clareza e coesão no desenvolvimento das ideias. e nisto a lógica pode e vai ajudá-lo muito. Por outro lado, desenvolver um pensamento que se preocupa com o aspecto lógico torna-se um desafio para o aluno que está compreendendo e exercitando operações mentais. ou seja, a lógica possibilita ao aluno educar sua forma de pensar, de estruturar suas ideias e concepções. assim, esperamos que as pistas para a resposta do que é a lógica e de sua importância, você possa começar a encontrar neste nosso primeiro capítulo que tem como objetivos: • situar os mecanismos do pensamento; • definir a lógica; 5 Raciocínio Lógico - Unidade 1 1.2 Conhecendo a teoria 1.2.1 os mecanismos da inteligência vivemos em uma realidade complexa e em constante transformação. Se olharmos para um passado recente veremos como ocorreram transformações na medicina, na educação, nas comunicações, nas tecnologias, enfim, nas várias áreas do conhecimento e de sua aplicação. essas transformações foram possíveis porque o homem, elemento desse conjunto infinito de seres que compõem a realidade, também se transforma cotidianamente. usa para isso sua razão e sua inteligência. razão e inteligência são, portanto, faculdades que possibilitam ao homem construir conhecimentos que, aplicados à realidade, garantem sua vida no planeta. razão e inteligência são conceitos fundamentais no processo de produção do conhecimento verdadeiro. vejamos cada um deles de forma detalhada. a) o que é a razão? a palavra razão no nosso cotidiano é empregada em vários sentidos. veja alguns dos usos mais comuns: • uma razão de ser... • Qual a razão de tudo isso? • você tinha razão • o homem é um animal racional • ele ficou revoltado e com razão • É uma atitude irracional usamos “razão” com o sentido de certeza, lucidez, motivo, causa. todos esses sentidos constituem a nossa ideia de razão. Podemos dizer que a razão “tem não só a função de perceber os fatos que provocam as sensações, como também de avaliá-los, julgá-los e organizá-los” (Cotrim, 1989, p. 20). assim, por meio da razão tomamos conhecimento da realidade. apesar das funções anteriormente descritas, o dia a dia evidencia fatos que são incompreensíveis pela razão. Bem ilustrativo para o que acabamos de dizer são 6 Raciocínio Lógico - Unidade 1 as palavras de Pascal (apud CHauÍ, 2001, p. 58), filósofo francês do século Xvii: “o coração tem razões que a razão desconhece”. esta frase traz a compreensão de que muitas vezes agimos motivados pelas paixões ou sentimentos deixando de lado a nossa atividade consciente, intelectual – isto é, a razão. do que vimos acima, existem situações que a razão não consegue compreender. nesse momento, ela apela para outra faculdade de nossa mente: a inteligência. diante de uma dificuldade ou problema, nossa razão aciona a inteligência. b) o que é a inteligência? Quando falamos em inteligência, de imediato algumas questões vêm à tona: existem pessoas mais inteligentes que outras? as mulheres são mais inteligentes que os homens, porque possuem maior sensibilidade e guardam, por maior tempo, informações na memória? Só os homens possuem inteligência? Quem é mais inteligente: um cientista ou um índio? um professor universitário ou um pedreiro? Se adotarmos o conceito clássico de inteligência como a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas e aprender, as respostas a essas questões parecem lógicas. ou seja, com certeza se julga que algumas pessoas são mais inteligentes que outras e essa diferença tem um teor ideológico, ou seja, considera o modelo social, o status quo das pessoas comparadas, a classe social, entre outros. no entanto, quando adotamos a visão de inteligência proposta pelo psicólogo norte-americano Howard Gardner, tudo depende do que estamos fazendo, onde e por que, ou seja, a simples comparação de um cientista com um índio, de um universitário com um pedreiro, não significa nada a não ser que se possa contextualizar esta abordagem. o que estamos dizendo, com Gardner, é que se estamos no meio da selva e precisamos ir de um lugar a outro sem qualquer instrumento específico, o índio nos será maisútil, pelo fato de conhecer a região. nesse caso sua inteligência será mais efetiva que a do professor universitário. Se precisamos construir ou fazer algum reparo em casa, provavelmente, o pedreiro terá uma inteligência mais efetiva. Para Gardner (apud travaSSoS, 2011, p. 3) “a inteligência [...] é a capacidade de solucionar problemas ou elaborar produtos que são importantes em um determinado ambiente ou comunidade cultural”. durante muito tempo, baseado na concepção clássica de inteligência, buscava- se mensurar a inteligência com bases em testes. Com estes obtínhamos o Qi (Quociente 7 Raciocínio Lógico - Unidade 1 de inteligência). Como surgiram estes testes? Com o intuito de tentar prever o sucesso das crianças nas escolas, os liceus, as autoridades francesas, no início do século, solicitaram a alfredo Binet que criasse um instrumento que pudesse indicar em que nível tais crianças deveriam ser inseridas. o instrumento criado por Binet buscava as respostas das crianças nas áreas de linguística e matemática, pois os currículos franceses privilegiavam tais disciplinas. este instrumento deu origem ao primeiro teste de inteligência, desenvolvido por terman na universidade de Stanford, na Califórnia: a escala de inteligência de Stanford-Binet. vários outros testes de inteligência vieram à tona a partir de Binet, formando a ideia de inteligência como algo capaz de ser mensurado. a partir de seus estudos sobre inteligência humana, Gardner desenvolveu a teoria das inteligências múltiplas. nos seus estudos, concluiu que o cérebro do homem possui oito tipos de inteligência. Porém, a maioria das pessoas possui uma ou duas inteligências desenvolvidas. isto explica porque um indivíduo é muito bom com cálculos matemáticos, porém não tem muita habilidade com expressão artística. Segundo Gardner (apud travaSSoS, 2011, p. 4-5), as inteligências são: • lógica – voltada para conclusões baseadas em dados numéricos e na razão. as pessoas com esta inteligência possuem facilidade em explicar as coisas utilizando-se de fórmulas e números. Costumam fazer contas de cabeça rapidamente. • linguística – capacidade elevada de utilizar a língua para comunicação e expressão. os indivíduos com esta inteligência desenvolvida são ótimos oradores e comunicadores, além de possuírem grande capacidade de aprendizado de idiomas. • Corporal – grande capacidade de utilizar o corpo para se expressar ou em atividades artísticas e esportivas. um campeão de ginástica olímpica ou um dançarino famoso, com certeza, possuem esta inteligência bem desenvolvida. • naturalista – voltada para a análise e compreensão dos fenômenos da natureza (físicos, climáticos, astronômicos, químicos). • intrapessoal – pessoas com esta inteligência possuem a capacidade de se autoconhecerem, tomando atitudes capazes de melhorar a vida com base nestes conhecimentos. 8 Raciocínio Lógico - Unidade 1 • interpessoal – facilidade em estabelecer relacionamentos com outras pessoas. indivíduos com esta inteligência conseguem facilmente identificar a personalidade das outras pessoas. Costumam ser ótimos líderes e atuam com facilidade em trabalhos em equipe. • espacial – habilidade na interpretação e reconhecimento de fenômenos que envolvem movimentos e posicionamento de objetos. um jogador de futebol habilidoso possui esta inteligência, pois consegue facilmente observar, analisar e atuar com relação ao movimento da bola. • musical – inteligência voltada para a interpretação e produção de sons com a utilização de instrumentos musicais. Figura 1 - a teoria das inteligências múltiplas de Gardner Fonte: a teoria das inteligências múltiplas (Gardner, 1985) Como funciona a nossa inteligência no processo de apreensão da realidade? o primeiro passo da inteligência é a apreensão do fato novo; nessa etapa não chegamos a nenhuma conclusão acerca do problema que se apresenta. logo após a apreensão, estabelecemos ideias sobre o fato apresentado. a comparação das ideias nos leva a formular juízos a respeito do problema investigado. nesse momento, nossa inteligência ordena os juízos buscando uma conclusão final para solucionar o problema. a operação mental que de dois ou mais juízos conclui outro juízo é o que chamamos de raciocínio. todo profissional que possui como ferramenta de trabalho o raciocínio, seja para resolver problemas de ordem administrativa ou financeira, 9 Raciocínio Lógico - Unidade 1 problemas matemáticos, de planejamento ou de estratégia, entre outros, utiliza como matéria prima para o seu trabalho a arte de pensar. mas afinal o que é um juízo? Podemos definir um juízo como um ato pelo qual o espírito afirma alguma coisa de outra, por exemplo: “deus é bom”, ou “o homem não é imortal” são juízos, enquanto um afirma de deus a bondade, o outro nega do homem a imortalidade. um juízo necessariamente apresenta três elementos: 1. um sujeito: é o ser de que se afirma ou nega alguma coisa. 2. um atributo ou predicado: é o que se afirma ou nega do sujeito. 3. uma afirmação ou uma negação. assim, podemos dizer que o juízo é a forma central de todo pensamento. a expressão verbal de um juízo é a proposição. Podemos dizer que uma proposição pode ser definida como uma frase que admite dois valores lógicos: verdadeiro (v) ou falso (F). a proposição se compõe dos seguintes termos: 1. Sujeito. 2. Predicado. 3. verbo. Chamado cópula (isto é, elo), pois liga ou desliga os dois termos – sujeito e predicado. Para ser uma proposição uma frase deve, necessariamente, apresentar estes termos. exemplo de frases que não são proposições: • Silêncio! • Quer jogar futebol? • eu não estou bem certo se este quarto me agrada. 10 Raciocínio Lógico - Unidade 1 exemplo de frases que são proposições: • a lua é o único satélite do planeta terra. (v) • a cidade de natal é a capital do estado da Paraíba. (F) • o numero 10 é ímpar. (F) um estudo mais aprofundado sobre proposições será feito nos próximos capítulos. agora vamos voltar à discussão sobre a inteligência. Como você viu acima, o interesse para medir a inteligência determinou uma série de estudos entre psicólogos. o resultado foi a elaboração de teSteS de inteliGÊnCia. veja como funciona um teste de inteligência a partir do exemplo a seguir (Cotrim, 1989, p. 32-4). via de regra os testes de inteligência giram em torno de questões que devem ser respondidas em tempo estipulado e ao final somam-se os acertos para obter um resultado. Tempo: 10 minuTos 1. Qual o objeto não pertinente a esse grupo? a. panela; b. caneta; c. prato; d. faca; e. metal. 2. uma caneta sempre tem: a. tinta; b. tampa; c. tamanho; d. pena; e. metal. 3. Que número vem a seguir nesta série? 4; 4; 8; 13; 18; 24; 30; 37; 44; 52; 10. Qual o objeto não pertinente a este grupo? a. pneu; b. volante; c. rédeas; d. faróis; e. para-choques. 11. um livro sempre tem a. capa; b. ilustrações; c. massa; d. dedicatória; e. ensinamentos escolares. 12. Que número vem a seguir nesta série? 6; 8; 10; 12; 14; 11; 8; 5; ... 11 Raciocínio Lógico - Unidade 1 4. ordene estas palavras de modo a formar uma sentença. Se a sentença exprimir verdade escreva v e se exprimir falsidade escreva F. PoSSui PeSSoa amor nenHuma _______________________________ ( ) 5. o amor está para alegria, assim como o ódio está para a ... a. angústia; b. solidão; c. saudade; d. tristeza; e. lágrima. 6. Qual o objeto não pertinente a este grupo? a. lápis; b. panela: c. caderno; d. livro; e. caneta. 7. uma cadeira sempre tem a. quatro pés; b. madeira; c. estofamento; d. assento; e. apoio para os braços. 8. o sol está para a sensação visual, assim como o alimento está para a sensação a. olfativa; b. auditiva; c. tátil; d. cinestésica; e. gustativa.9. ordene as palavras de maneira a formar uma sentença. Se a sentença exprimir verdade escreva v e se exprimir falsidade escreva F. PontoS FranÇa PiSa. aS torreS SÃo turÍStiCoS e da eiFFel. _____________________________ ( ) 13. Sócrates está para a Filosofia, assim como Freud está para a a. química; b. biologia; c. psiquiatria; d.parapsicologia; e. reflexologia. 14. Que número vem a seguir nesta série? 1/2; 1/4; 1/8; 1/16; ... 15. ordene estas palavras de maneira a formar uma sentença. Se a sentença exprimir verdade escreva v e se exprimir falsidade escreva F. BraSil da aQuarela do BarroSo ComPoSitor É ari o. __________________________________ ( ) 16. na palavra involuntariamente, qual é a penúltima letra, imediatamente anterior ao 3º n? ( ) 17. Que número vem a seguir nesta série? 4; a; 10; B; 8; C; 14; d; ... 18. Somente os homens possuem razão. assim sendo, qual destas alternativas logicamente encadeadas é correta? a. os homens perdem a razão com a idade. b. a razão é uma faculdade maravilhosa. c. o peixe não possui razão. 19. Qual a letra errada nesta série? B; d; l; n; P; o; Z; Q; m; ( ) 20. Qual o número errado nesta série? 1; 12; 25; 33; 207. veja a classificação a partir dos acertos. ClassifiCação número de resposTas CerTas Superior 20 Ótimo 15 a 19 Bom 10 a 14 12 Raciocínio Lógico - Unidade 1 regular 5 a 9 inferior 0 a 4 Caso você tenha curiosidade seguem as respostas esperadas para que possa testar a sua inteligência. vamos vê-las?! 1 – b (caneta) 2 – c (tamanho) 3 – 60 4 – nenhuma pessoa possui amor (F) 5 – d (tristeza) 6 – b (panela) 7 – d (assento) 8 – e (sensação gustativa) 9 – as torres eiffel e Pisa são pontos turísticos da França (F) 10 – c (rédeas) 11 – c (massa) 12 – 2 13 – c (Psiquiatria) 14 – 1/32 15 – o compositor da aquarela do Brasil é ari Barroso (v) 16 – m 17 – 12; F 18 – c (o peixe não possui razão) 19 – o 20 – 207 É como se pudéssemos, a partir desses testes, identificar nossa capacidade de inteligência. a questão a se considerar é que estes instrumentos não levam em conta nosso momento atual, nossa história. Supõem um homem universal. 1.2.2 definindo a lógica até aqui você foi apresentado às duas faculdades da mente humana responsáveis pelo conhecimento da realidade – razão e inteligência. uma vez que o conhecimento produzido por estas duas faculdades busca a verdade e tem como manifestação o pensamento, é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser atingida. entra em cena a lógica enquanto ramo da filosofia que cuida das regras do bem pensar, ou do pensar correto, sendo, portanto, um instrumento do pensamento. É lÓGiCo! Quantas vezes você já utilizou essa expressão? Será que nas situações utilizadas era realmente lógico? em que você se baseou para fazer tal afirmação? 13 Raciocínio Lógico - Unidade 1 de uma maneira geral, quando usamos a expressão É lÓGiCo, quase sempre estamos nos referindo a algo que nos parece evidente, ou quando temos uma opinião muito fácil de justificar (maCHado, 2000). Portanto, podemos iniciar essa tentativa de definir a lógica afirmando que ela representa o aperfeiçoamento do pensamento, a arte de pensar corretamente. o ato de pensar corretamente antes de executar qualquer ação é, comprovadamente, um ponto positivo para que tal tarefa seja executada com total sucesso. Criar estratégias, relacionar informações e levantar hipóteses são habilidades essenciais não apenas para a prática escolar, mas para diversas situações do cotidiano. mas afinal, o que é lógica? lógica, do grego λογική, logos, significa palavra, pensamento, ideia, argumento, relato. apesar de ser um ramo da Filosofia, não é de propriedade exclusiva do filósofo. todo aquele que deseja entender e desenvolver raciocínios matemáticos e científicos deveria estudá-la. Segundo o filósofo régis Jolivet (apud Cotrim, 1989, p. 199) “a lógica é a ciência das leis ideais do pensamento e a arte de aplicá-las corretamente na procura e demonstração da verdade”. não há consenso quanto à definição da lógica. registra-se uma pluralidade de definições que evidenciam a diversidade de estudos que são abrangidos pela lógica. destacamos algumas definições que servem para iniciar a nossa reflexão. “o estudo da lógica é o estudo dos métodos e princípios usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto.” irving Coppi “a lógica trata de argumentos e inferências. um de seus propósitos básicos é apresentar métodos capazes de identificar os argumentos logicamente válidos, distinguindo-os dos que não são logicamente válidos.” Wesley Salmon 14 Raciocínio Lógico - Unidade 1 “a tarefa da lógica sempre foi a de classificar e organizar as inferências válidas, separando- as daquelas que não o são. a importância desta organização não deve ser subestimada, pois usam-se as inferências (de preferência válidas) tanto na vida comum como nas ciências formais, sendo um exemplo a matemática.” Jesus eugênio de Paula assis “Para aristóteles, a lógica é a ciência da demonstração; [...] para lyard é a ‘ciência das regras do pensamento’. Poderíamos ainda acrescentar: [...] é a ciência das leis ideais do pensamento e a arte de aplicá-las corretamente na procura e demonstração da verdade.” maria lucia de arruda aranha e maria Helena Pires Fonte: Strecker, 2011 e por que estudar lógica? Há inúmeras razões! uma delas liga-se ao nosso tempo. vivemos a era pós-industrial, na qual os principais produtos da mente humana são as ideias. neste novo ambiente, terão vantagens aqueles que têm raciocínio lógico e sabem conferir concretude ao processo criativo. Para desenvolver um raciocínio correto nos deparamos com dois problemas: • estabelecer a forma correta do pensamento para que ele possua validade; • estabelecer a forma correta do pensamento para que ele corresponda a algum fato da realidade (Cotrim, 1989, p. 199). É exatamente com o objetivo de responder esses dois problemas que a lógica se divide em duas grandes partes: a lógica formal e a lógica material. a lógica formal se preocupa com os caminhos que devem ser seguidos pelo pensamento para este ser correto, ao passo que a lógica material volta-se para a garantia da correspondência verdadeira entre nosso pensamento e a realidade. Sobre estas duas grandes divisões da lógica você irá saber mais no capítulo iii. 23 Raciocínio Lógico - Unidade 1 onde encontrar CHauÍ, m. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2001. CoPi, i. m. introdução à lógica. 2. ed. São Paulo: mestre Jou, 1978. Cotrim, G. Fundamentos da filosofia. Para uma geração consciente. São Paulo: Saraiva, 1989. maCHado, n. J. lógica? É lógico! São Paulo: Scipione, 2000. travaSSoS, l. C. P. inteligências múltiplas. disponível em: <http://eduep.uepb.edu.br/ rbct/sumarios/pdf/inteligencias_multiplas.pdf>. acesso em: 27 fev. 2011. SColari, a. t.; Bernardi, G. o desenvolvimento do raciocínio lógico através de objetos de aprendizagem. disponível em: <http://www.cinted.ufrgs.br/ciclo10/ artigos/4eGiliane.pdf>. acesso em: 27 fev. 2011. SoareS, F.; dornelaS, G. n. a lógica no cotidiano e a lógica na matemática. disponível em: <http://www.sbem.com.br/files/viii/pdf/05/mC03526677700.pdf>. acesso em: 10 mar. 2011. StreCker, H. lógica – introdução. uma porta ao mundo da filosofia e da ciência. disponível em: <http://educacao.uol.com.br/filosofia/ult3323u4.jhtm>. acesso em: 25 fev. 2011. toGatlian, m. a. teoria das inteligências múltiplas. disponível em: <http://togatlian. pro.br/docs/pos/unesa/inteligencias.pdf>. acesso em: 10 mar. 2011.
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