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A divisão da Lógica

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1 Raciocínio Lógico - Unidade 3
UNIDADE 5: A divisão da lógica
Raciocínio Lógico 
Profª Carmen Suely Cavalcanti de Miranda
Profº Ivickson Ricardo de Miranda Cavalcanti
Raciocínio Lógico 
Profª Carmen Suely Cavalcanti de Miranda
Profº Ivickson Ricardo de Miranda Cavalcanti
2 Raciocínio Lógico - Unidade 3
A divisão dA lógicA
UnidAde 5 
3.1 contextualizando
Até aqui você vem sendo apresentado à lógica e pode conhecer sua definição 
e seu desenvolvimento na história. estes são conteúdos indispensáveis para que você 
possa avançar na compreensão e uso desse conhecimento. Pode perceber que a 
preocupação com a lógica não é atual, já estava presente entre os gregos, e que a lógica é 
um instrumento bastante utilizado pela ciência, na medida em que todo conhecimento 
para ser científico tem que ser lógico.
É muito importante, ainda, que você possa ter percebido, que a lógica deve 
ser aplicada na procura e demonstração da verdade. Quando falamos em procura da 
verdade, devemos ter claro que esse é um processo que envolve a relação do pensamento 
com a realidade. É exatamente em função destes elementos que se estabelecem as duas 
grandes divisões da lógica: a lógica formal e a lógica material – objeto desse capítulo. 
Quando falamos em verdade no campo da ciência, nos referimos ao mundo 
fenomênico, ou seja, à realidade concreta, aquilo que aparece a cada um que busca a 
verdade. no entanto, a definição/conceituação dos fenômenos, liga-se necessariamente 
a operações mentais. Assim, é necessária a observação do pensamento, a forma pela 
qual ele deve se apresentar para que possua validade.
em outras palavras, a validade de um argumento deve ser considerada no 
conjunto das operações do qual resultou. desde o momento de formulação da ideia 
até a construção do novo conhecimento com a formulação do argumento. veja que 
este processo implica uma reflexão em dois níveis: o nível das operações mentais, 
que se inicia com a formulação da ideia, e o nível da articulação do pensamento com 
a realidade, que se efetiva na formulação do argumento. são esses os problemas que 
se explicitam na aplicação da lógica e em decorrência dos quais são definidas as duas 
3 Raciocínio Lógico - Unidade 3
divisões da lógica: a lógica formal e a lógica material.
Ao final deste capítulo esperamos que você esteja apto a: 
 • identificar as duas grandes divisões da lógica;
 • conceituar a lógica formal e a lógica material.
3.2 conhecendo a teoria
3.2.1 A lógica formal
como você pôde ver nos capítulos anteriores, a lógica, sobretudo no que diz 
respeito à sua origem, configura-se como um instrumento que busca fazer com que 
nossas operações intelectuais sejam corretas e de acordo com a realidade. 
essa busca se inicia com uma primeira preocupação: o acordo do pensamento 
consigo mesmo, para que não apresente contradições. esta deve ser a primeira condição 
de nossas operações intelectuais na busca pela verdade. estamos falando do campo de 
atuação do que chamamos de lógica formal, que é responsável pelo estudo das leis 
gerais do pensamento. 
observe o exemplo a seguir:
Todos os mamíferos têm asas – premissa 1
o gato é um mamífero – premissa 2
o gato tem asas – conclUsão
Temos duas premissas e uma conclusão.
no que diz respeito ao pensamento em relação a si mesmo, ao seu aspecto 
formal, a conclusão deste argumento é deduzida corretamente das premissas, o que 
garante a sua validade. confira o que estamos dizendo: da afirmação de que todos os 
mamíferos têm asas e da classificação do gato como mamífero, é lógica a conclusão de 
que o gato (uma vez tendo sido afirmado que é um mamífero) tem asas. essa lógica se 
efetiva no campo formal. não obstante, se recorrermos à realidade material, saberemos 
que a primeira premissa – todos os mamíferos têm asas - é falsa, o que faz com que, 
consequentemente, a conclusão a que se chega também seja falsa. 
4 Raciocínio Lógico - Unidade 3
o exemplo acima deixa evidente que o objetivo da lógica formal não é avaliar o 
conteúdo em si, mas se o argumento apresentado foi bem construído.
Partes e bases da lógica formal
Para que você possa compreender o campo de reflexão da lógica formal é 
importante que possa saber identificar suas partes constitutivas. são elas: 
 • ideia, juízo e raciocínio – como elementos do pensamento;
 • termo, proposição e argumento – como representação concreta dos elementos 
do pensamento. 
de forma esquemática temos:
ideia TeRMo
Juízo PRoPosiÇão
Raciocínio ARgUMenTo
A ideia e o termo
A primeira operação do intelecto na busca da verdade é a apreensão dos fatos, 
momento em que introjetamos em nós um conhecimento que vem da realidade. esse 
conhecimento possibilita a formação da ideia. É este o ponto de partida da lógica formal: 
a ideia. Podemos defini-la como a representação intelectual de um objeto (homem, 
Brasil, Pedro, entre outros). 
Toda ideia apresenta uma compreensão e uma extensão.
1) A compreensão de uma ideia diz respeito ao seu conteúdo, ao conjunto dos 
elementos que a compõe. Assim, a ideia de HoMeM supõe uma série de 
elementos para sua compreensão: ser, sensível, racional, bípede, entre outros.
2) A extensão diz respeito à quantidade de indivíduos que podem ser 
depreendidos da ideia. da ideia de animal, por exemplo, participam uma 
grande quantidade de indivíduos: vertebrados, invertebrados, celenterados, e 
até mesmo o próprio homem.
Quanto mais compreensiva uma ideia, menos extensa e vice-versa. Por exemplo, 
5 Raciocínio Lógico - Unidade 3
quando nos referimos à ideia de animal, podemos imaginar a partir dela todos os animais, 
e ao mesmo tempo não teremos condições de especificar nenhum. sua extensão é ampla, 
ao mesmo tempo, sua compreensão é limitada. Fica difícil compreender plenamente o 
que uma pessoa quer dizer quando pronuncia a palavra animal. 
Já, se pensarmos a ideia de homem, esta se aplica a uma categoria de animal e 
traz consigo uma série de elementos que contribuem à sua compreensão. Tal ideia é 
mais compreensível do que extensa. 
As ideias podem ser divididas considerando a capacidade que têm de representar 
o objeto, a compreensão e a extensão. 
a) Quanto à perfeição, as ideias podem ser:
 à Adequadas – quando são esgotadas as possibilidades de conhecimento 
da coisa (ex.: relâmpago, Marco Polo). Quando as possibilidades não são 
esgotadas e as ideias podem referir-se a mais de uma coisa, elas classificam-
se como inadequadas (ex.: clarão, som, vulto).
 à claras – quando os elementos percebidos são suficientes para distingui-
la de outras (ex.: homem, peixe), ela nunca será confundida com outra. 
Quando falta clareza de seus elementos é classificada como obscura (ex.: 
objeto voador, animal peludo). 
 à distintas – quando todos os seus elementos são suficientes para torná-la 
clara, apresentando dados significativos individualizantes (ex.: relógio-
pulseira de ouro, marca ômega). Quando não há clareza, a ideia é classificada 
como confusa (ex.: relógio, veículo).
b) Quanto à compreensão, as ideias podem ser classificadas como:
 à simples – quando é composta por um só elemento significativo sua 
compreensão é imediata (ex.: ser, ente).
 à compostas - quando é composta por mais de um elemento significativo, 
sua compreensão implica vários elementos (ex.: homem, animal).
c) Quanto à extensão, por sua vez, as ideias podem ser classificadas como:
 à singulares - quando se referem a um determinado ser ( ex.: este lápis, o 
primeiro satélite espacial).
 à Particulares - quando designam parte de uma classe ou gênero de seres 
6 Raciocínio Lógico - Unidade 3
(ex.: muitos soldados, alguns livros, várias televisões).
 à Universais - quando designam todos os seres de uma mesma espécie ou 
gênero de seres (ex.: animal, racional, homem). 
como a lógica formal estudaas regras do pensamento correto, regras estas que 
estão sustentadas pelos três princípios aristotélicos, vistos no capítulo 2, principalmente 
no princípio da não-contradição, essas regras devem estar presentes desde o primeiro 
momento do pensamento que é a apreensão da ideia. A regra básica, no que diz respeito 
a este momento, é de que a ideia não pode conter nenhum elemento contraditório; 
em outras palavras, para que uma ideia tenha sentido e seja válida, ela não deve ser 
composta por elementos que se excluam. explicitando: não podemos idealizar um 
círculo quadrado, um deus mal, um sol sem luz, entre outros. 
Uma vez estabelecida uma ideia é necessário que ela seja comunicada. Passamos 
a falar do termo como expressão material da ideia, que permite que esta seja transmitida 
de uma pessoa para outra. Assim, o termo é a representação concreta de uma ideia.
da mesma forma que a ideia, o termo também se classifica a partir da capacidade 
que tem de representar o objeto, sua extensão e sua compreensão.
a) Quanto à capacidade que apresenta de representar o objeto, o termo pode ser 
classificado como:
 à Unívoco – quando se aplica a uma única ideia, designando sempre a mesma 
coisa, possui sempre o mesmo significado. exemplos: deus, casa, cadeira.
 à equívoco – quando se aplica a ideias diversas, possui duas ou mais 
significações completamente diversas entre si. exemplos: manga (de 
camisa, fruta), vela (de barco, de acender).
 à Análogo – quando possui vários significados que, apesar de se 
diferenciarem, guardam entre si alguns nexos. exemplos: visão/olho = 
intelecção/inteligência.
b) Quanto à extensão, o termo pode ser:
 à singular – quando se refere a um único indivíduo. É exemplo: este livro.
 à Particular – quando se refere a certo número de indivíduos. exemplo: 
alguns homens.
 à Universal – quando representa uma ideia universal. exemplo: homem.
7 Raciocínio Lógico - Unidade 3
c) Quanto à compreensão, o termo pode ser:
 à incomplexo – quando o termo é composto por um só elemento vocabular. 
exemplo: casa, árvore.
 à complexo – quando é composto por mais de um universo vocabular. 
exemplo: guarda-roupa, navio-escola.
PRATicAndo
Agora teste sua compreensão sobre os termos classificando-os quanto 
à capacidade de representar o objeto, quanto à extensão e quanto à 
compreensão.
Termo
QuanTo à 
capacidade de 
represenTar o 
objeTo
QuanTo à 
exTensão
QuanTo à 
compreensão
cadeira
quadro negro
animal
comunidade 
alemã
A explicação da ideia e do termo, de tal forma que não se estabeleça a 
contradição, remete-nos à exigência da definição. na sua vida acadêmica, você, vez 
por outra, é solicitado a definir alguma coisa. Por exemplo, se está cursando direito é 
solicitado a definir JUsTiÇA; se faz odontologia, deve saber definir sAÚde; se é aluno 
de pedagogia, deve definir edUcAÇão e assim por diante. 
8 Raciocínio Lógico - Unidade 3
deFiniÇão
Apesar de muitas vezes usados como sinônimos, 
os termos deFiniR e conceiTUAR têm significados 
diferentes. Assim:
conceiTo – “instrumento mental que nos serve 
para pensar as diversas realidades, representando-
as no nosso espírito. Por ele nós pensamos um conjunto de propriedades 
(formando a sua compreensão) como realizadas num conjunto de objectos 
(constituindo a sua extensão) (M. gex). o conceito reúne as características 
comuns ao conjunto de seres da mesma espécie, distinguindo-os dos seres 
constitutivos de outra(s) espécie(s). enquanto representação mental, o 
conceito distingue-se do termo, a sua expressão verbal. Assim, o conceito 
de ser humano (animal racional) pode exprimir-se pelos termos homem, 
hombre, homme...” (dicionÁRio, 2011). 
deFiniR – “enunciar os atributos, as características específicas de uma coisa 
(objeto, ideia, ser) de tal modo que ela não se confunda com outra. dizer 
exatamente, explicar a significação de. demarcar, fixar” (dicionÁRioWeB, 
2011).
Uma boa definição deve estabelecer o gênero próximo e a diferença específica. 
como exemplo, podemos citar a definição de Homem, seu gênero próximo é animal e a 
diferença específica é que o Homem é racional.
Assim, temos como exemplo de uma possível deFiniÇão de homem: o homem é 
um animal racional.
segundo nerici (1988, p. 40), uma boa definição deve ser orientada por algumas 
regras, a saber:
1. “A definição deve convir somente ao definido.” Assim sendo, será 
possível substituir a definição pelo definido, sem possibilidade de 
equívoco. [...]
2. “deve ser curta para ser memorizada.” É desejável que assim seja mas 
nem sempre isso é possível. [...]
3. “deve ser clara e precisa.” esta é uma exigência fundamental para a 
definição e, de certo modo, encerra as duas regras anteriores. [...]
4. A definição não deve ter elementos supérfluos. [...]
5. A definição não deve ser negativa quando pode ser positiva. o objeto 
deve ser definido, preferencialmente, pelo que é, e não, pelo que não é.
6. A definição não deve ser tautológica, isto é, não deve ser mera repetição 
9 Raciocínio Lógico - Unidade 3
do definido. 
com esta orientação é possível construir uma boa definição, capaz de possibilitar 
a compreensão do que a coisa é. Quando definimos, estamos também delimitando.
o juízo
depois de formadas, as ideias passam a se relacionar entre si. desta relação surge 
o juízo. ou seja, depois que o espírito apreende as ideias, o próximo passo consiste em 
compará-las e, consequentemente, produz-se um julgamento de inconveniência ou 
conveniência entre as mesmas. Temos assim um juízo. É através dele que tornamos as 
ideias falsas ou verdadeiras. o juízo, portanto, pode ser definido como “o ato em que o 
espírito ‘afirma ou nega uma coisa de outra’” (neRici, 1988, p. 43). 
Quando um juízo é expresso verbalmente, temos a proposição. sobre a proposição 
estudaremos no capítulo 5.
A proposição é um enunciado no qual afirmamos ou negamos um termo 
(um conceito) de outro. no exemplo “Todo cão é mamífero“ (Todo c é M), 
temos uma proposição em que o termo “mamífero” afirma-se do termo 
“cão” (ARRUdA; MATins, 2010, p. 131).
se o juízo ou proposição é fruto da correlação entre ideias, e se esta relação 
acaba por se estabelecer como um julgamento, cada ideia ou parte que compõe esta 
proposição deve ter uma função determinada. estamos falando nas partes de um juízo, 
a saber:
 • o sujeito – a ideia da qual se afirma alguma coisa;
 • o predicado – a ideia que afirma alguma coisa do sujeito;
 • o verbo – a afirmação em si, une o predicado ao sujeito.
exemplo:
 Maria está grávida
(ideia/sujeito) (verbo) (ideia/predicado)
Um juízo pode ser classificado como analítico ou sintético. 
10 Raciocínio Lógico - Unidade 3
 • Juízo analítico - aquele em que o predicado está contido na noção do sujeito. 
exemplo: o leite é branco.
 • Juízo sintético – aquele em que o predicado não está contido na noção do 
sujeito. exemplo: Maria está doente.
Kant, filósofo alemão, já precisava a especificidade dos juízos analíticos e sintéticos.
em todos os juízos, nos quais se pensa a relação entre um sujeito e um 
predicado [...], esta relação é possível de dois modos. ou o predicado B 
pertence ao sujeito A como algo que está contido (implicitamente) nesse 
conceito A, ou B está totalmente fora do conceito A, embora em ligação com 
ele. no primeiro caso chamo analítico ao juízo, no segundo, sintético (KAnT, 
1997 apud FeRReiRA, 2011).
segundo Kant, o juízo analítico independe da experiência, por isso é a priori; por 
sua vez, o juízo analítico é a posteriori, isto é, empírico – depende da experiência. 
PRATicAndo
vamos praticar?
identifique as partes dos juízos abaixo e classifique-os 
(analíticos ou sintéticos):
1. cláudia estudou a matéria da prova.
2. o círculo é redondo.
3. A casa é de taipa.
o argumento e o raciocíniochegamos ao momento da lógica formal, que pode ser considerado a síntese 
de todo processo sobre o qual ela se debruça e que, ao mesmo tempo, se constitui 
o ponto de partida para o desenvolvimento da lógica material: estamos falando do 
argumento. Recapitulemos o que foi dito até então sobre o processo intelectivo. em 
primeiro lugar, o nosso intelecto apreende as ideias, logo depois, relaciona-as formando 
os juízos que são ordenados de forma a se chegar a uma conclusão sobre determinado 
assunto, produzindo novo conhecimento. Todo esse percurso constrói um argumento. É 
fundamental que tenhamos argumentos convincentes, argumentos capazes de garantir 
11 Raciocínio Lógico - Unidade 3
o nosso ponto de vista.
veja o caminho que vai da ideia ao argumento: o primeiro momento é a 
apreensão dos fatos e a formação das ideias, que são enunciadas através do termo; a 
seguir, da relação das ideias entre si formula-se o juízo. A enunciação do juízo através 
da palavra falada ou escrita recebe o nome de proposição. A formulação de juízos nos 
encaminha para conclusões. Toda essa operação mental recebe o nome de raciocínio, 
cuja enunciação, através da palavra escrita ou falada, recebe o nome de argumento. 
o argumento pode ser definido como “um discurso em que encadeamos proposições 
para chegar a uma conclusão” (ARRUdA; MARTins, 2010, p. 133). o argumento é, ainda, 
o meio utilizado para convencer alguém acerca de algo
Podemos inferir que o raciocínio, e sua enunciação através do argumento, é o 
remate final de todo o processo do pensamento. 
Quando você estudou a história da lógica pôde conhecer sobre o silogismo 
aristotélico, que não é outra coisa senão a maneira mais básica de se demonstrar um 
argumento. o silogismo é a fórmula que possibilita analisar, por meio do argumento, o 
grau de perfeição e validade do raciocínio. 
você também viu que o silogismo é um argumento formado por dois antecedentes 
e uma conclusão. os antecedentes são chamados de premissas. A veracidade da 
conclusão do silogismo é orientada por duas regras fundamentais:
1) se as premissas forem verdadeiras, a conclusão será verdadeira.
veja o exemplo:
Todo metal conduz 
energia
antecedente v
PReMissAs
o bronze é um metal antecedente v
logo,
o ouro conduz energia consequente F conclUsão
2) se as premissas foram falsas, a conclusão será falsa.
veja o exemplo:
12 Raciocínio Lógico - Unidade 3
Todo animal voa antecedente F
PReMissAs
o homem é um animal antecedente F
logo,
o homem voa consequente F conclUsão
Afinal, o que significa argumentar?
de forma sintética podemos afirmar que argumentar é apresentar uma proposição 
como sendo uma consequência de duas ou mais proposições. de modo geral, um 
argumento é constituído por premissas (p, p1, ..., pn) nas quais nos baseamos para 
afirmar outra premissa que é a conclusão.
Um argumento pode ser apresentado de duas formas:
1) A forma simbólica 
p1, p2, ..., pn c
 premissas conclusão
2) A forma padronizada
P1
premissas
P2
...
Pn
c conclusão
Um argumento válido é aquele cuja conclusão decorre do que foi afirmado 
nas premissas. É preciso, ainda, que as premissas e a conclusão estejam relacionadas 
corretamente. neste sentido, quando a conclusão é uma consequência necessária 
das premissas, dizemos que o argumento é válido. Quando a conclusão não é uma 
consequência necessária das premissas, dizemos que o argumento é inválido.
veja o exemplo:
Bruno é uma pessoa que tem boa memória para fatos ou objetos vistos 
13 Raciocínio Lógico - Unidade 3
anteriormente, pois é paranaense e todo paranaense tem boa memória para fatos ou 
objetos vistos anteriormente.
veja agora a forma lógica desse argumento:
Bruno é paranaense PReMissA 1
Todos os paranaenses têm boa memória 
para fatos ou objetos 
vistos anteriormente.
PReMissA 2
logo, 
Bruno é uma pessoa que tem boa 
memória para fatos ou objetos vistos 
anteriormente.
conclUsão
neste caso, a conclusão decorre necessariamente das premissas 1 e 2. Portanto, 
podemos afirmá-lo como argumento válido.
PRATicAndo
considerando a forma simbólica e a forma padroniza de 
apresentar um argumento, exercite sua compreensão 
sobre o assunto colocando o argumento acima na 
forma simbólica e na forma padronizada.
Até aqui falamos da validade formal de um argumento, torna-se necessário agora 
assegurar a validade material, esse é o campo de ação da lógica material.
3.2.2 A lógica material
Até aqui, você foi apresentado à lógica formal, responsável pelo estudo das 
leis gerais do pensamento. convidamos você, agora, a pensar a relação do nosso 
pensamento com os fatos da realidade. este é o campo da lógica material. 
A lógica material se desenvolveu com as transformações no conceito de ciência. 
Momento em que se passou a exigir a comprovação empírica do conhecimento 
produzido para explicar a realidade. sabe-se que a partir do séc. Xvi, com a consolidação 
14 Raciocínio Lógico - Unidade 3
da revolução científica, a ciência, até então um conhecimento voltado à explicação da 
realidade, passou a ser um conhecimento experimental voltado à transformação da 
natureza.
A verdade e o erro
A relação pensamento/realidade move o homem a estabelecer juízos sobre a 
realidade do mundo. esse processo pode se desenvolver em duas perspectivas: a da 
verdade lógica – quando se verifica a correspondência do pensamento com a realidade; 
ou a do erro, quando não há essa correspondência. Apesar do conhecimento dos 
princípios do raciocínio correto, postulados pela lógica formal, o homem continua 
sujeito ao erro, tomando o falso como verdadeiro.
você pode perceber que a lógica, como todo conhecimento filosófico e científico, 
constrói-se tendo como referência a verdade. o que é a verdade? Podemos elencar uma 
série de definições. veja algumas:
1. correspondência entre o conhecimento e o objeto – É o conceito mais 
antigo e que pode ser expresso como ‘o acordo do pensamento com 
seus objetos’.
2. coerência lógica – segundo este conceito, a verdade exclui o objeto, 
que não pode ser conhecido em sua essência, em si [...]. logo, um juízo 
será verdadeiro quando se ajustar às normas e leis do pensamento.
3. Utilidade prática – É o conceito de funcionalidade, de utilidade que vai 
prevalecer (neRici, 1988, p. 17-8).
Podemos definir duas perspectivas de verdade: a verdade ontológica e a verdade 
lógica. 
Jolivet (2011) define as duas perspectivas de verdade afirmando que:
1) A verdade ontológica exprime o ser das coisas, enquanto corresponde 
exatamente ao nome que se lhe dá, enquanto, por conseguinte, é conforme à 
ideia divina de que procede. As coisas, com efeito, são verdadeiras enquanto 
são conformes às ideias segundo as quais foram feitas. conhecer esta verdade, 
quer dizer, conhecer as coisas tais quais são, é tarefa de nossa inteligência.
2) A verdade lógica exprime a conformidade do espírito às coisas, isto é, à verdade 
ontológica. desde que eu afirme: “este ouro é puro”, enuncio uma verdade, se 
verdadeiramente a pureza pertence a este ouro, isto é, se meu julgamento está 
15 Raciocínio Lógico - Unidade 3
conforme ao que é.
Ainda segundo Jolivet (2011), diante do verdadeiro, o espírito humano pode se 
apresentar em quatro estados diferentes: 
1) ignorância – caracteriza-se pela ausência de conhecimento do objeto.
2) dúvida – caracteriza-se pelo estado de equilíbrio entre afirmação e negação 
do objeto, levando a uma suspensão de juízo.
3) A opinião – consiste na afirmação ou negação acerca do objeto com medo de 
estar equivocado.
4) A certeza e a evidência – enquanto a certeza é a adesão a uma verdade sem 
temor de engano; a evidência é o que fundamenta nossa certeza.
Uma vez explicitada a compreensão de verdade, é fundamental tambémdizer 
alguma coisa sobre o seu oposto: o erro.
segundo o filósofo Régis Jolivet (apud coTRiM, 1989) o erro tem causas lógicas, 
psicológicas e morais. em lógica, o erro se chama falsidade, em moral chama-se mentira.
 • As causas lógicas ligam-se à falta de inteligência.
 • causas psicológicas ligam-se à falta de atenção e de memória.
 • As causa morais, para este pensador, verdadeiras causas do erro, são 
basicamente de três ordens: a vaidade, o interesse e a preguiça.
como remédios contra o erro, o filósofo aponta:
 • os remédios lógicos – constituem-se em uma higiene intelectual, estimulando-
se a memória, controlando-se a imaginação.
 • os remédios morais – que podem ser sintetizados no amor à verdade, que nos 
impulsiona a julgar com imparcialidade, paciência e perseguição da verdade.
Pode ocorrer de um raciocínio sobre a realidade se apresentar com aparência de 
16 Raciocínio Lógico - Unidade 3
verdade. neste caso estamos diante de um sofisma.
deFiniÇão
soFisMA – “não é mais do que um raciocínio falso. esta 
falsidade pode nascer da má aplicação do raciocínio em 
premissas certas ou do raciocínio certo em premissas 
falsas. o sofisma pode ou não ser empregado com 
intenção de enganar” (neRici, p. 77).
vejamos agora quais os tipos mais frequentes de sofisma.
a) equívoco e ambiguidade – este sofisma resulta do emprego de uma mesma 
palavra em dois ou mais sentidos.
exemplo: Toda barata é um inseto.
 esta flor é barata.
 logo, esta flor é um inseto.
b) ignorância da causa – este sofisma resulta daquelas inferências cotidianas, 
quando concluímos que um fato foi causado por circunstâncias acidentais que 
o antecederam, e que não necessariamente sejam a causa verdadeira. 
exemplo: não levo meu primo em jogo do meu time, porque das vezes em que 
levei, meu time perdeu: ele é pé frio.
c) comparação indevida – este sofisma resulta das semelhanças que 
estabelecemos entre objetos, sem, no entanto, preocuparmo-nos com as 
diferenças dos mesmos.
exemplo: os animais são seres vivos como os vegetais. os animais se 
locomovem. logo, os vegetais também se locomovem.
d) Petição de princípio – este sofisma ocorre quando resolvemos tomar como 
verdade demonstrada aquilo que já está em discussão. 
exemplo: Tal ação é injusta porque é condenável; e é condenável porque é 
injusta.
superar o erro é, portanto, o que o ser humano almeja. essa superação implica 
distingui-lo da verdade. Acima falamos conceitualmente sobre o erro, agora vamos 
entender conceitualmente a verdade.
17 Raciocínio Lógico - Unidade 3
A lógica, seja na reflexão sobre as operações do pensamento (lógica formal), 
seja na reflexão sobre a relação deste com a realidade (lógica material), persegue 
o raciocínio correto, buscando superar o erro. Para finalizar, veja que esta é uma 
preocupação presente em cada um de nós, descrita em ditos populares:
errar é humano, persistir no erro é burrice.
18 Raciocínio Lógico - Unidade 3
3.3 Aplicando a teoria na prática
veja o que afirmamos abaixo e pense em uma situação em que você já foi 
convencido, em algum momento, a partir do argumento dado por alguém.
A formulação de argumentos válidos em nossa vida pessoal ou profissional 
possibilita levarmos adiante nossos projetos. saber argumentar é uma forma efetiva 
de inserção na realidade. É tão evidente o valor da boa argumentação que, em muitas 
situações, uma disputa é vencida pelo que chamamos de argumento de autoridade. ou 
seja, a conclusão de um argumento se sustenta no conhecimento, ou reputação de uma 
autoridade.
 essa autoridade pode ser uma pessoa, uma instituição. no entanto, é importante 
destacar que um argumento de autoridade apenas é um bom argumento se a autoridade 
em causa é realmente qualificada em relação ao assunto acerca do qual desejamos 
provar a conclusão.
Por exemplo, quando afirmamos que segundo órgãos de defesa ambiental 
há 90% de probabilidade de o aquecimento global ter uma causa humana, estamos 
afirmando que é muito provável que o aquecimento global tenha sido causado pelos 
seres humanos. neste caso, procura-se provar a participação do homem no aquecimento 
global recorrendo à autoridade dos órgãos responsáveis pelo meio ambiente. se 
aceitarmos que estes órgãos são qualificados, temos um bom argumento.
3.4 Para saber mais
Título: educando para a argumentação: contribuições do 
ensino da lógica
Autor: Patrícia del nero velasco editora: Autêntica editora Ano: 2010
este livro oferece uma introdução às noções elementares de lógica, 
possibilitando um contato com os seus conceitos fundamentais. Apresenta 
noções elementares da chamada lógica não formal, que independe da 
formalização e da simbologia típicas da matemática. com a utilização de 
fragmentos jornalísticos, quadrinhos e outras ferramentas que ilustram e dão 
suporte aos conceitos apresentados, possibilita uma incursão prazerosa ao 
universo da lógica.
19 Raciocínio Lógico - Unidade 3
3.5 Relembrando
neste capítulo você aprendeu que a lógica apresenta duas grandes divisões: 
a) lógica formal - trata do acordo do pensamento consigo mesmo e tem como 
ponto central de estudo o argumento e o raciocínio em si, especificamente os 
elementos básicos que o compõe: a ideia, a proposição e enfim ele mesmo, o 
argumento. 
b) lógica material - trata do estudo do raciocínio em sua dependência em relação 
ao conteúdo material, aos objetos da realidade a que se dirige. 
são partes constitutivas da lógica formal:
 • ideia, juízo e raciocínio – como elementos do pensamento;
 • termo, proposição e argumento – como representação concreta dos 
elementos do pensamento. 
de forma esquemática temos:
ideia TeRMo
Juízo PRoPosiÇão
Raciocínio ARgUMenTo
 • A ideia é o ponto de partida da lógica formal. o termo é a representação 
concreta de uma ideia.
 • o juízo pode ser definido como “o ato em que o espírito ‘afirma ou nega 
uma coisa de outra’” (neRici, 1988, p. 43). Quando um juízo é expresso 
verbalmente temos a proposição.
 • A operação mental que vai da ideia ao argumento recebe o nome de 
raciocínio. A enunciação deste através da palavra escrita ou falada recebe o 
nome de argumento.
 • A lógica, como todo conhecimento filosófico e científico, constrói-se tendo 
como referência a verdade.
20 Raciocínio Lógico - Unidade 3
 • o conceito de verdade é amplo, pode ser pensado em duas perspectivas: a 
verdade ontológica e a verdade lógica. 
 • o oposto da verdade é o erro.
 • o erro tem causas lógicas e causas morais. em lógica, o erro se chama 
falsidade, em moral chama-se mentira.
 • existem raciocínios que se apresentam com aparência de verdade – são os 
sofismas. os tipos mais frequentes de sofisma são: equívoco e ambiguidade; 
ignorância da causa; comparação indevida; petição de princípio.
3.6 Testando os seus conhecimentos
1) observe os sofismas i e ii e responda o que se pede:
i. Toda violeta é roxa
Toda violeta é flor
logo, toda flor é roxa
ii. Alguns humanos são sábios
Alguns humanos não são inteligentes
logo, alguns sábios não são inteligentes
a) em cada um desses sofismas identifique as premissas e a conclusão.
b) identifique os três termos que compõem o silogismo.
2) considerando os tipos mais frequentes de sofismas estudados neste capítulo, 
classifique-os:
a) o cigarro prejudica a saúde porque faz mal para o organismo.
b) Toda barata é um inseto. esta flor é barata. logo, esta flor é um inseto.
c) Maria viu um gato preto antes de cair da escada. logo, ela caiu porque viu um 
gato preto.
onde encontrar
ARAnHA, M. l. de A.; MARTins, M. H. P. Filosofando. Rio de Janeiro: Moderna, 2010.
21 Raciocínio Lógico - Unidade 3
coTRiM, g. Fundamentos da filosofia. são Paulo: saraiva, 1989.
dicionÁRio de Filosofia. sobre as definições de conceito. disponível em: <http://www.
terravista.pt/ancora/2254/lexc.htm>.Acesso em: 12 abr. 2011.
dicionÁRioWeB. definir. disponível em: <http://www.dicionarioweb.com.br/definir.
html>. Acesso em: 20 abr. 2011.
FeRReiRA, i. l. A distinção analítico-sintético. disponível em: < http://www.
diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/
FilosoFiA/dissertacoes/isaias.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2011.
JoliveT, R. lógica material. disponível em: <http://www.consciencia.org/
cursofilosofiajolivet6.shtml>. Acesso em: 25 abr. 2011.
 ______. curso de filosofia. Rio de Janeiro: Agir, 1966.
neRici, i. g. introdução à lógica. são Paulo: nobel, 1988.
velAsco, P. d. n. educando para a argumentação: contribuições do ensino da lógica. 
Belo Horizonte: Autêntica editora, 2010. (coleção ensino de Filosofia, 3).

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