Buscar

AULAS 01 A 15 materia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

AULAS 01 A 15
MENU PRINCIPAL
RESPONSABILIDADE CIVIL
  PROF. JOSÉ ANTÔNIO
Introdução
Noções sobre o tema;
Conceito;
Dever jurídico originário e sucessivo;
Ato ilícito em sentido amplo e estrito;
Espécies de responsabilidade (gráfico da responsabilidade);
Pressupostos (análise do art.186 do NCC);
Introdução
Noções sobre o tema;
A finalidade do direito, segundo nos ensina San Tiago Dantas, é “proteger o lícito e reprimir o ilícito”, e todos nós temos um dever genérico de conduta na nossa vida civil, de molde a evitar qualquer prejuízo a outrem, através de uma conduta cautelosa.
Isso nem sempre ocorre, o sujeito de direito realiza condutas reprováveis ou ele assume riscos sancionados e com isso pode vir a causar prejuízo material ou moral ao outro sujeito de direito, e daí decorre a responsabilidade civil.
Cuida-se da obrigação que o causador de um dano injusto tem no sentido de ressarcir a vítima de sua conduta danosa. Verdadeiro dever de arcar com as consequências do seu comportamento ilícito.
Na atualidade, a responsabilidade vem sendo definida como um conjunto de normas constitucionais e infraconstitucionais, bem como por princípios e teorias elaboradas para determinar a obrigação de uma pessoa de ressarcir os danos causados a outra, seja em decorrência da violação da lei (ato ilícito), seja pela violação de cláusulas contratuais.
Evolução histórica; (autotutela; Lei do mais forte; autocomposição; jurisdição)
Caio Mário da Silva Pereira inicia o seu livro “Responsabilidade Civil” dizendo q é difícil precisar o histórico da responsabilidade civil. E os autores na sua imensa maioria não sabem precisar com exatidão o momento do surgimento da responsabilidade, pq desde que o homem existe, juntamente com ele existem as disputas e os conflitos.
Contudo, todos concordam que desde os tempo mais remotos (Código de Hamurabi, homenagem ao monarca da Babilônia; período de 2003 a 1961 a.C.; Lex Aquilia data de 250 a.C.; Lei das XII Tábuas, em Roma) já se vislumbra a idéia de punir o causador de um dano, instituindo-lhe sofrimento igual.
Até mesmo nessas sociedades primitivas, já se impunham relações de convivência harmônica como forma de preservação do grupo social.
Só que nessa fase primitiva não existia um Estado organizado, suficientemente forte para impor a sua vontade sobre a dos particulares, que então resolviam os conflitos por suas próprias mãos. Trata-se da época da vingança privada ou autotutela.
a)         VINGANÇA PRIVADA (AUTOTUTELA / AUTODEFESA) – Dto Romano: era a fase em que prevalecia a idéia de vingança privada, na qual uma das partes do conflito impunha à força sua vontade ao adversário.
não havendo diferença entre responsabilidade civil e penal. Nessa época não se cogitava de satisfazer a vítima ou sua família, porém de atingir aquele que materialmente causou um dano.
Era a punição do mal com o mal (LEI DE TALIÃO; retaliatio), a própria Bíblia já dizia “Olho por olho, dente por dente” : EX. A pessoas que teve seu braço quebrado tinha o direito de quebrar o braço da outra, ou então de cortar o corpo do devedor em tantas partes quantos fossem os credores, ou mesmo de vendê-lo como escravo.
Com o passar do tempo, que em geral faz com que o homem se desenvolva e evolua, começou-se a perceber que esta forma de solução dos conflitos de interesse, das lides, não trazia paz para a vida em comunidade, mas ao contrário acirrava, aumentava ainda mais a discórdia, pq mesmo que o sujeito mais fraco estivesse com toda a razão, ele acabava sendo oprimido, dominado e derrotado pelo mais forte fisicamente.
Então nas sociedades antigas, começou a surgir A FIGURA DOS ÁRBITROS: homens escolhidos para solucionar os conflitos, eleito pelas partes em disputa. Geralmente, eram sacerdotes ou um ancião da comunidade q resolvia o conflito ou pela lei divina ou pelos costumes locais. Era já a 2a fase da evolução, denominada composição voluntária.
b)        COMPOSIÇÃO VOLUNTÁRIA:  esta também foi perdendo força, na medida em que o Estado foi ficando mais forte. Segue-se a composição legal;
c)         JURISDIÇÃO –  Do latim juris dictio.  Trata-se de um dos poderes soberanos do Estado, ao lado dos poderes de legislar e administrar. Cuida-se do poder-dever do Estado-juiz de solucionar os conflitos de interesse impondo, com definitividade, sua vontade sobre a dos particulares, que são proibidos de resolverem pela força seus conflitos. O Estado retira dos particulares a liberdade que estes possuíam de solucionar da maneira que quisessem seus próprios conflitos e toma para si o monopólio do poder de julgar.
Passa a solucionar as lides de forma coercitiva (obrigatória) e com definitividade (imutabilidade das decisões).
             O direito penal passa, então, a tipificar como crime o exercício arbitrário das próprias razões (art. 345).
Quando o Estado, a autoridade passa a assegurar a punição do culpado, o aspecto civil (reparação) se dissocia do penal (punição).
ASPECTO CIVIL = REPARAÇÃO (reparar = consertar, restaurar, corrigir, remediar, atenuar com uma indenização o dano causado). Recai sobre o patrimônio material do causador do dano.
                   X
ASPECTO PENAL = PUNIÇÃO (PUNIBILIDADE). Recai sobre a própria pessoa do condenado, inclusive com a privação da sua liberdade.
= DEPOIS DA ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS = 
Podemos identificar alguns fatores da evolução da responsabilidade civil (serão analisados de forma mais detalhada na aula sobre responsabilidade civil do Estado):
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (2a metade do séc. passado)
Esta elevou ao infinito a capacidade de produção do ser humano, que passou de um produção manual, artesanal, circunscrita ao núcleo familiar, para uma produção gigantesca, em massa, em grande escala.
Isso para satisfazer o aumento da demanda decorrente da explosão demográfica (da população), em razão dos avanços tecnológicos e científicos q passaram a controlar doenças e as grandes pestes q matavam enormes contingentes populacionais.
A BUSCA DA JUSTIÇA SOCIAL (principalmente após a 2a guerra mundial), nos EUA falou-se no Estado do bem estar social. E assim a responsabilidade civil foi sendo cada vez mais inserida nas leis e depois nos Códigos das nações como forma de disciplinar o melhor modo de reparação do dano que um homem causa ao outro da forma mais justa possível, com isso visando atingir paz e bem-estar para a sociedade (que é um dos escopos, uma das finalidades do Direito: buscar pacificação social).
Em síntese, as origens da responsabilidade, no Direito Brasileiro, podem ser atribuídas a:
Fundamentos
1)      Direito Romano e a máxima neminem laedere: dever geral de não prejudicar ninguém.
2)      Direito Francês (os ideais da Revolução Francesa que influenciaram sobremaneira o nosso CC1916: Código de Napoleão (1804); (em especial, quando estudarmos a responsabilidade do Estado)
3)      Direito Alemão (BGB, 1897); 1o código a criar conceito único de ato ilícito;
4)      AS ORDENAÇÕES DO REINO NO BRASIL; lei da boa razão (1769) mandava aplicar  o Direito Romano subsidiariamente;
5)      CÓDIGO CRIMINAL do Império de 1830; estabelece a responsabilidade penal;
6)      CC1916: cláusula geral do art.159 de responsabilidade subjetiva, fundada no conceito de culpa provada, TEORIA DA CULPA, existindo apenas algumas hipóteses específicas de responsabilidade objetiva, sem necessidade da prova da culpa); esse art. traduzia com fidelidade o ideal de liberdade da Revolução Francesa do séc. XIX, pois sendo LIVRE, o homem teria liberdade para escolher a conduta a seguir, portanto, passa a responsável pelas consequências de seu atuar. Assim, a culpa era uma consequência lógica da liberdade de agir do homem.
Posteriormente, veremos que na longa evolução da responsabilidade civil, gradativamente, foi havendo uma flexibilização da prova da culpa pelos nossos Tribunais, que passaram, em certos casos, a examinar a culpa com mais tolerância, sendo criados os conceitos de culpa presumida, culpa in re ipsa.
ART.159 (CC1916): “Aquele que, por ação ou omissão voluntária,negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”.
ART.186 (CC): “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Fazer remissão p/ o art.927 (CC): “Aquele que, por ato ilícito (arts.186 e 187),causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
FINALIDADE DA RESPONSABILIDADE (princípio da restitutio in integrum)
Está ligado ao mais elementar sentimento de JUSTIÇA (Ulpiano, em Roma, já trazia três deveres jurídicos originários fundamentais para a vida em sociedade, quais sejam: neminem laedere – não lesar outrem; honeste vivere – viver honestamente e secum cuique tribure – dar a cada um o que é seu).
O dano causado injustamente a uma pessoa, rompe o equilíbrio existente nas relações das pessoas na sociedade e, portanto, faz-se necessária a restauração do equilíbrio violado,  princípio da restitutio in integrum:  isto é, tanto quanto possível recolocar a vítima na situação anterior à lesão); o que se faz por meio de um indenização fixada na proporção do dano causado injustamente à vítima.
CONCEITO DE RESPONSABILIDADE
Etimologia (vem da palavra latina respondere): exprime a ideia de OBRIGAÇÃO, encargo (ler definição do Dicionário Aurélio); responder, arcar com as consequências de seus atos. É o dever de arcar com as consequências de seu ato, ou seja, o dever de assumir as consequências da sua ação ou omissão).
em sentido jurídico: DEVER SUCESSIVO DE REPARAR o dano causado, em razão da violação de um dever jurídico originário previsto na lei, no contrato, ou na própria ordem jurídica, tal como a dever geral neminem laedere – não lesar injustamente ninguém..
A responsabilidade é uma espécie de obrigação (sucessiva), cuja origem é o ato ilícito.
Porém, para que possamos ser obrigados a reparar algum mal causado a outra pessoa, primeiramente a lei precisa nos dizer quais atos são permitidos e quais são proibidos, ou seja, o que podemos e o que não podemos fazer.
E, para isso, A ORDEM JURÍDICA ESTABELECE DEVERES DE CONDUTA.
= CONCEITOS = 
Silvio Rodrigues – diz que o princípio informador de toda a teoria da responsabilidade é aquele que impõe a quem causa dano o dever de reparar.
Serpa Lopes – a responsabilidade civil significa o dever de reparar o prejuízo;
Na doutrina estrangeira – a responsabilidade civil é a obrigação de reparar o dano que uma pessoa causa a uma outra.  .
De início a responsabilidade civil fulcrou-se nos conceitos de delito e quase-delito, hoje superada.
DELITO – intenção de lesar; pressuposto é o dolo do agente;
QUASE-DELITO – é um fato que causa prejuízo a outrem, mas sem a intenção de lesar. Adota como figura a culpa. Atualmente, a responsabilidade civil concentra-se na figura do ATO ILÍCITO.
O que importa é a CONDUTA DO AGENTE.
RESP. CIVIL = DEVER DE REPARAR O DANO CAUSADO (isso é pacífico).
A divergência versa sobre a FUNDAMENTAÇÃO do dever ressarcitório, é que deu lugar à teoria da culpa ou responsabilidade subjetiva.
CULPA conceito amplo:  abrange CULPA PROPRIAMENTE DITA e DOLO.
Doutrina baseada no princípio da autonomia da vontade: cada um suportará os ganhos e as perdas de suas atividades.
No Brasil a resp. civil assenta no PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CULPA. O preceito capital é  o do art.186 do CC/02 (antigo 159 do CC 1916). O âmago da responsabilidade está na pessoa do agente e seu comportamento contrário ao direito.
       VÍTIMA     ———————- OFENSOR
(direito à reparação)                            (dever de reparar)
Mas da onde surge este DEVER DE REPARAR?
Para a teoria subjetiva não é qq fato do homem q gera o dever de reparar, mas tão somente quando o agente age com CULPA.
A responsabilidade tem por base fundamental a noção de CULPA, isto é, de ato culpável, ilícito. Somente é obrigado aquele por cuja CULPA o dano aconteceu.
DEVER JURÍDICO (é uma conduta imposta pelo ordenamento por exigência da convivência social; conduta que a pessoa deve ter). Não se trata de um conselho e sim de uma ordem que acaba por gerar obrigações, se acaso descumprida.
Na lição do Prof. Sérgio Cavalieri Filho: “É a conduta externa de uma pessoa imposta pelo Direito Positivo por exigência da convivência social”.
= ESPÉCIES DE DEVERES JURÍDICOS = 
Deveres positivos (dar; fazer) e negativos (não fazer).
Ex. dever de não causar dano à ninguém, de não lesar a integridade física de alguém, sob pena de responder pelo crime de lesão corporal e ressarcimento cível.
Nova modalidade trazida com o CC: obrigação de indenizar – art. 927 (legal) – (voluntária, sucessiva e legal);
VOLUNTÁRIA: criada pela vontade das partes nos negócios jurídicos celebrados;
LEGAL: estabelecida pela lei
SUCESSIVA: só surge depois de violada uma obrigação, um dever jurídico originário.
Finalidade de indenizar é tornar indene; sem dano.
A violação de um dever jurídico configura o ilícito, que quase sempre acarreta DANO, gerando um novo dever jurídico, de indenizar.
A NORMA DE CONDUTA É O CHAMADO DEVER ORIGINÁRIO/PRIMÁRIO/ PREEXISTENTE/INICIAL: que é o  de observar as obrigações impostas pela lei, pelo contrato ou pela ordem jurídica, com vistas a possibilitar nossa convivência harmônica.
QUANDO VIOLADO, GERA UM DEVER JURÍDICO SUCESSIVO/SECUNDÁRIO/POSTERIOR OU DECORRENTE: A RESPONSABILIDADE DE ARCAR COM AS CONSEQUÊNCIAS DO SEU ATO DANOSO. Indenizar os prejuízos causados a outrem.
ARTIGO 389, CC/02: “Não cumprida a OBRIGAÇÃO, RESPONDE o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária (…)”
Assim, a OBRIGAÇÃO É DEVER JURÍDICO ORIGINÁRIO E A RESPONSABILIDADE É DEVER JURÍDICO SUCESSIVO.
O jurista alemão Larenz dizia: “a responsabilidade é a sombra da obrigação”, vale dizer, sempre que existir uma obrigação, atrelada a ela, haverá a possibilidade de sanção pelo descumprimento. Em outros termos, a responsabilidade pressupõe a existência de um dever jurídico preexistente, uma obrigação prevista na lei ou no contrato, que quando descumprida, gerará a responsabilidade, o dever sucessivo de indenizar o dano causado.
Distinção de Alois Brinz entre obrigação (schuld: DÉBITO) e responsabilidade (haftung);
DÉBITO (SCHULD) = obrigação de realizar determinada prestação; depende de ação ou omissão do agente.
RESPONSABILIDADE (HAFTUNG) = faculdade que o credor tem de atacar, executar o patrimônio do devedor para se ressarcir do prejuízo por este causado. Dever de responder pelo débito.
É possível obrigação sem responsabilidade e vice-versa?
2 correntes:
1a) (Orlando Gomes/ Leoni) – sustentam q, excepcionalmente, é possível haver responsabilidade sem obrigação e vice-versa. Ex. fiança; e obrigação sem responsabilidade, ex. dívida prescrita, dívida de jogo.
2a) (Sérgio Cavalieri) Não há. No caso da fiança, por ex., estaríamos diante de uma responsabilidade indireta – pelo fato de outrem. O fiador responde pelo inadimplemento do afiançado.
CONCEITO jurídico de responsabilidade civil:
Responsabilidade Civil é um dever jurídico sucessivo que surge para reparar o dano decorrente da violação de um dever originário, estabelecido pela lei, pelo contrato ou pela própria ordem jurídica.
TODA CONDUTA HUMANA QUE VIOLANDO UM DEVER JURÍDICO ORIGINÁRIO CAUSAR DANO, PREJUÍZO A OUTREM, É FONTE GERADORA DA RESPONSABILIDADE (DO DEVER DE INDENIZAR).
 RESPONSABILIDADE    =  VIOLAÇÃO DE UM DANO
CIVIL =   DEVER JURÍDICO ORIGINÁRIO     +     (PREJUÍZO)
 
= PREMISSAS =
Ilicitude = violação de dever jurídico preexistente
A regra é que não há responsabilidade, em qualquer modalidade, sem violação de dever jurídico preexistente, uma vez que a responsabilidade pressupõe o descumprimento de uma obrigação anterior, prevista na lei, no contrato ou na ordem jurídica.
Para se identificar o responsável é necessário precisar o dever jurídico violado e quem o descumpriu.
Excepcionalmente, o Código Civil admite responsabilidade civil por ato lícito, nas hipóteses do art. 188, II c/c 929 e 930, todos do CC.
2.1.3. Posicionamento da responsabilidadeno ordenamento jurídico pátrio: Direito das obrigações
Parte geral: 3 Livros: das pessoas, dos bens, dos fatos jurídicos
Parte especial: 5 Livros: do direito das obrigações (Tít. IX – da responsabilidade civil);
Do direito de empresa;
Do direito das coisas;
Do direito de família;
Do direito das sucessões.
ART.927 (CC): “Aquele que, por ato ilícito (arts.186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
OBS.1) Embora exista esse título específico, o estudo da responsabilidade não se esgota aí, ao contrário, temos diversas outras leis tratando do assunto como por ex. o CDC, a própria CF/88, o Estatuto do Idoso, etc.
OBS.2) Outro dado importante é que não foi o CC q fez a revolução profunda na responsabilidade, esta ocorreu bem antes, com a CF/88 e com o CDC (lei 8.078/90). Agora, em relação ao CC1916, podemos dizer q houve profunda modificação.
A REGRA É: O FATO GERADOR, AQUILO QUE FAZ NASCER A RESPONSABILIDADE É O CHAMADO: ATO ILÍCITO(ART.927)=
Ato ilícito: ocorre toda vez que se viola um dever jurídico originário. ART.927 – ato ilícito é fonte da obrigação, fato gerador da responsabilidade;
Posicionamento do ato ilícito. Fatos jurídicos (esquema);
A responsabilidade é um fenômeno jurídico, logo torna-se relevante situá-la no esquema geral a ordem jurídica.
Ihering já dizia que “o Direito nasce dos fatos”, não é todavia qualquer fato social q faz nascer o Direito, somente o fato que tem repercussão jurídica
Fato jurídico é o acontecimento capaz de produzir consequências jurídicas.
Fatos naturais = decorrem de acontecimentos da natureza
(ex. nascimento, morte, tempestade, raio, enchente, etc.)
FATOS JURÍDICOS
Atos lícitos
1) Atos jurídicos: art.185
(De acordo com o Direito)   (Efeitos Predeterminados Pela Lei)
2) Negócios jurídicos:  art. 104 e ss CC.
3) Fatos voluntários
(efeitos determinados pelas partes)  (condutas humanas)                                                      
Atos ilícitos
1) Civil
(contrários ao Direito)
2) Penal
3) Administrativo
EXEMPLOS:
ATO JURÍDICO – reconhecimento de paternidade, adoção;
NEGÓCIO JURÍDICO – contrato (bilateral), testamento(unilateral: seu conteúdo é determinado pela vontade do testador) (note-se q nem sempre o NJ é bilateral); promessa de recompensa do dono de cão;
ATO ILÍCITO – VIOLA DEVER IMPOSTO PELA NORMA
ATO ILÍCITO – comportamento contrário ao direito. É fato gerador da responsabilidade.
Todos os autores falam que se trata de um conceito complexo e controvertido.
A maioria dos autores clássicos, por ex. Caio Mário, liga tal conceito ao  de CULPA, mas não é a melhor posição. Porque cria uma séria dificuldade qdo da análise da responsabilidade objetiva, que prescinde da culpa.
Mais adiante, quando formos estudar a responsabilidade objetiva nós vamos verificar q o conceito de CULPA, aos poucos foi deixando de ser a grande estrela da responsabilidade, perdeu cada vez mais espaço, porque começamos a perceber q em certos casos a responsabilidade objetiva deve ser admitida como exigência da própria vida em sociedade e também como ideal de justiça para determinados casos.
Isso porque com o desenvolvimento do maquinismo, dos meios de transporte, tecnológico e industrial, houve uma multiplicação dos acidentes que atingiam não só os operários, mas também os usuários desses serviços, e a prova da culpa, na imensa maioria dos casos, era tão complicada para o adquirente de tais serviços, que muitas vítimas ficavam ao desamparo. Logo se buscou formular uma nova teoria que permitisse a reparação independentemente da prova da culpa.
Falaremos mais para frente, então, da teoria do risco: todo prejuízo deve ser reparado por aquele que causou um risco (quem tem os bônus, deve arcar com os ônus de sua atividade); ideia de socialização dos riscos como forma de buscar justiça social.
Assim, se a culpa não integra o ato ilícito, este não estaria configurado, logo qual seria o fundamento da responsabilidade objetiva?
Por ex. do transportador, do Estado, do fornecedor de produtos e serviços. Se eles violam dever jurídico cometem ato ilícito, ou seja, comportamento que viola um mandamento legal. A diferença é que o dever estabelecido aqui o é pelo lei, ex. dever de incolumidade, segurança, que não exige a prova da culpa do agente p/ que este seja responsabilizado, porque o legislador entendeu q determinados valores seriam tão importantes que mereceriam reparação independentemente da prova da culpa do causador do dano.
Melhor posição: DUPLO ASPECTO DA ILICITUDE:
subjetivo – ato ilícito EM SENTIDO ESTRITO; stricto sensu: art. 186: conjunto de pressupostos da responsabilidade ou da obrigação de indenizar) Relações interindividuais, nas quais a prova da culpa é fundamental para se determinar a responsabilidade de determinada pessoa.
objetivo – ato ilícito EM SENTIDO AMPLO; lato sensu (indica apenas a ilicitude do ato; a conduta humana antijurídica, contrária ao Direito, sem qualquer referência ao elemento subjetivo ou psicológico: parágrafo único do art. 927 e art. 187 ;
Em geral se dá entre o indivíduo e o grupo: Estado, empresas, fornecedores de prod./serviços…
O CC/02 adota esse duplo aspecto da ilicitude:
ATO ILÍCITO EM SENTIDO AMPLO                X          ATO ILÍCITO EM SENTIDO ESTRITO
(ART.187, p.u. 927)                                                    (ART.186 e 927)
ASPECTO OBJETIVO                                             ASPECTO SUBJETIVO
JUÍZO DE VALOR SOBRE O ATO                    JUÍZO DE VALOR SOBRE O AGENTE
(viola dever específico previsto na lei)                                  (viola dever de cuidado)
ESPÉCIES DE RESPONSABILIDE: depende de onde vem o dever jurídico violado
(Civil e penal; contratual e extracontratual; subjetiva e objetiva; nas relações de consumo; dos profissionais liberais; pelo fato de outrem; pela guarda de animais; do Estado);
Exceção: responsabilidade por fato lícito.
OBS. A regra é que a obrigação de indenizar advém da prática de um ato ilícito, porém a lei, em algumas hipóteses atribui o dever de indenizar a quem praticou ato lícito.
CIVIL
PENAL
CONTRATUAL – Transgressão a um direito criado pelas partes.
ESPÉCIES DE  RESPONSABILIDADE                 
EXTRACONTRATUAL – Transgressão a um d. jur. criado pela lei.         
SUBJETIVA – Com Culpa lato sensu (culpa ou dolo)
OBJETIVA – Sem Culpa
RESPONSABILIDADE NAS RELAÇÕES DE CONSUMO: objetiva
OBS.) A civil viola normas de direito privado; a penal normas de direito público; condutas mais graves.
A contratual (ilícito relativo: porque as partes podem dispor sobre os direitos); a extracontratual (aquiliana, ilícito absoluto: está fora dos contratos; trata de direitos indisponíveis: vida, saúde, segurança, honra, intimidade, nome, etc.)
A do CDC é objetiva fundada no dever de segurança.
PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE
Sendo o ato ilícito o conjunto de pressupostos da responsabilidade, temos que saber quando se configura esse ato ilícito.
Começaremos a estudar a responsabilidade subjetiva, ou seja, aquela na qual a pessoa só responderá quando for culpada.
São 03 os pressuposto:
CONDUTA;
NEXO CAUSAL;
DANO.
OBS.) Carlos A. Menezes Direito e Sérgio C. Filho:
Outra forma de designar os ELEMENTOS  da responsabilidade civil subjetiva (3):
FORMAL: violação de dever jurídico mediante conduta voluntária
SUBJETIVO: dolo/culpa
CAUSAL-MATERIAL: relação de causalidade e dano
Obs. No estudo da responsabilidade OBJETIVA os pressupostos serão os mesmos com exceção do elemento CULPA. 
CONDUTA (gênero)
Espécies (comissiva/ omissiva);
Relevância jurídica da omissão;
Fato próprio; de terceiro ou da coisa;
Imputabilidade
Conceito
Elementos (maturidade e sanidade)
Responsabilização dos Menores
CULPA (fundamento da responsabilidade civil subjetiva);
Conceitos básicos (Caio Mário e outros);
Culpa lato sensu: o dolo (intenção)
As formas de exteriorização da conduta culposa: negligência; imprudência e imperícia;
Culpa ≠ Dolo
 ELEMENTOS DA CONDUTA CULPOSA
Conduta Voluntária com Resultado Involuntário (erro deconduta; fim lícito; resultado ilícito);
Previsão e Previsibilidade do resultado;
Falta de observância do dever de cuidado (ou omissão da diligência exigível)
CLASSIFICAÇÃO DA CULPA
Quanto a sua INTENSIDADE
Quanto a sua NATUREZA
Espécies.
CONDUTA
É o núcleo do ato ilícito (= comportamento, conduta humana voluntária que viola a ordem jurídica). Já tendo conhecimento do que a finalidade da ordem jurídica é proteger o lícito e reprimir o ilícito: praticando um ilícito (art.927, CC), o agente será responsabilizado, isto é, surgirá a obrigação de indenizar.
O ato ilícito pode ser civil ou penal.
Sendo certo afirmar que o conceito de ilicitude não é exclusivo do Direito Penal. Isso porque, ontologicamente, não existe diferença entre ilícito civil e penal, uma vez que ambos significam a violação de uma norma de conduta. Se diferença existir, será apenas de grau, pois a reprimenda penal é mais grave, mais severa, que a de cunho civil.
Destarte, usaremos a maioria dos conceitos do Direito Penal (relativos à teoria do crime), até como forma de ressaltar o caráter interdisciplinar da nossa matéria – responsabilidade civil.
Conduta é: “Comportamento Humano Voluntário, que pode se exteriorizar através de uma Ação ou Omissão”. Trata-se de ato praticado em desconformidade com a ordem jurídica.
Obs.) O Direito Penal traz diversas teorias sobre a ação, a saber: causal-naturalista; causal-valorativa; finalismo (Hans Welzel); a teoria social da ação, etc., ou seja, trata de forma mais complexa o tema em análise.
Conceito de conduta: significa o comportamento humano voluntário que se exterioriza por meio de uma ação ou omissão, dolosa ou culposa, produzindo consequências jurídicas.
Ação – Comportamento positivo, comissivo: um fazer. É toda atividade humana dirigida a uma finalidade.
Omissão – Comportamento negativo: uma abstenção; um não fazer. Não é um conceito natural; pois do nada, nada surge. Trata-se, em verdade, de um conceito normativo (que demanda juízo de valor).
Relevância da Omissão: O Omitente só é responsável quando ele tem o dever jurídico de agir, de impedir o resultado e não o faz, ou seja, se abstém.
A omissão é uma outra forma de proibir condutas, porque a lei lhe impõe um dever de agir – em alguns casos expressamente previstos na lei. (normas mandamentais). Quando tais deveres são voltados para todos, temos os crimes omissivos puros (Art.135, CP); diversamente, quando voltadas para sujeitos determinados (garantes): temos os crimes comissivos por omissão (art.13, § 2º, CP).
Esse DEVER poder vir da LEI, do NEG. JUR, ou da SITUAÇÃO DE FATO (quando cria o risco da ocorrência do resultado).
Ex. Pais – dever de alimentar os filhos;
P.: Quando não haverá conduta?
R.: Atos Reflexos. Ex Sonambulismo, Hipnose (discutível), Coação Física Absoluta (o coato é mero instrumento nas mãos do coator)
Responsabilidade Civil por fato próprio: é a regra (responsabilidade direta); cada um responde pela prática dos próprios atos.
Responsabilidade por fato de outrem ou de terceiro: exceção. O responsável está ligado a outrem por um dever de guarda. (ex. os pais em relação aos filhos; patrão por seus empregados,…)
c) Responsabilidade pelo fato da coisa: o proprietário responde pelos danos causados por animais que estavam sob sua guarda.
IMPUTABILIDADE
Trata-se de elemento imprescindível para que uma pessoa possa ser considerada responsável e, portanto, ser responsabilizada a indenizar alguém.
Reflete o primeiro elemento da culpabilidade (que, por sua vez, é elemento integrante do conceito analítico de crime: fato típico; ilícito e culpável) que significa: censurabilidade; reprovabilidade da conduta praticada.
Conceito – Imputabilidade vem de Imputar;
Imputar é atribuir a alguém a responsabilidade por alguma coisa;
Imputabilidade é a capacidade do agente para responder por uma conduta contrária a um determinado dever jurídico.
É a capacidade do agente de entender o caráter reprovável de sua conduta. Capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Essa CAPACIDADE advém de dois elementos:
Elementos: Maturidade e Sanidade
Maturidade – Conceito biológico: Idade (art. 3º, I CC).
Sanidade – Conceito psíquico (art. 3º, II CC).
Assim, a imputabilidade pode ser traduzida como a capacidade físico-psíquica de responder pelas consequências de seu ato, ou seja, de sua conduta, contrária à lei/ contrato/ ordem jurídica.
Tal conceito de imputabilidade tem grande relevância em tema de resp. civil, uma vez que a responsabilidade exige conduta culpável, reprovável, passível de juízo de censura e, para isso, exige-se que o agente tenha discernimento, capacidade de entendimento e autodeterminação.
Responsabilização dos Menores
CC/16 – art. 156: Diferenciava os Rel. Incapazes dos Abs. Incapazes na Obrigação de Reparar o Dano.
CC/02 – para fins de responsabilização civil:  OU é Maior, OU é Menor, V. Art. 928 e 932, I
ECA – art. 116: Em se tratando de responsabilidade advinda de ato infracional, aplica-se a diferença.
CULPA
P.: O que é culpa?
R.: AGUIAR DIAS (obra clássica) é a falta de diligencia na observância da norma de conduta, de uma norma de agir. Então, a pessoa que não observar essa norma, age culposamente.
VENOSA, por sua vez, sustenta que culpa é a inobservância de um dever. Entendam, dever que deveria ter sido observado.
Sérgio C. Filho, especifica, aduzindo que a culpa é o descumprimento de um dever de cuidado objetivo. Afirma que a conduta culposa decorre da inobservância de um dever genérico de cuidado que a todos é imposto. Assim, ao adotar determinado comportamento, mister que o agente tome as devidas precauções no sentido de evitar que sua conduta venha a causar dano a outrem. Agindo sem a observância deste dever de cuidado, verifica-se um erro de conduta por parte do agente, que resulta, embora não intencionalmente, em dano a outrem.
Dever de Cuidado Objetivo – Deve-se ter em mente não apenas a do homem cuidadoso, zeloso, mas também a dohomem razoável e capaz.
Ex. O médico que age fora de sua especialidade está faltando com o dever de cuidado objetivo, porque a ele falta capacidade técnica.
Obs1.: A culpa, portanto, é um juízo de reprovabilidade que recai sobre o indivíduo que naquele caso concreto DEVIA e PODIA ter agido de forma diferente.Juízo de valor sobre uma conduta humana consciente e livre.
Conduta implica vontade: exteriorização de atos. Já a intenção é a vontade dirigida a um fim determinado, o qual pode ser lícito (conduta culposa) ou ilícito (conduta dolosa).
Conceito: consiste na prática não intencional do delito, mas ao exteriorizar sua conduta, falta ao agente um dever de atenção, de cuidado, de cautela.
Caio Mário da S. Pereira: “culpa é um erro de conduta, cometido pelo agente que, procedendo contra direito, causa dano a outrem, sem a intenção de prejudicar, e sem a consciência de que seu comportamento poderia causá-lo”.
ERRO DE CONDUTA: Na culpa, NÃO IMPORTA O FIM pretendido pelo agente (INTENÇÃO: que geralmente é lícita), MAS SIM O MODO E A FORMA IMPRÓPRIA DE SEU ATUAR., que acaba por gerar um resultado danoso, ainda que não querido.
Ou seja, na culpa o agente quer praticar um ato lícito, mas por não adotar uma conduta adequada, acaba praticando um ato ilícito.
A noção de culpa, portanto é NORMATIVA, exigindo um Juízo de Valor em cada caso. Isso, até porque a lei não pode prever todos os casos de culpa. (art. 186 – eis a razão pela qual este art. fala em violar violar direito – noção de maior abrangência -  e não apenas lei, como no CC1916).
Diferentemente do DOLO, no qual o agente quer (tem a intenção de, animus) praticar um ato ilícito desde o início. Vale dizer, sua intenção é voltada para causar prejuízo a outrem.
ELEMENTOS DA CONDUTA CULPOSA
CONDUTA VOLUNTÁRIA COM RESULTADO INVOLUNTÁRIO
FALTA DE CUIDADO
 NEGLIGÊNCIA  – Falta de cuidado por conduta omissiva; é a displicência, o relaxamento, a falta de atenção devida ao atuar;
IMPRUDÊNCIA - Falta de cautela por conduta comissiva; é a condutaprecipitada, criação desnecessária de um perigo, como dirigir um carro em excesso de velocidade.
IMPERÍCIA - Falta de habilidade no exercício de atividade técnica.
O dever de cuidado é, diversas vezes, especificado na própria lei, quando de forma objetiva, impõe a todos uma determinada conduta. (Exs. Limite de velocidade imposto ao condutores de veículos automotores; exigência da observância dos sinais de trânsito; das normas de segurança etc.)
Contudo, como é impossível fazer previsão legal de todas as hipóteses de dever de cuidado que as pessoas devem ter na vida de relação, digo, com os demais indivíduos, a lei estabelece uma previsão genérica deste dever de cuidado no art.159 do CC1916 e no art.186 do CC2002.
Portanto, quando tais dispositivos aludem à “violar direito”, estabelecem este dever genérico de cuidado que deve ser observado em toda e qualquer conduta humana capaz de gerar dano.
PREVISÃO E PREVISIBILIDADE;
            Este elemento é fundamental para a caracterização da culpa, já que, se o resultado for imprevisível, não há conduta culposa. De fato, somente é possível atribuir o caráter culposo a uma conduta se o resultado danoso que dela decorreu fosse, ao menos, previsível. Caso contrário, não há ato ilícito, logo, não há que se falar em responsabilidade (já que o ato ilícito é o fato que gera a obrigação de indenizar = responsabilidade: art.927 CC).
             Previsão: previsto é o resultado que foi representado, mentalmente antevisto.
             Previsibilidade: o agente apesar de não ter previsto, ele poderia tê-lo feito (limite mínimo da culpa). É a possibilidade de previsão.
E quando ele prevê, aí nos temos a chamada culpa consciente(o agente prevê o resultado, mas espera sinceramente que ele não ocorrerá).
Há 02 CRITÉRIOS para aferir a previsibilidade
OBJETIVA – baseada na conduta do homem médio, cauteloso, diligente (comum). Previsibilidade
SUBJETIVA – baseada no próprio sujeito.
Sergio Cavalieri Filho – O juiz deve observar tanto a OBJETIVA, quanto a SUBJETIVA.
Obs. Previsível é aquilo que tem certo grau de probabilidade, aquilo que segundo as regras da experiência comum, é razoável prever.
Obs. Se não houver previsibilidade, nós saímos do campo da CULPA e vamos entrar no campo do CASO FORTUITO (o qual afasta o dever de indenizar, isto é, a responsabilidade).
CLASSIFICAÇÃO DA CULPA
QUANTO A INTENSIDADE DA CULPA
Esta classificação feita originariamente pelos romanos e aplicada pelos franceses, verifica-se a culpa segundo sua gradação.
 quando o agente atua GROSSEIRAMENTE com FALTA DE CAUTELA. Quando o DESCUIDO é INJUSTIFICÁVEL (Culpa Grave Culpa Consciente). Descuido anormal do homem comum. Segundo Pablo Stolze: “embora não intencional, o comportamento do agente demonstra que o mesmo atuou como se tivesse querido o prejuízo causado à vítima, o que inspirou o ditado “culpa lata dolo aequiparatur”;
 aquela em que o homem de PRUDÊNCIA NORMAL pode incorrer. (bonus pater familias) É a falta de diligência média que um homem normal deixa de observar um sua conduta.Culpa Leve
  trata-se da falta cometida por força de uma conduta que escaparia ao padrão médio, mas que um diligentíssimo pater familias, especialmente atento e cuidadoso guardaria.Culpa Levíssima 
Regra: AINDA QUE LEVÍSSIMA A CULPA OBRIGA A INDENIZAR. MEDE-SE A INDENIZAÇÃO NÃO PELA GRAVIDADE DA CULPA, MAS SIM PELA EXTENSÃO DO DANO.
Por causa desta regra, essa classificação nunca foi importante.
Porém, o art. 944 do CC modifica essa regra. Isso porque, este artigo adota o sistema de valoração da culpa como hábil a interferir no quantum a ser  pago a título de reparação. Assim, a extensão do dano deixou de ser o único termômetro de mensuração da reparação civil, uma vez que se reconheceu ao juiz poderes para, agindo por equidade, reduzir o quantum indenizatório se verificar excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano.
QUANTO A NATUREZA DA CULPA:
CONTRATUAL - relação jurídica obrigacional preexistente, ou seja, CONTRATO.
EXTRACONTRATUAL (AQUILIANA) - NÃO há relação jurídica anterior. Ex. atropelamento
IN COMITTENDO - quando RESULTA DE AÇÃO. Ex. motorista q dirige de forma imprudente.
IN OMITTENDO - quando RESULTA DE OMISSÃO – NEGLIGÊNCIA.
IN VIGILANDO - Recai sobre as pessoas que têm o dever de fiscalizar o comportamento de outras pessoas. (Pais, Empregadores, etc.)
IN ELIGENDO – MÁ ESCOLHA - quando o EMPREGADOR escolhe mal o seu PREPOSTO. Ex. contratar motorista sem olhar seu prontuário.
IN CUSTODIANDO - é a de quem deveria cuidar de alguma coisa ou animal. Ex. locatário, comodatário, depositário
Obs. Essas espécies de culpa estão em extinção, porque as hipóteses estão no art. 933 que estabelece responsabilidade objetiva e, nesta, não há que se falar em análise de culpa.
CULPA PROVADA - cabe à vítima provar a culpa
CULPA PRESUMIDA - inverte-se o ônus da prova. (dano in re ipsa).
Foi um estágio até chegarmos à Responsabilidade Objetiva.
CULPA INCONSCIENTE  – é a culpa comum, nas modalidades de negligência, imprudência e imperícia. O fato era previsível, mas o agente não o previu, por falta de atenção devida.
CULPA CONSCIENTE – é a forma excepcional de culpa, em que o agente prevê o resultado, mas acredita sinceramente que o mesmo não ocorrerá, por confiar erradamente na sua perícia ou nas circunstâncias. (Ex. motorista que passa muito perto de um transeunte…)
CONTRA LEGALIDADE - quando o dever violado resulta de texto expresso da lei. Ex. trânsito
Nesse caso, PRESUME-SE A CULPA do agente.
CULPA CONCORRENTE - quando tanto o AGENTE quanto a VÍTIMA agem CULPOSAMENTE.
Ex. motorista que dirige a 180Km e atropela alguém debaixo da passarela.
A doutrina mais moderna tem preferido falar em CONCORRÊNCIA DE CAUSAS e não de CULPAS. Porque a questão como veremos está inserida no NEXO. V. Art. 945
Nexo Causal
Teorias.
Equivalência dos antecedentes causais e da causalidade adequada.
A teoria acolhida pelo nosso Direito Civil.
Causalidade da omissão.
Concausa.
Exclusão do nexo causal: fato exclusivo da vítima; fato exclusivo de terceiro; caso fortuito e força maior.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
Já tivemos a oportunidade de verificar que a responsabilidade civil se compõe de três elementos (art.186, CC), quais sejam: conduta culposa; nexo causal e dano, os quais, conjugados, ensejam o dever de indenizar (art.927, CC).
O nexo causal é a relação de causa e efeito entre a conduta do agente e o dano.
Trata-se de um pressuposto essencial da responsabilidade, na medida em que não se pode impor o pagamento da verba indenizatória a determinada pessoa que não tenha causado o dano que se pretende seja ressarcido.
Assim, é fundamental que o dano tenha decorrido da conduta do agente.
Tal análise seria simples se existisse apenas uma causa para cada evento danoso. Porém, ocorre que, em muitas hipóteses, verificam-se diversos fatores sucessivos ou concomitantes que  concorrem para o surgimento do dano, dificultando sobremaneira a identificação do responsável. A esse fenômeno dá-se o nome de concausa.
Impõe-se, neste caso, determinar um critério capaz de identificar quem deverá efetivamente responder pelo dano.
Assim, algumas teorias foram desenvolvidas para solucionar o problema, das quais destacamos três: teoria da causa próxima; teoria da equivalência das causas e a teoria da causalidade adequada.
É importante observar que para resolver o problema da aparente existência de várias condições, uma teoria não necessariamente afastará de forma radical a outra, ou seja, é possível usar elementos lógicos das diversas teorias.
CONCEITO
Nexo causal é vínculo, liame, ligação de causa e efeito entre a conduta praticada por um determinado agente e o dano por ele causado a outrem. De tal sorte que, se não houver este liame, afasta-se a responsabilidade, porque não se violou dever jurídico.
A rigor a questão do nexo causal é naturalista (se verifica naturalmente na vida de relação), relação natural que existe entre duas coisas, não dependendo de valoração pelo magistrado.
CONDIÇÃO: é aconduta que desencadeará o nexo causal.
CAUSA: É A CONDIÇÃO SEM A QUAL O RESULTADO NÃO TERIA OCORRIDO.
TEORIA DA CAUSA PRÓXIMA
Por esta teoria atribui-se a responsabilidade ao autor do último evento causador do dano, deixando de lado as causas mais remotas. Assim, como regra, apurar-se-ia qual o último evento que contribuiu para o dano, atribuindo ao seu autor a responsabilidade pela reparação.
Objeto de muitas críticas, esta teoria é pouco adotada. Pondera-se que o fato de o evento ter sido o derradeiro a contribuir para o dano, não implica necessariamente dizer que tenha sido o principal.
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DAS CONDIÇÕES (OU DA CONDITIO SINE QUA NON)
Teoria concebida por Von Buri, em meados do séc.XIX, considera-se que todas as causas que contribuíram para o evento têm a mesma importância.
Nesta lógica, a responsabilidade deve ser repartida pelos causadores de cada uma dessas causas.
Esta teoria generaliza as condições, logo, se várias condições concorrem para o mesmo resultado, todas têm o mesmo valor, a mesma relevância, todas se equivalem; não  se indaga se uma delas foi  mais ou menos adequada.
Já atenuada, é usada no Direito Penal. Havendo várias condições concorrendo para o mesmo resultado, todas se equivalem. Aqui não se faz diferença entre a causa mais eficiente ou mais adequada.
Para se saber se uma determinada condição é causa, elimina-se mentalmente essa condição, por meio de um processo hipotético: se o resultado desaparecer, a condição é causa, mas se persistir, não o será.
A dificuldade de aplicação encontra-se no fato de que os fatores que contribuem para um dano podem ser incontáveis, o que implicaria um número indeterminado de responsáveis.
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA
Concebida por Von Bar e aperfeiçoada pelo filósofo alemão Von Kries (final do séc. XIX), é a teoria mais aceita pela doutrina e pela jurisprudência, bem como a mais acolhida pelos sistemas jurídicos.
Esta teoria individualiza ou qualifica as condições. Causa para ela é o antecedente não só necessário, mas, também, adequado à produção do resultado.
Nesta se faz diferença entre as causas: as de menor relevância serão descartadas e, só será
Assim, nem todas as condições serão causa, e sim, apenas aquela que for a mais apropriada a produzir o evento, ou seja, a mais idônea para gerar o evento danoso.
A idoneidade se baseia na regularidade estatística, excluem-se os acontecimentos extraordinários, fortuitos, excepcionais, anormais.
Releva advertir que nenhuma teoria oferece soluções prontas e acabadas para todos os problemas envolvendo nexo causal. Como teorias, dão apenas o roteiro mental a seguir. Logo, o julgador deve levar em conta também os princípios da probabilidade, da razoabilidade, do bom senso e da equidade.
O mais importante é tentar se valer de todas as teorias para que se possa chegar a uma solução razoável, que permita a realização da justiça.
Em outras palavras, o nexo causal terá que ser examinado e determinado caso a caso, com base nas provas produzidas.
Não há no CC, nem no CC1916, nenhuma regra expressa sobre nexo causal, ao contrário do CP, cujo art. 13 disciplina a matéria.
Assim, em face da omissão do legislador, teremos que continuar seguindo os rumos já traçados pela doutrina e pela jurisprudência.
Com base no art.403 do CC (antigo 1.060 do CC 1916), os nossos melhores autores, a começar por Aguiar Dias, sustentam que a teoria da causa adequada prevalece na esfera civil, in verbis:
“Ainda que a inexecução resulte do dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direito e imediato”.
Esta última expressão “por efeito dela direto e imediato” não indica apenas a causa cronologicamente mais ligada ao evento, mais próxima no tempo, porém aquela que foi a mais direta, a mais determinante, segundo o curso natural das coisas e as regras da experiência comum da vida.
Verificar se o dano foi consequência direta e imediata da inexecução. Vale dizer, verificar se a condição tinha potencialidade de produzir o resultado.
= EXCLUSÃO DO NEXO CAUSAL =
São as excludentes de responsabilidade. Isenção de responsabilidade. Ninguém pode responder por um resultado a que não tenha dado causa.
FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA: o agente, aparente causador direto do dano, é mero instrumento do acidente.
Ex. B atira-se sobre as rodas do veículo dirigido por A, visando o suicídio. O veículo atropelador a toda evidência foi simples instrumento do ataque. A conduta da vítima foi a determinante do evento.
FATO EXCLUSIVO DE TERCEIRO: terceiro é qq pessoa além da vítima ou responsável, que dá causa ao dano, afastando o nexo causal.
O nosso CC1916 falava em duas, que hoje (art.393) corresponde a uma: coso fortuito e força maior. Mas ainda há quem faça distinção entre tais institutos (SCF):
Caso fortuito = é o imprevisível. O que não se pode prever não se pode evitar.
Força maior = inevitabilidade. Não pode ser evitado, ainda que previsto.
= OBSERVAÇÕES RELEVANTES QUANTO AO TEMA NEXO CAUSAL =
De acordo com a teoria da causalidade adequada adotada em tema de responsabilidade no âmbito civil, causa é a ação ou omissão mais adequada (=necessária, a mais apropriada, a mais direta, a mais determinante, a decisiva) a produzir o evento.
Obs.) Sérgio Cavalieri afirma que esta teoria tem como expressão sinônima: teoria da causa direta ou imediata (art.403, CC/ TJRJ e STJ). Já Pablo Stolze afirma que se tratam de temas distintos, esta seria a teoria da interrupção do nexo causal.
Para que se consiga verificá-la é necessário:
que a causa tenha sido não só em concreto, mas também em abstrato, a conduta determinante para a ocorrência do dano (ex. alguém retém ilicitamente outra pessoa, q não consegue pegar certo avião, e teve, que, afinal, pegar outro, q caiu e provocou a morte de todos. A conduta do agente em abstrato não era adequada a produzir tal efeito, embora possa se dizer q o fato não se teria realizado não fosse o ato ilícito. Esta análise abstrata deve ser feita segundo juízo de probabilidade, segundo o curso normal das coisas e a experiência comum da vida. Em abstrato também deve ser efetiva à produção do resultado) ;
essa verificação em abstrato exige a análise do curso normal das coisas e a experiência comum da vida;
deverá o julgador, voltando ao momento da conduta, colocar-se no lugar do agente e, com base nos conhecimentos das leis da Natureza, da experiência comum, verificar a eficácia da cada causa, até encontrar a que se seja determinante na causação do evento danoso;
A pergunta que se deve fazer é a seguinte: “a ação ou omissão do presumivelmente responsável era, por si mesma, capaz de normalmente causar o dano?”;
A resposta está ligada à necessidade de se fazer um juízo de probabilidade ou previsibilidade;
sabendo que nenhuma teoria apresenta soluções prontas e acabadas, é necessário atentar para os princípios da probabilidade; da razoabilidade, do bom senso e da equidade na busca da causa adequada e necessária à ocorrência do dano;
= CONCAUSA =
É outra causa que juntando-se à principal, concorre para o resultado. Ela não inicia nem interrompe o nexo causal, apenas o reforça.
São circunstâncias que concorrem para o agravamento do dano, mas não têm a virtude de excluir o nexo causal desencadeado pela conduta principal, nem de, por si sós, produzir o dano.
O ressarcimento do dano não exige, necessariamente, que o ato do responsável seja causa única e exclusiva do prejuízo. Como tudo na vida, o dano surge da coincidência de várias circunstâncias e decorre, portanto, de causas diversas.
Ex. a lesão pode ser leve, mas acarretar graves consequências, em razão da constituição anômala da vítima. Por tais consequências responde o autor da lesão.
CONCAUSAS PREEXISTENTES
Sérgio Cavalieri Filho = não eliminam a relação causal, considerando-se como tais aquelas que já existiam quando da conduta do agente.
Ex. as condições pessoais de saúde da vítima, bem como suas predisposições patológicas, embora agravantes do resultado, emnada diminuem a responsabilidade do agente.
Será irrelevante que de um lesão leve resulte a morte por ser a vítima hemofílica; que de um atropelamento resultem complicações por ser a vítima diabética, que da agressão física ou moral resulte a morte da vítima por ser cardíaca, etc.
“Em todos esses casos o agente responde pelo resultado mais grave, independentemente de ter ou não conhecimento da concausa antecedente que agravou o dano”.
CAIO MÁRIO = levanta-se o problema relativo ao estado patológico da vítima anterior à lesão. “Yves Chartier discute-o à luz de farta bibliografia e jurisprudência, concluindo que o agente tem que indenizar em razão do dano causado, mas não pode ser responsabilizado pelo estado patológico preexistente da vítima, nem mesmo sua agravação se esta não é imputável ao acidente”;
A relação de causalidade é a “necessariedade” entre o fato e o dano causado.
No mesmo sentido da lição de Caio Mário, há outros doutrinadores que entendem o seguinte: só se pode atribuir responsabilidade à alguém quando, as referidas circunstâncias especiais da vítima forem previsíveis, ou quando forem do conhecimento do agente.
Dessa forma, por ex., o sujeito que desfere um soco contra uma pessoa idosa sabe, ou deve saber, que a possibilidade de sua agressão resultar em uma lesão grave ou no falecimento da vítima é grande, o que lhe impõe responsabilidade pelo resultado mais gravoso.
Entretanto, se essa agressão é perpetrada contra um jovem atleta profissional, que tenha séria propensão a problemas cardíacos – fato desconhecido e inimaginável pela experiência comum – e por esse motivo verifica-se o seu falecimento, não há como imputar o resultado mais grave ao agente.
Sérgio Cavalieri Filho: CONCAUSAS SUPERVENIENTES E CONCOMITANTES: diz que a situação é idêntica à da causa antecedente. Ocorre depois ou ao mesmo tempo do desencadeamento do nexo causal, embora concorram também p/ o agravamento do resultado, em nada favorece o agente.
Ex. A vítima de um atropelamento não é socorrida a tempo, perde muito sangue e vem a falecer. Essa causa superveniente, embora tenha concorrido para a morte da vítima, será irrelevante em relação ao agente, porque, por si só, não produziu o resultado, apenas o reforçou.
Tal causa superveniente só terá relevância quando, rompendo o nexo causal anterior, erige-se em causa direta e imediata do novo dano, vale dizer, dá origem a novo nexo causal.
Quando este fato superveniente assumir papel preponderante e absorvente, é que se poderá cogitar  de interrupção do nexo causal. O mesmo tratamento se dá à causa concomitante que por si só acarrete o resultado.
Ex. Realização de um parto normal e aneurisma cerebral. Este é fato superveniente q não guarda qq relação com o parto. Foi a causa adequada, imediata e exclusiva q ensejou o evento morte, não imputável aos médicos.
Coparticipação. Solidariedade (art.942, p.u., CC).
Tal como no Direito Penal também no civil pode ter lugar o concurso de agentes ou coparticipação,  que se verifica quando as condutas de duas ou mais pessoas concorrem efetivamente para o evento.
Caio Mário da Silva Pereira se refere ao tema como “nexo causal plúrimo”.
Ex. Depois de atropelada por “A”, a vítima não é socorrida e é  novamente atropelada por “B”, que dirigia imprudentemente, agora mortalmente. Nesse caso haverá responsabilidade solidária dos agentes (art.1.518, CC), ambos serão obrigados a indenizar.
Por fim, registre-se que qualquer dos agentes (A e B) é obrigado a indenizar, a reparar todo o dano, cabendo ao que efetuar tal pagamento, regredir (ação de regresso; actio in rem verso) contra o outro coobrigado, para haver deste pro rata, a quota proporcional a conduta ilícita de cada um no volume da indenização.
SÍNTESE:
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA: qual foi a causa determinante, a mais adequada,  eficiente para gerar o dano?
Para responder tal questionamento analisar:
a) a conduta em abstrato ou em geral;
b) a previsibilidade do agente.
Significa escolher o fato que, segundo o curso normal das coisas, se pode considerar apto para o produzir, afastando aqueles que só em razão de circunstância extraordinária o possam ter determinado.
A previsibilidade é importante para esclarecer se o agente deve ou não ser responsabilizado pelo dano mais grave. Se o fato for desconhecido e inimaginável pela experiência comum, não há como imputar esse resultado mais grave ao agente.
DANO
Conceito;
Dano material: dano emergente e lucro cessante.
A teoria da perda de uma chance
Dano hipotético ou remoto
Dano reflexo e  indireto.
Dano moral: evolução doutrinária, posicionamento atual, configuração, prova, arbitramento.
Legitimação para pleitear dano moral. Transmissibilidade.
Dano estético.
Dano à imagem.
Dano à imagem de pessoa falecida.
Liquidação do dano.
Verbas indenizáveis.
PREMISSAS:
Sem dano não há responsabilidade civil;
Responsabilidade é sinônimo de obrigação de indenizar, logo, se não há o que indenizar, não há responsabilidade;
A finalidade da responsabilidade civil (1a aula) é fazer com que o agente retorne ao estado anterior ao da lesão (statu quo ante), vale dizer, a restituição integral dos danos sofridos (restitutio in integrum);
Nesse sentido, dispunha o art.948 do CC de 1916: “Nas indenizações por ato ilícito prevalece o valor mais favorável ao lesado”.
Atualmente, tem-se o art.944, segundo o qual “a indenização mede-se pela extensão do dano”.
CONCEITO – É a lesão a um bem jurídico, tanto patrimonial quanto moral, que acarreta prejuízo ao lesado. Envolve uma diminuição do patrimônio de alguém, em razão de uma ação ou omissão lesiva do agente-infrator.
Etimologicamente, dano significa mal, ofensa pessoal, prejuízo moral ou material.
 
= DANOS PATRIMONIAIS = 
Danos materiais são aqueles que atingem o patrimônio econômico da vítima. Envolve uma diminuição no patrimônio de alguém, em decorrência da ação lesiva de terceiros.  Possui duas espécies básicas (art. 402, CC), quais sejam: os danos emergentes e os lucros cessantes.
Danos emergentes: é o efetivo prejuízo; a efetiva diminuição no patrimônio da vítima; “o que ela perdeu” (tema ligado ao tempo presente);
Ex. Colisão de veículos com perda total do carro. O dano emergente é o valor do carro.
Lucros cessantes: é aquilo que a vítima razoavelmente deixou de lucrar; “o que ela não ganhou (ou, temporariamente, não mais ganhará)”; (tema ligado ao tempo futuro). Aqui ocorre uma frustração da expectativa de lucro. Deve se usado oprincípio da razoabilidade para encontrar o valor devido (juízo de probabilidade, bom senso, aquilo que normalmente acontece segundo o curso normal das coisas); (ex. taxista)
Pablo Stolze, analisando o tema lucros cessantes, diz em sua obra o seguinte: “a jurisprudência do STJ continua sendo rígida quanto a necessidade de o julgador utilizar o bom senso para aferir a sua configuração (…) – Resp 320417/RJ: “A expressão ‘o que razoavlemente deixou de lucrar’, constante do art. 402 do CC, deve ser interpretada no sentido de que, até prova em contrário, se admite que o credor haveria de lucrar aquilo que o bem senso diz que obteria, existindo a presunção de que os fatos se desenvolveriam dentro do seu curso normal, tendo em vista os antecedentes”. Por isso a compensação devida à vítima só deverá incluir os danos emergentes e os lucros cessantes diretos e imediatos, ou seja, só se deverá indenizar o prejuízo que decorra diretamente da conduta ilícita (infracional) do devedor (art.403, CC), excluídos os danos remotos”.
Pelo termo razoavelmente devemos entender aquilo que estava mais próximo de acontecer do que de não acontecer, no momento em que o evento ocorreu. Mera probabilidade, hipóteses remotas estão excluídas.
Trabalha-se com a expectativa de vida da pessoa vitimada. Assim, as diferenças “gritantes” existentes no Brasil, também devem ser levadas em conta.
Ex. Se na hipótese acima, um dos veículos fosse um táxi. Lucro cessante seria o que o taxista deixará de lucrar (média feita pelo juiz, de acordo com os valores que normalmenteeram percebidos pelo taxista), enquanto aguarda o conserto ou a entrega de novo veículo.
Ex. morte da vítima: indenização com base nos seus ganhos durante sua sobrevida provável. Se autônomo: média dos seus ganhos durante os últimos 6 ou 12 meses.
A doutrina francesa fala na perda de uma chance (perte d’une chance) nos casos em que o ato ilícito retira da vítima a oportunidade de obter um situação futura melhor, como progredir na carreira artística ou no trabalho, deixar de ganhar uma causa por falha do advogado. Contudo, é necessário que se trate de um chance real e séria.
Isso não deve ser confundido com lucro cessante imaginário, simplesmente hipotético ou dano remoto, que seria apenas consequência indireta ou mediata do ato ilícito.
Danos indiretos. Danos reflexos (ou em ricochete): há quem diga que o conceito de dano indireto está ligado à ideia da violação de bens personalíssimos (nome, reputação, saúde, imagem, etc.), que podem refletir no patrimônio da vítima (ex. o médico difamado pode perder sua clientela: furto de um bem com valor afetivo, etc.), isto é, aquele que além de trazer prejuízos financeiros, traz efeitos morais lesivos a alguém.
Todavia, os autores seguindo o disposto no art. 403 do CC estabelecem que o agente causador do dano somente responderá pelos danos diretos e imediatos do seu comportamento, vale dizer, excluindo-se os danos indiretos, futuros ou meramente hipotéticos, situados fora do desdobramento natural do curso normal da vida.
Importante notar, contudo, que quando o dano atingir reflexamente, indiretamente, pessoa próxima, ligada à vítima direta da atuação ilícita, trazendo prejuízos certos, é possível a reparação, consoante o disposto no art. 948, II, do Código Civil.
Assim, a regra é que o autor do ilícito não responda pelos danos indiretos ou mediatos, conforme dispõe o art. 403 do CC. Porém, na hipótese em que fique demonstrado o prejuízo à vítima indireta, a exemplo daqueles danos causados a pessoas a quem a vítima teria que prestar alimentos se viva fosse, configura-se o dano em ricochete indenizável.
Ex. Pai de família (que deixa esposa e dois filhos menores) morto em razão da conduta imprudente de outro motorista que dirigia embriagado na contramão. Seus herdeiros (mulher e filhos) sofreram os reflexos da conduta imprudente do motorista, por conta da ausência do sustento paterno. Logo, cabe ação contra o causador do dano.
= DANOS NÃO-PATRIMONIAIS (ou extrapatrimoniais/imateriais) =
Danos morais: é aquele que não tem caráter patrimonial, ou seja, que não é suscetível de estimativa pecuniária. É a lesão a um bem integrante da personalidade, tal como a honra, a liberdade, a saúde, a integridade psicológica,  causando dor, vexame, sofrimento, desconforto e humilhação à vítima. (art.186, CC)
Conceito de Pablo Stolze: “O dano moral consiste na lesão de direitos cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro. Em outras palavras é aquele que lesa a esfera personalíssima da pessoa (seus direitos da personalidade), violando, por exemplo sua intimidade, vida privada, honra e imagem, bens jurídicos tutelados constitucionalmente”
O importante, de plano, é perceber que a pessoa pode ser extremamente pobre financeiramente e, ainda assim, terá direito à reparação de danos morais, já que ainda assim será dotada deste conjunto de bens integrantes de sua personalidade. Isso porque o princípio essencial quanto a este tema é o da proteção à dignidade humana (art.1o, III, da Constituição da República). Assim, todos temos direito subjetivo constitucional à dignidade. Esta é a essência de todos os direitos personalíssimos (honra, imagem, bom nome, intimidade, privacidade, etc.)
Dano moral à luz da CF/88, nada mais é do que violação do direito à dignidade.
A CF/88 estabelece a plena reparação do dano moral (art.5o, V e X); igualmente o CDC, art.6o, VI e também o CC, art.186.
Tem existência própria e autônoma. Exige tutela independente.
Causa vexame, humilhação, intenso sofrimento, sentimento de inferiorização perante os demais membros da comunidade.
É insuscetível de avaliação pecuniária. Deve, portanto, ser compensado e não indenizado.
EVOLUÇÃO (3 fases):
IRREPARABILIDADE – por não ser estimável economicamente, isto é, impossibilidade de uma rigorosa avaliação em dinheiro; imoralidade de compensar uma dor com dinheiro;
INACUMULABILIDADE – não podia ser cumulado com o dano material; geraria dupla indenização – bis in idem – pelo mesmo fato;
CUMULABILIDADE – é possível cumular com o dano material (SUM 37 STJ). A reparação do dano moral reside no pagamento de uma soma pecuniária, arbitrada judicialmente, com objetivo de possibilitar ao lesado uma satisfaçãocompensatória pelo dano sofrido, atenuando, em parte, as consequências da lesão. Nesta reparação, o dinheiro não desempenha função de equivalência, como no dano material (recolação ao estado anterior ao da lesão), mas, sim, função satisfatória. Significa compensação ao lesado e punição do lesante. Este último aspecto reflete a função sancionadora do dano moral (como consequência de um ato ilícito).
Atualidade: CF/88, art. 5, V e X; CDC, art. 6o, VI e CC, art.186.
CONFIGURAÇÃO – a dor, o vexame, a humilhação deve fugir à normalidade, interferir intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada não configuram dano moral, pois tais situações não são intensas e duradouras o suficiente a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo.
Inadimplemento contratual – em regra não configura dano moral, salvo se exorbitarem os limites da normalidade.
Fato praticado no exercício regular de direito – ex. absolvição criminal – não configuração.
A PROVA DO DANO MORAL – controvérsia
Como regra, não se presume o dano, assim algumas decisões não acolhem o pedido por falta de provas.
Mas como se trata de algo imaterial ou ideal, alguns entendem que o dano está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do ilícito em si. Existe, portanto, in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo. Provada a ofensa, automaticamente estará demonstrado o dano moral.
PESSOA JURÍDICA – Enunciado 227 STJ: pode sofrer dano moral, uma vez que esta pode e deve zelar pelo seu nome e imagem perante o público-alvo.
A própria CF/88 ao tratar do tema dano moral, não fez qualquer distinção no sentido de que só se indenizaria a pessoa física, ao revés, fala no art.5o, X em “pessoas”, não cabendo, portanto, ao intérprete fazer distinção ou restringir o conceito quando a Lei Maior não o fez.
Art. 52, CC – “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção aos direitos da personalidade”.
Verbete 227 STJ – “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
LEGITIMAÇÃO – A princípio a própria vítima do dano. Se esta faleceu há algumas controvérsias. O art. 11 do CC diz que, em regra, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, mas esta regra não é absoluta. Este mesmo art. diz “com exceção dos casos previstos em lei”. Teriam então os herdeiros legitimidade?
Se a pessoa já ajuizou a ação e morreu em seguida – jurisprudência tranquila: pode haver sucessão no polo ativo pelos herdeiros (limitação dos legitimados: art.12, CC);
O problema ocorre quando a vítima morre antes de ajuizar a ação: não será possível aos herdeiros ingressarem em juízo, pois o dano moral é personalíssimo e a personalidade se extingue com a morte. O dano moral sendo um atributo da personalidade, com esta se extingue. Direitos da personalidade são também intransmissíveis e irrenunciáveis. (Min. Nancy Andrighi do STJ); Para esta corrente titular do direito é somente aquele que sofreu o dano; sustentam também que o art. 943 não se aplica ao dano moral, diz respeito tão somente a obrigações de cunho patrimonial.
 Mas há segunda corrente de entendimento no próprio STJ que aplica o art.943, CC para permitir que os herdeiros do morto ingressem com ação. A obrigação deindenizar se transmite aos herdeiros que podem postular aquilo que o falecido não postulou, sob pena de haver um locupletamento ilícito do agressor, que ficaria indene. Combinação do art. 12 com o 943. Dizem que a Min. Nancy parte de uma premissa falsa, pois não se está transmitindo dto da personalidade e sim obrigação de indenizar, obrigação patrimonial.
art.948, II, por analogia ao dano moral (cônjuge, pais e filhos) c/c p.u. do art.20.
Dupla faceta do dano moral: compensatório e punitivo.
Atenção: o fato de a vítima não exercer atividade remunerada não autoriza a concluir que, por isso, ela não contribuía com a manutenção do lar. Os trabalhos domésticos prestados no dia-a-dia podem ser mensurados economicamente, gerando reflexos patrimoniais imediatos. Em especial, se considerarmos as famílias de baixa renda, cuja mantença do grupo é fruto da colaboração de todos, de modo que o pensionamento não pode ficar restrito à prova objetiva da percepção de renda.
DANO À IMAGEM – significa o conjunto de traços distintivos de uma pessoa no meio social. Pode atingir tanto o aspecto patrimonial quanto moral. A imagem é um direito personalíssimo que admite disposição.
Em regra, fotografias coletivas não ensejam dano à imagem, mormente quando enaltecem a figura do agente.
A dificuldade nesta espécie de dano se verifica quanto a sua liquidação. Deve a condenação ser maior do que o valor que seria pago para permitir a divulgação da imagem, para que não se estimule o ilícito.
No caso de pessoa já falecida, Sérgio Cavalieri diz que é possível se falar em transmissibilidade dos efeitos jurídicos da violação à imagem. Os familiares têm interesse moral em tutelar a imagem de um ente querido, podem ajuizar ação. Legitimados restritos: art.20, CC.
O dano material decorre da exploração comercial da imagem da vítima sem autorização e obtenção de lucro.
Já quanto ao dano moral, é necessário fazer, no caso concreto, a ponderação de valores: art. 5o, X e art.220, §§ 1o e 2o, todos da CRFB (inviolabilidade da vida privada versus liberdade de imprensa).
O fato de não existir autorização, por si só, não causa dano moral. (ex. podem enaltecer sua imagem ao invés de denegri-la).
Quanto aos artistas é inerente a exploração da imagem, dentro da profissão.
Importante tb é lembrar que, por outro lado, há o direito de informação: interesse público em noticiar fatos relevantes.
DANO ESTÉTICO – 2 correntes:
1a) TJ/RJ (corrente prevalente) – pode cumular com dano moral, pois são coisas distintas: uma é a deformidade, o enfeiamento da vítima, outra é a frustração decorrente de uma dor íntima causada por outrem, um insucesso.
2a)  Minoritária – o dano estético é um aspecto do dano moral, sendo que quando verificado pode-se majorar a indenização, mas não cumulá-los.
Não existe referência expressa no CC a respeito do dano estético, mas podemos implicitamente vislumbrá-lo no art.949, parte final: “algum outro prejuízo”.
OBERVAÇÕES FINAIS:
Art. 948: Leva-se em conta a sobrevida provável da vítima: 65 e 70 anos. (ex. sujeito tinha 40 anos: sobrevida de 30 anos; do valor que recebia como rendimentos deve-se abater 1/3 que seria o que a vítima gastava consigo mesma. Se desempregado, indenizar em 1 salário mínimo, renda mínima a ser fixada.
Morte de filho menor: alguns limitam a pensão aos 25 anos, sob o argumento de que com esta idade constituiria família. Ao revés, para Sérgio Cavalieri, depois dos 24 anos reduz-se em metade a pensão.
Morte do pai: a pensão é devida ao menor até 25 anos.
Quanto aos temas: Liquidação do dano e verbas indenizáveis: Sugestão = leitura complementar do Capítulo IV do livro Programa de Responsabilidade Civil, Autor: Sérgio Cavalieri Filho.
DANO. LIQUIDAÇÃO DO DANO E VERBAS INDENIZÁVEIS.
Arbitramento do dano  moral (quantum indenizatório) – vide arts. 950, p.u. e 953, p.u., CC – trata-se de arbitramento judicial (feito ao prudente arbítrio do juiz). Para tanto, deverá levar em conta os seguintes fatores: a repercussão do dano; a possibilidade econômica do ofensor; reprovabilidade da conduta; intensidade e duração do sofrimento da vítima.
Obs.) Os limites indenizatórios das leis especiais, a ex. da Lei de Imprensa, não vigoram diante da atual CRFB.
Observância do princípio segundo o qual o dano  não pode ser fonte de lucro;
O magistrado deverá, ainda, fazer uso da lógica do bom-senso; do razoável; da moderação e da fixação da sanção proporcional ao dano. Assim, afirma-se que o dano moral não pode ser superior àquilo que a vítima ganharia durante toda a sua vida.
Finalidades: amenizar a amargura da ofensa; diminuir o desejo de vingança; punição do ofensor (sanção) e educação do ofensor (caráter preventivo).
Indenização por morte de filho menor:
Há quem sustente a existência de dano material, pois o menor representa um valor econômico potencial frustrado de amparo alimentar futuro aos pais. Verbete 491 do STF.
Hoje, muitos defendem que o que se indeniza é o dano moral presumido por arbitramento do juiz, à luz das circunstâncias do caso.
Filho em idade de trabalho: pensão até o cômputo dos 65 anos, mas quando completaria 25 anos de idade, diminuir a pensão em 50% pela presunção de constituição de nova família.
Pensão a filho pela morte do pai: há decisões no sentido de que deve findar aos 25 anos, pois se presume que o menor concluiria a formação escolar e universitária
Indenização previdenciária e comum não se compensam;
Seguro obrigatório (DPVAT) e indenização comum: segundo o STJ, o valor do DPVAT deve ser descontado para evitar o bis in idem.
13o salário é ressarcível na qualidade de lucro cessante.
= LIQUIDAÇÃO DO DANO =
(VERBAS INDENIZÁVEIS: arts. 944 e ss do CC)
Sobrevida provável (em caso de morte da vítima): entre 65 e 70 anos – a média de vida do brasileiro. (Ex. morte aos 45 anos: sobrevida provável de 20 ou 25 anos) – período no qual a pensão será devida aos familiares.
Se a vítima não tinha ganho fixo: pensão fixada em 1 salário mínimo.
Segundo a Súmula 490 do STF, a pensão será corrigida sempre que houver reajuste do salário mínimo.
Inabilitação do ofendido para a profissão que exercia mas não para outra. Controvérsia.
A regra é a aplicação do art.950 do CC, qual seja, pensão integral do valor que deixou de perceber, pois o que existe é uma mera hipótese de vir a exercer outra profissão. Contudo, há quem defenda que se o ofendido começar a trabalhar novamente, em outro ofício, a pensão deveria ser reduzida.
CORREÇÃO MONETÁRIA: Lei 6.899/81 – conta-se do ajuizamento da ação
Mas há entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido da contagem a partir do evento danoso, ou seja, do efetivo prejuízo: Súmula 43 do STJ.
JUROS DE MORA: art.398, CC – sendo a obrigação proveniente de ato ilícito: computar os juros desde o evento (responsabilidade extracontratual – SUM 54 do STJ);
Art.406 do CC c/c 161, parag.1o do CTN: 1% ao mês.
Tratando-se de resp. contratual: juros a partir da citação: art. 405, CC c/c 219, caput do CPC.
Vide SUM 254 do STF – trata-se de pedido implícito, isto é, ainda que não haja requerimento da parte interessada, haverá aplicação dos juros moratórios.
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
Evolução histórica;
Teoria do risco.
Responsabilidade objetiva no novo Código Civil (cláusulas gerais):
Abuso de direito (art.187);
Responsabilidade pelo desempenho de atividade de risco (art.927, parágrafo único);
Responsabilidade por dano causado por produto (art.931).
A responsabilidade civil objetiva engloba, com exceção do elemento culpa, os mesmos pressupostos da responsabilidade subjetiva: conduta ilícita (fato ilícito); nexo causal e dano.
A responsabilidade objetiva é também denominada responsabilidade pelo risco ou responsabilidade sem culpa ou independentemente de culpa. Aliás a culpa pode ou não existir, mas nessa responsabilidade será irrelevante para configurar o dever de indenizar.
Pode ocorrer tanto na responsabilidade extracontratual quanto na contratual.
Igualmente teremos as mesmas causas de exclusão da responsabilidade civil, quaissejam: fato exclusivo da vítima ou de terceiro; caso fortuito e força maior.
Evolução histórica (fatores da evolução da responsabilidade):
O Código Civil de 1916 se circunscrevia basicamente à responsabilidade civil subjetiva, cuja cláusula geral era o art.159 (atual 186). A doutrina esclarece que a responsabilidade objetiva aparecia nos arts. 1.208, 1.527 (fato do animal); 1.528 (ruína de prédio); 1.529 (coisa caída de prédio), só disciplinada, portanto, nesses casos específicos.
Costuma-se apontar a revolução industrial, o progresso científico, os diversos novos inventos e as tecnologias daí oriundos, bem como as inúmeras mudanças sociais daí desencadeadas, como  fatores que levaram a uma nova concepção da responsabilidade civil.
Principalmente, com os repetidos acidentes de trabalho, de transporte em massa, a explosão demográfica e a colocação massificada de produtos no mercado de consumo, pois se por um lado facilitam a vida em sociedade, por outro, dão causa a inúmeros conflitos sociais.
É sabido que o Direito surge dos fatos sociais (Ihering já dizia facto jus oritur – o Direito nasce dos fatos), e diante destas incontáveis mudança nas relações sociais, o direito também teve que mudar para se adaptar aos novos tempos e valores.
Um exemplo interessante se nota quanto ao contrato de transporte, que não era disciplinado expressamente pelo CC de 1916, até mesmo porque este era insipiente quando da elaboração deste código em 1894-1896. Contudo, antes mesmo do CC entrar em vigor já existia a Lei das Estradas de Ferro datada de 1912, pois era um dos poucos meios de transporte existentes. Já se dizia, então, que a responsabilidade nesta lei era de cunho objetivo, isto é, sem necessidade da prova da culpa.
Ao analisarmos a culpa, verificamos que esta se traduz na violação de um dever de cuidado que o homem normal (bonus pater familias) teria. Esse dever de cuidado, de diligência, deve ser pesquisado em cada caso, isto é, por meio da verificação da previsibilidade subjetiva e objetiva.
Em alguns casos, este dever de cuidado já está previsto na lei: ex. Código de Trânsito Brasileiro: avançar sinal vermelho atenta contra o dever de cuidado
Assim, na evolução das teorias acerca da responsabilidade, primeiramente, estudamos a responsabilidade subjetiva com culpa provada pela vítima (art. 186 c/c 927, CC).
Posteriormente, doutrina e jurisprudência passaram a admitir uma maior facilidade na prova da culpa, ou seja, fizeram um abrandamento no pesado ônus atribuído à vítima de provar a culpa, passando a presumi-la em determinados casos (culpa in re ipsa ou contra a legalidade), vale dizer, nos fatos em que a evidência da culpa é tão notável que não precisa ser provada, está implícita, decorre do próprio fato que originou o dano.
Dessa forma, chegou-se a responsabilidade subjetiva com culpa presumida, em que há uma inversão do ônus da prova, que passa da vítima para o suposto causador do dano, conseguindo pela via da presunção, um efeito próximo ao da teoria objetiva. Desse modo, nos ensina Sérgio Cavalieri Filho: “o causador do dano, até prova em contrário, presume-se culpado, cabendo-lhe elidir essa presunção, isto é, provar que não teve culpa, o que, sem dúvida, favorece sobremaneira a posição da vítima”.
Porém, a culpa presumida não se confunde com a responsabilidade objetiva, uma vez que nesta não há que se falar em culpa.
A diferença básica entre tais modalidades de responsabilidade está portanto no ônus da prova: na responsabilidade subjetiva (art. 186, CC) cabe à vítima do evento danoso provar a culpa do agente (culpa provada); na responsabilidade subjetiva com culpa presumida inverte-se o ônus dessa prova, mas a configuração da culpa continua sendo necessária para que se possa responsabilizar o agente. Vale dizer, neste caso presume-se que o causador do dano teve culpa, cabendo a este tentar provar o contrário, ou seja, que não causou o dano, para afastar seu dever de indenizar (ex. presumia-se a culpa dos pais em relação aos filhos).
Isso também ocorreu no ramo do Direito Público: a falta do serviço público é uma presunção de culpa da Administração Pública.
O resultado prático é muito parecido com a responsabilidade objetiva, porém não são idênticas, eis que nesta não há que se falar em culpa ou muito menos provar culpa de ninguém, mas tão somente compete ao agente aparente causador do dano tentar provar uma das causas de exclusão do nexo causal: caso fortuito; fato exclusivo da vítima, etc.
Em suma, o dano passou a ser um mal social, logo chegou-se a conclusão da necessidade de adoção da responsabilidade objetiva: transportador e acidentes de trabalho, já que com base na teoria clássica, qual seja, da responsabilidade subjetiva com culpa provada pela vítima, esta, na esmagadora maioria das vezes ficava sem reparação.
TEORIA DO RISCO (FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA):
Em busca de uma justificação para a responsabilidade objetiva criaram a chamada teoria do risco.
RISCO é perigo, probabilidade de dano. Todo aquele que expõe alguém a risco, fica, só por isso, obrigado a indenizar o dano que venha a causar.
Vale dizer, “aquele que exerce uma atividade perigosa deve-lhe assumir os riscos e reparar o dano dela decorrente.”
Insta destacar que a teoria do risco passou por diversas subteorias ou modalidades de risco, a saber:
Risco-proveito: por esta teoria responsável é aquele que tira proveito, vantagem da atividade danosa, com base no princípio de que se tem os bônus, deve arcar com os ônus. Aonde está o ganho, aí reside o encargo – ubi emolumentum, ibi onus.
 
Risco-profissional: sustenta que o dever de indenizar ocorre sempre que o fato prejudicial é uma decorrência da atividade ou profissão do lesado. Adotada para justificar a reparação dos acidentes ocorridos com os empregados no trabalho ou por ocasião dele (ação acidentária independente de culpa da empregador).
Risco-extraordinário (ou excepcional): a reparação será devida sempre que o dano for consequência de um risco excepcional, que escapa à atividade comum da vítima, ainda que estranho ao trabalho que normalmente exerça. (ex. Rede elétrica de alta tensão, exploração de energia nuclear, materiais radioativos, etc.).
Risco do empreendimento (ou empresarial): para responsabilizar o fornecedor de produtos e serviços. Ou seja, todo aquele que se disponha a exercer alguma atividade no mercado de consumo, tem o dever de responder pelos eventuais vícios ou defeitos dos bens e serviços fornecidos, independentemente de culpa. É dever inerente à obrigação de observância das normas técnicas, de segurança e de informação. O fornecedor passa a ser garante dos produtos que coloca no mercado, respondendo pela qualidade e segurança dos mesmos.
Risco-administrativo: criada para responsabilização dos entes públicos, atribui ao Estado a responsabilidade pelo risco criado pela sua atividade administrativa, entendendo-se como tal a possibilidade de dano que os membros da comunidade podem sofrer em decorrência da normal ou anormal prestação de serviços públicos pela Administração Pública.
Risco-integral: é uma modalidade extremada onde mesmo ocorrendo excludentes, isto é, inexistência do nexo causal, haverá dever de indenizar. Só é adotada em hipóteses excepcionais.
Risco-criado: ainda que não haja proveito econômico, mas desde que a atividade produza risco, perigo para outrem, haverá obrigação de indenizar (Caio Mário). É uma ampliação do conceito do risco-proveito.
Releva advertir que a teria da responsabilidade objetiva que estamos estudando não se confunde com a do risco integral, pois nesta sempre haverá dever de indenizar, ou seja, não admite sequer a existência das excludentes. Hipóteses de responsabilidade fundada no risco integral só nas hipóteses taxativas, excepcionalíssimas, previstas em lei.
O fundamento da responsabilidade objetiva é o mesmo da subjetiva: não há responsabilidade sem violação de dever jurídico preexistente. Assim, ninguém responde só pelo risco. O sujeito só responde quando causa um dano.
O legislador

Outros materiais