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ATORES PRIVADOS E REGULAÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Este material foi desenvolvido para o propósito exclusivo de suporte de atividades de sala de aula durante o semestre 2016-2. Este material: NÃO SUBSTITUI AS LEITURAS OBRIGATÓRIAS, RECOMENDADAS OU INDICADAS; NÃO CORRESPONDE À APOSTILA OU TODA MATÉRIA LECIONADA; NÃO DEVE SER UTILIZADO COMO REFERÊNCIA DE ESTUDO; NÃO DEVE SER COPIADO ou DECORADO. NÃO SE AUTORIZA A DIVULGAÇÃO DO MATERIAL OU SUA TRANSFERÊNCIA, A QUALQUER TÍTULO, A TERCEIROS. ADVERTÊNCIA PARTE 1 – TEORIA GERAL LOCALIZAÇÃO Neste item serão abordados: Conceito, características e objeto do Direito Comercial Internacional e do Direito Internacional econômico; Atores internacionais: tradicionais e novos atores; Fontes e métodos do Direito internacional comercial e econômico. CAPÍTULO 1 – CONCEITO, OBJETO, SUJEITO E FONTES 1. COMÉRCIO INTERNACIONAL Inexistência de “legislador” global x relações convencionais entre Estados. Superação da divisão clássica entre Direito Internacional Público e Privado. Direito Internacional de Cooperação x Direito Internacional de Coexistência Crescimento econômico e pacificação. O longo século XX. Bloco Capitalista x Bloco Socialista. Regionalismo x Universalismo CENÁRIO DIREITO COMERCIAL INTERNACIONAL Segundo LIMA PINHEIRO é “a disciplina jurídica que estuda o Direito Privado das relações do comércio mundial”. Mas reconhece que a expressão “comércio internacional” é empregado em dois sentidos: 1) Conjunto de transações econômicas realizadas entre Estado (macroeconômicas); 2) Relações entre operadores econômicos que entram em contao co a vida econômica de mais de um Estado. DIREITO PRIVADO? Resolução da ONU de criação da UNCITRAL (link). Relatório do Secretário Geral que serviu de base para a Resolução (link). Direito do Comércio Internacional – “é o conjunto de regras que regem a organização das relações internacionais macro-econômicas”. Neste sentido é sinônimo de Direito Econômico Internacional (Carreau e Juillard). DIREITO PÚBLICO? INTERNACIONAL? O principal critério econômico de internacionalidade seria a “transferência de valor através de fronteiras”. Do ponto de vista jurídico este critério não é suficiente: importante acrescentar a relevância jurídica da operação. Assim: necessidade de preenchimento de um critério jurídico + critério econômico. RELEVÂNCIA POLÍTICA Fonte: OMC RELEVÂNCIA ECONÔMICA Fonte: OMC Fonte: OMC RELEVÂNCIA JURÍDICA Fonte: OMC Interdependência entre Estados (cooperação); Tendência à uniformização/harmonização jurídica. Atuação de sujeitos não tradicionais; Valorização de soluções alternivas de controvérsias ; Distinção entre Direito público e privado perde nitidez; Vocação supraestatal. CARACTERÍSTICAS POPULAÇÃO GLOBAL DESAFIOS GLOBAIS World Economic Forum - RELATÓRIO PARA PESQUISA Estatísticas econômicas globais (link). Estatísticas econômicas brasileiras (link). Conjunto normativo da OMC (link). Veja o mapa interativo do transporte marítimo. PARA SABER MAIS... Entrevista do Prof. Luiz Olavo Baptista (link); Entrevista do Prof. Hermes Marcelo Huck (link); Entrevista do Prof. José Carlos de Magalhães (link). Entrevista do Prof. Celso Lafer (link). Unidos pelo comércio (link). SUGESTÃO DE LEITURA Direito do comércio internacional (link). João Grandino Rodas - A Segunda Guerra Mundial transformou o Direito Internacional (link). Comércio internacional e crescimento econômico - Sarquis José Sarquis (livro). As relações entre o comércio internacional e desenvolvimento – Welber Barral (link). CARREAU, Dominique; JUILLARD, Patrick. Droit international économique, 3. ed., Paris: Dalloz, 2007. LAFER, Celso. Comércio internacional: fórmulas jurídicas e realidades político-econômicas. In Revista de Direito Mercantil, Industrial, econômico e Financeiro, n° 13. São Paulo: RT, 1974, p. 71- 85. MELLO, Celso D. de Albuquerque. Direito internacional econômico. Rio de Janeiro: Renovar, 1993. PRADO, Mauricio Almeida; SANTANA, Renata Duarte de (Org.). O Brasil e a Globalização: pensadores do Direito internacional. São Paulo: Editora de Cultura, 2013. PINHEIRO, Luís de Lima. Direito Comercial Internacional. Coimbra: Almedina, 2005. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2. ATORES DO COMÉRCIO INTERNACIONAL 2.1 - O ESTADO PAPEL DO ESTADO Desde 1648 (Tratado de Westfália) se implanta na Europa um modelo de ordem internacional centrada na figura do Estado. O modelo jurídico que daí surge é centrado na soberania ESTATAL: que centraliza a produção normativa, que centraliza o uso da força, que centraliza a cobrança de impostos, que centraliza a diplomacia; Etc. TRATADO DE WESTFÁLIA Coloca fim na Guerra dos 30 anos: que havia oposto a maior parte das casas reais europeias e tinha sido travada basicamente em território alemão. Consolida a França como grande potência. Consolida a noção de Estado-nação e de monarquia absoluta. Consolida a igualdade e liberdade religiosas. RESUMO Não há legislador universal. Mas cada Estado, em seu espaço de poder, exerce seu poder soberano (excludente de qualquer outro). As relações entre Estados se dão com bases convencionais (Tratados). Isso porque Estados são iguais entre si. São soberanos! ESTADO EM CRISE Este modelo se reformula com as constantes mudanças do modelo de produção. Persiste, no entanto, a noção de centralidade do Estado soberano. Este tipo de raciocínio ainda é visível, por exemplo, nos movimentos separatistas: País Basco, Irlanda do Norte, Kosovo, Cursdistão, etc. SEPARATISMO NA EUROPA ESTADO EM CRISE Ao lado da permanência da noção de soberania, percebe-se que o conceito deixa de ser absoluto: Criação da ONU e de seu Conselho de Segurança; Criação de Tribunais Penais com jurisdição internacional; Reconhecimento de normas oriundas de fontes alheias ao Estado; Reconhecimento de outros atores internacionais (alguns com influência nacional). No Direito Comercial Internacional os Estados atuam baseando-se em dois princípios: soberania e livre determinação (Carreau) Historicamente o crescente papel econômico dos Estados está ligado ao processo de descolonização e recuperação econômica do pós-guerra. ESTADOS Participação do Estado no desenvolvimento econômico interno: seja por necessidade ou opção ideológica. Exemplos: empresas nacionais de exploração de Petróleo, Cias. Aéreas, etc. A atuação do Estado acaba influindo no comércio internacional: vide caso Embraer. ESTADOS A interação econômica entre Estados e privados (estrangeiros/investidores) se dá na mesma base de “desigualdade” assegurada nacionalmente? Como os conflitos havidos nestas relações serão resolvidos? Como lidar com as imunidades de jurisdição e execução? ESTADOS Problemas específicos RESUMO Se em dado momento se pode afirmar que: Nem sempre o Estado é o único detentor de poder em seu território; Nem sempre o Estado é o único agente criador de norma em seu próprio território; Pergunta-se: o Estado é de fato, absolutamente, soberano? 2.2 - NOVOS ATORES INTERNACIONAIS NOVOS ATORES INTERNACIONAIS A sociedade internacional é fortemente descentralizada. Diversos“atores” atuam de modo a criar normas e a se relacionar por meio delas. Sujeitos não tradicionais, o que isso quer dizer? Organizações Internacionais; agentes econômicos, empresas transnacionais, particulares, etc. Seriam entidades intergovernamentais criadas pelo acordo entre Estados (Tratados), com caráter permanente e objeto específico definido nos respectivos estatutos. Características: Ao contrário dos Estados (que têm jurisdição ampla), estão adstritas aos limites impostos pelo Estatuto. As decisões dependem da deliberação entre os Estados e não de ato unilateral. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL Concebido em 1944 durante a Conferência de Bretton Woods. Objetivos: Promover a cooperação monetária internacional; Facilitar a expansão e crescimento balanceado do comércio internacional; Promover a estabilidade do comércio; Auxiliar no estabelecimento de um sistema multilateral de pagamentos; e Tornar aceesíveis recursos (com as salvaguardas adequadas) para membros que estejam experimentando dificuldades na balança de pagamentos. Atualmente são membros. Confira: http://www.imf.org/external/index.htm CONFERÊNCIA DA HAIA Organização intergovernamental para progressiva unificação do Direito internacional privado. Diversos são os tratados provenientes de seus esforços, especialmente em matéria de Direito de família. Confira: https://www.hcch.net/en/home Em português CNUDMI – Comissão das Nações Unidas para o Direito Mercantil Internacional. Criada em 1966 para fomentar a harmonização e unificação do direito comercial internacional. Entre outras, responsável pelos trabalhos e aprovação da Convenção de Viena de 1980 sobre compra e venda internacional de mercadorias (CISG) e pela Lei modelo de arbitragem de 2002. Confira: http://www.uncitral.org/ UNCITRAL Instituto Internacional de Unificação do Direito Privado, sediado em Roma, criado em 1926. Foi responsável: Convenção de Haia de 1964 sobre a formação do contrato de compra e venda internacional de bens móveis; da Convenção de Bruxelas de 1970 sobre contrato de turismo; da Convenção de Washington de 1973 sobre testamento internacional; da Convenção de Genebra de 1983 sobre representação nas vendas internacionais e da Convenção de Ottawa de 1988 sobre leasing internacional. DESTAQUE: Princípios Unidroit Confira: http://www.unidroit.org/news UNIDROIT ATUAÇÃO DOS PARTICULARES Objeto do “Direito Comercial Internacional” Diversas são as formas com que os agentes particulares podem atuar no mercado internacional. Destacam-se algumas deles: As chamadas empresas multinacionais; Os contratos internacionais O investimento estrangeiro. SUGESTÃO DE LEITURA RODAS - Voluntarismo possibilita que Estado se retire de organização internacional (artigo). ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: um breve estudo sobre a Organização dos Estados Americanos – Carla Piffer (artigo). 3. FONTES DA REGULAÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL PROJEÇÃO A atuação de diferentes atores estaria criando um espaço “público” transnacional fora do sistema internacional dos Estados. Qual(is) a(s) consequência(s) disso? Enfraquecimento do poder Estatal, este cederia espaço de decisão a outros centros de poder. Estes “novos centros de poder” obedeceriam a interesses próprios (ideologia) não necessariamente relacionados ao bem público. Esta atuação é ainda mais marcante na criação, interpretação e aplicação de um novo conjunto de fontes normativas. Estas fontes são de diferentes origens (nacionais x internacionais; públicas x privadas; oficiais ou não); Também se destaca a preferência pelo informalismo (para fazer frente a necessidade de eficácia, rapidez e tecnicidade). FONTES Atos unilaterais de um Estado: leis, decretos, julgados, etc. Exemplo: decisão de um tribunal sobre determinado elemento de conexão sendo aplicável a um caso concreto. Exemplo: LINDB; Jurisprudência do STF sobre ordem pública; Regimento Interno do STJ; legislação aduaneira, etc. FONTES NACIONAIS Tratados (bilaterais ou plurilaterais); Exemplo: Acordo de Marrakech (institui a OMC); CISG. Costumes internacionais Exemplo: Princípio da livre navegação Acordos infraestatais; Modelos de convenção/lei; Exemplo: Lei modelo de Arbitragem da UNCITRAL Atos unilaterais de organizações internacionais Exemplo: Resoluções da OIT FONTES INTERNACIONAIS Baseadas nos esforços dos operadores do comércio internacional (empresários, câmaras, etc.). Além das fontes tradicionais, acrescentam-se outras. Por exemplo: costume, cláusulas contratuais padrão, contratos modelo, estatutos arbitrais, decisões arbitrais. Novos desafios: (i) soft law; (ii) lex mercatoria. Métodos: internacionalização; hamonização e uniformização. FONTES PRIVADAS Câmara de Comércio Internacional de Paris é instituição privada, criada em 1919. Objetivos: representar todos os setores de atividade econômica internacional; contribuir para a harmonização e liberdade das relações comerciais no domínio jurídico e econômico e fornecer serviços especializados e pragmáticos à comunidade de negócios internacional DESTAQUE: responsável pelos incoterms e pela UCP e por diversas cláusulas modelo. Confira: http://www.iccwbo.org/ CCI SOFT LAW O que? Soft law são padrões normativos não vinculantes (não legais), mas que podem ser adotados pelas partes voluntariamente. Por exemplo: ISO9000. Por que? Certas áreas da técnica são tão precisas que não são alcançadas pelas regulamentação estatal. Como? Tais padrões, corporativos, setoriais, etc. acabam, de alguma forma, se consolidando e se tornando de uso imperativo. Passam a não só influenciar a condução da conduta, mas a interpretação dos contratos e sua execução. RESTATEMENT Tentativa de uniformização do Direito contratual em âmbito internacional e regional. Exemplos: Princípios UNIDROIT relativos aos contratos comerciais internacionais (2010) (link) Princípios Europeus do Direito dos Contratos (link). CLÁUSULAS PADRÃO Padronização de contratos e influência na própria redação contratual. Exemplos: Creative commons (link) (artigo). Cláusulas de risco: hardship (livro), força maior e incoterms (artigo). Cláusulas arbitrais e de foro (exemplo). Considerandos e “glossários”. CLÁUSULA PADRÃO - Exemplo “Você resolverá qualquer reivindicação, causa de ação ou disputa (reivindicação) decorrente de ou relacionada exclusivamente à esta Declaração ou ao Facebook no tribunal distrital americano, para o distrito do norte da Califórnia, ou um tribunal estadual localizado no condado de San Mateo, e você concorda em submeter-se à jurisdição pessoal de tais tribunais com o propósito de pleitear todas essas reivindicações. As leis do estado da Califórnia regem esta Declaração, bem como as alegações que surjam entre você e nós, independentemente de conflitos nas disposições legais.” LEX MERCATORIA O que? Lex mercatoria seria o Direito autônomo aplicável ao comércio internacional. Por que? Defende-se que como estas transações não estão presas a nenhum país em especial, elas seriam autônomas aos seus ordenamentos. Além disso, precisariam de um Direito especializado. Como? Tal direito seria buscado a partir de fontes próprias: costumes, contratos, laudos arbitrais, etc. INTERNACIONALIZAÇÃOO que? Diálogo entre fontes de Direito interno e internacional. Por que? Resposta às necessidade econômicas e sociais, especialmente em razão da chamada “Globalização”. Como? Troca de ferramentas jurídicas, desenvolvimento de estudos de Direito comparado, etc. (complementariedade – Borba Casella) HARMONIZAÇÃO Aproximação normativa por meio da adequação da legislação interna dos diferentes países. Embora diferentes, as legislações nacionais são “parecidas” (guardam os mesmos elementos e princípios básicos). Exemplo: a Lei modelo de arbitragem da UNCITRAL LEI MODELO UNCITRAL UNIFORMIZAÇÃO Identidade normativa por meio da criação de instrumentos internacionais únicos que congreguem o maior número possível de Estados partes. As legislações nacionais são iguais. Exemplo: Convenção de Viena de 1980 (CISG). CISG SUGESTÃO DE LEITURA Adauto Suannes - O costume como fonte do Direito Internacional: relembrando Nuremberg (link). João Grandino Rodas - Fonte de Direito Internacional e interno, o costume pode fazer a diferença (link). Miguel Moura e Silva - As Fontes E Os Princípios Do Direito Internacional Económico (link). Hans van Loon - Los desafíos actuales de la Conferencia de La Haya con especial atención a América Latina – algunas reflexiones y sugerencias (link). Los instrumentos de la conferencia de la haya de derecho internacional privado que facilitan el desarrollo de los negocios internacionales y las inversiones – Ignacio Goicoechea (link). SUGESTÃO DE LEITURA Frederico Glitz - Apontamentos sobre o Conceito de Lex Mercatoria.(link). Hermes Marcelo Huck - Lex mercatoria – horizonte do Direito Internacional (link). Marcos Valadão - O soft law como fonte formal do Direito Internacional Público (link). Beatriz Schiffer Durães - O indivíduo: sujeito de Direito Internacional Público (link). PARTE 2 – DIREITO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL LOCALIZAÇÃO Neste tópico serão abordados: Conceito, características e princípios do Direito Internacional econômico; Multilateralismo x regionalismo: conceito, exemplos e noções gerais; OMC: conceito, estrutura e principais temas. CAPÍTULO 1. NOÇÕES GERAIS DESENVOLVIMENTO DE UM DIREITO INTERNACIONAL ECONÔMICO O que? Em um sentido amplo, seria o conjunto de regras que regem as operações econômicas de todas as naturezas que se desenvolvessem para além de um ordenamento jurídico. Mas, em um sentido mais adequado é estrito e nele seria o conjunto de regras que regem a organização das relações internacionais macro-econômicas. (Carreau e Juillard, p. 02-03) Por que? É um direito de proteção (baseado na preservação da independência política dos Estados) e de incitação (baseado no enriquecimento dos Estados que conduz a sua interdependência) (Carreau e Juillard, p. 07) Como? Por meio da regulamentação de “diferentes aspectos das relações internacionais, como investimento estrangeiro, integração econômica, organizações internacionais econômicas, moeda, regime jurídico do estrangeiro, etc.” (Mello, p. 79) PRINCÍPIOS DO DIE O Estado não pode adotar relações comerciais discriminatórias. O Estado não pode impedir o pagamento de lucros a investimentos estrangeiros. Os Estados devem cooperar para a estabilização dos preços. Os Estados devem evitar o dumping. Os Estados devem evitar barreiras comerciais. Os Estados em desenvolvimento têm direito à assistência econômica. Os Estados são soberanos sobre seus recursos. Efetividade (realista). Segundo Mello este realismo assegura as consultas entre Estados, mas, por outro lado, acaba incentivando o domínio dos ricos sobre os pobres. Igualdade formal A crítica que se faz é que a desigualdade econômica importa em desigualdade de fato. Desenvolve-se o Direito Internacional do Desenvolvimento e o fundamento para desigualdade de votos (por exemplo FMI) CARACTERÍSTICAS GATT (1964-67) – adoção do princípio da não reciprocidade (vantagens unilaterais de países desenvolvidos ao subdesenvolvidos). GATT (1973-79) – sistema geral de preferência – exportação de produtos manufaturados de países subdesenvolvidos. APLICAÇÃO Conjunto normativo impreciso As normas são menos rígidas e menos formais. As regras acabam sendo mais dinâmicas e pragmáticas. As obrigações são mais vagas. Sanções “brancas” O descumprimento das normas de DIE acabam sendo sancionadas de formas alternativas (exclusão de novos programas, compensações, embargos, etc.). Solução de controvérsias Se dá por negociações ou participação em painéis dos diferentes órgãos. CARACTERÍSTICAS “O Direito Internacional econômico não pode esquecer de que ao regulamentar o fato econômico nas relações internacionais ele está lidando diretamente com os direitos humanos que têm inclusive um valor “supralegal”.” (MELLO, p. 93). João Grandino Rodas - Integração econômica deve servir ao bem da humanidade (artigo). LIMITAÇÕES RESPOSTAS JURÍDICAS Diante dessas características quais os instrumentos jurídicos utilizáveis? O Direito internacional econômico é um ambiente de pluralidade de agentes (inclusive não-estatais). Busca-se uma maior flexibilidade das sanções de modo a adaptá-las às exigências típicas do ambiente econômico e a sua eficácia. SANÇÕES ECONÔMICAS Sanções brancas, o que isso significa? As sanções são promovidas pelo próprio interessado. Não há agente central que aplica “pena”. Formas: Represálias–de caráter econômico ou não. São excepcionais e devem ser aplicadas de forma proporcional, sem causar danos a terceiros. Exemplo: embargo (proibição de exportação e importação), boicote (interrupção de relações comerciais por governos ou particulares). Contramedidas. Resposta a ato ilícito. Tentativa de que a prática cesse. SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS Valorização de formas “alternativas” de composição de conflitos. Composição, mediação e arbitragem. Algumas organizações mantém estrutura e órgãos para a solução de conflitos, p. ex., OMC e MERCOSUL. Interessante que os laudos arbitrais acabam compondo “jurisprudência” e influenciando novos julgamentos. Veja os Laudos do Mercosul. CLÁUSULA DA NAÇÃO MAIS FAVORECIDA Pressupostos teóricos: Liberação dos entraves comerciais cria vantagens econômicas; Organização do comércio descentralizada é mais eficiente. Conceito: “qualquer vantagem, favor, imunidade ou privilégio concedido por uma Parte Contratante a um produto originário de ou destinado a qualquer outro país, será imediatamente e incondicionadamente estendido ao produto similar, originário do território de cada uma das outras partes contratantes ou ao mesmo destinado.” (GATT, art. I) CLÁUSULA DA NAÇÃO MAIS FAVORECIDA Exceções: Comércio fronteiriço, uniões aduaneiras e zonas de livre comércio. Crítica: A liberação do comércio leva em conta os interesses das nações mais desenvolvidas, especialmente em uma lógica de “divisão social do trabalho” (Lafer, p. 73). Melhor seria a reciprocidade real (levando em conta as condições dos países subdesenvolvidos). SUGESTÃO DE LEITURA Aspectos geopolíticos do GATT e da OMC (link). Vera Thorstensen - SISTEMAS DE REGULAÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL EM CONFRONTO: o marco dos estados e o marco das transnacionais (link). Marlon Tomazette - A necessidade de regulamentação multilaretal do comércio internacional: protecionismo x liberalização (link). Luiz Henrique Maisonnett - Um panorama históricodo direito internacional econômico: desafios para um mundo globalizado (link). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARREAU, Dominique; JUILLARD, Patrick. Droitinternationaléconomique, 3. ed., Paris: Dalloz, 2007. FARIA, Werter R. Exceções à cláusula de nação mais favorecida no sistema comercial internacional e integração fronteiriça dos países do Mercosul. In CAMARGO, Ricardo Antônio Lucas (org.). Desenvolvimento econômico e intervenção do Estado na Ordem Constitucional: estudos jurídicos em homenagem ao Professor Washington Peluso Albino de Souza. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1995, p. 183-201. LAFER, Celso. Comércio internacional: fórmulas jurídicas e realidades político-econômicas. In Revista de Direito Mercantil, Industrial, econômico e Financeiro, n°13. São Paulo: RT, 1974, p. 71- 85. MELLO, Celso D. de Albuquerque. Direito internacional econômico. Rio de Janeiro: Renovar, 1993. CAPÍTULO 2 - MULTILATERALISMO X REGIONALISMO O que é o fenômeno? Tendência no comércio internacional de proliferação de acordos regionais ao mesmo tempo em que se aprofundam as tentativas de adoção de sistemas multilaterais. Exemplo: OMC (multilateral) x Mercosul (regional) Qual a preocupação? Movimentos regionais poderiam acabar com os esforços de integração multilateral (fragmentação) Qual razão desta tendência? Em termos econômicos, estimular o livre comércio e incentivar o desenvolvimento econômico. MULTILATERALISMO X REGIONALISMO Bretton Woods – instituição dos órgãos reguladores da economia internacional no final da II Guerra Mundial: FMI, BIRD e OIC. Sem que a OIC passasse pelo Congresso americano, aprovou-se o GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) direcionado a redução das tarifas alfandegárias. Como o GATT não era uma organização (mas um acordo), o mecanismo adotado foi de que a concessão feita a um país participante, automaticamente estender-se-ia aos demais. Outra construção do GATT é a de que uma vez interiorizada a mercadoria, ela não poderia ser discriminada. BREVE HISTÓRICO As negociações para as reduções tarifárias e outros problemas do comércio internacional eram feitas em rodadas periódicas, com adoção do sistema arbitral para solução de eventuais demandas. Entretanto, a possibilidade que o relatório do painel fosse bloqueado por qualquer país, a possibilidade de escolha dos acordos específicos dos quais o Estado faria parte e a possibilidade de alegação de práticas anteriores ao GATT foram fatores que causaram grande entrave às negociações. GATT Essas problemáticas foram levadas a rodada Uruguai (1986/1994) e dela resultou, entre outras medidas, a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC). A OMC traz uma grande contribuição no tocante ao sistema de solução de controvérsias que tornou-se mais complexo (prazos para constituição e funcionamento dos painéis, defesa e regra do consenso apenas para rejeição do relatório). Cabe a este órgão, ainda, coibir a imposição unilateral de sanções econômicas. Países membros. OMC (Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – Brasil http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=369) RODADAS DE NEGOCIAÇÃO Rodada Período Países Assunto Genebra 1947 23 Tarifas Annecy 1949 13 Tarifas Torquay 1950 - 1951 38 Tarifas Genebra 1955 - 1956 26 Tarifas Dillon 1960 -1961 26 Tarifas Kennedy 1964 - 1967 62 Tarifas e antidumping. Tóquio 1973 - 1979 102 Tarifas, Medidas não tarifárias, Cláusula de Habilitação. Uruguai 1986 - 1993 123 Tarifas, Agricultura, Serviços, Propriedade Intelectual, Medidas de Investimento, novo marco jurídico, OMC. Doha 2001 - ? 149 Tarifas, Agricultura, Serviços, Facilitação de Comércio, Solução de Controvérsias, “Regras”. OMC 2016 Existiram mais de 420 acordos regionais em vigor (link) Conceito: “todo acordo bilateral, regional e plurilateral de natureza preferencial” (ARC) acordos pelos quais são oferecidos, reciprocamente, tratamento comercial mais favorável a parceiros regionais. Problema téorico: Como compatibilizar o conteúdo dos acordos regionais e a cláusula da nação mais favorecida? ACORDOS REGIONAIS O art. XXIV do GATT e seus parágrafos prevêem a autorização para integração regional. O art. V do GATS permite a liberalização do comércio por meio dos acordos regionais. Esta exceção do GATT aplica-se: uniões aduaneiras; áreas de livre comércio e acordos de transição. Estes acordos devem: não criar situação tarifária mais restritiva para os países do GATT não participantes do acordo; No caso de acordos de transição, estabelecer cronograma para união aduaneira ou área de livre comércio; Os acordos não precisam conter eliminação tarifária total, mas substancial. No caso do serviços (GATS) deve ter cobertura setorial substancial e ausência ou eliminação de discriminação Lista de acordos. ACORDOS PREFERENCIAIS Existem acordos que não estabelecem a necessidade de reciprocidade (cláusula de habilitação). Permite que países em desenvolvimento celebrem acordos regionais em condições mais favoráveis que os acordos gerais (produtos originários de países em desenvolvimento, para redução de tarifas, ou outras medidas específicas em favor daqueles países). Por exemplo, UE (para países africanos do Caribe ou do Pacífico) ou EUA (para os países do Caribe e dos Andes). ACORDOS PREFERENCIAIS NÃO RECÍPROCOS PARA SABER MAIS... Bloco econômicos (link) Organização Mundial do Comércio (link) SUGESTÃO DE LEITURA A OMC e o regionalismo do século XXI: estratégia de imposição de modelos normativos? (link). O redimensionamento da OMC no trato dos Acordos Comerciais Regionais (link). O regime jurídico das integrações político- econômicas regionais (link). Regionalismo e multilateralismo: compatibilização e a posição brasileira nas negociações (artigo). BARRAL, Welber (org.) O Brasil e a OMC: os interesses brasileiros e as futuras negociações multilaterais. Florianópolis: Diploma Legal, 2000. LAFER, Celso. A OMC e a regulamentação do comércio internacional: uma visão brasileira. Porto Alegre: Livraria do advogado, 1998. LILLA, Paulo Eduardo; SUCHODOLSKI, Sérgio Gusmão. Conflitos de jurisdição entre a OMC e os acordos regionais de comércio: o caso do MERCOSUL. In LIMA, Maria Lúcia L. M. Padua; ROSENBERG, Barbara (coord.) O Brasil e o contencioso na OMC. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 149- 193. THORSTENSEN, Vera; JANK, Marcos S (coord.). O Brasil e os grandes temas do Comércio Internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2005, p. 21-35; 209-239. VIZO, Roberto. A sucessão entre organizações internacionais e a transformação do GATT em OMC. In DAL RI JÚNIOR, Arno; OLIVEIRA, Odete Maria de. Direito internacional econômico em expansão: desafios e dilemas. Ijuí: Unijui, 2003, p.171-193. REFERÊNCIAS 2.1 - REGIONALISMO Comunidade Regional: organização intergovernamental, criada por tratados, normalmente voltada a integração econômica. Justificativa: econômica, principalmente, por meio de melhor inserção no mercado mundial. Motivo: exceção à aplicação da cláusula da nação mais favorecida. REGIONALISMO Conceito: Forma mais simples de integração, envolve, apenas, concessão de regime preferencial a certos setores econômicos ou industriais. Assemelha-se a uma forma de cooperação. Exemplo: ALADI ÁREA DE PREFERÊNCIA TARIFÁRIA Conceito: Remoção de barreiras (tarifárias e não-tarifárias)ao comércio, mas preservação da autonomia em relação à tarifa aplica a terceiros países. Em âmbito externo não existe uma política comum de importação e exportação de mercadorias. Cada Estado negocia individualmente com os demais países fora do bloco. Exemplo: NAFTA ÁREAS DE LIVRE COMÉRCIO Conceito: Remoção de barreiras ao comércio e adoção de tarifa comum com relação a terceiros países (TEC). Os Estados adotam política comum para importar produtos para o mercado do bloco econômico. Exemplo: MERCOSUL UNIÕES ADUANEIRAS Conceito: Forma de integração que assegura aos bens, capitais, serviços e pessoas ampla liberdade de circulação. Exemplo: União européia. MERCADO COMUM Para alguns autores haveria desdobramento do mercado comum. Conceito: Além da garantia de livre circulação, alia processo de harmonização e uniformização de políticas econômicas e monetárias. Exemplo: União européia. UNIÃO ECONÔMICA Segundo Halperín existem também questões mínimas essenciais para a integração econômica: determinação inicial do novo espaço econômico, a partir de um critério de inclusão – exclusão de países e de regras comuns frente a terceiros países; regime de liberalização comercial e eventualmente, preparação de uma política comum de comércio exterior e de mobilidade de fatores dentro do esquema. Um sistema de lealdade competitiva que permita legitimar as vantagens relativas; Reconhecimento de determinados desequilíbrios e assimetrias estruturais e os conseqüentes tratamentos discriminatórios para sua redução. Uma estrutura institucional apta para o desenvolvimento das funções essenciais: condução política e a conseqüente administração comunitária, a solução de controvérsias e o controle da legalidade. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA Sentimento regional surge no período em que vários países da América Latina tornavam-se independentes. Simon Bolívar lançou, em 1822, a idéia de uma Confederação entre as ex-colônias espanholas. Já em 1823 o Presidente Monroe, em um discurso diante do Congresso norte-americano, proclamou a "América aos americanos". Embora este sentimento seja antigo sua concretização jurídica (na forma de instrumentos de cooperação regional) só se concretizará após a segunda grande guerra com a criação da OEA. REGIONALISMO AMERICANO Criado em 1969 (como Pacto Andino). Objetivos: promover o desenvolvimento equilibrado e harmônico dos países membros (por meio da integração e cooperação econômica e social); Acelerar crescimento e geração de emprego; Facilitar a participação no processo de integração regional; Promover melhor inserção dos países membros no contexto econômico internacional; Fortalecer a solidariedade regional e reduzir as diferenças de desenvolvimento; Melhorar o nível de vida de suas respectivas populações. http://www.comunidadandina.org/ COMUNIDADE ANDINA MAPA Criado em 1972 após a transformação do mercado comum (CARIFTA). Objetivos: melhorar nível de vida e trabalho; pleno emprego; desenvolvimento econômico acelerado, coordenado e sustentável; expansão do comércio com terceiros países; aumento da produção e produtividade. http://www.caricom.org/ CARICOM MAPA Criada em 1980. Objetivos: a criação, a curto prazo, de uma zona de preferência econômica e estabelecer progressivamente, a longo prazo, um mercado comum latino-americano encorajando o comércio recíproco, a complementação e a cooperação econômica. Fundamentos: o pluralismo (político e econômico); flexibilidade; convergência; tratamento diferenciado determinado caso a caso. Não é propriamente uma zona de livre comércio, mas fórum de cooperação encarregado de estabelecer uma gama de preferências econômicas e comerciais. (MICALI, p.418/419) http://www.aladi.org/ Associação Latino-americana de Integração (ALADI) MAPA Criado em 1992. Objetivos: supressão progressiva de todos os obstáculos tarifários e não-tarifários nas trocas comerciais entre os três países membros (EUA, Canadá e México). favorecer a concorrência leal dentro da zona de livre comércio; aumentar os investimentos das partes nos demais países, assegurar a proteção e respeito dos direitos de propriedade intelectual; etc. https://www.nafta-sec-alena.org/Home/Welcome NAFTA MAPA União das Nações Sul-americana. Criada em 2008. Objetivos: http://www.unasursg.org/es/objetivos- especificos http://www.unasursg.org/ UNASUL GOMES, Eduardo Biacchi. Blocos econômicos solução de controvérsias: uma análise comparatista a partir da União européia e Mercosul, 2. ed., Curitiba: Juruá: 2006. HALPERIN, Marcelo. El Mercado Comum del Sur y un nuevo sistema regional de relaciones economicas multilaterales. In: Análise Conjuntural. Curitiba: IPARDES jul/ago 1991, v. 13, n.78, p. 1-10. MICALI, Isabella Soares. Le Marché commun de Cône Sud Mercosur et les autres mécanismes d'intégration et de coopération sur le continent américain – un panorama comparatif. In Mercosul: seus efeitos jurídicos, econômicos e políticos nos estados-membros. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1995, p.401-444. THORSTENSEN, Vera; JANK, Marcos S (coord.). O Brasil e os grandes temas do Comércio Internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2005, p. 21-35; 209-239. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2.2 – UNIÃO EUROPÉIA A globalização transforma a noção de soberania. A constatação da crescente interdependência dos Estados e da necessidade de mútua cooperação alavancou a busca de soluções que compatibilizem a noção de soberania e a necessidade de maior integração entre os Estados. Uma dessas noções é a da Supranacionalidade. Trata-se, basicamente de se aceitar instância acima e independente dos Estados, superar a regra da unanimidade e na prevalência do direito comunitário. FUNDAMENTO TEÓRICO O exemplo é a União Europeia Os Estados abriram mão de regular certas matérias, remetendo-as ao Direito comunitário. Há polêmica sobre sua natureza: tese da soberania divisível x atribuição de competências à Comunidade (soberania compartilhada). FUNDAMENTO TEÓRICO Antecedentes: Comunidade do Carvão e Aço (1951) – França, Alemanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos. Tratado da Comunidade Econômica Européia (1957) – objetivava o estabelecimento de mercado comum e de aproximação econômica. Em 1986, o ato único estabeleceu como meta a criação de mercado comum até 1992. Em 1992 foi celebrado o Tratado de Maastricht que entrou em vigor em 1°/01/1993, criando a UE. Em 1997 adota-se a moeda única (Tratado de Amsterdã) e em 2001 o Tratado de Nice prepara a instituição para entrada de novos membros. E o Tratado de Lisboa consolida mecanismos mais efetivos de funcionamento. Em 2012 a EU recebe a o Nobel da Paz. HISTÓRICO PARA SABER MAIS... Brexit – saída britânica da União Européia (Brexit). FUTUROS MEMBROS? Função: organizar de forma coerente e solidária as relações entre os Estados membros. “Pilares”: existência do mercado comum (ou união econômica); cooperação na defesa externa e cooperação policial e judicial. Tratados constitutivos: http://europa.eu/eu- law/decision-making/treaties/index_pt.htm . http://europa.eu/index_pt.htm UNIÃO EUROPÉIA Trata-se de entidade sui generis (nem confederada, nem federada) de caráter comunitário. Os Estados conservam sua soberania, delegando parte de seus poderes aos órgãos comunitários. A competênciada União é limitada e exclusiva às matérias a ela delegadas (por exemplo, agricultura, livre circulação de mercadorias e pessoas, concorrência, etc.). NATUREZA JURÍDICA É dividida em órgãos permanentes (Parlamento, Conselho, Comissão, Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas), auxiliares, financeiros e políticos. Parlamento: Representação dos cidadãos da União. Não possui competência legislativa, mas fiscalizatória. Conselho: órgão executivo de competência intergovernamental e supranacional. Compostos pelos Estados, as decisões são tomadas por maioria. Exerce a atividade legislativa (diretivas, reocmendações e pareceres). ESTRUTURA Comissão: zela pelo cumprimento das obrigações comunitárias. Sua atuação é independente dos interesses dos Estados. Possui iniciativa legislativa (proposição). Tribunal de Justiça: competência para questões decorrentes de infrações ao Direito comunitário. Também tem competência consultiva, a pedido de Estado. Tribunal de Contas: órgão fiscalizador das contas comunitárias. ESTRUTURA VEJA AINDA… Tribunal de Justiça da União Européia (link) Uma das maiores conseqüências do modelo europeu é a adoção de um Direito comunitário. Ele é diverso do direito interno e do direito internacional. Obriga Estados e suas respectivas populações. Visa à integração, coordenação da supranacionalidade e seu teor incorpora-se automaticamente ao direito de cada Estado (com primazia sobre o direito interno). DIREITO COMUNITÁRIO Rege-se pelos princípios: da subsidiariedade (o governo central só é chamado quando o regional não puder decidir); do acervo comunitário (o novo membros deve aceitar a integralidade do acervo já existente); Proporcionalidade (os deveres são proporcionais à satisfação do interesse público); Proteção dos direitos fundamentais; Supremacia do direito comunitário sobre o direito naciona; Aplicabilidade direta do direito comunitário pelos países membros. DIREITO COMUNITÁRIO SUGESTÃO DE LEITURA Artigos Artigos O Estado e o Direito na União europeia e no Mercosul – Fernando Mânica (artigo) ARAUJO, Luis Ivani de Amorim. Das organizações internacionais. Rio de Janeiro: Forense, 2002. GOMES, Eduardo Biacchi. Blocos econômicos – solução de controvérsias: uma análise comparativa a partir da União Européia e Mercosul, 2.ed., Curitiba: Juruá, 2006. JO, Hee Moon. Introdução ao direito internacional, 2. ed., São Paulo: LTr, 2004. QUADROS, Fausto de. O princípio da subsidiariedade no direito comunitário após o tratado da União Européia. Coimbra: Almedina, 1995. REIS, Márcio Monteiro. Mercosul, União Européia e Constituição: a integração dos Estados e os ordenamentos jurídicos. RJ: Renovar, 2001, p.07-80. THORSTENSEN, Vera; JANK, Marcos S (coord.). O Brasil e os grandes temas do Comércio Internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2005, p. 21- 35; 209-239. REFERÊNCIAS 2.3 – MERCOSUL GERAL Tratados constitutivos. Depoimentos dos principais atores. Site: http://www.mercosur.int/ Características: Não há direito comunitário, nem supranacionalidade. Inexiste delegação de competência. Relações entre Estados ainda se regem pela obrigatoriedade de tratados (bilaterais) e reciprocidade. Direito produzido pelo bloco precisa ser incorporado pelos diferentes países, de acordo com suas respectivas legislações. Decisões tomadas em consenso. Conselho do mercado Comum (CMC): conduz a política do bloco e a tomada de decisões, é composto pelos chanceleres dos Estados membros. Grupo do Mercado Comum (GMC): é o órgão executivo e seus membros são indicados pelos respectivos países. Comissão de Comércio do Mercosul (CCM): zela pelo funcionamento da união aduaneira fiscalizando o cumprimento das políticas comerciais do bloco. Para esta finalidade tem competência normativa. ESTRUTURA DECISÓRIA Comissão Parlamentar Conjunta (CPC): representa os parlamentos nacionais, buscando harmonização legislativa. Foro consultivo econômico e social (FCES): representa setores econômicos e sociais, buscando assessorar a tomada de decisões; Secretaria do Mercosul: órgão de natureza operacional. Veja infográfico. ESTRUTURA CONSULTIVA Art. 41 do Protocolo de Ouro Preto Tratado de Assunção; Acordos e protocolos assinados no âmbito do protocolo de Ouro Preto; Decisões do CMC, as Resoluões do GMC e as diretrizes da CCM. Essas normas têm caráter obrigatório, mas devem ser incorporadas aos respectivos ordenamentos jurídicos. FONTES JURÍDICAS O Protocolo de Brasília havia adotado a arbitragem como método de solução de controvérsias. Inicialmente provisória, essa adoção se confirmou como o Protocolo de Ouro Preto de 1994. O protocolo de Olivos prevê a possibilidade de os Estados membros optarem por escolher o foro regional ou multilateral (OMC) para solucionar o conflito. Se escolhido o regional, não se poderá recorrer ao Multilateral. (art. 1º). Veja os Laudos do Mercosul. ESTRUTURA DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS Negociação direta: (art. 4º) Prazo 15 dias. Intervenção do GMC – as partes podem optar pela negociação coletiva via GMC ou recorrer diretamente ao proc. Arbitral. (art. 6º, 1). Procedimento Arbitral: composto de duas instâncias Grau de Recurso; Tribunal Permanente de Recursos (art. 17). Possibilidade de revisão do laudo arbitral. Recurso deve versar unicamente sobre questões de direito. A decisão é tomada por maioria. A decisão é irrecorrível. Caberá recurso de esclarecimento (15 dias). Eventuais divergências sobre o cumprimento do laudo serão submetidas ao próprio Tribunal (art. 30). Mais detalhes SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS VEJA AINDA… Solução de controvérsias no MERCOSUL (link) SUGESTÃO DE LEITURA Eliane Octaviano Martins – Sistema de solução de controvérsias do Mercosul (artigo). Larissa Basso – As decisões arbitrais do Mercosul e os Princípios da Integração no bloco (artigo). Joseli Gomes – Uma análise da proteção do consumidor no Mercosul (artigo). Sonia Camargo - O Processo de Integração Regional: Fronteiras Abertas para os Trabalhadores do Mercosul (artigo). Integração e democracia – Wilson Almeida e Hadassah Santana (artigo) O MERCOSUL (link) ARAUJO, Luis Ivani de Amorim. Das organizações internacionais. Rio de Janeiro: Forense, 2002. BERTOLDI, Marcelo M. aspectos jurídicos fundamentais do Mercosul. In Temas da Advocacia empresarial. Curitiba: Juruá, 1999. p. 203-220. GOMES, Eduardo Biacchi. Blocos econômicos – solução de controvérsias: uma análise comparativa a partir da União Européia e Mercosul, 2.ed., Curitiba: Juruá, 2006. JO, Hee Moon. Introdução ao direito internacional, 2. ed., São Paulo: LTr, 2004. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2.4 – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO Fundada em 1995 como sucessora do GATT. É o principal órgão internacional de regulamentação comercial. Tem por objetivo liberalização do comércio mundial. É estruturada em torno de dois tipos de acordos: multilaterais (obrigam todos os membros da OMC) e plurilaterais (facultativos, obrigando apenas os interessados). http://www.wto.org/ CARACTERÍSTICAS É composta de diversos países que se dividem em desenvolvidos, em desenvolvimento e menos desenvolvidos; Teoricamente há maiores privilégios para os países menos desenvolvidos e em desenvolvimento (por exemplo cláusula de equiparação). Atualmente há nova rodada de negociações envolvendo: (i) implantação da OMC; (ii) agricultura; (iii) comércio e investimento;(iv) serviços, (v) propriedade intelectual; (vi) transparência em compras governamentais; (vii) práticas de concorrência; (viii) acesso a mercado para produtos não agrícolas; (ix) antidumping e subsídios; (x) solução de controvérsias; meio ambiente. HISTÓRICO Fórum de negociação (art. 3º do Tratado de Marrakesh). Também administração a solução de controvérsias envolvendo comércio internacional (art. 3º). As negociações lá travadas acabariam constituindo obrigações a serem cumpridas pelos Estados. FUNÇÕES Administrar os acordos comerciais e fazê-los cumprir; Fórum de negociações comerciais; Monitoramento das políticas comerciais nacionais; Solução de controvérsias; Assistência técnica e treinamento. Objetivo: liberalização do comércio Tratados FUNÇÕES Não Discriminação - Está contido no Art. I e no Art. III do GATT 1994 no que diz respeito a bens e no Art. II e Art. XVII do Acordo de Serviços. Nação mais favorecida (Art. I) - um país é obrigado é estender aos demais Membros qualquer vantagem ou privilégio concedido a um dos Membros. Princípio do tratamento nacional (Art.III) - impede o tratamento diferenciado de produtos nacionais e importados. Previsibilidade: consolidação dos compromissos tarifários para bens e das listas de ofertas em serviços, além das disciplinas em outras áreas da OMC, como TRIPS, TRIMS, Barreiras Técnicas e SPS que visam impedir o uso abusivo dos países para restringir o comércio. PRINCÍPIOS GERAIS Concorrência Leal: A OMC tenta garantir não só um comércio mais aberto mas também um comércio justo, coibindo práticas comerciais desleais como o dumping e os subsídios, que distorcem as condições de comércio entre os países. Proibição de Restrições Quantitativas: O Art. XI do GATT 1994 impede o uso de restrições quantitativas (proibições e quotas) como meio de proteção. Tratamento Especial e Diferenciado para Países em Desenvolvimento: Este princípio está contido no Art. XXVIII bis e na Parte IV do GATT 1994. Lista-se uma série de medidas mais favoráveis aos países em desenvolvimento que os países desenvolvidos deveriam implementar. PRINCÍPIOS GERAIS Conferência ministerial: órgão decisório, formado por representantes de cada país membro com capacidade de tomar decisões. Conselho Geral: reune-se sempre que necessário e é constituído de representantes de todos os membros. Reune-se como órgão de solução de controvérsias e órgão de exame de das políticas comerciais. Conselhos setoriais. Submetidos ao Conselho Geral referem-se a áreas específicas (Comércio, Serviços, Propriedade intelectual, etc.). Comitês especializados e Secretariado. ÓRGÃOS A OMC e os Direitos humanos – Rogério Taiar e Camilla Capucio (artigo) A Organização Mundial do Comércio (livro) Entendendo a OMC (manual) A Organização Mundial do Comércio (livro). SUGESTÃO DE LEITURA AGUILLAR, Fernando Herren. Direito econômico, 2. ed., São Paulo: Atlas, 2009. BARRAL, Welber (org.) O Brasil e a OMC: os interesses brasileiros e as futuras negociações multilaterais. Florianópolis: Diploma Legal, 2000. LAFER, Celso. A OMC e a regulamentação do comércio internacional: uma visão brasileira. Porto Alegre: Livraria do advogado, 1998. THORSTENSEN, Vera; JANK, Marcos S (coord.). O Brasil e os grandes temas do Comércio Internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2005. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2.4.1 – DEFESA COMERCIAL O comércio internacional se diferencia do comércio interno pela diversidade de encargos fiscais, trabalhistas e pela existência de barreiras aduaneiras. A liberalização do comércio compreende justamente a eliminação desses obstáculos. Por outro lado, a liberalização tem na concorrência um de seus pilares. Esta concorrência deve ser leal e quando desenvolvida de forma saudável beneficia mercado e consumidor. Leia mais (artigo). DEFESA COMERCIAL O que é? Quando preço praticado no mercado exportador é inferior ao praticado no mercado importador. Causa dano ou ameaça de dano à indústria nacional do mercado importador. Comprovado que o dano decorre desta prática (nexo de causalidade), o país importador poderá impor medidas antidumping ao produto importado, normalmente relacionadas com a cobrança de percentual do valor do produto (de modo a torná-lo mais caro). DUMPING = PREÇO DE EXPORTAÇÃO < VALOR NORMAL DUMPING EXEMPLO Diferenciações Underselling - venda de um produto a um preço abaixo de seu custo de produção. Preço predatório- venda abaixo do preço normal com intenção clara de eliminação da concorrência. Dumping é distinto de ambos: não há necessidade de o preço ser inferior ao custo, nem a existência da “intenção” . Dumping ≠ subsídios; Dumping ≠ antitrust DUMPING “Para as finalidades do presente Acordo considera-se haver prática de dumping, isto é, oferta de um produto no comércio de outro país a preço inferior a seu valor normal, no caso de o prego de exportação do produto ser inferior àquele praticado no curso normal das atividades comerciais para o mesmo produto quando destinado ao consumo no país exportador.” (art. II, 1, Acordo Antidumping) CONCEITO JURÍDICO Segundo Barral há “tentativa de ampliar o conceito de dumping para caracterizar a concorrência internacional firmada sobre diferenças estruturais entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.” (p.13) Dumping social Dumping cambial Dumping ambiental. NOVOS TIPOS DE DUMPING Incluído na rodada Uruguai, redundou no acordo antidumping (AARU). O instrumento é marcado pela tentativa de limitar o acesso às medidas antidumping (muito utilizadas como medidas de protecionismo). Isso deve ao apelo político da medida e a desnecessidade de concessão de benefícios aos estados exportadores (que acontece quando aplicadas salvaguardas). DUMPING Tipificação – medidas antidumping somente podem ser aplicadas nos casos previsto no art. VI do GATT. Exclusividade – nenhuma outra medida contra dumping pode ser adotada fora daquelas previstas no AARU. Objetividade – as medidas devem ser aplicadas de forma a neutralizar ou impedir o dumping Não-cumulação – não se pode aplicar, ao mesmo tempo, medidas compensatórias e antidumping. Princípio da isenção tributária limitada – isenção de tributos ao produto nacional, os quais possam recair sobre produto similar importador não enseja antidumping. PRINCÍPIOS Caracterização do dumping: somente se aplicam os direitos antidumping se houver “ introdução de um produto a preço inferior ao normal, no mercado importador.” (Barral, p. 179) A comparação do valor se dá com o produto similar (AARU, art. 2.8). Exceções: não há vendas de produtos similares ou comparação não é possível em razão de condições específicas do mercado. Neste caso a comparação será feita com preço de exportação para terceiro país ou com o cálculo dos custos envolvidos. ELEMENTOS Determinação do dano: deve existir dano material a uma indústria nacional, ameaça de dano material a uma indústria nacional ou atraso real na implantação de indústria nacional. A prova é indispensável, levando-se em conta critérios objetivos: (i) volume das importações com dumping e (ii) seus efeitos sobre os preços domésticos e o impacto sobre a indústria nacional do produto similar. É indispensável demonstrar que é a importação com dumping que causa dano à indústria nacional (nexo de causalidade). ELEMENTOS Medidas temporárias – antes de encerrado o procedimento para apuração do dumping. Estas medidas poderão ser aplicadas (i) se a investigaçãotiver sido iniciada, o aviso dela publicado e a oportunidade de defesa ter sido dada; (ii) tenha ocorrido uma determinação preliminar de dumping; (iii) as medidas sejam necessárias para impedir a continuidade do dano. MEDIDAS TEMPORÁRIAS A decisão sobre a imposição ou não de um direito antidumping (desde que preenchidos os requisitos) é de competência do país-membro. A imposição se dá sobre a totalidade da margem de dumping. Esta medida permanecerá em vigor enquanto perdurar a necessidade de evitar a prática de dumping. Uma vez aplicada a medida, deve ser oportunizado ao país membro meios adequados de questionar sua aplicação. IMPOSIÇÃO DE DIREITOS ANTIDUMPING Caso não se alcance solução amigável a questão é encaminhada a OSC. Exemplos: Venezuela (bens tubulares para a exploração de petróleo); EUA (tomates secos provenientes do México) Guatemala (cimento Portland proveniente do México) EUA (uréia sólida proveniente da Alemanha) Filipinas (coco seco) EUA (suco de laranja proveniente do Brasil) EUA (algodão proveniente do Brasil) EXEMPLOS VEJA AINDA… Dumping (link) E leia: Dumping e Direito internacional econômico (artigo) A definição do produto nas investigações de dumping (artigo). BARRAL, Welber. Medidas antidumping. In BARRAL, Welber (org.) O Brasil e a OMC: os interesses brasileiros e as futuras negociações multilaterais. Florianópolis: Observador Legal, 2000. p. 391-410. BARRAL, Welber. Dumping e comércio internacional: a regulamentação antidumping após a rodada Uruguai. Rio de Janeiro: Forense, 2000. MARQUES, Frederico do Valle Magalhães. O ‘dumping’ na Organização Mundial do Comércio e no Direito brasileiro – Decreto n. 1602/95. in CASELLA, Paulo Borba; MERCADANTE, Araminta de Azevedo (Coords.) Guerra Comercial ou Integração Mundial pelo Comércio? A OMC e o Brasil. São Paulo: LTr, 1998, p. 291-329. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2.4.2 – SUBSÍDIOS E MEDIDAS COMPENSATÓRIAS “(…) vantagem indevida concedida pelo Estado, e que beneficia determinadas empresas ou setores.” (Casella, p. 371) Por que são problemáticas? Introduzem desequilíbrios no mercado criando concorrência desleal; Diferenciam-se do dumping pois são atos de Estado. A questão que fica é aberto é: qual o limite da atuação do Estado na economia? SUBSÍDIOS Limites de sua definição são muito imprecisos: Doações e empréstimos a baixo custo são claras formas de subsídios; Investimento em infra-estrutura, pesquisa, educação também seriam? A questão passa a ser política quando envolve proteção de importantes setores comerciais e industriais (vide questão agrícola européia). SUBSÍDIOS São definidos como incompatíveis com o livre comércio (art. VI do GATT). Há nítida tentativa de institucionalização da discussão: cria-se Acordo que é obrigatório para todos os membros da OMC. Também é criado Comitê de Subsídios e medidas Compensatórias que analisa os subsídios introduzidos ou mantidos pelos membros. REGULAMENTAÇÃO Qualquer subsídio deve ser notificado ao Comitê de forma a permitir sua avaliação. Além disso, qualquer membro pode solicitar informações sobre a natureza de subsídio concedido (art. 25.9 do Acordo). Os subsídios proibidos são autorizados aos países em desenvolvimento. REGULAMENTAÇÃO Art. 1° do Acordo: Haja contribuição financeira por um governo ou órgão público: (i) quando a prática do governo implique transferência direta de fundos (por exemplo, doações, empréstimos e aportes de capital), potenciais transferências diretas de fundos ou obrigações (por exemplo garantias de empréstimos); (ii) quando receitas públicas devidas são perdoadas ou deixam de ser recolhidas (por exemplo, incentivos fiscais tais como bonificações fiscais); (iii) quando o governo forneça bens ou serviços além daqueles destinados a infra-estrutura geral ou quando adquire bens; (iv) quando o Governo faça pagamentos a um sistema de fundos ou confie ou instrua órgão privado a realizar uma ou mais das funções descritas nos incisos (i) a (iii) acima, as quais seriam normalmente incumbência do Governo e cuja prática não difira de nenhum modo significativo da prática habitualmente seguida pelos governos; HIPÓTESES Especificidade – subsídio é caracterizado pela especificidade. Se for generalizado não é subsídio (art. 2°). Caracterizam-se como especificidade (segundo Departamento de Comércio Americano): Limitação jurídica de acesso; Pouco acesso fático; Discricionaridade na concessão. Dano: a ilegalidade do subsídio está condicionada à apuração de dano. CARACTERÍSTICAS Proibidos: são os subsídios que se fundamentam no fomento à exportação ou substituição de importações de produtos não agrícolas (art. 3°); Permitidos: subsídios não específicos ou destinados a desenvolvimento (por exemplo, pesquisa e educação, auxílio a regiões menos desenvolvidas, auxílio em razão de exigências ambientais). De qualquer forma devem ser notificados ao Comitê (arts. 8° e 9°). TIPOS DE SUBSÍDIOS Para subsídios proibidos (art. 4°): PROCEDIMENTO 1. Negociação (30 dias) Solução amigável 2. Abertura de painel 3. Recurso Solução Retirado Não retirado 4. Retaliação Subsídios acionáveis: auxílios governamentais que podem causar prejuízos aos interesses econômicos de outro membro (vinculados ao comércio internacional) (art. 5°): Dano à indústria doméstica; Anulação de benefícios; Prejuízo grave (impedimento de importação de produtos similares ou crescimento não razoável do market share). TIPOS DE SUBSÍDIOS Para subsídios acionáveis (art. 5°): PROCEDIMENTO 1. Análise prévia dos efetiso adversos Solução amigável 2. Abertura de painel 3. Recurso Solução Retirado Não retirado 4. Retaliação Determina o valor das medidas compensatórias. A competência para apuração é das autoridades nacionais (art. 14). Esta competência deve estar lastreada em legislação nacional e apresentar método claro e específico de quantificação. Relacionado à apuração do dano MONTANTE A determinação de dano será baseada em provas positivas e compreenderá exame objetivo (art. 15): (a) do volume das importações subsidiadas e de seu efeito sobre os preços dos produtos similares no mercado nacional; e (b) o conseqüente impacto dessas importações sobre os produtores nacionais de tais produtos. Em suma: dano material à indústria doméstica; ameaça de um tal dano ou atraso para estabelecimento de tal indústria. DANO “O exame do impacto das importações subsidiadas sobre a produção nacional incluirá avaliação de todos os fatores e índices econômicos relevantes relacionados com o estado da produção, inclusive redução real ou potencial da produção, vendas, participação no mercado, lucros, produtividade, retorno de investimentos ou utilização da capacidade, fatores que afetem os preços internos, efeitos negativos reais ou potenciais sobre o fluxo de caixa, estoques, emprego, salários, crescimento, capacidade de levantar capital ou investimentos e, quando se trate de agricultura, se houve sobrecarga nos programas governamentais de apoio. Essa lista não é exaustiva, nem poderá um desses fatores ou um conjunto deles fornecer orientação decisiva.” (art. 15.4) DANO São as medidas cabíveis quando identificados subsídios e seus montantes. Tem por objetivo eliminar os efeitos danosos do subsídio. São aplicados na forma de “tributo especial”. São aplicados por meio de procedimentos administrativosdo próprio país prejudicado. Apesar da competência nacional devem obedecer certas regras previstas no Acordo. MEDIDAS COMPENSATÓRIAS A reclamação deve ser formulada de forma escrita por mais da metade da indústria nacional da mercadoria (art. 11.4). A reclamação deve comprovar o subsídio, os danos e a relação de causa e efeito entre eles. Há exigência de publicidade (informação e das decisões), contraditório (oitiva de todos os interessados), ampla defesa (possibilidade de revisão das medidas) MEDIDAS COMPENSATÓRIAS Caso do Algodão (DS267) envolvendo a concessão, pelos EUA, de subsídios. Caso do Açúcar (DS 266) envolvendo concessão, pela Europa, de subsídios. Caso Embraer (DS46) envolvendo financiamento à exportação de aeronaves. Caso do Coco em pó (DS30) EXEMPLOS 2.4.3 – SALVAGUARDAS São medidas que visam “aumentar, temporariamente, a proteção para uma indústria doméstica que esteja sofrendo prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave decorrentes do aumento de importação de rpodutos que se destinem ao mesmo mercado em que esssa indústria atua” (THORSTENSEN, p.159) Não visam defesa contra práticas desleais, mas ao prejuízo causado por aumento abrupto de importações (cláusula de escape). SALVAGUARDAS Países protecionistas que passam por períodos de abertura do mercado; Proteção a setores que perdem competitividade (sunset industries) de modo a permitir período de adaptação; Países com problemas de balança de pagamentos. HIPÓTESES Aumento das importações deve ter ocorrido por circunstância imprevista; Aumento, absoluto ou relativo, das importações pode causar ou causa prejuízo (art. 2° e 4°). Investigação (art. 3°) e comprovação do dano ou ameaça. REQUISITOS Geral: Acordo sobre Salvaguardas (ASG) Específica: têxteis e agropecuários. Medidas de Salvaguarda Provisória: são aplicadas em circunstâncias críticas, nos casos em que qualquer demora possa causar prejuízo grave de difícil reparação, devendo ser aplicadas em forma de elevação do imposto de importação. Sua aplicação terá duração máxima de duzentos dias, podendo ser suspensa por decisão interministerial antes do prazo final estabelecido. (art. 6°) Medidas de Salvaguarda Definitiva: são aplicadas, na extensão necessária, para prevenir ou reparar o prejuízo grave e facilitar o ajustamento da indústria doméstica, serão aplicadas em forma de elevação do imposto de importação ou restrições quantitativas. Sua aplicação terá duração de 4 anos, podendo ser estendida (art. 7°). REGULAMENTAÇÃO elevação do imposto de importação; restrições quantitativas (distribuição de quotas), considerando a média das importações nos últimos três anos, a não ser que exista uma justificativa clara de que é necessário um nível diferente para prevenir a ameaça de prejuízo grave ou reparar o prejuízo grave. Na aplicação da medida de salvaguarda, a indústria doméstica deverá apresentar programa de ajuste a ser implementado durante a vigência da medida. A medida será aplicada pela autoridade nacional competente após procedimento administrativo . APLICAÇÃO Caso do Aço (DS248) (EUA x Europa); Caso dos calçados (DS121) (Argentina x Europa); Caso Line Pipe (DS202); EXEMPLOS 2.4.4 – OUTRAS FORMAS DE DEFESA Existem dois tipos de barreiras ao comércio internacional: tarifárias e não tarifárias. Barreiras tarifárias: impostos levantados por governos estrangeiros sobre os bens importados. As tarifas aumentam o preço com que os bens importados são vendidos naquele país, tornando-os, portanto, menos competitivos em relação aos bens produzidos localmente. BARREIRAS COMERCIAIS Barreiras não-tarifária: não se referem ao pagamento de impostos. Podem decorrer da necessidade de atendimento a requisitos técnicos ou administrativos. Exemplos: barreiras técnicas, quotas de importação, controles cambiais, licenciamento de importação (automático ou não), proibição total ou temporária, estabelecimento de preços mínimos ou de referência, inspeção prévia, serviços ou componentes nacionais obrigatórios, Exigências especiais de embalagem, rotulagem, etc. Agente governamental importador único ou condições especiais para compras estatais; Vigilância sanitária na importação. BARREIRAS COMERCIAIS São barreiras comerciais derivadas da utilização de normas ou regulamentos técnicos não transparentes ou que não se baseiam em normas internacionalmente aceitas ou, ainda, decorrentes de procedimentos da avaliação da conformidade não transparentes e/ou dispendiosos, bem como de inspeções excessivamente rigorosas. Objetivos legítimos: aqueles implementados como requisitos de segurança nacional, de prevenção de práticas desleais de comércio, de proteção da saúde e de segurança humana, de proteção da saúde animal e vegetal e de proteção do meio- ambiente; BARREIRAS TÉCNICAS Medidas sanitárias: necessidade de implementação de processo específico de produção; Requisitos de origem; Quarentena; Inspeção e certificação (inclusive amostragem e análise; Rotulagem; Restrições quanto a composição (aditivos, resíduos, etc.). Medidas ambientais: medidas protetivas de fauna e flora, etc. Medidas de consumo: proibição de certas substâncias potencionalmente danosas, rotulagem, etc. PRÁTICA Tem por objetivo encorajar o desenvolvimento de normas e sistema de avaliação de conformidade de modo a não criar obstáculos ao comércio. Discussões no órgão de solução de controvérsias giram em torno do conceito de tratamento nacional e não discriminação. ACORDO SOBRE BARREIRAS TÉCNICAS Limitação de acesso de carne bovina in natura na Europa, EUA e Japão proveniente de países em que a febre aftosa não foi erradicada; Castanha do Pará e limitação de seu ingresso na Europa em razão da aflatoxina. Soja exportada para Europa e a necessidade de certificação acerca da trangenia. Caso dos padrões para Gasolina (EUA x Brasil); Caso da classificação aduaneira do frango desossado congelado (DS269); Caso do Amianto (DS135) (Canadá x Europa); Caso dos Golfinhos Caso dos hormônios - proibição de importação de carne boniva EXEMPLOS VEJA AINDA… Barreiras sanitárias (link) Barreiras tributárias (link) E leia: Luiz Henrique Maisonnett – Barreiras técnicas na OMC (dissertação) BARRAL, Welber (Org.). O Brasil e a OMC: os interesses brasileiros e as futuras negociações multilaterais. Florianópolis: Diploma Legal, 2000. CASELLA, Paulo Borba; MERCADANTE, Araminta de Azevedo (Coords.) Guerra Comercial ou Integração Mundial pelo Comércio? A OMC e o Brasil. São Paulo: LTr, 1998. LIMA, Maria Lúcia L. M. Padua; ROSENBERG, Barbara (Coord.). O Brasil e o Contencioso na OMC. São Paulo: Saraiva, 2009. Tomos I e II. THORSTENSEN, Vera; JANK, Marcos S. (Coord.). O Brasil e os grandes temas do comércio internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2005. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2.4.6 – SOLUÇÕES DE CONTROVÉRSIAS Uma terceira e muito importante função da OMC é a administração do Sistema de Solução de Controvérsias da OMC. O GATT não continha regras sobre um sistema para a solução de controvérsias entre as partes contratantes. Isso porque, como foro de negociações que era, o GATT ressaltava a solução diplomática dos conflitos. O desenvolvimento do comércio internacional após a Guerra Fria também gerou o aumento dos conflitos dele oriundos. Nessa medida se fez necessária a criação de instrumentos de solução de controvérsias eficientes dentro da organização da OMC (até mesmo porque os órgãosjurisdicionais nacionais não são adequados para esta tarefa). SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS O sistema do GATT, no entanto, possuia uma grande falha: a possibilidade de qualquer país bloquear as decisões (ou seja, ela somente seria aplicada se houvesse consenso). Barral destaca, ainda: A) linguagem vaga, com poucas definições sobre o procedimento; b) pouca transparência sobre o procedimento e os acordos eventualmente adotados pelas partes contratantes envolvidas na controvérsia; C) existência de vários procedimentos, a depender da matéria em discussão; d) pressão dos governos mais poderosos sobre os membros do painel. Solução de controvérsias Um dos temas de reforma da Rodada Uruguai era, justamente, o sistema de solução de controvérsias. Estabelecido pelo Entedimento sobre solução de controvérsias (ESC) (DSU – dispute settlement understanding) em 1994. Tem por objetivo dotar o sistema de segurança e previsibilidade. A solução, contudo, contém “o unilateralismo político da interpretação e da aplicação de represálias” (Lafer) Segundo a doutrina sua maior importância consiste na aplicação efetivas das sanção. SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS “O Sistema de Solução de Controvérsias da OMC é elemento central para trazer segurança e previsibilidade ao sistema multilateral de comércio. Os Membros reconhecem que ele serve para preservar os direitos e as obrigações dos Membros sob os acordos abrangidos, e para esclarecer os dispositivos daqueles acordos existentes segundo as regras habituais de interpretação do direito internacional público. As recomendações e as decisões do DSB não podem aumentar ou diminuir os direitos e as obrigações estabelecidas nos acordos abrangidos.” (Artigo 3.2 do ESC) ESC “O objetivo do mecanismo de solução de controvérsias é dar solução positiva a uma controvérsia. Uma solução mutuamente aceitável às partes em disputa e, consistente com os acordos abrangidos, é sem dúvida preferida”. (Art. 3.7 ESC) ESC Segundo Barral as principais características do sistema são: 1. Trata-se de um sistema quase judicial, tornado independente das demais partes contratantes e dos demais órgãos da OMC; 2. cria um mecanismo obrigatório para os Membros da OMC, sem necessidade de acordos adicionais para firmar a jurisdição daquela organização internacional em matéria de conflitos relativos a seus acordos; 3. O sistema é quase automático, e somente poderá ser interrompido pelo consenso entre as partes envolvidas na controvérsia, ou pelo consenso entre todos os Membros da OMC para interromper uma fase (“consenso reverso”); CARACTERÍSTICAS 4. O sistema pode interpretar as regras dos acordos da OMC, mas não aumentar nem diminuir os direitos e obrigações de seus Membros; 5. O sistema termina com a possibilidade, várias vezes adotada durante o GATT, de que um Membro da OMC possa impor sanções unilaterais em matéria comercial, sem que a controvérsia tenha sido previamente avaliada pela OMC; 6. Finalmente, o ESC determina a exclusividade do sistema para solucionar controvérsias envolvendo todos os acordos da OMC, eliminando desta forma a proliferação de mecanismos distintos, como ocorria à época do GATT-1947. CARACTERÍSTICAS Ao contrário do GATT, mais lastreado na prática reiterada, o ESC trata-se de tratado internacional (rule- guided). O ESC promoveu a uniformização do modelo de procedimento, independentemente da matéria. O sistema de solução de controvérsias é competente para resolver quaisquer controvérsias entre os Membros da OMC que derivem dos acordos firmados no âmbito da OMC, inclusive de seu acordo constitutivo (art. 1.1). Alguns acordo possuem procedimentos adicionais (art. 1.2). REGULAMENTAÇÃO No procedimento não se questionará o acordo da OMC ou as normas do GATT, mas a interpretação dada pelos diferentes interessados que possuem status jurídico igual. A OMC não estabelece sanção, mas mecanismo de compensação. REGULAMENTAÇÃO A reclamação de um membro tem que estar fundamentada: No fato de que qualquer benefício decorrente do acordo estar sendo anulado ou prejudicado (nullification); No fato de que se está impedido alcançar qualquer objetivo do acordo estar sendo impedido (impairment). RECLAMAÇÃO Ao mesmo tempo, o membro precisa demonstrar que: (a) falha de outro Membro em cumprir as obrigações previstas no acordo (“reclamação por violação”); ou (b) aplicação por outro Membro de qualquer medida, conflitante ou não com as regras do acordo (“reclamação sem violação”); ou (c) existência de qualquer outra situação (“reclamação situacional”). Importante: o Membro reclamante precisa demonstrar apenas que a medida ou legislação nacional reclamada conflita com uma regra vigente do conjunto normativo da OMC. Comprovado este conflito, presume-se que haja uma diminuição dos benefícios acordados, sem que o Membro reclamante tenha que comprovar efetivamente esses prejuízos. FUNDAMENTO Discricionaridade ampla – não se exige interesse “jurídico” para reclamação. “… acreditamos que um Membro tem a discricionariedade ampla para decidir trazer um caso contra outro Membro sob o DSU. A linguagem do Artigo XXIII:1 do GATT 1994 e do Artigo 3.7 do DSU sugere, além disso, que é esperado de um Membro analisar e auto-regular para determinar se um caso é frutífero ou não.” (Caso Bananas III) INTERESSE Acesso ao Sistema de Solução de Controvérsias da OMC é limitado aos Membros da OMC. “Pode ser relevante enfatizar que o acesso ao processo de solução de controvérsias da OMC é limitado aos Membros da OMC. Esse acesso não está disponível, segundo o acordo da OMC e os acordos abrangidos da forma em que existem atualmente, aos indivíduos ou às organizações internacionais, governamentais ou não-governamentais. Somente os Membros podem ser partes em uma disputa submetida a um painel, e somente Membros "que tenham um interesse substancial em uma matéria que está sendo analisada por um painel”, podem se transformar em terceira parte nos procedimentos do painel. Assim, de acordo com o DSU, somente Membros que são partes em uma controvérsia, ou que notificaram ao DSB seu interesse em se tornar terceiras partes em tal controvérsia, têm um direito legal de apresentar petições e tê-las consideradas por um painel.” (Órgão de apelação – Caso Camarões). Possibilidade de terceiros participarem desde que guardem substancial interesse. PARTES O ESC prevê em diversas passagens a necessidade de tratamento especial aos países em desenvolvimento. Normalmente são expressões gerais e mais destinadas à retórica. Uma medida é destacada: determina que o Secretariado da OMC preste assistência jurídica adicional aos países em desenvolvimento, mas resguardando sua imparcialidade PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO No caso Bananas III (CE x Santa Lucia) consolidou-se o entendimento de que pode haver a participação de advogados privados no sistema de solução de controvérsias da OMC, desde que sejam indicados como componentes da delegação oficial dos Membros envolvidos. ADVOGADOS Um problema correlato se refere à intervenção de organizações não-governamentais no sistema de solução de controvérsias da OMC. Essas entidades não têm direito de ser parte no procedimento, e seus interesses teriam que ser apresentados aos respectivos governos. O problema concreto surgiu quando o Órgão de Apelação, no caso Bismuto, aceitou pareceres não solicitados. A questão ainda é debatida. AMICUS CURIAE Desta forma, o ESC prevê, como instâncias obrigatórias, as consultas entre os Membros envolvidos na controvérsia e a decisão quase-judicial
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