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Relações étnico raciais no meio rural

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INTRODUÇÃO
O termo raça é utilizado para diferenciar a imagem física da sociedade, principalmente a cor da pele. Este termo foi utilizado de várias formas na história mundial, como a escravidão de negros no Brasil. No caso da escravidão, os negros foram escravizados por “pensarem” que era uma raça inferior, por terem a cor da pele diferente, já os judeus, um grupo étnico, foi massacrado por serem culpados pelos problemas do país. Essa discriminação levou a decadência dessas culturas, não apenas dos negros, mas outras raças que também sofreram com essa violência. Por serem tratados como inferiores, hoje tem o resultado (grande maioria), possuem certa dificuldade para se socializarem com o meio, dificuldades financeiras, baixa escolaridade, não possuem uma qualificação profissional, então acabam se concretizando em locais longe do centro das cidades, como em campos, se tornando pequenos agricultores, ou muitas vezes sendo empregados de grandes fazendeiros, aqueles que vão para os subúrbios das cidades, muitas vezes viram marginais, pois não possuem iniciativas ou ajuda, e acabam sendo vistos ainda mais como inferiores.
Na história do Brasil, os negros sempre foram descriminados, como uma raça inferior, mas essa questão com o passar dos anos, foi mudando, deixando pessoas mais conscientes de quem eram, simplesmente, são pessoas normais, que não tiveram uma oportunidade de crescer na vida por serem levados a castigos severos, trabalhar longas jornadas por dia, ou seja, não tinha uma estrutura social, eram escravos, mesmo que ficassem livres, iriam viver na pobreza, concretizando a idéia de inferioridade racial. Os negros passaram a se impor nos grupos futebolísticos e musicais, mesmo assim, a descriminação era elevada, sendo julgados por fazerem um time perder. Tal fato que na Copa do Mundo de 1958 e 1962, jogadores negros foram responsáveis pela vitória do campeonato mundial e passaram a vê-los como grandes jogadores, superiores no futebol. Isso concretiza que tal pensamento sobre etnias, raças, são desviados devido ao social deles, pelo que são capazes de fazer ou que são lembrados pelo que seus ancestrais fizeram ou foram.
Etnia é um termo utilizado para um grupo de pessoas que compartilham uma mesma cultura, como a língua, religião, costumes, mesmo que haja diferenças socioestruturais e raciais entre o grupo. Povos que migraram para o Brasil, como os alemães, que ao se impor na zona rural não tinham experiência, e começaram a se destacarem nas indústrias, pois tinham qualificação profissional, diferentes dos italianos, que em sua maioria se concretizou na agricultura, formando novos grupos étnicos. Ocorrendo a miscigenação de povos (africanos, alemães, italianos, portugueses, espanhóis), formando novas culturas, ou seja, grupos étnicos diferentes, mesmo vindos de diferentes regiões do mundo criaram uma nova etnia. Diferentes grupos étnicos se culminaram a escravidão, quando portugueses necessitavam de mão-de-obra barata e fácil, já que a igreja proibiu a utilização de índios, e também os judeus, que foram culpados pelo retrocesso da economia alemã, levando a sua disseminação no país. Esses são alguns exemplos de relações entre etnias e raças, e que levam a discriminação de algum lado. O esperado é que essas relações fossem de forma mais sadia, sem prejudicar nenhum dos lados, não existindo preconceito, discriminação e desigualdade entre elas. Sabemos que se existisse uma cooperação mútua essas relações só trariam benefícios a todos. 
Neste trabalho, falaremos sobre os tipos de relações étnico-raciais, a história do confronto destes e quais seriam as melhores soluções para uma boa interação entre esses diferentes povos. Daremos ênfase em comunidades quilombolas que foram criadas a partir de disputas étnico-raciais, que são compostos por negros que sofreram por toda história, principalmente na formação do Brasil.
ESCOLHA ÉTNICA E RACIAL NO BRASIL
Os brasileiros tem mais liberdade para escolher sua identidade étnica ou racial do que os cidadãos de outros países, como na União Soviética. Entretanto, alguns grupos tem mais liberdade que outros para escolher sua identidade.
Nas últimas décadas, tem se proliferado uma renovação simbólica de diferentes tradições em busca de suas “raízes”, que se manifesta por meio de tradições religiosas, folclóricas e sociais. Esse fenômeno se insere em um contexto mais amplo de valorização da pluralidade cultural, no qual existe espaço para redefinições e segmentações das etnicidades. No interior desse interesse pela tradição e suas raízes tem ocorrido uma revalorização e reapropriação de identidades regionais.
Principalmente percebe-se um extremo que são os negros, onde a maioria não tem liberdade para desfrutar da etnicidade simbólica. Pode ser que eles se orgulhem de sua herança cultural, entretanto, sua identidade e esvai pelo fato do racismo se sobrepor e se impor sobre eles cotidianamente. Levando-se em conta que o racismo é a crença segundo qual uma característica visível de um grupo, indica sua inferioridade e justifica sua discriminação. Já o racismo institucional é o viés inerente a instituições sociais e que raramente é percebido pelos membros do grupo majoritário, como por exemplo podes ver como racismo institucional quando a polícia seleciona pessoas negras em batidas policiais ou quando as lojas instruem seus funcionários a prestarem mais antes em compradores negros.
TEORIAS ECOLÓGICAS RACIAIS E ÉTNICAS
Robert Park propôs uma teoria geral influente sobre como as relações raciais e étnicas mudam com o tempo (Park, 1914;1950). A teoria ecológica se concentra na luta por território e distingue cinco estágios no processo pelo qual os conflitos entre grupos raciais e étnicos surgem e se resolvem: 
Invasão: Um grupo racial ou étnico tenta se mudar para o território de outro.
Resistência: O grupo estabelecido tenta defender seu território e suas instituições contra os intrusos.
Competição: Se o grupo estabelecido não expulso os recém-chegados, os dois grupos começam a competir pelos recursos escassos.
Acomodação e Cooperação: Os dois grupos ali estabelecidos elaboram em comum acordo relativo ao que devem segregar, dividir e compartilhar. A agregação envolve a separação espacial e institucional de grupos raciais e étnicos.
Assimilação: É o processo pelo qual um grupo minoritário mistura-se com a população majoritária. A assimilação tende a ocorrer à medida que a acomodação e a cooperação possibilitam o desenvolvimento da confiança e da compreensão.
Essa teoria ecológica de Park teve uma influência particularmente muito significativa no Brasil. Pupilo de Park, Donald Pierson realizou estudos relacionados as relações raciais. Sua pesquisa titulada de Branco e Pretos na Bahia (1935-1937). E sua conclusão pode ser sintetizada em um provérbio “Um negro rico é um branco e um branco pobre é um negro”. Esse provérbio guarda dois significados importantes: o primeiro afirma que no Brasil, mesmo que os negros ocupem os estratos econômicos mais pobres da população, verifica-se o fenômeno da modalidade social ascendente para esse grupo racial. O segundo nega a existência de preconceito de raça e afirma a preponderância de preconceito de classe. 
O DILEMA RACIAL BRASILEIRO
O dilema racial brasileiro é um fenômeno estrutural e dinâmico que se concretiza em diversos níveis das relações raciais. Grosso modo, ele consiste na desqualificação do negro, em razão de sua condição social e, ao mesmo tempo, na sua impossibilidade de superá-la por deparar-se com barreiras diversas que levam à reprodução do ciclo de desigualdades raciais. Concluindo-se que o dilema racial se espreme na necessidade do negro em afirma-se coletivamente como raça para poder participar de forma igualitária da ordem social competitiva. A única maneira para romper esse círculo estaria na capacidade de organização, sensibilização, conscientização e reivindicação dos movimentos sociais no meio negro (Soares ET AL.,2004).
COLONIALISMO INTERNO E MERCADO DE TRABALHO SEGMENTADOO colonialismo envolve a invasão de um país por pessoas de outro país. No processo, os invasores mudam ou destroem a cultura nativa, adquirindo um controle quase que completo sobre a população local. Eles desenvolvem uma crença racista de que os nativos são naturalmente inferiores e os condenam a trabalhos considerados degradantes. Já o colonialismo interno envolve o mesmo processo, mas dentro das fronteiras de um mesmo país. Ele impede a assimilação ao segregar os colonizados em termos de empregos, residências e contatos sociais que podem variar de amizades e casamentos. O colonialismo interno gira-se em torno de uma heterogeneidade cultural, aliada à exploração de uma população por outra, tornaria o conceito de colonialismo interno equivalente ao conceito de conflito interético. Com exceção dos grupos indígenas isolados, isto é, aqueles que mantêm sua autonomia tribal, independência econômica absoluta em relação à sociedade nacional e controle razoável do seu território a grande maioria dos grupos indígenas do Brasil tem caracterizado por algum grau de contato interético.
Outra teoria importante se diz em relação as identidades raciais que são reforçadas em mercados de trabalho fragmentado. Onde trabalhadores mal remunerados de uma raça competem pelos mesmos empregos com trabalhadores mais bem remunerados de outra raça.
Os efeitos dos mercados de trabalho segmentados e do colonialismo interno na identidade racial e étnica persistem por algum tempo mesmo após o desaparecimento dessas condições socioestruturais.
ALGUMAS VANTAGENS DA ETNICIDADE
As teorias expostas até agora tendem a se concentrar nas desvantagens da raça e da etnicidade, e a lidar apenas com as minorias que tem menos vantagens sociais. Essas teorias tomam menor abrangência no que diz respeito as vantagens de se pertencer à um grupo social e da importância da coesão desses grupos. Uma revisão literária sociológia ajuda a compreender por que alguns grupos continuam a participar da vida em comunidade etnica, apesar de suas famílias estarem estabelecidas no país por mais de duas gerações. São baseados três fatores:
1- A afiliação a grupos étnicos pode apresentar vantagens econômicas.
Com frequência imigrantes não tem contatos sócias extensos e fluência na língua do país em que residem, nesse sentido tendem a pertencerem a grupos e dependerem de grupos étnico para conseguirem encontrar residências e trabalhos, dessa forma as comunidades de imigrantes se tornam bastantes coesas. A solidariedade comunitária também favorece a “empreendedores étnicos” nos bairros imigrantes já consolidados, onde os grandes incentivos econômicos acabam encorajando essas pessoas a permanecerem nessas localidades.
2- Afiliação a grupos étnicos pode ser politicamente útil.
No Brasil a possibilidade do exercício de cidadania plena por parte de determinados grupos étnicos, como é o caso dos povos indígenas e de comunidades quilobolas, depende da constituição e da delimitação de seus territórios. A reconquista ou territorialização, depende da formação e consolidação desses grupos étnicos, pois os territórios são identificados e demarcados pelo Estado a partir das demandas desses grupos. Dessa maneira o estabelecimento de uma identidade étnica diferenciada é um elemento fundamental para as lutas políticas desses povos, e esses processos são denomidados de etnogênese, que envolve a necessidade de novas identidades étinicas emergentes.
3-A afiliação a grupos étnicos pode persistir ao apoio emocional que ela promove.
Assim como os benefícios econômicos, as vantagens emocionais são mais aparentes em cominidades imigrantes, mas podem perduram por diversas gerações. Falar a língua étnica e compartilhar de outros elementos da cultura nativa com outras pessoas podem se tornar um aliado em um ambiente estranho ou hostíl. Pertencer à esses grupos pode ter funções emocionais importantes, pois alguns desses grupos experimentaram níveis elevados de preconceito, discriminação e tentativa de expulsões e genocidios em muitos países,inclusive no Brasil de uma forma tão severa que esse sentimento é repassado por gerações. Nesses casos a afiliação a um desses grupos se torna um aliado contra um provável ambiente hostil no que diz respeito à aniquilação e ameaça de perda territorial. Outro fato bastante importante para afiliação grupal, é o de enraizamento das culturas étnicas, como uma forma de fortalecimento e longevidade social de seus grupos que representam uma forma de estabilidade e segurança.
O FUTURO DA RAÇA E DA ETNICIDADE
A IMIGRAÇÃO DA RENOVAÇÃO DAS COMUNIDADES RACIAIS E ÉTNICAS 
A intensificação das imigrações internacionais aumentou a diversidade étnica em diversos países do mundo, hoje há mais de 5 mil grupos étnicos no mundo inteiro. Os imigrantes trazem consigo sua língua, sua cultura, e um sentido de comunidade que poderia desaparecer se um grupo étnico ou racial fosse cortado de suas raízes. Visto dessa perspectiva, pode-se esperar que essa comunidade étnicas e raciais proporcionem um vigor renovado aos países para os quais se deslocam. 
UMA ESTRUTURA VERTICAL 
O Brasil é uma sociedade relativamente tolerante, onde o grau de tolerância em nossa sociedade só pode ser avaliado com base em uma análise da nossa estrutura socioeconômica. Povos indígenas e afrodescendentes continuam na base dessa estrutura por possuírem menos riqueza, menor renda, menos escolaridade, menor acesso aos serviços saúde, entre outros. Os povos indígenas e negros tem sido a principal vitima das diversas formas de racismo e preconceito racial no Brasil. 
Ao que se referem aos povos indígenas as melhores palavras que descrevem a sua história são: 
	- Expulsão, que foi a remoção forçada da população de um território reclamado por outra população. 
	- Genocídio, é o extermínio intencional de toda população de uma raça ou um povo. 
Onde estimasse que na chegada dos portugueses a população de indígenas era de 4 milhões, onde no senso de 2000 foi contabilizados somente 220 povos e 370 mil. Desde da chegada dos portugueses, os povos indígenas constituem as minorias étnicas que receberam o pior tratamento por parte dos diferentes governos. 
A partir dos anos 1980, tem-se verificado um crescimento demográfico crescente e constante entre a população indígena no Brasil, especialmente comparados com outros grupos étnicos. Apesar disso ainda sim a povos em declínio, onde 12 povos onde a população varia de 2 a 38 habitantes. 
A constituição de 1988 reserva alguns direitos aos povos indígenas, onde os mais importantes foram, o respeito a diferença que implica a possibilidade de usos de suas linguagens, e seus processos próprios de aprendizagem, o que tem inaugurado novas ações relativas á educação escolar indígena. Outra mudança importante foi o reconhecimento do direito do índio sobre as terras como o direitos originários. Apesar disso as terras indignas no Brasil ainda não estão totalmente demarcadas. 
A redução da pobreza entre esses povos deve estar intimamente ligada a um projeto de etnodesenvolvimento. Isto é, de politicas e estratégias que promovam o desenvolvimento de determinado grupo étnico de acordo com as suas identidades, tradições culturais, valores e metas para alcançar melhor qualidade de vida. 
Em relação a população negra, estima-se que foram trazidos cerca de 3 milhões de negros para o Brasil como escravos. Depois da Nigéria o Brasil é o país que tem o maior numero de negros do mundo. 
Durante o período colonial e antes da abolição da escravidão, o estado brasileiro estabeleceu diversas medidas que favorecessem a mestiçagem do branco com o índio e não com o negro. Depois da abolição, com as políticas de imigração voltadas especialmente aos países europeus a imigração de negros foi interditada. Entre os anos de 1930 e 1980, o Estado inverteu sua posição e contribuiu para alimentar o mito da democracia social, nesse processo ocorreu a inclusão de diversos símbolos da cultura negra. 
Hoje a realidade envolve racismo, discriminação e desigualdade racial, mastambém muita mestiçagem e pouca identidade étnica organizada ou organizável. O racismo no Brasil tem um ideal estético, de valorização da beleza branca, aonde tudo que se vá contra isso é considerado feio. Os negros ocupam os piores lugares nos indicadores econômicos e sociais do país. Políticas públicas voltadas para o enfrentamento das desigualdades raciais, onde a primeira foi criada em 1984, onde programava e facilitava a inserção da população negra qualificada no mercado de trabalho. 
No Brasil o termo cor é frequentemente usado para expressar uma combinação de características físicas, inclusive cor da pele, tipo de cabelo, forma do nariz e dos lábios, sendo que os traços físicos das categorias não brancos, possui geralmente conotações negativas. 
Existe no Brasil atualmente 3 grandes sistemas de classificação racial com base em um continuum de cores que vai do branco ao negro. O primeiro adotado pelo IBGE, designa a população como branco, negro, pardo e amarelo, o segundo é do discurso popular que utilizam diversas categorias e inclusive termos ambíguos como moreno, e o terceiro que somente classifica entre brancos e negros. 
Independentemente da existência de uma classificação racial única no Brasil, já ficou demonstrado que alguns grupos são vitimas ainda de preconceitos, racismo e discriminação, cujos os efeitos são percebidos nas desigualdades raciais da sociedade. Algumas iniciativas poderiam diminuir as desigualdades raciais da sociedade brasileira e, assim, acelerar o processo em direção a uma sociedade mais plural. O pluralismo é a retenção de uma cultura racial e étnica combinada com o acesso igualitário e recursos básicos. Além dos programas de ações afirmativa e de etnodesenvolvimento, a melhoria de sistemas de ensino publico e de saúde, e de curso profissionalizantes, e o aumento de numero de creches, dentre outros poderiam promover a igualdade entre os diversos grupos raciais e étnicos. No entanto devido a complexidade envolvida nessas mudanças é provável que o Brasil permaneça uma sociedade racial e etnicamente desigual por um bom tempo. 
CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA
A educação brasileira não pode ser entendida sem levar em conta as relações entre os diversos grupos étnicos que formaram esta nação, pois os quatrocentos anos de escravismo foram definitivos na formação do nosso país. Portanto, é preciso destacar que o caráter da formação do Brasil, pautado na escravidão, teve como uma de suas resultantes o surgimento de concepções e práticas racistas que perduram até os dias atuais. É preciso destacar que a formação do Brasil com base no trabalho escravo teve como uma de suas resultantes o aparecimento de práticas racistas não apenas em seu período escravista, mas também nos séculos posteriores.
A escravidão no Brasil iniciou-se ainda na primeira metade do século XVI, com início das atividades de produção de açúcar. Os colonizadores portugueses traziam os negros de suas colônias estabelecidas no continente africano para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos. Mesmo a escravidão tornando-se uma prática usual, não podemos nos esquecer das várias formas de resistência contra a escravidão que aconteceram. O conflito direto, as fugas e a formação de quilombos eram as mais significativas formas de resistência. Além disso, a preservação de manifestações religiosas, certos traços da culinária africana, a capoeira, o suicídio e o aborto eram outras vias de luta contra a escravidão.
Ao longo da História do Brasil, discriminação, racismo e preconceito sempre fizeram parte do cotidiano da vida da população afrodescendente, refletindo-se ainda mais na vida de mulheres, homens e crianças prodigiosamente desprestigiados social e economicamente, situação que, considerando mais de 500 anos de existência, pouco se alterou. Em 1854 o decreto nº 1.331 legitimou a não admissão de escravos nas escolas públicas, mais adiante, em 1878 o decreto nº 7.031-A determinou que os negros só poderiam estudar a noite e ainda assim, vários mecanismos foram desenvolvidos afim de, dificultar tal oportunidade de educação, se é que podemos chamar de oportunidade. Estabelecia-se, desde então, um divisor étnico-racial que se enraizou nos sistemas escolares e daí se dissipou para toda a sociedade brasileira. 
Desde sempre a desqualificação de um em favor da afirmação de outro esteve presente nas relações étnico-raciais. A propósito, Borges (2002) afirma que ainda na Antiguidade, Heródoto (século V a.C.) escrevia textos sobre os não-gregos, chamando-os de bárbaros, baseando essa denominação na superioridade dos gregos e na inferioridade dos estrangeiros, determinando a superioridade de sua cultura como justificativa das relações de dominação política, militar, econômica e cultural a qual foram submetidos os povos estrangeiros conquistados pela Grécia. Já na Europa do século XV, a dominação de africanos foi justificada pela culpa do pecado original dos descendentes de Caim. Não por acaso, Borges (2002) ainda coloca que, pelo ideologismo português das raças infectas (índios, negros, judeus e mouros), a história da colonização brasileira é marcada pela diferença entre homens, moldada desde o início por concepções racistas de superioridade e inferioridade.
Para Borges (2002), o fato é que a sociedade brasileira encontra-se marcada pela exclusão social e pela discriminação racial. Essa situação reflete a existência de um racismo efetivo, com repercussões negativas na vida cotidiana da população negra, principalmente quando cidadania é o tema em questão.
COMUNIDADE QUILOMBOLA
As comunidades quilombolas são grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas e com ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. Essas comunidades possuem direito de propriedade de suas terras consagrado desde a Constituição Federal de 1988. O Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o artigo 68, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. A partir do Decreto 4883/03 ficou transferida do Ministério da Cultura para o Incra a competência para a delimitação das terras dos remanescentes das comunidades dos quilombos, bem como a determinação de suas demarcações e titulações.
Um levantamento da Fundação Cultural Palmares (FCP) mapeou 3.524 comunidades quilombolas no Brasil. Foi criada a Agência Social Quilombola (ASQ), com objetivo de articular as ações no âmbito do Governo Federal, atuando em eixos relacionados ao acesso a terra, infraestrutura e qualidade de vida, inclusão produtiva , desenvolvimento local e direitos de cidadania.
Em 12 de março de 2004 foi lançado o Programa Brasil Quilombola (PBQ) como uma política de Estado para as áreas remanescentes de quilombos, no que se refere às políticas universais de segurança alimentar e nutricional, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) estabeleceu metas de atendimento aos quilombolas no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa Cisternas com objetivo de atender mais de 6 mil famílias.
A Associação Brasileira de Antropologia (ABA, divulgou, em 1994, um documento elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre Comunidades Negras Rurais em que se define o termo “remanescente de quilombo”: “Contemporaneamente, portanto, o termo não se refere a resíduos ou resquícios arqueológicos de ocupação temporal ou de comprovação biológica. Também não se trata de grupos isolados ou de uma população estritamente homogênea. Da mesma forma nem sempre foram constituídos a partir de movimentos insurrecionais ou rebelados, mas, sobretudo, consistem em grupos que desenvolveram práticas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida característicos num determinado lugar.”
Deste modo, comunidades remanescentes de quilombo são grupos sociaiscuja identidade étnica os distingue do restante da sociedade. A identidade étnica de um grupo é a base para sua forma de organização, de sua relação com os demais grupos e de sua ação política. A maneira pela qual os grupos sociais definem a própria identidade é resultado de uma confluência de fatores, escolhidos por eles mesmos: de uma ancestralidade comum, formas de organização política e social a elementos lingüísticos e religiosos.
Esses estudos mostraram que as comunidades de quilombo se constituíram a partir de uma grande diversidade de processos, que incluem as fugas com ocupação de terras livres e geralmente isoladas, mas também as heranças, doações, recebimentos de terras como pagamento de serviços prestados ao Estado, simples permanência nas terras que ocupavam e cultivavam no interior de grandes propriedades, bem como a compra de terras, tanto durante a vigência do sistema escravocrata quanto após sua abolição.
As comunidades de quilombo mantêm as características históricas de o povo antepassado que as originou, como gastronomia, danças, religião, artesanatos, técnicas de campo, entre outras peculiaridades apenas encontradas nestes povos e que contribuíram para a formação da cultura brasileira, muito conhecida pela mistura de várias origens.
DISPUTA QUILOMBOLA NO ESPÍRITO SANTO
No Espírito Santo mais de cem comunidades foram identificadas como quilombolas, mas nenhuma teve a área demarcada, um dos casos principais é o território São Domingos, localizado entre os municípios de São Mateus e Conceição da Barra. A disputa pelas terras está cada vez mais se complicando e há até uma intervenção do Ministério Público Federal no caso, além do Incra, órgão responsável pela demarcação e distribuição dessas terras.
Há muita esperança no lado das famílias quilombolas, elas vivem a expectativa de ter sua comunidade já faz três gerações e a cada dia que passa os problemas só aumentam, como falta de água encanada e precariedade na educação. As atividades executadas na área que eles vivem estão sendo vedadas e impossibilitando a subsistência do povo local.
No outro lado existe fazendeiros, entre os mais de 3 mil produtores rurais que serão afetados pela demarcação dos territórios quilombolas, com propriedades grandes, produtivas e que geram empregos, estes não aceitam o pensamento do Incra de anular as escrituras das terras e doarem estas. Além desse modelo de fazendeiro, há também proprietários de origem afrodescendente que não concordam com a divisão da terra entre os quilombos, defendem o poder da propriedade particular, os interesses da sua família, e ainda dizem que não querem viver nesse tipo de comunidade.
Essa situação somente tende a se complicar, pois envolve órgãos públicos, proprietários rurais, comunidade quilombola e disputa judicial. A cada instância para uma tentativa de resolução aparece mais um motivo para a desapropriação ou a permanência das propriedades atuais. Já foi dito que um dos empecilhos foi o alto preço da indenização às famílias retiradas, por parte do Incra, este alto preço devido à valorização da terra em função da produtividade do local e da proximidade da BR-101. Outro empecilho, este levantado pelo Ministério Público Federal, é o preconceito racial contra o povo quilombola vindo dos resquícios históricos de nossa sociedade.
O que se espera é que se encontre uma forma de conciliar os desejos de todos interessados nas áreas, mesmo que seja difícil de conseguir essa decisão mútua, contudo que a finalização desse projeto beneficie os produtores que já estão na área, evitando que percam suas áreas produtivas, e que propicie às comunidades quilombolas uma área rural para um desenvolvimento digno, diminuindo índices de migração para periferias urbanas, oportunizando renda, alimento, educação e uma vida saudável a todas famílias do povoamento.
CONCLUSÃO
Os grupos étnicos consistem basicamente na formação de grupos de pessoas, seja ela, imigrantes, nativos ou simpatizantes, de pessoas que compartilham um sentimento e uma ideologia passada de gerações com o intuito do fortalecimento desses grupos. A consolidação desses grupos é uma alternativa que os mesmos encontram de se beneficiar após tantos anos de perseguições e preconceitos por sua origem, cor, miscigenação e cultura.
Esses grupos se tornam viáveis economicamente e culturalmente como fontes de sobrevivência, crescimento e enraizamento das culturas e apoiadas a políticas públicas favoráveis na disputa por seus direitos.
A etnicidade hoje se torna um mal necessário para esses grupos em meio ao desfavorecimento político, cultura e social que os mesmos enfrentam ao longe de muitos anos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRYM, R; LIE,J; HAMLIN,C; MUTZENBERG. R; SOARES,E; SOUTO MAIOR,H. Sociologia, sua bussula para um Novo Mundo. 1ª.ed. São Paulo, Cap. 7, 2009, 212-243 p.;
BORGES, Edson, et al..Racismo, preconceito e intolerância.. São Paulo: Atual, 2002,;
WEBER, M; MILLS, C. Ensaio de Sociologia. 3ª ed. São Paulo.;
Jornal A Gazeta, 24/11/2013;
www.incra.gov.br;
www.cpisp.org.br.

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