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A nacionalidade e a condição jurídica do estrangeiro no Brasil

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A nacionalidade e a condição jurídica do estrangeiro no Brasil é o tema a ser abordado neste trabalho. Procurei abordar a questão da nacionalidade dos indivíduos e suas questões relevantes, desta forma, nacionalidade é o laço que une o indivíduo ao Estado, fazendo deste o componente de sua dimensão territorial, de modo a ter direitos e obrigações. Sua definição engloba também a finalidade do Direito Internacional que derivadamente irá distingui-lo dos demais pelos laços sociológicos que este estabeleceu através da cultura, raça, religião, língua e etc. Assim, a nacionalidade indica uma série de características que demarcam a presença do indivíduo no Estado. No mais, a soberania de uma Nação reina de forma a disciplinar sobre condições jurídicas de aquisição e perda da nacionalidade. Sendo a nacionalidade desta forma, um assunto que nos remete a naturalização, ao estrangeiro, passaportes entre outros, ela irá determinar quais são os seus indivíduos e quem compõem o cenário nacional, sendo direito fundamental.
As diretrizes traçadas na Declaração Universal dos Direitos dos Homens expressa a importância de que ninguém poderá ser privado de sua própria nacionalidade e nem do direito de mudá-la mesmo que o Estado seja o legítimo possuidor do direito de legislar sobre. Assim, cada Estado deve ter a competência exclusiva de legislar sobre a nacionalidade de seus entes dentro dos interesses nacionais, lembrando que importante é para a existência e fortalecimento de uma nação a busca da formação de povos fazendo ligação direta com o País para exercitar direitos políticos gerando proteções perante o sistema interno. No Brasil este poder é conferido a União que conforme a luz do art. 22, inc. XIII, da Constituição Federal disciplina que “Compete privativamente à União legislar sobre (EC n° 19/98): nacionalidade, cidadania e naturalização”.
Desta forma, pode-se dizer que o papel da nacionalidade é de dependência dos indivíduos perante o Estado que se trata de questão da soberania do Estado se repartindo em três entendimentos: “a) somente o Estado soberano pode atribuir ao indivíduo, pelo simples fato do nascimento, a sua nacionalidade; b) somente o Estado pode conceder a condição de nacional aos estrangeiros, por meio de naturalização; e c) também, só ele pode estabelecer os casos em relação ao qual seu nacional (seja nato ou naturalizado) perde a sua nacionalidade” (MAZZUOLI, 2008, p.607).
“O nascimento é um simples fato para o mundo jurídico, que não ultrapassa uma dimensão territorial local. De sorte que a naturalidade da pessoa é designada pela localidade do nascimento, que normalmente é o município ou a região do país onde nasceu. Assim, nascido em Presidente Prudente, município do interior de São Paulo, pode ter o indivíduo: a) naturalidade e nacionalidade exclusivamente brasileiras (pois nasceu nesta cidade e é brasileiro nato, tendo então naturalidade prudentina e nacionalidade brasileira); b) naturalidade brasileira e nacionalidade exclusivamente italiana (pois nasceu em cidade brasileira, mas é filho de pais italianos a serviço da Itália no Brasil), ou ainda, c) naturalidade e nacionalidade brasileiras e nacionalidade e cidadania italianas concomitantemente (pois nasceu em território brasileiro, sendo filho de pai italiano que não está no Brasil a serviço do seu país). Neste último caso, tendo em vista aceitar a Itália a regra do jus sanguinis, ocorre a chamada dupla nacionalidade ou polipatria” (MAZZUOLI, 2008, p. 610).
Como já disse anteriormente a nacionalidade é o vínculo entre o indivíduo e o Estado, ao passo que a cidadania é o conhecimento dos direitos civis e políticos que aquela pessoa possui. Acontece que desde os tempos remotos esta busca de cidadania vem se debatendo pelo fato das pessoas se deslocarem de região para região, tornando as comunidades muito mais miscigenadas, tendo assim o condão dos Estados de adotar políticas internas para abraçar seus cidadãos. “Assim, os termos “Homem” e “Cidadão” recebiam significados diversos. Quer dizer, o cidadão teria um plus em relação ao homem, consciente na titularidade de direitos na ordem política, na participação da vida da sociedade e na detenção de riqueza, formando, então, uma casta especial e mais favorecida, distinta do resto da grande e carente massa popular, por sua vez considerados como simples indivíduos” (MAZZUOLI, 2008, p. 612).
Ao chamar os cidadãos de ativos era para diferenciar do cidadão de modo geral, pois incumbia aos cidadãos ativos como descrito os direitos políticos que a Norma Constitucional referia. Essa distinção terminológica de cidadão e nacional são consideradas desnecessárias atualmente, pois a nacionalidade é a referência ao vinculo estatal seja por nascimento ou naturalização.
De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; Convieram o seguinte:
Art.4. Toda pessoa tem o direito que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. [...]
Artigo 20 - Direito à nacionalidade
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra.
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade, nem do direito de mudá-la. [...]
Artigo 22 - Direito de circulação e de residência
1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de um Estado tem o direito de nele livremente circular e de nele residir, em conformidade com as disposições legais.
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive de seu próprio país.
3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser restringido, senão em virtude de lei, na medida indispensável, em uma sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para proteger a segurança nacional, a segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das demais pessoas.
4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode também ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivo de interesse público.
5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar.
6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território de um Estado-parte na presente Convenção só poderá dele ser expulso em decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei.
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo com a legislação de cada Estado e com as Convenções internacionais.
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação em virtude de sua raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões políticas.
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
Artigo 23 - Direitos políticos
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e oportunidades:
a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de representantes livremente eleitos;
b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país.
2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades, a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivo de idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade civil ou mental, ou condenação, por juiz competente, em processo penal.
Artigo 24 - Igualdade perantea lei
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação alguma, à igual proteção da lei.”
O Direito Internacional estabelece sobre a matéria princípios que são anexos importantes em não modificar a soberania do Estado que determinam quem são os seus indivíduos, limitando a proteção e a estabilidade destes perante a sociedade internacional. É o que se ratifica a Declaração Universal dos Direitos Humanos determinando que “Toda pessoa tem direito uma nacionalidade” (art. XV, § 1°), secundada pelo Pacto dos Direitos Civis e Políticos dispondo que “Toda criança tem direito de adquirir uma nacionalidade” (art. 24, §1°), pelo Pacto de San José no art. 20, § 2° “Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido se não tiver direito a outra”. 
Em Relação aos apátridas, são indivíduos que não possuem nenhum laço que os vinculem a um território ferindo drasticamente o direito à nacionalidade que tanto aclama as normas internacionais. É o mesmo em comparar que “o homem deve ter uma pátria, como tem ele uma família” A ausência da nacionalidade pode ser prejudicial até mesmo devastadora para qualquer ser humano. Essa condição pode acontecer quando uma pessoa perde a sua nacionalidade por não seguir o procedimento adotado pelo país, ou por choques de legislações ou até mesmo por outros fatores, como por exemplo o caso dos filhos de pais estrangeiros nascidos em países que adotam o jus sanguinis, quando o Estado de origem dos pais adota o sistema do jus soli. Aproveitando o tema para explicar que no jus soli o indivíduo adquire a nacionalidade de acordo o território que ele nasça, independentemente da nacionalidade de seus ascendentes e no jus sanguinis, a nacionalidade é atribuída de acordo com a nacionalidade de seus ascendentes independentemente do local onde nasceram sendo este o critério mais antigo de que se tem conhecimento. 
O brasileiro nato é aquele indivíduo que nasce no Brasil ou eventualmente no exterior e optem posteriormente pela nacionalidade brasileira, são considerados também brasileiros natos os nascidos a bordo de navios ou aeronaves brasileiras que estiverem em terras neutras. Trata-se de critério que determina o aspecto territorial (jus soli) a fim de reconhecer o Estado e os indivíduos que nele estão. Neste fato três hipóteses qualificam os brasileiros natos em conformidade com o art. 12, inciso I da Constituição brasileira de 1988:
“I- natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros , desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiros, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.”
São brasileiros naturalizados aqueles que vierem a adquirir a nacionalidade brasileira, conforme a previsão legal do art. 12, inc. II da CF/88: 
“II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.”
 No que dispões o Estatuto do Estrangeiro à concessão da naturalização é interesse exclusivo do Poder Executivo devendo obedecer a certos requisitos, por exemplo, ao interesse nacional. Aliás, nenhum Estado é obrigado a atribuir a nacionalidade - em face do próprio princípio do interesse estatal de evitar até mesmo a inclusão de um elemento que possa apresentar perigoso para a sociedade.
“Art. 112. São condições para a concessão da naturalização: I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - ser registrado como permanente no Brasil; III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família; VI - bom procedimento;
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e VIII - boa saúde.
§ 1º não se exigirá a prova de boa saúde a nenhum estrangeiro que residir no País há mais de dois anos. § 2º verificada, a qualquer tempo, a falsidade ideológica ou material de qualquer dos requisitos exigidos neste artigo ou nos arts. 113 e 114 desta Lei, será declarado nulo o ato de naturalização sem prejuízo da ação penal cabível pela infração cometida § 3º A declaração de nulidade a que se refere o parágrafo anterior processar-se-á administrativamente, no Ministério da Justiça, de ofício ou mediante representação fundamentada, concedido ao naturalizado, para defesa, o prazo de quinze dias, contados da notificação”.
A naturalização será requerida pelo interessado em forma de petição direcionada ao Ministro da Justiça e apresentada no departamento da Polícia Federal que procederá ao inquérito de investigação da vida pregressa do estrangeiro de acordo com todas as informações que forem apresentadas. Por fim o Ministro da Justiça que é a entidade competente neste aspecto concederá ou não a nacionalidade brasileira ao estrangeiro cabendo pedido de reconsideração. Agora caso deferido ocorrendo uma cerimônia solene onde será entregue o certificado pelo juiz federal da cidade onde o estrangeiro esteja domiciliado. No entanto, caso o certificado não seja solicitado pelo interessado no prazo de doze meses, salvo por motivos de força maior a naturalização perderá seu efeito.
Os estrangeiros são os indivíduos naturais de outro país, é o indivíduo alienígena. A expressão designada aos forasteiros é considerada pelos doutrinadores para os indivíduos das espécies de turistas, missionários, estudantes, ou seja, é utilizada para caráter temporário, o mesmo que estrangeiro, na verdade não há muita diferença, é que antigamente ouvia-se muito esta expressão. Por fim, os imigrantes são os estrangeiros que pretendam fixar de modo definitivo em algum território. Assim, os indivíduos que saem de sua terra natal deslocam-se em busca de desenvolvimento pessoal, a qual proporcionará expectativas diferenciadas daquelas em que não encontrava no local onde estava. O fato é que as pessoas se deslocam de um lugar para o outro buscando melhorias financeiras, sociais, culturais e assim por diante.
A atual legislação brasileira que versa sobre a entrada e a permanência do estrangeiro no Brasil inspira-se no atendimento à segurança nacional, à organização institucional, nos interesses políticos, socioeconômicos e culturais do Brasil, inclusive na defesa do trabalhador nacional. Os tipos de visto de entrada concedidos ao estrangeiro são: visto de trânsito, de turista, temporário, permanente, de cortesia, oficial e diplomático. Importante lembrar que a lei proíbe a concessão de visto ao estrangeiro menor de dezoito anos desacompanhado de responsável legal ou sem sua autorização expressa, assim como ao que seja considerado nocivo à ordem pública ou aos interesses nacionais. Proíbe-se também a entrada de pessoa anteriormente expulsa do país, bem como àquela que tiver sido condenada ou processada em outro país por crime doloso passível de extradição segundo a lei brasileira, ou que não satisfaça as condições de saúde estabelecidas pelo Ministério da Saúde. De igual forma, proíbe a legalização do clandestino e do irregular bem como a transformação dos vistos de trânsito, turista, cortesia e temporário em permanente, exceto, neste tipo, oscasos do cientista, professor, técnico ou profissional e a de ministro de confissão religiosa.
A condição jurídica do estrangeiro começa nos temos no art. 5º de nossa Constituição, sobre os direitos fundamentais das pessoas, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, sendo assim, a Constituição literalmente faz uma distinção entre brasileiro e estrangeiro residentes. Significa que um turista visitando o Brasil pode ser torturado? Pode ser agredido ou ser objeto de revista constrangedora num supermercado ou no aeroporto? Há muito tempo que a Constituição não é interpretada da maneira literal, não faz sentido excluir o estrangeiro não residente dos direitos fundamentais, porque sistematicamente a proteção que a Constituição quer dar é à dignidade humana. 
O estrangeiro não residente pode impetrar habeas corpus, pode ingressar com ação popular e na aqui temos que analisar a especificidade em relação ao tipo de ação. Acontece que a ação popular é reservada aos cidadãos, tendo em vista que o legislador impôs a necessidade de se ter um Título de Eleitor. Portanto, começamos a ver que, ao mesmo tempo em que a Constituição iguala nacionais e estrangeiros para efeitos de direitos fundamentais, ela tem exceções. Temos normas no mesmo nível com especificidade maior, caso típico é a ação popular e há outros casos em que a própria Constituição faz reserva para brasileiros, e em outros é ainda mais restritiva: aos brasileiros natos. Temos que interpretar de forma harmônica, visando à efetividade dos princípios que balizam a interpretação da Constituição.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem dispõe no artigo 21 que toda pessoa tem direito de participar do governo de seu país, e tem direito de acesso às funções públicas de seu país, isto é, do país de sua nacionalidade, e, não, do país onde a pessoa é alienígena. Nesta conjuntura, a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, no artigo 38, dispõe assim: "todo estrangeiro tem o dever de se abster de tomar parte nas atividades políticas que, de acordo com a Lei, sejam privativas dos cidadãos do Estado em que se encontrar". Então, observa-se que os diplomas internacionais coincidem na distinção entre o nacional e o estrangeiro quanto ao exercício da atividade política.
Como falado anteriormente o estrangeiro necessita de visto para ingressar no Brasil e poderá ser extensivo a todo o grupo familiar. A exigência de visto de entrada é feita com base no critério de reciprocidade – dispensa-se o visto de turista para nacional de país que dispense o brasileiro da mesma exigência. No Brasil, como nas demais nações, são diversos os títulos sob os quais pode ser o estrangeiro admitido, a distinção basilar é a que se deve fazer entre o imigrante – aquele com ânimo de permanência definitiva – e o forasteiro temporário – turistas, estudantes, homens de negócio, distingue-se ainda do visto permanente, o visto diplomático, concedido a emissários de soberanias estrangeiras, cuja presença no território nacional é também temporária. 
Modernamente tem se entendido que a recusa à admissão de membros da família de uma pessoa já residente no país, que acarretaria mantê-los separados, viola a Convenção Européia dos Direitos Humanos que protege o indivíduo, no seu direito a uma vida particular e a sua vida em família. 
Tipos de Visto – Lei 6815/80: 
a) Visto em trânsito – é dado quando a pessoa está de passagem de um Estado para outro. Sua validade máxima é de dez dias.
b) Visto de Turista – É dado àquele estrangeiro que deseja entrar no Estado em caráter recreativo ou em visita (90 dias). O turista não pode exercer atividade remunerada no país. 
c) Visto temporário – é específico para artistas, desportistas, estudantes, cientistas, professores, entre outros, que, em função de sua profissão residem no país, sem intenção de aqui se fixarem (até cinco anos).
d) Visto permanente – É dado às pessoas que pretendem se fixar definitivamente no Estado, sem querer adquirir sua nacionalidade (cinco anos). Permite o exercício de qualquer atividade remunerada. 
e) Visto oficial, diplomático e de cortesia – concedidos aos estrangeiros que se encontram em missão oficial e aos funcionários de organizações internacionais (oficial), às autoridades diplomáticas estrangeiras acreditadas e oriundo de convite específico a autoridade estrangeiras e de reconhecido valor (de cortesia). 
O estrangeiro poderá sair voluntária ou compulsoriamente do território nacional. Na primeira hipótese, à semelhança, do que sucede com todas as demais pessoas, é necessário visto de saída. O registro como permanente permitir-lhe-á regressar, independentemente de visto, em um período máximo de dois anos. Será obrigatória a obtenção de novo visto se o reingresso no país ocorrer após esse prazo. A saída compulsória ocorrerá por intermédio da deportação, expulsão e extradição.
A deportação é a devolução do estrangeiro ao exterior por entrar ou permanecer irregularmente no território nacional. A irregularidade pode consistir no ingresso clandestino, bem como na violação dos dispositivos que regulam a permanência do estrangeiro no Brasil. Assim, por exemplo, são causas de deportação exercício pelo turista de trabalho remunerado e o esgotamento do prazo para sua estada no país. O deportado não está proibido de retornar ao Brasil, desde que para isso providencie a regularização dos seus documentos.
A expulsão é o afastamento coativo do estrangeiro que tenha recebido condenação criminal ou apresente comportamento de tal modo nocivo que desaconselhe a sua permanência entre os nacionais. Justificam a expulsão os atos que atentem contra a segurança nacional e a ordem pública, capazes de tornar a sua presença indesejável. Não será expulso o estrangeiro casado há mais de cinco anos com cônjuge brasileiro ou que tenha filho que esteja sob sua guarda e dependência. A expulsão concretiza-se por decreto presidencial e somente pela edição de outro decreto poderá ser revogada. O seu efeito é impedir o reingresso do estrangeiro no Brasil durante o seu período de vigência.
A extradição é a entrega, mediante solicitação de Estado estrangeiro, de indivíduo acusado ou já condenado pela prática de algum crime punido na legislação de ambos os países, a fim de que seja submetido a julgamento ou cumpra a pena que lhe foi aplicada. A extradição funda-se em tratado bilateral ou promessa de reciprocidade.
Na ausência de convenção que a admita, a extradição só terá lugar quando houver promessa de reciprocidade, vale dizer, quando determinado Estado dirige a outro pedido de extradição comprometendo-se a aceitar solicitação idêntica no futuro. No Brasil compete ao Supremo Tribunal Federal verificar a sua legalidade. A propósito deve-se salientar que a extradição (ativa) de brasileiros se encontra terminantemente proibida perante o nosso direito. Só se operará a extradição em virtude da prática de crime comum cuja punibilidade não tenha sido extinta pelo decurso do tempo.
Os delitos de natureza civil e os crimes políticos estão excluídos do âmbito da extradição. Após ter sido deferida pelo Supremo Tribunal Federal, o governo brasileiro somente entregará o extraditado se o Estado requerente assumir as seguintes obrigações: Que não punirá o extraditado por fatos anteriores aos que motivaram o pedido e que dele não façam parte; Que será descontado na pena o período de prisão no Brasil; Que a pena privativa de liberdade não será transformada em pena de morte; Que não será levada em conta a motivação política do crime para agravar a pena. Ultimado o compromisso, o extraditado será colocado à disposição do governo estrangeiro, que deverá retirá-lo no prazo de 45 dias.
Julgados do STF:
STF - HABEAS CORPUS : HC 95433 RJEMENTA Habeas corpus. Extradição. Supostas irregularidades. Questões analisadas no processo extradicional. Impossibilidade de liberdade provisória ou prisão domiciliar em processo extradicional, salvo em hipóteses excepcionais. Retirada do extraditando condicionada ao trânsito em julgado da decisão que não conheceu de habeas corpus, em razão da liminar nele deferida. Embargos declaratórios com intuito protelatório são desprovidos de efeito suspensivo (art. 339, caput, c/c § 2º do RISTF). Retirada imediata do estrangeiro. Precedentes. Ordem denegada.
1. Suposta violação do art. VIII do Tratado bilateral específico e a falta de assinatura de compromisso de reciprocidade por parte dos Estados Unidos da América, relativamente à pena a ser executada naquele país, já foram devidamente examinadas quando do julgamento da Extradição nº 1.041, de relatoria do Ministro Eros Grau, não havendo o que ser discutido na via estreita do habeas corpus.
2. A prisão preventiva é condição de procedibilidade para o processo de extradição e, tendo natureza cautelar, "destina-se, em sua precípua função instrumental, a assegurar a execução de eventual ordem de extradição" (RTJ 149/374-375, Relator o Ministro Celso de Mello), nos termos dos artigos 81 e 84 da Lei nº 6.815/90, não comportando a liberdade provisória ou a prisão domiciliar, salvo em hipóteses excepcionais.
3. Os embargos declaratórios com intuito protelatório são desprovidos de efeito suspensivo, nos termos do que dispõe o caput do art. 339, c/c § 2º do Regimento Interno do STF, o que autoriza a retirada imediata do estrangeiro do território nacional.
4. Ordem denegada.
STF - EXTRADIÇÃO: Ext 1153
EMENTA: EXTRADIÇÃO. PEDIDO EMBASADO NO TRATADO FIRMADO ENTRE OS ESTADOS-PARTE DO MERCOSUL. NATUREZA INSTRUTÓRIA E EXECUTÓRIA DO PLEITO. REQUISITOS LEGAIS ATENDIDOS PARA A ENTREGA DO ESTRANGEIRO COM O FIM DE SE VER PROCESSADO POR DELITOS DE HOMICÍDIO. INSTRUÇÃO DEFICIENTE DO PEDIDO QUANTO À SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA JÁ COM TRÂNSITO EM JULGADO. IMPOSSIBILIDADE DE EXAMINAR A LEGALIDADE DA VERTENTE EXECUTÓRIA DA EXTRADIÇÃO. EXTRADIÇÃO PARCIALMENTE DEFERIDA.
1. Alusivamente ao pedido de natureza instrutória, o Estado requerente tem jurisdição para processar e julgar os fatos descritos na documentação que acompanha a nota verbal. Além disso, o pedido de extradição se fez acompanhar de documentos que indicam, precisamente, os fatos supostamente delituosos, a capitulação das condutas, bem como as disposições legais aplicáveis ao caso.
2. No tocante ao pedido de extradição para fins de execução da pena privativa de liberdade aplicada por delitos de furto em concurso material, o presente pedido extradicional não se acha instruído com os documentos necessários ao exame da higidez da pretensão executória. É que, para além da ausência, nos autos, da data do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, não há informações sobre o tempo de prisão cautelar cumprida pelo extraditando no Estado requerente. Ausência que impede a contagem do prazo prescricional à luz da legislação brasileira.
3. Extradição parcialmente deferida.
Referências bibliográficas:
BRASIL. Constituição Federal do Brasil. 1988.
ONU. Declaração Universal dos Direitos do Homem. Disponível 
MAZZUOLI, V.G Curso de Direito Internacional Público. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
CAHALI, Y. S. Estatuto do Estrangeiro. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.

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