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1 INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR PLANALTO DIREITO CONSTITUCIONAL ELIETE ALVES JESSICA BEATRIZ ALVES FRANCISCA JESSYELE S. DOS REIS OLIVEIRA LUCAS RICARDO MARINHO LARYSSA F. SEPÚLVEDA Brasília –DF 2016 2 ius societatis aedificatur Trabalho acadêmico apresentado à disciplina de Introdução à ciência do Direito como componente de avaliação do semestre letivo 2/2016. 3 INDICE Apresentação_________________________________________________04 Introito ______________________________________________________05 1.0 Constituição: definição e aspectos interpretativos _________________06 1.1 Composição e Classificação_____________________________07 1.2 Constituição Brasileira 1988 _____________________________09 1.3 Aplicabilidade das Normas_______________________________13 2.0 Teoria dos Poderes _________________________________________14 3.0 Organização do Estado______________________________________15 3.1 Princípios Constitucionais _______________________________16 3.2 Fundamentos do Estado Brasileiro________________________17 3.3 Objetivos Fundamentais do Estado Brasileiro________________17 4.0 Poder Constituinte e Poder Reformador_________________________18 4.1 Artigo 60. CF/88______________________________________18 4.2 Cláusulas Pétreas _____________________________________20 4.3 Direitos e Garantias Individuais ___________________________22 5.0 Repartição das Competências_________________________________24 6.0 Remédios Constitucionais____________________________________27 7.0 Comissão Parlamentar de Inquérito ____________________________29 8.0 Processo de Impeachment____________________________________31 Considerações Finais __________________________________________34 Referências Bibliográficas_______________________________________35 4 APRESENTAÇÃO O presente trabalho tem por escopo trazer à comunidade acadêmica a temática do Direito Constitucional, sendo integrante do ramo do direito público, se estabelece como fundamento de todo ordenamento jurídico praticado por um Estado, o que justifica a urgente necessidade de aborda-lo e esclarece-lo. Cumpre mencionar que se trata de uma abordagem simplista, elucidando os principais conceitos, classificações, fundamentos, aspectos históricos, bem como a apresentação de artigos da CF/88 que julgamos, norteadores do Direito Constitucional. Espera-se que ao término de sua apreciação, esta obra sirva para que novas reflexões possam ser feitas acerca da constituição brasileira e do direito, favorecendo o enriquecimento da criticidade, instigando o interesse nesse ramo do direito público, tão vasto, amplo e fascinante. 5 INTROITO A constituição, sendo a expressão da sociedade em regras comuns e universais aos indivíduos de um mesmo território, se estabelece como eixo de toda prática jurídica, Lei maior de uma nação. O estabelecimento desse dispositivo normativo, positivado ou não, sempre esteve presente nos mais diversos regimes governamentais: democráticos, ditatoriais, monarquias etc. Presume-se desta observação, que entre as comunidades, organizadas social e politicamente, sempre foi imperativo, possuir ordenações, acordos e práticas legais que se sobrepusessem aos demais códigos, normas de condutas e legislações diversas. As constituições representam a instauração de fundamentos de identificação do Estado e de seu povo. O Direito Constitucional por sua vez, destina-se a compreender este objeto peculiar, suas forças, origens, e como se dá a dialética entre Estado e indivíduo. A constituição cidadã da República Federativa do Brasil, promulgada em outubro de 1988 inaugura um novo período da história brasileira, conclamando o povo a ativa participação política, evocando os direitos fundamentais como a gênese de todo direito que deve ser garantido pelo Estado. Passaremos a discorrer sobre tal conceito nas páginas seguintes. 6 1.0 CONSTITUIÇÃO: DEFINIÇÃO E ASPECTOS INTERPRETATIVOS Todo grupo politicamente organizado, instituído sob forma de sociedade, perfazendo território, povo e governo denomina-se Estado. Cada Estado, por sua vez, distingue-se dos demais, adquirindo estrutura própria de organização, estabelecendo suas normas, regras, estatutos, códigos etc., sejam elas positivadas ou não. Dessa forma, uma Constituição sempre esteve presente entre as mais diversas sociedades, embora não fossem escritas. Entre os Estados, a ideia de Constituição está alicerçada na formulação de leis máximas que devem pautar todo o ordenamento jurídico e por assim dizer, atribui-se o nome de Carta Magna, Lei Maior de um Estado. A constituição, sendo a expressão da sociedade em regras comuns e universais, se estabelece sobre três princípios: identidade (senso de pertencimento grupal), organização reiterada (presença de uma hierarquia entre indivíduos) e valores (crenças comuns que sustentam o ordenamento social). O Direito Constitucional é o ramo do direito público, tido como fundamental, tendo objeto específico de estudo e princípios peculiares que o informam. Trata diretamente da organização e do funcionamento do Estado. Nas palavras de José Afonso Barbosa: Direito Constitucional é o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. Para os estudiosos do Direito Constitucional, não deve ser restrita a interpretação do termo Constituição, antes, percebe-se por suas definições, os sentidos de análise como são concebidas. Para Ferdinan Lassalle, a Constituição de um país deve ser vista sob a ótica sociológica, sendo a soma dos fatores reais de poder que regem nesse país. Carl Schmitt, entende o sentido político da palavra Constituição, como decisão política fundamental, concreta de conjunto sobre o modo e forma de existência da unidade política. Hans Kelsen vê a Constituição em seu sentido jurídico, é a norma pura. 7 José Afonso da Silva chama a atenção para o aspecto unilateral dessas concepções. A Constituição deve ser concebida em seu sentido fático e axiológico, normas que possuem conexão com a realidade social. 1.1 COMPOSIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO A Constituição em sua forma escrita, apresenta um complexo de normas (quanto à forma), a conduta humana motivada pelas relações sociais (quanto ao conteúdo) e a realização dos valores que apontam para o existir da comunidade (quanto a seu fim). O poder que emana do povo refere-se como a causa criadora e recriadora de uma Constituição. Seguindo os mais variados critérios, formais e substanciais, as Constituições podem ser: Quanto à origem: Outorgadas - são constituições impostas de maneira unilateral pelo arbítrio dos governantes não eleitos/escolhido pelo povo. Promulgadas - ditas como democráticas ou populares. Provém de uma Assembleia Constituinte, escolhida pelo povo. Cesaristas - formada por plebiscito popular, cumprindo projeto de um Imperador/Ditador. Embora tenha a participação do povo, não pode figurar uma Constituição democrática, pois apenas reitera a vontade do detentor de poder. Pactuadas - demonstrada pela relação de equilíbrio entre forças políticas opostas. Quanto à forma: Escrita - conjunto de regras codificadas e sistematizadas em um único documento. É denominada Constituição instrumental, pois possui asnormas fundamentais do Estado, tem efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de calculabilidade e publicidade. 8 Não escrita - compreende um conjunto de regras formadas por leis esparsas, costumes, jurisprudência e convenções. Quanto à extensão: Sintéticas - são constituições concisas, breves, sucintas. Apresentam apenas os princípios gerais de regência do Estado. Analítica - apresentam as normas, indo além dos princípios regimentais, mas direitos e deveres fundamentais do povo. Quanto ao conteúdo: Materiais (substanciais) - conjunto de regras materialmente constitucionais, como normas fundamentais e organização do Estado seus órgãos. Podem ou não estar codificadas em um único documento. Formais - possuem matéria de aparência constitucional. É o modo de existir do Estado, de forma escrita. Refere-se a um documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte sendo permitido sua modificação somente através de processos e formalidades especiais, estabelecidos pela própria constituição. Quanto ao modo de elaboração: Dogmática - apresentam-se como documento escrito e sistematizado por um órgão constituinte, sistematiza os ideais fundamentais da teoria política e do Direito dominantes. Histórica - provém de um processo lento e contínuo da história e tradições de um povo. São constituições consuetudinárias. Quanto à estabilidade: Rígidas - exigem um processo legislativo mais dificultoso para sua alteração. Flexíveis - em regra, não escritas, podem ser alteradas pelo processo legislativo ordinário. 9 Semirrígidas - ou semi-flexíveis, trazem dois tipos de regras: as que poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário comum e as que só poderão ser alteradas por um processo legislativo mais dificultoso. Imutáveis - não são passíveis de alteração. 1.2 CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 Antes de nos determos na Constituição brasileira promulgada em 1988, devemos antes, fazermos uma breve retrospectiva histórica das constituições que perfizeram o cenário político e social de nossa nação. A história política brasileira se dá efetivamente pela divisão do território em capitanias hereditárias, distribuídas entre os donatários, que possuíam poderes e legitimidade para exercer jurisdição cível e criminal. Não havia unidade territorial ou governamental. Com a instituição dos governadores-gerais, em 1549, a organização colonial passou a incorporar o elemento unitário, após esse período, temos em 1621 a divisão da colônia em dois “Estados” - o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão-. Com a fragmentação econômica e política desses dois estados surgem centros autônomos subordinados aos poderes político- administrativos regionais e locais efetivos. Após declínio da colônia, os centros locais passam a ter maior autonomia e independência. O período imperial, iniciado em 1808 com a chegada de D. João VI foi fundamental para a instauração de repartições, tribunais e comodidades necessárias a organização do Estado. Vê-se a forte influência histórica na construção do Estado de tal forma a balizar a estrutura do Estado brasileiro. Nas palavras de José Afonso da Silva: “Mas aqui (Brasil império) já se constituíra uma nobreza brasileira assentada sobre a base dos grandes latifúndios, numerosa, rica, orgulhosa, esclarecida pelas ideias novas, que revolucionaram os centros cultos do Rio e Pernambuco, bem como uma nova aristocracia intelectual, [...] que haveria de influir na formação política desses primeiros tempos, que coincidem com o aparecimento de um novo fator, um novo modificador da estrutura política, que são as novas teorias políticas que então agitavam e renovavam, desde os seus 10 fundamentos, o mundo europeu: o liberalismo, o parlamentarismo, o constitucionalismo, o federalismo, a democracia , a república”. (Curso de Direito Constitucional Positivo, 37º ed. p.75). Após a independência do Brasil de Portugal, Dom Pedro I em 1824 impôs seu próprio projeto de constituição, que se tornou nossa primeira constituição, vigendo por 65 anos. CARACTERÍSTICAS: Nome do país – Império do Brasil. Carta outorgada. Estado centralizado / Monarquia hereditária e constitucional. Quatro poderes (Executivo / Legislativo / Judiciário / Moderador (exercido pelo imperador). O mandato dos senadores era vitalício. Voto censitário (só para os ricos) e em dois graus (eleitores de paróquia / eleitores de província). Estado confessional (ligado à Igreja – catolicismo como religião oficial). Modelo externo – monarquias europeias restauradas (após o Congresso de Viena). Em 1891, após a proclamação da República, vigorou a constituição ligada aos interesses latifundiários. CARACTERÍSTICAS: Nome do país – Estados Unidos do Brasil. Carta promulgada (feita legalmente) Estado Federativo / República Presidencialista. Três poderes (extinto o poder moderador). Voto Universal (para todos / muitas exceções, ex. analfabetos). Estado Laico (separado da Igreja). 11 Modelo externo – constituição norte-americana. A Constituição de 1934, após o período revolucionário, veio inaugurar a presença de direitos do cidadão. Foi a Constituição de menor duração, sendo suspensa em 1935, através do decreto de Vargas, de estado de sítio. CARACTERÍSTICAS: Nome do país – Estados Unidos do Brasi. Carta promulgada (feita legalmente). Reforma Eleitoral – introduzidos o voto secreto e o voto feminino. Criação da Justiça do Trabalho Leis Trabalhistas – jornada de 8 horas diárias, repouso semanal, férias remuneradas (13 salário só mais tarde, com João Goulart). A Constituição de 1937 do Estado Novo veio como justificativa para uso de poderes extraordinários por parte do então ditador Vargas. CARACTERÍSTICAS: Nome do país – Estados Unidos do Brasil. Carta outorgada (imposta). Inspiração fascista – regime ditatorial, perseguição e opositores, intervenção do estado na economia. Abolidos os partidos políticos e a liberdade de imprensa. Mandato presidencial prorrogado até a realização de um plebiscito (que nunca foi realizado). Modelo externo – Ditaduras fascistas (ex., Itália, Polônia, Alemanha). Em 1946 após a queda do Estado Novo de Vargas, o processo de redemocratização exigia uma nova constituição. Através da emenda de 1961, foi implantado o parlamentarismo, com situação para a crise sucessória após a 12 renúncia de Jânio Quadros. Em 1962, através de plebiscito, os brasileiros optam pela volta do presidencialismo. CARACTERÍSTICAS: Nome do país – Estados Unidos do Brasil. Carta promulgada (feita legalmente). Mandato presidencial de 5 anos (quinquênio). Ampla autonomia político-administrativa para estados e municípios. Defesa da propriedade privada (e do latifúndio). Assegurava direito de greve e de livre associação sindical. Garantia liberdade de opinião e de expressão. Contraditória na medida em que conciliava resquícios do autoritarismo anterior (intervenção do Estado nas relações patrão x empregado) com medidas liberais (favorecimento ao empresariado). Considerada Constituição autoritária, a Constituição de 1967 foi amplamente emendada. CARACTERÍSTICAS: Nome do país – República Federativa do Brasil. Documento promulgado (foi aprovado por um Congresso Nacional mutilado pelas cassações). Confirmava os Atos Institucionais e os Atos Complementares do governo militar. Com golpe de 1964 intensificou-se a luta pela normalização democrática e conquista doEstado Democrático de Direito. Foi dado ao então candidato Tancredo Neves a missão de instituir a nova República, em busca do equilíbrio através de uma nova ordem constitucional. Mas o presidente eleito não assumiu o governo, cabendo ao então presidente José Sarney convocar a Assembleia Nacional Constituinte em 1987. Formada pela Câmara do Deputados e Senado 13 Federal, com sede no Congresso Nacional, promulgando em 1988 a Constituição Cidadã, “um texto moderno, com inovações de relevante importância para o constitucionalismo brasileiro e até mundial. A constituição Federal de 1988, constitui hoje, um documento de grande importância para o constitucionalismo em geral”, nos dizeres de José Afonso da Silva: “A CF/88 é composta por nove títulos: 1- dos princípios fundamentais. 2- dos direitos e garantias fundamentais (direitos individuais e coletivos, direitos sociais e do trabalho, da nacionalidade, dos direitos políticos e dos partidos políticos). 3- da organização do Estado. 4- da organização dos poderes. 5- da defesa do Estado e das instituições democráticas. 6- da tributação e do orçamento. 7- da ordem econômica e financeira. 8- da ordem social. 9- das disposições gerais”. 1.3 APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Quando falamos em aplicabilidade da norma, nos referimos a capacidade de uma norma produzir os efeitos jurídicos esperados. As normas contidas na Constituição são imperativas, são obrigatórias e de ordem pública. Toda norma constitucional possui eficácia (que é a força que a norma tem em fazer cumprir o que ela diz). Há, no entanto, uma divisão das normas, respeitando os critérios do grau de aplicabilidade: Normas constitucionais de aplicabilidade/eficácia plena: São aquelas normas da Constituição que possuem eficácia direta, imediata e integral. São normas que não dependem da elaboração de outras normas para produzir seus efeitos; é suficiente sua previsão na Constituição para ter força de garantir direitos e impor deveres. São de eficácia plena as normas constitucionais que, dentre outras: contenham vedações, não designem órgãos ou autoridades especiais para execução da norma, não indiquem processos especiais para sua execução, não exigem a elaboração de outras normas para completar o sentido. Exemplos: art. 1o, parágrafo único, art. 5º, IX, XX, art. 14, § 2o, 14 art. 15, art. 17, § 4o, arts.19 a 22, 24 a 28, caput, arts. 29 e 30, art. 37, III, art. 44, parágrafo único, art. 45, caput, art. 46, § 1o, arts. 48, 49, 51, 52, art. 60, § 3o, arts. 69, 70, 71, 76, 84, 101, 102, 103, 104, 105, 145, 153, 155, 156, art. 226, § 1o. Normas constitucionais de eficácia Contida: Também são normas que possuem aplicabilidade direta e imediata, (não precisam de complementação) porém, tem aplicabilidade reduzida, podem ter seus efeitos restringidos por outras normas, princípios e legislação infraconstitucional. Exemplos: art. 5o, VIII (a contenção pode vir por lei ou pelo art. 15, IV), XII, XIII, XXII (contida pelos incisos XXIV e XXV do mesmo artigo), LVIII, LX, LXI (parte final), art. 14, § 1º a § 3° (são contidas pelos § 4° a 7º do mesmo art. 14). Normas constitucionais de eficácia limitada: São as normas que possuem eficácia indireta, mediata e reduzida, precisam de outras normas para produzir seus efeitos. Estas normas necessitam de uma norma infraconstitucional para regulamentar a mesma. Limitada programática - visão alcançar metas e objetivos, estabelece programas ou princípios a serem desenvolvidos, e servirão de diretrizes para todos os órgãos estatais. (Ex: art. 3º, 196, 205), necessitam além do uso de lei que a regularmente, de apoio da sociedade e políticas públicas. Limitada institutiva são normas que comandam a estruturação geral da instituição de determinado órgão, entidade, instituição (Ex §2 art. 18). 2.0 TEORIAS DOS PODERES A corrente tripartite de Montesquieu é o fundamento dos regimentos democráticos presidencialistas, assim como o Brasil. Visa melhor governança do Estado pela descentralização do poder entre órgãos distintos. Art. 2º São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 15 Essa divisão de poderes, segundo José Afonso da Silva, fundamenta-se em dois elementos: a especialização funcional, onde cada órgão é especializado no exercício de uma função (Congresso, Câmaras, Parlamento desempenham função legislativa. Função executiva desempenhada pelo presidente, governadores, prefeitos. Cabe ao Judiciário, STF, TST, TSJ, tribunais regionais a função jurisdicional); independência orgânica, além da especialização funcional, cada órgão é efetivamente independente dos outros. Trata-se de uma forma jurídica de manifestação do poder. 3.0 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO A estruturação do Estado depende de sua forma de governo, forma de Estado, sistema de governo e regime de governo. Dessa maneira temos em nossa constituição artigos destinados a tratar da organização do Estado-nação Brasil: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos... Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição... O Brasil é assim denominado por nossa Carta Magna como República Federativa, expressando sua forma de governo (República) e sua forma de Estado (Federação). Sendo uma república, o povo tem ativa participação no processo político do Estado (Art. 1º, parágrafo único: Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos desta Constituição). Características comuns de toda federação: 16 Descentralização político-administrativa: a CF concede autonomia aos entes federados. Repartição de competência: é a autonomia dos entes federativos – equilíbrio de federação. Constituição rígida com base jurídica: garante a distribuição de competências – estabilidade institucional. Inexistência do direito de sucessão: indissolubilidade do Estado federativo ou do pacto federativo – Art.60, § 42, I da CF. Soberania do Estado Federal. Os membros são autônomos. Auto-organização dos Estados-membros: constituições estaduais – art.25 da CF. Guardião da CF: no Brasil, Supremo Tribunal Federal. Repartição de receitas: art.157 e art.159. Federalismo assimétrico – busca o equilíbrio e cooperação perante o poder central. Arts. 23; 43; 151,1; 155, 1, b, §2°, VI e xII, g. 3.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Os princípios constitucionais cumprem função ordenadora e revelam os valores fundamentais da ordem jurídica. São objeto de interpretação constitucional e diretriz para a atividade interpretativa. Com base em Gomes Canotilho, dividem-se em: Princípios Políticos-constitucionais: consistem nas decisões políticas fundamentais concretizadas em normas conformadoras do sistema constitucional positivo. (Compreendem o Título I da CF, artigos 1º ao 4º). Princípios Jurídico-constitucionais: são os princípios constitucionais gerais informadores da ordem jurídica nacional. (Exemplos: princípio da supremacia constitucional, da legalidade, isonomia etc.). 17 3.2 FUNDAMENTOS DO ESTADO BRASILEIRO O Estado brasileiro, segundo o art. 1º, tem como fundamentos, a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e do pluralismo político. Soberania: poder político supremo e independente. É o fundamento do próprio conceito de Estado. Cidadania: qualifica os participantes da vida do Estado, o reconhecimento do indivíduo como pessoa integrada na sociedade estatal. Dignidade da pessoa humana: valor supremo que declara todos os direitos fundamentais do homem. Valores sociais do trabalho e da iniciativa privada: fundamentos da ordem econômica. Pluralismo político: garantia da existência de opiniões diversas e reconhecimento dos diversos grupos sociais, centros de poder e segurança a liberdade de expressão, participação do povo no processo democrático do país. 3.3 OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DO ESTADO BRASILEIRO Sendo a primeira Constituição a assinalar seus objetivos fundamentais, a Constituição brasileira traz em seu artigo 3º: I- construir uma sociedade livre, justa e solidária; II- garantir o desenvolvimento nacional; III- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 18 Esses objetivos fundamentais servem de parâmetro para a efetivação de práticas que venham promover o princípio fundamental da dignidade humana. 4.0 PODER CONSTITUINTE E PODER REFORMADOR Poder constituinte se refere a manifestação da soberana vontade do povo, devidamente representado, constituindo as demais esferas do poder. As normas elaboradas pelo poder constituinte compõem um texto normativo, superior às demais normas do ordenamento jurídico de um país. O poder constituinte se apresenta em duas dimensões: poder originário e reformador. Sendo este último derivado do primeiro, usado nas alterações do texto constitucional ou reforma, respeitando a limitação material do seu exercício e a condicionalidade desses limites impostos. Nossa constituição conferiu a faculdade ao Congresso Nacional de elaborar emendas a ela, estabelecendo em seu texto os limites de sua atuação. “No fundo, contudo, o agente, ou o sujeito da reforma, é o poder constituinte originário, que, por esse método, atua em segundo grau, de modo indireto, pela outorga de competência a um órgão constituído para, em seu lugar, proceder às modificações na Constituição, que a realidade exige”. (José Afonso da Silva, p67). 4.1 ARTIGO 60/ CF88. A Constituição de 1988 impõe procedimentos e modo de agir quanto a instituição de emendas constitucionais ao texto original. Art. 60 A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I- de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II- do Presidente da República; III- de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 19 §1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou estado de sítio. §2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. §3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas das Câmaras dos Deputados e do Senado Federal com o respectivo número de ordem. §4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I- a forma federativa de Estado; II- o voto direto, secreto, universal e periódico; III- a separação dos Poderes; IV- os direitos e garantias individuais. Nos textos constitucionais que trazem dispositivos que regulamentam as emendas, encontramos: Limitações formais: o órgão do poder de reforma, o Congresso Nacional, há de proceder nos estritos termos expressamente estatuídos na Constituição. Limitações temporais: estabelecem período de tempo a ser cumprido antes de proposta de emenda constitucional. Em regra, as constituições podem ser modificadas a qualquer tempo, sendo necessário apenas ambiente propício para tanto; o que ocorre é que visando uma ordem jurídica e política, se estabelece limitações temporais. Limitações circunstanciais: estes limites circunstanciais existem para impedir reformas em situações de crise institucional (estado de guerra, estado de sítio, ou situações que possam vetar ou inibir a participação pública, bem como limitar os direitos e garantias individuais) – Art. 60 §1º 20 estabelece os limites circunstanciais para proposta de emenda à Constituição brasileira. Limitações materiais: trata do objeto da reforma, impede os órgãos competentes para propor reforma/emenda de deliberar sobre algumas matérias, ditas imutáveis. Tais limitações são divididas em limites materiais implícitos (são aqueles contidos e identificados ao longo do texto constitucional, decorrentes dos princípios, do regime, da forma de governo adotado, a vedação se refere a pretensão de modificar qualquer elemento conceitual). Limites matérias explícitos (são as chamadas cláusulas pétreas, que passaremos a dispor no próximo tópico). 4.2 CLÁUSULAS PÉTREAS O artigo 60, §4º da Constituição brasileira de 1988, dispõe sobre os objetos que não poderão ser proposta de emenda que vise sua abolição: §4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I- a forma federativa de Estado; II- o voto direto, secreto, universal e periódico; III- a separação dos Poderes; IV- os direitos e garantias individuais. Trata dos limites materiais explícitos de supereficácia cuja transformação só será possível mediante novo processo de instituição constitucional. Seu surgimento, segundo Alexandre de Moraes, data de 1787, com a Constituição norte-americana, que previu a imutabilidade da representação partidária dos E.U.A no Senado Federal. Entretanto, o juiz Frederico Koenhler afirma que a razão de ser/existir das cláusulas pétreas nas constituições é o receio consciente ou inconsciente da ingerência do Poder Executivo nos outros poderes. Por esse motivo, essa espécie de limitação está mais presente em países que saíram de ditaduras e tentam se resguardar de um 21 retrocesso. A título de exemplo temos a Lei Fundamental da República Federal da Alemanha, em seu artigo 70, alínea 3, e artigo 1º: "Artigo 79. [Revisão da lei fundamental]. (3) É inadmissível qualquer revisão desta Lei Fundamental que afete a divisão da Federação em Estados-membros ou a participação, por princípio, dos Estados- membros na legislação ou os princípios consagrados nos artigos 1º e 20. Artigo 1º. [Proteção da dignidade da pessoa humana]. (1) A dignidade da pessoa humana é inviolável. Todas as autoridades públicas têm o dever de respeitá-la e protegê-la. (2) O povo alemão reconhece, por isso, os direitos invioláveis e inalienáveis da pessoa humana como fundamentos de qualquer comunidade humana, da paz e da justiça no mundo. (3) Os direitos fundamentais a seguir enunciados vinculam, como direito diretamente aplicável, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário." Sabe-se que assim como nem todo país tem uma constituição escrita, também as cláusulas pétreas não são adotadas como regra. Países como Nova Zelândia, Israel, Islândia não possuem um constituição rígida, porém o tecido social é firme e homogêneo. Fato é que a maioria dos países, com embates na esfera legislativa e social, com histórico de regimes autoritários, (como o Brasil) a rigidez se faz necessária para preservar direitos e garantir a democracia. A primeira constituição brasileira a trazer cláusulas imutáveis em seu texto, foi a constituição de 1891, que tratava daimutabilidade do regime republicano, a forma federativa de estado e a igualdade de representação dos Estados no Senado, embora nossa constituição de 1824 não tratava da questão explicitamente, mas em seu preâmbulo, artigos 4°, 99 e 116, previa que o Reinado de D. Pedro I era o Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, o que é considerado pelos estudiosos 22 como cláusula pétrea. A constituição de 1937 é nossa única constituição que não prever cláusulas imutáveis. É extenso o debate entre os que são favoráveis e contrários a existências de artigos rígidos em nossa constituição. Portanto, é mister elencar seus pontos positivos e negativos, considerando o posicionamento dessas duas correntes. Primeiro, como bem observa Cláudia Nogueira, as cláusulas pétreas trazem segurança jurídica e a garantia de uma determinada matéria acima da política cotidiana. Por outro lado, a principal crítica repousa sobre a falha democrática ao se criar dispositivos rígidos (que atenderão as gerações futuras) que inviabilizam as mudanças e evoluções legiferantes da sociedade globalizada. José Guilherme Carneiro Queiroz afirma que apesar de bem intencionada, a escolha do legislador constituinte originário, em trazer a inserção de um vasto grupo de direitos individuais petrificados, podem esbarrar na pretensão de consolidação da democracia brasileira. Para Frederico Koenhler, o conteúdo imutável deveria ser somente o fundamento para a própria existência da comunidade sob o pálio de um regime democrático, assim analisa essa questão: “Em um mundo que se modifica rapidamente, essas pré-dicisões constitucionais expressam um absurdo gnoseológico, mas deontologicamente são plenamente justificáveis, desempenhando as normas nada além de uma função no contexto da “colonização do futuro”, da garantia atual em contraposição à sua imprevisibilidade”. Gilmar Ferreira Mendes acerca da cláusulas pétreas afirma: “Tais cláusulas de garantias traduzem, em verdade, um esforço do constituinte para assegurar a integridade da Constituição, obstando a que eventuais reformas provoquem a destruição, o enfraquecimento, ou impliquem profunda mudança de identidade do telos constitucional. É que, como ensina Hesse, a constituição contribui para a continuidade da ordem jurídica fundamental, na medida que impede a efetivação de um suicídio do Estado de Direito democrático sob a forma de legalidade”. 23 Em contrapartida, Paulo Bonavides ver as cláusulas pétreas como obstáculo natural e conceitual à perenidade constitucional: “A imutabilidade constitucional, tese absurda, colide com a vida, que é mudança, movimento, renovação, progresso, rotatividade. Adotá-la equivaleria a cerrar todos os caminhos à reforma pacífica do sistema político, entregando a revolução e ao golpe de estado a solução das crises. A força e a violência, tomadas assim por árbitro das refregas constitucionais, a fariam cedo o descrédito da lei fundamenta.” Como se percebe, as cláusulas de imutabilidade, embora vistas como garantia de preservação da segurança jurídica e do Estado Democrático de Direito, são, dentro de uma perspectiva democrática, questionadas quanto a sua efetividade para as gerações futuras. O Supremo Tribunal Federal é defensor das cláusulas pétreas, guardião da Constituição Federal. Cabe ao STF definir o seu conteúdo, alcance, sentido e limites. Todavia, o Excelso Pretório tem adotado papel de constituinte sendo o último intérprete da Carta Magna. O que ocorre é a delegação da vontade do soberano (o povo) a um corpo de juízes, sem legitimidade, uma vez que é necessário a intenção do povo para tanto. 4.3 DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS (ARTIGO 5°/ CF88) Outro aspecto a ser considerado é o que se entende por cláusula pétrea dentro de nossa constituição, especialmente no que tange o item IV do §4º (direitos e garantias individuais). Conceitualmente, direito individual se refere a direitos fundamentais do home- indivíduo, que são aqueles que reconhecem a autonomia aos particulares, garantindo a inciativa e independência aos indivíduos diante dos demais membros da sociedade política e do Estado, é usada na constituição para exprimir um conjunto de direitos fundamentais concernentes à vida, à igualdade, à liberdade, à segurança e à propriedade (José Afonso da Silva). O termo garantias individuais se refere à proteção jurídica de cada indivíduo como ser humano. 24 A frase do § 4º, artigo 60, “os direitos e garantias individuais” é muito genérica, o que favorece as controvérsias jurídicas, mas como observa Frederico Koenhler, permite evolução do sentido das cláusulas pétreas através da interpretação do STF. A doutrina e o Excelso Pretório vêm entendendo que os direitos e garantias individuais não se restringem apenas ao artigo 5°, (que se intitula dessa forma), mas, os direitos sociais e garantias sociais (visto que são direitos individuais a liberdade de associação, expressão), os direitos à nacionalidade, direitos políticos (em suma, são cláusulas pétreas todo título II da CF), além de se admitir que os direitos individuais estão “espalhados” por toda CF, em decorrência do §2° do artigo 5º: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Por conta dessa generalidade que permite as mais diversas interpretações por parte da Suprema Corte, surgem dúvidas quanto a classificação de cláusulas da CF que não estejam contidas no artigo 5º. A título de exemplo temos o Artigo 228: são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. É ou não uma cláusula pétrea? A redução da maior idade penal é inconstitucional? Embora exista uma pressão social para a redução da maior idade penal e até mesmo a PEC 171/93 (em tramitação), caberá ao Supremo Tribunal Federal decidir. 5.0 REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS Se refere à organização do Estado, compreendendo os artigos 18, 21 à 25, 30 e 32 CF/88. ADMINISTRATIVA MATERIAL: Exclusiva (indelegável) artigo 21 CF/88: É aquela competência que pertence apenas à União, sem nenhuma possibilidade de delegação para os Estados e Municípios. 25 Comum (cumulativa/paralela) artigo 23 CF/88: É uma competência material, administrativa, pertencendo sua titularidade também à União, aos Estados, ao DF e aos municípios. Realiza-se pequenas obras, mas cada um de forma separada. ADMINISTRATIVA LEGISLATIVA: Exclusiva (indelegável) artigo 22 CF/88: Pertence a um ente federativo, mas que pode ser delegada. A competência pertence à União. Mas pode ser delegada aos Estados-membros e ao DF por intermédio de Lei complementar. Concorrente: artigo 24 CF/88 regras de aplicação; União e Estados atuam, com prerrogativas próprias, legislando sobre uma mesma matéria. INTERVENÇÃO FEDERAL É o remédio típico da forma de Estado Federativo, constituindo um instrumento cabível para sua manutenção, de utilização necessária todas as vezes que um Estado membro ou um município desrespeitar princípios constitucionais federativos ou provocar uma instabilidade na normalidade jurídica. TIPOS DE INTERVENÇÃO: Comum (art. 34 da CF). Anômala/Incomum (art. 35 da CF) - Quando o chefe do Executivo instaurar a intervenção sem requisição ou solicitação, o ato será corrompido pelo vício da inconstitucionalidade. Intervenção Federal de acordo com a doutrina (art.34, CF). De ofício (art.34, I, II, III e V, CF). Por solicitação de poderes (art.34, VI, CF). Podemrequisitar judicialmente a intervenção STF, STJ e TSE. 26 PROCEDIMENTO DE INTERVENÇÃO FEDERAL: 1º de ofício e solitação dos poderes legislativo e executivo coagidos em suas unidades federativas. 2º Nos casos de requisição judicial, inclusive por solicitação do poder judiciário do local coagido. Concretização da intervenção :Por meio de decreto do Chefe do Executivo, em que especificará a abrangência, a amplitude e o tempo em que ela deverá ocorrer. Limites da intervenção federal: Seu alcance e as prerrogativas do interventor não pode descura dos princípios constitucionais impostos pelo ordenamento jurídico. Estado de defesa (art.136, 140 e 141 da CF). Ameaça a Ordem Pública/Paz Social. Grave Iminência/Instabilidade (país Brasil). Calamidade de Grande Porcentagem de Natureza. O Estado de Defesa será sempre decretado pelo Presidente da República, após ouvir os conselhos da República Nacional, para preservar ou restabelecer; em locais restritos e certos a ordem pública ou paz social ameaçada: Instabilidade institucional, calamidades grandes proporções na natureza. O decreto deve conter o seu tempo de duração, que será no máximo 30 dias, prorrogáveis uma vez por igual período, a área abrangida; e as medidas coercitivas podem ser: Restrição aos direitos de reunião. Sigilo de correspondência, de comunicação telegráfica e telefônica. Ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, nos casos de calamidade, é a União que responde por danos e custos. 27 Direitos Fundamentais que podem ser limitados: Direito de reunião. Sigilo da correspondência. Sigilo das comunicações telegráficas e telefônicas. Estado de Sítio (art.137 a 139, CF) O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional, solicitar autorização ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta, para decretar o estado de sítio nos casos: Comoção grave de repercussão nacional; Ocorrência de fatos que comprovem a ineficiência das medidas tomadas no Estado de defesa. Medidas restritivas (art. 39) Obrigação de permanência em localidade determinada; Detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crime comuns; Internação de empresas e serviços públicos. 6.0 REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS São meios jurídicos Constitucionais que visam restabelecer direitos violados. Mandado de Injunção (art.5º, LXXI) Visa suprir a falta de norma reguladora que torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e cidadania. Habeas Corpus (art.5º, LXVIII CF, art, 647 a 667 CPP) É uma ação constitucional de caráter penal, gratuita, para a garantia individual do direito de locomoção, o direito de ir e vir. 28 Preventivo: ameaça de um ato constritivo ao direito de ir e vir. Ameaça de prisão por tipo penal que não existe. Pede-se salvo conduto. Repressivo: liberatório; preso ilegalmente, revogação do mandado de prisão. Habeas Data (art.5º, LXXII, LXXVII e a Lei 9.507/97). Tem por finalidade conhecer dados pessoais, ou ratificar dados conhecidos, mas que se encontram incorretos. Ação personalíssima. Mandado de Segurança Protege-se o direito líquido e certo da pessoa, não amparado por habeas corpus ou habeas data, direito ameaçado, por ilegalidade e abuso de poder. Mandado de Segurança Individual (art. 5º, LXIX CF e a Lei nº 12016/0). Requisitos: direito líquido e certo (STF) se comprova com documentos. Contra abuso de autoridade pública ou de alguém investido em tal autoridade. Mandado de Segurança Coletivo (art. 5º, LXX, “a” e “b” CF) Requisitos: É corporativo, protege apenas certos grupos de pessoas. Ação Popular (art.5º LXXIIICF, Lei nº 4717/65) Pode ser proposta por qualquer cidadão eleitor para anular ato lesivo ou advogado com procuração.O Ministério Público não pode propor, mas pode assumir o andamento e dar execução a decisão. Ação Civil Pública (art.129, III CF, Lei 73447/85 e art. 5º). Serve para proteger o patrimônio público e social, interesses difusos e coletivos. Quem pode propor são entes Federativos e Ministério Público. 29 7.0 COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (art.58, 3º, da CF) Função: investigação. Natureza de caráter: Investigatório - procuram provas sobre determinados fatos. Administrativo - Os atos praticados não tem natureza jurisdicional. Inquisitório: Os parlamentares têm autonomia para analisar o objeto em foco, mas, respeitando direitos fundamentais. Conclusão das investigações: realiza-se relatório e as conclusões de CCP, serão enviadas ao Ministério Público, que tomará medidas cabíveis (civil ou criminal aos infratores). Poderes: das autoridades judiciais. Nem todos os poderes da autoridade judicial foram conferidos à CPI (reserva de Jurisdição). Reserva de Jurisdição Intercepção telefônica (escuta). Busca e apreensão domiciliar (art. 5º XI, CF). Medidas cautelares (prisão preventiva, arresta, sequestro, impossibilidade se ausentar da comarca, indisponibilidade de bens); Prisão (art. 5º, LXI, CF) AÇÕES PERMITIDAS À CPI: Quebra de sigilo telefônico, fiscal e bancário (extrato); CPI decreta busca e apreensão genérica; CPI pode decretar prisão em flagrante, que será compulsória (para qualquer do povo é facultativa). CPI NÃO PODE Formular acusações e nem punir delitos; Realizar apreensão ou decretar indisponibilidade de bens; 30 Desrespeitar o direito contra o autoincriminação que assiste a qualquer indiciado ou testemunha; Impedir alguém de sair do país; Anular atos do executivo; Convocar magistrado para prestar depoimento que verse exclusivamente sobre sua função jurisdicional; Investigar fatos que digam exclusivamente a outra entidade federativa; Inviolabilidade do domicílio; Decretação de prisão que não seja em flagrante; Não pode prender, a não ser caso de flagrante e delito; Não pode decretar sequestro; Intercepção telefônica. As assembleias Legislativas, a Câmara Legislativa do Distrito Federal e as Câmaras Municipais também podem formar CPI’s para investigar questões relacionadas, ao respectivo ente federativo. Portanto, não pode uma CPI do Congresso, Câmara dos Deputados ou Senado investigar questões de Estados ou Municípios. CPI DEVE: Proceder à oitativa de investigados e testemunhas, respeitando o direito ao silêncio (de ambos, não autocriminação); Respeitar o direito à assistência jurídica; Controle jurisdicional feito pelo Supremo (HC, MS). Requisitos para instauração Formal: necessidade de obtenção de um determinado quórum para a criação da CPI. Para sua criação, na Câmara ou Senado é necessário ter o apoio de 1/3 dos deputados e senadores de cada Casa respectiva. 31 Requerimento de 1/3 dos membros da Câmara ou do Senado.Ou das duas Casas se a CPI for mista (CPMI). Substancial: se relaciona com assunto a ser investigado que deve ser determinado antes de sua criação. Temporal: seu funcionamento seja por período determinado.O prazo pode ser prorrogado até o fim da legislatura (4 anos). A Constituição Federal exige um terço dos membros dos deputados ou senadores para apresentar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e também para Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). 8.0 PROCESSO DE IMPEACHMENT Antes de adentrarmos a temática em questão, é mister retornar a teoria dos poderes, em especial a função executiva, para que se possa entender afuncionalidade desta medida, constitucionalmente reconhecida. Poder executivo possui a função típica de administrar o Estado. Possui ainda função atípica de legislar quando edita Medida Provisória. Pode ainda julgar quando decide acerca da sanção (demissão ou suspensão) ao servidor de empresa pública. Cumpre mencionar como funciona o sistema eleitoral brasileiro: Sistema de Eleição Majoritário: vence a eleição o candidato que conseguir a maioria absoluta dos votos válidos. Pode ter um dos turnos. 1º turno: no primeiro domingo de outubro; 2ºturno: no último domingo de outubro. Posse em 1º de janeiro, com tolerância de 10 dias. Majoritário simples ou relativo: ganha o candidato mais votado, só tem um turno (no 1º domingo de outubro) Ordem de sucessão presidencial (art. 80 CF) 1º Presidente da República; 2º Vice Presidente da República; 3º Presidente da Câmara dos Deputados; 32 4º Presidente do Senado; 5º Presidente do Supremo Tribunal Federal. Na atualidade um Vice-Presidente da República pode assumir o cargo temporariamente ou definitivamente. Artigo 81 da Constituição Federal, só é usado se não houver nem presidente e nem vice-presidente da República definitivamente. Dois primeiros anos: eleição direta em até 90 dias da última vaga. Novo presidente e no vice apenas para completar o mandato. Dois últimos anos: Eleição indireta, feita pelo Congresso Nacional em até 30 dias da última vaga. Novo presidente e vice. Crime de Responsabilidade São infrações políticos-administrativas, praticadas por pessoas que o culpam determinados cargos públicos. Trata-se de um ilícito político-administrativo art.85 e art.52, I e II da Lei 1079/1950. O artigo 85 dá a entender que só os atos do Presidente da República geram crime de Responsabilidade. Porém no art.52 I e II, temos as outras autoridades que podem cometer crimes de responsabilidade. Os crimes de responsabilidades estão previstos: Quanto ao Presidente da República: no art. 85 da CF/88 e Lei nº 1079/50; Quanto aos governadores de Estado: na Lei nº 1079/50; Quanto aos Prefeitos no DL 201/67. O que significa Impeachment? Impeachment é uma palavra de origem inglesa que significa “impedimento” ou “impugnação”. Juridicamente, o vocábulo impeachment tem dois significados: 1º Consiste no nome dado ao processo instaurado para apurar se o Presidente da República, o Governador, o Prefeito e outras autoridades praticaram crime de responsabilidade. 33 2º É como se chama uma das sansões (punições) aplicadas ao governante que foi condenado por crime de responsabilidade. O Presidente da República que é condenado por crime de responsabilidade recebe duas sanções: A perda do cargo (denominada de impeachment). A inabilitação para o exercício de funções por oito anos. Art.52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade. Art.85, da CF/88 e a Lei nº1079/1950 São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e especialmente, contra; I- A existência da União; II- O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; III- O exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV- A segurança interna do País; V- A probidade na administração; VI- O cumprimento das leis e das decisões judiciais. Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo de julgamento. Possui duas fases, é bifásico e escalonado. 34 1ª fase: juízo de Admissibilidade ou de acusação: fase em que se apura a autoria e a materialidade. Tal juízo é realizado pela Câmara dos Deputados, por 2/3 dos membros por maioria qualificada. 2ª fase: julgamento é feito pelo Senado Federal sob a presidência do Presidente do Supremo Federal, para a condenação é necessária 2/3 do Senado Federal. O Presidente da República, durante o julgamento (início da 2ª fase) fica suspenso de suas funções por 180 dias, não comporta prorrogação. Punição: Perde o cargo e fica inabilitado para as funções públicas por 8 anos. Pode votar, mas não pode ser votado. Não pode cargo honorífico (jurado do júri e nem mesário de eleições). CONSIDERAÇÕES FINAIS A constituição é o fundamento do ordenamento jurídico, sendo suas normas de caráter imperativo e de ordem pública. Embora existam países que não adotem a Constituição escrita, é indiscutível a universalização das Constituições como mecanismos jurídicos e políticos para o estabelecimento de uma identidade estatal. No Brasil possuímos, após muitas constituições, uma Constituição que prima pelos direitos fundamentais e a ordem política, preservando a organização de um Estado Democrático de Direito pautado na soberania, democracia, descentralização e liberdades individuais. Contudo, ainda pairam sobre nossa Carta Magna discussões e contradições, em especial as cláusulas pétreas, que enquanto garantem os direitos dos cidadãos, por outro lado, corre o risco de ser ineficaz para as gerações futuras. A Constituição Federal de 1988 é formal, escrita, dogmática, promulgada, rígida e analítica também garante a aplicação de “remédios” jurídicos afim de sanar ilegalidades ou abusos de poder em detrimento dos direitos e liberdades individuais. A comissão parlamentar de inquérito e o processo de impeachment também visam apuração de denúncias neste aspecto, bem como a proteção do Estado. Estudar o Direito Constitucional faz-se imperativo para todo cidadão atuante na construção de uma consciência política sólida e efetivamente participativa. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA – 1988. Secretaria de Editoração e Publicações – SEGRAF. Brasília 2015. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37º edição. São Paulo: Malheiros Editores. 2014. Sites pesquisados: www.jurisway.org.br www.passeidireto.com.br www.Infoescola.com.br/direito www2.senado.leg.br www.jus.com.br
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