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CONCEPÇÃO & NASCIMENTO Resumo Marília de Lima | Medicina Caso 01 – Da fecundação até a 3ª semana Marília de Lima Ovócito II** Espermatozoide ** O ovócito II, antes de ser fecundado, está com a meiose II incompleta. Fecundação: como ocorre 1- Passagem pela corona radiata O espermatozoide perfura a corona radiata liberando algumas enzimas. A principal é a hialuronidase. Além disso, alguma enzimas da mucosa uterina auxiliam na perfuração, juntamente com o movimento da cauda do espermatozoide. 2- Passagem pela zona pelúcida Quando chega a zona pelúcida, o espermatozoide libera outras enzimas. Ao penetrar nessa camada, ocorre uma reação zonal, que nada mais é do que mudanças na estrutura da zona pelúcida que torna essa camada impermeável. Acredita-se que essa mudança é decorrente da liberação do conteúdo dos grânulos corticais. Esses grânulos, por sua vez, estão abaixo da membrana plasmática e migram para o espaço perivitelino, causando a reação zonal na zona pelúcida e, também, mudanças na membrana plasmática. 3- Fusão das membranas do espermatozoide e do ovócito II A cabeça e a cauda do espermatozoide entram no citoplasma, mas a membrana fica fora, acabando por se fundir com a do ovócito II. 4- Término da Meiose II Após a penetração do espermatozoide dentro do citoplasma, o ovócito II termina a meiose II e passa a ser chamado de óvulo. 5- Formação do pró núcleo masculino O núcleo do espermatozoide aumenta de tamanho e a cauda se degenera. O DNA dos pro núcleos se duplicam (n – com 2 cromátides). Quando o óvulo tem 2 pró núcleos ele passa a ser chamado de oótide. 6- Fusão dos pro núcleos Quando os pro núcleos se fundem, ocorrem a formação do zigoto. Clivagem do zigoto Por definição, clivagem são divisões mitóticas que formam células, os blastômeros, cada vez menores. Essa clivagem vai ocorrendo enquanto o zigoto passa pela tuba uterina. Após o estágio de 9 células, os blastômeros mudam de forma e se agrupam firmemente um com os outros, num processo conhecido como compactação. A compactação permite uma maior adesão entre as células e é um pré- requisito para segregação das células internas que formarão o embrioblasto do blastocisto. Quando existem de 12 a 32 blastômeros, o zigoto passa a ser chamado de mórula. Mórula É formada em cerca de 3 dias após a fertilização. As células internas ficam circundadas por uma camada de células que formam a camada celular externa. Em torno no 4º dia após a fertilização, a mórula alcança o útero e surge, em seu interior, uma cavidade cheia de líquido, iniciando a formação do blastocisto, já na fase de blástula. Blástula A cavidade blastocística é formada através da passagem do fluido uterino, pela zona pelúcida, para o interior da mórula. Como o fluído vai aumentando e ocupando mais espaço, ele separa os blastômeros em 2 partes: Camada externa: trofoblasto (formará a parte embrionária da placenta) Camada interna: embrioblasto (dará origem ao embrião) A partir daqui, o concepto é chamado de blastocisto. Após o blastocisto se manter livre nas secreções uterinas por cerca de 2 dias (e até aqui ele recebe nutrientes das secreções das glândulas uterinas), a zona pelúcida se degenera, permitindo que o blastocisto aumente de tamanho. 6 dias após a fertilização, o blastocisto adere ao epitélio endometrial. Após essa adesão, o trofoblasto se diferencia em 2 camadas: Citotrofoblasto (camada que circunda o blastocisto) Sinciciotrofoblasto (camada que se adere ao endométrio) O sinciciotrofoblasto emite prolongamentos que, com o auxílio de enzimas, erodem os tecidos maternos, possibilitando a implantação dentro do endométrio. Em torno de 7 dias, uma camada de células, o hipoblasto, emerge da superfície do embrioblasto. O hipoblasto será o endoderma primitivo. Com o progresso da implantação do blastocisto, surge uma pequena cavidade no embrioblasto, que é o primórdio da cavidade amniótica. As células amniogênicas se separam do epiblasto e ocupam a cavidade amniótica. Ainda no embrioblasto, ocorre a formação do disco embrionário, que é formado pelo epiblasto e hipoblasto. No blastocisto, a cavidade exocelômica (que antes era a cavidade do blastocisto), junto com o hipoblasto, forma o saco vitelino primitivo. As células do endoderma do saco vitelino formam o mesoderma extraembrionário, que circunda o âmnio e saco vitelino primitivo. Após a formação do âmnio, disco embrionário e saco vitelino primitivo, surgem as lacunas, que são cavidades isoladas no sinciciotrofoblasto preenchidas por sangue materno, provenientes dos capilares endometriais erodidos. O fluido das lacunas passa, por difusão, para o disco embrionário, nutrindo o embrião. Circulação uteroplacentária: comunicação dos capilares endoteliais rompidos com as lacunas. No 10º dia, o concepto está completamente implantado no endométrio. Há uma falha, por aproximadamente 2 dias, no epitélio endometrial. Essa falha é preenchida por um tampão, que é um coágulo sanguíneo fibrinoso. Com a implantação do concepto, as células do tecido conjuntivo endometrial sofrem uma transformação – a reação decidual. A principal função da reação decidual é fornecer ao concepto um local imunologicamente privilegiado. Essa propriedade é garantida porque as células que circundam o endométrio terminam por acumular lipídios e glicogênio durante a penetração do concepto. No 12º dia, as lacunas se fundem e formam as redes lacunares. No mesoderma extra-embrionário surgem os espaços celômicos isolados que, depois, se fundem e formam o celoma extra-embrionário. Essa cavidade, que é cheia de fluido, envolve o âmnio e o saco vitelino, exceto onde o córion está aderido ao pedículo do embrião. Com a formação do celoma extra-embrionário, o saco vitelino primitivo diminui de tamanho e forma um pequeno saco vitelino secundário. Ele é formado por células endodérmicas extraembrionárias que migram do hipoblasto para o saco vitelino primitivo. São funções do saco vitelino: Originar as células germinativas primordiais. Transferir, seletivamente, os nutrientes para o embrião. O celoma extra-embrionário divide o mesoderma extra-embrionário em 2 camadas: Mesoderma somático extra- embrionário: reveste o trofoblasto e o âmnio. Mesoderma esplâncnico extra- embrionário: envolve o saco vitelino. O fim da segunda semana é caracterizado pelo surgimento das vilosidades coriônicas primárias que são projeções do citototrofoblasto que crescem para dentro do sinciciotrofoblasto. O córion é formado pelo mesoderma somático extra- embrionário + camadas do trofoblasto (citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto). Ele forma a parede do saco coriônico, dentro do qual está o embrião com os sacos vitelinos e amnióticos suspensos pelo pedículo. O celoma extra-embrionário agora é chamado de cavidade coriônica. Num embrião de 14 dias, as células hipoblásticas, em uma área localizada, são colunares e formam a placa precordal. Essa placa indica o futuro local da boca e é um importante organizador da região da cabeça. Gástrula Na gástrula ocorrem 3 eventos: Aparecimento da linha primitiva Desenvolvimentoda notocorda Diferenciação das 3 camadas germinativas Aparecimento da linha primitiva No início da 3ª semana, aparece uma linha espessada linear no epiblasto. Ela é resultante da proliferação e migração das células do epiblasto para o plano mediano do disco embrionário. A linha primitiva é importante porque, a partir dela, é possível identificar o eixo cefálico-caudal do embrião, superfície dorsal e ventral e os lados direito e esquerdo. O sulco e a fosseta são resultados da invaginação das células epiblásticas. Pouco depois do aparecimento da linha primitiva, algumas células abandonam a superfície profunda e formam o mesênquima. Esse, por sua vez, irá formar os tecidos de sustentação do embrião, maior parte do tecido conjuntivo do corpo e o mesoderma intraembrionário. Vale salientar que algumas células do epiblasto deslocam o hipoblasto, formando o endoderma embrionário. As células que permanecem no epiblasto darão origem ao ectoderma embrionário. Processo notocordal e notocorda A notocorda é formada por sinais indutores, vindos da região da linha primitiva, que induzem as células precursoras notocordais a formá-la. A notocorda tem como funções definir o eixo do embrião, serve de base para a formação do esqueleto axial, e é o futuro local dos corpos das vértebras. O desenvolvimento da notocorda tem início com a formação do processo notocordal, que tem origem na invaginação e migração de células diferenciadas do nó primitivo, formando um bastão celular que aumenta de tamanho em direção à placa pré-cordal (células endodérmicas aderidas a ectodérmicas que irão formar a membrana bucofaríngea, futura boca). Este bastão celular apresenta um canal central denominado canal notocordal. O processo notocordal migra lateral e cefalicamente, no meio de outras células mesodérmicas, entre o ectoderma e o endoderma até alcançarem as margens do disco embrionário e a placa pré-cordal. O assoalho do processo notocordal se funde com o endoderma embrionário subjacente. Essas camadas fundidas sofrem uma degeneração gradual por apoptose, colocando o canal notocordal em contato com a vesícula umbilical (ou saco vitelino). Desta forma, no local da fosseta primitiva, forma-se o canal neuroentérico, que comunica temporariamente a cavidade amniótica e a vesícula umbilical. A parte do processo notocordal que não sofreu apoptose forma a placa notocordal, que irá se dobrar, aproximando as suas extremidades, fusionando- as, e formando então a notocorda. Este processo se dá da extremidade cefálica – placa pré-cordal – em direção à extremidade caudal – nó primitivo. A notocorda se desprende do endoderma da vesícula umbilical, que mais uma vez se torna contínuo. Quando o desenvolvimento da notocorda está completo, temos o fechamento do canal neuroentérico. A notocorda desaparece com a formação dos corpos vertebrais, porém persiste como núcleo pulposo de cada disco intervertebral. Durante seu desenvolvimento, a notocorda induz o ectoderma sobrejacente a espessar-se, formando a placa neural, primórdio do sistema nervoso central. Além desses eventos, na gástrula, ainda ocorre a formação do alantoide. Ele surge por volta do 16º dia como um pequeno divertículo do saco vitelino que se estende para o pedículo do embrião. Está envolvido na formação inicial do sangue e desenvolvimento da bexiga. Nêurula Nessa fase, ocorre a formação da placa neural e tubo neural. Além disso, está relacionada a formação da cristal neural e somitos. Placa neural Com a formação da notocorda, a ectoderma se espessa formando uma placa alongada, a placa neural. A formação da placa neural da origem ao SNC. Por volta do 18º dia, a placa neural se invagina ao longo do seu eixo e forma o sulco neural mediano, com pregas neurais em ambos os lados. No fim da terceira semana, as pregas neurais começam a se aproximar e se fundir, convertendo a placa no tubo neural, o primórdio do SNC. Tubo neural O tubo neural logo separa-se da ectoderma e as bordas livres dessa se fundem, tornando essa camada contínua sobre o tubo neural. Subsequentemente, a ectoderma se diferencia em epiderme. Cristal neural Com a fusão das pregas neurais, algumas células neuroectodérmicas perdem sua afinidade com o epitélio. Quando o tubo neural se separa da ectoderma, as células da cristal neural migram dorsolateralmente de cada lado do tubo neural. Imediatamente, eles formam uma massa achatada irregular, a crista neural, entre o tubo neural e a ectoderma. Logo, a crista neural se separa em partes direita e esquerda, que migram para o aspecto dorsolateral do tubo neural. As cristais neurais original os gânglios espinhais e gânglios do SN. Além disso, formam as meninges que cobrem o encéfalo e medula espinal (pia- máter e aracnoide) Somitos Durante a formação da notocorda e do tubo neural, o mesoderma intra- embrionário se divide em: mesoderma paraxial, intermediário e lateral (contínuo com o mesoderma extra-embrionário). Próximo ao fim da 3° semana de gestação, o mesoderma paraxial diferencia-se e forma os somitos. São responsáveis pela formação da maior parte do esqueleto axial e membros adjacentes. Além disso, por formarem elevações que se destacam na superfície do embrião, são utilizados para a determinação da idade do concepto. Desenvolvimento do celoma intra-embrionário No interior do mesoderma lateral e cardiogênico surgem espaços celômicos que se unem e formam o celoma intra-embrionário, dividindo o mesoderma lateral em duas camadas: - Camada parietal/somática, contínua com o mesoderma extra-embrionário, que cobre o âmnio; - Camada visceral/esplâncnica, contínua com o mesoderma extra-embrionário, que cobre o saco vitelino. Mesoderma somático + ectoderma sobrejacente = somatopleura (ou parede do corpo do embrião). Mesoderma esplâncnico + endoderma subjancente = esplancnopleura. Vasculogênese e angiogênese No início da 3°semana começa a angiogênese no mesoderma extra- embrionário do saco vitelino, do pedículo do embrião e do córion. A formação dos vasos sanguíneos inicia-se com a agregação dos angioblastos – ilhotas sanguíneas. Pequenas cavidades vão se formando dentro das ilhotas, os angioblastos se achatam e originam o endotélio primitivo. Essas cavidades se unem formando redes de canais endoteliais. O coração e os grandes vasos provêm de células mesenquimais da área cardiogênica. Durante a 3° semana os tubos endocárdicos se fundem, originando o tubo cardíaco primitivo. No fim da 3° semana o sangue já circula e desenvolve-se o primórdio de uma circulação uteroplacentária. Caso 02 – Da 4ª semana até o nascimento Marília de Lima Quarta semana É uma semana de grandes mudanças. No início, o embrião é quase reto. O tubo neural forma-se em frente aos somitos, mas é amplamente aberto nos neuroporos rostral e caudal*. Com 24 dias, os arcos faríngeos são visíveis. O primeiro arco (mandibular) e o segundo (hióideo) estão individualizados. O primeiro arco dá origem a mandíbula e maxila. O embrião agora está levemente curvado por causa das pregas cefálicas e caudais. O coração forma uma grande saliência ventral e bombeia o sangue. * EXTREMIDADES DO TUBO NEURAL No 26º dia, os 3 arcos faríngeos são visíveis e o neuroporo rostral está fechado. O encéfalo anterior produz uma elevação salientena cabeça, enquanto o dobramento lhe dá uma curvatura em C. Observa-se a presença de uma longa eminência caudal curva. Os brotos dos membros superiores se tornam visíveis, junto com as fossetas óticas, que darão origem aos primórdios da orelha interna. Ainda na cabeça, observa-se um espessamento da ectoderme, que dá origem aos placóides do cristalino, que indicam os futuros cristalinos dos olhos. O quarto par de arcos faríngeos junto com os brotos do membro inferior tornam-se visíveis no fim da quarta semana. Além disso, o neuroporo caudal, geralmente, está fechado. Quinta semana O crescimento da cabeça excede o crescimento de outras regiões. Esse aumento faz com que a face logo entre em contato com a proeminência cardíaca. O segundo arco faríngeo cresce sobre o terceiro e arco, formando o que se chama de seio cervical. Os brotos dos membros superiores tem forma de remo e dos membros inferiores de nadadeira. As cristas mesonéfricas indicam o local dos rins mesonéfricos que em nós, humanos, são provisórios. Sexta semana Ocorre o desenvolvimento dos cotovelos e das grandes placas da mãos nos membros superiores. O primórdios dos dedos, os raios digitais, começam a se desenvolver na placa das mãos. Os embriões aprensentam movimentos espontâneos, como contrações dos músculos e do tronco. Os membros inferiores desenvolvem-se depois. Surgem as saliências auriculares, que desenvolve-se em torno do sulco ou fenda faríngea, entre os dois primeiros arcos faríngeos. Esse sulco torna-se o meato acústico externo e as saliências o pavilhão auricular. O olho é evidente porque a retina já está pigmentada. A cabeça, que estava projetada para proeminência cardíaca, agora começa a se endireitar, junto com o tronco. Os embriões apresentam respostas reflexas ao toque. Sétima semana Os membros sofrem grande modificações. No mm. Superior, aparecem chanfraduras (depressão) entre os raios digitais das placas das mãos, indicando os futuros dedos. A comunicação entre o intestino primitivo e saco vitelino é reduzida ao pedículo do embrião. Ocorre o início da ossificação dos membros superiores. Oitava semana Os dedos das mãos estão separados mas ainda estão unidos por membranas. Chanfraduras SÃO presentes nos raios digitais dos pés. Eminência em forma de cauda está presente. Ocorre o aparecimento do plexo vascular do couro cabeludo. No fim da semana, os dedos são compridos e separados e os membros tornam-se evidentes. Ocorre movimento voluntário dos membros. Início da ossificação dos membros inferiores, identificando primeiro o fêmur. Eminência caudal desaparece. As mãos e pés aproximam-se um do outro. Pálpebras são mais evidentes! Pavilhões auriculares começam a assumir sua forma final. Apesar do sexo já está definido, a aparência da genitália ainda não é suficientemente distinta. Da nona à décima segunda semana O tamanho da cabeça é desproporcional ao tamanho do corpo. Os olhos estão muito separados e as pálpebras fundidas. Ao final da 12ª semana, centros de ossificação primário começam a surgir, especialmente no crânio e ossos longos. Além disso, os membros superiores estão desenvolvidos, mas os inferiores ainda encontram-se em processo de desenvolvimento. Na 11ª semana, o intestino volta para a cavidade abdominal. Na semana 9, o fígado é o principal local de produção da eritropoiese, ocorrendo, no fim da 12ª semana, a transferência da função para o baço. A formação da urina começa a acontecer e passa a ser lançada no líquido amniótico e o feto reabsorve parte desse líquido. Da décima terceira à décima sexta semana O feto começa a crescer muito rapidamente. Os membros inferiores tornam- se mais alongados. Ocorre movimentos dos membros de forma coordenada na 14ª semana, mas a mãe ainda não percebe. Os olhos se movimentam ocupando a posição anterior e o padrão dos cabelos vai se formando. Os ovários se diferenciam e já contém folículos primordiais como ovogônias. A genitália externa já passa a ser reconhecida. Da décima sétima à vigésima semana Os movimentos fetais passam a ser percebidos pela mãe. A pele começa a ser coberta por um material gorduroso, o verniz caseoso, que protege a pele do feto contra abrasões, rachaduras e endurecimento. Na semana 20, as sobrancelhas e cabelos tornam-se visíveis. Geralmente, os fetos estão totalmente cobertos por uma penugem muito delicada, o lanugo, que ajuda a manter o verniz caseoso preso a pele. Também forma-se a gordura parda, que é o local de produção de calor. Se do sexo feminino, o útero já está formado, a canalização da vagina já começou e muitos folículos primordiais contendo ovogônias já se formaram. Se do sexo masculino, os testículos começam a descer. Ocorre o desenvolvimento do paladar. Início do desenvolvimento do sistema digestivo. O contato do feto com a placenta é determinante para a formação das digitais e indicador da futura saúde cardíaca do bebê. Da vigésima primeira à vigésima quinta semana Há um ganho substancial de peso (na verdade, gordura) e o feto está mais proporcional. A pele está translúcida, mas é vista rosada por causa do sangue. As células epiteliais secretoras (pneumócitos II) dos septos interalveolares do pulmão começam a secretar surfactante, um lipídio que mantém abertos os alvéolos pulmonares. Ocorre o movimento ocular rápido e piscar ao susto. As unhas começam a se formar. Embora um feto de 22 a 25 semanas nascido prematuramente possa sobreviver, caso receba cuidados intensivos, ele pode morrer, pois seu sistema respiratório ainda é imaturo. As crianças que nascem antes da 26ª semana de gestação apresentam um alto risco de problemas no desenvolvimento neuronal. Da vigésima sexta à vigésima nona semana Pulmão se encontra desenvolvido, podendo realizar as trocas gasosas adequadas. Além disso, o SNC está amadurecido, podendo regular o controle respiratório e temperatura. As pálpebras estão abertas, o feto desenvolve memória e começa a dormir. O baço fetal torna-se um local importante de eritropoese. A eritropoese no baço termina com 28 semanas, época na qual a medula óssea torna-se o principal local deste processo. Da trigésima à trigésima quarta semana A pele é rosada e lisa e ocorra reflexo pupilar quando incide-se uma luz. Os membros superiores e inferiores parecem gordos. Nessa idade, 8% do peso corporal é de gordura amarela. Sobrevivem se nascer prematuramente. Tem 40 cm que é o máximo tamanho do útero materno. Da trigésima quinta semana até o nascimento O SNC está suficientemente maduro e realiza algumas funções integrativas. Os fetos seguram-se com firmeza e se orientam espontaneamente em direção a luz. Com 37 semanas, o tamanho do pé é maior que o comprimento do fêmur, dado importante para confirmação da idade gestacional. O crescimento se torna mais lento a medida que se aproxima o nascimento. Durante as últimas semanas, o feto ganha 14g/dia. O tórax é saliente e as mamas fazem leve protrusão em ambos os sexos. No feto do sexo masculino, no termo, os testículos já estão no escroto. Caso 03 – Mudanças no corpo da mãe durante a gestação Marília de Lima Durante a gestação, ocorre mudanças nos diferentes sistemas. Sendo assim, cabe destacar as principais alterações fisiológicas. Alterações no metabolismo: Glicídico – o concepto é um grande consumidor de glicose, tendo a necessidade de que a mãe forneça essa fonte de energia para ele. Mesmo em momentos de jejum, o feto extrai glicosee aminoácidos na mesma quantidade que seria consumido em horários de alimentação. Por esse fato, existe um fenômeno conhecido como parasitismo verdadeiro. Para fornecer, sem interrupção, essa quantidade de glicose, o corpo da mãe sofre algumas modificações como, por exemplo, não consumir tanta glicose como antes. Durante a gravidez, ocorre a produção de alguns hormônios como o lactogênio placentário humano (hPL), progesterona, cortisol e prolactina que, por sua vez, implicam no processo de resistência à insulina. Esse efeito diabetogênico do hPL vai provocar mobilização de lipídios em ácidos graxos livres. Esse ácido, por sua vez, serviriam como forma de poupar glicose e aminoácidos, que estariam disponíveis para o consumo do feto. Uma das “provas” de que o feto consome glicose é que, depois de uma noite de jejum, os níveis de glicemia são de 15 a 20mg/dl inferiores aos sinalados fora da gravidez. Lipídico – pela necessidade de fornecer glicose ao feto, usa-se como fonte energética a quebra de lipídios, aumentando a concentração de ácidos graxos livres no plasma. Proteico – Mal estudado, observa-se uma queda na concentração da maioria dos aminoácidos durante a gestação. Hidroeletrolítico – as modificações que ocorrem no corpo da mulher, relacionais as alterações hidroeletrolíticas, são de suma importância para entender, por exemplo, porque mulheres apresentam edema, principalmente, no fim da gestação. Em uma gestante sem edema, há um acréscimo de 7.5L de água, sendo 1.5L encontrados nos tecidos, ou seja, os tecidos encontram- se mais hidratados do que fora de um período gestacional. Esse aumento da quantidade de água pede que ocorra um aumento proporcional de NaCl, com a finalidade de manter a osmolaridade. Aqui, vale salientar que, durante a gravidez, ocorre um aumento de 50% da filtração glomerular. Para conservar Fecundação até a 8ª semana – embrião Da 9ª semana até o nascimento - feto os íons, ocorre um mecanismo de compensação do sistema renina- angiotensina-aldosterona. Esse mecanismo de compensação tem atuação principal do aparelho justaglomerular mas, também, do útero. Por esse fato, essa situação peculiar também é conhecida como hiperaldosteronismo secundário da gravidez. Durante a gestação, a quantidade sérica de cálcio vai diminuir. No último trimestre, 80% do cálcio materno será transferido para o feto. Além disso, no corpo da mãe, ocorre o aumento da reabsorção de cálcio, sendo esse colocado na corrente sanguínea. Alterações no sistema locomotor Devido ao fato da matriz apoiar-se na parede abdominal e mamas, que estão aumentadas e enrijecidas, caindo sobre o tórax, a grávida, involuntariamente, para manter seu equilíbrio, muda sua postura. Ela joga o corpo para trás, empinando o ventre, surgindo lordose lombar, os pés se afastam e os ombros se projetam para trás. Devido a essas alterações, seu andar caracteriza-se por passos oscilantes e curtos, semelhantes ao andar de um ganso, denominado marcha anserina. Alterações no sistema circulatório Uma das principais alterações é o aumento da frequência cardíaca materna, que ocorre já na 4ª semana e, no final da gestação, situa-se 20% acima dos valores pré-gravídicos. Também, ocorre um aumento do volume sanguíneo a partir da 6ª semana e atinge um pico no 3º trimestre. Ocorre uma queda da porcentagem do volume ocupado pelos glóbulos vermelhos no plasma, chegando a um nível mínimo de 30%. O débito cardíaco aumenta cerca de 30-50% durante a gestação. É resultante da elevação da frequência cardíaca e do volume sistólico, sendo esse o principal responsável pelas alterações iniciais. A compressão da veia cava pelo útero gravídico estando a mulher na posição supina pode reduzir o retorno venoso e, assim, o débito cardíaco. Após alguns minutos sobrevêm a bradicardia, indicativo de reflexo vaso vagal e hipotensão. Nessas circunstâncias, o deslocamento do útero para o lado esquerdo é suficiente para corrigir a síndrome, sendo muito usado durante a cesárea. Durante as contrações uterinas, ocorre um aumento do débito cardíaco. A pressão sanguínea arterial sofre uma queda ligeira na pressão sistólica* (5-10 mmHg) e maior na diastólica (10-15mmHg), que alcança menores valores na gestação de 20 semanas. A queda da pressão sanguínea é explicada pela queda da resistência vascular que compensa o aumento do débito. A pressão venosa, nos membros inferiores, aumenta cerca de 3 vezes, em virtude da compressão da veia cava inferior e veias pélvicas. Pode ocorrer edema do MMII, tendência, lipotimia ortostática, etc. Essa pressão está relacionada com o débito cardíaco Alterações no sistema sanguíneo Hemodiluição Pró-coagulantes Fibrinogênio Leucócitos Plaquetas Anti-coagulantes Observação: a queda do número de plaquetas é bem discreta. Alterações do sistema urinário A taxa de filtração glomerular aumenta de 30 a 50%, melhorando após o nascimento do bebê, quando se corrige a postura. Esse aumento na filtração determina que maiores quantidades de substâncias se apresentam aos túbulos renais. A concentração de ureia e creatinina CAEM no sangue. A quantidade de glicose filtrada aumenta e a habilidade do rim absorvê- lo permanece normal É fisiológica a proteinúria em até 300mg/24h A despeito do enorme aumento do trabalho renal imposto pela gravidez, o volume urinário diário não está acrescido. Até 80% do filtrado é reabsorvido nos túbulos contorcidos proximais. A frequência urinário aumentada decorre da compressão exercida pelo útero na bexiga. Alterações no sistema digestório As náuseas são frequentes e sua base fisiológica é desconhecida, mas pode estar relacionada a níveis crescentes de estrogênio no sangue. A gengivite é consequência do acúmulo de placa bacteriana na gengiva, apresentando-se com eritema, sangramento e edema. Quando muito intensa, pode gerar um parto prematuro. A incidência de úlceras pépticas é reduzida devido a diminuição da secreção de suco gástrico, principalmente nos dois primeiros meses. O sistema GI (esôfago, estômago, vesícula e intestino) encontram-se atônicos durante toda a gestação. Os fatores determinantes são hormonais, relaxando os músculos, artérias, veias e ureteres. Por consequência, há um aumento da incidência de pirose, combinado com o relaxamento do esfíncter gastroesofagiano ao aumento da pressão intra-abdominal, condicionada pela presença do útero grávido. É comum a presença de constipação que é explicada pela atonia do colón. O objetivo é assegurar o domínio das perdas hemorrágicas no situs placentário, após o secundamento. Numa grávida com pirose, é mais aconselhável o uso de leite de magnésia. Além de diminuir a acidez, a constipação será reduzida. Alterações no sistema respiratório Ocorre aumento da circunferência do tórax e o diafragma se eleva em, aproximadamente, 4 cm pelo aumento do útero. Apesar disso, sua capacidade não fica comprometida, e sua expansão aumenta de 1 a 2 cm. A complacência diminui, aumentando o trabalho respiratório. Como não há alteração na frequência respiratória basal e na capacidade vital, as alterações anatômicas melhoram o intercâmbio gasoso nos pulmões e o volume-corrente (quantidade e ar que entra e sai numa respiração normal). A expiração torna-se mais completa e uma maior quantidade de ar é inspirado. O espaço morto (ar inalado que não participa das trocas) não é alterado e o aumento do volume corrente é acomodado no espaço alveolar. Porém, o volume-minuto(volume corrente x frequência respiratória) aumenta de 30 a 40%. O aumento do volume-corrente acontece as custas da capacidade funcional residual. (VRE + VR) que diminui. VRE = Volume de reserva expiratório. Máximo de ar eliminado a partir da posição de repouso respiratório. VR = Volume residual. Volume que permanece no pulmão ao fim de uma expiração máxima. Na gestante, o volume-corrente aumenta e, por consequência, o volume de reserva expiratório diminui. O volume residual permanece constante. Acredita-se que a progesterona desempenha um papel nessa hiperventilação, seja diminuindo a sensibilidade ao O2 (e, consequentemente, aumentando ao CO2) no centro respiratório ou estimulando a respiração. Alterações na pele Surgem estrias no abdome e, por vezes, surge nos seios (estrias gravídicas ou víbices). Essas estrias, no início, são avermelhadas e depois tornam-se claras. Há um aumento da pigmentação da linha alba, vulvas, aréolas mamárias e face (cloasma). Também surgem teleangiectasias. Cloasma Diagnóstico da gravidez O diagnóstico da gravidez pode ser feito pela clínica, hormônios e ultrassônicos. Dos sinais clínicos, é comum agrupá-los em presunção, probabilidade e certeza. Sinais de presunção Amenorreia, náuseas, congestão mamária e polaciúria. Sinais de probabilidade Amenorreia, aumento do volume uterino, alterações da consistência uterina, alterações da forma do útero e aumento do volume abdominal. Sinais de certeza São caracterizados pela presença do concepto e está relacionado aos batimentos fetais e movimentação. A USG rastreia os movimentos entre 7 e 8 semanas. São sinais de certeza: Sinais de Puzos = é conhecido como rechaço fetal intrauterino. É feito pelo toque vaginal e impulsiona-se o feto dispondo os dedos no fundo-de-saco anterior. A percepção é feita com os dedos, sentindo-se o afastamento e retorno do concepto. Percepção e palpação dos movimentos ativos do feto Palpação dos segmentos fetais Auscultação = É a identificação dos batimentos fetais. Antes, usava-se o estetoscópio de Pinard, hoje, faz-se uso do sonar-doppler. Estetoscópio de Pinard Sonar-doppler Exames complementares Teste imunológico, radio-imunológico, ELISA e diagnóstico ultrassonográfico. Caso 04 – Pré-natal Marília de Lima O pré-natal é importante pois constitui-se como uma ferramenta que objetiva garantir a saúde da mãe e do bebê. Tem por orientações higienodietéticas: Importância do acompanhamento pré-natal; Modificações fisiológicas da gestante; Cuidados em saúde alimentar e nutricional: chamar a atenção para necessidade de uma alimentação saudável, vitaminas e mineiras*, atentar-se par ao uso de álcool, cafeína e adoçantes. Ferro – prevenção de anemias e nascimento prematuro. Ácido fólico – prevenção de defeitos no tubo neural e alterações na divisão celular. O ácido fólico deveria ser administrado antes de engravidar, uma vez que o tubo neural se forma na 3ª semana de gestação e, muitas vezes, a mulher ainda não tem descoberto a gravidez. Cálcio – manutenção esquelética e função cardíaca Vitamina D – necessária para formação esquelética do feto Vitamina C – estimula a melhor absorção de ferro e reduz o risco de anemia materna. Sexo na gestação: pode ocorrer mudanças no desejo e disposição sexual devido a fatores psicoativos, biológicos, etc. Se desejado, a mulher pode ter relações até o momento do parto, facilitando o nascimento do bebê. Evitar atividade sexual na presença de sangramento ou perda de líquidos. Exposição ao tabaco: orientar que há maior risco de partos prematuros, crescimento intrauterino oculto, recém-nascidos com baixo peso e mortes perinatais. Orientar sobre abstinência total ou redução do consumo, ressaltando o apoio dos familiares e amigos. Exposição ao álcool e outras drogas: as gestantes que planejam engravidar devem evitar o consumo de álcool nos 3 primeiros meses de gestação, pois o consumo pode aumentar o risco de aborto. Orientações físicas e práticas corporais na gestação: quando a grávida apresenta uma gestação de riscos e tem o hábito de práticas de esportes, ela pode continuar a fazer os exercícios, adequando a situação de sua gestação. Em casos de mulheres que não faziam atividades físicas mas desejam iniciar, não há contraindicações, desde que ela seja orientada e supervisionada no que está fazendo. As atividades mais indicadas são yoga e hidroginástica, uma vez que tem baixo impacto e podem melhorar a situação cardiorrespiratória. É muito importante não esquecer da hidratação, do repouso e dos sinais de riscos que podem surgir. Quando acontecer algo que possa vir prejudicar a gravidez, a práticas de esportes deve ser estacionada até que ela vá ao médico para sua situação ser avaliada. Nem todas as mulheres podem fazer atividades físicas, incluindo nessas as que apresentam sangramento uterino e placenta baixa. Deve-se evitar ficar sentada ou em pé por muito tempo para evitar dores e edema dos membros inferiores. É recomendado dormir em decúbito lateral esquerdo pois, nessa posição, existe a diminuição da compressão da veia cava e aorta, favorecendo o fluxo sanguíneo. Na próxima página, consta o que abrange os pré-natais, principalmente a primeira consulta. Correção do mapa abaixo – a tríplice viral NÃO deve ser aplicada em gestantes, APENAS questionada sobre a imunização. Caso 05 – Parto normal Marília de Lima Estática fetal Situação: relação entre o maior eixo fetal (cabeça-nádegas) com o maior eixo uterino (canal cervical-corpo uterino). Pode ser longitudinal,transversa ou oblíqua. Posição: relação do dorso fetal com o lado direito ou esquerdo materno. Na situação longitudinal pode ser direita ou esquerda. Na transversa, anterior ou posterior. Atitude: pela necessidade de adaptação do feto ao espaço uterino, ele acaba por flexionar-se. Atitude é a relaçao das diversas partes do feto entre si. Ele apresenta uma flexão generalizada onde a cabeça com o mento aproxima-se da face do tórax, o que dá ao concepto uma forma ovóide, o ovóide fetal. Na apresentação pélvica, a cabeça se encontra nas mais variadas posições: fletida, lateralmente inclinada, deflexão, etc. Durante o parto, pela expansão do segmento inferior e pela incorporação da cérvice, que ascende, o feto se endireita diminuindo sua flexão. Apresentação: É a parte do corpo que está mais a frente no canal do parto. Pode ser cefálica, pélvica ou transversa. Dentro do apresentação, existe a parte da apresentação que varia de acordo com o tipo de apresentação. Apresentação transversa – a parte da apresentação será o ombro, sendo a apresentação chamada de córmica. Apresentação cefálica – a parte da apresentação pode ser o vértice (quando a cabeça e corpo estão totalmente fletidos), bregmática (com a cabeça menos fletida), fronte (cabeça quase estendida) e face (deflexão máxima). Mecanismo do parto É o estudo dos movimentos que a cabeça do feto descreve, sob a ação das contrações uterinas, a transitar pelo desfiladeiro pelvigenital.É um mecanismo passivo que visa adaptá-lo as exigências e diferenças existentes no canal do parto. A manobra de Leopold É usada para identificar a apresentação e posição do feto. Consiste em 4 manobras. Primeira manobra - Palpa-se o fundo do útero com a ponta dos dedos afim de definir a apresentação fetal. Quando é pélvica, nota-se uma sensação nodular, grande. Já quando é cefálica, palpa-se algo duro, redondo e um pouco móvel. Segunda manobra - após a finalização do processo citado acima, o examinador coloca as mãos de cada lado do abdome. Dessa vez, será observada a posição fetal! De um lado será palpado algo duro e resistente, que é o dorso. Do outro, nota-se a presença de partes pequenas, sem forma definida, que seriam os membros fetais. Terceira manobra - Dessa vez, com o polegar e dedos das mãos, o examinador segura a parte inferior do abdome da mãe. Na palpação poderão ser notadas duas coisas: algo móvel ou não. Se estiver móvel, é um indicativo de que o feto ainda não está encaixado. Aqui, cabe salientar que, no caso de não ocorrer um encaixe na pelve, por uma palpação cuidadosa é possível determinar a atitude fetal. Se a proeminência cefálica estiver do mesmo lado que os membros, a cabeça deve estar fletida e o vértice será a parte da apresentação. Mas, se a proeminência estiver do mesmo lado do dorso, é indicativo de que a cabeça está estendida. Quarta manobra - Por fim, o examinador fará uma pressão profunda, na direção do eixo da entrada pélvica, com os 3 primeiros dedos das mãos. Se uma mão for parada mais cedo que a outra por um corpo arredondado, confirma-se que a apresentação será cefálica. Pensando um pouco, é compreensível que, se a proeminência cefálica for facilmente palpável, percebe-se que o feto não desceu para o encaixe completo na pelve. Válido salientar que numa apresentação pélvica, a informação obtida com essa manobra é menos precisa. Insinuação É a passagem da maior circunferência da apresentação através do anel do estreito superior. É o encaixe do feto. A- estreito superior. Vai da margem superior da sínfese púbica até o promontório. D- estreito inferior. Vai da margem inferior da sínfese púbica até o cóccix. Para que a insuação se processe, é necessário haver redução dos diâmetros da cabeça pela orientação dos diâmetros e flexão. No início dessa fase, a cabeça fetal se encontra orientada no sentido do diâmetro oblíquo esquerdo e com a pequena fontanela voltada para a esquerda, ou seja, está no ponto E.A. A variedade de posição é a relação dos pontos de referência fetais e maternos, sendo a mais comum a OEA (occipito-esquerdo-anterior), quando lambda se relaciona com a linha íleo-pectínea esquerda materna Em fetos com apresentação córmica, é impossível ocorrer a insuação, consequência dos grandes diâmetros que se apresentam. Por isso, o parto vaginal é impossível. Por dois processos diferentes faz-se a insinuação: Insinuição estática: A flexão da cabeça ocorre por consequência da tração dos ligamentos sustentadores do órgão e pressão das paredes abdominais. Insinuação dinâmica: Surge no fim da dilatação cervical ou início do período expulsivo. Ocorre flexão por contato com o estreito superior da bacia e descida as custas das contrações expulsivas. Descida A descida, em realidade, se processa desde o início do trabalho de parto e só termina com a expulsão total do feto. Ocorre dois mecanismos: Rotação interna cabeça - quando a extremidade cefálica distende e dilata o diafragma pélvico, ocorre um movimento de rotação que leva a sutura sagital a se orientar no sentindo anteroposterior da saída do canal (o dorso fica voltado para sínfese púbica). Insinuação das espáduas - com a progressão da cabeça pelo canal, nota-se a penetração das espáduas através do estreito superior da bacia. O diâmetro biacromial é incompatível com os diâmetros do estreito superior, com isso, no período expulsivo, sofrerão redução apreciável porque os ombros se aconchegam, forçados pela constrição do canal, e se orienta no sentido de um dos diâmetros oblíquos ou transversos daquele estreito. Desprendimento Graças a curvatura inferior no canal do parto, o desprendimento vai se processar por uma deflexão da cabeça. Imediatamente após a saída, ocorre duas coisas: Rotação externa da cabeça - a cabeça sofre novo e ligeiro movimento de flexão, pelo seu próprio peso, e executa um movimento que retorna o occipital para o lado onde se encontrava na bacia, fazendo uma rotação externa. Rotação interna das espáduas - desde sua passagem pelo estreito superior da bacia, as espáduas estão com o biacromial no sentido oblíquo direito ou transverso da bacia. Quando chegam ao assoalho pélvico, orientam o biacromial na direção anteroposteior da saída do canal. Desprendimento das espáduas - Após a rotação interna das espáduas, o tronco inflexiona-se fazendo com que ombro anteriomente apresentado saia momentos antes do posteriormente localizado. As demais partes do corpo do concepto, em geral, não apresentam resistência. Colo cervical O amadurecimento do colo precede o início do trabalho de parto em várias semanas. Isto envolve várias alterações morfológicas. O útero passa de uma barreira rígida para um órgão amolecido e distensível devido à diminuição da concentração de colágeno e aumento da quantidade de ácido hialurônico e água. Apagamento é a redução da longitude do canal cervical. Ao completar-se o apagamento, o orifício cervical externo se confunde com o interno. (A) colo do útero antes do apagamento. (B) colo do útero após o apagamento. Note que o canal cervical agora é parte do segmento inferior do útero. O papel das prostaglandinas Na preparação para o parto, há mudança na síntese de PG no útero. (PGI2 no momento de quiescência, isto é, sem atividade contrátil para síntese de PGE2 ou PGE2alpha, quando o útero volta a responder aos estímulos contráteis). Resumindo, as uterotropinas ressensibilizam o útero a responder aos estímulos contráteis, promovidos pelas uterotoninas. As PGs promovem liberação de CA++ no espaço intracelular, determinando a formação das junções comunicantes, o que conduz o potencial de ação célula a célula mais eficazmente. O papel da ocitocina A ocitocina não tem função para iniciar o parto, hoje se compreende que seu papel está relacionado com a condução do trabalho de parto, ou seja, trabalha como uma uterotonina maximizando as forças miometriais envolvidas na expulsão do feto. Em suma, seu principal papel está relacionado com a lactação. Fases clínicas do parto Clinicamente, o estudo do parto analisa três fases principais (dilatação, expulsão e secundamento) precedidas de estádio preliminar, o período premunitório (pré-parto). Há tendência a considerar um quarto período, que compreenderia a hora imediata a saída da placenta. O parto resume-se na abertura de dois diafragmas, o cervicossegmentário (colo do útero) e vulvoperineal, através dos quais há de passar o feto. Período premunitório (pré-parto) Essa fase constitui-se pela descida do fundo uterino, acarretando mudanças no corpo materno. A cúpula uterina (parte do fundo do útero) baixa de 2 a 4 cm, possibilitando aumento da ventilação pulmonar, o que é muito importante para o processo do parto. Quando o polo cefálico do feto se encaixa no estreito superior, ocorre um aumento de dores lombares, estiramento das articulações, etc. Além disso, há um aumento de secreção provenientes das glândulas cervicais, gerando eliminação excessiva de muco, muitas vezes acompanhadapor sangue. Inicia-se uma percepção das contrações uterinas que começam a se tornar dolorosas. A atividade uterina com suas contrações são reduzidas até a 30ª semana de gestação. A partir da 36ª, ocorre uma intensificação. A fase do pré-parto é caracterizada pelo amolecimento do colo uterino e apagamento*. Esse último anuncia a incorporação da cérvice ao segmento inferior, e caracteriza a madurez. * O apagamento seria a diminuição do comprimento do colo uterino. Dá-se atenção para o abaixamento do colo, uma vez que o parto só iniciará com esse fator. Uma maneira de identificar um falso trabalho parto é a observação de mudanças no colo uterino. Muitas vezes a mãe apresenta contrações que não vão causar as modificações no colo e aí sabe-se que não se trata do momento real do parto. No entanto, é complicado saber o momento exato do início do parto, uma vez que ocorre de maneira gradual. Fase de dilatação – Fase 1 Inicia-se com as contrações dolorosas, que começam a modificar ativamente o cérvice e termina quando sua amplitude chega a 10cm. A maioria das parturientes referem dor no hipogástrio. Nas primíparas, o tempo de dilatação vai de 10 a 12 horas. Nas multíparas, de 6 a 8 horas. Durante o período abre-se o cervicossegmentário e se forma o canal do parto que se continua com o trajeto uterovaginal. Dilata-se o colo uterino através da tração das fibras longitudinais do corpo e de outros fatores convergentes (bolsa das águas e apresentação). O diafragma cervicossegmentário abra-se através do apagamento e dilatação. Nas primíparas - 1º apagamento e, depois, dilatação. Nas multíparas - ocorre simultaneidade dos dois. Ocorrem 2 a 3 contrações, com duração de 30 a 40 segundos, a cada 10 min. Além de ocorrer a dilatação, ocorre o rompimento da bolsa das águas. Fase de expulsão – Fase 2 Inicia-se com a dilatação completa e se encerra com a saída do feto. É caracterizada pela associação sincrônica da força contrátil do diafragma e da parede abdominal. As contrações uterinas tornam-se mais intensas e frequentes, ocorrendo 5 a 6 contrações a cada 10 min, com duração de 60 a 80 segundos. O feto passa através do canal de parto, dilata o colo, passa pela vagina e distende o diafragma vulvoperineal. A lavagem retal, episiotomia e tricotomia NÃO são procedimentos de rotina em um parto normal. Para a episiotomia existem indicações, sendo a principal o sofrimento fetal, onde a mais usada é a médio lateral. Durante a expulsão, é feita a avaliação cardiofetal clínica 5 minutos antes, durante e depois das contrações. O momento ideal para pinçar o cordão umbilical de todos os recém-nascidos, independente da sua idade gestacional, é quando a circulação do cordão umbilical cessou, o cordão está achatado e sem pulso (aproximadamente 3 minutos após o parto). Unidades Montevidéu mede a atividade uterina, sendo obtida através do produto da intensidade (tempo) pela frequência 1. A ausculta é feita 30 segundos após o término da contração (não todas). 2. Pressão arterial da mãe, batimento cardiofetal e dinâmica uterina diferenciam no intervalo de tempo de verificação a depender do estado de saúde da mãe. Partograma É a representação gráfica do trabalho de parto que permite acompanhar a sua evolução, documentar, diagnosticar alterações e indicar a tomada de condutas apropriadas para a correção de desvios, evitando intervenções desnecessárias. Secundamento, deslocamento ou decedura É composto por três fases fundamentais: 1. Deslocamento (dequitação ou dequitadura) Após a expulsão do feto e da saída do restante do líquido amniótico, o volume uterino regride subitamente, a placenta se descolará pela retração da parede uterina e neste ponto se formará o hematoma retroplacentário. O deslocamento placentário se concretiza de duas formas: a) Mecanismo de Baudelocque-Schultze ou Mecanismo de Baudelocque- Duncan Isso a depender de onde estava localizada a placenta, se no fundo do útero ou na parede lateral do útero, respectivamente. No primeiro, a placenta se apresenta antes do fluxo sanguíneo do hematoma e pela face fetal. No segundo, o sangue se apresenta antes da placenta, que sai exteriorizando a face materna. 2. Descida Descolada, a placenta é forçada para o segmento inferior e vagina pela força das contrações uterinas e pela pressão do hematoma. 3. Expulsão A presença da placenta na vagina determina novamente a sensação de puxos (que é sentida na hora do parto também, não é nada além da força exercida pelo assopro com a glote fechada, como na Manobra de Vasalva). Frequentemente, se faz necessária alguma forma de intervenção manual para expulsar completamente a placenta. Completa a expulsão da placenta, o fundo uterino desce abaixo da cicatriz umbilical e adquire “consistência lenhosa permanente” – globo de segurança de Pinard – o principal mecanismo de homeostasia após o secundamento. A perda sanguínea é inevitável, e em média tem volume de 300 a 500 ml nas mães hígidas (com boa saúde). A consistência lenhosa é o mesmo que consistência dura. É importante para evitar um sangramento exagerado. Quarto período É também chamado de período de Greenberg, que considera a primeira hora após a saída da placenta, momento tão importante que lhe reserva uma das fases do parto, pelos riscos imanentes de hemorragia e pelo descuido quase universal daqueles que acompanham nossas puérperas. Há de salientar-se a importância de bem compreender o mecanismo da retração uterina e de formação normal de coágulos na superfície interna da matriz, que ficou aberta e sangrante após a expulsão da placenta. O quarto período tem fases típicas a caracterizá-lo: 1. Miotamponagem. Imediatamente após a expulsão da placenta o útero se contrai e é palpável um ponto intermediário entre o pube e o umbigo. A retração inicial determina a laqueadura viva dos vasos uterinos, constituindo a primeira linha de defesa contra a hemorragia . 2. Trombotamponagem. É a formação de trombos nos grandes vasos uteroplacentários, constituindo hematoma intrauterino que recobre, de modo contínuo, a ferida aberta no sítio placentário. Esses trombos são aderentes, pois os coágulos se continuam com os mencionados trombos dos grandes vasos sanguíneos uteroplacentários. Os coágulos enchem a cavidade uterina, à medida que a matriz gradualmente se relaxa e atinge, ao fim de uma hora, o nível do umbigo. Tal é a segunda linha de defesa contra a hemorragia, quando o estágio de contração fixa do útero ainda não foi alcançado. A contração do miométrio e a pressão do trombo d e terminam o "equilíbrio miotrombótico". 3. Indiferença miouterina. O útero se torna "apático" e do ponto-de-vista dinâmico apresenta fases de contração e de relaxamento, com o perigo de encher-se progressivamente de sangue. Maior a paridade ou mais prolongados os três primeiros estágios da parturição, tende a crescer o tempo de indiferença miouterina. O mesmo ocorreria após partos excessivamente rápidos, polidrâmnio, prenhez múltipla e feto macrossômico, à conta da excessiva distensão da matriz. 4. Contração uterina fixa. Normalmente, decorrida uma hora, o útero adquire maior tono e assim se mantém. Puerpério Puerpério, sobreparto ou pós-parto, é período cronologicamente variável, de âmbito impreciso, durante o qual se desenrolam todas as manifestações involutivas e de recuperação da genitália materna havidas após o parto. Pós-Parto imediato (1º ao 10º dia) Predomina a crise genital, prevalecem fenômenos catabólicos e involutivos. O útero desce cerca de 1 cm ao dia e no 10º dia jánão deve ser mais palpável, uma vez que se apresenta abaixo da sínfise púbica. Três dias após o parto a cérvice já está anatomicamente reconstituída. Parte do endométrio, a decídua, é expulsa e, a outra parte, vai regenerar o tecido endometrial. O lóquio, ou seja, o fluxo genital decorrente da drenagem uterina sofre modificações. Nos primeiros dias é sanguíneo, a partir do 5º dia, torna-se acastanhado e por volta do 10º dia apresentar-se serossanguíneo. Pós-parto tardio (10º ao 45º dia) A recuperação genital toma impulso. O útero termina de regredir e o lóquio se torna apenas seroso. Pós-parto remoto (além do 45º dia) Sua duração é imprecisa e muda se a mãe está lactando ou não. Em média, nas não-lactantes a menstruação ocorre 1,5 mês após e precedido e ovulação sim. Nas lactantes depende do período de aleitamento. Válido salientar que, em mulheres que amamentam, a regeneração vaginal é mais rápida. Caso 06 – Métodos contraceptivos Marília de Lima “Conjunto de ações que auxiliam as pessoas que pretendem ter filhos e também quem prefere adiar o crescimento da família" Assegurado pela constituição federal, e pela lei nº 9.263/96, o planejamento Planejamento familiar familiar é um método que, além de prevenir gravidez indesejada, gravidez de altos riscos etc, promove qualidade de vida ao casal que regula seu padrão de vida tendo apenas a quantidade de filhos planejada. No Brasil, a política Nacional de Planejamento Familiar foi instituída em 2007, ofertando oito métodos contraceptivos gratuitos e venda de anticoncepcionais no programa “Farmácia Popular”. Desta forma estabelecida, todas as mulheres na idade fértil (10 aos 49 anos) têm acesso aos anticoncepcionais, entretanto na maioria dos casos é necessária uma consulta prévia com profissionais de saúde, a fim de lhes serem mais bem esclarecidas as vantagens e desvantagens de cada método e, desta forma, escolher em conjunto o método mais apropriado para cada caso. Planejamento familiar X Controle de qualidade PLANEJAMENTO FAMILIAR CONTROLE DE NATALIDADE Promove a saúde Promove a redução ou aumento de população É direito do cidadão É uma política do Estado Opção livre e consciente Imposição do Governo ao cidadão É um dever do estado Sua execução é indiscriminada. Controle de Natalidade é uma ação governamental em que se tem uma meta estipulada para o crescimento ou redução “ideal” da população, segundo critérios político-administrativos, e por isso é o governo determina a quantidade de filhos que um casal deve ter. Sobre as formas e a escolha dos métodos de anticoncepção é dever do profissional de saúde: Atividades educativas Aconselhamento Atividades clínicas Sendo sempre desenvolvidas de forma integrada e procurando manter o caráter educativo de cada intervenção, expandindo, ainda, para o enfoque da proteção contra DST, além da contracepção. A escolha do método cabe apenas ao casal, tendo o profissional de saúde o papel de ofertar todas as alternativas de métodos anticoncepcionais, educando e esclarecedor sobre as indicações, contra-indicações e implicações de uso. Desta forma, o casal possui todos os elementos necessários para a tomada da decisão de forma livre e consciente. O Ministério preconiza, ainda, o acompanhamento clínico-ginecológico ao usuário independente do método escolhido. Métodos contraceptivos Resumindo, os fatores a serem considerados na escolha do método de contracepção são: - A escolha da mulher, do homem ou do casal - Características dos métodos - Fatores individuais e situacionais relacionados aos usuários do método Nem sempre o método escolhido pelo casal é o mais apropriado, mas o médico deve sempre priorizar essa escolha. Sendo totalmente contra-indicado, cabe ao profissional orientar o casal a escolher outro método. Essa busca ativa por métodos é fator primordial para a eficácia da intervenção em contracepção e planejamento familiar. Os métodos anticoncepcionais podem ser classificados em dois subgrupos: Reversíveis: Definitivos I. Comportamentais; I. Irreversíveis II. De barreira; III. Intra-uterinos; IV. Hormonais; V. De emergência. Reversíveis MÉTODOS COMPORTAMENTAIS Também conhecidos como métodos naturais de contracepção. São baseados no conhecimento do período fértil, e é composto por práticas de abstinência ou relações em que os espermatozóides não são depositados na vagina. Vantagens I. Gratuitos II. Não trazem malefícios ou efeitos colaterais III. Permite casais seguirem normas religiosas que coíbam outros métodos contraceptivos IV. Não há demora no retorno à fertilidade V. Ensinam a mulher a conhecer melhor seu corpo Desvantagens I. Irregularidades no ciclo menstrual atrapalham a eficácia II. Eficácia moderada Eficácia Efeitos secundários Aceitabilidade Disponibilidade Facilidade de uso Reversibilidade Proteção a doenças sexualmente transmissíveis (DST) e infecção pelo HIV Método de Ogino-Knaus (tabelinha) De acordo com os conhecimentos fisiológicos do ciclo menstrual da mulher, e considerando este ciclo como matemático e retrospectivo, convenciona-se que, num ciclo padrão de 28 dias: O primeiro dia fértil é calculado subtraindo 18 dias de duração do ciclo O último dia fértil é calculado subtraindo 11 dias de duração do ciclo. Para ciclos irregulares, subtrai-se 18 do ciclo de menor duração e 11 do ciclo de maior duração. Quanto maior a diferença, maior o período de abstinência. O intervalo de observação para verificação da duração dos ciclos deve ser feito por, no mínimo, 6 meses. Exemplo: uma mulher observou durante 7 meses que seus ciclos eram irregulares. O ciclo de maior duração teve 30 dias e, o de menor, 24 dias. 30 dias - 11 = 19 24 dias - 18 = 6 Sendo assim, a mulher deve ficar sem relação sexual desde o 6º até o 19º dia do ciclo menstrual de cada mês. Método de Billings (muco cervical) Sabendo da diferença na constituição do muco cervical durante o período fértil, o método de Billings pode ser adotado. Durante a fase fértil, em que o índice de estrógeno está elevado, o muco cervical se torna abundante, aquoso, transparente e filoso. Com o aumento de progesterona, o muco se torna opaco, escasso, espesso e sem filância. Relações sem que haja ejaculação na vagina Práticas sexuais diversas em que não há depósito de espermatozóides na vagina da mulher. Notadamente, destaca-se nesta conformação, o coito interrompido. Além de sexo oral, sexo anal, masturbação mútua etc. MÉTODOS DE BARREIRA São objetos que impedem a ascensão do espermatozóide no trato genital feminino. Condom Masculino (camisinha) É um envoltório para o pênis, feito de látex. É o principal meio de prevenção do HIV, atualmente disponível. A camisinha deve ser usada apenas 1 vez, e com os devidos cuidados para que sua eficácia seja a máxima possível. O uso de condom não provoca efeitos colaterais, salvo raros casos de alergia ao material de que é constituído Seu uso requer alguns cuidados que, embora pareçam óbvios, nem sempre são respeitados, causando falhas. Tais cuidados incluem: ser de boa qualidade; estar íntegro; abrir corretamente o invólucro, evitando comprometer a integridade do condom; colocá-lo sempre antes de qualquer penetração, com o pênis em ereção, tendo-se o cuidado de retirar o ar da pequena bolsa que existe na sua extremidade fechada, destinada a deposição do esperma ejaculado; evitar manobras que possam causar ruptura; retirar o pênis da vagina ainda com boa ereção, evitando, assim, a ocorrência de extravasamentos de esperma; usar apenas uma vez e descartá-lo. Condom Feminino (camisinha feminina) É uma bolsa cilíndrica feita de plástico fino, de mesmo comprimento da camisinha masculina e possui dois anéis flexíveis, um em cada extremidade. Sendo um lado ocluso e o outro não. Antes da relação sexual a mulher deve inserir a camisinha na vagina pelo lado ocluso e a relação sexual deve ser feita tomando cuidado de o pênis ser corretamente penetrado dentro do invólucro de plástico. Espermicidas São substâncias químicas que quando introduzidas na vagina comprometem a vitalidade dos espermatozóides e servem de barreira para a entrada no trato genital superior. Apresenta-se de várias formas, sendo gel, cremes, espuma e tabletes as mais comuns. Em geral não é usada como único método, sendo usado em associação. Deve ser colocado o mais próximo possível do cérvix. Diafragma O diafragma é uma membrana de silicone, em forma de cúpula que é colocado pela própria mulher antes do ato sexual. Tem formato circular quando em repouso e, no momento da inserção, assume uma forma de oito. Deve cobrir completamente a cérvice e a parede anterior da vagina. Geralmente, é usado com o espermicida. É um método complicado e que demanda disciplina e cuidado no manejo, a fim de evitar a concepção. Seu uso também está relacionado com o aumento de vaginoses e reações alérgicas. DISPOSITIVOS INTRA-UTERINOS O Dispositivo Intra Uterino – DIU é um aparelhinho feito de um plástico especial, que vem enrolado por um fio de cobre bem fino. Apenas o médico pode colocar o DIU dentro do útero da mulher. O DIU tem um tempo de validade (cerca de 6 a 10 anos), dependendo do tipo. Segundos várias pesquisas, o DIU é um método de contracepção bem sucedido e com taxas de insucesso baixas. Sendo o DIU com LNG (secretores de hormônio - Progesterona/levonorgestrel) ainda mais eficaz. A PNDS (Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criaça e da Mulher, em 2006) mostrou que 80% das mulheres usam de algum método para evitar a gravidez. A pílula anticoncepcional e o Dispositivo Intrauterino (DIU) são os mais usados pelas brasileiras. Pode provocar dor, sangramento, perfuração uterina, etc. O DIU interfere na vitalidade e motilidade espermática; diminui a sobrevida do óvulo. Pode ser hormonal e não hormonal. Não-hormonal - DIU de cobre. Tem validade de 10 anos Hormonal - DIU de LNG (levonorgestrel). Libera pequenas quantidades de progesterona na cavidade uterina, causando atrofia do endométrio. Altera o muco cervical e tem prazo de validade de 05 anos. MÉTODOS HORMONAIS Pílulas Anticoncepcionais As pílulas anticoncepcionais são comprimidos feitos com substâncias químicas semelhantes aos hormônios encontrados no corpo da mulher. Elas impedem a ovulação, evitando, assim, a gravidez. Existem diferentes tipos de pílulas, as mais usadas vêm em cartelas com 21 comprimidos. A pílula só faz efeito se tomada corretamente. Anticoncepcionais Injetáveis Se apresentam de duas formas: 1. Mensais (combinados) 2. Trimestrais (só de progesterona) Implantes São pequenas cápsulas ou bastões de material plástico e que, após implantado no subcutâneo, libera hormônio gradualmente, impedindo a ovulação. Adesivos cutâneos com hormônios Os hormônios liberados são absorvidos diretamente na circulação sistêmica e tem mecanismo de ação semelhante aos outros métodos hormonais. Possue os 2 hormônios (estrogênio e progesterona). MÉTODOS DE EMERGÊNCIA A anticoncepção de emergência afeta vários processos da fisiologia da reprodução. Pode prevenir a ocorrência da ovulação, Interfere com a fertilização, com o transporte do embrião para o útero, ou inibe a implantação no endométrio. O modo preciso de ação ainda não é bem conhecido. Sua prática deve ser desaconselhada e desestimulada. Este método é bastante utilizado na prevenção de gravidez após crimes sexuais. Deve ser tomado em até 72 horas após a realização sexual, tendo o maior efácia quando tomado o quanto antes. A anticoncepção pode ser feita com uma único comprimido ou com dois. No último caso, a segunda pílula deve ser tomada 12 horas após a ingestão da primeira. Definitivos ESTERILIZAÇÃO Além dos métodos recomendados pelo Ministério da Saúde existem formas de evitar definitivamente a gravidez através de cirurgia. Pode ser feita no homem ou na mulher. No homem chama-se vasectomia e na mulher Pacientes com doenças crônicas, problemas cardiovasculares e hepáticos NÃO podem usar anticoncepcionais combinados. Interessante saber que o anticoncepcional de progesterona pode ser utizado no puerpério imediato de mães que amamentam. laqueadura (amarração ou ligadura de trompas). Laqueadura: É uma operação feita nas trompas, para impedir o encontro do óvulo com o espermatozóide, evitando assim, a gravidez. Vasectomia: É uma operação feita no órgão genital do homem (canal deferente), que impede a passagem de espermatozóides (células reprodutoras do homem). Mesmo fechando o canal deferente, o homem continua expelindo um líquido, o sêmem, que não contém os espermatozóides e, portanto, não fecunda a mulher. As duas operações não modificam a libido ou a capacidade de ereção e ejaculação. O SUS em 2013 começou a ofertar aos seus usuários com dificuldade de engravidar (casais que tentam há, pelo menos, 1 ano) a fertilização in vitro. No Brasil, até o dia 23/09/2013 apenas os estados de Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal oferecem este serviço. De acordo com informações do Ministério da Saúde, em alguns casos o tratamento é integralmente oferecido pelo SUS, em outros, apenas uma parte. Critérios para realização: 1- somente é permitida a esterilização voluntária em homens ou mulheres com capacidade civil plena, maiores de 25 anos ou, pelo menos, 2 filhos vivos; 2- deve ser aguardado prazo de 60 dias entre a expressão do desejo da esterilização e sua realização; 3- a esterilização é permitida se houver risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, desde que testemunhado em relatório escrito e assinado por 2 médicos; 4- deve ser elaborado documento que expresse a vontade pela paciente, contendo informações sobre os riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldade de sua reversão e opções de contracepção reversível. Este documento deve ser assinado pelo cônjuge, quando houver sociedade conjugal; 5- não se pode realizar a LT nos períodos parto ou aborto, a não ser nos casos de necessidade por cesarianas sucessivas prévias; 6- não se pode fazer esterilização por outro procedimento que não seja LT ou vasectomia; 7- em pessoas incapazes, a esterilização só pode ser feita mediante autorização judicial. Fertilização Assistida INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL O objetivo da inseminação artificial é depositar os espermatozóides, após um processo de melhoramento, no local onde normalmente ocorre a fecundação (nas trompas). Comumente há uso de medicamentos na mulher paraque ela aumente sua produção de ovócitos e a ovulação passa a ser acompanhada por USG para se identificar com precisão o melhor momento para a realização do procedimento. FERTILIZAÇÃO IN VITRO Popularmente conhecida como “bebê de proveta” é a técnica de reprodução assistida mais utilizada no mundo, já tendo nascido mais de 1 milhão de crianças por este método. Resumidamente, a mulher é medicada a fim de aumentar sua produção de ovócitos, que no momento certo são coletados via punção vaginal, guiada por USG. Em seguida são colocados em um recipiente apropriado junto com espermatozóides e guardados em uma incubadora por cerca de 2 dias, quando são transferidos para o útero da paciente. Habitualmente devem ser no máximo 4 embriões transferidos para o útero materno, para evitar gestações múltiplas. No caso de excesso de embriões, eles são congelados, não sendo descartados de maneira alguma. MICROMANIPULAÇÃO Desenvolvida há poucos anos, consiste na introdução de um espermatozóide em um ovócito por meio de uma agulha, promovendo a fecundação. Esta técnica é especialmente utilizada por casais em que o homem ou a mulher não possui gametas suficientes para fecundar, ou em maturação apropriada ou qualquer outro viés que impeça a concepção.
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