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O significado de República Celso Lafer

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I 
1. 
teono república tem mais de um 
significado. No seu sentido mais 
amplo, denota comunidade polí­
tica organizada. Tem como cor­
respondente, em grego, politéia -
origem da palavra inglesa poli/y; Iam­
bém vertida em latim por cívitas, 
que, em inglês, Hobbes traduziu por 
commonwealth. Na terminologia das lín­
guas neolatinas, corresponde, grosso 
modo, ao atual conceito de Estado, de 
uso corrente a partir de Maquiavel que, 
semanticamente, Lransformou a situação 
- o status (de onde provém a palavra 
estado) rei publicae, em condição de 
uma comunidade política, assinalada 
pelos requisitos da existência de um 
povo, de um governo e de um território. 
A comunidade política, enquanto 
organização do governo de vida coletiva 
de um povo num território, tem, 
historicamente, várias modalidades 
ÚfwMJ HisllHicOJ, Mio de Janeiro, .. 0J. 2. n. 4, 1989, P. 214 ·22A. 
o Significado de 
República 
Celso Lafer 
possíveis. O estudo dessas modalidades 
e a sua avaliação é um dos temas 
recorrentes da teoria política, que as 
examina sob a rubrica de foonas de 
governo, e é neste contexto que o teono 
república passa a ter uma especificidade 
conceiwal que vou buscar explorar, com 
remissões à experiência brasileira, neste 
trabalho.' 
2, Cabe registrar preliminarmente que, 
nos últimos 60 ou 70 anos, o desapareci­
mento generalizado dos governos mo­
nárquicos tomou a distinção entre mo· 
narquia e república uma classificação 
pouco abrangeme da realidade política. 
Entrelanto, até o século XIX, República, 
como foona de governo, contrapõe-se a 
Monarquia, e foi assim que em nosso 
país, no século passado, a propaganda 
republicana contestou a legitimidade do 
poder de uma só pessoa - o Imperador 
- exercido por direito hereditário que, 
dispensando o voto do povo, não seria 
representativo da maioria da nação. 
o SIGNIFlCAOO DE REPúBUCA 215 
A contraposição enlIe Monarquia e 
República remonta aos romanos que. de­
pois da exclusão dos reis. subsútuíram o 
regllunl - o governo de um SÓ - pelo 
governo de um corpo coletivo_ É interes­
sante observar que. etimologiearnente. 
monarquia significa poder de um SÓ e 
que. nesta linha. os termos correspon­
dentes. que nos vêm da tradiçl!o grega 
desde Heródoto. e que eslllo incorpora­
dos em nossa língua. Sl!o os de aristocra­
cia - o poder dos melhores. que Sl!o 
poocos - e democracia - O poder do 
povo. que são mui lOS. O que há em 
comum nestes lIês termos. como tam­
bém em tirania. oligarquia e oclocracia. 
que Sl!o as suas formas negativas. é 
"areM". princípio. ou seja. o que se 
discute é o princípio do governo por 
parte de um. de poocos ou de muitos. 
Neste sentido. aliás. a partir do mo­
menlO em que. na Idade Moderna. as 
monarquias na Europa. a começar pela 
inglesa. consúLUcionalizararn-se e se par­
larnentarizaram. deixaram de scr o go­
verno de um só. Por isso. do ponlO de 
vista das formas de governo em que se 
examina a estrutura do poder e as rela­
ções entre os vários órgãos do Estado. a 
dicotomia Monarquia. governo de um 
SÓ. e República. govemo de um corpo 
• 
coletivo. deixou de ser precisa. E por 
r-SS3 razão que. atualmente. o que põe 
em evidência a diversa relação entre os 
poderes do Estado incumbidos do gover­
no da vida coletiva é a dicotomia presi­
dencialismo. na qual vigora uma separa­
çl!o entre o Poder Executivo e o legisla­
tivo. e o parlamentarismo. no qual pre­
valece um complexo jogo de interdepen­
dência entre o Executivo e o Legislativo. 
que Sl!o poderes distintos mas não inde­
pendentes um do outro.' Não é. no en­
tanlO. para O princípio do governo por 
parte de um. poucos ou muitos. e para a 
estrutura do poder e as relações entre os 
vários órgãos do Estado. que aponta a 
eúmologia de república 'que convém. por 
isso mesmo. referir. nesta tentativa de 
análise conceitual do LcnnO. 
3. República vem do latim res publica. 
lil.Cralmente o bem público. chamando. 
portanto. a etimologia da palavra a alen­
çl!o para a coisa pública. a coisa comum. 
Foi Cícero quem classicamente exa­
minou a especincidade do conceito de 
república. ao diferenciar res publica de 
ouU"as, como a privata, a domestica, a 
familiaris. estabelecendo. dessa maneira. 
uma distinção enlIe o público. isto é. o 
comum- que corrcsponde. no grego an­
tigo. às formas substanciadas do adjetivo 
Iwinós (comum. público) e. moderna­
mente. à expresSl!o italiana il comUM. ao 
alemão die Gemeinde - e o privado. 
que não é comum a lOdos. mas é parti­
cular a alguns. 
Para Cícero. o público diz respeilO ao 
bem do povo que. para ele. não é uma 
multidão qualquer de homens mas sim 
um grupo numeroso de pessoas associa­
das pela adeSl!o a um mesmo direito e 
voltadas para o bem comum. São. por­
tanlO. na concepção ciceroniana. dois os 
vínculos que configuram o populus • 
como o destinário da res-publica: con­
sensus juris (o consenso do direito) e 
communis uli/ilalis (a comum utilidade). 
c são as conotações a eles inerentes o 
que vou tentar explorar. para delinear o 
significado de república.' 
11 
4. O consensus juris ciceroniano na 
história das idéias políticas indica o 
papel do direilO para que a res publica 
não se veja compromeúda pela violên-
216 ESTUDOS IUSTORICOS - 1989/4 
cia e pelo arbítrio. Daí, modernamente, o 
ter este conceito em Kant se precisado 
na constituição, enquanto idéia re­
guladora da razão prática, necessária 
para e.<tabelecer-se um estado de direito, 
entre uma multiplicidade de homens em 
relação recíproca na rtS publica.' 
Por obra da irradiação da Revolução 
Francesa, de idéia reguladora, a consti­
tuição converteu-se na idéia-força de um 
"consensus juris" emanado de uma 
constituinte livre e soberana. Este ingre­
diente conceitual viu-se. assim, assoc ia­
do ao significado de república, pois O 
direito deixou de ser visto como a ex­
pressão do poder soberano do rei, pas­
sando a ser concebido como O poder da 
nação organizada 
É importante chamar a atenção para a 
nova relação acima mencionada entre 
República e Revolução Francesa, pois 
com esta a soberania deixou de ser a ex­
pressão ex portt principis de uma legi­
timidade dinástica e passou a ter, moder­
namente, como critério, a legitimidade 
haurida na vontade popular. Esta pers­
pectiva ex porte popuJi da soberania se 
expressa, também, no plano internacio­
nal. Dela decorre, no século XIX, O prin­
cípio das nacionalidades e, no século 
XX, O da autodeterminação dos povos. 
Ambos, com efeito, fundamentam- se na 
liberdade de aulO-expressAo individual e 
coletiva dos cidadãos e da comunidade 
política que a modernidade erigiu como 
um valor a ser tutelado. Por isso passou 
a ser o padrão para juíws, no sistema 
internacional, a respeito de como a sobe­
rania de um Estado pode ser afirmada ou 
transferida e de como se regula a suces­
são e a secessão de Estados.' 
Foi seguindo este critério de legitimi­
dade no plano interno e internacional 
que a política externa brasileira, logo 
após 1889, buscou afirmar no campo dos 
valUies a identidade republicana do Bra­
sil, tendo em vista que, nas Américas. 
era tido, desde a Independência, como o 
"diferente", por força das instiwiçOes 
monárquicas 
Afirmava Quintino Bocaiúva, o pri­
meiro chanceler da República, que a 
política internacional do Governo Provi­
sório visava, in/er alia, fazer "entrar O 
Brasil, antigo Império, na famOia das 
Repúblicas americanas, não como um 
estranho suspeito, mas como um irmão". 
Neste sentido, a "americanização" das 
relaçOes exteriores do Brasil - que se 
aprofundou com a República e que vai 
marcar um afastamento do "concerto eu­
ropeu" - viu-se justificada pela "repu­
blicanização" da política exterior do 
país' 
• 
E importante também observar que, 
tendo a Revolução Francesa sido 
concebida como uma ruptura com aHis­
tória francesa, a liberdade, na República 
dela derivada, não foi concebida à ingle­
sa - como liberdades, OU seja, como 
franquias, imunidades e privilégios sedi­
mentados pelo tempo, mas sim como 
uma liberdade baseada na igualdade. Va­
Ie dizer: na similitude da condição 
humana dos que, em conjunto, estão li­
vremente construindo a comunidade 
política, e que, além do mais, não são 
apenas livres e iguais, mas irmãos, por 
obra da secularização do conceito cristão 
de filhos de Deus, do qual deriva a 
fraternidade, O terceiro termo da divisa 
da Revolução Francesa.' 
Estes ingredientes conceituais tiveram 
vigência entre nós, pois foi nesta linha 
que o Manifesto Republicano de 1870 
criticou a Constituição Imperial, como 
uma carta outorgada, de ranço dinástico, 
imposta à soberania nacional.' Por terem 
sido também outorg,.,Jas ex parte princi­
pis, foram criticadas as cartas de 1937 e 
o SIONIFJCADO DI! REPOBUCA 217 
1969. Tancredo Neves, no seu discurso 
no Eslado do Espírito 58010, em 15 de 
novembro de 1984, sobre a Nova Repú­
blica, seguiu esIa l78diçao ao apo"1ar o 
papel que deveria ter a Constituinte a ser 
eleila em 1986, eliminando, na nova 
Constituição, os reslduos autoritários 
impostos pelo regime de 1964, e indica­
tivos da violência e do arbllrio. 
111 
S. A busca da cOmmJUlis ulililalis na res 
publica, o outro componente de que 
falava Cícero, requer um popuJus frugal 
e incorruptível. EsIaS características fo­
ram, na História das idéias políticas. vis­
IaS como o apanágio da Roma Republi­
cana, na qual vicejavam as virtudes de 
uma cidadania cuja ambiçao maior era 
servir à pálria 
No pensamento contemporâneo, a 
contribuiçao das vinudes clvicas do ci­
dadao, como ingrediente ind.ispcnsável 
de uma res publica demoerática - pois 
nao há democracia sem democralaS -
foi devidamente realçada pelo esladisla 
francês Pierre Mendês-France no seu li­
vro de 1962 A República modufIlJ, que 
enriqueceu a reOexao sobre o tema, com 
a estética de seu estilo, por ele também 
iluminada com a ética de sua açao públi­
ca' 
• 
6. Na reOexão polflica, o papel dos 
senumenLOs, inclusive os virtuosos. que 
fazem agir o populus, foram sublinhados 
de maneira muito interessante por Mon­
tesquieu, no EsplrilO das Leis. Com 
efeito, ao distinguir, no Livro li, O 
despotismo (para ele o governo de um 
só, sem leis fixas e eslabelccidas), a 
monarquia (no seu entender O governo 
de um SÓ de acordo com leis fIXas e esla-
belecidas) e a república (onde O povo -
democracia - ou pane do povo -
aristocracia - delém o poder soberano), 
observa, no Livro lll, ao cuidar dos 
princípios que os impulsionam, que o 
despotismo depende do medo, a monar­
quia da honra e a república da virtude. 
A virtude republicana é, pois, para 
Montesquieu, que se inspira na lJadiçao 
romana, uma virtude polftica, um senti­
menlO que passa pelo respeito às leis e 
pela devoçao do indivíduo à coletivida­
de. Neste sentido, ao contrário da monar­
quia que se baseia na diferenciaçao e na 
desigualdade (o privilégio da religião, 
raça, sabedoria e posiçao, como dirá o 
ManifeslO Republicano de 1870), e do 
despotismo, que se funda na Igualdade 
dianle do medo e na impolência derivada 
da nao participaçao no poder soberano, a 
igualdade republicana, na liçao aggior­
fIlJla de Montesquieu, t uma igualdade 
na virtude. 
Esla dimensão de virtude, na campa­
nha republicana em nosso país, está vin­
culada ao positivismo que nao foi apenas 
um movimenlO de idéias, a exprimir o 
cientificismo então em voga, mas tam­
bém uma atitude cívica, que incutiu, 
como observou Afonso Arinos, dignida­
de pública ao ploc.edimenlO de muitoS 
pr6ceres e adeptos da idéia republi­
cana10 
7. É interessanle lembrar que, na sua 
reOexão, MonleSquieu observa a exislên­
cia de liames entre o tipo de regime polí­
tico e a dimensão da sociedade. No livro 
VIII do Espírito das leis, indica que um 
império de vaslaS dimensOes territoriais 
pressupõe O despotismo; um Eslado de 
dimensão média, uma monarquia, e que 
é de natureza da república um território 
pequeno. Esla conexao entre o tamanho 
do território e o regime político está, de 
218 ESTUDOS IDSTÓRJCOS - 1989/4 
um lado, vinculada a uma percepção 
sociológica sobre os sentimenlos de 
medo, honra e virlude que o volume da 
sociedade pode ou não ensejar e, de ou­
tro, à observaçAo hislÓrica." 
HislOricamente, cabe observar que o 
Estado moderno, na Europa. nasceu e se 
consolidou como Estado monárquico. O 
mesmo, diga-se entre parêDleses, ocorreu 
entre nós, pois foi com 8 monarquia que 
nasceu o Estado brasileiro e se conso­
lidou o Estado nacional. É, portanto, 
também por razOes hislÓricas que, de 
Bodin a Hegel, a monarquia aparece 
como paradigma do Estado moderno. Já 
O despotismo, quando discutido neste 
arco teórico, surge como O exotismo dos 
impérios extra-europeus, e a república 
como o regime apropriado para peque­
nos terrilÓrios. 
Dal, no início da Idade Moderna, a 
divisa0 feita por Maquiavel, no capílulo 
I de O Pr(ncipe, entre os principados -
ou seja, os reinos - que apontavam para 
as novas realidades da Inglaterra, da 
França e da Espanha, e as repúblicas 
(arislOCráticas ou democráticas), como 
Gênova, Veneza e Florença, que deles se 
diferenciavam inclusive pelo importante 
dado da extensao terrilOrial. Dal, tam­
bém, a referência por ele feita, no capI­
tulo IV de O Pr(ncipe, ao despotismo da 
relaçoo senhor-escravo que caracteriza­
va, na época, o vaslO Império Olomano." 
8, A perfectibilidade de uma república, 
por obra das virtudes clvicas que ani­
mam a cidadania a buscar a commlU1is 
u/iIi/a/is, foi também discutida por 
Rousseau que, indo além de Montes­
quieu, deu ainda maior ênfase ao papel 
da afetividade do populus em relaçao ao 
construído racional da vida em socieda­
de, apropriadamente organizada por um 
Contra/o-socilll. Esta dimensao de afeti-
vidade em Rosseau inspira-se no rnilO de 
Roma e tem como modelo hislÓrico a 
austeridade republicana da cidade de 
Genebra, da qual era cidadao, que con­
trastava com a corrupçoo de Paris da 
França monárquica Teoricamente, ela se 
tradllziu na importância de circunscrever 
o número dos que integram a res 
publica. Dal 8 relação que Rousseau 
estabelece entre o tamanho da sociedade 
e a possibilidade de bom governo, que 
requer um circulo limitado de pessoas 
que, pelas s"as relaçOes de proximidade, 
mantêm as virtudes cívicas. inclusive 
porque o comum se toma visível, ou 
seja, de conhecimenlO público." 
IV 
9_ As relaçOes de congruência entre a 
república, como a forma de bom gover­
no viabilizado pela pequena extensão 
territorial e o número circunscrilO dos 
que virtuosa e igualilariamente integram 
o populus, tiveram que ser repensados 
com a Revoluçao Francesa e a Revolu­
ção Americana, pois eslas ense jararn o 
aparecimento de repúblicas modernas, 
em Estados cuja extensao territorial era 
muilO superior ao padrao até então visto 
como apropriado para uma república. 
No caso da França, modelo europeu 
por excelência da consolidaçoo do poder 
central do Estado através de uma monar­
quia, é interessante registrar o apareci­
menlO da categoria espfrilO público. Esta 
substituiu a de opinião pública, categoria 
usada pelos ilustrados como um tribunal 
de última instância para reduzir o impac-
10 dos que sofreram o impacto do arbí­
trio, mas que estava excessivamente ba­
seada, para os jacobinos, no subjeti­
vismo individualista de liberdade. Por 
isso preferiram elaborar o conceilO mais 
o SIONIFJCAOO DE REPÚBLICA 219 
homOg!neo e coercitivo de espírito pú­
blico - que Saint-Just desejava ver co­
rno consciência pública - pois ambicio­
navam, com a RevoluçllO, refa:rec a Wli­
dade social, ressuscitando uma vida 
cívica unAnime. Esta, na visao jacobina, 
requereriauma vontade geral ativa, apta 
a condllzir uma sociedade corrupta à vir­
tude, pela prevalência do espírito públi­
co, ainda que imposto pelo telior. Este 
sonho jacobino de um espírilD público 
onipotente viu o seu fim com NapolellO, 
que com O Consulado e com o Império, 
substituiu-o pela obsessão conservadora 
com a ordem pública ... 
Na tradiçãO republicana francesa, a 
obsessllO com a ordem pública, em con· 
trapartida, tem como desdobramento 
democrático a idéia de que é possível 
o proglesso de uma razJ!o pública atra­
vés da instrução ao alcance de todos, 
na linha do que af iITIIlI o artigo 22 da 
Declaração dos DireilOS de 1793. Dal é 
que deriva a tese da educaçãiJ pública e 
laica, asseverada pela Terceira Repú­
Llica como um pilar necessário de um 
Estado republicano. De fato, sendo este 
um Estado de todos, pressupOe a escola 
para todos, também como um 
aprendizado em comum, necessário para 
O proglesso da razão pública na vida 
coleti va." 
No século XIX, a ação regeneradora 
da educação pública como. um caminho 
para assegurar as vinudes cívicas, conter 
os interesses, superar a baibárie e afll"­
mar a civilizaçllO, foi um dos temas de 
SarmienlD. Com efeilD, e como observa 
Natalio Botana na sua análise da tradição 
republicana na Argentina, a educação é 
um dos ingredientes afrrmados por esta 
tradição, visando, no processo de fIlllion· 
building, transformar uma república de 
habitantes numa república de cida­
dãos. " 
No Brasil do século XX, Rui Barbosa 
afrrmaria, ao tratar da instrução pública 
na plataforma da sua campanha presi­
dencial de 1910, que: "A instruçllO do 
povo, ao mesmo tempo que o civiliza e o 
melhora, tem especialmente em mira 
habilitá-lo a se governar a si mesmo, 
nomeando periodicamente, no mWlicí­
pio, no Estado, na UnillO, o chefe do 
Poder Executivo e a legislatura." Cabe 
também destacar que em nosso país a 
função pública da educaçllO foi afrrmada, 
na melhor tradição republicana, pelos 
glandes expoentes, como Fernando de 
Azevedo, das refollllas educacionais dos 
anos 20 e 30." 
10. Foi diferente o caminho nOrle­
americano para lidar com O tema do rela­
cionamento entre virtude e extensão 
geográfica. Com efeito, nos Estados 
Unidos, que pela sua dimensão conti­
nental, em função das variáveis colo­
cadas pelo pensamento político de Mon­
tesquieu, exigiriam o despotismo, a Re­
pública foi instaurada por obra de um 
consensus juris original, que soube con­
ciliar tamanho e volume com a forma 
republicana. 
Esta conciliaçllO foi obtida através de 
uma fórmula: o federalismo, ou seja, 
graças à existência de uma pluralidade 
de centros de poder (os estados-mem­
bros da Federação) coordenados pela 
União, visando assegurar, juridicamente, 
a unidade polftica e econômica sem aba­
far a diversidade. Desta maneira, bus­
cou-se combinar a escala - necessária 
para lidar com a extensão geográfica -
e o volume da sociedade com a descen­
tra1izaçllO e as vinudes do governo local, 
mais próximo da cidadania e, portanto, 
capaz de IDrnar o interesse comum visí­
vel pelas relaçOes de vizinhança entre 
governantes e governados. O princípio 
220 ESTUDOS HISTóRICOS - 1989/4 
federalista animou O debate político 
de inspiraçllo liberal no Brasil-Império, 
cabendo destacar a importância atri­
bulda por Tavares BaslOs à província e o 
projeto-de-lei de Joaquim Nabuco 
visando a criação de uma monarquia 
federativa. Existia, em slntese, nas 
palavras de Rui Barbosa, a percepção de 
que "A monarquia unitária e cen­
tralizaclora" estava "vivendo da seiva das 
localidades" e gerando "em lOda parte o 
desentendimento, a desconfiança, o 
desalento, cujo derradeiro fruto é o 
separatismo" .11 
O princIpio federativo foi, por isso 
mesmo, como é sabido, um dos temas 
centrais da propaganda republicana, que 
via na descentralização a condição da 
manutençllo da unidade nacional alcan­
çada pelas instituiçOes monárquicas. Foi 
seguindo esta linha, afurnada no Mani­
feslO Republicano de 1870, que na Cons­
tituinte Republicana Júlio de Castilhos 
declarou: "Nós estamos aqui reunidos 
para instituir a República Federalista. 
Aqueles que, como nós, por longos anos, 
fizemos a propaganda da República, não 
a queremos unitária, mas sim federativa, 
essencialmente federativa. Nós entende­
mos, como sempre sustentamos, que a 
República Federativa é o único meio de 
garantir a unidacle política no meio da 
variedade e dos costumes da Nação. E, 
se a Federação não ficar instituJda na 
Constituição, havemos de ver ressurgir, 
sob a República, a mesma agitaçãO que 
se avolumou sob o Império. Pedíamos a 
República Federativa como condiçllo efi­
caz de garantir a homogeneidade política 
no meio da variedade dos interesses 
econômicos e das circunslâncias e costu­
mes da população:" 
A vocação federalista peillleia. pois, a 
tradição republicana do nosso país. A ela 
fez referência Tancredo Neves, no seu já 
mencionado discurso sobre a Nova Re­
pública no qual, ao criticar a concentra­
çllo de poder do regime de 1964, enfati­
zou a imporlância de se assegurar O de­
senvolvimento da pluralidade dos esta­
dos, dos municlpios e das regiOes, man­
tendo, ao mesmo tempo, a imprescindI­
vel unidade nacional. 
11. A sugestividade da idéia federativa 
teve, também, o seu impaclO no plano 
das concepçOes de organi7.aç1lo da vida 
internacional. Neste sentido, importa 
mencionar a proposta de Kant para 
superar o estado de natureza do perma­
nente risco da guerra de IOdos contra 
IOdos por uma paz perpétua, baseada 
num DireilO Internacional. Este teria 
como fundamento um federalismo de 
estados livres, ou seja, uma fedcraçllo de 
povos organizados internamente por 
constil1liçOes republicanas. 
Dal a substil1lição do conceito da paz 
imposta por um império universal pela 
paz a ser trazida ex parle papuli por uma 
república universal de Estados confede­
rados. Estes, com efeilO, na medida em 
que fossem repúblicas, teriam um com­
promisso interno com a liberdade, que se 
traduziria no respeilO pelo Outro, o que, 
por sua vez, induziria, no plano externo, 
a paz, pois o respeilO pelo Outro susten­
taria o princIpio da nllo intervençllo. 
Em síntese, Kanl, na sua luta contra O 
Estado despótico, identifica como uma 
das principais cal-saS da guerra o arbítrio 
e os interesses privados dos príncipes, 
que seriam contidos pelas virtudes ine­
rentes à forma republicana que, respei­
tando a vontade popular, faria depender 
dos cidadaos qualquer decisão sobre a 
guerra, e estes, pondera ele, refletiriam 
muilO ao deliberar sobre as conseqüên­
cias sobre si próprios de um jogo tão 
grav�. 
o SIGNIFICADO DE REPúBUCA 221 
A Sociedade das Nações e a Organi­
zaçao das Nações Unidas SIlo desdobrn­
mentos parciais destes conceitos que 
derivam da idéia republicana, cabendo 
também observar que a prática das orga­
ni.ações inlCrnacionais, hoje, ICm como 
inspiraçao as possibilidades de rcparú­
çao de competências que estão na raiz da 
fónnula federativa_lO 
12_ No Brasil, a kantiana aspiração 
republicana de pa>, com temperos positi­
vistas, enconuou guarida na Conslitui­
çao de 1891 que, no seu artigo 88, inse­
rido no título V, que trata das disposi­
ções gerais, proíbe, direta ou indireta­
menlC, a guerra de conquista. Também 
merece destaque o artigo 34 - parágrafo 
II que, ao tratar das competências priva­
tivas do Congresso Nacional, estipula a 
de autorizar o governo a declarar a guer­
ra "se não tiver lugar ou malograr-se o 
recurso do arbitramento". Cabe, igual­
mente, mencionar que, na primeira 
Constiwição republicana, na crítica à re­
daçao do artigo 14, que fala das forças 
armadas como instituições nacionais per­
manentes, o senador Gil Goulart apon­
tou: 
..... a palavra puman enles, con­
signada na nossa Constituição, faz 
supor que queremos imitar a Europaarmada, conservando grandes 
exércitos sempre em � de guerra e 
constiwindo uma ameaça às nações 
vizinhas. Devemos suprimir pa­
lavras inúteis que nos façam presu­
mir com veleidades guerreiras. A 
feição caraclCrfstica da nossa Cons­
tituição deve ser antes a de uma paz 
pennanenlC, como pensa e bem o 
Sr. Nilo Peçanha".lI 
Conforme se verifica, a primeira 
Constiwição republicana estabeleceu um 
limilC à poUtica externa - a proibiçao 
da guerra de conquista -..:.. e um estímulo 
à solUÇão pacífica de controvérsias - o 
arbitramemo. 
Esta vocaçao pacífica é parte da ltadi­
çao republicana no Brasil. Foi afmnada 
pela ação diplomática brasileira no cor­
rer deslC século. Viu-se reproduzida no 
art. 4' da Constituiçao de 1934; no art. 4' 
da Constituição de 1946 que, além do 
arbitramento, menciona outros meios 
paclficos de solução de conflitos por 
órgão internacional de que o Brasil 
participe; no art. 7' da Constituiçao de 
1967 (mantido pela Emenda Consti­
tucional de 1969), que fala de negocia­
çOCs diretas, arbitragens e outros meios 
pacíficos, com a cooperação de organis­
mos internacionais de que o Brasil parti­
cipe; cabendo, finalmenlC, referir o arL 
4' da Constiwição de 1988 que, entre os 
princfpios que regem as relações inlCr­
nacionais do Brasil, elenca a nao inlCr­
vençao, a igualdade entre os Estados, a 
defesa da paz e a solução pacífica de 
conflitos. 
v 
13. Em símese, eslão presemes no 
conceito de República, que busquei deli­
near, fazendo também referência aos 
desdobramentos da idéia republicana em 
nosso pais: (i) a ênfase no bem público, 
que não se confunde com o inlCresse dos 
particulares; {i i) a importância do papel 
do direito para impedir a violência e o 
arbítrio; (iü) as virwdes cfvicas de cida­
dania, necessárias para aperfeiçoar a 
convivência coletiva, vollada para a uti­
lidade comum que ICm como um de seus 
inglediemes o ICma da educaçao pública 
ao alcance de IOdos; e (iv), o princípio 
federalista como fónnula capa> de con-
222 ESTIllXlS IDSTORlCOS - 1989/4 
ciliar O tamanho com a proximidade, 
lanto no plario in\emo quanlD no plano 
internacional. 
Nesta comemoraçllo dos 100 anos da 
proclamaçllo da República, n1Io há dúvi­
da que existe um hiato entre os princí­
pios republicanos e a realidade nacional. 
NlIo t esta a Nova República com que 
sonhamos, podemos todos hoje dizer, 
repetindo o que disseram, logo em 1890, 
pr6ceres republicanos. É por essa raz1!o 
que cabe aos adeptos da tradiçllo republi­
cana enfrentar, nas palavras de Jaures, a 
dúvida do povo, pela perseverança no 
devotamento, tendo, como dizia 
Tocqueville, a preocupaçllo salutar com 
o futuro, que faz vigiar e cOlilbater.ll 
A referência a Tocqueville, expoente 
da tradiçllo liberal, e a Jaures, expoente 
da tradiçllo socialista, permite concluir 
este trabalho contrastando a República 
dos Antigos com a República dos 
Modernos, para, a seguir, indicar a vi­
gência da tradiçllo republicana tal como 
construída pela modernidade, para quem 
- como é o meu caso - identifica-se 
coou a afirmaç1lo de TocqueviUe em car­
ta a Stuart Mill, de junho de 1835: 
"J' aime la liberll par goUl, /' 19a1ill par 
insunel el par raison."ll 
Para os antigos, a defesa da liberdade 
dos cidadllos contra a tirania de um, 
poucos ou muilDs, transitava, de acordo 
com o ideal constitucional de Polfbio, 
• 
pela teoria do governo miSID, isto é, por 
um governo regido pelo equilíbrio de 
componentes monárquicos, aristocniti­
cos e democráticos, que foi o que carac­
terizou a República Romana.'" Não t 
este, como observa Bobbio, um bom 
fundamenlD para uma república demo­
cnitica, que se baseia no princípio da 
pCispectiva ex parle papuli e que n1Io 
pode deixar de levar em conta a impor­
tância do indivíduo diante do IOdo, 
instaurada pela modernidade, e 
positivada pela Declaraçllo dos Direitos 
do Homem trazidos pelas revoluçlles 
americana e francesa, instituidoras das 
primeiras repúblicas modernas." 
Como é sabido, na evoluçllo destes 
direitos, a herança libelal afumou os di­
reitos-garantia dos indivíduos e a heran­
ça socialista os direitos-de-<:rédito, de 
natureza sócio-econômieo-<:ull11ral, con­
jugando cada uma dessas heranças com 
dificuldade, o que a outra considera rele­
vante. É, no entanto, da convergência 
entre as liberdades clássicas e os direitos 
de crédito que depende a viabilidade da 
democracia no mundo contemporâneo. 
A convergência acima mencionada pode 
ser apadrinhada pelo ideal republicano, 
encarado, como sugerem Luc Ferry e 
Atain Renau!, enquanto uma idéia regu­
lativa kantiana. Esta, no jogo do pensar e 
do conhecer, exprime simultaneamente 
tanto a exigência da solidariOOade que o 
instinto e a razllo colocam no pólo de 
igualdade, quanlo a afirmaçllo da impor­
tância do gosto da liberdade do indiví­
duo no contexto da organização do 
governo da vida coletiva numa comuni­
dade poütica" 
Nota 
t. O. GiUkppe M.Bnini e Silvio Builc, Yer­
bc1e -Repubbtica" em AnlOnio Aura c. EmeJto 
Eula (ora..), NOllininto di,uto ilDliDno, val. XV, 
Torino, UrEI, 1968; Nobeno Ikhbio, A "MUI 
diu /omlO' tU ,Dl/trIlO, (uad. de Sir&Ío Bath), 
8rasOi •. Ed. Uni\'cnidade de Brunia, 1980, 
p. 21':)0, e Estado, ,D'NrM, lot�doM. PGTa MIM 
l.e(Nid "r41 dtt poIlliaJ (1rId. de Marco Aurl:1io 
Noaucira), Rio de Janeiro, Pu e Terra. 1981, 
p. 65-67. 
2. Cf. Norberto 8obbio, ElftJdo. lov,rltO. 
locitd04t.. c:it. p. 76--77. 107-108, Nicola Maueuci, 
"t'utc:IC "R.ep1bUca" an Nod .. rto Bobbio. Nicola 
Mllleuci e Gi.nffWIco PuqlÜno, Dicion4rio M po­
l/J" (trad. de I .11;' Guem.iro Pinto CaIC'i, d a!ü), 
BI'1I.OiA, Ed.. da Uni\'cnid"'e de B�flia.. 19&6. 
o SIOr.-"IF1CAOO DE REPúBUCA 223 
3. Cf. Cícero. � ReptJblico. - I - XXV. em De 
Rtptlblic:a. IR Lt,ibtU (trad. C. W. Keyes). Lon­
dono Heinemann, 1952. p. 64; Enrioo 8erti,1I "Oc 
Rtpublico" di Cicuo td jJ puuiuo polilico 
dtusico. PadOVll, Antonio Milani.. 1963. p. 27 e 
seguintes. 
4. E. Kant. Milapltysiq.u du mtHtUs - 1" 
parl� - DocJriM du droil (lrad.. A. PtliJonenko). 
Paris, Vrin, 1971, pu'amo 43, p. 193. 
5. a. Maron Wrigh� SJUf"" of SltUu (ed. by 
Hcdley BuU). leic:x:ster.l.eioester Uni�l'1ity p�s. 
1977, p. 153-113. 
6. Cf. Amado Luiz. Cervo e Oodc.ldo Bueno. 
A política trlt,.,ro brQ.filtira - J822-198j. Sio 
Paulo, Aliea, 1986 • capo 5; Antonio Augusto 
C.nçado Trindade, R�JHrl6rio da prdJica brasi­
l tiro do direi,o illlt,.,rociolUll público (periodo 
1889-1898), Bruni •• Fundação Aleundre de 
Gusmio. 1988. p. 53. 
7. Cf. os veilxtes "Fntemilé" de Mona Ozouf; 
"übem" de Mona OzouJ; "Républjque" de Piene 
Nora. em François Furel/Mona oz.our. Dic· 
,ionNlirt cri,iq.u dt la Ri'llollllioll FrallÇaut, 
Paris. Aammarion. 1988. 
8. O Manifesto Republicano esli reproduzido 
em Rcynaldo CImeiro Pessoa (011.), A. idiia re­
publiC4M 110 Brasil alravb dos dOCWMttJOS. São 
Paulo, Alfa·Ornela. 1973, 39-66; pan um apa­
nhado sobre OI GOilponenles doulrinirios da cam­
panha republic&nl no Snsil, cf. Nelson Saldanha, 
O /NftSanun/o poltJU:o 110 Brasil, Rio de JlIlciro, 
Fc>c",c, 1979, p. 93-106. 
9. Piene Mendb-France. A. República moct.rM 
(t,.d. de C. M. M. e Maria Manuel), Lisboa. Eu­
ropo-Amfrica, 1963, p. 229-252. 
10. Afonso Arinos de Melo Franco, O SMl do 
OUlro SUtO - wm brevidrio Ij�ral, Rio de Janeiro. 
Ed. Civilização Brasileira. 1978. p. 169- 111. 
11. Cf. Montesqu�u, De /' up,iJ du 10&1 tm 
Oellwu complilu (org. e .notado por Roaer Cai!­
lois), v. O, Paris. Gallimard. 1951, Livro O, capo I, 
UVIO m, cap. 3, 7, 9, UVIO vm, cap. 16, 17, 19; 
cf. Raymood Aran, Lu él4pu tU la pellSÜ sacio­
logiq�. P.ris. Gallim.rd, 1967. p. 27-76; Georges 
Vlachos, LA poliliq� dt Mo"usqwieM. Paris. 
Montchrt:.ltien, 1974, -
12 Cf. NOIbeno Bobbio. b,Mo.lowr"", so­
cudDdt, CiL, p. 105-101: A ,eoria da.r lorma.r de 
governo,Cil., capo VI e Xl; N. Macchi .... elli. /I 
PriltCipt.. Milano. Rizzoli. 1950, capo I.. capo IV- 2. 
13. Cf. Jean Jleques Rowseau, DircolITs 311T 
I'origUte et lu 10NMfMIIS tU fega/iJl par,"; les 
Itommu, didicace 'm Oewru complilU, L m -
Du conJraJ sociol - &:riu politiquea, Plris. Galli­
mud, 1964, p. 111-112; Lturu icrite3 de /0 
monlagM. 6- leure. em 01'. cil.,p. 808; Bertnnd 
de Jouvenel. Du prÜtCipGl d tlJIJru uflu.ioIU pcli. 
tiqw.u, Paris, Hadleüe, 1912. p. 266-285; Denise 
Leduc-F. yeuc, J. J. ROIU,uQU et le If!Iy'lu lÜ. 
I'afl,iqwili, Paris. Vrin, 1974. capo 11 e pusim: 
Celso Lafer, A. ruolUtr"'Ç4o dM direiJtn Je"mallO.l 
- "'" didlogo com ° puuanulllo de HanfIQlt 
Areolldr, Sio Paulo, Ccmpanhia das Lecnl, 1988, 
cap. VIIL 
14. cr. o verbete "Espril public" de Mona 
ozour em François Fun:t/Mona Ozouf, Dictioll­
Mire criJiq.u di. /Q RlvclllliOft FrQllçain, aL. Luc 
Ferry - Alam Rcnaut. Pltilosophu pcliJ",� - m -
Du droiLf tU I' Jtomnv d ,. idü republic(JÜte, Paris, 
PUF, 19&5, p. 36. 
lS. Cf. Piaie Mcndb - France, La virili ,ui. 
doi, úws ptu. Paris, Gallimard. 1976. p. 53-69. 
16. Cf. Natalia Bowla. La Imdk� repwbli­
C4IUI, B. Ai�s. Ed. SU1hmcrica, 1984. 
17. Rui Sarbola., E.fcrilos e discIIT30S selt'os 
(seleçio, organizaçio e notas de Virgínia Cortes 
Lacerda), Rio de Janeiro, Aguüar. 1960, p. 365. 
Cf. igualmentc: Maria Luiza Perma, FtrMNJo (Ú 
Azevedo: �dw:aç4o e ,raflS!ormllç60, Sio Paulo, 
Ed. Peup:ctiva, 1987; Jorge Nagle, EdWCIJção e 
soci,dade fIQ Primeira R�p';'blico, São Paulo, 
E.P.U., 1976_ 
18. Rui Barbosa, COfMttJ6rios à COlII,iJwipSo 
F�t:hral Brasileira (coligidos e ordenados por 
Homero Pires), v. I, Sio Paulo, Sataiva &. CP., 
1932. p. 54. cr. Tavares SulOl. Ao ProvlJtCio -
Es'wIo.J 30bre a tÚscefl,ralizaç40 fiO Brosil. Rio de 
Janeiro, Gamier, 1870. 
19. Agenor de Roure, A. COIU,iJWnJe Republi­
caM. v. I. <Rio .de '.neiro, Imprensa Nacional, 
1920, p. 70-71. 
20. li. Kant, MI'aplt)Uiq.u da mDeWS. ciL, 
• 
par'aruo 53 e seguintes. p. '226 e seguintes: A paz 
pupi,JUJ (lrad. de Marco A. ZinS'ro), Porto 
A1cgre, LAPM, 1989, p. 33-43; N. Bobb;o, Estado, 
gD'l�,fI(), socudod�. p. 103. 
21. Agenor de Roure, A Coru,itu;"'e 
Repwblicall/J,voU,cit.,r.232-233. A postura paci­
fina do Aposlolado Positivista. compa.tIvel, de 
resto, com • yjdo de Augusto Comt.e IObre a paz. 
po;Se ser e .. emplificada em posições assumidu na 
primeira Constituinle Republicana. Auim, no de­
bale sobre o arbitramento e a guerra, e no lema da 
Otttlpeténóa do Congresso Nacional para declarar 
a luer,., o Apostolado assim se manifeJlou: 
"Nenhuma suem p:»odcndo ter lu, •. salvo o caso 
de agrusio imedi ..... sem �r-se primeiro ao 
arbilnrnenlo". Cf. Agmor de Roure, op. cil .• P. 
604. 
22. A cilaçio de Jaures foi nlrafda do seu per­
m traçado por PierTe MendCs-France, 1.4 wriJi 
,uidoiJ lew3 ptU. ciL. p. 97; a de Aluis de Toc� 
queville encontra-se na De la dbnocralie en Anti­
rique, lono 2 • .ta. parte, capo Vll, em Df. Ia di"",· 
'ralie 'li A."';,",,,,, Souvenin, L' AncuII Rigime eI 
la Rlvolu,io" (inuod. c not.s de Jean Claude 
Lamberti e Fnnçoi.sc MéJonio), Paris, La!font. 
1986, P. 656, c foi referida no oonte11O da 'rMliçio 
libe,.1 por Raymond Aron. De /Q co-dilioll ÂUlori­
q� d.w sociolo''''. Paris. Gallimard. 1971. 
224 ESTUDOS IDSTÓRICOS - 1989/4 
23. Apud Jean a.ude Lamberti, Tocqwvil/� �l 
lu tUlU dlmocraJu.r, Paris, PUF, 1983. p . 84. 
24. Polybe. His'oir� (IBd. e anotado por Dm· 
nis Rousse1), Paris, Gallimard. 1970, Livro VI. 
""p. S, p. 480-487. 
25. Cf. Norberto Bobbio, FWIda�nto y folwo 
tU la d�mocrQcia (tud. de Gabriel deI F .... ero 
Valdts), Va1paraiso, Edeva1, 1986, p. 42-43. 
26. Luc Ferry - Alain Renaul, PJuwsophit 
poliJU,1U • m - Dts droiJs de. I' hol'1V1V à l' idie. 
re.pub/icaillt., dI., p. J 56·18 J. 
Celso Lafer � doutor em ciência poUuca pela 
Universidade de ComeU (USA) e livre..<focentc de 
direito lnlemacional público pela Faculdade de Di· 
reito d. Universidade de Sio Paulo onde leciona 
direito internacional público c fLlosofia do direito. 
i! autor de "'rios livros, dos quais destacamos 
HaflNlh Are.ndJ: {UIUDfMI110. pe.rswutlo t. PO<UT 
(Rio de Janeiro, Paz e Tem, 1979); Comlrcio t. Te.­
laçõu internacionais (5io Paulo. Perspectiva, 
1971) e O .Ji.rte.ma polílico brasileiro: utrWUTa e 
processo (São Paulo. Perspectiva, 1975). 
• 
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