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Fundamentos Legais e Normativos da Educação

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FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
1
FUNDAMENTOS LEGAIS E
NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
Graduação
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
13
U
N
ID
A
D
E 
1 A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE
ENSINO NO BRASIL
Nesta primeira Unidade, discutiremos o papel da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB) e como funciona o sistema educacional
brasileiro.
OBJETIVO DA UNIDADE:
• Compreender o funcionamento do sistema educacional brasileiro
a partir das disposições constitucionais e da LDB.
PLANO DA UNIDADE:
• A LDB como fator de unidade nacional e de atendimento às
diversidades regionais.
• Organização e funcionamento dos sistemas de ensino no Brasil.
Bons estudos!
UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL
14
1. A LDB COMO FATOR DE UNIDADE NACIONAL E DE ATENDIMENTO ÀS
DIVERSIDADES REGIONAIS
A Constituição do Brasil, também chamada de Carta Magna, é a base da
organização da sociedade brasileira em todos os seus aspectos. Assim, todos
os direitos e deveres do cidadão estão contidos na nossa Constituição.
Somos uma república federativa, formada pela união indissolúvel dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. O que a Constituição Federal
determina não pode ser alterado nem desobedecido pelas Constituições
Estaduais, nem pela Lei Orgânica dos Municípios, nem tampouco pela Lei
Orgânica do Distrito Federal.
O que a Constituição Brasileira, promulgada em 1988, estabelece em
relação à educação nacional? Estabelece direitos e deveres do cidadão. Esses
direitos e deveres estão explicitados no artigo 205 da Constituição Federal.
O que diz o artigo?
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.”
Percebeu que a educação é um processo solidário? Não adianta só o
Estado brasileiro querer. Há que haver cumplicidade entre o poder federal, o
estadual, o municipal e o do Distrito Federal. Mas isso não é o suficiente. É
necessário, também, que a família se faça presente, que os diversos segmentos
da sociedade também colaborem, participando, ajudando, reivindicando etc.
Além dos direitos e deveres do cidadão quanto à educação, a Carta
Magna, em seu artigo 206, estabelece os princípios em que o ensino deve
basear-se. Conhecer e pôr em prática esses princípios é de vital importância
para você, que é ou será, um profissional da educação. E mais que isso. Esses
princípios também precisam ser conhecidos e respeitados pelos responsáveis
pela formulação e execução das políticas públicas para a educação, ou seja, os
membros do Poder Executivo (Presidente, Ministros de Estado, Governadores,
Secretários, Prefeitos, Diretores de Escolas, etc.).
Quais são esses princípios?
“I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas e
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
15
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma
da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso
salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso
público de provas e títulos; (Redação dada pela Emenda
Constitucional n° 19, de 1998);
VI - gestão democrática do ensino público na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade;
VIII - Piso salarial profissional para os profissionais da educação
escolar pública, nos termos da lei federal.”
Parágrafo Único. A lei disporá sobre as categorias de
trabalhadores considerados profissionais da educação básica e
sobre a fixação de prazo para elaboração ou adequação de seus
planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
Pela leitura do texto da Constituição, vimos como são abrangentes os
princípios que devem nortear a educação nacional. Em outras palavras, eles
estabelecem que a educação deve ser igualitária: igualdade de oportunidade
para todos.
Todos têm o direito de acesso à educação e de ser amparados por
programas que os mantenham na escola; o processo educativo deve ser um
laboratório de idéias, em que todas as correntes doutrinárias e os métodos
pedagógicos possam ser discutidos, as inovações tecnológicas tenham o seu
lugar; o professor possa desenvolver experiências que despertem no aluno o
interesse por descobrir, participar da construção do saber etc.
Os princípios constitucionais para a educação asseguram a co-existência
pacífica de escolas públicas e privadas, sendo que as públicas têm que oferecer
um ensino gratuito, ou seja, sem cobranças, pois, na verdade, elas são mantidas
pelos impostos dos cidadãos. Os profissionais da educação devem ser
valorizados, admitidos por concurso público e amparados por um plano de
carreira específico para o magistério; as políticas públicas devem estabelecer
os padrões de qualidade que cada escola deve procurar atingir.
A gestão democrática da escola é uma exigência constitucional. Mas o
que isso significa? Para alguns, é a eleição direta do diretor da escola,
dispensando a exigência da prova de conhecimentos; para outros, é o concurso
público para diretores, tendo estes um plano de carreira próprio; para um terceiro
grupo, a seleção do diretor deve se dar por meio de prova de conhecimento e
IMPORTANTE!
UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL
16
de voto pelo Conselho Escolar. Por que tantas dúvidas e tantas posições
diferentes? Por uma razão simples: cabe aos estados, aos municípios, ao Distrito
Federal e à própria União aprovarem leis específicas sobre o assunto, dizendo
como se dará a escolha dos diretores de suas escolas. É o que diz a Constituição,
no artigo 206, inciso VI: “Gestão democrática do ensino público, na forma da
lei”. Qual lei? A Estadual, a Municipal, a Distrital e a Federal, valendo cada uma
delas para suas respectivas escolas. Cada Estado, cada Município e o DF podem
criar seus modelos de gestão democrática, visando a uma gestão participativa.
Você deve reler o Capítulo III da Constituição Federal, principalmente a Seção
I – Da Educação, que começa no artigo 205 e vai até o artigo 214, pois ele é
que fundamenta as matérias tratadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, mais conhecida como LDB.
LEITURA COMPLEMENTAR
CONCEITO DE LDB
SOUZA, Paulo Nathanael e
SILVA, Eurides Brito
Os princípios que regem a educação nacional, enunciados no texto
constitucional devem ser ajustados, na sua aplicação, a situações reais, que
envolvem: o funcionamento das redes escolares, a formação dos especialistas
e docentes, as condições de matrícula, aproveitamento da aprendizagem e
promoção de alunos, os recursos financeiros, materiais, técnicos e humanos
para o desenvolvimento do ensino, a participação do poder público e da iniciativa
particular no esforço educacional, a superior administração dos sistemas de
ensino, as peculiaridades que caracterizam a ação didática nas diversas regiões
do país, etc. São esses ajustamentos, essas diretrizes nascidas das bases
inscritas na Carta Magna, que se constituem matéria-prima de uma Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Da ação conjunta do texto constitucional e do contexto da Lei de Diretrizes
e Bases nascem a política e o planejamento educacionais, e depende o dia-a-
dia do funcionamento das redes escolares de todos os graus de ensino. Ambos
esses códigos legais funcionam harmônica e interdependentemente,como cara
e coroa da mesma moeda, que, no caso é a educação nacional.
“Essa integração normativa com a Constituição gera, para a Lei de
Diretrizes e Bases, algumas limitações e características, que serão destacadas
a seguir:
DICA!
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
17
1) A LDB não pode divergir filosófica e doutrinariamente do que
estatui a Constituição, no que diz respeito aos princípios
reguladores da educação brasileira.
2) A LDB não pode, nem acrescentar, nem omitir, no seu texto,
algo não consagrado expressamente na Constituição.
3) A LDB não pode conter minúcias, nem normas de
regulamentação casuísta, devendo sua linguagem primar pela
clareza, pela generalidade e pela síntese. Não fora ela uma lei
de diretrizes!
Sendo, como é, uma lei de âmbito nacional e compondo-se, como
se compõe o Brasil, de uma variedade incontestável de situações
as mais diversas e contrastantes, se não for genérica e
abrangente nas regras que contém, não servirá a todos os
sistemas de ensino do País, como é do seu dever. Ademais,
estando a educação sujeita, o tempo todo, a mutações dinâmicas
e sucessivas, se o texto de sua lei básica não for sintético e
amplo, com vistas à estabilidade normativa, a lei de hoje poderá
ser inútil amanhã.”¹
4) A LDB deve regular a vida das redes escolares, no que diz
respeito ao ensino formal, ficando fora de seu alcance todas as
manifestações livres e aquele tipo de curso que não funciona
sob a supervisão de outros órgãos, que não os da administração
superior dos sistemas de ensino.
Como você pôde ver, para um país com a dimensão do Brasil, uma lei
nacional da educação é importante, imprescindível, até mesmo para assegurar
a identidade nacional de Norte a Sul, de Leste a Oeste deste país que, por sua
imensa extensão territorial, é chamado de país-continente. A LDB trata das
diretrizes e bases gerais da educação brasileira, deixando aos Estados, aos
Municípios e ao Distrito Federal, detalhamentos que protegerão as
peculiaridades regionais e locais.
2. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL
Antes de entrarmos no estudo da legislação educacional brasileira, sobre
sistemas de ensino, vamos ler o texto, a seguir, e fazer algumas reflexões em
torno de seu conteúdo:
O ÚLTIMO DA CLASSE
Eurides Brito da Silva
A oferta de educação básica para todos, que é dever constitucional, deve ser
entendida não como uma dádiva do Estado, mas sim como um instrumento necessário
à sua própria soberania. Privar, por exemplo, a criança de entrar na escola, no devido
UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL
18
tempo, é prejudicá-la no seu desenvolvimento mental, é contribuir para fortalecer a
divisão entre os “nossos filhos” e os “filhos dos outros” como dizia Valnir Chagas. É
incentivar a perpetuação das figuras do senhor e do escravo; é a forma mais eficaz
de entravar o desenvolvimento econômico do Brasil, a distribuição de riquezas; é a
consolidação às avessas do princípio da igualdade de oportunidades.
Analisando o cenário mundial das nações desenvolvidas, vê-se que nenhuma
delas ingressou nesse “clube de sócios restritos”, sem que tivesse eliminado a
chaga do analfabetismo. E o Brasil, por exemplo, apesar dos programas que vem
implantando, principalmente a partir da década de 70 do século passado, ainda
apresenta um quadro desalentador. Segundo os últimos dados do IBGE, ainda existem
no universo da população brasileira, que é estimada em 180 milhões de habitantes,
13% de analfabetos.
Não basta, todavia, perseguir a quantidade de matrículas na educação. A ação
é meritória mas precisa estar ligada, como irmã siamesa, à qualidade do ensino.
Nos últimos meses, muito se tem escrito e divulgado sobre a qualidade do ensino
no Brasil em comparação com a de outros países. O quadro não nos é nada favorável.
Matéria recente da Revista EXAME, sob o título “O Preço da Ignorância”, e assinada
por Alexa Salomão, destaca que em “plena era do conhecimento, a baixa qualidade
do ensino tornou-se uma ameaça à competitividade das empresas e uma trava ao
crescimento do país”. Com base em estudos realizados pelo Banco Mundial, a matéria
comenta uma pesquisa por amostragem feita por esse organismo e diz que o sistema
de ensino brasileiro levou uma surra – foi o pior colocado em toda a amostra realizada,
que inclui China, Índia, México e Rússia. O coordenador do estudo, Alberto Rodriguez,
especialista em educação, diz textualmente: “Com a pesquisa, ficou claro que essas
deficiências também provocam a perda de competitividade do país em relação às
economias com as quais disputa o mercado global”. E comenta, Alexa Salomão,
autora da matéria da Revista Exame: “enquanto a educação brasileira não der um
salto qualitativo, o país continuará patinando – e comendo poeira dos rivais”.
O PAC da Educação, lançado pelo Governo Federal, precisa dar certo por todos
os motivos. Depois de longo tempo, o Ministério da Educação acordou para a
importância da fixação de metas, da exigência de resultados, do estabelecimento de
incentivos para os que alcançarem mais e do amparo aos que estão mais longe das
metas. Ter o aluno como foco é uma redescoberta fundamental. Se a escola não
tiver alunos aprendendo, não serve para nada. Isso já estava escrito no manifesto
dos Pioneiros em 1932.
A qualidade do ensino superior, não podemos esquecer, tem ligação direta
com o que acontece no ensino médio. E os resultados apontados pelas pesquisas
em nada diferem dos do ensino médio, quando comparados a países com equivalentes
estágios de desenvolvimento. O economista americano Edward Glaeser, professor
da Universidade Harvard e estudioso dos efeitos da educação sobre o desenvolvimento
das sociedades diz: “A educação é um dos motores do crescimento e, no Brasil esse
motor funciona mal”.
Não bastasse a questão da qualidade do ensino, nos defrontamos com outro
problema de igual magnitude, também apontado pela excelente matéria da Revista
Exame 0877, de setembro de 2006, mostrando que, atualmente, “60% dos 4
milhões de universitários brasileiros estão matriculados em não mais que dez cursos,
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
19
voltados para carreiras saturadas, como administração, direito e psicologia”. Tais
dados respondem o porquê de faltar profissionais especializados para a expansão de
diversos setores da indústria nacional. E a situação não é mais grave porque a própria
iniciativa privada, tanto a acadêmica quanto a empresarial, vem investindo em
programas de preparação de mão-de-obra para atender às necessidades de seu meio.
Do contrário, a situação seria bem pior.
O que fazer para que a educação no Brasil acompanhe de fato, no ritmo, na
qualidade e na quantidade as necessidades do Brasil de hoje e do amanhã e com
inserção na sociedade globalizada?
A resposta não é difícil. Passar do discurso à prática nos planos educacionais.
Entender que tais planos são do Estado e não dos Governos ocasionais. Chamar a
sociedade para a discussão dos problemas da educação. O que precisa mudar para
que a educação não seja uma frágil base, mas sim a sólida base do desenvolvimento
nacional. O que não pode continuar é o Brasil aparecer no cenário mundial, com
dados incontestáveis, como o último da classe.
Como você percebeu, qualidade e quantidade na educação são
indissociáveis. Todos têm direito à educação. E educação de qualidade. O
desenvolvimento do país e a conseqüente melhoria da qualidade de vida do
brasileiro passam pelo cumprimento da obrigatoriedade escolar. Do contrário,
estaremos sempre “patinando”, e não sairemos do rótulo de “país em
desenvolvimento”. Como nesta unidade vamos estudar sobre “Sistemas de
Ensino”, é muito importante que você tenha a convicçãode que, para mudar o
quadro da educação brasileira, é necessário haver uma ação conjugada entre
União, Estados, Municípios e Distrito Federal, com políticas públicas bem definidas
para a educação. É isto o que a Constituição Brasileira quer atingir, com a
distribuição de competências entre os sistemas de ensino e dando à União a
competência de “elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.”
O termo “Sistema de Ensino” começou a figurar no texto de nossas
Constituições, a partir de 1946 e, desde então, tem aparecido nas sucessivas
leis que fixam as diretrizes e bases da educação nacional, a saber:
• Lei 4.024, de 21 de dezembro de 1961, (Primeira Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional).
• Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968 (reformulou a anterior, apenas
no tocante ao ensino superior).
• Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971 (reformulou a 4.024/61 nos
assuntos concernentes ao ensino primário e médio, incluindo a
formação de professores e a formação para trabalho). Extinguiu os
ensinos primário e médio e criou o ensino de 1° grau (com o mínimo
de 8 anos de duração) e o ensino de 2° grau (três anos de duração
ou, excepcionalmente, quatro anos).
UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL
20
• Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (esta lei, que é a vigente,
trocou a nomenclatura dos ensinos de 1° e 2° graus para ensinos
fundamental e médio e fez alterações nos programas de formação
de professores, introduziu diversas inovações entre as quais a
modalidade do ensino a distância).
Como que para acentuar o caráter de república federativa que é o Brasil
e, portanto, da interdependência entre União, Estados, Municípios e o Distrito
Federal, os legisladores passaram a usar a expressão sistema de ensino.
Todavia, alguns constitucionalistas deram grande contribuição à
conceituação de sistema de ensino. Vejamos:
Sampaio Dória disse que: “Sistema de Ensino é a coordenação das partes
que o componham, num todo orgânico, se confunde com as Diretrizes e Bases,
a que os sistemas de ensino hão de subordinar-se, para respeitarem a
Constituição”.
Gustavo Capanema, que foi um notório Ministro da Educação e que tinha
uma concepção nitidamente centralista da educação nacional, assim definiu
Sistema: “Sistema de Ensino é a organização de serviço público constituída pelas
atividades de instituições educativas de cada Estado ou do Distrito Federal. A
Constituição quer que, em cada unidade federativa, exista e funcione, consoante
às exigências locais da educação, um adequado sistema de repartições e
estabelecimentos de ensino, sob a gestão, o controle e a assistência do
respectivo governo”.
Tal conceituação sofreu muitas críticas, pois, como dizia o grande educador
Almeida Jr., o conceito de Sistema de Ensino “não pode ser reduzido a uma
simples criação ou disposição de órgãos”.
A educadora e jurista Esther de Figueiredo Ferraz, ex-Ministra da
Educação, sugere que se desenvolva o conceito “identificando-lhe e agrupando-
lhe os elementos ou componentes essenciais, encontrando assim as quatro
causas tratadas na filosofia de Aristóteles:
Causa Material – A matéria de que é feito o sistema (pessoas,
coisas, recursos).
Causa Formal – As normas (leis, decretos e outros atos legais).
Causa Eficiente – O órgão do Poder Público ao qual incumba dar
 organização ao sistema.
Causa Final – Os fins ou valores (éticos, políticos, religiosos,
econômicos, pedagógicos, etc.) em vista dos quais o sistema se
organiza.”
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
21
Ela conclui dizendo que o Sistema de Ensino é “uma realidade educacional
complexa e, muitas vezes, ao extremo diversificada, que adquire unidade,
coerência e sentido na medida em que trabalha pelas normas traçadas pelas
autoridades competentes. Se deixa conduzir em direção aos fins que esse
país julga dever atingir pela educação”.
O quadro abaixo representa um sistema de ensino, a partir da
identificação de seus principais componentes:
Já vimos, anteriormente, que a expressão “sistema de ensino” começou a
aparecer em nossa legislação a partir da Constituição Brasileira de 1946. Vamos,
agora, às referências que a atual Constituição faz sobre a matéria?
“Artigo 211. “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
IMPORTANTE!
UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL
22
§ 1°. A união organizará o sistema federal de ensino público federal e
exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma
a garantir a equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo
de qualidade do ensino, mediante assistência técnica e financeira aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
§ 2°. Os Municípios atuarão, prioritariamente, no ensino fundamental
e na educação infantil.
§ 3°. Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino
fundamental e médio.
§ 4°. Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os
Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a
universalização do ensino obrigatório.
§ 5°. A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino
regular.”
Mais uma vez verificamos que não existe, no texto constitucional,
uma definição para sistemas de ensino. Todavia, é nítida a preocupação do
legislador em que haja entrosamento, articulação, cooperação, colaboração
entre União, Estados, Municípios e o Distrito Federal. E a novidade que traz
a atual Constituição, promulgada em 1988, é a referência a “sistemas
municipais de ensino”, e de pronto diz que os Municípios devem atuar
prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil (art. 211, §
2°).
A LDB (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996), em seu título IV, trata
da Organização da Educação Nacional. Embora, como as anteriores, ela
também fuja à conceituação de sistema de ensino, deixa implícito, todavia,
que ao tratar da organização da educação, está tratando de sistema. E,
como vimos anteriormente, essa matéria inovou em relação às demais,
usando pela primeira vez a expressão sistema municipal.
Estude diretamente o capítulo II da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional e aprenda sobre as competências e a
intercomplementaridade da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios em matéria de educação.
EM SÍNTESE, VOCÊ VERÁ QUE:
1. Os sistemas municipais de ensino assumem várias
competências, antes pertencentes aos sistemas estaduais, as
DICA!
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
23
quais não mais precisarão ser delegadas pelo sistema estadual,
eis que já pertencem, de direito, aos Municípios.
2. A maior fonte de jurisprudência sobre a educação nacional, que
antes era o Conselho Federal de Educação, passa a ser o Ministério
da Educação (MEC), com a colaboração do Conselho Nacional de
Educação, órgão a ele vinculado.
3. Os órgãos dos sistemas de ensino não mais se subdividem,
necessariamente, em colegiados normativos e autoridades
executivas. Como cabe agora ao sistema estruturar livremente os
seus órgãos, poderá haver aqueles que venham a dispensar a
existência de Conselhos de Educação, por exemplo (não é o caso
dos Estados cuja Constituição Estadual consagra a existência do
Conselho). A tendência, contudo, foi a de manter os Conselhos.
4. A prestação de assistência financeira aos Estados e Municípios
passa a ser feita, na área da educação, pelo MEC.
5. O MEC assumiu foros de órgão nacional, com competências maiores
sobre Estados e Municípios. Antes, ele era mais federal que
nacional. Para você entender melhor a questão, vamos dar um
exemplo: a avaliação do desempenhodas escolas era de
competência dos respectivos sistemas. Hoje, cabe à União
“assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar
no ensino fundamental, médio e superior”. (Art. 9°, inciso VI da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Na LDB anterior, à
União caberia conduzir a avaliação do ensino superior, tão-somente.
6. De acordo com o texto legal, o sistema federal de ensino
compreende: as instituições de ensino mantidas pela União
(Universidades, Escolas Técnicas Federais ou CEFETs, Colégio Pedro
II, Colégios Agrícolas, etc.); as instituições de ensino superior da
iniciativa privada e os órgãos federais de educação (MEC, Conselho
Nacional de Educação e os estabelecimentos a ele subordinados).
7. O sistema estadual e o do Distrito Federal compreendem: as
instituições de ensino de todos os níveis mantidas pelo Poder
Público Estadual e pelo Governo do Distrito Federal; as instituições
de ensino superior mantidas por Municípios; as escolas de ensino
fundamental e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada e
os órgãos administrativos de educação estaduais e do Distrito
Federal.
As instituições de educação infantil, em funcionamento no Distrito
Federal, mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de
ensino.
8. E os sistemas municipais? Abrangem as instituições de ensino médio,
fundamental e de educação infantil, mantidas pelo Poder Público
local, bem como as de educação infantil particulares e, ainda, os
órgãos municipais de administração do sistema local. Note-se que
quaisquer instituições de ensino superior mantidas pelo Município
UNIDADE 1 - A BASE LEGAL DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL
24
integram o respectivo sistema estadual. Mas as instituições de
ensino superior privadas que existem nos Municípios pertencem
ao Sistema Federal de Ensino.
Eis a pergunta que muitos fazem: e o que é o Sistema Educacional
Brasileiro, expressão freqüentemente usada?
A forma mais simples de responder é que ele é um “nome-fantasia”
para o somatório dos sistemas federal, estadual, do Distrito Federal e dos
Municípios.
Por que nome-fantasia? Porque essa expressão não existe na
Constituição do Brasil e nem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei 9.394/96).
Nota importante:
Sempre que necessário, consulte o que diz a nossa Constituição, bem como
a LDB, sobre o assunto que você está estudando. O site do Ministério da
Educação, bem como o do Conselho Nacional de Educação, são fontes
indispensáveis para quem deseja estudar a legislação educacional brasileira.
É HORA DE SE AVALIAR!
Lembre-se de realizar as atividades desta Unidade de Estudo,
presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-lo a fixar o
conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no
caderno e depois acesse o nosso ambiente virtual de
aprendizagem (AVA) e envie suas respostas. Interaja conosco!
Agora sim, chegamos ao final da primeira Unidade. Acredito que você
tenha entendido que o sistema escolar é um sistema aberto que tem por
objetivo proporcionar a educação e a escolarização. Espero que tenha tirado
um bom proveito do conteúdo, visto que esta Unidade é muito importante
para que entenda a seguinte.
IMPORTANTE!
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
1
FUNDAMENTOS LEGAIS E
NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
Graduação
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
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U
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ID
A
D
E 
2 EDUCAÇÃO BÁSICA E
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Nesta Segunda Unidade, realizaremos um estudo aprofundado sobre
aspectos legais e operacionais da EDUCAÇÃO BÁSICA e suas etapas, sobre
as modalidades EDUCAÇÃO ESPECIAL e PROFISSIONAL e sobre a metodologia
da EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.
OBJETIVO DA UNIDADE:
Conhecer a estrutura e o funcionamento da EDUCAÇÃO BÁSICA e seu
papel na formação do educando e entender a EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA como
fator de inclusão social.
PLANO DA UNIDADE:
• Por que valorizar a educação infantil?
• O ensino fundamental para todos.
• O ensino médio como finalização da educação básica.
• Educação Profissional como elemento indispensável à cidadania.
• A educação dos brasileiros portadores de necessidades
especiais.
• Ensino a distância: problema ou solução?
Bons estudos!
26
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
INTRODUÇÃO
Nós vamos buscar no Capítulo I do Título V da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional a abrangência para o conceito de educação básica, já
que essa expressão foi usada pela primeira vez, oficialmente, no texto da
atual LDB (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Vejamos o que diz o
artigo 21 dessa Lei que, como sabemos, é a Lei Maior da Educação.
Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
I – educação básica, formada pela educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio;
II – educação superior.
O que isso significa? Que hoje, a sociedade exige cada vez mais a
ampliação do número de anos da escolaridade obrigatória, portanto, o
ensino fundamental não mais representa o básico em termos de
escolaridade, que o cidadão necessita para se inserir na sociedade. Já nos
fins da década de 80, os Constituintes, ao prepararem o texto de nossa
Carta Magna, abriram espaço para esse entendimento. Como assim?
Artigo 208 da Constituição Federal:
“O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de:
I – ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive,
sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiverem acesso na
idade própria;
II – progressiva universalização do ensino médio gratuito;”
Vemos, pois, que a base para um ensino obrigatório que não se
restringisse ao ensino fundamental, foi lançada no próprio texto
Constitucional. A educação básica, segundo a LDB (art. 22), “tem por
finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir
no trabalho e em estudos posteriores”.
A seguir, trataremos, separadamente, de cada uma
das etapas da Educação Básica. Pense numa escada,
onde cada degrau representa uma etapa.
POR QUE VALORIZAR A EDUCAÇÃO INFANTIL?
Até que enfim, os legisladores ouviram o clamor
dos educadores de crianças, reconhecendo a importância
da educação infantil para a formação de um cidadão
pleno, consciente e apto para, com sucesso, subir os
degraus da nossa “escada da escolarização”. Você pode pensar que isso é
óbvio, mas não é. Senão vejamos: a primeira Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, a Lei nº 4.024, de dezembro de 1961, não dedicou sequer
VAMOS REFLETIR
27
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
um parágrafo à educação infantil. A LDB de 1971 (Lei nº 5.962/71), foi
“generosa”, dedicou um parágrafo (artigo 19 § 2º) ao tema, leia-o:
“Os sistemas de ensino velarão para que as crianças de
idade inferior a sete anos recebam conveniente educação em
escolas maternais, jardins de infância e instituições equivalentes”.
Foi pouco, não foi? É por essa razão que aplaudimos o avanço da Lei
nº 9.394/96 quanto à educação infantil, pois dedicou a ela não apenas um
Capítulo, mas inseriu-a no contexto da Educação Básica e determinou que
os Municípios dessem prioridade a essa faixa de educação. O primeiro
degrau, pois, da “escada de escolarização” é a educação infantil.
Em alguns textos que venha a consultar, você vai encontrar que a
educação infantil abrange crianças de 0 (zero) a 6 (seis) anos. Em outros,
você encontrará a referência à faixa etária de 0 (zero) a 5 (cinco) anos. Qual
é o certo?
Quando a Constituição de 1988 foi promulgada e também a LDB (Lei
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) dela decorrente, na referência à
educação infantil,tinha-se o atendimento a criança de 0 (zero) a 6 (seis)
anos. Com a aprovação da Lei nº 10.172/2001, que trata do Plano Nacional
de Educação, ficou aprovada a implantação progressiva do Ensino
Fundamental de nove anos, pela inclusão das crianças de 6 (seis) anos de
idade.
Tem amparo Constitucional?
Tem! A Emenda Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006, deu
nova redação ao inciso IV, do artigo 208, que passou a ter a seguinte redação:
“educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de
idade”.
Vê-se, pois, que a ampliação gradativa do ensino fundamental para
nove anos (a partir dos seis anos de idade) tem a ver com a última etapa da
educação infantil. E mais, agora é mandamento constitucional. Os sistemas
de ensino são obrigados a obedecê-lo nas escolas onde a medida já foi
adotada; a idade para permanecer na educação infantil baixará para 5 anos.
E por pouco tempo, os sistemas conviverão com as duas situações.
O Plano Nacional de Educação (PNE) definiu a ampliação da oferta de
educação infantil “de forma a atender em, cinco anos, a 30% da população
de até 3 anos de idade e a 60% da população de 4 a 6 anos (ou 4 e 5 anos)
e, até o final da década, alcançar a meta de 50% das crianças de 0 a 3 anos
e 80% das de 4 e 5 anos”, conforme estabelece a Meta 01.
Em decorrência do contido no Plano Nacional de Educação para a
Educação Infantil, o Ministério da Educação editou, em 2005, documento
contendo a Política Nacional de Educação Infantil.
VAMOS REFLETIR
VAMOS REFLETIR
28
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
A seguir, transcrevemos as Diretrizes da Política Nacional de Educação
Infantil para você meditar e refletir com seu grupo:
• “A educação e o cuidado das crianças de 0 a 6 anos são de
responsabilidade do setor educacional;
• A Educação Infantil deve pautar-se pela indissociabilidade entre o
cuidado e a educação;
• A Educação Infantil tem função diferenciada e complementar à ação
da família, o que implica uma profunda, permanente e articulada
comunicação entre elas;
• É dever do Estado, direito da criança e opção da família o
atendimento gratuito em instituições de Educação Infantil às
crianças de 0 a 6 anos;
• A educação de crianças com necessidades educacionais especiais
deve ser realizada em conjunto com as demais crianças,
assegurando-lhes o atendimento educacional especializado
mediante avaliação e interação com a família e a comunidade;
• A qualidade na Educação Infantil deve ser assegurada por meio do
estabelecimento de parâmetros de qualidade;
• O processo pedagógico deve considerar as crianças em sua
totalidade, observando suas especificidades, as diferenças entre
elas e sua forma privilegiada de conhecer o mundo por meio do
brincar;
• As instituições de Educação Infantil devem elaborar, implementar
e avaliar suas propostas pedagógicas a partir das Diretrizes
Curriculares Nacionais para Educação Infantil e com a participação
das professoras e dos professores;
• As propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil
devem explicitar concepções, bem como definir diretrizes referentes
à metodologia do trabalho pedagógico e ao processo de
desenvolvimento/aprendizagem, prevendo a avaliação como parte
do trabalho pedagógico, que envolve toda a comunidade escolar;
• As professoras e professores e os outros profissionais que atuam
na Educação Infantil exercem um papel socioeducativo, devendo
ser qualificados especialmente para o desempenho de suas funções
com as crianças de 0 a 6 anos;
• A formação inicial e a continuada das professoras e professores de
Educação Infantil são direitos e devem ser asseguradas a todos
pelos sistemas de ensino com a inclusão nos planos de cargos e
salários do magistério;
• · Os sistemas de ensino devem assegurar a valorização de
funcionários não-docentes que atuam nas instituições de Educação
Infantil, promovendo sua participação em programas de formação
inicial e continuada;
29
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
• O processo de seleção e admissão de professoras e professores
que atuam nas redes pública e privada deve assegurar a formação
específica na área mínima exigida por lei. Para os que atuam na
rede pública, a admissão deve ser por meio de concurso;
• As políticas voltadas para a Educação Infantil devem contribuir em
âmbito nacional, estadual e municipal para uma política para a
infância;
• A política de Educação Infantil em âmbito nacional, estadual e
municipal deve se articular com as de Ensino Fundamental, Médio
e Superior, bem como com as modalidades de Educação Especial e
de Jovens e Adultos, para garantir a integração entre os níveis de
ensino, a formação dos profissionais que atuam na Educação
Infantil, bem como o atendimento às crianças com necessidades
especiais;
• A política de Educação Infantil em âmbito nacional, estadual e
municipal deve se articular às políticas de Saúde, Assistência Social,
Justiça, Direitos Humanos, Cultura, Mulher e Diversidades, bem
como aos fóruns de Educação Infantil e outras organizações da
sociedade civil”.
Com uma leitura reflexiva sobre as Diretrizes da Política Nacional de
Educação Infantil, cabe-nos fazer algumas observações, em complemento
às suas:
A. Por algum tempo, você tratará com textos que se referem à
educação infantil como abrigando a faixa etária de 0 (zero) a 6 (seis)
anos, isso por quê?
Porque embora o ensino fundamental pudesse ser antecipado dos 7
para os 6 anos, só recentemente, com a Emenda Constitucional nº 53, de 19
de dezembro de 2006, a questão deixou de ser opcional para ser obrigatória.
Ou seja, terminada a fase da educação infantil, 0 (zero) a 5 (cinco) anos,
começa a fase do ensino fundamental (a partir dos 6 anos).
Essa mudança você verá em textos publicados ou revisados a partir
de 2007. Tome cuidado para não se confundir!
Quando ler o Plano Nacional de Educação, por exemplo, aprovado em 2001,
veja se os textos que se referem à idade para a educação infantil, já estão
atualizados. Se não estiverem, faça você a atualização.
B. Por que chamamos educação infantil e não “ensino infantil”?
Educação é um termo mais abrangente. Não impõe normas rígidas.
Não pressupõe uma ordem de requisitos que precisa ser obedecida em
determinada seqüência. Não obriga a obediência a calendário escolar (cada
projeto de educação infantil pode estabelecer o seu); não se exige
transferência para mudar de uma escola para outra: não aprova nem reprova.
Enfim, na verdadeira educação infantil não há campo para a formalização.
Foi um erro dos sistemas permitir o uso do rótulo de “alfabetização” no
VAMOS REFLETIR
30
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
chamado “3º período” da pré-escola. Ao ingressar no ensino fundamental,
1ª série ou 1º ciclo, as crianças oriundas dessas turmas de alfabetização ou
passam a repetir “conteúdos” já “estudados” na pré-escola, ou provocam,
involuntariamente, um quadro discriminatório em relação às crianças que
vão à escola pela primeira vez, e que constituem ampla maioria no Brasil.
Mesmo que todas tivessem cursado a pré-escola, o que é o ideal, nessa
faixa de idade não deve haver espaço para a formalização do ensino, para
programas, disciplinas etc., mas sim, para múltiplas atividades.
Diz a LDB, em seu artigo 29, que a educação infantil tem como finalidade
o desenvolvimento integral da criança, considerando-a em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, mas entendida como uma ação
complementar à ação da família e da comunidade.
C. Como devem ser as propostas pedagógicas das instituições de
educação infantil?
A resposta está na publicação “Parâmetros Nacionais de Qualidade
para a Educação Infantil”,do MEC, vol.2 – vejamos:
“As propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil
consideram que o trabalho ali desenvolvido é complementar à ação da família,
e a interação entre as duas instâncias é essencial para um trabalho de
qualidade (pg. 32)”.
“As propostas pedagógicas são desenvolvidas com autonomia pelas
instituições de Educação Infantil a partir das orientações legais (pg. 34)”.
“As instituições de Educação Infantil funcionam durante o dia, em
período parcial ou integral, sem exceder o tempo que a criança passa com a
família (pg.34)”.
Já vimos, anteriormente, que um grande feito da atual Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional foi incluir a educação infantil no contexto da
Educação Básica. Falta agora a união da sociedade em torno de políticas
públicas que ampliem a oferta de vagas gratuitas em instituições
especializadas, destinadas, principalmente, a crianças oriundas de famílias
de baixa renda. Não é possível continuar aceitando o quadro que aí está: na
faixa de 0 (zero) a 3 (três) anos, apenas 11,7% da população freqüentam
creches e, na faixa de 4 a 6 anos, 68,4% estão matriculadas na pré-escola.
Bane e Jencks, há mais de 3 décadas, provaram, com pesquisas, que o sucesso
escolar está diretamente ligado às características apresentadas pela criança
quando de sua entrada na instituição escolar. Se não agimos ontem,
precisamos mudar o quadro hoje, para não nos arrependermos amanhã.
Ninguém melhor retratou em versos a necessidade da educação infantil,
como Gabriela Mistral, poeta chilena em seu aplaudido poema:
Seu Nome é HOJE
Cometemos muitos erros e muitas faltas, mas nosso maior
crime é abandonar as crianças, negligenciar a fonte de vida.
Muitas coisas que necessitamos podem esperar.
31
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
A criança não.
Este é o tempo em que seus ossos estão se formando, seu
sangue está sendo feito e seus sentidos estão se
desenvolvendo.
Para ela não podemos responder: “AMANHÔ.
Seu Nome é HOJE!
Você viu como o poema expressa a importância da educação infantil?
E tem mais:
Diversos estudos no campo da educação e da psicologia sugerem
que, embora a hereditariedade explique uma importante fração
do escore da inteligência da criança, o ambiente é ainda crucial
nessa explicação, e particularmente verdadeiro, quando se trata
do ambiente dos primeiros anos de vida.
Estudos realizados em vários países mostram que as crianças
que freqüentam a pré-escola apresentam melhores condições
de aprendizagem quando ingressam no ensino regular se
comparadas com outras crianças que não tiveram a mesma
oportunidade.
Educação Infantil não deve ser considerada como um privilégio, mas
sim, como um direito da criança.
O ENSINO FUNDAMENTAL PARA TODOS
O segundo degrau da “escada da escolarização” é o ensino
fundamental.
Quando foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, em relação à duração do ensino
fundamental, a redação do artigo 32, era a seguinte:
“O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, terá por
objetivo a formação básica do cidadão”...
Agora mudou! Com a aprovação pelo Congresso Nacional da Lei nº
11.274, de 2006, a redação passou a ser a seguinte:
“Artigo 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove)
anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade,
terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como
meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
fundamenta a sociedade;
VAMOS REFLETIR
32
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo
em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
formação de atitudes e valores;
IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
assenta a vida social.
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino
fundamental em ciclos;
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por
série podem adotar no ensino fundamental o regime de
progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo
de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo
sistema de ensino;
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização
de suas línguas maternas e processos próprios de
aprendizagem;
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a
distância utilizado como complementação da aprendizagem ou
em situações emergenciais.”
O que mudou?
A duração – passou de “no mínimo 8 (oito) anos”, para 9 (nove) anos
o tempo obrigatório. A redação anterior que se referia a “mínimo de 8 (oito)
anos”, permitia aos governantes, oferecer o “mínimo como regra geral.
Agora, todos devem oferecer um ensino fundamental de 9 (nove) anos.
Nem mais, nem menos. E a idade certa para entrar no ensino fundamental
baixou de 7 (sete) anos, para 6 (seis) anos. Com essa medida, nos igualamos
à esmagadora maioria dos países do mundo onde a entrada obrigatória na
escola dá-se aos seis anos de idade. Assim, dos 6 (seis) aos 14 (quatorze)
anos, os alunos, obrigatoriamente, devem ter acesso à escola e mais que
isto, devem ser beneficiados por medidas que assegurem sua permanência
nela, como manda a Constituição (art. 206, I). O prazo legal para a
implantação do ensino fundamental de 9 anos em todas as escolas
brasileiras vai até 2010 (Lei nº 10.172, que trata do Plano Nacional de
Educação).
Sobre a ampliação do ensino fundamental de 8 para 9 anos, leia com
atenção o texto abaixo:
IMPORTANTE!
33
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 ANOS: ESTAMOS PREPARADOS PARA
IMPLANTÁ-LO?
Doralice Aparecida Paranzini Gorai
“Tomando como ponto de partida para nossa análise a Lei nº
11.274 (BRASIL, 2006), sancionada em 6 de fevereiro de 2006,
que dispõe sobre a duração de 9 anos para o Ensino Fundamental,
com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade,
podemos observar que a mesma veio consolidar a proposição
de expansão deste nível de ensino, contida na Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394 (BRASIL, 1996), e
no Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172 (BRASIL,
2001).
Tal proposição, em pleno desenvolvimento da reforma da
educação brasileira iniciada nos anos 90, tanto pode significar
uma tendência positiva de existência de um movimento de busca
de aprimoramento do processo em desenvolvimento, quanto
apenas a ocorrência de mais uma ação pontual de cunho político,
com vistas a introduzir uma simples mudança estrutural que pouco
ou nada vai interferir na qualidade da educação ofertada neste
nível de ensino.
A medida que uma ou outra das possibilidades vai ser alcançada
depende, em grande parte, da maneira como a proposta chegue
às escolas e seja nelas apreendida, analisada e, em decorrência,
implementada. Assim, o processo de conscientização,
envolvimento e comprometimento dos educadores que atuam
nas diferentes instâncias educacionais com a concretização desta
proposta deve ser o grande diferencial para que a mesma produza
bons resultados.
Entretanto, tendo em vista o modus operandi que predomina
no contexto nacional e no sistema educacional brasileiro desde
o início do séc. XX, no que tange à introdução de inovações no
campo educacional, como bem descrevem Ghiraldelli Júnior (2000)
e Saviani (1997, 2000), podemos antever que a proposta em
questão,a exemplo do que também já ocorreu com outras que
a antecederam, tanto pode melhorar, como não alterar e até
mesmo piorar o desempenho do sistema educacional, caso não
receba o tratamento adequado em sua implementação.
Esta afirmação deve-se ao fato de que se a mudança consistir
apenas em uma mudança estrutural, a tendência é que apenas
34
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
se antecipe em um ano a idade de ingresso no Ensino
Fundamental. E, neste sentido, a simples antecipação da idade
escolar poderia significar a supressão de uma etapa de trabalho
importante, que hoje se realiza no âmbito da Educação Infantil
– El, e que focaliza o desenvolvimento da criança enquanto
indivíduo e ser social. Não bastasse isto, também consistiria na
perda de uma conquista social cuja consolidação se iniciou com
a promulgação da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1998).
Por outro lado, se o ingresso aos 6 anos for entendido apenas
como a alteração do tipo de escola que a criança freqüenta, de
forma que se mantenha inalterado o trabalho que se desenvolve
junto à mesma, a situação e os atuais obtidos provavelmente
se manteriam.
Do exposto acima se depreende que o elemento diferencial é a
priorização do componente pedagógico e a construção de uma
base de sustentação sólida e sua concretização nas escolas.”
(Transcrito parcialmente do trabalho sob o mesmo título, escrito pela
autora para a Revista ENSAIO, nº 54, vol. 15 – Janeiro/Março 2007, da
Fundação CESGRANRIO, RJ/Brasil, pg. 67 a 80).
Conforme você leu no texto, os sistemas de ensino podem oferecer o
ensino fundamental com 9 (nove) anos de duração e isso pouco representar
na melhoria da aprendizagem dos alunos. Daí ser muito importante planejar
para aproveitar bem o tempo que a criança fica sob a responsabilidade da
escola.
Veja o quanto é importante esta advertência que nos faz a Professora
Sônia Kramer, em seu texto “A Infância e Sua Singularidade”.
“O ensino fundamental, no Brasil, passa agora a ter nove anos de
duração e inclui as crianças de seis anos de idade, o que já é feito
em vários países e em alguns municípios brasileiros há muito tempo.
Mas muitos professores ainda perguntam: o melhor é que elas
estejam na educação infantil ou no ensino fundamental?
Defendemos aqui o ponto de vista de que os direitos sociais precisam
ser assegurados e que o trabalho pedagógico precisa levar em conta
a singularidade das ações infantis e o direito à brincadeira, à produção
cultural tanto na educação infantil quanto no ensino fundamental.
É preciso garantir que as crianças sejam atendidas nas suas
necessidades (a de aprender e a de brincar), que o trabalho seja
planejado e acompanhado por adultos na educação infantil e no
ensino fundamental e que saibamos, em ambos, ver, entender e
lidar com as crianças como crianças e não apenas como estudantes.
A inclusão de crianças de 6 (seis) anos no ensino fundamental requer
diálogo entre educação infantil e ensino fundamental, diálogo
institucional e pedagógico, dentro da escola e entre as escolas, com
alternativas curriculares claras”.
(Extraído do texto “A Infância e Sua Singularidade”, de Sônia Kramer in Ensino
Fundamental de Nove Anos – Brasil, MEC/FNDE-Brasília, 2006).
IMPORTANTE!
35
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
Comente com seus colegas a clareza e a oportunidade do texto acima.
O ensino fundamental regular, quanto à sua organização:
• pode adotar o modelo de série ou de ciclos (art. 32, §§ 1º e 2º
da Lei nº 9.394 de 1996);
• permite a adoção de progressão continuada no regime seriado
(art. 32, 21, 2º);
• deve ser ministrado em língua portuguesa, assegurada às
comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas
e processos próprios de aprendizagem (art. 32, § 3º da Lei nº
9.394);
• obriga a inclusão da educação religiosa no currículo, sendo,
todavia, facultativo ao aluno, freqüentar ou não, essa disciplina
(art. 33, da Lei nº 9.394/96);
• exige, pelo menos, quatro horas de trabalho efetivo em sala de
aula e prevê a progressiva ampliação do período de
permanência na escola, até atingir o tempo integral (art. 34, da
Lei nº 9.394/96);
• deve ser presencial, sendo o ensino a distância utilizado como
complementação da aprendizagem ou em situações
emergenciais (art. 32, § 4º da Lei nº 9.394/96);
• deve observar uma carga horária mínima anual de 800
(oitocentos) horas, distribuídas em um mínimo de 200 dias
letivos (art. 24, I)”.
O ENSINO MÉDIO COMO FINALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a
Lei nº 9394/96 – LDB, o ensino médio (ou ensino de 2º grau na lei anterior),
terceiro degrau da “escada da escolarização”, afinal encontrou sua identidade,
até então indefinida, ou seja, seu compromisso com a formação humanística
e científica do educando, que, após concluir essa etapa da Educação Básica,
tem a oportunidade de profissionalização, embora admita a concomitância
entre as duas formações.
É bem verdade que, recentemente, a Resolução nº 01, de 03 de
fevereiro de 2005 – CNE/CEB acrescentou mais uma forma de articulação
entre o ensino médio e a educação profissional - a integrada – que difere da
concomitância, anteriormente prevista, por tratar-se de um currículo integrado,
com matrícula única para os alunos.
VAMOS REFLETIR
36
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Todavia, essa perspectiva não limita, pelo contrário, reforça a
identidade do ensino médio, função-síntese da Educação Básica,
constituindo-se elo entre esse nível escolar e o superior, uma vez que a
educação profissional não pode prescindir do ensino médio.
A inclusão do ensino médio na Educação Básica foi um grande avanço
da LDB, que, inegavelmente, cumpriu o que estabelece a Carta Magna, no
art. 208, a garantia da “progressiva universalização do ensino médio
gratuito”.
E assim sendo e, em cumprimento às finalidades do ensino médio
estabelecidas pela LDB, sua proposta pedagógica deve ter como referência
o prosseguimento de estudos, o exercício da cidadania e a preparação para
o mundo do trabalho. Daí decorrem enfoques necessários à organização
curricular, conforme nos ensina a Profª Drª Lúcia Helena Lodi (2004) no texto
de sua autoria “Subsídios para uma reflexão sobre o Ensino Médio”:
• “Propiciar a reinterpretação e reorganização dos Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) e das Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Médio (DENEM), priorizando o
aluno-sujeito, respeitando a diversidade cultural, privilegiando
o diálogo e a construção coletiva do currículo;
• Rever a concepção de avaliação predominante que coloca
ênfase no resultado em detrimento do processo de ensino e
de aprendizagem, ou seja, promover a avaliação qualitativa no
lugar da quantitativa.
• Criar condições para o desenvolvimento de parâmetros e
diretrizes curriculares locais, com a mediação das Secretarias
de Educação e do MEC, em consonância com as diretrizes
nacionais.
• Tratar como política sócio-cultural o tema relativo às orientações
curriculares nacionais.
• Entender a importância de trabalhar o desenvolvimento da
capacidade crítica dos alunos em relação aos padrões universais
de conhecimento escolar até hoje instituídos.
• Trabalhar o conceito de competência enquanto conhecimento
necessário à compreensão e atuação crítica quanto às questões
de ordem ética, social e econômica.
• O movimento de reorganização da escola deve estar
sustentando no tripé: currículo, formação de professores e
gestão, a serem plenamente considerados.
• Assegurar condições teóricas e materiais para a comunidade
escolar assumir papel significativo na elaboração e execução
do currículo.”
37
FUNDAMENTOS LEGAISE NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
A organização curricular do ensino médio não pode ignorar os eixos
estruturais da educação na sociedade contemporânea apontados pela
UNESCO:
• “Aprender a conhecer, que se relaciona com uma educação geral
ampla, com possibilidade de aprofundamento em determinada
área do conhecimento. Deve-se estimular o prazer de
compreender, de conhecer, de descobrir.
• Aprender a fazer, que desenvolve habilidades e provoca o
surgimento de novas aptidões; aliar a teoria á prática.
• Aprender a viver, que desenvolve o conhecimento do outro e a
percepção das interdependências, e estimula o espírito de
coletividade, de fazer junto.
• Aprender a ser, que prepara o ser humano para elaborar
pensamentos autônomos e críticos e formular juízos de valor,
com capacidade de tomar decisões”.
Com relação ao currículo, é importante destacar que, como
complemento à Base Nacional Comum, cada escola deve oferecer a Parte
Diversificada definida por ela própria, de acordo com as características
regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. Dessa
forma, os educandos desenvolverão estudos e pesquisas que lhes permitam
compreender com mais profundidade a realidade do contexto em que vivem
e tornarem-se agentes transformadores da sociedade, em busca da qualidade
de vida.
Também, a exemplo do ensino fundamental, de acordo com a LDB, a
carga horária mínima do ensino médio é de oitocentas horas anuais, no mínimo
quatro por dia, num total de duzentos dias letivos, com a duração mínima de
três anos.
Enfocados os três degraus da “escada de escolarização” e não sendo
objeto de nosso estudo o outro nível da educação escolar – educação superior,
analisaremos modalidades da educação básica, educação profissional e
educação especial, bem como a metodologia da educação a distância.
E a Educação de Jovens e Adultos – EJA?
Entendemos que, quando estamos tratando da Educação Básica e seu
papel na “escada da escolarização”, estamos, implicitamente, tratando,
também, da Educação de Jovens e Adultos, termo oficializado pela Lei nº
9.394/96, alterando, assim, a nomenclatura oficial da LDB anterior (Lei nº
5.692/71) que a denominava de Ensino Supletivo, até porque se trata de
modalidade de educação básica. Sem dúvida, a nova denominação é mais
adequada, a começar pela substituição do termo ensino por educação. O
termo educação, quando aplicado ao processo ensino aprendizagem, significa
flexibilidade, não implica cumprimento rígido de dias letivos; não expede nem
recebe transferências, mas sim, avalia competências para melhor situar o
38
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
aluno; a entrada no sistema pode acontecer a qualquer dia do ano, pois
não são levados em conta dias letivos, mas a ênfase é dada à aquisição de
novos conhecimentos com a valorização de todo o “currículo oculto” que o
aluno traz.
A Educação de Jovens e Adultos não pode ser oferecida de forma
seriada (isso é ensino regular) e os cursos podem ser organizados com ou
sem avaliação no processo. É bom estar atento às normas estabelecidas
pelos Conselhos Estaduais de Educação.
No Distrito Federal, por exemplo, o Conselho de Educação aprovou a
proposta da Secretaria de Estado de Educação que estrutura a EJA em três
(3) segmentos: 1º segmento, equivalente aos estudos próprios de 1ª a 4ª
série do ensino fundamental; 2º segmento, equivalente aos de 5ª a 8ª e,
finalmente, o 3º segmento, correspondente ao ensino de nível médio. Não
esquecer que equivalência não significa igualdade. A forma, os objetivos e
a metodologia apropriados ao ensino regular e à EJA são diferentes, mas se
equivalem para os diversos fins.
Os cursos de EJA podem ser livres, quando não conduzem a uma
certificação oficial, são apenas preparatórios para o Exame Nacional de
Certificação da Educação de Jovens e Adultos – ENCEJA ou para os exames
de Estado. Ou eles podem se organizar para oferecer a certificação oficial e,
nesse caso, precisam de autorização prévia dos respectivos Conselhos de
Educação. E também, podem ser ministrados de forma presencial e a distância.
Leia o que diz a LDB sobre a Educação de Jovens e Adultos:
“Art. 37 A educação de jovens e adultos será destinada àqueles
que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na
idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
consideradas as características do alunado, seus interesses,
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
permanência do trabalhador na escola, mediante ações
integradas e complementares entre si.
Art. 38 Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
supletivos, que compreenderão a base nacional comum do
currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter
regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I – no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores
de quinze anos;
II – no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de
dezoito anos.
Entende-se por “currículo ocul-
to” os saberes acumulados
pelo aluno, mesmo que não te-
nha freqüentado escola.
39
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos
por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante
exames.”
A educação dos brasileiros portadores de necessidades especiais
Como no caso da Educação de Jovens e Adultos, EJA, a educação
especial não é, obviamente, um degrau da escada da escolarização. É uma
modalidade de educação básica.
Também em relação à educação especial, o texto da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional – LDB (art. 58 a 60), consolidou um avanço
significativo, ponto de partida para os sistemas educacionais se
conscientizarem de sua responsabilidade e de seu compromisso com jovens
e adultos com necessidades educacionais especiais, conforme destacou a
Declaração de Salamanca (1994), proclamada na Espanha, em consonância
com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos que apregoou a
universalização da educação, nela incluídos grupos com dificuldades de
escolarização, como “crianças com condições físicas, intelectuais, sociais,
emocionais e sensoriais diferenciadas” e “crianças sem deficiência e bem
dotadas”.
O que prevê a LDB para educandos com necessidades educacionais
especiais?
Além de dedicar-lhes um capítulo, fato inédito, estabelece, em seu art.
59:
“Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específicos, para atender às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem
atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental,
em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em
menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível médio
ou superior, para atendimento especializado, bem como
professores do ensino regular capacitados para a integração
desses educandos nas classes comuns;
IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas
para os que não revelarem a capacidade de inserção no trabalho
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins,
bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior
nas áreas artística, intelectual e psicomotora;
V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
suplementares disponíveis para o respectivo nível doensino regular.”
IMPORTANTE!
40
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Uma análise mais acurada desse artigo permite identificar uma política
adequada para a educação especial, que se constituirá fator de sucesso
para o aluno, de qualidade de vida e de inserção social, reduzindo os
preconceitos acumulados durante muitos anos e, por conseqüência, elevando
sua auto-estima.
Percebe-se, nitidamente, os princípios da igualdade de oportunidades
educacionais (independente das características dos estudantes) e da
diversificação de procedimentos na escola (adequação ao perfil do aluno)
preconizados pelo ilustre educador brasileiro Anísio Teixeira e que
permanecem atuais, apesar dos anos passados. Em cumprimento a esses
dispositivos legais, universaliza-se a matrícula dos alunos especiais, são
adequadas propostas pedagógicas a suas necessidades e a eles estendem-
se os benefícios dos programas sociais já concedidos aos discentes do ensino
regular.
A terminalidade específica tem sido objeto de estudos e discussões
sem um resultado conclusivo.
Com referência aos alunos superdotados, a determinação é de
aceleração para cumprirem, em um tempo menor, seu programa escolar, mas
é necessário um estudo mais profundo sobre sua efetivação, considerando
sua faixa etária, seu estágio de desenvolvimento físico, psicológico e social,
uma vez que a educação não se limita aos aspectos cognitivos, mas deve
visar ao desenvolvimento integral do educando.
Preocupa-se a Lei com a especialização dos professores do ensino
especial, seja na concepção generalista ou em áreas específicas. E é
imprescindível a capacitação dos docentes das classes regulares para que
ocorra, de modo efetivo, a inclusão dos especiais.
Ainda sob o enfoque da igualdade de oportunidades a todos os
educandos, as portas da profissionalização devem ser abertas àqueles com
necessidades educacionais especiais, na perspectiva da inserção no mercado
de trabalho, consideradas a especificidade, as possibilidades de cada um.
Essa oferta pode concretizar-se por meio de parceria com instituições
governamentais e não-governamentais e com a sociedade civil.
O grande desafio da educação especial é efetivar a educação inclusiva
de seus alunos, justificando, pois, o seguinte questionamento:
A educação inclusiva está implantada em toda sua plenitude?
A partir do preceito constitucional (art. 208), que assegura aos alunos
com necessidades educacionais especiais o “atendimento especializado na
rede regular de ensino”, as Unidades Federadas procuraram estruturar-se
para cumpri-lo, o que foi efetuado, primeiramente, pelo Distrito Federal.
Muitas dificuldades ainda são enfrentadas pelos educadores brasileiros
para a concretização da educação inclusiva, que depende, prioritariamente,
da preparação de professores do ensino especial e do ensino regular,
responsáveis pela integração do aluno especial aos seus colegas da classe
regular; da sensibilização dos pais e dos alunos da classe regular e da
responsabilidade dos gestores da escola.
IMPORTANTE!
41
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
É importante o apoio, por meio de recursos apropriados, ao
desempenho do aluno inclusivo.
Em 1994, Mazzotta já alertava para “... a possibilidade de cerceamento
do acesso e permanência do portador de deficiência nas situações comuns
de ensino a partir de decisões arbitrárias por parte de autoridades
educacionais mal preparadas que entendem que tal educando somente pode
ter acesso a serviços especializados”.
É provável que, no início da implantação da educação inclusiva, esse
fator tenha acontecido, mas, hoje, está superado, pela consciência de que a
inclusão educacional ocasiona a social, valoriza o ser humano e eleva sua
auto-estima, melhorando sua qualidade de vida.
Educação Profissional como elemento indispensável à cidadania
Desde as primeiras incursões brasileiras, no campo da educação
profissional, ficou evidenciado seu caráter assistencialista, por destinar-se
aos menos favorecidos, em oposição ao ensino secundário, cuja missão era
formar as elites condutoras do país, como comprova o objetivo do Liceu de
Artes e Ofício da Bahia, fundado no século XIX, de “educar através do
trabalho” os ex-escravos e seus filhos.
A Lei Federal nº 4.024/61 buscou reverter essa dicotomia elitista, ao
estabelecer equivalência entre todos os cursos de nível médio – secundários,
técnicos (grifamos) e os de formação de professores para o pré-primário e
para o primário, mas esteve longe de atender às expectativas dos
educadores, pois a equiparação entre o ensino acadêmico e o profissional
ocorreu, apenas, sob o ponto de vista da equivalência e da continuidade de
estudos.
Dez anos depois, a Lei Federal nº 5.692/71, na ânsia de se sobrepor à
frustração decorrente da lei anterior, incorreu no erro de tornar obrigatória a
educação profissional para todo aluno do 2º grau (hoje ensino médio), que
deveria tornar-se um técnico ou auxiliar técnico, como condição para diplomar-
se ao final do curso.
As conseqüências logo se fizeram sentir na proliferação de cursos
(limitada a aspectos quantitativos) que não satisfizeram as demandas da
sociedade; na desativação de escolas técnicas de indiscutível qualidade e
na falsa impressão de que resolveria os problemas de desemprego. Esses
efeitos foram minimizados pela Lei Federal nº 7.044/82, que tornou facultativa
a profissionalização no ensino de 2º grau.
Em 1988, a Constituição Federal confere à educação profissional o
status de direito do cidadão à educação e ao trabalho, como se pode
constatar, em seu art. 227, verbis:
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança
e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-la a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.”
42
UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
A Lei Federal nº 9.394/96 – Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDB, não só em decorrência de experiências anteriores na educação
profissional e coerente com os ditames da Carta Magna, mas buscando
adequar-se às demandas da era tecnológica, uma vez que o setor produtivo
espera o desenvolvimento de competências cognitivas e culturais, exigido
para a formação integral do educando, estabelece, como um dos princípios
do ensino, a “vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas
sociais (art. 3º); como uma de suas finalidades, “fornecer meios ao educando
para progredir no trabalho” (art. 23) e, como um dos objetivos do ensino
médio, “a preparação básica para o trabalho...” (art. 35). Já, no art. 39,
caracteriza a educação profissional como “integrada às diferentes formas
de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia “e como responsável pelo
“permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva”.
Feito um breve histórico da educação profissional, surgem,
naturalmente, as perguntas:
A. Como acontece hoje a educação profissional?
A educação profissional pode ser de nível básico e é denominada
“Formação Inicial e Continuada de Trabalhadores”, cujos cursos e programas
visam ao desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva e social, razão
por que devem articular-se com a educação de jovens e adultos. Não exigem
escolaridade e os concluintes recebem certificação, mediante comprovação
de aproveitamento.
A Educação Profissional Técnica de Nível Médio, de acordo com a LDB,
tem uma relação intrínseca com a Educação Básica; são complementares e
não concorrentes. Tanto é assim que a educação profissional pode ocorrer
de forma concomitante, mas em diferentes instituiçõeseducacionais e
matrículas distintas para os educandos ou subseqüente ao ensino médio.
Essa articulação com o ensino médio foi acrescida de uma nova forma,
além das previstas na LDB (concomitante com matrículas distintas ou
subseqüentes), isto é, integrada, no mesmo estabelecimento de ensino,
com currículo integrado e matrícula única para o aluno.
Cada escola elabora seus projetos pedagógicos e planos de curso, de
acordo com as diretrizes curriculares nacionais, prevendo, quando necessário,
o estágio supervisionado.
Os planos de curso a serem submetidos à aprovação dos órgãos
competentes, devem conter:
I – justificativa e objetivos;
II – requisitos de acesso;
III – perfil profissional de conclusão;
IV – organização curricular;
VAMOS REFLETIR
43
FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
V – critérios de aproveitamento de conhecimentos e experiências
anteriores;
VI – critérios de avaliação;
VII – instalações e equipamentos;
VIII – pessoal docente e técnico;
IX – certificados e diplomas.
Os cursos de Educação Profissional Tecnológica, de graduação e pós-
graduação são organizados, de acordo com as Diretrizes Curriculares definidas
pelo Conselho Nacional de Educação.
As instituições de educação superior também devem submeter à
aprovação dos órgãos competentes seus planos ou projetos pedagógicos,
que devem conter:
I – justificativa e objetivos;
II – requisitos de acesso;
III – perfil profissional de conclusão, definindo claramente as
competências profissionais a serem desenvolvidas;
IV – organização estruturada para o desenvolvimento das
competências profissionais, com a indicação da carga horária
adotada e dos planos de realização do estágio profissional
supervisionado e de trabalho de conclusão de curso, se
requeridos;
V – critérios e procedimentos de avaliação;
VI – critérios de aproveitamento e procedimentos da avaliação
de competências profissionais anteriormente desenvolvidas;
VII – instalações, equipamentos, recursos tecnológicos e
biblioteca;
VIII – pessoal técnico e docente;
IX – explicitação de diploma e certificados a serem expedidos.
B. Qual o papel da educação profissional na formação do cidadão?
De plano, é um dever constitucional, pois o art. 205 da Constituição
Federal estatui que:
 “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Refletindo, especificamente, sobre educação profissional x Cidadania,
não é difícil perceber que preparação para inserção no mundo do trabalho
constitui-se política de inclusão social e, portanto, deve igualar as
oportunidades de acesso e permanência, preocupando-se com a qualidade
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UNIDADE 2 - EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
dos cursos e programas oferecidos, que, prioritariamente, devem ser
compatíveis com as demandas do mercado de trabalho, quanto às profissões
mais requeridas e quanto ao perfil do concluinte, para não correr-se o risco
de gerar profissionais frustrados pelo não-alcance de seus objetivos.
E, hoje, fala-se muito em empreendedorismo, mas é preciso ter clareza
de seu conceito moderno, ou seja, “é a força do fazer acontecer” (Oscar
Motomura, Pequenas Empresas e Grandes Negócios, 2004). E fazer
acontecer em qualquer situação. Não se habilita, como em outros tempos,
para determinado emprego, mas prepara-se o educando para adaptar-se a
diferentes categorias profissionais que a vida lhe apresente. A corroborar
tal afirmativa, constata-se que empresários preferem contratar profissionais
com uma formação geral sólida e oportunizar-lhe treinamento em serviço e
formação continuada, que significa atualização permanente, permitindo o
acompanhamento das céleres mudanças no campo da ciência e da tecnologia.
O trabalhador de hoje precisa ser criativo, polivalente e saber trabalhar em
equipe.
Configura-se, assim, a educação profissional como um fator de formação
cidadã, a partir do momento em que promove a inserção social dos alijados
da sociedade, desenvolve seu espírito crítico, e eles se tornam seres
participativos e, por conseqüência, contribuem para o desenvolvimento do
país.
A cidadania se conquista pela participação e pelo compromisso de
todos.
O aluno-cidadão não é um mero expectador, mas um agente
transformador de si mesmo e do mundo.
A EDUCAÇÃO DOS BRASILEIROS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS
Também em relação à educação especial, o texto da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional – LDB (art. 58 a 60) consolidou um avanço
significativo, ponto de partida para os sistemas educacionais se
conscientizarem de sua responsabilidade e de seu compromisso com jovens
e adultos com necessidades educacionais especiais, conforme destacou a
Declaração de Salamanca (1994), proclamada na Espanha, em consonância
com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, que apregoou a
universalização da educação, nela incluídos grupos com dificuldades de
escolarização, como “crianças com condições físicas, intelectuais, sociais,
emocionais e sensoriais diferenciadas” e “crianças sem deficiência e bem
dotadas”.
O que prevê a LDB para educandos com necessidades educacionais
especiais?
IMPORTANTE!
IMPORTANTE!
VAMOS REFLETIR
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FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO
Além de dedicar-lhes um capítulo, fato inédito, estabelece, em seu art.
59:
“Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específicos, para atender às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem
atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental,
em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em
menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível médio
ou superior, para atendimento especializado, bem como
professores do ensino regular capacitados para a integração
desses educandos nas classes comuns;
IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas
para os que não revelarem a capacidade de inserção no trabalho
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins,
bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior
nas áreas artística, intelectual e psicomotora;
V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.”
Uma análise mais acurada desse artigo permite identificar uma política
adequada para a educação especial, que se constituirá fator de sucesso
para o aluno, de qualidade de vida e de inserção social, reduzindo os
preconceitos acumulados durante muitos anos e, por conseqüência, elevando
sua auto-estima.
Percebe-se, nitidamente, os princípios da igualdade de oportunidades
educacionais (independente das características dos estudantes) e da
diversificação de procedimentos na escola (adequação ao perfil do aluno)
preconizados pelo ilustre educador brasileiro Anísio Teixeira e que
permanecem atuais, apesar dos anos passados. Em cumprimento a esses
dispositivos legais, universaliza-se a matrícula dos alunos especiais,
adequando propostas pedagógicas a suas necessidades e a eles estendem-
se os benefícios dos programas sociais já concedidos aos discentes do ensino
regular.
A terminalidade específica tem sido objeto de estudos e discussões
sem um resultado conclusivo.
Com referência aos alunos superdotados, a determinação é de
aceleração para cumprirem, em um tempo menor, seu programa

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