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A essência da constituição de Ferdinand Lassalle.docx

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FILOSOFIA DO DIREITO – RESENHA CRÍTICA
	PRISCILA KÜLLER CLEMENTE
	LASSALLE, Ferdinand. A essência da Constituição. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2001.
Em sua obra “A essência da Constituição”, Ferdinand Lassalle se restringe à um importante tema de interesse de todos: O que seria uma Constituição? Demonstra como é difícil desvendar esse conceito e que embora tenhamos o auxílio de especialistas, como os jurisconsultos romanos, não temos mais que conceitos meramente jurídicos, sem chegar a essência deste objeto de estudo, o qual se ocupou Lassalle de esclarecer.
Lassalle traz um método, que se baseia na comparação de objetos semelhantes, onde um é totalmente desconhecido, quando colocados lado a lado, analisamos suas diferenças para penetrar no significado do objeto que escolhemos estudar.
Na primeira comparação, qual seria a diferença entre a lei e a Constituição? Quando vemos uma lei ser mudada ou presenciamos o surgimento de uma nova lei, acreditamos ser uma mudança comum e necessária. No entanto, quando se fala em mexer na Constituição o povo se exalta, tem medo, por que se daria essa diferença? A resposta segundo o autor, pode ser a de que a Constituição se trata de uma lei fundamental, mas essa explicação começaria uma nova indagação: o que é uma lei fundamental? Na sua definição de lei fundamental Lassalle cita três requisitos: ser ela necessária para a existência de todas as outras; parta dela o fundamento para todas as demais; o caráter fundamental é assim porque é necessário, não podendo ser diferente. 
Sendo assim, a Constituição é a lei fundamental de uma nação, uma força que faz que as demais leis comuns sejam da forma que são por necessidade. 
Diante disso, aponta o autor que há uma força ativa que se apoia nos fatores reais do poder, sendo este que determina como os ordenamentos jurídicos devem ser.
Lassalle dá como exemplo uma suposta situação, onde todas as leis de um país fossem queimadas, não restando nenhum vestígio e, por conseguinte, necessitando da elaboração de novas leis, começando do zero novamente.
Poderia depois disso, o legislador agir conforme sua vontade? O autor vai explicando diversas formas de governo, e como cada um faz parte da Constituição.
Na monarquia, um rei que manda seu exército impor a sua vontade perante os súditos, é parte da Constituição. Na aristocracia, onde supostamente o povo se revoltasse contra a desigualdade no governo, nobres usariam de sua influência para pedir ao exército, que coagisse os cidadãos, e estes nobres também fazem parte da Constituição. Dentro das sociedades industriais, os grandes industriais com seu poder de capital, são também parte.
Para demonstrar a importância de outra classe, qual seja a dos banqueiros, o autor cria a hipótese da criação de uma medida excepcional pelo governo, a qual retiraria o papel dos bancos que têm hoje e lesaria seus interesses. Essa atitude, no mínimo causaria algumas consequências para o governo. Pois, ele depende dos banqueiros quando a situação financeira do governo piora, então para ele conseguir direito mais depressa e sem cobrar mais impostos, empresta quantias de particulares, entregando títulos da Dívida Pública. Essa dependência faz com que seus interesses fiquem atrelados, e o governo imóvel em relação à alguns interesses dos banqueiros.
Sobre o poder do governo de retirar da pequena burguesia e da classe operária seus direitos, acredita o autor que seria possível somente retirar a sua liberdade política, mas jamais submetê-los à escravidão, pois se rebelariam, preferindo a morte. Também o povo, nós todos, somos uma parte integrante da Constituição.
Da mesma forma é assim com todas as classes, uma lei que não agrade uma parte da população, incita a revolta e intervenção em sua preparação, sendo a consciência coletiva também parte da Constituição.
Segundo o autor, seria essa a síntese da Constituição de um país: “a soma dos fatores
reais do poder que regem um país.” (Pg. 20). São essas instituições que são defendidas juridicamente no texto da carta constitucional. Assim, nota-se que para o autor, o que forma a Constituição são as classes que ela defende através dos direitos nela transcritos, a essência da Constituição está em seus entes protegidos, todos partes integrantes de um todo maior.
Demonstra-se que o jogo político do governo faz com que as estratégias de dar o poder àqueles que pertencem à classes mais altas é silencioso, e não tão direto quanto deveria. Na Constituição, jamais se escreverá de maneira tão clara tais prerrogativas, no entanto, se analisarmos se torna obvio. O Senado pertenceria à aristocracia e seus grandes proprietários de terra.
O poder dos reis, ou entenda-se presidente, seja qual for o sistema de governo, necessita ter um poder que sobreponha sobre as demais classes, mais até mesmo que a nobreza, para que possa permanecer no poder. O povo fica submisso à sua vontade, logo que, o governo detém o poder do exército, diz o autor que ele fabrica o próprio canhão que se colocará contra si. Esse poder ficará pleno até que a multidão se revolte. Assim Lassalle explica como existe uma grande diferença entre a Constituição real e efetiva, e a escrita, que não passa de uma “folha de papel”.
Todos os países possuem Constituições, mesmo que não estejam escritas elas estão presentes. Era como uma lei invisível fundamental, que regia as relações e as pessoas respeitavam sem questionar porque daquele modo era.
Questiona-se em que momento se passa a dar importância à uma Constituição escrita, o autor acredita que seja quando ocorreu uma transformação nos fatores reais do poder que, por conseguinte, clamaram por uma consolidação desses princípios do Estado em um documento.
Depois de uma sociedade feudal submissa aos grandes proprietários e nobres, transformando seu aspecto com o desenvolvimento da indústria e do comércio, aumenta-se o poder do príncipe que agora poderá opor-se ao exército dos nobres e impor que estes igualmente paguem impostos. Passamos então a fase da monarquia absoluta.
Começa a desenvolver-se cada vez mais o comércio e a indústria, e junto com ela a população burguesa cresce rapidamente, e assim o príncipe não consegue acompanhar esse aumento com seu número de soldados no exército. Passa agora a burguesia a acreditar que deveria estar governando juntamente com o príncipe, e a Revolução Burguesa, divide o poder com essa classe, que passa a ter sua fatia no bolo estatal. Percebe-se que a medida que as classes vão progredindo e ganhando mais capital, essas passam a reivindicar poder, não se contentam em estar em uma posição desvantajosa que outro grupo social, e assim que conquista a estabilidade social necessária, passam a lutar por poder político, o poder de governar.
Para Lassalle, posição que concordo plenamente, a Constituição que pode ser chamada de boa é aquela em que a Constituição escrita corresponde com a real, e tiver suas raízes nos fatores de poder que regem o país. Por óbvio, uma nação elenca seus objetivos principais na sua Constituição, por isso é um documento tão belo e considerado até mesmo utópico para alguns, e para que a nação esteja feliz com a sua Carta é necessário que os direitos ali elencados estejam efetivamente sendo cumpridos no plano real, senão a Constituição é mesmo, como diz Lassalle, apenas uma folha de papel.
A nação possui um poder muito forte contra o Estado somente em momento de intensa comoção, pois em verdade é uma força desorganizada, que ganha do exército em número, mas perde em eficácia na organização.
Depois de analisados os fatores reais de poder e de aproximar do que seria a essência da Constituição, Lassalle descreve o episódio de promulgação da primeira Constituição na Prússia. Depois de dissolvida a Assembleia Nacional, o rei a proclamouem 5 de dezembro de 1848, e do contrário do que se pensa, que esta Constituição por ser proclamada pelo próprio rei seria mais vigorosa e efetiva, foi ao contrário, pois esta ia de encontro com a Constituição real, e um não depois foi modificada pelo rei, para que atendesse a seus interesses. 
Alega que não pode ser lema de um partido, ou tema de qualquer discurso proteger a Constituição. Porque isso significaria que está falida, pois um país onde todas as pessoas a respeitam, e é isso que deve acontecer, não necessita de ninguém que a proteja. Se acontecer, deve-se reformá-la para que se adapte aos atuais fatores reais de poder.
Em suma, para entendermos qual é a essência da Constituição, devemos analisar todas as classes que compõem a estrutura estatal, não somente as que estão diretamente no poder, mas todos os entes, mesmo que privados, que influem em seu funcionamento. O povo é o componente mais importante de toda essa estrutura, e embora seja como Lassalle diz, uma mobilização desorganizada, tem um grande poder de influência pelo seu número. Todas essas classes, entende o autor, são partes integrantes da Constituição e se chamam fatores reais do poder.
A ideia principal desenvolvida em sua obra é, a problemática entre o abismo que existe entre a Constituição escrita e a Constituição real. Deste modo, acredito que os esforços de todos devem consistir na busca da maior aproximação entre essas duas contradições. Um Estado será justo quando a resposta efetiva dada pela sua Carta Magna, seja a prometida pelo seu texto oficial, pois valores justos e irreais não servem uma nação. 
Praça Santos Andrade, Centro, Ponta Grossa/PR – pg. � PAGE \* MERGEFORMAT �1�

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