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Formacao_e_desenvolvimento_da_sociedade_rural_brasileira

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A ótica de Caio Prado Junior. 
Prof. Marluse Castro Maciel
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 Sua proposta é debater a questão agrária do ponto de vista “científico” e político. Além disso, faz parte do grupo de autores que utilizam duas categorias de análise: “trabalhador rural” e “proprietários de terra”. Tais categorias foram propostas a princípio por ele com base na teoria marxista. 
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 Prado Jr. diz que os grandes proprietários rurais do Brasil assumem o papel de exploradores a medida em que há aumento da área de exploração rural, ou seja, os latifúndios. Para ele, o Brasil não passou pelo regime feudal, e, sim, pela economia mercantilista praticada pelos fazendeiros. 
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 O autor argumenta que os fatores que levam a agricultura brasileira a se tornar um “negócio” lucrativo para o fazendeiro são a concentração de terras (exploração das grandes propriedades rurais) e a utilização da mão-de-obra em larga escala (a começar pela escravidão e as correntes migratórias), representação da produção capitalista. Aborda, ainda, a exploração comercial da mão-de-obra como um dos fatores que agravam as condições de vida dos trabalhadores rurais, fator negativo à condição de classe. 
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 As pequenas propriedades são prejudicadas pelos investimentos focados nas grandes produções mercantis: planta-se cana em detrimento do arroz, por exemplo. As terras próprias de pequenos produtores são indiretamente afetadas pelas contingências da grande exploração. Nesse caso, nem sempre uma maior rentabilidade de um pequeno produtor significa melhoria nas condições de vida. 
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Brasil desenvolveu as bases na agricultura em larga escala, proporcionada pelo incentivo às capitanias hereditárias, grandes extensões de terras doadas pelos portugueses e financiadas por eles e pela Holanda. Circunstância que determinará o tipo de exploração agrária no Brasil: a grande propriedade. 
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 As bases da mão-de-obra foi escrava, visto que os índios, quase nômades haviam se adaptado a coleta do pau-brasil, no entanto não se adaptaram a disciplina do trabalho na lavoura da cana-de-açúcar.
 Os portugueses já estavam preparados, pois traficavam escravos africanos para os serviços domésticos e trabalhos urbanos pesados. 
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 O Brasil se tornou, em meados do século XVIII, o maior produtor mundial de açúcar. Para o autor, o elementos central da produção na época é o ENGENHO. Na verdade engenho e propriedade canavieira se tornaram sinônimos. 
 É no engenho que se estabelece as relações de desigualdade entre senhores e escravo, como representação de sua mentalidade marxista. 
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 Diferente da análise de Gilberto Freire, que considera a casa grande o elemento fundante de aproximação e intimidade entre escravos e brancos no processo de aculturação e miscigenação. Este elemento que constituiu a base da sociedade brasileira.
 Embora estejamos falando de Prado Jr. é interessante verificar como outras análises ao ser comparadas, demonstra seu caráter em que a formação da sociedade brasileira está ligada a questão econômica da produção. 
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 Nesta mesma época (Séc. XVII e XVIII) existiam as chamadas fazendas obrigadas: o lavrador recebe metade do açúcar extraído da cana que ele plantou e ainda paga pelo aluguel das terras que ele utiliza.
 A produção de água ardente era feita simultaneamente a produção de açúcar em pequenos alambiques espalhados pela fazenda. Produção menos dispendiosa, havia também estabelecimentos próprios e exclusivos. Esta era considerada, por ele, uma produção mais democrática por ser um subproduto da cana de grande consumo da colônia. 
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 Os mestiços entre índios e brancos, caboclos formarão um embrião desta classe média entre os proprietários de terra e os escravos, pois os índios já praticavam a agricultura de subsistência. 
 Também havia uma produção de subsistência que acontecia em parte da fazenda, onde uma vez por semana alguns escravos eram deslocados para trabalhar. No entanto, a dedicação de outros agricultores em produzir mandioca, arroz, feijão, gerou esta classe média. 
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Neste período o Brasil passa por uma série de mudanças no âmbito rural, o que culmina numa mudança substancial na organização da sociedade brasileira. Pois, até então a sociedade brasileira era composta por três classes: senhores, escravos e classe média (oriunda da mestiçagem entre índios e brancos).
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 Mudanças :
- De natureza geográfica: Deslocamento da primazia econômica das regiões agrícolas do norte para o centro-sul (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo). 
- Decadência das lavouras tradicionais: açúcar, algodão, tabaco e o desenvolvimento do cultivo do café, que acabará por figurar quase isolado na balança econômica brasileira.
- A beterraba torna-se um produto concorrente do açúcar, fazendo com que o Brasil ficasse em 5º lugar na produção mundial de açúcar. O algodão perde espaço para os EUA e a Ásia. 
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 Embora o café seja mais sensível, sua produção é permanente e contribuiu para o ajuste da vida econômica do país. 
 No entanto, a necessidade em desenvolverem novas técnicas que combatessem a forma rudimentar de produção brasileira, se fazia cada vez mais necessária. 
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A imigração desenhou um outro cenário social brasileiro que envolveu novas mestiçagens e novos modos de produção. 
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 Os imigrantes vieram para o Brasil diante da promessa de prosperarem e ter sua própria terra. Disponibilidade esta não encontrada entre os portugueses. 
 Mesmo com o governo “independente” da coroa portuguesa, o Rei de Portugal continuou a tarefa empreendida e que já contavam com tais antecedentes.
 Os imigrantes italianos foram trazidos com todo auxílio e amparo oficial, e foram distribuídos de maneira regular entre as regiões do Brasil. 
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Clima tropical desfavorável aos europeus.
Organização social e econômica pouco atraente.
No regime político vigente a liberdade, mesmo civil, era inexistente para a massa da população, mesmo com a exclusão dos escravos.
Havia ainda restrições de ordem religiosa que punham sério embaraço à imigração dos países protestantes, que eram justamente aqueles que forneciam então os maiores contingentes emigratórios. (A Alemanha em particular). 
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 Prado Jr. comenta:
 “Reativa-se a política de povoamento, e a par das colônias oficiais ou mesmo particulares, mas organizadas segundo o sistema tradicional que consistia em distribuir aos colonos pequenos lotes de terra agrupados em núcleos autônomos, aparece um novo tipo de colonização: fixação dos colonos nas próprias fazendas e grandes lavouras, trabalhando como subordinados e num regime de parceria”. (Caio Prado Jr., 1994, p. 186)
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 Este tipo de colonização representa uma transição que resulta na formação de pequenos proprietários e camponeses independentes. Com isso, gera-se a necessidade de mais braços para as grandes lavouras, gerando o problema imediato de mão-de-obra. 
 
 A colonização passa a ser por assalariamento puro. Eis que surge uma nova categoria, ou classe: os trabalhadores rurais. Isso contribui para eliminar a mentalidade escravista da sociedade brasileira. 
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Num país marcado pela monocultura e pelos latifúndios, a organização da pequena propriedade rural chega tardiamente no século XIX. 
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 Vários foram os fatores que contribuíram para que isso acontecesse:
- O crescimento da população;
- A partilha por sucessão hereditária;
- A desagregação do regime servil;
- A crise do sistema de grande exploração ; 
- Necessidade de produzir alimentos para os centros urbanos que se formavam. 
 Assim surgiu uma nova economia de caráter camponês fundada na pequena propriedade. 
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 O autor afirma que o grandeafluxo de trabalhadores europeus que rompeu inicialmente com os quadros econômicos e sociais condicionará o desenvolvimento do país. Mesmo porque, estas não concorrem diretamente com a produção das grandes propriedades. 
 O próprio sistema de colônia proporcionará a multiplicação destas pequenas propriedades. Além disso, as grandes aglomerações urbanas e rurais estimularam as pequenas propriedades que produziam verduras, frutas, flores, aves, ovos etc. Incompatível com os padrões clássicos da propriedade extensiva e monocultural. 
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 Diante da crise, principalmente do café no final do século XIX, o retalhamento das fazendas e sua venda em lotes por um custo acessível aos trabalhadores rurais, representará muitas vezes a única solução para as dificuldades financeiras dos seus proprietários. 
 
 
 
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 Vale ressaltar um fenômeno recorrente na época, importante para entendermos a sociedade rural brasileira, não tratada por Prado Jr., mas por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes dos Brasil. A diminuição da importância da lavoura de açúcar e a aproximação do campo e da cidade, fez com que lavradores viessem residir nos centros urbanos e trabalhar no campo. 
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Por ser um dos principais críticos da produção e exploração dos latifúndios, Caio Prado Jr. é um defensor do desenvolvimento da pequena propriedade. 
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 “Como antítese que é da grande, seu progresso, difícil, lento, mas seguro, representa um golpe profundo desferido na estrutura tradicional do Brasil. É Toda uma nova organização que está germinando na base desse progresso. Organização esta capaz de assegurar à massa de trabalhadores rurais – uma vez devidamente encaminhada e amparada – uma perspectiva nova que o trabalho subordinado nos grandes domínios não oferece nem pode oferecer nas atuais relações de trabalho do sistema econômico vigente”. (PRADO JR., 1994, p. 253)
 
 
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 O autor tem a convicção de que o desenvolvimento da pequena propriedade proporcionará a transformação do nosso tradicional sistema agrário. No entanto, a economia camponesa não teve amparo e por isso, está condenada ao primitivismo e a lentidão. 
 Defende o amparo técnico e financeiro para o campesinato em formação. 
 
 
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Algumas características da sociedade rural colonial aparecem ainda hoje. Porém, a idéia de que a agricultura brasileira demorou para implementar técnicas agrícolas e exploração da pequena propriedade, faz com que o meio rural fosse visto como sinônimo de atraso. 
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 Ainda hoje o cultivo de monoculturas em grandes propriedades de terra é uma realidade. A cana, que integra o mercado do combustível, a laranja, o eucalipto, são partes integrantes das indústrias. Uma agricultura cada vez mais mecanizada. 
 Quando não possível a mecanização da colheita, como é o caso da cana e da laranja, trabalhadores rurais o fazem. No entanto, não desenvolvem uma relação direta com o campo, visto que moram nos centros urbanos.
 
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 A pequena propriedade ganhou destaque na década de 90, deste século, com o boom dos assentamentos de reforma agrária, que remonta a lógica da pequena propriedade rural, consumo de alimentos e integração com o mercado do agronegócio. 
 Caio Prado Jr. (década de 60) propõe uma reforma regulada pela lei e distribuição de terra a partir da organização do sistema de colonato. É uma proposta de “reforma agrária” a ser desenvolvida dentro dos moldes da organização capitalista de produção, mesmo em se tratando de um autor que trabalha com categorias marxistas. 
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