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Direito do Consumidor Livro Apostila 13

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DIREITO DO CONSUMIDOR fácil PARA CONCURSOS 
 
1 
Profa. Suzele Veloso suzele_veloso@hotmail.com 
1. INTRODUÇÃO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
2. FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO CDC 
3. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: NORMAS DE ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL 
4. PRINCÍPIOS CONTRATUAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
5. RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO 
5.1 O conceito de consumidor 
6. CONCEITO DE FORNECEDOR 
7. OBJETO DA RELAÇÃO DE CONSUMO: PRODUTOS E SERVIÇOS 
8. RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
9. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO DO CONSUMIDOR 
10. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
11. OFERTA 
12. PUBLICIDADE 
13. PRÁTICAS ABUSIVAS 
14. COBRANÇA DE DÍVIDAS 
15. BANCO DE DADOS DE FORNECEDORES 
16. PROTEÇÃO CONTRATUAL 
17. CLAUSULAS ABUSIVAS 
18. AÇÕES COLETIVAS PARA DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGENEOS 
19. DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE PRODUTOS E SERVIÇOS 
20. Lei nº 8.078, de 11 de setembro DE 1990. 
21. Decreto no 2.181, de 20 de março de 1997. 
22. Decreto no 5.903, de 20 de setembro de 2006. 
23. Decreto no 6.523, de 31 de julho de 2008. 
24. Lei federal n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. 
25. Lei federal no 10.962, de 11 de outubro de 2004. 
26. Lei Distrital no 1.418, de 11 de abril de 1997. 
27. Lei Distrital no 2.547, de 12 de maio de 2000. 
28. Lei Distrital no 2.656, de 28 de dezembro de 2000. 
29. Lei Distrital no 2.810, de 29 de outubro de 2001. 
30.Lei Distrital no 3.278, de 31 de dezembro de 2003 
31. Lei Distrital no 3.683, de 13 de outubro de 2005. 
32. Lei Distrital no 3.941, de 2 de janeiro de 2007. 
33. Lei Distrital no 4.029, de 16 de outubro de 2007. 
34. Lei Distrital no 4.083, de 4 de janeiro de 2008. 
35. Lei Distrital no 4.111, de 26 de março de 2008. 
36 Lei Distrital no 4.225, de 24 de outubro de 2008. 
37. Lei Distrital no 4.277, de 19 de dezembro de 2008. 
DIREITO DO CONSUMIDOR fácil PARA CONCURSOS 
 
2 
Profa. Suzele Veloso suzele_veloso@hotmail.com 
38. Lei Distrital no 4.309, de 9 de fevereiro de 2009. 
39. Lei Distrital no 4.311, de 9 de fevereiro de 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR fácil PARA CONCURSOS 
 
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Profa. Suzele Veloso suzele_veloso@hotmail.com 
1. INTRODUÇÃO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
 
O Código de Defesa do Consumidor surgiu de uma série de movimentos históricos de grande repercussão social e econômica. 
A começar pela Revolução Francesa que foi o mote para o Estado liberal, possibilitando à burguesia a ampliação de suas 
atividades, obstaculizada pelas dificuldades de circulação da riqueza em razão do regime absolutista até então vigente. 
Os ideais do Estado liberal logo se espalharam por outros países, levando consigo a ordem da não-intervenção estatal nos 
negócios privados permitindo-se que estes fluíssem livremente segundo as regras de mercado. 
O fenômeno que mais ilustra esse período foi a Revolução Industrial, onde surgiram as grandes corporações com produção 
mecanizada em larga escala que se valiam da exploração de uma grande massa de trabalhadores. Todavia, em razão dessa 
exploração em massa de trabalhadores, tornou-se necessária uma maior intervenção do Estado nas questões sociais e 
econômicas. 
No Brasil o fenômeno foi bastante semelhante. A partir de 1934, as constituições, além das regras de regência do Estado 
Brasileiro, passaram a dispor de forma mais detalhada sobre a ordem social e econômica. 
É imperioso destacar que, antes da década de 30 a maioria da população do país vivia em áreas rurais. As relações de consumo 
eram travadas com uma maior proximidade e pessoalidade entre consumidor e fornecedor, sendo este último, geralmente, um 
comerciante ou o empresário de pequeno porte; o processo de fabricação de produtos era basicamente artesanal. 
Todavia, a partir da década de 30 houve uma grande migração para os centros urbanos. O desenvolvimento de nossos centros 
urbanos, através da proliferação de indústrias e de maior oferta de serviços nas regiões metropolitanas deu origem a grandes 
pólos de concentração populacional, reduzindo aquela proximidade entre fornecedor e consumidor. As atividades dos pequenos 
comerciantes ou empresários logo foram absorvidas pelas grandes companhias que passaram a produzir produtos em série e em 
larga escala. A relação de consumo passou a ter maior complexidade, tornando-se impessoal e indireta. 
Desta feita com o crescimento do poderio econômico de grandes empresas, a sofisticação dos produtos e serviços e os riscos à 
saúde e à segurança que estes produtos eventualmente poderiam causar, a relação de consumo passou a representar um 
vínculo jurídico marcado essencialmente pelo desequilíbrio entre consumidor e fornecedor. 
Diante disso, a tendência foi implantar regras que abrandassem esse desequilíbrio que a norma à época, o Código Civil de 1916, 
não conseguia abrandar. 
Ao longo do século XX vários diplomas normativos foram criados, revelando a crescente preocupação do Brasil com a defesa do 
consumidor, embora não tratassem especificamente sobre o tema. Dentre os diplomas, pode-se destacar o Decreto 22.626/33 
(lei da usura), a Lei 1.621/51 (lei dos crimes contra a economia popular), a Lei 4.137/62 (lei da repressão ao abuso do poder 
econômico), a Lei n.º 7.347/85 (lei da ação civil pública) e a Lei 7.492/86 (lei dos crimes contra o sistema financeiro nacional). 
O legislador constitucional de 1988, ciente de que as normas até então vigentes não se mostravam totalmente eficazes para 
eliminar as desigualdades existentes nas relações de consumo, fez inserir no texto da Carta Magna alguns dispositivos de 
conteúdo programático que assegurassem um tratamento mais direto ao tema. 
 
2. FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO CDC 
A Constituição Federal traz referências sobre o direito do consumidor, vejamos: 
 
Art. 5º, XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
(...) 
V - produção e consumo 
(...) 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor 
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
DIREITO DO CONSUMIDOR fácil PARA CONCURSOS 
 
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Profa. Suzele Veloso suzele_veloso@hotmail.com 
 
 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem 
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os 
seguintes princípios: 
(...) 
V - defesa do consumidor. 
 
É possível se concluir pelos dispositivos acima que a Constituição determina ao Estado que tome e elabore medidas necessárias à 
garantida da defesa do consumidor. 
É importante destacar que o art. 48 da ADCT – Atos das disposições Constitucionais Transitórias determinou que “o Congresso 
Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”. 
Diante disso, o Congresso Nacional elaborou o CDC que foi promulgado em 11.09.1990, quase dois anos após a entrada em vigor 
da Constituição Federal, mas tal fato não acarretou nenhum vício formal naquele diploma legislativo. 
 
 TOME NOTA: a União possui competência concorrente para editar normas sobre consumo, e, por tal competência cabe à 
União a edição de normas gerais, nos termos do art. 24, de modo que é possível que cada Estado, o Distrito Federal e os 
municípios utilizando-se de sua competência suplementar, editarem leis específicas sobre relações de consumo, em 
atendimento às suas peculiaridades regionais. 
 
3. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: NORMAS DE ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL 
 
O art. 1º do CDC assim dispõe: 
 
O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e 
interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da ConstituiçãoFederal e art. 48 
de suas Disposições Transitórias. 
 
O Código de Defesa do Consumidor pertence ao ramo do Direito Privado, ou seja, é uma norma destinada essencialmente a 
regular relações privadas, onde sobrelevam os interesses particulares. 
 
 ATENÇÃO: Apesar do Direito do Consumidor regular, via de regra, as relações privadas é possível a 
aplicação do CDC às relações em que o Estado participe de uma relação de consumo, como fornecedor 
ou consumidor. 
 
Todavia, as normas contidas no CDC são normas tidas como de ORDEM PÚBLICA e de INTERESSE SOCIAL. 
Normas de ordem pública são aquelas que são consideradas cogentes, imperativas e inderrogáveis, que refletem um acentuado 
intervencionismo estatal sobre a relação de consumo. 
As normas do CDC abrandam o princípio da autonomia da vontade, tanto que as cláusulas que infringem o contido no CDC 
podem ser declaradas nulas de ofício pelo Poder Judiciário. Desta feita, ainda que o consumidor esteja plenamente informado, 
ciente e de acordo com a inserção de uma cláusula contratual que se enquadre em alguma vedação legal e aceite abrir mão dos 
direitos que o CDC lhe assegura, a vontade por ele manifestada não terá qualquer valor jurídico, desde que o consumidor suscite 
essa questão em juízo. 
Já o entendimento de que o CDC contém normas de interesse social, revela que os preceitos contidos no código não buscam o 
acirramento de eventuais conflitos entre a classe fornecedora e a classe consumidora, mas sim visam à harmonização de seus 
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Profa. Suzele Veloso suzele_veloso@hotmail.com 
respectivos interesses, nivelando os desequilíbrios e as desigualdades que normalmente caracterizam as relações jurídicas dessa 
natureza. 
Ressalte-se que, em razão do interesse social, o CDC ao mesmo tempo em que prevê diversos mecanismos de proteção ao 
consumidor, também procurar garantir o desenvolvimento das atividades dos fornecedores em geral. 
 
4. PRINCÍPIOS CONTRATUAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
A principal fonte do direito do consumidor foi, sem dúvida, o contrato, que por sua vez rege-se por alguns princípios elencados 
tradicionalmente em cinco: autonomia da vontade, obrigatoriedade, consensualismo, relatividade e da boa-fé. 
 
4.1 autonomia da vontade 
Tal princípio parte da premissa de que todos têm plena liberdade para contratar (estabelecer quando, como, onde e o quê 
contratar). 
Mesmo quando se está diante de contratos de adesão, onde o consumidor não tem possibilidade de discutir cláusulas, é livre a 
este contratar ou não. É possível ao consumidor escolher qual contrato de adesão lhe afigure mais interessante. 
Ressalte-se que, restringindo o princípio da autonomia da vontade, o CDC no seu art. 39, II a IX, determina que o fornecedor 
poderá ser compelido a concretizar as vendas, não lhe cabendo qualquer margem de liberdade para avaliar a conveniência, ou 
não, do fechamento do negócio de consumo, constituindo em prática abusiva a sua recusa. 
 
4.2 Obrigatoriedade 
A obrigatoriedade decorre da expressão “pacta sunt servanda” – o pactuado deve ser cumprido -, uma vez que celebrado o 
contrato, devem as partes cumpri-lo fielmente, não podendo uma delas, livremente, se eximir das obrigações contratadas. 
No entanto, deve-se atentar para o fato de que é possível a modificação ou a revisão dos contratos, em razão da existência de 
cláusulas abusivas ou de situações que onerem sobremaneira uma das partes do contrato. 
 
4.3 Relatividade 
De acordo com tal princípio, os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes que a ela aderirem, não interferindo na 
situação jurídica de terceiros. Todavia, existem situações que abrandam tal princípio, como ocorre no caso do consumidor por 
equiparação, conforme previsto no art. 17 do CDC em que se tem, por exemplo, um acidente de avião em que além de causar 
danos aos passageiros, também causa danos a outras pessoas que nada contrataram com a empresa de avião. Tais pessoas 
serão consideradas consumidoras por equiparação. 
 
4.4 Consensualismo 
O princípio do consensualismo parte da premissa de que o contrato se aperfeiçoa com simples acordo de vontades (consenso) 
entre as partes. 
De acordo com o CDC o princípio do consensualismo vigora com grande força, eis que não são necessárias maiores formalidades 
para a formação dos contratos. Veja-se por exemplo que num contrato de compra e venda, o contrato se aperfeiçoa no 
momento em que o vendedor aceita o preço oferecido, independentemente da entrega da coisa. 
 
4.5 A boa-fé 
Pelo princípio da boa-fé as partes devem formar o contrato com boas intenções, visando o adequado atendimento de suas 
necessidades materiais e econômicas, de modo a proporcionar segurança ao pacto, com a preservação da integridade dos bens e 
direitos de cada parte. 
A boa-fé deve nortear a conduta das partes não somente ao longo da execução do contrato, mas também durante as etapas que 
antecedem a sua celebração. É comum falar-se em responsabilidade pré-contratual e responsabilidade pós-contratual. Assim, as 
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Profa. Suzele Veloso suzele_veloso@hotmail.com 
partes devem agir de forma correta antes, durante a execução e depois do contrato, pois mesmo após o seu cumprimento pode 
sobrar-lhe efeitos residuais, tais como a garantia do produto ou do serviço. 
 
4.6 Outros princípios 
4.6.1 Princípio da preservação dos contratos 
É possível no decorrer da execução de um contrato sobrevirem fatos imprevisíveis que possam alterar sobremaneira as 
condições inicialmente pactuadas. 
Atualmente, o entendimento que se aplica é o de que antes de se buscar a rescisão contratual em razão de tais fatos 
imprevistos, deve-se buscar preservar o contrato e eliminar apenas os fatores de desequilíbrio detectados. 
Assim, busca-se a revisão do contrato ao invés de sua rescisão. Deve-se procurar ao máximo manter o contrato firmado pelas 
partes, evitando-se ao máximo promover-se a sua extinção. 
 
4.6.2 Princípio da vulnerabilidade do consumidor 
Trata-se de uma das maiores premissas do direito do consumidor. O princípio da vulnerabilidade do consumidor se encontra o 
art. 4, I do CDC. Por tal princípio parte-se da premissa de que o consumidor é a parte mais fraca da relação de consumo, pois é 
quem apresenta maiores sinais de fragilidade técnica e econômica frente ao fornecedor. 
 
TOME NOTA: a fragilidade técnica, reveladora da vulnerabilidade do consumidor, estará sempre e 
invariavelmente em qualquer relação de consumo, constituindo em verdadeira presunção absoluta no 
sistema do CDC, pelo não admite prova em contrário. 
 
A fragilidade do consumidor é presumida mesmo que ele seja dotado de excelente nível cultural ou de elevados conhecimentos 
técnicos. A fragilidade do consumidor tem a ver com a sua manifesta inferioridade frente ao fornecedor no que concerne ao 
poder aquisitivo, ao poder financeiro. 
É extreme de dúvidas que o fornecedor sempre terá melhores condições de se defender em qualquer litígio que venha a travar 
com o consumidor, seja em sede judicial, seja em sede administrativa. Essa condição econômica avantajada permitirá ao 
fornecedor contratar bons advogados em qualquer localidade do país, produzir provas com maior facilidade, manter um nível de 
organização que propicie com maior eficiência, a guarda, a coleta de dados técnicos, mercadológicos e comerciais de seu 
interesse. 
 
4.6.3 Princípio da transparência 
Tal princípio está previsto no art. 4º do CDC e determina que o fornecedor deve dar ao consumidor pleno e prévio conhecimento 
acerca dos produtos e serviços que são oferecidos, bem como todas as condições que envolvem a sua aquisição e utilização. 
O princípio da transparência está atrelado ao dever do fornecedor de prestar informações, contido no art. 46 do CDC que está 
atrelado ao direito básico do fornecedor de ser informado de acordo com o art. 6º, III do código. 
 
4.6.4 Princípio da intervenção doEstado 
Por tal princípio cabe ao Estado proteger o consumidor. Trata-se de consectário lógico do princípio da vulnerabilidade do 
consumidor. 
Tal princípio pode ser manifestado principalmente através das campanhas educativas, a fim de proporcionar ao consumidor um 
melhor discernimento para fazer as escolhas que efetivamente vão atender às suas necessidades de consumo. De igual modo, a 
proibição de publicidade enganosa e abusiva também se insere no princípio da intervenção estatal com vistas à proteção do 
consumidor. 
 
4.6.5 Princípio da confiança 
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Profa. Suzele Veloso suzele_veloso@hotmail.com 
Quando alguém mantém uma relação de consumo com um determinado fornecedor, intuitivo se afigura que aquele consumidor 
deposita confiança nas informações prestadas, na segurança, na qualidade e na eficiência do produto ou serviço adquirido. 
Toda vez que uma relação de consumo se perfaz, evidencia-se a presença da confiança que o consumidor deposita no 
fornecedor que fabrica e comercializa o produto. Dessa forma, eventual vício no produto ou no serviço irá gerar a quebra desse 
princípio, ocasionando a responsabilidade do fornecedor. 
 
5. RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO 
Relação jurídica é o vínculo que une duas ou mais pessoas, caracterizando-se uma como sujeito ativo e a outra como sujeito 
passivo. Tal vínculo decorre de lei ou de contrato. Se uma das partes se enquadrar no conceito de consumidor e a outra no de 
fornecedor, entre elas houver nexo de causalidade (vínculo) capaz de obrigar uma a entregar a outra uma prestação, estaremos 
diante de uma relação jurídica de consumo, sobre a qual incidirá o CDC. 
 
 TOME NOTA: A relação jurídica de consumo apresenta três elementos: o subjetivo, objetivo e o 
finalístico. 
 
O elemento subjetivo diz respeito aos partícipes dessa relação jurídica, ou seja, o fornecedor e o consumidor. Desta feita, a 
aplicação do CDC só se possível se de um lado figurar alguém que se enquadre no conceito de consumidor e na outra ponta situa 
alguém que se enquadre como fornecedor. 
Os conceitos de consumidor e fornecedor se interagem mutuamente, de modo que a identificação de um deles em uma dada 
relação jurídica pressupõe a presença do outro na mesma relação. 
O elemento objetivo tem a ver com a existência de um produto ou serviço que constitua objeto de uma relação jurídica de 
consumo. 
E o elemento finalístico significa a condição de destinatário final do consumidor que adquire ou utiliza um produto ou serviço. 
Tais elementos devem ser analisados sob o enfoque do CDC, conforme se verá a seguir. 
 
5.1 O conceito de consumidor 
Para compreender o CDC com enfoque nas questões de concursos públicos é de extrema relevância compreender o conceito de 
consumidor que se encontra no art. 2º da citada norma: 
 
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, 
que haja intervindo nas relações de consumo. 
 
Diante disso, consumidor é qualquer pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza o produto ou serviço como destinatário 
final. Assim, se determinada pessoa comparece a um estabelecimento e adquire um produto para a própria utilização, sem a 
intenção de revendê-lo, negociá-lo ou utilizá-lo profissionalmente – ou seja, na qualidade de destinatário final – estará 
enquadrado no conceito de consumidor. 
Se por ventura, determinada pessoa resolve adquirir um produto para presentear um amigo, esse amigo também será 
consumidor na medida em que utilize o produto em proveito próprio. De igual modo, se determinada pessoa se dirige a um 
supermercado e lá adquiro carne para um churrasco que efetivamente é realizado, onde toda minha família comparece para 
consumir a carne, todos são considerados como consumidores. 
Assim, tanto a pessoa como seu amigo ou a família ao utilizarem-se dos produtos em proveito próprio serão todos considerados 
como consumidores. 
TOME NOTA: neste exemplo, o amigo e a família são considerados consumidores por equiparação, 
DIREITO DO CONSUMIDOR fácil PARA CONCURSOS 
 
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Profa. Suzele Veloso suzele_veloso@hotmail.com 
nos termos do parágrafo único do art. 2º que diz que a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo, equipara-se a consumidor. 
 
Quando o consumidor é pessoa física o seu enquadramento como consumidor se mostra sem maiores dificuldades, todavia, 
quanto à pessoa jurídica consumidora é necessário distinguir vários pontos relevantes. 
O art. 2º do CDC deixou claro que consumidor pode ser pessoa física ou jurídica e no caso da pessoa jurídica para que se 
enquadre no conceito de consumidor é necessário que o produto ou serviço adquirido não guarde vinculação direta com a 
atividade-fim explorada economicamente pela pessoa jurídica. 
Diante disso, imagine um confeitaria que adquire matérias-primas para manufaturação (frutas, açúcar), ou uma montadora de 
veículos que adquire peças para serem utilizadas na linha de produção de seus veículos. Nessas situações, tais sociedades 
empresárias não serão consideradas consumidoras, já que não estariam revestidas a qualidade de destinatárias finais de tais 
produtos. 
 
 TOME NOTA: quando o adquirente do produto, pessoa física ou jurídica, estiver atuando como 
intermediário do ciclo de produção, não se enquadrará como consumidor, por não ser destinatário 
final. 
 
Imagine-se agora que a montadora de veículos contrate o serviço de dedetização para eliminar insetos em sua sede. Por não 
guardar qualquer vinculação direta com a produção e montagem dos veículos, atividades essas que, em tese podem 
perfeitamente ser desenvolvidas mesmo que as instalações daquela indústria permaneçam infestadas de moscas e baratas. 
Nesse caso, é possível identificar a relação entre a montadora e a empresa de dedetização como uma relação de consumo. 
Por outro lado, a confeitaria ao contratar a mesma empresa de dedetização, não poderia ser classificada como consumidora, 
pois a higiene de suas instalações é essencial para a manutenção de um mínimo de qualidade na elaboração de seus produtos. 
Desta feita, qualquer estabelecimento que explore atividades econômicas relacionadas à venda, fornecimento e manufaturação 
de alimentos (restaurantes, lanchonetes, supermercados, etc) não serão consumidoras ao contratar uma empresa de 
dedetização de seus respectivos estabelecimentos, já que a infestação de insetos poderia acarretar inclusive a interdição de suas 
atividades pela Vigilância Sanitária. 
Para se chegar a tal conclusão sobre o conceito de consumidor é imprescindível distinguir as duas teorias. Tratam-se das teorias 
maximalista e finalista. 
Segundo a teoria maximalista ou objetiva, procura-se atribuir o conceito de consumidor, dando-se uma interpretação ampla do 
termo “destinatário final”, considerando como sendo a pessoa (física ou jurídica) que encerra a cadeira produtiva. Dessa forma, 
se enquadraria como destinatário final aquele que retira o produto ou serviço do mercado. Por essa corrente é irrelevante 
perquirir qual a finalidade do ato de consumo, se vai estar ligada ou não à finalidade da pessoa jurídica; para se enquadrar no 
conceito de consumidor, basta ser destinatário final. 
Já a teoria finalista ou subjetiva, entende que se a aquisição do produto ou utilização do serviço estiver ligada ao desempenho 
da atividade econômica da pessoa jurídica que adquire esse produto ou serviço, esta não será considerada consumidora. Para 
que o consumidor seja considerado como destinatário final (encaixando-se no conceito de consumidor) o produto ou serviço não 
deve guardar conexão direta ou indiretamente com a atividade econômica por ele desenvolvida. Tal teoria tem sido adotada 
freqüentemente pelo Superior Tribunal de Justiça em seus julgados e parte da doutrina destaca que é essa teoria aplicadapelo 
CDC, como vimos nos exemplos acima. 
 
5.1.1 O consumidor por equiparação 
O art. 17 do CDC assim dispõe: 
 
Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR fácil PARA CONCURSOS 
 
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Profa. Suzele Veloso suzele_veloso@hotmail.com 
O citado artigo traz o que chamamos de consumidor por equiparação. Um exemplo é capaz de nos fazer compreender quem são 
os consumidores por equiparação: imagine-se um acidente aéreo que, além de provocar mortes e ferimentos em vários 
passageiros, vem a atingir pessoas e bens situados na terra. Nesse caso, as pessoas que efetivamente celebraram um contrato 
de consumo com a empresa de aviação, ou seja, os passageiros, são considerados consumidoras do serviço prestado pela 
empresa. Por outro lado, as pessoas atingidas na terra que nada convencionaram com a empresa de aviação, por também terem 
sido atingidas pelo acidente, também poderão ter seus direitos tutelados pelo CDC, na medida em que equiparam-se a 
consumidores, eis que são vítimas do evento assim como os passageiros. 
Verifica-se assim que a lei estendeu a definição de consumidor a qualquer pessoa eventualmente atingida por acidente de 
consumo, mesmo que nada tenha utilizado ou adquirido do fornecedor. 
Por fim registre-se o que consta no art. 29 do CDC: 
 
Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas 
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. 
 
A equiparação a que se refere tal artigo refere-se àqueles que não são partes em contrato de consumo, mas que podem vir a ser. 
Dessa forma, a proteção ao consumidor pode se dar mesmo antes da existência de um contrato. Logo, basta a mera exposição 
da pessoa às práticas comerciais ou contratuais para que se esteja diante de um consumidor a merecer a cobertura do Código. 
Quem se encontrar exposto às práticas comerciais pode invocar a condição de consumidor e requerer a aplicação do CDC, não 
sendo necessário, via de regra, ter firmado um contrato para isso. 
Nos termos do que dispõe o art. 29 do CDC a qualificação de alguém como consumidor pode se dar em um nível pré ou 
extracontratual, como na hipótese de uma pessoa se sentir seduzida por uma mensagem publicitária e se motivar a adquirir o 
produto ou serviço ofertado. Nesse caso, o destinatário da mensagem publicitária ainda não chegou a realizar qualquer contrato 
como fornecedor, mas poderá valer-se dos preceitos do CDC que tratam das práticas comerciais. 
 
6. CONCEITO DE FORNECEDOR 
O conceito de fornecedor se encontra no art. 3º do CDC: fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional 
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
 
 ATENÇÃO: não se esqueça que o conceito de fornecedor está necessariamente atrelado ao de 
consumidor, de modo que a existência daquele pressupõe a existência deste. 
 
Não restam dificuldades em visualizar o fornecedor pessoa jurídica que numa relação de consumo realize atividade de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou 
prestação de serviços. Por outro lado, a visualização de um fornecedor pessoa física talvez demonstre uma certa dificuldade. 
Para tanto, a título de exemplo de fornecedor pessoa física podemos citar o empresário individual que vende produtos ou presta 
serviços para pessoas que adquirem os produtos ou serviços como consumidoras finais. Ainda é possível enquadrar como 
fornecedor pessoa física o profissional liberal, como médicos, dentistas contadores etc. que exercem atividades não 
remuneradas. O profissão liberal é aquela caracterizada pelo exercício de uma atividade técnica em área de conhecimento 
específica sem qualquer vinculação hierárquica; é o prestador de serviço autônomo, que faz de seu conhecimento o instrumento 
de sua sobrevivência. Tais profissionais também se encontram submetidos às regras do CDC. 
Também são enquadrados como fornecedores pessoas físicas aqueles que modestamente vendem bijouterias, doces em 
escolas, clubes, universidades, com isso desenvolvendo atividade econômica de modo a auferir recursos para sua sobrevivência. 
 
 TOME NOTA: em qualquer caso, seja pessoa física ou jurídica, para que alguém se enquadre na 
descrição do art. 3º do CDC é fundamental que a atividade desempenhada seja em caráter profissional 
e contínuo, pois esses fatores normalmente propiciam grande vantagem ao fornecedor devido ao 
planejamento, experiência de mercado e conhecimentos técnicos que lhes são inerentes, daí 
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resultando sua manifesta supremacia frente ao consumidor – situação essa que a lei n.º8.078/90 
pretende abrandar. 
 
6.1 Os representantes comerciais 
Os representantes comerciais quando angariarem clientes interessados em adquirir mercadorias produzidas ou comercializadas 
pelo representado serão juntamente com este considerados fornecedores – desde que o cliente se qualifique como consumidor. 
Ressalte-se que se esse cliente (angariado pelo representante comercial) se enquadrar no conceito de consumidor não poderá o 
representado recusar-se a celebrar a contratação, por força do disposto no art. 34 do CDC: 
 
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus 
prepostos ou representantes autônomos 
 
Desta feita, se através do trabalho de divulgação da mercadoria pelo representado, o representante lança alguma oferta a 
determinado cliente, este poderá exigir que a contratação seja realizada, caso ostente a qualidade de consumidor e diante disso 
não caberá ao representado recusar-se a atender o pedido do cliente, uma vez que sendo uma relação de consumo, deve-se 
aplicar o art. 34. 
 
 ATENÇÃO: caso o representante promova alguma oferta destinada a consumidor mesmo sem contar 
com a autorização expressa do representado, este último deverá honrá-la tal como se estivesse 
consentindo com o que fora divulgado. Nesse caso, caso o representado se sinta prejudicado, deve se 
voltar contra o representante comercial; o que não se admite é que o representado se exima de 
qualquer responsabilidade pelo compromisso assumido por seu representante frente a alguém que se 
qualifique como fornecedor. 
 
6.2 A pessoa jurídica de direito público como fornecedora 
Nos termos do art. 3º do CDC também pode-se enquadrar como fornecedor as pessoas jurídicas de direito público pertencentes 
à Administração Pública, demonstrando a possibilidade de existência de uma relação de consumo entre o Estado e os 
particulares. Tal relação pode se dar por exemplo, pela prestação de serviços de energia elétrica ou de fornecimento de água. 
É bem verdade que boa parte dos serviços públicos são delegados a particulares. Nesse caso, encontra-se diretamente 
responsável pelo serviço a empresa delegatária de serviço público. Todavia, é possível responsabilizar o Estado pela má 
prestação do serviço da delegatária, põem de forma subsidiária. 
Destaque-se que os serviços públicos a serem objeto do CDC são aqueles remunerados através de tarifa ou preço pública. Os 
serviços remunerados por taxa não são suscetíveis de analise por meio do CDC. 
Explicando melhor: os serviços remunerados por taxa são disciplinados por normas de Direito Público, no caso o Direito 
Tributário (já que as taxas são espécies de tributos). A cobrança das taxas é feita com base no poder de império do Estado, cujo 
pagamento se dá de forma coercitiva, independentemente da vontade do contribuinte em recolher o tributo. Assim, a cobrança 
das taxas de serviço se dá em razão da clara posição de superioridade do Estado em face do particular. É o caso da cobrança da 
TLP – Taxa de LimpezaPública que é feita independentemente da vontade do particular; o recolhimento é obrigatório, não 
havendo opção pelo contribuinte. 
A cobrança de taxas de serviços é incompatível com os direitos assegurados ao consumidor pelo CDC, qual seja, a liberdade de 
escolha e a igualdade nas contratações. 
Por outro lado, os serviços públicos objeto do CDC podem ser prestados pela própria Administração Pública ou por delegatários 
de serviços públicos. São os serviços remunerados por tarifas ou preços públicos. A prestação desses serviços é feita pelo Estado 
sem utilizar-se da condição de superioridade, ele o faz desinvestido de seu poder de império, de modo que a relação jurídica 
mantida com o usuário do serviço público assume contornos nitidamente contratuais, cabendo, portanto a incidência do CDC. É 
o que ocorre no caso dos serviços públicos de energia elétrica ou fornecimento de água; são serviços públicos remunerados por 
tarifas e que não se revelam decorrentes do Poder de império do Estado, onde o particular tem a liberdade de contratar ou não 
tais serviços. 
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6.3 O ente despersonalizado como fornecedor 
Os entes despersonalizados também ostentam a condição de fornecedor nos termos do art. 3º do CDC. Nesse caso, podemos 
citar as sociedades despersonalizadas (irregulares), os espólios e as massas falidas. 
 
6.4 O objetivo de lucro é necessário para a caracterização de alguém como fornecedor? 
Para a caracterização de alguém como fornecedor não é necessário o objetivo de lucro em proveito de quem exerce alguma das 
atividades mencionadas no art. 3º do CDC, embora na maioria das vezes o lucro esteja presente. 
Dessa forma, mesmo nas atividades em que não se persegue nenhum proveito econômico em benefício daqueles que as 
promovem, mas sim em favor de terceiros, como bazares e eventos filantrópicos, onde a arrecadação com a venda é destinada à 
realização de objetivos filantrópicos, será possível vislumbrar uma relação de consumo nas vendas realizadas, podendo o 
adquirente invocar em seu favor os preceitos do CDC frente aquele que lhe vendeu a mercadoria. 
 
6.5 Fornecedores que oferecem produtos roubados ou pirateados 
É muito comum a aquisição de produtos em feiras livres, camelôs, ambulantes, sacoleiros, etc. Tais pessoas revestem por 
completo a condição de fornecedor, frente aos clientes que adquirem seus produtos que se revestem também por completo da 
condição de consumidor. 
Entretanto, o adquirente de tais produtos não faz jus à proteção jurídica conferida pelo CDC, justamente pela origem ilícita que 
se presume sobre tais produtos. Geralmente, os produtos vendidos em feiras, camelôs ou através de sacoleiros e ambulantes 
são produtos pirateados, roubados, contrabandeados ou descaminhados. É intuitivo ao homem médio que o vendedor que 
expõe na rua óculos, relógios, DVD’s, CD’s e perfumes a preços bem abaixo do valor de mercado, não está por óbvio 
comerciando produtos originais. 
Nessa hipótese o consumidor não teria qualquer proteção do CDC, simplesmente por que sua conduta pode ser enquadrada 
como criminosa, eis que tipifica o delito de receptação em suas formas dolosa ou culposa, não tendo qualquer cabimento a 
aplicação do CDC nesses casos.~ 
 
7. OBJETO DA RELAÇÃO DE CONSUMO: PRODUTOS E SERVIÇOS 
A relação de consumo não existe sem o elemento objetivo da relação que, no caso, é o produto ou o serviço oferecido. 
 
7.1 conceito de produto 
O conceito de produto está disposto no art. 3º, § 1º do CDC: 
 
Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
 
Bens são coisas que são suscetíveis de apropriação e tem valor econômico. 
O conceito de bem móvel se encontra no Código Civil, vejamos: 
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem 
alteração da substância ou da destinação econômico-social. 
 
Já os bens imóveis também estão definidos no Código Civil: 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
 
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O CDC também faz referência aos bens materiais e imateriais. É o que o Código Civil classifica como bens corpóreos ou 
incorpóreos, definindo-os da seguinte forma: 
Bens corpóreos (ou materiais) são os que têm existência física,material e podem ser tangidos pelo homem. Bens incorpóreos (ou 
imateriais) são os que têm existência abstrata, mas valor econômico, como o direito autoral. 
Nessa esteira, qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, desde que adquirido ou utilizado por alguém que se 
qualifique como destinatário final nos termos do art. 2º, caput do CDC, pode caracterizar-se como elemento objetivo de uma 
dada relação de consumo. 
 
7.2 Conceito de serviço 
 
Art. 3º, § 2º do CDC: 
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as 
de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de 
caráter trabalhista. 
 
Nesse caso, o objeto da relação de consumo envolve uma atividade a cargo do fornecedor, oferecida ao público em geral, 
realizada com o intuito lucrativo. 
 
 TOME NOTA: no conceito de serviço destaca-se a situação de que o serviço deve ser fornecido no 
mercado de consumo. Mercado de consumo significa que determinada relação jurídica de prestação de 
serviços somente se qualifica como objeto do direito do consumidor se oferecida de forma indistinta a 
todos os membros da comunidade, ou seja, disponível ao público em geral, em caráter 
habitual/profissional do fornecedor. 
 
7.3 Produtos e serviços duráveis e não duráveis 
Produtos não duráveis são aqueles que se extinguem ou se destroem logo no primeiro uso, ou, ao menos vão se extinguindo 
gradativamente com o uso reiterado. É o caso dos alimentos, bebidas, medicamentos, etc. 
 
Produtos duráveis são aqueles que podem ser utilizados mais de uma vez, sem diminuição de sua qualidade ou da sua 
substância. É caso dos livros, automóveis, eletrodomésticos, roupas, computadores, etc. 
 
 TOME NOTA: Art. 26 do CDC: 
O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: 
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; 
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis 
 
Serviços não duráveis são aqueles cujos efeitos não se estendem no tempo, exaurindo-se com a sua simples execução. É o caso 
dos serviços de lavagem de automóveis, de transporte, de hotelaria, etc. 
Serviços duráveis são aqueles que produzem efeitos após a sua execução, como uma cirurgia plástica, o conserto de uma 
máquina, os serviços educacionais, planos de saúde, etc. 
 
7.3 A remuneração dos produtos e serviços 
O § 2º do art. 3º do CDC destaca que serviço para ser enquadrado como objeto de uma relação jurídica de consumo deve ser 
remunerado. Assim, o serviço objeto de uma relação consumerista deve ter o caráter oneroso, com intuito lucrativo 
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/especulativo por parte do fornecedor. Se o serviço se der de forma gratuita, por cortesia ou por benemerência, a relação 
jurídica não se enquadrará nos preceitos do CDC e sim do Código Civil. 
Todavia, é imprescindível destacar que em algumas situações que envolvam a prestação de um serviço sem pagamento, revelam 
apenas uma aparência de gratuidade, na medida em que tais serviços são realizados dentro de um contexto mercadológico que 
faz presumir a existência de uma remuneração indireta. 
É o caso, por exemplo, de um shopping Center que oferece estacionamento livre aos seus freqüentadores. Nesse caso, o 
shopping estará se beneficiando economicamente dessa atividade. Isto por que, a possibilidade de estacionar o veículo sem 
nada pagar porisso é bastante atrativo, fator que irá captar clientes para o shopping. Assim, a remuneração do serviço não se 
deu de forma direta, mas há remuneração indireta. Além disso, o preço do estacionamento com certeza estará embutido nos 
preços comercializados pelo shopping Center. 
 
7.4 O CDC e os bancos 
Sobre a aplicação do CDC aos serviços bancários, financeiros e creditícios, muita controvérsia se instaurou após o advento do 
código, eis que muitos doutrinadores sustentavam que o cliente do banco não seria o destinatário final do dinheiro, que é o 
produto oferecido pelas instituições financeiras. Isto por que o dinheiro é apenas um meio de pagamento circulável na 
sociedade, em relação ao qual descaberia a existência de um destinatário final (salvo no caso de colecionadores de moedas). 
Todavia, o Supremo Tribunal Federal, após inúmeras controvérsias, chegou à conclusão por meio da ADIN 2.591, de que aos 
bancos aplica-se o disposto no CDC, consolidando a jurisprudência que há tempos vinha sendo aplicado pelo Superior Tribunal 
de Justiça: 
EMENTA: CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5o, XXXII, DA CB/88. ART. 170, V, DA CB/88. INSTITUIÇÕES 
FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, EXCLUÍDAS DE SUA ABRANGÊNCIA A DEFINIÇÃO 
DO CUSTO DAS OPERAÇÕES ATIVAS E A REMUNERAÇÃO DAS OPERAÇÕES PASSIVAS PRATICADAS NA EXPLORAÇÃO DA 
INTERMEDIAÇÃO DE DINHEIRO NA ECONOMIA [ART. 3º, § 2º, DO CDC]. MOEDA E TAXA DE JUROS. DEVER-PODER DO BANCO 
CENTRAL DO BRASIL. SUJEIÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. 
1. As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do 
Consumidor. 
2. "Consumidor", para os efeitos do Código de Defesa do Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como 
destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito. 
3. O preceito veiculado pelo art. 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor deve ser interpretado em coerência com a 
Constituição, o que importa em que o custo das operações ativas e a remuneração das operações passivas praticadas por 
instituições financeiras na exploração da intermediação de dinheiro na economia estejam excluídas da sua abrangência. 
4. Ao Conselho Monetário Nacional incumbe a fixação, desde a perspectiva macroeconômica, da taxa base de juros praticável no 
mercado financeiro. 
5. O Banco Central do Brasil está vinculado pelo dever-poder de fiscalizar as instituições financeiras, em especial na estipulação 
contratual das taxas de juros por elas praticadas no desempenho da intermediação de dinheiro na economia. 
6. Ação direta julgada improcedente, afastando-se a exegese que submete às normas do Código de Defesa do Consumidor [Lei n. 
8.078/90] a definição do custo das operações ativas e da remuneração das operações passivas praticadas por instituições 
financeiras no desempenho da intermediação de dinheiro na economia, sem prejuízo do controle, pelo Banco Central do Brasil, e 
do controle e revisão, pelo Poder Judiciário, nos termos do disposto no Código Civil, em cada caso, de eventual abusividade, 
onerosidade excessiva ou outras distorções na composição contratual da taxa de juros. ART. 192, DA CB/88. NORMA-OBJETIVO. 
EXIGÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR EXCLUSIVAMENTE PARA A REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO. 
7. O preceito veiculado pelo art. 192 da Constituição do Brasil consubstancia norma-objetivo que estabelece os fins a serem 
perseguidos pelo sistema financeiro nacional, a promoção do desenvolvimento equilibrado do País e a realização dos interesses 
da coletividade. 
8. A exigência de lei complementar veiculada pelo art. 192 da Constituição abrange exclusivamente a regulamentação da 
estrutura do sistema financeiro. CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL. ART. 4º, VIII, DA LEI N. 4.595/64. CAPACIDADE NORMATIVA 
ATINENTE À CONSTITUIÇÃO, FUNCIONAMENTO E FISCALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ILEGALIDADE DE RESOLUÇÕES 
QUE EXCEDEM ESSA MATÉRIA. 
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9. O Conselho Monetário Nacional é titular de capacidade normativa --- a chamada capacidade normativa de conjuntura --- no 
exercício da qual lhe incumbe regular, além da constituição e fiscalização, o funcionamento das instituições financeiras, isto é, o 
desempenho de suas atividades no plano do sistema financeiro. 
10. Tudo o quanto exceda esse desempenho não pode ser objeto de regulação por ato normativo produzido pelo Conselho 
Monetário Nacional. 
11. A produção de atos normativos pelo Conselho Monetário Nacional, quando não respeitem ao funcionamento das instituições 
financeiras, é abusiva, consubstanciando afronta à legalidade. 
 
8. RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
O Código de Defesa do Consumidor assim determina: 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
(...) 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; 
 
Desta feita o CDC assegura a efetiva reparação dos danos causados ao consumidor em decorrência de danos patrimoniais (ao 
patrimônio) e morais, decorrentes das relações de consumo. 
A responsabilidade civil do fornecedor é do tipo objetiva, ou seja, é dispensada a prova da culpa do fornecedor. Na 
responsabilidade objetiva não há que se perquirir se o fornecedor agiu mediante culpa ou dolo, basta provar a existência de um 
dano e do nexo causal. Nessa esteira, não cabe ao consumidor provar que o fornecedor agiu com culpa ou dolo para ver 
ressarcido seu prejuízo, tampouco cabe ao fornecedor tentar se eximir de sua responsabilidade, provando que não teve dolo e 
nem culpa no defeito ou vício do produto ou serviço. 
Nessa esteira, para a responsabilização do fornecedor basta a existência dos seguintes requisitos: 
a) Dano: que pode ser sobre o patrimônio do consumidor ou sua integridade física ou moral; 
b) nexo de causalidade: vínculo entre o dano e a utilização do produto ou serviço. 
Assim, para a efetiva responsabilização do fornecedor, basta que o dano ao consumidor seja causado pela utilização do produto 
ou serviço. 
 
TOME NOTA: o art. 23 do CDC determina que “ignorância do fornecedor sobre os vícios de 
qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.” 
Assim, mesmo que o fornecedor desconheça o vício do produto ou serviço, será responsabilizado pelos 
danos causados. 
 
Tais danos podem advir do fato do produto ou vício do produto. 
 
8.1 Distinção entre fato e vício do produto 
Observe o que dispõe o art. 12 e art. 18 do CDC: 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I - sua apresentação; 
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
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III - a época em que foi colocado em circulação. 
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade 
ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como 
por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem 
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição daspartes 
viciadas. 
Como visto o art. 12 se refere à responsabilidade civil decorrente de DEFEITOS do produto e o art. 18 se refere à 
responsabilidade civil pelo VÍCIO do produto. 
Fato (ou defeito) do produto pressupõe uma repercussão externa, causadora de dano ou prejuízo para o consumidor, 
desfalcando seu patrimônio ou atingindo algum atributo moral. Assim, o defeito ocorrido na fabricação ou na comercialização do 
produto pode gerar conseqüências externas, tais como acidentes, causando prejuízo ao consumidor. 
O vício do produto é simplesmente uma imperfeição no produto sem causar efetivos prejuízos ao consumidor. Trata-se apenas 
de um problema que faz com que o produto não funcione corretamente, que o torna impróprio para o consumo ou que diminui 
o seu valor. 
A título de exemplo: um iogurte estragado adquirido por um consumidor poderá ser classificado como defeituoso (fato do 
produto) ou viciado (vício do produto). Será defeituoso se, por estar estragado, causar um problema de saúde ao consumidor. 
Veja-se que em decorrência de uma imperfeição no produto, este causou um prejuízo ao consumidor. Isto é, o produto causou 
uma repercussão externa, um problema extra, causando um dano maior que simplesmente o fato de estar estragado. 
Por outro lado, se o consumidor ao abrir a embalagem do produto verifica de plano que ele está estragado e deixa de consumi-
lo, estamos diante apenas de um vício no produto, eis que por não ter sido consumido, o produto não gerou um efetivo dano ao 
consumidor. 
 
8.2 Responsabilidade por fato do produto 
O art.12, conforme vimos, dispõe sobre a responsabilidade civil por fato (ou defeito) do produto. E tal dispositivo destaca que a 
responsabilidade do fornecedor é OBJETIVA, ou seja, independentemente de culpa. Assim, para que o fornecedor seja 
responsável pelo dano causado pelo produto não há que se exigir prova de que tenha agido com culpa (negligência, imprudência 
ou imperícia), basta a demonstração do dano e do nexo de causalidade (vínculo entre o produto e o dano suportado pelo 
consumidor). 
O art. 12 deixa claro que a responsabilidade civil pelo fato do produto recai sobre o fabricante, produtor, construtor e 
importador. Desta feita, quando um produto se encaixar no conceito de produto defeituoso, o consumidor deve obter o 
ressarcimento do fabricante do produto ou do produtor ou construtor ou ainda do importador. 
Quanto ao comerciante o art. 13 assim determina: 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: 
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; 
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; 
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais 
responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. 
 
Desta feita, o comerciante só será responsabilizado de forma SUBSIDIÁRIA, ou seja, depois de esgotadas as possibilidades de 
responsabilizar o fabricante, produtor, construtor ou importador. 
Subsidiário é secundário, ou seja, a responsabilidade do comerciante é secundária. Primeiro, deve-se buscar a reparação em face 
do fabricante, produtor, construtor ou importador. Não sendo isso possível em razão das causas elencadas no art. 13, o 
consumidor poderá responsabilizar o comerciante. 
 
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 TOME NOTA: O comerciante só será responsabilizado pelo fato do produto se o fabricante, 
construtor, produtor ou importador não forem identificados ou quando o produto não trouxer a 
identificação clara do fabricante, construtor, produtor ou importador ou quando não conservar 
adequadamente os produtos perecíveis. 
 
É importante destacar, por fim, que parte da doutrina entende que quando o dano decorre da má conservação de produtos 
perecíveis (art. 13, III) ou mesmo quando se tratar de venda de produto com validade vencida, a responsabilidade do 
comerciante será solidária com os demais fornecedores, eis que o comerciante foi o responsável pelo mau acondicionamento do 
produto ou pela inobservância do prazo de validade. 
 
8.2.1 Causas excludentes da responsabilidade do fornecedor em caso de defeito do produto 
O art. 12, § 3º elenca as situações que excluem a responsabilidade do fornecedor, quais sejam: 
a) provar que não colocou o produto no mercado: nesse caso, poderá o fornecedor provar que determinada mercadoria que 
havia sido retirada de circulação, foi furtada e comercializada pelo meliante e demais receptadores. Assim, o fornecedor se 
exime de responsabilidade pois provou que não colocou o produto no mercado. 
 
ATENÇÃO: a simples alegação de que o funcionário, desconhecendo o vício, colocou no mercado, 
não exime do fornecedor da responsabilidade dos atos de seus prepostos (art. 34 do CDC). 
 
Ressalte-se que é possível que o fornecedor venha a se eximir da responsabilidade, sob o mesmo argumento (de que não 
colocou o produto no mercado), caso prove que não fabricou o produto, apesar de conter sua marca, como ocorre, por exemplo, 
com os produtos falsificados. 
b) provar que o defeito inexiste: o fornecedor pode vir a provar que simplesmente a informação de defeito alardeada pelo 
consumidor não é verdadeira, não existe. Nesse caso, por óbvio, não será responsabilizado. 
c) provar a culpa exclusiva do consumidor ou de um terceiro: caberá o afastamento da responsabilidade do fornecedor, caso 
reste demonstrado que o dano decorreu de uso deliberadamente incorreto que o consumidor fez do produto, expondo-se dessa 
forma a inevitáveis riscos. 
 
 TOME NOTA: O código do consumidor silencia quanto à culpa concorrente do consumidor, ou seja, 
quando há uma parcela de culpa do consumidor e do fornecedor. Todavia, a jurisprudência tem levado 
em consideração na hora de pesar a responsabilidade do fornecedor a existência de culpa concorrente 
do consumidor no evento danoso, para atenuar a responsabilidade do fornecedor. 
O código também não se manifestou sobre a exclusão da responsabilidade do fornecedor nas situações 
de caso fortuito ou força maior. Todavia, é imperioso destacar que o fortuito é dividido em fortuito 
interno e fortuito externo. 
O fortuito interno é um fato imprevisível ocorrido no momento da fabricação do produto ou da 
realização do serviço, de modo que nesse caso, o fornecedor deve ser responsabilizado, em razão dos 
riscos da atividade. 
Já o fortuito externo é um fato imprevisível que não guarda nenhuma relação com a atividade do 
fornecedor, ocorrido em momento posterior ao momento da fabricação. Desta feita, com base na 
doutrina, se se tratar de fortuito externo, a responsabilidade do fornecedor será afastada. 
 
8.3 Responsabilidade civil pelo fato do serviço 
Assim como ocorre com o fornecedor de produtos, o fornecedor de serviços também responde civilmente pelos danos causados 
aos consumidores, conforme se depreende da leitura do art. 14 do CDC: 
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Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos 
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I - o modo de seu fornecimento; 
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi fornecido. 
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. 
 
Desta feita, de acordo com o citado art. 14 todos os fornecedores (originários e intermediários) são solidariamente responsáveis 
pelo fato do serviço. 
 
 TOME NOTA: as concessionárias deserviço público também são responsabilizadas de forma objetiva pelos danos causados 
aos usuários do serviço, quando acaba por resultar em um dano. 
 
Destaque-se o fato de que o fornecedor de serviços pode se eximir da responsabilidade, caso comprove que não prestou o 
serviço defeituoso ao consumidor. 
 
8.4 Responsabilidade do profissional liberal 
O art. 14, § 4º do CDC criou uma exceção à responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços. O citado artigo determina que 
no caso dos profissionais liberais, a responsabilidade dos mesmos será apurada mediante verificação de culpa. Assim, só haverá 
responsabilidade do profissional liberal (médico, contadores, dentistas, etc), se for provado que tais profissionais negligenciaram 
na prestação do serviço. 
Neste caso, a responsabilidade de tais profissionais é considerada SUBJETIVA, eis que necessário a prova de culpa (negligencia, 
imprudência e imperícia), para que os mesmos sejam responsabilizados. 
 
8.5 Responsabilidade por vício do produto 
Inicialmente, convém esclarecer novamente a diferença entre fato do produto e vício do produto. 
Fato (ou defeito) do produto pressupõe uma repercussão externa, causadora de dano ou prejuízo para o consumidor, 
desfalcando seu patrimônio ou atingindo algum atributo moral. Assim, o defeito ocorrido na fabricação ou na comercialização do 
produto pode gerar conseqüências externas, tais como acidentes, causando prejuízo ao consumidor. 
O vício do produto é simplesmente uma imperfeição no produto sem causar efetivos prejuízos ao consumidor. Trata-se apenas 
de um problema que faz com que o produto não funcione corretamente, que o torna impróprio para o consumo ou que diminui 
o seu valor. 
No caso do fato (ou defeito) do produto, vimos que os fornecedores (exceto o comerciante) são solidariamente responsáveis 
pelo produto defeituoso. 
No caso de existência de vício do produto, diferentemente do fato (ou defeito) do produto, é possível reclamar a reparação 
contra qualquer fornecedor, seja este o comerciante ou o fabricante ou qualquer outro integrante da cadeia produtiva. Todos, 
inclusive o comerciante, são solidariamente responsáveis 
Diante disso, no caso de um veículo que apresente um vício em uma de suas peças, será possível que o seu proprietário reclame 
do vício para qualquer um dos fornecedores. Assim, poderá optar por reclamar para a concessionária (comerciante), ou para o 
fabricante ou para a montadora, etc, ou contra todos conjuntamente. 
O CDC destaca que os vícios podem ser de qualidade ou quantidade. Vício de qualidade é aquele que tira do produto as 
condições de fruição plena, de modo que o produto não apresente todas as características que normalmente são esperadas, 
tornando-o impróprio ou inadequado, conforme se observa no § 6º do art. 18: 
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§ 6° São impróprios ao uso e consumo: 
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, 
perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; 
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam 
 
Assim, é possível afirmar que quando o produto se apresentar estragado, deteriorado, quebrado, arranhado, corrompido, 
avariado, ou, no caso de produtos perecíveis, com prazo de validade vencido, configurado estará o seu vício de qualidade, 
ocasionando a responsabilização de qualquer um dos fornecedores, como já visto. 
Ressalte-se que o § 5º do art. 18 traz uma exceção à regra da responsabilidade solidária dos fornecedores do produto viciado, 
quando afirma que os vícios constantes em produtos in natura devem reclamados apenas do fornecedor imediato – geralmente 
o comerciante. Os produtos in natura são aqueles que não se submeteram a nenhum processo de industrialização, sendo 
oriundos em sua grande maioria do meio rural. 
Uma vez verificado o vício de qualidade no produto, ao consumidor são apresentadas as seguintes opções: 
 
Art. 18 (...) 
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
 
Observe que ao dar ciência ao fornecedor do vício de qualidade do produto, o consumidor deverá aguardar o prazo de 30 dias 
para que o fornecedor, de algum modo, resolva o problema. Caso o problema não seja solucionado nesse prazo, aí sim terá o 
consumidor a possibilidade de formular uma das exigências previstas no § 1º do art. 18: a substituição do produto por outro de 
mesma espécie, a restituição imediata da quantia paga, ou abatimento proporcional do preço. 
O art. 18 em caput ainda traz uma outra opção ao consumidor no caso de vício de qualidade: substituição das partes viciadas, se 
assim lhe aprouver. No entanto, para que o consumidor solicite a substituição das partes viciadas do produto também deve 
aguardar trintas dias após a ciência do fornecedor. 
O vício de quantidade possui previsão no art. 19 do CDC que assim destaca: 
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações 
decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem 
ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I - o abatimento proporcional do preço; 
II - complementação do peso ou medida; 
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; 
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. 
 
Assim, sempre que um produto apresentar quantidade diferente daquela indicada em seu recipiente, embalagem, rotulagem ou 
mensagem publicitária, caracterizado estará o vício de quantidade, cabendo ao consumidor à sua livre escolha pleitear o 
abatimento proporcional do preço, a complementação do peso ou medida, a substituição do produto por outro de mesma 
espécie sem o vício, ou a restituição imediata da quantia paga. 
 
ATENÇÃO: quando o produto não apresenta nenhum vício, o fornecedor não é obrigado a efetuar a sua troca. É muito comum a 
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situação em que o consumidor adquire um produto e o modelo ou o tamanho não agrade ou não seja adequado ao consumidor 
e este decide por efetuar a sua troca por outro produto. Nesses casos, não há vício no produto, de modo que não é obrigatório 
que o fornecedor proceda à sua troca, ante o fato de, como já dito, não existir vício no produto. No entanto, caso o fornecedor, 
ao efetuar a venda, confirme que é possível efetuar posteriormente trocas, deverá aceitá-las caso o consumidor se apresente 
posteriormente para efetuar troca 
 
8.6 Responsabilidade por vício do serviço 
A responsabilidade do fornecedor por vícios do serviço encontra-se no art. 20 do CDC: 
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o 
valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, 
podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
 
A título de exemplo de um serviço viciado, pode-secitar o serviço de dedetização que não elimina por completo os insetos e 
demais pragas indesejadas. Como visto no art. 20 caberá ao consumidor escolher entre a reexecução dos serviços, a restituição 
da quantia paga ou o abatimento proporcional do preço. 
 
9. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO DO CONSUMIDOR 
9.1 Decadência 
Inicialmente, é importante destacar que a prescrição e a decadência se referem à perda de um direito ou da possibilidade de 
reclamar esse direito em razão da inércia do interessado. Logo, existe um prazo para reclamar um direito que uma vez expirado, 
impede que a parte interessada possa ver garantido esse direito. 
O CDC destaca que a decadência é a perda do direito de reclamar a existência de vício e a prescrição é a perda do direito de 
ajuizar a competente ação indenizatória em razão do fato (ou defeito) do produto. 
 
O art. 26 do CDC dispõe que: 
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: 
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; 
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis 
 
O dispositivo estabeleceu prazos decadenciais para que consumidor reclame sobre existência de vícios de qualidade e 
quantidade do produto. Nessa esteira, o consumidor tem 30 dias para reclamar ao fornecedor pela existência de vícios no caso 
de fornecimento de serviço ou produtos não duráveis (ou seja, perecíveis). Se se tratar de produtos duráveis (não perecíveis), o 
consumidor tem até 90 dias para reclamar a existência do vício. Após o transcurso destes prazos sem que o consumidor não 
tenha feito a reclamação não poderá mais fazer, em razão da decadência. 
O CDC destaca que os vícios em questão são aqueles aparentes ou de fácil constatação, ou seja, vícios facilmente perceptíveis, 
de modo que o início da contagem dos prazos decadências (de 30 ou 90 dias) ocorrerá com a efetiva entrega do produto ou do 
término da execução dos serviços. 
No caso de vício oculto, o prazo decadencial iniciará no momento em que ficar evidenciado o vício, conforme se depreende da 
leitura do art. 26, § 3º: 
Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. 
Importante destacar que um vício oculto pode se manifestar quando o produto já se encontra obsoleto, ou seja, já se encontra 
ultrapassado. Em razão da constante evolução da tecnologia, é impressionante a velocidade com a qual produtos mais modernos 
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vão sendo apresentados, tornando seus antecessores ultrapassados, tais como ocorreu com os aparelhos de vídeos-cassetes que 
se tornaram obsoletos e ultrapassados pelos aparelhos de DVD’s. Todavia, não se pode esquecer que mesmo com a chegada de 
aparelhos mais modernos, boa parte dos consumidores não acompanha tal evolução e continua por utilizar os produtos 
considerados “ultrapassados”. Diante disso, como já dito, é possível que um vício só se manifeste quando o produto já se 
encontra ultrapassado. 
Por conta dessa razão, o CDC dispõe em seu art. 32 que “os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de 
componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.” 
E ainda destaca em seu parágrafo único que “cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período 
razoável de tempo, na forma da lei.” 
 
9.2 Garantia legal e garantia contratual 
Conforme visto, o CDC dispõe de prazos decadenciais para que o consumidor possa reclamar a existência de vícios nos produtos 
e serviços adquiridos. No caso de produtos não duráveis o prazo para reclamar tais vícios será de 30 dias; no caso de produtos e 
serviços duráveis o prazo será de 90 dias. 
Tais prazos correspondem à garantia legal dos produtos e serviços. Assim, a lei prevê a garantia de 30 ou 90 dias para o 
consumidor reclamar vícios existentes em produtos não duráveis e de produtos e serviços duráveis, respectivamente. 
A garantia contratual corresponde àquela que é concedida pelo fornecedor no prazo que entender. É comum o fabricante (ou 
outro fornecedor) estipular um outro prazo de garantia (geralmente um ano), levando em consideração fatores como 
características,qualidades e durabilidade do produto ou serviço. 
O CDC destaca que: 
 
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito. 
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a 
mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo 
ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de 
instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações 
 
Como visto a garantia contratual é complementar à garantia legal, ou seja, o prazo de garantia contratual deve complementar o 
prazo da garantia legal, de modo que só começa a contar após expirado o prazo de garantia legal. Logo, caso o fornecedor 
estipule uma garantia contratual de um ano para um produto durável, tal prazo só começará a correr após expirado o prazo da 
garantia legal de90 dias. Assim, o consumidor terá 1 ano e 90 dias para reclamar a existência de vício no produto. A garantia 
legal e complementar somam-se. 
 
9.3 Causas obstativas da decadência 
O CDC dispõe no § 2º do art. 26 situações que obstam a decadência, ou seja, que suspendem o prazo decadencial. Vejamos: 
 
Art. 26 (...) 
§t 2° Obstam a decadência: 
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta 
negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; 
II - (Vetado). 
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento 
 
Nesse diapasão, caso o consumidor, após detectar a existência de vício poderá encaminhar ao fornecedor uma reclamação 
informando o ocorrido. Neste caso, até que seja proferida uma resposta negativa, o prazo decadencial permanecerá suspenso. 
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Também suspenderá o prazo prescricional a instauração de inquérito civil. Tal inquérito é uma espécie de reclamação feita 
perante o Ministério Público; trata-se de um procedimento administrativo de natureza investigatória para posterior propositura 
de ação civil pública. Enquanto não for encerrado o inquérito civil, não correrá o prazo decadencial. 
 
9.4 Prazo prescricional 
 
O prazo prescricional se refere ao prazo que tem o consumidor para propor ação de reparação de danos decorrentes de fato do 
produto ou do serviço. O CDC dispõe que: 
 
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na 
Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 
Destarte, caso um produto ou serviço cause um dano externo ao consumidor, este dispõe de 5 anos para a propositura de ação 
judicial de ressarcimento dos danos causados. 
A título de exemplo, pode-se citar um acidente ocasionado pela explosão de uma panela de pressão em decorrência de um vício 
em um de seus componentes, de tal modo que a explosão acabou por ferir o consumidor e danificar outros bens, tais como 
eletrodomésticos que se encontravam próximos à panela de pressão. Nesse caso, não se trata de responsabilidade pelo vício do 
produto e sim por fato do produto, cabendo a reparação por danos materiais e morais em razão da explosão. 
Logo, o consumidor terá o prazo de 5 anos para ajuizar ação de reparação de danos para obtenção de indenização pelos danos 
morais e materiais decorrentes do fato do produto. 
 
10. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
Regra geral, os sócios e administradoresde uma sociedade não respondem por obrigações assumidas por esta, eis que a 
sociedade possui personalidade jurídica própria, titularizando direitos e obrigações em nome próprio. Assim, há uma clara 
distinção entre a personalidade jurídica da sociedade e a dos sócioOcorre que em determinadas situações, os sócios se utilizam 
dessa separação para fraudar o mercado e se isentarem de possíveis indenizações decorrentes da atividade de circulação de 
produtos ou prestação de serviços. 
Dessa forma, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica vem, com o intuito de evitar tais situações, de modo que, 
não sendo suficiente o patrimônio da empresa para indenizar o consumidor, poderá o juiz desconsiderar a personalidade 
jurídica, alcançando o patrimônio pessoal dos sócios, sempre que houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, 
fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social, conforme se depreende da leitura do art. 28 do CDC: 
 
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso 
de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração 
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica 
provocados por má administração. 
 
Nessa esteira, é possível, excepcionalmente, a responsabilização pessoal do sócio ou administrador da sociedade em 
determinados casos, todas as vezes que a personalidade jurídica da sociedade for utilizada de forma abusiva e indevida, 
beneficiando injustamente seus sócios e prejudicando interesses legítimos de terceiros. 
 
Por fim o CDC destaca ainda as regras contidas nos parágrafos do art. 28: 
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas 
obrigações decorrentes deste código. 
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Por tal regra, o consumidor pode buscar o ressarcimento não apenas do fornecedor direto, que efetivamente lhe causou dano. 
Caso esse fornecedor for integrante de um grande grupo societário, as demais empresas poderão ser responsabilizadas, 
subisidiariamente. 
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. 
Por tal regra, todas as empresas que compõe um consórcio são igualmente responsáveis pelo dano causado por uma delas a um 
consumidor. 
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. 
São coligadas as sociedades quando uma participa com 10% ou mais do capital da outra, sem controlá-la. O CDC, no caso de 
sociedades coligadas entende que a responsabilidade delas será subjetiva. 
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 
Tal regra decorre do princípio da vulnerabilidade do consumidor, de modo que havendo obstáculos para o ressarcimento de seus 
prejuízos, é possível a desconsideração da personalidade jurídica. 
 
11. OFERTA 
A oferta é o ponto de partida da relação de consumo. É através dela que será entabulado um contrato de prestação de serviço 
ou fornecimento de bens entre fornecedor e consumidor. 
Assim, com vistas a evitar quaisquer danos e aborrecimentos para o consumidor, o CDC determina que: 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, 
características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; 
E para tanto, o art. 31 determina que: 
 
A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua 
portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre 
outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. 
 
Dessa forma, o CDC determina que a oferta deve correta, devendo corresponder à verdade; ser clara, quando utiliza expressões 
de fácil compreensão; ser precisa, quando esclarece com exatidão os dados que são indispensáveis para pautar a escolha do 
consumidor; ser ostensiva, quando se apresenta em tamanho suficiente à leitura; e finalmente a oferta deve ser dar em língua 
portuguesa. 
Ressalte-se que a oferta vincula o fornecedor, de modo que uma vez veiculada a informação, caberá ao fornecedor mantê-la, eis 
que a oferta integra as condições do contrato, conforme se depreende da leitura do art. 30 do CDC: 
 
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com 
relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o 
contrato que vier a ser celebrado. 
 
E caso o fornecedor deixe de cumprir as condições presentes na oferta, o consumidor de acordo com o CDC, poderá escolher 
entre (art. 35): 
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; 
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II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; 
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas 
e danos. 
Por fim, convém destacar novamente que todo produto colocado no mercado deverá ter assegurada a oferta de peças de 
reposição, nos termos do art. 32: 
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a 
fabricação ou importação do produto. 
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da 
lei. 
 
12. PUBLICIDADE 
A atividade do fornecedor ganha maior amplitude, caso as informações de seus produtos e serviços sejam divulgadas, 
alcançando uma significativa parcela de fornecedores. Para tanto, a publicidade se mostra o meio mais adequado e eficaz para 
direcionar o consumidor a consumir, induzindo-o ao desejo pelo produto ou serviço. É por meio da publicidade que o fornecedor 
seduz o consumidor para que este volte sua atenção para aquele produto ou para aquele serviço. 
Muitas vezes, o fornecedor, no intuito de manipular os consumidores acaba por se utilizar de publicidade enganosa ou abusiva, 
potencialmente ofensiva ao consumidor. Com vistas a coibir tais práticas, o CDC prevê em seu at. 6ª, IV que: 
 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e 
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; 
 
Em razão do princípio da boa-fé que lastreia as relações de consumo, a publicidade deve ser prontamente entendida com tal. O 
consumidor deve facilmente perceber a publicidade. Dessa forma, são vedadas práticas veladas de publicidade, tais como 
aquelas em que novelas e programas consomem produtos e serviços destacando suas marcas ou ainda mensagens subliminares 
veiculadas com o intuito de incutir na mente do consumidor o desejo para consumir determinado produto. 
Publicidade enganosa é aquela em que informação ou comunicação é inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro 
modo, mesmo por omissão, é capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, 
quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. 
Considera-se enganosa também a publicidade em que, em razão de uma omissão, o fornecedor deixa de informar sobre dado 
essencial do produto ou serviço. 
Abusiva é a publicidade discriminatória

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