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1 FACULDADE CDL CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DISCIPLINA: CONTABILIDADE GERAL I PROFESSORA SILVANA AGUIAR MÓDULO V – PROVISÕES 1 PERDAS ESTIMADAS EM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA 1.1 Conceito A estimativa de perdas em contas a receber é o valor que representa a incerteza no recebimento dos valores. As despesas provenientes dessa estimativa não são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social. A partir da ano calendário de 1997, a legislação fiscal não mais permite a dedutibilidade dessa despesa. Entretanto, foi facultado às empresas deduzir as perdas efetivas no recebimento de créditos, na forma e nos prazos previstos na legislação fiscal. Em épocas passadas, a legislação fiscal permitia a dedução de 3% sobre o saldo de duplicatas a receber, expressando assim a expectativa dessas perdas. A despeito das alterações fiscais, os princípios contábeis e a legislação societária mantém sua posição de que a empresa deve constituir a conta redutora com base na expectativa de perda. Findo o exercício social, o valor da perda deve ser computado entre as inclusões do LALUR, para a apuração da base de cálculo do IR e da Contribuição Social. Segundo o Manual de Contabilidade Societária, a estimativa de perdas vai ao encontro do que é previsto nas normas internacionais e do processo de harmonização internacional da contabilidade. O conceito é inerente à estimativa do valor recuperável do ativo, onde é valorizada a informação ao usuário da contabilidade sobre o valor real que se espera daquele ativo. A "perda no recebimento de créditos", ao contrário da "provisão para créditos de liquidação duvidosa", não é uma estimativa (provisão) das perdas esperadas que possam ocorrer no departamento de contas a receber (ou cobrança). Na verdade, para ser considerado como sendo "perda no recebimento de créditos" a perda deverá atender cumulativamente os seguintes critérios: a. referir-se a perdas no recebimento de créditos efetivamente ocorridas nas atividades da pessoa jurídica; e b. a legislação tributária admitir como dedutíveis na apuração do Lucro Real e da BC da CSLL. Portanto, a "perda no recebimento de créditos" está ligada a legislação tributária, e, por outro lado, a "provisão para créditos de liquidação duvidosa" está ligada a legislação societária e contábil. 1.2 Formas de Apuração da Perda Estimada 2 A apuração do valor da perda estimada vem variando, pois cada empresa tem suas particularidades a respeito dos seus clientes, ramo de negócios, conjuntura econômica, etc. Tradicionalmente, no Brasil, alguns critérios são adotados: a) deve ser baseada na análise individual de cada cliente, utilizando pareceres dos setores de vendas, crédito e cobrança. b) Deve ser considerada a experiência anterior da empresa com relação a prejuízos com contas a receber. Pode ser uma análise comparativa dos saldos totais de clientes ou de volumes de faturamento com os prejuízos reais ocorridos em anos anteriores na própria empresa. c) Devem ser consideradas as condições de venda (garantias reais anulam ou reduzem as expectativas de perda) d) Devem ser observados os históricos de atraso dos clientes (preferencialmente compradas com os anos anteriores) O objetivo é chegar a um dimensionamento adequado de estimativa, determinando o valor das perdas com base nos clientes atrasados, em concordata, falência ou em dificuldades financeiras. É ainda importante estabelecer um valor adicional de perdas estimadas para cobrir perdas prováveis, mesmo que ainda não conhecidas, por se referirem a contas a vencer, mas comuns de ocorrer, com base na experiência da empresa e tipo de cliente. 1.3 Perdas Estimadas versus Perdas Incorridas As perdas estimadas refletem valores levantados relativos a ajustes por perdas em função de situações específicas de determinados clientes já em inadimplência ou prestes a entrar em inadimplência. AS perdas Incorridas refletem valores de perdas que já sejam de conhecimento da investidora detentora dos créditos. Ex: falências anunciadas, recuperação judicial, inadimplências junto a outras entidades, etc. As Normas Internacionais da Contabilidade e o Pronunciamento CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração só reconhecem a possibilidade de registro contábil das Perdas Incorridas, não aceitando reconhecimento de perdas dimplesmente esperadas. 1.4 Regras para Dedução do IR A "provisão para créditos de liquidação duvidosa" deixou de ser dedutível para fins de apuração do Lucro Real e da BC da CSLL, porém, em substituição a essa provisão o contribuinte tributado com base no Lucro Real poderá considerar dedutíveis, como despesa operacional, os valores contabilizados como "perdas no recebimento de créditos" (créditos não liquidados) decorrentes das atividades da empresa, desde que observados certas condições e limites. Assim, somente poderão ser registrados como perda dedutível os créditos: c. em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, 3 em sentença emanada do Poder Judiciário; d. sem garantia, de valor: até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação, vencidos há mais de 6 (seis) meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) até R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por operação, vencidos há mais de 1 (um) ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém, mantida a cobrança administrativa; superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), vencidos há mais de 1 (um) ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento; e. com garantia, vencidos há mais de 2 (dois) anos, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; f. contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica em concordata ou recuperação judicial, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar. No caso de contrato de crédito em que o não pagamento de 1 (uma) ou mais parcelas implique o vencimento automático de todas as demais parcelas vincendas, os limites a que se referem as letra "b.i" e "b.ii" acima serão considerados em relação ao total dos créditos, por operação, com o mesmo devedor. Para o registro de nova perda em uma mesma operação, tratando-se de créditos a que se refere a "b" acima, as condições ali prescritas deverão ser observadas em relação à soma da nova perda àquelas já registradas. No caso de crédito com empresa em processo falimentar, em concordata ou em recuperação judicial, a dedução da perda será admitida a partir da data da decretação da falência ou do deferimento do processamento da concordata ou recuperação judicial, desde que a credora tenha adotado os procedimentos judiciais necessários para o recebimento do crédito. A parcela do crédito cujo compromisso de pagar não houver sido honrado pela pessoa jurídica em concordata ou recuperação judicial, poderá, também, ser deduzida como perda, observadas as condições previstas neste capítulo. Não será admitida a dedução de perda no recebimento de créditos com pessoa jurídica que seja controladora, controlada, coligada ou interligada, bem como pessoa física que seja acionista controlador, sócio, titular ou administrador da pessoa jurídica credora, ou parente até o terceiro grau dessas pessoas físicas. Por fim, registra-se que para os contratos inadimplidos a partir de 08/10/2014, poderão ser registrados como perda os créditos: I. em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário; II. semgarantia, de valor: i. até R$ 15.000,00 (quinze mil reais), por operação , vencidos há mais 4 de 6 (seis) meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; ii. acima de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) até R$ 100.000,00 (cem mil reais), por operação , vencidos há mais de 1 (um) ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, mantida a cobrança administrativa; e iii. superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais), vencidos há mais de 1 (um) ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento; III. com garantia, vencidos há mais de 2 (dois) anos, de valor: i. até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; e ii. superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; e IV. contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica em concordata ou recuperação judicial, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar . Considera-se operação a venda de bens, a prestação de serviços, a cessão de direitos, a aplicação de recursos financeiros em operações com títulos e valores mobiliários, constante de um único contrato, no qual esteja prevista a forma de pagamento do preço pactuado, ainda que a transação seja realizada para pagamento em mais de 1 (uma) parcela. No caso de empresas mercantis, a operação será caracterizada pela emissão da fatura, mesmo que englobe mais de 1 (uma) Nota Fiscal. No caso de crédito com empresa em processo falimentar, em concordata ou em recuperação judicial, a dedução da perda será admitida a partir da data da decretação da falência ou do deferimento do processamento da concordata ou recuperação judicial, desde que a credora tenha adotado os procedimentos judiciais necessários para o recebimento do crédito. Consideram-se créditos com garantia aqueles provenientes de vendas com reserva de domínio, de alienação fiduciária em garantia ou de operações com outras garantias reais. Base Legal: Art. 340 do RIR/1999 (UC: 28/04/15) e; Art. 24, caput, §§ 1º a 3º e 5º a 11 da IN RFB nº 1.515/2014 (UC: 28/04/15). 1.5 Contabilização Suponha que no final do exercício de X2 o saldo da conta Duplicatas a Receber de uma empresa comercial seja igual a R 100.000. Suponha, também, que estudos realizados por responseveis pelos setores de vendas, crédtio e cobrança da empresa, com fundamento nas regras contidas na NBCTG38, tenham indicado que o montante das perdas a serem reconhecidas seja de $ 1.500, 5 Lançamento no Livro diário: (1) Despesas com Perdas estimadas em Créditos de Liquidação Duvidos A Perdas estimadas em crédtios de liquidação duvidosa Pelo reconhecimento da perda………….1.500 Observações: A conta debitada é conta de despesa operacional, do grupo de despesas com vendas. O saldo dessa conta, juntamente com os saldos das demais contas de despesa do period, sera transferido para a conta Resultado do Exercício no momento da apuração do resultado. A conta creditada é conta Patrimonial que registra o valor provisionado o qual sera utilizado para cobrir possíveis não recebimentos de créditos durante o exercício seguinte. No Balanço Patrimonial, essa conta figurará no Ativo Ciruclante como redutora da conta Duplicatas a Receber (conta que serviu de base para o seu cálculo). 1.5 1 Baixa de Direitos Considerados Incobráveis Suponha que uma empresa, em setembro de x3, depois de esgotados todos os recursos disponíveis para a cobrança, considerou-se incobrável uma duplicate no valor de $ 450. Para regularizar, basta proceder à baixa Livro Diário: Perdas estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa A Duplicatas a receber Baixa da duplicata n. x por ter Sido considera incobrável …………………….450 Recomenda-se que a baixa de uma duplicate como incobrável seja efetuada depois que a empresa esgotar todos os recursos necessaries À sua cobrança. Esses recursos podem ser: telefonemas, envio de telegramas, de cartas, além de outros procedimentos, culminando com o protesto do título em cartório. 1.5.2 Provisionamento Insuficiente Suponhamos que, em outubro de x3, após os procedimentos de praxe, tenha sido considerada incobrável mais uma duplicate no valor de $ 2.000. Nesse caso, as perdas estimadas, cujo saldo da conta que as registraram, é de $ 1.50, torna-se insuficiente. ASsim, a diferença sera levada a débito de uma conta de despesa operacional normal nesta data. 6 Lançamento no livro diário: Diversos A Duplicatas a REceber A Fulano Baixa de duplicate X, por ter Sido considerada incobrável, conf. Documentação anexa: Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa Até o limite provisionado……………………….1.050 Perdas com clientes Excesso conf, documentação anexa………950 2.000 1.5.3 Reconhecimento de Novas Perdas- Novo Posicionamento No final do exercício de x3, como ocorre no final de cada exercício social, a empresa deverá proceder os calculus e os levantamentos necessaries para definer o montante a ser provisionado e consequentemente a ser reconhecido como perda do period. Para isto, sera preciso verificar se existe ou não saldo remanescente na conta PECDL. 1.5.3.1 Primeiro Caso: sem saldo remanescente Quando não houver saldo remanescente na conta PECLD, o procedimento sera como já explicado, istoé, reconhece-se a perda pelo montante levantado, devitando-se a conta de despesa e creditando-se a conta redutora da conta Duplicatas a Receber. 1.5.3.2 Segundo Caso: Com saldo remanescente Havendo saldo remanescente na conta PECLD, derivado do exercício anterior, e não utilizado totalmente, para contabilização do novo provisionamento, pode- se adotar uma das seguintes opções: 7 a) complementar o saldo existente (Método da Complementação): O valor a ser complementado sera igual a diferença entre o novo montante estipulado e o saldo existente na conta PECLD remanescente do exercício anterior> 31.12.x1 Total a ser provisionado: $ 3.000 Saldo remanescente na conta PECLD ($ 500) Valor a complementar R$ 2.500 Contabilização no livro diário A1) Despesas com perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa A perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa Pelo provisionamento adotando-se O método da complementação conf. cálculos…….2.500 b) reverter o saldo remanescente e contabilizar o novo provisionamento (Método da Reversão). c) Por este método, antes de contabilizar o novo provisionamento, deve-se reverter o saldo existente na conta PECLD, provisionado no exercício anterior e não utilizado totalmente, para uma conta de receita ou diretamente para a conta Resultado do Exercício. Assim, a conta PECLD ficará com saldo igual a zero, e em seguida, contabilizar-se-á o novo provisionamento. Com base no exemplo anterior: Total a ser provisionado……$ 3.000 Saldo remanescente na conta PECDL……$ 500 Perdas estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa A Resultado do Exercício Pela reversão do saldo remanescente Do exercício anterior etc. ………………………..500 Após reverter o saldo como receita, basta contabilizar o novo provisionamento pelo seu valor total: Despesas com perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa A Perdas estimadas em crédtios de liquidação duvidosa Provisionamento conf. calculus etc. …………….$ 3.000 Observe: Sempre que não houver saldo na conta PECLD, seja porque tenha sidototalmente absorvido por perdas anteriores ou porque a empresa não tenha procedido o respective provisionamento, as perdas decorrentes do não recebimento de direitos serao baixadas em contrapartida de uma conta de Despesa Operacional no momento em que tais perdas forem consumadas. 8 Não se deve reconhecer perdas sobre direitos que não ofereçam riscos para a empresa como pr exemplo aqueles derivados de vendas com reserve de domínio, com alienação fiduciária em garantia de operações com garantia real. REFERÊNCIAS IUDíCIBUS, Sérgio et al. Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2010. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Comercial Fácil. 18.ed. São Paulo: Saraiva, 2013. Tax Contabilidade. Provisão para créditos de liquidação duvidosa (Area: Manual de Contabilização). Disponível em: http://www.tax- contabilidade.com.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=253. Acesso em: 06/09/2015. RECOMENDAMOS A LEITURA COMPLETA DAS OBRAS CITADAS
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