Buscar

Direito Administrativo 2 Bimestre 2016.doc

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Direito Administrativo I
Bases Constitucionais da Administração Pública
Professor: Augusto Grieco Sant´Anna Meirinho 
Ponto 03: Atos Administrativos
3.1. Conceito de Ato Administrativo.
O conceito de ato administrativo é convergente ao de ato jurídico, na medida em que aquele é espécie deste. Firmando-se essa posição, temos que o ato administrativo é espécie do gênero ato jurídico. Sua principal característica reside no fato de que é editado pela Administração Pública, ou por quem lhe faça as vezes, lastreado pelo regime jurídico administrativo, a fim de atender a uma finalidade pública. 
Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como toda manifestação unilateral da Administração que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria” (p. 153).
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, por sua vez, conceitua ato administrativo como sendo a “declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário” (p. 196).
Celso Antonio Bandeira de Mello define o ato administrativo como toda “declaração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei, a título de lhe dar cumprimento, sujeito a controle de legitimidade por órgão jurisdicional” (p. 352).
Já Dirley da Cunha Jr. diz que ato administrativo cuida-se “de um ato jurídico por meio do qual os agentes públicos, no desempenho de uma determinada função administrativa, exteriorizam, com observância das normas legais, sob certa forma e com autoridade, o querer do Estado, consistente em, juridicamente, criar, reconhecer, enunciar, modificar e extinguir vantagens ou impor obrigações” (p. 113).
Observação 1: Os atos praticados pela Administração Pública podem ser divididos em atos administrativos, os quais são regidos pelo direito público, e atos da administração, também chamados de atos de direito privado. Nesse sentido, os atos da Administração são aqueles pelos quais a Administração Pública desenvolve atividade de gestão de seus bens e interesses (exemplo: locação de um imóvel para instalação de uma repartição pública; alienação de um imóvel após a desafetação de sua finalidade).
Observação 2: Conforme lembra Fernando Ferreira Baltar Neto, ato administrativo não se confunde com fato administrativo, explicando que os fatos administrativos “são fatos concretos que produzem efeito no direito administrativo, como a reforma de um prédio, a construção de uma ponte ou morte de um servidor, enquanto os atos administrativos decorrem da manifestação de vontade da Administração, razão pela qual os atos podem ser revogados ou anulados, enquanto os fatos administrativos não admitem invalidação” (p. 143).
Observação 3: Questão importante no âmbito do Direito Administrativo são os efeitos que devem ser atribuídos ao silêncio. A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro explica que “até mesmo o silêncio pode significar forma de manifestação da vontade, quando a lei assim o prevê; normalmente ocorre quando a lei fixa um prazo, findo o qual o silêncio da Administração significa concordância ou discordância” (p. 202). Desta forma, quando o silêncio é uma forma de manifestação de vontade, produz efeitos de ato administrativo. Isto porque a lei pode atribuir ao silêncio determinado efeito jurídico, após o decurso de certo prazo. Por fim, vale destacar a denominação realizada por Marçal Justen Filho quanto ao silêncio qualificado: “o silêncio qualificado é aquele que permite inferir a vontade da Administração Pública em determinado sentido, a isso se somando a possibilidade de reconhecer a omissão como manifestação daquela vontade. O silêncio qualificado é um modo de exercitar a função administrativa. Mas a qualificação do silêncio depende da disciplina jurídica” (p. 195). 
3.2. Perfeição, validade e eficácia.
Como espécie de ato jurídico, o ato administrativo também pode ser analisado nos planos da perfeição, validade e eficácia.
Ato administrativo perfeito é aquele que teve exauridas as fases necessárias para a sua produção. O ato perfeito é aquele que preencheu as etapas necessárias para a sua edição. A perfeição não se confunde com a validade e a eficácia, mas se revela como essencial para a análise do ato segundo os dois outros planos.
Ato administrativo válido é aquele que foi produzido em conformidade com o ordenamento jurídico. É o ato que não contém vícios em seus elementos.
	Ato administrativo eficaz é quando se encontra apto a produzir seus efeitos típicos e próprios. Assim, o ato administrativo eficaz não se encontra dependente de evento posterior como, por exemplo, termo inicial, condição suspensiva ou a edição de outro ato advindo de autoridade superior.
	
	Perfeição
	Validade
	Eficácia
	Ato perfeito, válido e eficaz
	Concluiu seu processo de elaboração
	Compatível com a ordem jurídica
	Apto para produzir seus efeitos típicos
	
Ato perfeito, válido e ineficaz
	
Concluiu seu processo de elaboração
	
Compatível com a ordem jurídica
	Não se encontrar apto para produzir seus efeitos típicos em razão de depender de evento posterior (termo ou condição suspensiva, ou ato de controle)
	Ato perfeito, inválido e eficaz
	Concluiu seu processo de elaboração
	Incompatível com a ordem jurídica
	Possibilidade para produzir seus efeitos típicos diante da presunção de legitimidade
	
Ato perfeito, inválido e ineficaz
	Concluiu seu processo de elaboração
	Incompatível com a ordem jurídica
	Não se encontrar apto para produzir seus efeitos típicos em razão de depender de evento posterior (termo ou condição suspensiva, ou ato de controle) 
3.3/3.4. Requisitos ou elementos do Ato Administrativo.
A maior parte da doutrina entende que requisitos e elementos do ato administrativo significam a mesma coisa sendo, portanto, sinônimos.
Para o professor Hely Lopes Meirelles, os requisitos do ato administrativo são: competência, objeto, motivo, finalidade e forma. Para facilitar o estudo podemos utilizar a seguinte forma para guardar os elementos:
( COMPETÊNCIA - é o elemento que indica quem é a autoridade administrativa que pode produzir o ato administrativo. Resulta da lei e confere ao agente administrativo a capacidade de praticar o ato administrativo. É um elemento sempre vinculado. 
Observação 4: A competência admite delegação e avocação, desde que a lei não tenha conferido caráter de exclusividade a competência. A delegação e avocação estão associadas ao poder hierárquico da Administração Pública. São casos vedados, de forma expressa, de delegação de competência pela Lei nº 9.784/99: a) casos de edição de atos de caráter normativo; b) decisão de recursos; e c) matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
 ( FINALIDADE - é o resultado que a Administração Pública pretende alcançar com o ato administrativo. Conforme ensinamentos de Fernando Baltar, “a finalidade tem como característica apresentar-se como reflexo da legalidade, tendo em vista que o ato administrativo deve sempre ser produzido de acordo com a previsão explícita ou tácita da lei” (p. 146). Assim, o agente público não pode praticar o ato desviando-se da finalidade que a lei imprimiu ao ato, sob pena de nulidade ato pelo desvio de finalidade. É elemento vinculado. 
( FORMA - é a maneira prevista em lei pela qual o ato deve ser praticado. É a maneira como o ato administrativo se manifesta externamente. Também é um elemento vinculado. 
Observação 5: Em regra, diante do princípio da publicidade, a forma escrita é exigida para a prática dos atos administrativos. Contudo, existem atos administrativos que são praticados através de sinais ou sons, como é o caso das ordens emanadas dos agentes de trânsitos.
( MOTIVO– é o pressuposto de fato e de direito que autoriza ou exige a prática do ato administrativo. Conforme lembra Fernando Baltar, “a lei pode ou não determinar expressamente os motivos, o que significa que esse elemento, ao contrário dos anteriores (competência, finalidade e forma), pode ser vinculado ou discricionário” (pp148-149). 
Observação 6: Motivo e motivação não se confundem. Maria Sylvia Zanella Di Pietro explica que a motivação seria a explicação da circunstância fática, de forma expressa e textual as circunstâncias de fato que levaram o agente à manifestação da vontade (p 210). Há autores que entendem que apenas os atos vinculados necessitariam de motivação (José dos Santos Carvalho Filho), enquanto outros entendem que todos os atos, mesmo os discricionários, necessitariam de motivação (Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Hely Lopes Meirelles).
Observação 7: A teoria dos motivos determinantes tem se mostrado importante em nosso ordenamento jurídico. Por essa teoria, a validade do ato administrativo está vinculada à veracidade dos fatos descritos como motivadores de sua prática. Assim, se o agente público invoca determinados motivos para a prática de um ato administrativo, a validade do ato fica subordinada à efetiva existência desses motivos invocados para a sua prática.
( OBJETO – também conhecido como conteúdo do ato. É a própria alteração que o ato administrativo produz na ordem jurídica. O objeto do ato administrativo pode estar ou não fixado em lei. Assim, o objeto do ato administrativo pode ser vinculado ou discricionário. Exemplos: ato vinculado - o objeto do ato administrativo já está predeterminado na lei (Ex.: aposentadoria do servidor público); ato discricionário - há margem de liberdade do Administrador para preencher o conteúdo do ato (Ex.: desapropriação – cabe ao Administrador escolher o bem que irá ser objeto de desapropriação, de acordo com os interesses da Administração).
Observação 8: o motivo e o objeto nos chamados atos discricionários caracterizam o que se denomina de mérito administrativo. O mérito administrativo corresponde à esfera de discricionariedade reservada ao Administrador para valorar os critérios de conveniência, oportunidade e conteúdo do ato administrativo. Cabe destacar que somente se pode falar em mérito administrativo diante do ato discricionário. No ato administrativo vinculado o mérito já foi valorado pelo próprio legislador. 
Em princípio, não pode o Poder Judiciário pretender substituir a discricionariedade do administrador pela discricionariedade do Juiz. Pode, no entanto, examinar os motivos invocados pelo Administrador para verificar se eles efetivamente existem e se porventura está caracterizado um desvio de finalidade.
Observação 9: quando formos estudar o controle da Administração Pública, veremos que há autores que ainda defendem o entendimento de que é vedado ao Poder Judiciário adentrar no mérito administrativo e analisar os aspectos de conveniência e oportunidade da Administração. A doutrina mais moderna entende que este posicionamento deve ser considerado ultrapassado, o que vem se refletindo, inclusive, na própria jurisprudência. Atualmente se defende que o Poder Judiciário pode analisar o mérito administrativo de forma a avaliar a adequação do ato administrativo aos princípios da moralidade, impessoalidade, eficiência, proporcionalidade, razoabilidade, entre outros. Devemos lembrar, ainda, que os princípios são considerados como espécies do gênero normas jurídicas. 
	Requisitos
	Tipo do Ato
	COMPETÊNCIA
	Vinculado
	FINALIDADE
	Vinculado
	FORMA
	Vinculado
	MOTIVO
	Vinculado ou Discricionário
	OBJETO
	Vinculado ou Discricionário
3.5. Pressupostos do Ato Administrativo.
O professor Celso Antonio Bandeira de Mello entende ser necessário separar os elementos do ato dos pressupostos de existência e dos pressupostos de validade.
Assim, na doutrina do professor paulista, são pressupostos dos atos administrativos:
1) Pressupostos de Existência: 
1.1) objeto 
1.2) pertinência do ato ao exercício da função administrativa e os pressupostos de validade seriam: 
2) Pressupostos de Validade:
	2.1) pressuposto subjetivo – autoridade 
	2.2) pressupostos objetivos – motivo e requisitos procedimentais
2.3) pressuposto teleológico – finalidade
2.4) pressuposto lógico – causa
2.5) pressupostos formalísticos - forma	 
3.6. Atributos do Ato Administrativo.
Atributos dos atos administrativos, segundo Alexandre Mazza (p. 189), são propriedades jurídicas especiais decorrentes da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. A doutrina tradicional diz que os atributos dos atos administrativos são:
- presunção de legitimidade: relaciona-se à conformidade do ato com a lei. Assim, presume-se, até prova em contrário (presunção relativa), que os atos administrativos foram produzidos com observância da lei.
- imperatividade: é a qualidade pela qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância. Também é denominado de coercibilidade.
- exigibilidade: ligado à imperatividade, dessa se diferencia diante da exigibilidade de obediência a uma obrigação imposta pela Administração Pública (através da imperatividade).
- autoexecutoridade: é a possibilidade de a Administração Pública por em execução os seus atos, por seus meios, sem a necessidade de intervenção por parte do Poder Judiciário. 
Observação 10: há autores que destacam a presunção de veracidade, a qual está ligada aos fatos. Assim, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Administração Pública (Maria Sylvia Zanella Di Pietro; p. 198). Por exemplo, quando a Administração Pública declara que um motorista avançou o sinal vermelho, este fato (avançar o sinal vermelho) presume-se verídico, ou seja, tem presunção de veracidade.
Observação 11 nem todos os atos administrativos são dotados de imperatividade, mas apenas aqueles que impõem obrigações aos administrados. 
Observação 12: Parte da doutrina inclui a tipicidade como sendo um atributo do ato administrativo (Maria Sylvia Zanella Di Pietro; pp. 201-202). Pela tipicidade, o ato administrativo deve corresponder a figuras previamente definidas em lei. Por exemplo, a veiculação de um regulamento de lei somente pode ser feito por intermédio da edição de um decreto pelo chefe do Poder Executivo, não podendo assumir outra forma. 
Observação 13: Fernando Baltar ressalta a diferença entre autoexecutoriedade e exigibilidade, que se encontraria no meio coercitivo, nos seguintes termos: a exigibilidade “se utiliza de meios indiretos de coerção, como a multa ou outras penalidade administrativas, enquanto na executoriedade a Administração faz uso de meios diretos de coerção, utilizando, até mesmo, força física para dar efetividade às suas decisões” (p. 155).
Observação 14: a autoexecutoriedade é um atributo presente em apenas alguns atos administrativos. Quando a lei confere tal atributo ao ato administrativo ou quando o ato é praticado em situação de emergência.
3.7. Classificação dos atos administrativos.
A maneira de classificar os atos administrativos segue diversos critérios selecionados pelos doutrinadores. Dirley da Cunha Jr. apresenta uma classificação didática, em duas etapas: uma classificação genérica e uma classificação específica ou tipológica (pp. 131-139). Assim, pelo valor didático de sua sistematização, seguiremos a classificação exposta pelo professor Dirley da Cunha Jr.
( Classificação genérica
Por essa classificação, procura-se fixar as categorias de atos administrativos às quais se ajustam as espécies de atos produzidos pela Administração Pública no exercício da função administrativa. Seguem-se os principais critérios:
Quanto ao exercício das prerrogativas da Administração Pública:
a.1) atos de império – são os atos em que a Administração Pública atua com supremacia, utilizando-se de suas prerrogativas de autoridade. Exemplos: lavratura de auto de infração; reboque deveículo estacionado em lugar proibido.
a.2) atos de gestão – são os atos regidos pelo direito privado. Alguns autores entendem que o ato de gestão não seria ato administrativo propriamente dito, mas ato da administração. Exemplos: locação de imóvel; compra de um bem.
Quanto à formação da vontade do ato: 
b.1) ato simples – é o ato que resulta de uma única vontade expressada por um único órgão ou agente público. Dirley da Cunha Jr. (p. 132) ressalta que o órgão pode ser singular (quando integrado por um só agente) ou colegiado (quando integrado por mais de um agente público, de modo que a vontade do ato advém do concurso de várias vontades unificadas, resultando a declaração final do órgão). Exemplos: licença para funcionamento de estabelecimento comercial; demissão de servidor público;
b.2) ato complexo – é o ato que resulta da soma ou fusão das vontades expressadas por mais de um órgão ou agente público, sendo todas as vontades principais para a formação do ato (ou seja, não há vontade principal e acessória no ato complexo). Exemplos: aposentadoria do servidor público federal (ato da Administração Pública Federal + registro no TCU); investidura de Ministro do Superior Tribunal de Justiça (formação de lista tríplice pelo Tribunal + escolha de um nome pelo Presidente da República);
b.3) ato composto – é o ato que em que a vontade principal é expressa por um único órgão, sendo que, para ela ter eficácia, necessita de uma vontade acessória manifestada por outro órgão (ou seja, há uma vontade principal e outra acessória). Exemplos: nomeação de Ministro do STF e do Procurador Geral da República (vontade principal do Presidente da República + aprovação do Senado Federal). 
Observação 15: segundo o professor Hely Lopes Meirelles, o ato complexo seria aquele em que há duas vontades de órgãos diferentes se fundindo em um ato, que somente se forma com a conjugação da vontade desses órgãos (diversos ou independentes), enquanto que ato composto seria aquele formado por uma vontade única de um órgão, sendo apenas verificável por outra autoridade (vontade de um órgão, sendo ratificado por outro para se tornarem exequíveis). 
Quanto aos destinatários do ato administrativo:
c.1) atos gerais, abstratos ou impessoais – são os atos que têm por destinatários pessoas indeterminadas. Exemplos: instruções normativas, resoluções, regulamentos.
c.2) atos individuais ou concretos – são os atos que têm por destinatários pessoas certas, determinadas e nominadas, produzindo efeitos jurídicos concretos. Exemplos: nomeação de servidor público; licença de funcionamento de estabelecimento comercial.
Quanto aos efeitos do ato administrativo:
d.1) atos constitutivos – são os atos cujos efeitos se destinam a criar situações jurídicas antes inexistentes, produzindo-as originariamente, ou extinguindo ou modificando a situação anterior. Exemplos: permissão de uso de bem público; autorização para porte de arma.
d.2) atos declaratórios – são os atos cujos efeitos se destinam a declarar a existência de relação jurídica desde antes ocorrente no mundo jurídico. Relaciona-se à declaração de situações jurídicas já existentes. Exemplos: homologação do resultado final de uma licitação; isenção do recolhimento de um tributo.
d.3) atos meramente enunciativos – são os atos cujos efeitos se limitam a emitir um juízo de conhecimento ou de opinião, atestando ou reconhecendo uma determinada situação de fato ou de direito. Não se prestam a produzir qualquer efeito jurídico imediato. Exemplos: certidão de distribuidor criminal; vistos apostos em documentos apresentados.
Quanto ao grau de liberdade da Administração na prática do ato:
e.1) atos vinculados – são os atos que a Administração Pública expede sem qualquer margem de liberdade para a escolha de seus elementos ou requisitos, os quais já vêm previamente definidos em lei. Exemplos: licença para construir um imóvel; concessão de aposentadoria ao servidor público.
e.2) atos discricionários – são os atos que a Administração Pública edita com certa margem de liberada para decidir acerca dos motivos e do objeto do ato. Exemplos: autorização de uso de bem público; autorização de porte de arma.
( Classificação específica ou tipológica
É a classificação dos atos administrativos em espécie. Divide-se segundo o critério do conteúdo e da forma:
Quanto ao conteúdo ou disposição jurídica:
a.1) autorização – é o ato administrativo unilateral, discricionário e precário por meio do qual a Administração Pública constitui certas situações jurídicas, facultando ao administrado interessado o exercício de certa atividade material ou a utilização de bem público em caráter privativo ou para prestar serviço público em caráter extremamente precário. Exemplos: autorização de porte de arma; autorização para particular utilizar parte da Calçada para instalar banca de cocada.
a.2) permissão – é o ato administrativo unilateral, discricionário e precário através do qual a Administração Pública faculta ao particular interessado a utilização de bem público ou a prestação de serviço público. Exemplos: permissão de prestação de serviço público de transporte coletivo.
Observação 16: segundo explica Dirley da Cunha Jr. distingue-se a permissão da autorização porque a permissão reclama, via de regra, a realização de prévia licitação, “circunstância que mitiga, em certa medida, o seu caráter precário” (p. 135).
a.3) licença – é o ato administrativo unilateral, vinculado e definitivo através do qual a Administração Pública reconhece, em benefício do administrado, um direito relativamente ao exercício de uma atividade jurídica ou material. Exemplos: licença da OAB para exercício da advocacia; licença para construir.
a.4) admissão – é o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece ao particular, que preenche os requisitos legais, o direito à prestação de um determinado serviço público. Exemplo: matrícula de aluno em universidade pública.
a.5) aprovação – é o ato administrativo unilateral e discricionário pelo qual a Administração Pública exerce o controle prévio ou posterior de outro ato administrativo ou de outro ato jurídico praticado por particular. Exemplos: aprovação pelo Senado Federal da escolha de chefes de missão diplomática de caráter permanente e do Procurador-Geral da República; aprovação pelo Congresso Nacional de alienação ou concessão de terras públicas com área superior a 2.500 hectares.
a.6) homologação – é o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública, em atividade de controle, reconhece a legalidade de um ato jurídico já praticado. Exemplos: concurso público e o procedimento licitatório.
a.7) visto – é o ato administrativo unilateral e vinculado consistente num controle de mera legitimidade formal de um outro ato administrativo ou ato praticado pelo administrado. Exemplos: visto do chefe imediato para fins de conhecimento e controle formal no requerimento do servidor.
Quanto à forma:
b.1) decreto – é ato administrativo formal através do qual se exteriorizam outros atos administrativos (normativos – que veiculam regulamentos, individuais ou concreto – decreto declaratório de utilidade pública de um bem para fim de desapropriação ou de exoneração de servidor público). É o caso do Decreto Presidencial (que é a forma do ato) que veicula o regulamento (que é o conteúdo do ato) de uma lei que necessita ser regulamentada.
b.2) instrução – ato administrativo formal por meio do qual se veiculam normas gerais de orientação interna dos órgãos ou repartições da Administração Pública. Exemplo: instrução normativa da Presidência do Instituo Nacional do Seguro Social (INSS) que regula o funcionamento do serviço de concessão de benefícios previdenciários.
b.3) portaria – ato administrativo formal praticado por autoridade administrativa de nível inferior ao Chefe do Executivo, qualquer que seja o escalão, que se destina a uma variedade de situações, como expedir orientações funcionaisem caráter concreto, impor a servidores determinada conduta funcional, instaurar procedimentos investigatórios e disciplinares.
b.4) resolução – ato administrativo formal por meio do qual se externam as deliberações de órgão colegiados. Exemplo: resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
b.5) circular – ato administrativo formal por meio do qual a autoridade superior expede ordens uniformes a servidores subordinados, de caráter concreto. Exemplo: circular de diretor de departamento de pessoal de órgão público determinando a apresentação de determinado documento pelos servidores.
b.6) ordem de serviço – ato formal que se presta, em regra, a determinar a realização de fatos administrativos consistentes em obras públicas ou serviços públicos, bem como a transmissão de determinações aos servidores subordinados quanto à maneira de conduzir determina atividade (assemelhando-se à circular). Exemplo: ordem de serviço para equipe da Secretaria de Obras realizar manutenção em via pública.
b.7) alvará – ato administrativo formal por meio do qual se veiculam a autorização e a licença para a prática de ato ou exercício de atividade sujeitos ao poder de polícia administrativa do Estado. Exemplo: alvará de funcionamento de um bar.
b.8) despacho – ato administrativo formal que veicula decisões administrativas. Exemplo: despacho de promotor de justiça determinando a prorrogação de um inquérito civil.
b.9) parecer administrativo – é uma fórmula por meio do qual se emitem opiniões sobre assuntos técnicos ou jurídicos, geralmente elaborados por órgãos consultivos. Exemplo: parecer jurídico elaborado por Procurador do Município para embasar determinada tomada de decisão pelo Administrador público.
b.10) aviso – ato administrativo formal utilizado pelos Comandos Militares como forma de comunicação. Exemplo: aviso aos navegantes.
b.11) ofício – ato administrativo formal através do qual os agentes públicos se comunicam formalmente, em caráter administrativo ou social. Exemplos: ofício encaminhado pelo comandante de uma unidade militar convidando representantes de órgão públicos para participação de solenidade; ofícios encaminhados por Juiz Federal a Membro do Ministério Público Federal e ä Polícia Federal encaminhando sentença cível em que verificou a prática de atos ilícitos praticados contra a União.
b.12) apostilas – ato administrativo que declara uma situação anterior criada por lei, assemelhando-se a uma averbação. Exemplo: apostilamento da denominação do cargo ocupado por assistente jurídico para advogado da união em decorrência de lei que extinguiu o primeiro.
Exemplo:
Classificação Geral desse Ato Administrativo: ato de império, simples, individual, constitutivo e discricionário. 
3.8. Vícios do ato administrativo.
Segundo Irene Patrícia Nohara, vício é um defeito que permite a invalidação do ato administrativo (p. 197). Os vícios do ato administrativo podem atingir os cinco elementos que compõem o ato. Assim, os vícios podem ser quanto à competência, à forma, ao objeto, ao motivo e à finalidade.
A Lei nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular), em seu art. 2º, define os vícios dos atos administrativos, conforme se segue:
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: 
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.
( Vícios em relação à competência ou ao sujeito
A doutrina aponta que os vícios em relação ao sujeito são de dois tipos, quais sejam, vício de incompetência e vício de incapacidade.
Em relação à capacidade, essa não difere da capacidade estabelecida pelo Código Civil. Presume-se que o agente público que pratica determinado ato tem capacidade, já que essa é um dos requisitos para que o cidadão assuma a função pública. 
Como visto, a competência é elemento vinculado e prevista em lei. O ato administrativo será ilegal quando praticado por quem não tenha as atribuições legalmente fixadas, bem como quando o exercício exorbita das atribuições do agente público que o praticou. 
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, os principais vícios de competência são: a usurpação de função, o excesso de poder e a função de fato (p. 239).
Observação 17: a usurpação de função é crime tipificado no art. 328 do Código Penal. Para Maria Sylvia Sylvia Zanella Di Pietro, usurpar o exercício de função pública ocorre quando “a pessoa que pratica o ato não foi por qualquer modo investida no cargo, emprego ou função; ela se apossa, por conta própria, do exercício de atribuições próprias de agente público, sem ter essa qualidade” (p. 239).
Observação 18: o excesso de poder ocorre, ainda segundo os ensinamentos de Maria Sylvia, quando “o agente público excede os limites de sua competência; por exemplo, quando a autoridade, competente para aplicar a pena de suspensão, impõe penalidade mais grave, que não é sua atribuição” (p. 239). Lembra Irene Patrícia Nohara que, no excesso de poder, o agente, via de regra, “busca fins previstos no ordenamento, mas excede no emprego dos meios, desdobrando também das competências previstas em lei para a sua ação” (p.199). O excesso de poder, como visto, é uma das espécies de abuso de poder ao lado do desvio de poder.
Observação 19: a função de fato ocorre quando “a pessoa que pratica o ato está irregularmente investida no cargo, emprego ou função, mas a sua situação tem toda aparência de legalidade” (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, p. 239). Como se verá no próximo tópico, o ato praticado por funcionário de fato pode ser aceito como válido, em razão da aparência de legalidade com a qual se reveste, protegendo a boa-fé do administrado.
( Vício em relação ao objeto
Conforme a letra c, do parágrafo único, do art. 2º, da Lei nº 4.717/65, a ilegalidade do objeto ocorrerá quando o resultado do ato importar em violação da lei, regulamento ou ato normativo. O ato administrativo, como espécie de ato jurídico, deve ter objeto lícito, possível (de fato e de direito), e determinado, além de ser moral (princípio da moralidade). Assim, conforme ensinamento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, "haverá vício em relação ao objeto quando qualquer desses requisitos deixar de ser observado, o que ocorrerá quando for : 1. proibido pela lei; por exemplo: um Município que desaproprie bem imóvel da União; 2. diverso do previsto na lei para o caso sobre o qual incide; por exemplo, a autoridade aplica a pena de suspensão, quando cabível a de repreensão; 3. impossível, porque os efeitos pretendidos são irrealizáveis, de fato ou de direito; por exemplo: a nomeação de um cargo inexistente; 4. imoral; por exemplo: parecer emitido sob encomenda, apesar de contrário ao entendimento de quem o profere; 5. incerto em relação aos destinatários, às coisas, ao tempo, ao lugar; por exemplo: desapropriação de bem não definido com precisão" (p. 241).
Irene Patrícia Nohara lembra, ainda, que o vício de ilicitude do objeto “também se comunica com o motivo e com a finalidade, uma vez um objeto ilícito, impossível; ou indeterminado estará em desacordo com as normasjurídicas pertinentes (pressupostos do motivo) e pode violar o interesse público que deve impulsionar a declaração de vontade do Estado” (p. 200). 
( Vícios em relação à forma
Ainda segundo a Lei da Ação Popular, o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato (art. 2º, parágrafo único, letra b).
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, "o ato é ilegal, por vício de forma, quando a lei expressamente a exige ou quando determinada finalidade só possa ser alcançada por determinada forma. Exemplo: o decreto é a forma que deve revestir o ato do Chefe do Poder Executivo; o edital é a única forma possível para convocar os interessados em participar da concorrência" (p. 241).
Importante a observação de Irene Patrícia Nohara no sentido de que “a obediência à forma não significa excesso de formalismo ou a necessidade de formas sacramentais para a validade do ato, mas toda a vez que a lei exigir determinada forma, esta será requisito de validade do ato administrativo” (p. 201).
( Vício em relação ao motivo
Analisando a Lei nº 4.717/65, verifica-se que a mesma somente faz referência à inexistência de motivos, sendo que o vício somente ocorreria quando a matéria de direito ou de fato, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido. Maria Sylvia Zanella Di Pietro aponta que, além da inexistência, existe a falsidade do motivo como, por exemplo, a “Administração pune um funcionário, mas este não praticou qualquer infração, o motivo é inexistente; se ele praticou infração diversa, o motivo é falso” (p. 242).
( Vício relativo à finalidade
O desvio de finalidade também é denominado de desvio de poder. A Lei da Ação Popular define o desvio de finalidade como aquele que se verifica quando o agente pratica o ato visando a um fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que a definição legal encontra-se incompleta pois a finalidade poder ter duplo sentido (amplo e restrito), podendo-se dizer que ocorre “o desvio de poder quando o agente pratica o ato com inobservância do interesse público ou com objetivo diverso daquele previsto explícita ou implicitamente na lei” (p. 242)".
Irene Patrícia Nohara destaca que o “desvio de finalidade ocorre tanto quando o administrador distorce o fim legal do poder que lhe era confiado pela regra de competência como quando não busca finalidades de interesse público (finalidade em sentido amplo), mas se orienta para fins particulares que nada têm a ver com os fins coletivos” (p. 208). 
3.9. Extinção: revogação, invalidação, convalidação.
Como qualquer ato jurídico, o ato administrativo é praticado, produz os seus efeitos jurídicos e pode desaparecer do ordenamento jurídico. 
Segundo Celso Antonio Bandeira de Mello (p. 407), diversas são as causas que determinam a extinção dos atos administrativos ou de seus efeitos, sendo as mais comuns e importantes a revogação e a anulação (ou de invalidação). 
Irene Patrícia Nohara, valendo-se da classificação de Celso Antonio Bandeira de Mello, explica que o ato administrativo pode se extinguir pelo cumprimento de seus efeitos (por exemplo, com o esgotamento do conteúdo jurídico – final do gozo de licença maternidade de servidora pública), pelo desaparecimento ou perda do sujeito ou objeto (o que se dá, por exemplo, quando o funcionário morre extingue a sua nomeação para o cargo), pela retirada (pela prática de ato que extingue o anterior – que é o caso da revogação, da invalidação, da cassação, da caducidade e da contraposição) e pela renúncia (rejeição pelo beneficiário de situação jurídica favorável de que desfrutava – renúncia ao cargo de Ministro de Estado) (pp. 222-223).
Antes de analisar com mais profundidade a revogação e a invalidação, dar-se-á os conceitos de cassação, caducidade e contraposição, que são formas de retirada de atos administrativos existentes.
A cassação, nas explicações de Irene Patrícia Nohara, é a retirada do ato administrativo que se dá quando “o destinatário do ato descumpre condições que deveriam ser atendidas para que ele continuasse a desfrutar de certa situação jurídica, como é o caso da retirada da licença de funcionamento de hotel que se transformou em casa de tolerância” (p.223).
Por sua vez, ainda segundo a autora, caducidade ocorre quando “sobreveio norma jurídica que tornou inadmissível a situação antes permitida pelo Direito e outorgada pelo ato precedente, como na retirada de permissão para explorar parque de diversão em local que, diante de nova lei de zoneamento, se tornou incompatível com aquele tipo de uso ou no caso de bingo, que passou a ser, por norma superveniente, atividade proibida” (p.223).
Por fim, contraposição é a edição de ato com efeitos opostos, o que se dá, por exemplo, quando ocorre a exoneração de servidor ocupante de cargo em comissão, que contrapõe e extingue o ato de nomeação. 
Como destacado por Celso Antonio Bandeira de Mello, a revogação e a invalidação são as formas de extinção de atos administrativos mais relevantes em nosso ordenamento jurídico. Essa afirmação se confirma pelo fato de o Supremo Tribunal Federal ter editado duas súmulas para tratar do tema, que são as súmulas 346 e 473.
	A Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, dispôs expressamente sobre a anulação (invalidação) e a revogação, em seu art. 53, transcrito a seguir: 
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
( Invalidação = é a extinção do ato administrativo inválido, ou seja, é o desfazimento do ato por razões de ilegalidade. Portanto, o pressuposto da invalidação é a existência de vício de legalidade em algum dos seus elementos ou requisitos de formação. A invalidação está relacionada ao controle de legalidade dos atos administrativos, que pode se dar pela própria Administração (controle interno, através do exercício do poder de autotutela, em obediência ao princípio da legalidade) ou pelo Poder Judiciário (controle externo, através do exercício do direito de ação). Considerando que o ato administrativo inválido é contrário ao ordenamento jurídico, por existência de algum vício em sua formação, temos como natural da invalidação a retroação de seu efeito à origem do ato (efeitos ex tunc). 
Observação 20: alguns autores denominam a invalidação de anulação, como é o caso da professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro (p. 236). 
Observação 21: Dirley da Cunha Jr. ressalta haver entendimentos que terceiros de boa-fé poderiam ser resguardados do efeito retroativo da invalidação, ou seja, nesses casos os efeitos da invalidação do ato seriam ex nunc (p. 143).
Observação 22: segundo o art. 54 da Lei nº 9.784/99, o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Assim, há um prazo decadencial para a Administração Pública invalidar atos administrativos que decorram efeitos favoráveis aos destinatários, desde que esses estejam de boa-fé.
( Revogação = é a extinção do ato administrativo válido, ou de seus efeitos válidos, por razões de conveniência e oportunidade. Portanto, o pressuposto da revogação é a existência de um ato válido e perfeito que se torna inconveniente e inoportuno ao interesse público. A revogação relaciona-se aos atos discricionários, em que o administrador público pondera questões de conveniência e oportunidade para formação do mérito administrativo. Trata-se de controle de mérito realizado pela Administração Pública, cabendo a essa ponderar os critérios de conveniência e oportunidade. Considerando que o ato administrativo era válido e produzia seus efeitosjurídicos regularmente, a revogação opera efeitos ex nunc, ou seja, para frente a partir da revogação do ato.
Observação 23: Irene Patrícia Nohara observa que não há limites temporais para a revogação dos atos administrativos, pois ela relaciona-se com um ato válido e regular, mas existem alguns limites à revogação, que a autora enumera: atos que a lei declara irrevogáveis, atos já exauridos ou que determinam providência material já executada, atos vinculados, por não compreenderem juízo de conveniência e oportunidade, meros atos como atestados, certidões ou votos, atos que precluem com o advento de ato sucessivo (que integram um procedimento), atos complexos, que demandam o concurso de diferentes órgãos para a sua formação e atos que geram direitos adquiridos, conforme a súmula 473 do STF (p. 228). 
Observação 24: Dirley da Cunha Jr. lembra que o Judiciário não pode revogar o ato administrativo no desempenho de sua função típica de julgar (p. 141).
	FORMA DE EXTINÇÃO
	INVALIDAÇÃO OU ANULAÇÃO
	REVOGAÇÃO
	Fundamento
	Ilegalidade do ato
	Inconveniência ou inoportunidade do ato
	Controle
	De legalidade
	De mérito administrativo
	Sujeito
	Administração Pública ou o Poder Judiciário
	Administração Pública
	Efeitos
	Ex tunc
	Ex nunc
( Convalidação = é o ato administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado. A convalidação também é conhecida como saneamento. Tem como base o poder de autotutela da Administração Pública, fundado no dever de recomposição da legalidade administrativa. O art. 55 da Lei nº 9.784/99 dispõe que, em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.
Observação 25: Nohara observa que, dos cinco elementos dos atos administrativos, “admite-se como regra geral, a convalidação apenas do vício de sujeito e de forma” (p. 221). Em relação ao sujeito, admite-se que o vício de competência seja convalidado, exceto se praticado em competência atribuída com exclusividade ou em razão da matéria. Em relação ao vício de forma, se esta não for imprescindível à configuração do ato, é possível a sua convalidação.
Observação 26: Embora não seja possível a convalidação do ato em decorrência de vício de objeto ou conteúdo, é possível a conversão, que é o instituto utilizado pela Administração Pública para transformar um ato inválido em ato de outra categoria, com efeitos retroativos à data do ato original para aproveitar os efeitos já produzidos.
Ponto 04: Licitação
4.1. Conceito e princípios da licitação.
Vejamos como alguns doutrinadores brasileiros conceituam a licitação.
Segundo Hely Lopes Meirelles, licitação “é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse”.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro define licitação como o “procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração do contrato” (p. 350).
Celso Antonio Bandeira de Mello conceitua licitação como o “procedimento administrativo pelo qual uma pessoa governamental, pretendendo alienar, adquirir ou locar bens, realizar obras e serviços, outorgar concessões, permissões de obra, serviço ou de uso exclusivo de bem público, segundo condições por ela estipuladas previamente, convoca interessados na apresentação de propostas, a fim de selecionar a que se revele mais conveniente em função de parâmetro antecipadamente estabelecidos e divulgados” (p. 485).
José dos Santos Carvalho Filho diz que a licitação é o “procedimento administrativo vinculado por meio do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela controlados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico”. (p. 225)
Alexandre Mazza, por sua vez, diz que a licitação é o “procedimento administrativo pelo qual entidades governamentais convocam interessados em fornecer bens ou serviços, assim como locar ou adquirir bens públicos, estabelecendo uma competição a fim de celebrar contrato com que oferecer a melhor proposta”. (p. 320)
A Controladoria-Geral da União, em sua página oficial na rede mundial de computadores, publicou um trabalho denominado Licitações e Contratos Administrativos – perguntas e respostas, onde também apresenta um conceito de licitação. 
 
Licitação é, portanto, o procedimento administrativo prévio de seleção por meio do qual a Administração, mediante critérios previamente estabelecidos, isonômicos, abertos ao público e fomentadores da competitividade, busca escolher a melhor alternativa para a celebração do contrato.
Nesse sentido, destaca Alexandre Mazza (p. 319) que a razão de existir da licitação é que o Poder Público não pode escolher livremente um fornecedor qualquer, como fazem as empresas privadas, devendo se valer de um procedimento informado pelos princípios da isonomia, impessoalidade, moralidade e indisponibilidade do interesse público, para a seleção imparcial da melhor proposta, garantido, assim, iguais condições a todos que queiram concorrer para a celebração do contrato administrativo.
Observação 1: a proposta mais vantajosa nem sempre é aquela de menor valor, pois dependerá do tipo de licitação. Cabe ao instrumento convocatório da licitação estabelecer o critério para a definição da melhor proposta. Assim, no caso de um leilão em que a Administração Pública pretenda alienar um bem, a proposta mais vantajosa é aquela que oferecer o maior lance. 
Ainda, segundo Celso Antonio Bandeira de Mello, a licitação visa a alcançar duplo objetivo: “proporcionar às entidades governamentais possibilidades de realizarem o negócio mais vantajosos (pois a instauração de competição entre ofertantes preordena-se a isto) e assegurar aos administrados ensejo de disputarem a participação nos negócios que as pessoas governamentais pretendam realizar com os participantes” (p. 485). 
O dever de licitar encontra fundamento na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. São fundamentos constitucionais da licitação:
- art 22, inciso XXVII da CRFB/88
- art. 37, inciso XXI da CRFB/88
- art. 173, § 1º, inciso III da CRFB/88
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações;
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A leiestabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública;
A Lei nº 8.666/93 estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Também se subordinam ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Observação 2: as seguintes entidades não se submetem ao dever de licitar: empresas privadas, concessionárias e permissionárias de serviço público, organizações sociais e Oscips (exceto para contratações com utilização direta de verbas provenientes de repasses voluntários da União) e a Ordem dos Advogados do Brasil.
Observação 3: existem outros diplomas legais tratando sobre licitação: a Lei nº 8.987/95 trata de aspectos da licitação para a concessão e permissão de serviço público e de obra pública; a Lei nº 10.520/2002 trata de nova modalidade de licitação, qual seja, o pregão; a Lei nº 11.079/2004 trata de alguns aspectos da licitação para as denominadas parcerias público-privada; a Lei Complementar nº 123/2006, traz algumas normas de licitação favorecendo as microempresas e empresas de pequeno porte; por fim, a Lei nº 11.488/2007 determina a aplicação da Lei Complementar nº 123/2006 às sociedades cooperativas.
O governo federal instituiu, pela Lei nº 12.462/2011, o Regime Diferenciado de Contratações – RDC, a fim de ampliar a eficiência nas contratações públicas e competividade, promover a troca de experiências e tecnologia e incentivar a inovação tecnológica. O RDC é aplicável exclusivamente às licitações e contratos necessários à realização:
dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016;
da Copa das Confederações da Fifa 2013;
da Copa do Mundo Fifa 2014;
de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos estados da federação distantes até 350 km das cidades sedes dos mundiais;
das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC;
das obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS;
às licitações e contratos necessários à realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino.
 Segundo o art. 3º da Lei nº 8.666/93, a licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. 
Observação 4: a Lei nº 12.349/2010, dando nova redação ao art. 3º da Lei nº 8.666/93, introduziu a promoção do desenvolvimento nacional sustentável como finalidade da licitação. 
Assim, são finalidades da licitação:
- vantajosidade
- isonomia
- promoção do desenvolvimento nacional sustentável 
O Decreto nº 7.746, de 06 de junho de 2012, regulamenta o art. 3º da Lei nº 8.666/93, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela administração pública federal, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública – CISAP.
Segundo o art. 4º desde Decreto, são diretrizes de sustentabilidade, entre outras: o menor impacto sobre recursos naturais como flora, fauna, ar, solo e água; preferência para materiais, tecnologias e matérias-primas de origem local; maior eficiência na utilização de recursos naturais como água e energia; maior geração de empregos, preferencialmente com mão de obra local; maior vida útil e menor custo de manutenção do bem e da obra; uso de inovações que reduzam a pressão sobre recursos naturais; e origem ambientalmente regular dos recursos naturais utilizados nos bens, serviços e obras. 
Observação 5: Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços produzidos no País, produzidos ou prestados por empresas brasileiras, produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País e produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
Observação 6: Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida margem de preferência para: I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras; e  II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
Observação 7: A Lei Complementar nº 147, de 2014, acrescentou o art. 5o-A na Lei nº 8.666/93 segundo o qual as normas de licitações e contratos devem privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e empresas de pequeno porte na forma da lei. 
( Princípios da Licitação
	Como já referido anteriormente, a enumeração dos princípios de determinado segmento do Direito Administrativo vai depender de cada autor consultado. Enumeramos, a seguir, os princípios da licitação previstos de forma expressa no art. 3º da Lei nº 8.666/93. Observe que alguns destes princípios já se encontram positivados no art. 37, caput, da CRFB/88, sendo princípios da Administração Pública. Importante ainda deixar consignado que a enumeração principiológica da Lei nº 8.666/93 não é exaustiva, já que existem outros princípios correlatos, como indicado ao final da enumeração. São os seguintes:
- igualdade entre os licitantes – ou isonomia; significa a igualdade entre todos os que se encontram na mesma situação, devendo a comissão de licitação tratamento igualitário entre os concorrentes;
- legalidade – os participantes da licitação têm direito público subjetivo à fiel observância do procedimento estabelecido em lei, sendo a licitação um procedimento plenamente formal e vinculado;
- impessoalidade – a Administração Pública licitante deve conduzir o procedimento de licitação com objetividade e imparcialidade, impedindo privilégios e desfavorecimentos indevidos em relação aos licitantes;
- moralidade – a comissão de licitação e os licitantes estão obrigados a obedecer aos padrões éticos, de probidade, lealdade, decoro e boa-fé;
- publicidade dos atos – os atos que compõem o procedimento licitatório devem ser públicos (exceção é o dever de manter o sigilo das propostas);
- probidade administrativa – é um dever jurídico decorrente da moralidade administrativa. O Administrador Público tem a obrigação de zelar pela coisa pública, abstendo-se de adotar providências lesivas ao interesse e patrimônio públicos. Violado este dever, o ato praticado pode ser enquadrado entre aqueles caracterizados como improbidade administrativa (responsabilidade civil), além da responsabilização do servidor nas esferas administrativa e criminal.
- vinculação ao instrumento convocatório – tanto a Administração Pública quanto os participantes da licitação, além de observarem as normas legais, devem atender ao que estiver prescrito no instrumento convocatório da licitação; 
- julgamentoobjetivo – o instrumento convocatório deve estabelecer o critério de julgamento a ser adotado para determinar o licitante vencedor, devendo se pautar por critérios objetivos, evitando critérios subjetivos. Cabe destacar que esta objetividade não é absoluta.
- adjudicação compulsória – obriga a Administração Pública a atribuir o objeto da licitação ao vencedor do certame.
- ampla defesa - 
- procedimento formal – as regras aplicáveis ao procedimento de licitação são as definidas pelo legislador.
- sigilo das propostas – os envelopes contendo as propostas dos licitantes não podem ser abertos e seus conteúdos divulgados antes do momento processual adequado, que é a sessão pública instaurada para esta finalidade. 
4.2. Objeto licitável, a dispensa e a inexigibilidade.
( Objeto licitável
O objeto licitável são aqueles pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito da Administração Pública quando contratados com terceiros. As concessões e as permissões de serviços públicos também serão objeto de licitação.
Segundo Celso Antonio Bandeira de Mello, “são licitáveis unicamente objetos que possam ser fornecidos por mais de uma pessoa, uma vez que a licitação supõe disputa, concorrência, ao menos potencial, entre ofertantes” (p. 497).
O art. 6o da Lei nº 8.666/93 traz diversas definições, entre elas as que se seguem:
- Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta.
- Serviço - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais.
- Compra - toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente.
- Alienação - toda transferência de domínio de bens a terceiros.
	Acentua Dirley da Cunha Jr. (p. 513) ser a obrigatoriedade de licitação um princípio jurídico-constitucional que vincula a Administração Pública.
Embora a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 tenha trazido a obrigatoriedade de licitar para a Administração Pública, o Constituinte permitiu que o legislador estabelecesse hipóteses em que esse dever não seria exigível, quer pela impossibilidade de licitar, quer pela não obrigatoriedade por questões de conveniência ou oportunidade ou em decorrência de situações excepcionais. É o que se conclui do disposto no art. 37, inciso XXI, da CRFB/88, in verbis:
Art. 37, inciso XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (sem grifo no original)
	Ronny Charles destaca que a Lei Geral de Licitações (que como vimos, é a Lei nº 8.666/93) “prevê hipóteses de contratação direta (dispensa e inexigibilidade), porque admite que nem sempre a realização do certame levará à melhor seleção pela Administração ou que, pelo menos, nem sempre a sujeição do negócio ao procedimento formal e burocrático previsto pelo estatuto serve ao eficaz atendimento do interesse público” (p. 255).
	Importante destacar, desde logo, que a dispensa e a inexigibilidade de licitação são hipóteses que permitem a exclusão do dever de licitar, ou seja, autorizam a Administração Pública contratar diretamente. Como se verá, dispensa e inexigibilidade não se confundem. 
A dispensa contempla hipóteses em que a licitação seria possível, enquanto que a inexigibilidade, ao contrário, se refere a hipóteses em que a competição se revela inviável. 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro faz bem essa diferenciação entre os institutos: “a diferença básica entre as duas hipóteses está no fato de que, na dispensa, há possibilidade de competição que justifique a licitação; de modo que a lei faculta a dispensa, que fica inserida na competência discricionária da Administração. Nos casos de inexigibilidade, não há possibilidade de competição, porque existe um objeto ou uma pessoa que atenda às necessidades da Administração; a licitação é, portanto, inviável” (p. 365). 
Essas situações previstas na legislação são os casos de contratação direta, sendo exceções ao dever de licitar.
( Dispensa de licitação
A contratação por meio de dispensa de licitação se faz por licitação dispensada (art. 17 da Lei nº 8.666/93) e licitação dispensável (art. 24 da Lei nº 8.666/93). Cabe ressaltar que as hipóteses legais de dispensa de licitação são taxativas. 
Lembra Ronny Charles que na dispensa de licitação “a competição seria possível, mas o legislador entendeu por bem torná-la não obrigatória” (p. 256).
Nos termos do art. 17 da Lei nº 8.666/93, a licitação é dispensada nas hipóteses de seus incisos I e II, com caráter exaustivo. São hipóteses relacionadas à alienação de bens da Administração Pública, estando subordinada à existência de interesse público, devidamente justificado, e à prévia avaliação. O inciso I do art. 17 da Lei nº 8.666/93 se refere à alienação de bens imóveis, enquanto que o seu inciso II refere-se à alienação de bens móveis. 
Por sua vez, as hipóteses legais de licitação dispensável (art. 24) são:
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% do limite previsto na alínea "a", do inciso I do art. 23 da Lei 8.666/93, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do art. 23 da Lei 8.666/93 e para alienações, nos casos previstos nesta mesma Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
Observação 8: Esses percentuais referidos nos incisos I e II do caput do art. 24 da Lei nº 8.666/93 serão de 20% para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. No caso dos consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput do art. 23 quando formado por até 3 entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número (art. 23, § 8º, da Lei nº 8.666/93, com a redação dada pela Lei nº 11.107/2005). 
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;
Observação 9: essa hipótese é denominada de licitação deserta.
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo únicodo art. 48, § 3º, desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços;
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
Observação 10: Ronny Charles chama a atenção que esse benefício “não deve ser usado para a contratação de empresas públicas e de sociedades de economia mista que explorem atividade econômica, sob o regime de competição com o setor privado, pois estas estão sujeitas à livre concorrência e não devem possuir privilégios que não sejam extensíveis às empresas da iniciativa privada” (p. 261).
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;
Observação 11: O Decreto nº 2.295/97 regulamenta o disposto no art. 24, inciso IX, da Lei nº 8.666/93, e dispõe sobre a dispensa de licitação nos casos que possam comprometer a segurança nacional. Assim, ficam dispensadas de licitação as compras e contratações de obras ou serviços quando a revelação de sua localização, necessidade, característica do seu objeto, especificação ou quantidade coloque em risco objetivos da segurança nacional, e forem relativas à aquisição de recursos bélicos navais, terrestres e aeroespaciais, a contratação de serviços técnicos especializados na área de projetos, pesquisas e desenvolvimento científico e tecnológico, bem como a aquisição de equipamentos e contratação de serviços técnicos especializados para a área de inteligência. 
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia; 
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público;
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade;
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; 
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 da Lei 8.666/93; 
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto; 
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão de obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; 
XXI para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23;
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica; 
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão;
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida; 
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação;
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública; 
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão; 
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força; 
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal;
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes;
XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnologiade produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecnológica;
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água.
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno de insumos estratégicos para a saúde produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da administração pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.
Observação 12: A Lei nº 10.973/2004 estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do País, nos termos dos arts. 218 e 219 da CRFB/88. 
Observação 13: É possível que outras leis federais estabeleçam hipóteses de licitação dispensável, além das descritas no art. 24 da Lei nº 8.666/93. 
	Ainda segundo os ensinamentos de Ronny Charles (pp. 258-268), a doutrina divide as hipóteses de licitação dispensável descritas pelo art. 24 da Lei nº 8.666/93 em quatro categorias, como se seguem:
Em razão do pequeno valor (incisos I e II)
Em razão de situações excepcionais (incisos III, IV, V, VI, VII, IX, XI, XIV, XVIII, XXVII e XXVIII)
Em razão do objeto (incisos X, XII, XV, XVII, XIX, XXI, XXV, XXIX, XXX e XXXI)
Em razão da pessoa (incisos VIII, XIII, XVI, XX, XXII, XXIII, XXIV e XXVI) 
( Inexigibilidade de licitação
A inexigibilidade de licitação ocorre quando houver inviabilidade de competição. Assim, a competição é inviável, não havendo fundamento para o procedimento licitatório, cuja razão de existência é a própria competição entre os interessados em contratar com o Poder Público.
O art. 25 da Lei nº 8.666/93 apresenta três hipóteses de inexigibilidade de licitação. Cabe ressaltar que a expressão “em especial” utilizada no caput do art. 25 da Lei Geral de Licitações indica que as hipóteses listadas em seus três incisos não são taxativas.
São elas:
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 da Lei nº 8.666/93, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
Observação 14: Segundo o art. 13 da Lei nº 8.666/93, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; pareceres, perícias e avaliações em geral; assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; restauração de obras de arte e bens de valor histórico. Não sendo o caso de inexigibilidade de licitação, os contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou remuneração.
Observação 15: Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
Observação 16: Nas hipóteses de inexigibilidade e de qualquer dos casos de dispensa de licitação, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. 
( Resumindo:
	Licitação Dispensada
	Não se faz licitação
	Art. 17
	Licitação Dispensável
	A Administração Pública pode dispensar a licitação se assim lhe convier
	Art. 24
	Licitação Inexigível
	Não se faz licitação por inviabilidade de competição
	Art. 25
4.3. Modalidades de licitação.
Modalidade de licitação é a forma de conduzir o procedimento licitatório, a partir de critérios definidos em lei.
Não deve ser confundida com os tipos de licitação. Tipo de licitação refere-se aos critérios expressamente previstos para julgamento da melhor proposta. Segundo o art. 45, § 1º, da Lei nº 8.666/93, são tipos de licitações:
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço; 
II - a de melhor técnica;
III - a de técnica e preço.
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso
Observação 17: na modalidade pregão, as propostas são julgadas pelo critério menor preço, conforme estabelecido no art. 4º, inciso x, da Lei nº 10.520/02.
A Lei Geral de Licitações estabeleceu, em seu art. 22, cinco modalidades de licitação, quais sejam, a concorrência, a tomada de preços, o convite, o concurso e o leilão.
A Lei nº 10.520/2002, por sua vez, criou uma sexta modalidade de licitação que foi denominada de pregão, que deve ser utilizada para a aquisição de bens e serviços comuns.
Assim, são seis as modalidades de licitação: cinco previstas na Lei nº 8.666/93 e uma prevista na Lei nº 10.520/02. 
Conforme estabelecido pelo art. 22, § 8o, da Lei nº 8.666/93, é vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das referidas neste artigo. Logicamente, essa limitação é dirigida ao administrador público, não limitando a atuação do legislador, que pode criar outras espécies de licitação, desde que por intermédio de lei. O pregão somente foi criado no ano de 2002, pela Lei nº 10.520/02. 
Para cada modalidade de licitação há exigências específicas de procedimentos, formalização do processo e prazos.
Os parágrafos 1º a 5º do art. 22 da Lei nº 8.666/93 definem cada uma das modalidades de licitação. 
Concorrência ( é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
Tomada de preços ( é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o

Outros materiais