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Antimicrobianos Farmacologia aplicada Caso 1 Paciente 58 anos refere tosse produtiva purulenta, febre alta (39°) com calafrios, dispnéia e dor torácica. Ao exame, estertores crepitantes à direita. Hemograma com leucocitose e aumento de bastões Tratamento? Qual é o agente etiológico mais comum? Há sinais de gravidade? O paciente é imunossuprimido? Dose maior, tempo prolongado e bactericida Paciente possui fatores de risco para outros microorganismos? Pneumonia atípica Pneumonia bacteriana Paciente previamente hígido: Azitromicina ou claritromicina Presença de comorbidades (como disfunção cardíaca, renal, hepática ou pulmonar) ou em áreas com altas taxas de pneumococo resistente aos macrolídeos Beta lactâmico associado a um macrolídeo Altas doses de amoxicilina ou amoxicilina com clavulanato Alternativas: ceftriaxone ou cefuroxima Levofloxacino ou moxifloxacino Doxiciclina é uma alternativa ao macrolídeo (fraca recomendação) Exemplos de Mecanismo de ação Betalactâmicos Penicilinas Inicialmente definida em unidades De regra geral tem sua absorção afetada pela presença de alimentos (1 a 2 h antes ou após as refeições) Se distribui bem entre os tecidos (3 a 15% são excretados no leite e escarro) A penetração é precária no olho, próstata e SNC (exceto na meningite) 10% é filtrada e 90% é secretada pelos túbulos renais (corrigir dose) A depuração é menos eficiente no RN Penicilinas naturais (1ª geração) Penicilina G (benzilpenicilina) Não tem boa ação contra gram negativos (espectro estreito) Cristalina Lábil em meios ácidos (não VO) Uso IV, a cada 4h Após altas doses pode resultar em hipercalemia (sais potássicos) Penicilina V (fenoximetilpenicilina) Uso oral (mais resistente ao meio ácido) Uso 4 vezes ao dia. Praticamente substituída pela amoxicilina Penicilinas de depósito • Procaína Uso IM de 12 a 24h. Raramente usada. Pico sérico em 2-4h e detectado em 12- 24h Benzatina Pouco solúvel (uso IM) produz nível baixo (após 8h) Aumento da dose só prolonga a circulação 300.000 U- 5 a7 dias; 600.000 U- 10 a 12 dias 1200.000 U- 20-28 dias intervalo de 3 a 4 semanas Facilidade de administração e certeza de tratamento completo Penicilinas anti-estafilocócicas São betalactamase resistentes (meticilina etc) Oxacilina Mais ativa que as cefalosporinas de 1ª geração e glicopeptídeos É a droga de escolha na infecção comunitária por estafilococus aureus Tem excreção biliar (não necessita ajuste na doença renal) Apresentam índice crescente de resistência Incovenientes: Hipersensibilidade e flebotoxicidade Somente via venosa e pode causar hepatite Dose varia de 1 a 2g IV a cada 4h Faringoamigdalite estreptocócica Faringite estreptocócica Estreptococos do grupo A Opções terapêuticas: Penicilina benzatina 1.200.000 U IM (dose única) Amoxicilina (10 dias) Penicilina V 4 x ao dia por 10 dias Alérgicos Azitromicina (5 dias) ou claritromicina por 10 dias (resistência variável) Clindamicina, cefadroxil Aminopenicilinas (2ª geração) Tem melhor ação contra gram negativos mas com resistência crescente. De escolha contra Listeria e Enterococos Ampicilina Absorção oral pequena (40%) e lenta Excreção biliar Amoxicilina Boa absorção oral (95%), inclusive com alimentos Maior meia vida 8/8h ou 12/12h (depende da formulação) Carboxipenicilinas (3ª geração) Carbenicilina, ticarcilina Perdem potência contra gram positivos mas ganham atividade contra bacilos gram negativos como pseudomonas, proteus, enterobacter e anaeróbios Resistência crescente Ureidopenicilinas (4ª geração) Piperacilina Ativas contra gram negativas Únicas com atividade contra Klebsiella Principal antipseudomonas, principalmente combinado com tazobactâmico Lábil em ácidos Inibidores de β-lactamases Essas moléculas se assemelham às moléculas β lactâmicas e exibem atividade antibacteriana muito fraca Estão presentes em formulações fixas com as penicilinas Ligam-se às enzimas β-lactamases, como substratos Ácido clavulânico Sulbactam tazobactam Inibidores de β-lactamases Reações adversas Penicilinas são bem toleradas o que incentiva o uso incorreto e inapropriado Hipersensibilidade O determinante antigênico é o produto da degradação da penicilina (ácido penicilinóico) ligados às proteínas do hospedeiro Reações alérgicas: anafilaxia, febre, urticária, edema. Alterações respiratórias dentro de 7 a 12 dias após exposição Reação auto-imune: eosinofilia, anemia hemolítica, lesões orais (idiossincrasia) Penicilina em altas doses em doentes renais pode causar convulsão Alergia cruzada com cefalosporinas Erisipela Cefalosporinas 1ª geração Cocos gram positivos e não tem ação contra MRSA Cefalexina (espectro semelhante à penicilina G) Usada a cada 6h e atinge altas concentrações urinárias Cefazolina Uso parenteral IV ou IM. De escolha na profilaxia em cirurgia Cefalotina: Não penetra no SNC Uso clínico ITU, celulites, abscessos de partes moles. Correção IRC Cefalosporinas 2ª geração Grupo heterogêneo de fármacos Cobre cocos e bastonetes gram negativos e menos efetivo contra estafilococos Cefuroxima (espectro semelhante ao clavulin®) É ativo contra H. influenzae e K. pneumoniae Apesar de atravessar a BHE é pouco efetiva Uso clínico Todas exigem correção na insuficiência renal crônica Evitar uso IM (muito dolorosa) Usadas em otites, sinusites, pneumonia comunitária Meningite bacteriana Cefalosporinas 3ª geração Cobertura mais ampliada para gram negativos, efetivas contra Haemophilus, Neisseria produtoras de β lactamase Ceftriaxone penetra bem membranas e cobre a maioria dos gram negativos exceto pseudomonas. Tem meia vida longa (8h) excreção biliar e não precisa ajustar a dose na I. Renal Ceftazidima tem atividade antipseudomonas Uso clínico: infecções graves (meningites) Cefalosporinas 4ª geração São mais resistentes às β lactamases, mas hidrolisadas por ESBL Cefepime Boa atividade contra P. aeruginosa, S. aureus, pneumococos, Haemophilus e Neisseria Penetra bem no líquor Depuração renal Cefalosporinas Reações adversas Alergia, com reação cruzada com penicilina Apenas anafilaxia prévia à penicilina é contra-indicação Irritação local (IM) e tromboflebite (IV) Cefalosporinas que contém um grupo metiltiotetrazol De segunda geração: cefamandol , cefmetazol e cefotetana. Também a cefoperazona (3ª) Podem causar hipoproteinemia e distúrbios hemorrágicos que podem ser evitados pelo uso de vitamina K Também podem causar reações tipo dissulfiram Carbapenêmicos Imipenem, meropenem e ertapenem Espectro muito amplo (aeróbios e anaeróbios gram positivos e negativos, inclusive pseudomonas) mas não contra MRSA e C. difficile Penetra bem no líquor Necessitam de correção nos doentes renais Efeitos adversos (principalmente imipenem) Náuseas, vômitos, diarréia e exantema em doentes renais Convulsões Pode haver alergia cruzada com alérgicos à penicilina Monobactâmicos Aztreonam Espectro limitado a bacilos gram negativos aeróbicos Boa penetração no líquor Uso clínico: Boa opção aos alérgicos à penicilina com infecções graves (pneumonias, meningites por gram negativos) Pneumonia atípica Macrolídeos Eritromicina (protótipo) Alternativa à penicilina G em alérgicos Espectro, além da proteína G, microorganismos atípicos: Mycoplasma, Legionella etc Distribuição ampla exceto no líquor, mas atravessa a placenta e alcança o feto Alimento interfere na absorção (estearato) Excreção biliar (não necessita de ajuste na dose em doentes renais) e não é removida por diálise Efeito pró- cinético (efeito motilina-like) Reações adversas Eritromicina Cólicas abdominais severas, náuseas e vômitos Inibem o citocromo P-450 Febre, eosinofilia e exantemas (hipersensibilidade) estolato é associado a hepatite alérgica ou icterícia colestática principalmente em gestantes (reversível com a suspensão do fármaco) Flebites Ototoxicidade (reversível com a interrupção) Estearato pode ser usado em gestantes Azitromicina Espectro da eritromicina porém é mais efetiva contra H. influenzae e bactérias atípicas Penetra bem nos tecidos exceto SNC Meia vida de eliminação de 3 dias Permite uso único diário. Seu uso por 5 dias equivale a 10 dias de outro antibiótico. Alimento diminui a absorção (1h antes ou 2h após as refeições) Excreção hepática (não necessita ajuste na I. renal) Não inibe o citocromo P-450 Claritromicina Além do espectro da eritomicina cobre H. influenzae, H. pylori e mais ativa contra micobactérias 500mg de 12/12h com metabolismo hepático e excreção renal (necessita de ajuste na dose em doentes renais) Menor incidência de intolerância gastrointestinal Abscesso pulmonar Clindamicina É derivada um lincomicina É efetiva contra estafilococos aureus, estreptococos e pneumococos Erradica todos os anaeróbios exceto C. difficile (associado a colite pseudomembranosa) Penetra bem nos tecidos (ossos e abscessos) exceto no SNC Metabolização hepática com excreção biliar e renal (não necessita de ajuste na I. renal) Clindamicina Usos clínicos Infecções cutâneas e tecidos moles Com freqüência é ativa contra MRSA comunitário Infecções anaeróbias Em associação com aminoglicosídeo ou cefalosporina em lesões abdominais, ginecológicas e abscessos pulmonares Reações adversas Diarréia, náuseas, alterações hepáticas, neutropenia e colite pseudomembranosas Glicopeptídeos Vancomicina São ativos apenas contra gram positivos (molécula grande que é incapaz de penetrar na membrana externa dos gram negativos) Altamente hidrossolúvel (não absorvido VO) Uso VO erradicará a microbiota suscetível (tratamento da colite pseudomembranosa) Excreção renal (corrigir dose na I. renal). 50% é removido na diálise Distrubuição ampla no corpo Glicopeptídeos Desvantagens: Perda de audição irreversível Nefrotóxica Infusão rápida está associada a liberação de histamina (síndrome do homem vermelho) Calafrios e febre em 10% dos casos Teicoplanina Pode ser usada via IV ou IM Meia vida longa (45 a 70h) Síndrome do homem vermelho Cloranfenicol Agente extremamente lipossolúvel, penetrando bem membranas biológicas (uso tópico ocular) Toxicidade limita seu uso Supressão da medula óssea De natureza tóxica, dose dependente (reversível com a suspensão do fármaco) De natureza alérgica , que não é dose dependente (aplasia) Em neonatos causa a síndrome do bebê cinzento pelo fígado não conter quantidade suficiente de glicuroniltransferase para a conjugação do fármaco, ocorre um acúmulo levando a um colapso cardiovascular com cianose central (dose dependente) Tetraciclina Largo espectro, porém muitas cepas são resistentes pelo uso abusivo Meia vida curta (6/6h) Distribuem-se bem nos tecidos exceto no líquor Excreção biliar e urinária (ajustar dose na I. renal) Não devem ser ingeridos com alimentos, principalmente laticínios Tetraciclinas Minociclina Uso a cada 12h Excreção renal e biliar Único que pode ser ingerido com alimentos Concentra-se muito na saliva e lágrima Doxiciclina Pode ser usado uma vez ao dia Tem apenas excreção biliar Carbamazepina, fenitoína e álcool podem encurtar a meia-vida da doxiciclina em 50% Efeitos adversos da tetraciclinas Náuseas, vômitos e diarréia são os mais comuns Causam lesões nos ossos e dentes Quelantes de cátions bivalentes: evitar em crianças Alcançam o feto e são excretados no leite Evitar na gravidez (necrose hepática) e 12 meses após o parto Reações de hipersensibilidade são raras Alteração da microbiota gastrointestinal Prurido anal, candidíase vaginal ou oral, colite pseudomembranosa e distúrbios funcionais Injeção IM é dolorosa (irritante): evitar Injeção IV pode levar à trombose venosa Efeito da tetraciclina nos dentes Aminoglicosídeos Gentamicina, tobramicina, neomicina, amicacina Espectro amplo contra gram negativos incluindo pseudomonas, mas não cobre enterococos São moléculas altamente polares (hidrossolúveis) e não absorvidas VO Não atravessam a BHE exceto se houver inflamação Aminoglicosídeos Funcionam mal em meio ácido e com baixa tensão de oxigênio (abscessos) Efeito sinérgicos com penicilinas e vancomicina Efeito diminuído quando administrado com bacteriostáticos como cloranfenicol e tetraciclina Possuem larga excreção renal e hemodiálise remove de forma parcial e irregular Dose única diária reduz toxicidade Neomicina é usada apenas por via tópica (tóxica) Efeitos adversos dos aminoglicosídeos Ototoxicidade Zumbido e perda auditiva ou lesão vestibular (vertigem, perda de equilíbrio) Nefrotoxicidade Necrose tubular aguda com insuficiência renal não oligúrica. Dependente da dose e tempo. Potencializada em idosos, contraste iodado, vancomicina, anfotericina B, desidratados Bloqueio neuromuscular Em doses altas, podendo evoluir com paralisia respiratória (reversível com gluconato de cálcio e neostigmina) Caso clínico Paciente 17 anos sem comorbidades queixa-se de disúria, estrangúria, polaciúria e dor suprapúbica. Nega febre. Cistite Exames? EAS? Presença de corrimentos... Opções terapêuticas: Norfloxacina... Quanto tempo? Orientações Quinolonas Quinolonas originais Ácido nalidíxico (antiséptico urinário pois não alcança nível antibacteriano sistêmico) Absorção prejudicada por cátions bivalentes Não atingem boa concentração liquórica Norfloxacino Fluoroquinolona com espectro restrito a gram negativas intestinais Baixa biodisponibilidade VO Uso em ITU baixa (cistite) Fluoroquinolonas Ciprofloxacino, ofloxacino (2ª geração) Espectro semelhante aos aminoglicosídeos (gram negativos) podendo ser usado via oral Enterobactérias, pseudomonas Boa ação contra estafilococos mas estreptococos são menos sensíveis Infecções do trato urinário e enterite bacteriana Levofloxacino (3ª geração) Mais efetivo em gram positivo (pneumococo) Fluoroquinolonas Quinolonas respiratórias (4ª geração) Moxifloxacino Melhor cobertura para gram positivo (pneumococos e estafilococos), atípicos e boa ação contra anaeróbios Gatifloxacino foi retirada do mercado nos EUA por alterações glicídicas graves (hipo ou hiperglicemia), principalmente em diabéticos, renais crônicos, desnutridos e cirróticos Fluoroquinolonas Uso clínico: São efetivas na ITU (exceto moxifloxacino) Diarréia bacteriana (Shigella, Salmonella, E. coli...) Infecções em tecidos moles, ossos, articulações, abdominais (exceto norfloxacino) Ciprofloxacino: erradicação de meningococo em portadores ou profilaxia em neutropênicos e portadores de câncer fluoroquinolonas Toxicidade: Geralmente bem tolerados Proscrito em crianças, gestantes e lactantes (afinidade por cartilagens em desenvolvimento) Contra-indicados na vigência de epilepsia Gatifloxacino, moxifloxacino, levofloxacino Podem prolongar o intervalo QT no ECG Náuseas, vômitos, diarréia ocasionalmente: Cefaléia, tonteira, insônia, exantemas Radiografia de pneumocistose Sulfonamidas Inibem a síntese de ácido fólico pelos microorganismos (antagonistas do PABA) Metabolização hepática e excreção urinária (corrigir dose em I. Renal) Boa penetração no líquor Espectro de ação cada dia mais reduzido Principal importância é a profilaxia e tratamento da pneumocistose e toxoplasmose Uso clínico da sulfonamidas Sulfassalazina Agente oral não absorvida (tratamento de doença inflamatória intestinal) Sulfadiazina de prata Agente de uso tópico para prevenção de infecções em queimaduras Sulfametoxazol- trimetropim Esta associação leva a um bloqueio seqüencial no metabolismo do folato (sinérgico) Pneumonia por P. jiroveci (antigo P. carini) Bactrim F® (dose duplicada) a cada 12h VO Reações adversas Pacientes com AIDS têm maior incidência Mais comuns: Febre, erupções cutâneas, fotossensibilidade, náuseas, vômitos, diarréia Incomuns: Síndrome de Stevens-Johnson (< 1%) Estomatite, artrite, hepatite Distúrbios do trato urinário Cristalúria e hematúria (sulfonamidas podem precipitar na urina). Nefrite alérgica Reações adversas Distúrbios hematopoiéticos Podem provocar anemia aplásica, granulocitopenia, trombocitopenia ou reação leucemóide Podem provocar anemia hemolítica em deficientes de glicose-6-fosfato-desidrogenase Ácido folínico 10mg/dia deve ser suplementado para minimizar a supressão da medula óssea (anemia megaloblástica) Abscesso cerebral Metronidazol Fármaco antiprotozoário, nitroimidazólico, com potente atividade antibacteriana Altemente eficaz contra bacilos anaeróbios gram negativos, H. pylori, C. difficile e outros Efetiva contra anaeróbios obrigatórios Bem absorvido VO Ampla distribuição nos tecidos, inclusive SNC Metabolização hepática e metabólitos excretados na urina (correção de dose n I. renal) Metronidazol Usos clínicos: 500 mg 8/8h Infecções intra-abdominais anaeróbias ou mistas; Vaginites; Uso tópico em feridas tumorais Colite pseudomembranosa Abscesso cerebral Outros usos: amebíase, giardíase, tricomoníase Efeitos adversos Náuseas, cefaléia, ressecamento da boca ou sabor metálico Incomuns: vômitos, diarréia, estomatite, fraqueza, tonteira, neuropatia periférica (uso prolongado) Pancreatite e toxicidade para o SNC (convulsões) são raras- cautela em neuropatas Interação com o álcool (efeito dissulfiram) Inibe a aldeído desidrogenase e acumulando acetaldeído Teratogênico em animais mas não foi associado a este efeito em humanos. Evitar em gestantes e lactantes Bons estudos!
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