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DIREITO PENAL I, Caderno para 2ºAvaliação

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DIREITO PENAL I 
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira
CIÊNCIAS PENAIS – São as ciências que examinam a violência criminal nos mais diversos ramos jurídicos. As 3 principais ciências que compõem a ciência penal são a criminologia, a dogmática penal e a política criminal.
OBS: No Direito Penal , a sanção jurídica recebe a alcunha de pena.
CRIMINOLOGIA – Tem como função primordial observar as origens e causas do crime. É uma ciência empírica e interdisciplinar. É empírica, pois baseia-se na experiência da observação, nos fatos e na prática, mais que em opiniões e argumentos. É interdisciplinar e portanto formada pelo diálogo de uma série de ciências e disciplinas, tais como a biologia, a psicopatologia, a sociologia, política, a antropologia, o direito, a criminalística, a filosofia e outros. 
CRIMINOLOGIA TRADICIONAL/ETIOLÓGICA/POSITIVISTA – Tendo como principal expoente teórico dessa corrente o “pai da criminologia” , Cesare Lombroso, a criminologia tradicional explica que a origem do crime se relaciona a defeitos atávicos(da essência/natos) de certos indivíduos ( ideia do criminoso nato).
 Para Lombroso, “ser criminoso” é um dado ontológico (na própria origem) do qual padecem alguns indivíduos que não teriam evoluído adequadamente. Sustenta-se com isso a adoção da medida de segurança, fundada na periculosidade como fundamento para a participação do agir no Estado
OBS: Uma moderna perspectiva da criminologia etiológica é encontrada na relação entre neurociência e o estudo do crime. Benjamin Libet , em experimento, conseguiu identificar a manifestação inconsciente humana antes da tomada de consciência do sujeito. Diante disso, passou-se a questionar se o sistema punitivo fundado no livre-arbítrio não teria perdido o seu fundamento legitimador diante das descobertas deterministas.
CRIMINOLOGIA CRÍTICA - Foca seu estudo no processo de criminalização. Para tanto, baseia-se na Teoria do Labelling Approach/Etiquetamento surgida na década de 1960 nos EUA para dizer que “ser crime” não é um atributo do ato (negação do universalismo), mas sim uma qualidade atribuída ao ato; ser desviante não é um atributo do indivíduo , mas sim uma consequência do processo de criminalização.
 Criminalização Primária corresponde ao processo de tipificação dos crimes , ou seja, é quando uma conduta vira crime.
 Criminalização Secundária corresponde a ação das autoridades de segurança no direcionamento da aplicação da norma penal.
 Seletividade Penal é quando se escolhe politicamente o seu âmbito de tutela , o Estado já seleciona intencionalmente quem irá compor sua “clientela”, quem serão seus criminosos.
OBS: Criminologia Crítica e a Teoria do Etiquetamento e a seletividade penal: “Criar crimes é colocar etiquetas”. Não há diferença ontológica entre condutas criminosas e condutas não criminosas, a questão é em qual conduta será posta uma “etiqueta” e quem possui o poder de colocá-la. Estigmatização do sujeito ativo – As leis nunca são neutras.
OBS: Criminologia Radical é uma variação da Criminologia Crítica, que sob teses Marxistas, sociais e econômicas , querem preencher as lacunas que a criminologia crítica não abordou, que é como as circunstancias macro e microssociais proporcionam o agir criminal.
 -Cifras Negras: Cifras Negras, que também pode ser chamada de de zonas obscuras , “dark number” ou “ciffre noir”, é a parcela de crimes não solucionados ou punidos, à existência de um número considerável de infrações penais desconhecidas oficialmente.
 Isso gera uma seletividade de ocorrências e de infratores, ou seja, o sistema penal resolve apenas alguns casos, geralmente de acordo com a classe social que pertence o autor do crime.
-Cifras Douradas: Cifras Douradas é o termo dado aos crimes praticados por pessoas do alto-escalão , representando a criminalidade do “colarinho branco”, que são práticas antissociais do poder político e econômico em prejuízo da coletividade e dos cidadãos. Trata-se de crimes contra a ordem tributária, o sistema financeiro, meio ambiente, que se contrapõem aos “crimes de rua” (roubos, furtos, etc).
OBS: As cifras douradas condizem com o pensamento da criminologia crítica , pois adere a diversos conceitos dessa vertente da criminologia , entre elas a negação do universalismo, a seletividade penal e a Teoria do Labelling Approach/Etiquetamento.
CRIMINOLOGIA PSICANALÍTICA – Tem precursores como Salo de Carvalho , Amilton Bueno de Carvalho e Jacinto Coutinho. A intenção da criminologia psicanalítica não é contestar a criminologia crítica , afinal tem a mesma como base , acrescentando apenas que a violência está na essência humana e o processo civilizatório acaba “soterrando” esta essência.
DOGMÁTICA PENAL – A dogmática penal está voltada para a decidibilidade dos crimes , tendo uma análise mais dogmática e menos aberta à interpretação. Dogma corresponde a uma verdade incontestável. A dogmática jurídica tradicional fixa nas suas normas verdades incontestáveis , em especial, para sistemas romanos-germânicos, no que diz respeito à norma escrita. Modernamente , compreende-se a necessidade de abertura da dogmática para diálogo com outros campos do conhecimento.
POLÍTICA CRIMINAL – Trata e analisa as formas de controle e combate ao crime , agindo tanto concomitantemente quanto em conflito com a dogmática penal. Age após certo caso com o intuito de evitar que eventuais casos semelhantes se concretizem.
MOVIMENTOS DESLEGITIMADORES - Possuem como pressuposto de debate, a falência do sistema prisional, a ineficiência do Estado nas reduções dos índices de criminalidade para propor a redução da violência por via da deslegitimação da intervenção penal (direito penal simbólico).
-Minimalismo: Tem como principais teóricos , Zaffaroni e Juarez Cirino. O minimalismo busca a diminuição do âmbito de controle penal pela via da descriminalização de condutas cujos bens tutelados possam ser satisfatoriamente protegidos por outros ramos do Direito. Além disso , para as condutas mantidas como criminosas, os minimalistas sustentam, quando possível a descarcerização. Zaffaroni parte da ideia de que a pena (privativa de liberdade) em todo caso é irracional, representando uma institucionalização da violência. Assim os minimalistas creem que a intervenção penal deve ser sempre excepcional e mínima, já que o direito penal simbólico é ineficaz e enganoso. Propõe uma esfera de controle reduzida, direito penal como “ultima ratio”. Um rol menor de crimes daria uma maior eficiência ao direito penal (descriminalização e descarcerização).
-Abolicionismo: Tem como grande expoente Louk Hulsmann, que parte da crise no sistema penal e do não cumprimento de suas promessas para defender a abolição , a derrubada de todo esse sistema. O grande desafio não é buscar um Direito Penal melhor, mas algo melhor que o Direito Penal , já que o mesmo não conseguiu cumprir suas promessas (evitar crimes repetidos , ressocialização do detento , etc). Hulsmann acreditava que se temos um sistema penal edificada , não haveria terreno para novas ideias. O abolicionista é aquele que tem como ideal um Estado que não precise necessariamente do Direito Penal. Juarez Cirino (um dos principais expoentes do minimalismo) diz que o minimalismo tem como norte o abolicionismo.
MOVIMENTOS LEGITIMADORES - Relacionam o controle da violência pela via da legitimação da intervenção penal, deste modo, encontra-se aqui terreno fértil para a própria hipertrofia do direito penal associada à práticas de intervenção máxima e construção de um Estado policialesco.
-Movimento de Lei e Ordem – Lei e Ordem é uma política contextualizada financeiramente e comunicativamente que criminaliza as consequências da miséria do Estado. Adota políticas punitivistas de endurecimento penal. É a Associação direta entre o numero de leis penais e a organização social. Assim o Direito Penal passa a ser a primeira esfera de controle social (Exemplo: A Lei de Crimes Hediondos legitimou a intervenção penal mais severa).
-Política da Tolerância Zero – É o atode recuar as pequenas patologias criminais afim de evitar grandes delitos. 
 A política de Tolerância Zero surge nos Estados Unidos como uma solução “eficaz”contra a violência e a criminalidade. Seu programa vem sendo inserido em diversos estados e cidades, propagando a ideia de que para se manter a ordem e a segurança na comunidade, todo o pequeno desvio de conduta, deve ser punido severamente, afim de servir de modelo aos demais integrantes da sociedade, impondo, assim, que qualquer delito, por menor que seja, será repreendido. Na realidade, a Tolerância Zero possui “contras” que não são declarados, mas que sob analise explicitam claramente, tratar-se de uma medida não positiva, no sentido de melhorar a sociedade, mas, em contra partida, degradar nitidamente, uma parcela da mesma que carece de privilégios e de estrutura para sua convivência digna. Trata-se de uma política conservadora e taxativa, imposta com a finalidade de criar uma sociedade ordenada, mas que muito pelo contrario não prega a reforma do desordeiro, e sim sua punição e exclusão. 
 Teoria das Janelas Quebradas é a teoria de abordagem sociológica que demonstra que uma desordem, mesmo que pequena, gera uma desordem maior (Exemplo: Aeroclube passou a ser um ponto de drogas, que atraiu a violência e a prostituição). Serviu de base para o pensamento da política criminal norte americana dos anos 80 e 90, como uma forma de criminalizar certos comportamentos (pichar muros, prostituição...). Os autores da teoria defendiam que se uma janela de uma fábrica fosse quebrada e não fosse de imediato realizado seu conserto, as pessoas que passassem pelo local presumiriam que ninguém se importava com aquilo e que, naquela região, não havia autoridade responsável por punir os responsáveis pela atitude danosa. Em pouco tempo, outras pessoas começariam a atirar pedras para quebrar as demais janelas. A evolução não combatida dos danos traria nova presunção àqueles que avistassem aquela mesma fábrica: a de que ninguém seria responsável por aquele imóvel, nem mesmo pela rua em que se localiza. Iniciaria, assim, a desordem da rua e, por conseguinte, daquela comunidade.
TEORIAS/FINALIDADES DA PENA – Elas tentam explicar qual o sentido e função das penas privativas de liberdade.
TEORIA ABSOLUTA – Inspirada nos pensamentos de Kant e Hegel e na Teoria da Expiação , trabalhada pelo Direito Canônico, sustenta que a privação da liberdade tem por finalidade a retribuição do mal causado pelo agente (Ex: Código de Hammurabi), com a imposição de um mal proporcional. Para a Teoria Absoluta, Pena = Castigo. Para Kant , a punição era um imperativo categórico (pune-se porque tem que se punir) mesmo não beneficiando o Estado. Para Hegel , o crime é uma negação do Direito , e a prisão era a negação do crime. 
 Para a Teoria Absoluta , a pena é um fim em si mesmo, não estando relacionada com nenhum fim de utilidade pública, serve apenas para punir. Inspira-se de Teoria da Expiação, pois os clérigos ao cometerem pecados, passavam por um período de penitência , onde a Expiação era a aplacação da culpa.
TEORIAS RELATIVAS – Criticam a fundamentação da pena como um fim em si mesma, associando-a ao cumprimento de uma função social: a prevenção de futuros delitos.
-Prevenção Geral: Pune-se o criminoso para que a sociedade não cometa semelhante infração.
 Prevenção Geral Negativa é quando a punição do criminoso irá causar temor social e , com isso , o desestímulo a prática criminosa (expoente teórico: Feuerbach). Todos os crimes têm por causa ou motivação psicológica a sensualidade, na medida em que a concupiscência do homem é o que o impulsiona, por prazer, a cometer a ação. A este impulso pois, aplica-se um contra impulso, que a certeza da aplicação da pena. A punição do criminoso gera um temor social que funcionará como contraestimulo.
 A Prevenção Geral Positiva, defendida modernamente Gunther Jakobs , sustenta que a pena do indivíduo criminoso é necessária para reafirmar e garantir a vigência da norma violada. Ou seja , por meio da punição do criminoso a sociedade passa a ter conhecimento das consequências do cometimento de um delito. 
 Jakobs acredita que a cada vez que uma norma é violada, é mais uma oportunidade do sistema penal mostrar o corpo normativo à sociedade, aplicando a pena com um caráter pedagógico, onde o Estado demonstraria sua força através da sanção (reafirmação de vigência), onde o Estado não pode deixar de aplicar a norma, pois assim causaria o colapso do mesmo, o que foi alvo de muitas críticas.
-Prevenção Especial: Raciocínio que fundamenta e legitima a pena a partir do próprio indivíduo que sofre a privação de liberdade. 
 Enquanto as teorias de prevenção geral prende o indivíduo para que a sociedade não cometa crimes, as teorias de prevenção especial prendem o indivíduo para que o mesmo não cometa mais crimes, acusando as teorias de prevenção de “instrumentar” o indivíduo criminoso.
 A Prevenção Especial Negativa, defendida por Feuerbach, a prevenção ocorre devido a neutralização do indivíduo criminoso enquanto ele cumpre pena. Ou seja, pune-se o indivíduo para que se possa garantir que ele não cometa novos delitos enquanto cumpre a pena (neutralização).
 Prevenção Especial Positiva é o discurso moderno defendido por quase todos os autores contemporâneos que defendem a privação de liberdade. Fundamenta a pena justificando que a prisão servirá para a ressocialização do indivíduo encarcerado , prefere trabalhar com medidas ao invés de penas (ressocialização).
TEORIAS MISTAS/ECLÉTICAS – As Teorias Mistas reúnem múltiplas justificativas para fundamentar a prisão. Em suma , acreditam que a prisão tem a função de reprimir (Teoria Retributível ou Absoluta) e prevenir (Teoria Relativa) adotada pelo Código Penal Brasileiro em seu Artigo 59. A teoria eclética funcionaria como um meio de mediar a teoria absoluta e a teoria relativa. Dentro da teoria eclética existem duas teorias as quais se vale a pena destacar, a teoria dialética unificadora de Claus Roxin e a teoria agnóstica da pena de Zaffaroni.
 Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
        I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
        II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;        
 III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
        IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.  
-Teoria da Dialética Unificadora: Criada por Klaus Roxin, tinha como objetivo tentar responder as críticas que a Teoria Mista vinha recebendo, dividindo a pena de privação de liberdade em 3 fases. É uma teoria mista que explica a pena em diferentes etapas, cada etapa sendo ligada à uma função penal.
 Pena Cominada – Intervalo de tempo que existe no crime (art. 33 - 5 a 15 anos). O limite é a proporcionalidade da gravidade do crime. Função de prevenção geral. É a pena em abstrato, a qual tem função de prevenção geral e o seu limite é a proporcionalidade. 
Pena Aplicada – Tem como limite a culpabilidade (quanto mais culpado, maior a pena). Para Roxin, ele esta aplicando um misto entre prevenção geral e prevenção especial.
Pena Executada – etapa na que o individuo cumpre a pena. Função de prevenção especial. Limite é o principio de humanização das penas (dignidade da pessoa humana, vedação das penas bárbaras). 
	
	PENA COMINADA/PREVISTA
	PENA APLICADA
	PENA EXECUTADA
	FINS
	Prevenção Geral
	Retribuição
	Prevenção Especial
	LIMITES
	Proporcionalidade
	Culpabilidade
	Humanização da Pena
Roxin critica a ideia de retribuição e fundamenta o processo de dosimetria da pena pelo juiz na atribuição de tempo de privação de liberdade proporcional à culpabilidade do agente (ao grau de censura);por mais que fundamente esta etapa nas teorias de prevenção geral e especial, é criticado por não conseguir romper satisfatoriamente com a ideia de retribuição
-Teoria Agnóstica da Pena: Essa teoria afirma que não há nenhuma teoria que justifique a pena privativa de liberdade , uma vez que todas as outras teorias apresentam falhas. O principal expoente dessa teoria é Zaffaroni, que , com essa teoria. identifica a incapacidade do Estado em cumprir quaisquer das finalidades teóricas que legitimariam a privação de liberdade, todavia, paradoxalmente, sustenta a manutenção da pena privativa de liberdade, porque não se sabe o que fazer com o criminoso.
 Para Zaffaroni, a ressocialização é uma grande mentira , pois contém em si um pressuposto falso (o indivíduo não pode ser ressocializado, pois por ter vivido por toda a sua vida à margem da sociedade, o indivíduo nunca foi socializado), ou seja , o discurso da ressocialização , se fosse verdadeiro, só serviria para marginais. “A exclusão social nunca vai ser o caminho para a inclusão social” – Zaffaroni.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – O conceito geral de legalidade disciplina que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão por virtude de lei (Artigo 5º, II da CF/88) Em matéria penal, o princípio assume contornos próprios: não há crime sem lei anterior que o defina , nem pena sem prévia cominação legal (Artigo 1º do Código Penal). É o princípio de maior importância para o Direito Penal, possuindo três Consectários Lógicos: A Reserva Legal, a Anterioridade e a Taxatividade.
(CF/88) Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
(Código Penal) Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
 OBS: Luigi Ferrajoli fundou na sua obra “Direito e Razão” a Teoria do Garantismo Penal, que consistia que o sistema formal deveria ser formado por várias “teias de garantias” que seriam como obstáculos até a aplicação da pena, onde o mesmo formulou 10 axiomas, entre eles: Não há pena sem crime (Axioma I) e não há crime sem lei (Axioma II).
CONSECTÁRIOS LÓGICOS
-Reserva Legal: A lei deve ser estrita, isto é: emanar do poder legislativo mediante processo próprio. Para versar sobre crime não basta ser lei em sentido material, é preciso ser lei em sentido formal. Significa dizer que para instituir crime, não basta a existência de lei em sentido material, sendo indispensável que a instituição do delito se dê por lei em sentido formal ou lei em sentido estrito, portanto, não se admite que portarias, regulamentos, medidas provisórias, súmulas vinculantes (...) criem delitos. 
-Anterioridade: Nos termos da Constituição Federal , a Lei Penal não retroagirá salvo se for para beneficiar o réu. (Artigo 5º, Inciso XL, CF/88).A lei deve ser prévia. Significa dizer que a criação do tipo incriminador deve necessariamente ser anterior ao alcance das condutas consideradas criminosas (irretroatividade da lei penal prejudicial).
 Caso tenha ocorrido um assassinato em 2013 onde mataram uma mulher por ser mulher, até 2015 (Criação da Lei 13,104/15 , que instaura o feminicídio como crime de pena de 12-30 anos) tal crime seria classificado como homicídio (Pena de 6-20 anos) , e mesmo com o julgamento ocorrendo após a criação da lei do feminicídio (lei gravosa) , a lei aplicada será a do homicídio , por ser mais benéfica ao réu, sendo isso um caso de irretroatividade prejudicial. 
 Caso um indivíduo tenha sido pego com posse de drogas em 2005 , onde estava vigente a Lei 6368/76 (Artigo 16, Pena de 6 meses-2 anos), porém o caso tenha sido julgado após 2006 , onde houve o início da vigência da nova Lei 11.343/06 , cuja pena para posse de drogas é apenas uma advertência ou prestação de serviços, será aplicada a pena mais recente, por ser mais benéfica ao réu, sendo isso uma situação de retroatividade benéfica.
OBS: A retroatividade benéfica poderá ocorrer mesmo se o indivíduo já estiver respondendo ao processo, durante ou após o cumprimento de pena; enquanto for possível extrair algum benefício da lei nova benéfica , esta irá ser aplicada à todos os fatos passados. Ou seja, no Direito Penal, a coisa julgada sempre poderá ser quebrada para beneficiar o réu.
-Taxatividade: A lei deve ser certa. Princípio da Certeza e Determinação (a lei penal deve ser certa e determinada), não deixando duvidas quanto ao comportamento que se está criminalizando.; pela taxatividade a lei deve descrever e maneira clara e inequívoca qual conduta irá punir.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – O princípio da insignificância tem o intuito de fazer com que o Direito Penal só seja aplicado quando o bem jurídico for efetivamente lesionado, sendo feito para ser aplicado em crimes contra o patrimônio. Uma conduta é formalmente típica quando se enquadra, quando se subsume ao texto escrito do tipo incriminador; a partir do pensamento de Roxin, para que a conduta seja típica, não basta tipicidade formal, sendo indispensável também tipicidade material (efetiva/significativa lesão ao bem jurídico); portanto, o Princípio da Insignificância exclui tipicidade (material).
 O Princípio da Insignificância não tem base escrita, não estando previsto no Código Penal ou na Constituição Federal, não podendo ser aplicados em casos de violência ou graves ameaças (caso você tenha sofrido um assalto), nem por autoridades policiais. 
REQUISITOS PARA A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - O STF estabelece requisitos jurisprudenciais para que seja aplicado o Princípio da Insignificância, onde são requisitos considerados pela maioria jurídica cumulativos para que seja possível a sua aplicação (uma parcela dos juristas acredita que nem sempre precisa ser cumulativo) sendo eles; a mínima ofensividade (nenhuma violência ou grave ameaça, analisa se a conduta do sujeito ofendeu efetivamente ou gerou risco para a o bem jurídico) , ausência de periculosidade social (analisa se a conduta gerou risco para a sociedade, ou se o indivíduo gerou risco à sociedade), reduzido grau de reprovabilidade (a conduta do autor deve ser observada, de acordo com o juízo moral/análise fática e a consciência da sociedade, observando o merecimento do sujeito. A reincidência e maus antecedentes não impedem por si sós a aplicação do referido princípio, todavia, deverão ser ponderados), inexpressividade da lesão {analisam o resultado da conduta, leva em consideração as características da vítima: furto de pequeno valor x furto insignificante: o primeiro é causa de diminuição da pena (conduta típica – art. 155, §2º). Pequeno valor é o valor econômico inferior a um ou dois salários mínimos, previsto literalmente no Código Penal. Já a segunda conduta é causa de exclusão de tipicidade material. Insignificante é um valor inexpressivo para a vítima, tendo um caráter bastante subjetivo, que vale da interpretação jurídica}.
 Em casos de furto qualificado (O crime de furto, quando cometido com destruição ou quebra de obstáculo, com abuso de confiança ou mediante fraude, escalada ou destreza, com o emprego de chave falsa ou mediante concurso de duas ou mais pessoas.) o STF decidiu que não se deve aplicar o Príncipio da Bagatela, diferentemente do que ocorre em casos de reincidência , onde o STF permite a possibilidade de aplicação do Princípio da Insignificância para o réu.
OBS: A aplicação do Princípio da Insignificância para o furto não exige necessariamente que este seja famélico; a conduta famélica , ofensiva ou não, terá em seu favor aplicação do estado de necessidade como critério de exclusão da ilicitude.
PRINCÍPIO DA LESIVIDADE – Também chamado de Princípio da Ofensividade, com base nesse princípio, o Direito Penal só se legitima quando tutelar lesão ou perigo concreto de lesão a um determinadobem jurídico (Ex: Tentativa falha de assassinato que pode ser provada , onde a vítima saiu ilesa, onde houve perigo concreto).
 Questiona-se com base no princípio da lesividade, a constitucionalidade dos tipos penais de perigo abstrato. Neles a acusação sequer precisa demonstrar que o risco concretamente existiu, pois ele é automaticamente depreendido por presunção da própria realização do comportamento descrito no tipo incriminador.
OBS: O grande problema são os chamados Tipos Penais de Perigo Abstrato, pois neles os tribunais não exigem ao Ministério Público a prova do perigo concreto, satisfazendo-se com a mera presunção de ocorrência do perigo ,presunção essa extraída de uma circunstância fática; e pior , não excluem a imputação mesmo diante da prova de defesa de inocorrência real do perigo.
  Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, substância aromática, anti-séptica, conservadora ou qualquer outra não expressamente permitida pela legislação sanitária:
        Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
 Outro exemplo de crime passível da aplicação do Princípio da Lesividade pode ser o Crime de Embriaguez ao Volante (Artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro), onde pela presunção legal é possível provar o perigo abstrato pelo fato do indivíduo conter mais de 6 decigramas de álcool por litro de sangue.
Art. 306.  Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência
        Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1o  As condutas previstas no caput serão constatadas por
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; 
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora
§ 2o  A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova.
§ 3o  O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA – Também chamado de Princípio da Subsidiariedade, é o princípio que afirma o Direito Penal como “Ultima Ratio” para a proteção de bens jurídicos. Significa dizer que o direito penal é a ultima esfera de controle do direito, justamente por ser a mais gravosa (porque limita o direito à liberdade). Com base nesse princípio, o legislador só pode criminalizar uma conduta quando notar que os outros ramos do direito não são suficientes para dar a esse bem uma proteção devida, ocasião em que o direito penal funcionará como um duplo sistema de jurisdição.
 Significa dizer que ao tipificar como crime um determinado comportamento, o legislador só poderá fazê-lo quando constatar que os outros ramos do direito não são suficientes para dar a este bem proteção satisfatória. Ou seja, o Princípio da Subsidiariedade é quando o legislador decide trazer tal conduta para o Direito Penal.
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE – No momento da seleção do conteúdo penal, o legislador não poderá escolher para proteger na esfera penal , todo e qualquer bem jurídico, mas somente os bens jurídicos de maior relevância. 
PRINCÍPIO DO “NE BIS IN IDEM” – Veda a dupla punição ou duplo processamento em virtude de um mesmo fato. Ainda que o acusado tenha sido absolvido por insuficiência de provas, não será possível que, mesmo diante da descoberta de nova prova, seja oferecida nova denúncia, pois tal fato representa um “bis in idem”. Tal situação não se confunde com descoberta de nova prova, referida na súmula 524 do STF, já que em tal caso, não houve efetivamente processo penal. Outra hipótese que tem causado discussão quanto a aplicação do referido princípio é o concurso de crimes entre o art. 157, §2º, II, e o art. 288, caput. Para os tribunais superiores, é perfeitamente possível a cumulação das referidas imputações, já que os mencionados delitos resguardam bens jurídicos distintos.
PRINCÍPIO DE HUMANIZAÇÃO DAS PENAS - O Princípio de Humanização das Penas tem fundamento e está previsto no Art 5º, Inciso XLVII.
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
-Caráter Perpétuo: É com fundamento nesta vedação da pena de caráter perpétuo, que o Código Penal , no Artigo 75, impõe limite de 30 anos para a pena unificada em seu cumprimento, impondo limite máximo de 30 anos por cada crime cometido.
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos.         
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. 
 § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.
-Trabalho Forçado: O preso não pode ser punido a trabalhar de forma forçado , mas pode optar pro trabalhar como parte da pena , com o intuito de reduzi-la , onde os carcerários trabalham sem estarem protegidos pela CLT, apenas com algumas partes do Direito Previdenciário (A Fonte Nova e as antigas fábricas da Penalty contaram com boa parcela de mão de obra carcerária).
-Penas Cruéis: É impossível aplicarmos penas cruéis no sistema penal brasileiro, pois a pena , em tese, não tem como intuito humilhar e degradar o detento , mas sim de ressocializar o indivíduo. 
-Pena de Morte: Caso seja aprovada, deve ser feita por fuzilamento.
-Banimento: Ninguém pode ser banido do Brasil (reflexo pós-ditatorial).
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA (CULPABILIDADE) - Ninguém será responsabilizado criminalmente, sem que antes seja analisado o seu elemento subjetivo para fins da própria tipificação da conduta. Toda e qualquer responsabilização penal requer necessariamente o exame do elemento subjetivo do agente, quando se avalia se a conduta derivou de dolo (agir intencional) ou de culpa (agir não intencional). Condutas dolosas só se enquadram em tipos incriminadores dolosos; condutas culposas enquadram-se em tipos culposos. Como regra geral, todos os tipos são dolosos a menos que o legislador faça referência expressa à forma culposa. O tipo doloso é regra geral, o tipo culposo é extensão legal.
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA - Em direito, responsabilidade objetiva é a responsabilidade advinda da prática de um ilícito ou de uma violação ao direito de outrem que, para ser provada e questionada em juízo, independe da aferição de culpa, ou de gradação de envolvimento, do agente causador do dano. No Direito Penal (não muito usada no Direito Penal), É a responsabilidade que independe de dolo ou culpa, decorre da simples causalidade material. Responsabilidade atribuída a alguém pelo simples fato da causalidade física, sem indagar da existência de culpa.
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL - Significa dizer que ninguém será responsabilizado na esfera criminal por conduta de terceiro. Daqui decorre o princípio da intranscendência da penas, conforme o qual, nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo todavia, a obrigação de reparar dano ser estendida aos sucessores do agente, até o limite que lhes foi transferido. Lei 9.605/98, prevê responsabilidade de pessoa jurídica.
 Um desdobramento deste princípio é a Intranscendência das Penas, segundo o qual nenhuma pena passará da pessoa do condenado. Podendo todavia, a obrigação de reparar o dano se estender aos sucessores até olimite do que lhes foi transferido (Inciso XLV , Artigo 5º)
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
PRINCÍPIO DA CONFIANÇA – Para Jakobs , a função do Direito Penal é garantir a estabilidade de suas normas de maneira que a organização da sociedade baseia-se em expectativas de conduta – sendo quebrada a expectativa , viola-se a confiança impondo-se a intervenção penal e de outro lado, não havendo esta quebra, não há razão para a imposição de pena. Ou seja, confiamos nas pessoas mesmo não as conhecendo , indo para o hospital acreditando que será atendido por um médico, acelerar no sinal verde e ir para uma aula e ser ensinado por um professor capacitado , onde caso a confiança seja quebrada , o Estado deverá intervir para que a convivência em sociedade seja mantida. Atua-se com a confiança no fiel cumprimento por parte do outro, daquilo que se espera do seu comportamento.
PRINCÍPIO DA AUTORRESPONSABILIDADE – Concebido por Bernd Schunemann , para o autor só é merecedora de proteção a vítima que se cercou dos cuidados para a proteção do seu próprio bem jurídico de maneira que o comportamento vitimal negligente/arriscado afastará a tipicidade da conduta lesiva. Esse é um princípio não admitido no sistema jurídico brasileiro.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE -Trata-se de garantia em prol do réu somente podendo ser quebrada em situações excepcionais (hipóteses de sigilo processual). Vale dizer que mesmo nos casos de sigilo este não se opera ante as partes envolvidas com relação aos elementos de prova já documentados. Não se pode confundir publicidade com sensacionalismo, ou seja nenhum repórter tem o direito de invadir a privacidade e filmar/entrevistar o indivíduo, usando a imagem do mesmo de forma sensacionalista, já que as pessoas ficam em um Estado de vulnerabilidade 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA – Ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado da sentença penal, portanto o indivíduo processado é presumidamente inocente e a dúvida necessariamente lhe favorece (in dubio pro reu). Prevista no Pacto de San José da Costa Rica. A Constituição brasileira trás a previsão de que ninguém será considerado culpado antes do transito em julgado de sentença penal condenatória – para alguns autores, a referida previsão legal consagra o princípio da presunção de inocência no ordenamento brasileiro. Um segundo grupo de autores, acredita que tal previsão consagraria o principio da presunção de não culpabilidade.
DIREITO PENAL OBJETIVO X SUBJETIVO – O Direito Penal Objetivo corresponde ao conjunto de normas escritas, enquanto o Direito Penal Subjetivo corresponde ao direito de punir “jus puniendi”. Podemos concluir então que o Direito Penal Subjetivo é limitado pelo Direito Penal Objetivo.
 A grande maioria das normas do DP se encontram no Código Penal de 1940 (Direito Penal Comum , normas que estão inclusas no CP) , porém com o passar do tempo, há a desatualização do código, e , por isso todo ano há modificações no CP, sendo inseridas normas pequenas que tipificam crimes que podem ser regulados de forma mais simples, e as normas maiores não conseguem ser inseridas no CP , estando presentes em outras leis esparsas (Direito Penal Complementar). O Princípio da Reserva do Código consiste na ideia de que todas as normas penais devem estar presentes no Código Penal, e quando houver a “inflação” do DP Complementar, é necessário a reforma do CP. 
 O Direito Penal Comum e o Direito Penal Complementar são destinados e se aplicam à todo e qualquer cidadão brasileiro.
OBS: O Direito Penal Especial possui destinatários específicos , como a Justiça Militar e a Justiça Eleitoral, onde suas normas se aplicam apenas a tais destinatários e estão presentes em diplomas jurídicos específicos (Código Penal Eleitoral e Código Penal Militar).
SISTEMATIZAÇÃO DO CÓDIGO PENAL – O CP é dividido em Parte Geral e Parte Especial. Parte Geral são descritos e explicitados os conceitos e as compreensões gerais sobre os seguintes aspectos: Aplicação da Lei Penal, Do Crime, Da Imputabilidade Penal, Do Concurso de Pessoas, Das Penas, Das Medidas de Segurança, Da Ação Penal, Da Extinção de Punibilidade. Na Parte Especial é exatamente a tipificação do crime e a pena relativa.
 A Parte Especial é dividia em títulos e capítulos que correspondem a um certo bem jurídico do crime. 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL – Possui três teorias: Teoria da Atividade/Conduta , do Resultado e da Ubiquidade.
	TEORIA
	AÇÃO/OMISSÃO
	RESULTADO
	APLICAÇÃO
	ATIVIDADE/CONDUTA
	X
	
	Tempo do Crime
	RESULTADO
	
	X
	Prescrição/Competência
	UBIQUIDADE
	X
	X
	Lugar do Crime
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO 
TEMPO DO CRIME – Considera-se o crime praticado no momento da ação ou omissão mesmo que seja outro o momento do resultado (Artigo 4º do CP). Para tempo de crime, o Código Penal brasileiro adotou a teoria da atividade ou da conduta.
   Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
ANTERIORIDADE PENAL – É um consectário lógico do Princípio da Legalidade, ou seja, não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. 
IRRETROATIVIDADE PENAL – A lei penal prejudicial é irretroativa, ou seja, não poderá alcançar fatos praticados antes do inicio de sua vigência. Se houve um crime quando estava em vigor a Lei A (Pena de 6-10 anos) mas o julgamento foi feito quando estava em vigor a Lei B (8-12 anos de pena), A lei B é uma “novatio legis in prejus” (Nova Lei mais gravosa e prejudicial) logo, a pena aplicada será a de acordo com a lei A.
RETROATIVIDADE PENAL - A lei penal em benefício é retroativa, ou seja, sempre poderá se aplicar a fatos passados, ainda que já e tenha iniciado o processo, ou mesmo que já tenha havido transito em julgado da sentença condenatória, ou que o agente esteja no curso de sua pena, por ser uma lei nova que seja mais benéfica ao réu ou seja , a lei mais recente, por ser menos gravosa, é a que será aplicada, “novato legis in melius”.
ULTRATIVIDADE – Corresponde á possibilidade de uma lei operar os seus efeitos mesmo após sua revogação. Em matéria penal, só é admitida em benefício do réu e para crimes praticados durante sua vigência. Note que da irretroatividade da lei prejudicial deriva, logicamente, a ultratividade benéfica da lei revogada, uma vez que, ela manterá o sua aplicação mesmo não estando mais em vigor, desde que, para os crimes cometidos durante a sua vigência. 
OBS: Abolitio Criminis é a abolição do crime, ou seja , é quando a conduta deixa de ser uma conduta criminosa, sendo uma espécie de lei benéfica.
LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS – Ambas tutelam situações de anormalidade com a única diferença de que as temporárias já preveem desde a publicação datas de início e término de vigência. Gozam de ultratividade, ainda que prejudicial (Artigo 3º do CP). Leis excepcionais são aquelas que só irão viger no curso de uma situação de anormalidade (exemplo: estado de sítio), já as temporárias também cuidam de situação especial, a diferença é que já indicam a data de inicio e de término de vigência antecipadamente (exemplo: Lei 12.663/2012 – Lei da Copa). O tratamento de ambas é o mesmo, apesar de serem espécies legislativas distintas.
 O questionamento doutrinário para da seguinte linha de orientação: A Constituição Federal não faz nenhuma menção à ultratividade prejudicial, logo, não caberia ao Código Penal fazê-lo, pois neste caso o Código Penal estaria dando uma leitura mais estrita a uma garantia fundamental que está posta na Constituição. O argumento utilizado pelos tribunais é de que, caso não houvesse ultratividade prejudicial, a lei não seria respeitada.
Lei excepcional ou temporária Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstânciasque a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
LEI INTERMEDIÁRIA – A Lei Intermediária Benéfica se aplica mesmo não estando em vigor na data do crime e já tendo sido revogada na data da sentença. Ou seja , caso o crime tenha ocorrido quando estava em vigor a Lei A (2-4 Anos de pena) e a sentença ocorreu após o término da vigência da Lei B (a menos gravosa , 1-3 anos de pena), quando estava em vigor a Lei C (4-6 anos de pena), a lei que deverá ser aplicada é a Lei Intermediária B , por ser menos gravosa e mais benéfica ao réu. 
OBS: Sobre o vacatio legis: se a lei estiver em vacatio legis não irá se aplicar, ainda que mais benéfica, pois será necessário antes aguardar a sua entrada em vigor. A vacatio legis tem como sentido teológico a proteção da sociedade para que não cause uma surpresa. É o período em que a sociedade está se adaptando a uma garantia criada para o destinatário da própria norma, poderia este destinatário abrir mão da sua garantia em eu próprio benefício (não ocorre). 
LEX TERTIA – Não se admite a combinação de parcelas benéficas de diferentes leis penais, pois significaria usurpar função legislativa para criar uma terceira lei (lex tertia). Por essa razão, STF e STJ não admitem aplicação da causa de diminuição para tráfico aos condenados com base na Lei 6368/76 (Súmula 501 do STJ).
 Um exemplo foi quando houve um crime ocorrido antes de 2006 , quando era vigente a Lei 6378/76 (Pena de 3-15 sem diminuição da pena) e a sentença foi feita após 2006 , quando estava vigorando a Lei 11.343/06 (Pena 5-15 anos com diminuição de pena), ou seja, houve uma confusão sobre qual lei seria aplicada ,e por isso o STF acabou temporariamente combinando as duas leis , criando uma Lex Tertia (3-15 anos de pena com diminuição da pena , visando ser mais benéfica ao réu). 
CRIMES PERMANENTES – São crimes únicos cuja consumação se prolonga no tempo , durando o tempo que durar a permanência. Um exemplo de crime permanente é o sequestro. Em ocorrendo sucessão de leis no curso da permanência ou da continuidade delitiva, aplica-se a lei vigente no momento em que cessa a permanência ou continuidade, ainda que seja ela a mais gravosa. Súmula 711 do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Tal súmula causa confusão pois apesar de estar correta , não leva em conta o fato de que também será aplicada a lei mais benéfica ao réu se a mesma for a vigente no momento da cessão da permanência ou continuidade.
CRIMES INSTANTÂNEOS - É aquele em que há consumação imediata, em único instante, ou seja, uma vez encerrado está consumado. A consumação não se prolonga. A afetação ao bem jurídico protegido é instantânea. Exemplos de crimes instantâneos são o homicídio, o furto e o roubo.
CRIMES CONTINUADOS/CONTINUIDADE DELITIVA – É a pluralidade de crimes de mesma espécie, praticados em circunstâncias semelhantes. Está previsto no Artigo 71 do Código Penal. É a repetição de crimes únicos gerando uma ficção jurídica.
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
        Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
RETROATIVIDADE E JURISPRUDÊNCIA – Para a doutrina tradicional , não se opera retroatividade de jurisprudência por haver ofensa à segurança jurídica e pelo fato de a CF/88 somente mencionar retroatividade de lei. Entretanto, entendimento mais moderno (Exemplo: Andrei Zenkner Schmidt) atesta a possibilidade de retroatividade benéfica. Jurisprudencialmente , a matéria não é diretamente tratada, inexistindo entendimento consolidado, mas é possível identificar alguns exemplos de retroatividade (O cancelamento da Súmula 174 do STJ, que tratava do aumento das penas de roubos com armas de brinquedo no roubo).
OBS: Sobre a retroatividade jurisprudencial: para a doutrina majoritária, não seria possível falar em retroatividade benéfica de jurisprudência por ferir a segurança jurídica. Além disso, a Constituição menciona retroatividade benéfica da lei, e não do entendimento sobre esta. Muito embora não declarem operar retroatividade de jurisprudência, os nossos tribunais de forma desordenada e casuística, em algumas situações, assim procedem (exemplo: cancelamento da súmula 714 do STJ).
NORMAS PENAIS EM BRANCO – São normas que demandam complementação para sua aplicação, se dividem devido à origem do seu complemento. O complemento normativo das normas em branco também se aplica com o Princípio da Retroatividade Benéfica, onde alguns alegam que tal possibilidade ofende a segurança jurídica.
-Homogêneas (impróprias): Complemento na mesma hierarquia , quando o Código Civil complementa o Código Penal ou até mesmo quando o Código Penal acaba se complementando. Alguns juristas alegam que as Normas Penais em Branco Homogêneas entram em conflito com o consectário lógico da Taxatividade.
-Heterogêneas (Próprias): É quando há complemento de hierarquia inferior , por exemplo, quando portarias e regulamentos acabam complementando o Código Penal. Alguns juristas afirmam que as normas penais em branco heterogêneas entram em conflito com o Princípio da Reserva Legal e a Taxatividade
OBS: Para o STF as normas penais em branco são constitucionais, não admitindo apenas as Normas Penais em Branco Inversas /Às Avessas , que são aquelas cujo espaço em branco se situa na pena.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO
LUGAR DO CRIME – Considera-se praticado no Brasil o crime cuja ação ou omissão no todo ou em parte tenha ocorrido no território brasileiro , bem como cujo o resultado tenha ocorrido ou devesse ter ocorrido no Brasil. Este conceito traduz a Teoria da Ubiquidade , levando em consideração a ação e o resultado. Note que essa teoria só tem utilidade para crimes cometidos a distância, isto é, entre mais de um Estado soberano. A ação ou omissão pode acontecer na integra ou parcialmente dentro de um território. Somente para casos excepcionais, que admite-se que a lei brasileira seja utilizada para crimes praticados fora do território. Conflitos entre jurisdições podem ser regulados por acordos ou pelo direito internacional.
 Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
TERRITORIALIDADE - Pela regra geral da territorialidade , aplica-se a lei brasileira à todos os crimes cometidos dentro do território nacional. Esta regra não é absoluta uma vez que, tratados e convenções podem excepcionar tal previsão (territorialidade mitigada), ou seja alguns crimes praticados dentro do Brasil não sofrerão a aplicação da lei brasileira. Existem crimes cometidos 100% no Brasil, mas para os quais não se aplicarão a lei brasileira, são situações excepcionais, regulamentadas em normas de direito internacional (exemplo: imunidades diplomáticas e consulares). Sobre o conceito de território nacional, o Art. 5º do Código Penal prevê duas espécies de território: território natural e território brasileiro por extensão ou equiparação. 
-Território Natural Brasileiro: Quando falamos de território natural brasileiro, falamos do solo brasileiro, subsolo, mar territorial (12 milhas náuticas) e espaço aéreo correspondente.
-Território por Extensão: Considera-seterritório por extensão ou equiparação as embarcações e aeronaves brasileiras públicas ou a serviço do poder público, onde quer que se encontrem, bem como aeronaves e embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade privada que tracem respectivamente o espaço aéreo correspondente ou em alto mar.
OBS: Caso haja um crime em um navio mercante brasileiro privado em território estrangeiro, será aplicada a lei do território estrangeiro.
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
EXTRATERRITORIALIDADE – Fala-se de crimes praticados fora do Brasil mas, para os quais aplica-se a lei brasileira, podendo ser incondicionada ou condicionada. (Previstas no Artigo 7º do CP/40)
-Incondicionada: Quando a lei brasileira não prevê condições para os crimes aplicados fora do Brasil. Nas hipóteses a seguir, ser incondicionada significa que se aplica a lei brasileira mesmo que o agente tenha sido condenado ou absolvido no estrangeiro ou que lá tenha cumprido pena (Neste último caso, a pena cumprida fora será computada e abatida no Brasil).Hipóteses de extraterritorialidade incondicionada são mais gravosas, relacionadas ao exercício da soberania brasileira. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora tenham sido cometidos no estrangeiro, os seguintes crimes:
 Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
        I - os crimes:  
        a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;  (Presentes no Título I, Capítulo I e Título I, Capítulo VI, sobretudo Seção I)
        b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público (Título II contra o patrimônio , Título X contra a fé pública) 
        c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Título XI, Capítulo I)
        d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Lei do Genocídio , Lei 2889/56)
-Condicionada: Contêm situações em que o Brasil também pune fatos praticados fora do território nacional. Contudo, a incidência da norma penal brasileira e a ação penal em tribunal pátrio impõem a implementação das condições previstas no §2.º do art. 7.º do Código Penal. É o que doutrina chama de extraterritorialidade condicionada.
  II - os crimes:  
       a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (se um traficante internacional pisar no Brasil ,mesmo não tendo cometido nenhum crime no Brasil, será preso e detido pois o Brasil se submeteu a certos tratados e convenções internacionais, seguindo o Princípio da Justiça Universal/Cosmopolita, que é tentar de algum modo criar uma cooperação entre os povos para coibir determinadas práticas. Cooperação de diversos Estados soberanos no combate de determinadas práticas. )
       b) praticados por brasileiro; (Princípio da Nacionalidade Ativa) 
       c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (A Lei brasileira se aplica de forma subsidiária , sendo aplicada apenas caso não seja aplicada a lei do território estrangeiro)
 § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
Para as hipóteses acima, de extraterritorialidade condicionada, somente se aplicará a Lei Brasileira se preenchidas cumulativamente as seguintes condições:
 § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: 
       a) entrar o agente no território nacional;  
       b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (dupla tipicidade)
       c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição (Pena máxima maior do que 1 ano)
       d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (É aplicável o Ne Bis In Idem) 
       e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Vide Artigo 107 do Código Penal/40)
OBS: Para os crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro, estamos diante de uma hipótese de extraterritorialidade hipercondicionada , pois deve-se preencher as condições do Artigo 7º, $2º e $3º, onde as condições do parágrafo 3º são adicionais e servem como um exame de conveniência e oportunidade (o Ministro da Justiça analisa se vale a pena processar o agente). 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
LEI PENAL COM RELAÇÃO ÀS PESSOAS:
IMUNIDADES PENAIS: 
-Imunidades Parlamentares: Possuem fundamento constitucional (art. 53). Os deputados, vereadores e senadores não serão punidos pelos chamados crimes de opinião. Não serão punidos, por exemplo, pelos crimes de injúria, calúnia e difamação, ou até pelo crime de racismo e homofobia (quaisquer opiniões, palavras e votos), dentro de um entendimento tradicional, tendo relação com o exercício de sua função, onde caso a opinião seja dada dentro da casa legislativa, a presunção é absoluta (exceção do caso Bolsonaro x Maria do Rosário no STF), mas caso seja dada fora da casa, é feita uma análise casuística da pertinência (possuindo Imunidade Material). O STF definiu que caso o vereador será imune caso esteja fora do município porém exercendo sua função. O que se discute é a eficiência ou não de limites a imunidade material ou absoluta em relação ao racismo. 
 Os argumentos a favor da imunidade são que a imunidade permite o exercício da democracia, a função representativa e, por exemplo, a opinião do deputado ou senador sobre o racismo, nem que seja para que a população negue, para que seja rechaçado. 
 Já os argumentos contra a imunidade são que a mesma limita o direcionamento à determinada pessoa. No que diz respeito aos vereadores, a Constituição não disciplina uma inviolabilidade tão ampla. A imunidade dos vereadores se limita a circunscrição do município (art. 29, VIII, CF). Doutrinária e jurisprudencialmente essa imunidade se amplia para além dos casos dentro do município. No exercício de sua função traz consigo a sua imunidade. 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
-Imunidades Diplomáticas E Consulares: Estão previstas na convenção de Viena. Embaixadas e consulados estrangeiros no Brasil são territórios brasileiros. A Polícia Federal não entra lá, pois está relacionado à inviolabilidade territorial, para que não haja ofensa a outra jurisdição. 
 Os cônsules tem sua atividade voltada a questões e interesses privados, por exemplo,a retirada do visto. As imunidades consulares são mais restritas, abrangendo o cônsul e os demais funcionários do consulado, porém não se estendendo nem a funcionários/empregados particulares, e tendo certa polêmica em relação a abrangência ou não dos familiares dos cônsules (hoje em dia, aceitam a imunidade a seus familiares). A imunidade devem possui relação com o exercício da função do cônsul. Estado Acreditante é quem envia o cônsul e Estado Acreditado é quem recebe o cônsul.
 Já os diplomatas tem suas atividades voltadas estritamente a uma atividade política representativa. As imunidades são mais amplas, abrangendo tanto o diplomata quanto os familiares que com ele convivem. Abrangerá também todo o corpo diplomático, não se estendendo, todavia, a empregados particulares (babás, personal trainer, guarda pessoal particular, etc). Tal imunidade alcança crime de qualquer espécie, abarcado pela imunidade diplomática.
OBS1: Direito de passagem inocente: A lei 8617/93 reconhece o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro a navios de toda nacionalidade. Significa dizer que se durante a passagem inocente ocorre um crime, este em princípio não será julgado pelo Brasil, a menos que seja considerado prejudicial à paz, boa ordem e segurança nacional. 
OBS2: O crime de genocídio está definido na lei 2889/56. A diferença entre genocídio e a pluralidade de crimes contra a vida e/ou integridade física está na intenção do agente. No genocídio, a intenção é necessariamente destruir no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso. 
OBS3: Aplica-se o princípio da bandeira nos casos dos crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou privadas quando no estrangeiro, e lá não sejam julgados.
NORMAS PENAIS PERMISSIVAS (Artigo 23 do CP) – São as normas penais que autorizam certas práticas, como por exemplo a legítima defesa, ou seja, o legislador permite que você lesione outro indivíduo caso esteja sob ameaça de vida.
NORMAS PENAIS EXPLICATIVAS – Elas se dirigem ao próprio intérprete, exprimindo conceitos, tendo como exemplo o Artigo 327, que explica quem é funcionário público para fins penais.
NORMAS INCRIMINADORAS – Estão presentes a partir do Artigo 121 do CP, onde diversas condutas ilícitas são tipificadas.
ANOMIA X ANTINOMIA NO DIREITO PENAL– A Anomia é a ausência de norma, ou seja, estamos diante de uma lacuna jurídica, como por exemplo a homofobia, que não é tutelada por nenhuma norma. Já a Antinomia é o conflito entre normas, onde tal Antinomia Aparente pode ser resolvida através dos critérios da Hierarquia (prevalecimento da norma superior diante da inferior), da Especialidade (a norma mais especial prevalece diante da norma geral) e da Cronologia (a norma posterior prevalece diante da norma anterior, porém, no Direito Penal, há a possibilidade de retroatividade benéfica e irretroatividade prejudicial). 
OBS: Há também a antinomia real, que é quando há o conflito entre critério da Hierarquia x Especialidade
CRITÉRIO DE RESOLUÇÃO DE ANTINOMIAS APARENTES NO DIREITO PENAL 
-Critério da Consunção/Absorção: Na existência de crime meio e crime fim, o crime fim absorverá os demais (Pune-se o crime fim, absorvendo o crime meio). Normalmente os tribunais aplicam absorção entre crimes patrimoniais (Exemplo: Furto x Receptação), fé pública (Petrechos, que é adquirir maquinário para falsificar moeda x Falsificação) e nos demais casos em que o bem jurídico é o mesmo. Também aplicam na relação Estelionato x Falsificação Documental (Súmula 17 do STJ). Não se aplica a absorção para associação criminosa, em crimes contra a saúde pública e no porte ilegal de arma (tendo como exceção o homicídio, onde o porte ilegal de arma é absorvido).
-Critério da Subsidiariedade: Pune-se pelo crime mais grave, desprezando o crime menos grave, onde este último será considerado um tipo subsidiário. Via de regra, a subsidiariedade está expressa no tipo. (Artigo 132,Artigo 163 Inciso II, 238, etc). Todavia, a subsidiariedade também pode ser tácita/implícita, que é subsidiariedade onde o tipo penal não possui essa redação mas ainda assim é considerado, tendo como exemplo o constrangimento ilegal (caso haja constrangimento ilegal para que tenha sexo forçado, havendo a punição de estupro).
-Critério da Alternatividade: Quando um só crime prevê múltiplos núcleos verbais (Exemplo: Artigo 33, Lei 11.343/06, Crime de Tráfico), a prática de dois ou mais verbos em um mesmo contexto caracteriza crime único, onde tal critério teoricamente não deveria existir como resolução de antinomia.
ANALOGIA X INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA – Analogia é uma das técnicas disponíveis de solução/preenchimento das lacunas jurídicas, sendo a transposição do regramento jurídico de uma situação já tratada e regrada pelo direito para uma situação jurídica semelhante que ainda não possui nenhuma norma regulando-a (lacuna jurídica. Em Direito Penal só é permitida a analogia em benefício do réu/In Bonam Partem (ou seja, caso um homossexual queira utilizar de analogia com a Lei Maria da Penha para casos de agressão a homossexuais por haver uma lacuna jurídica, não será permitida tal analogia, pois será prejudicial ao réu).
 Na Interpretação Analógica (também chamada de interpretação extensiva) é quando há uma norma parcialmente fechada e parcialmente aberta, onde para a parte fechada temos o que chamamos de forma exemplificativa e para a parte aberta temos a cláusula geral (autoriza o intérprete a equiparar situações não regradas pelo direito similares a fórmula exemplificada), onde há a transposição da fórmula exemplificativa para a cláusula geral que compõe a parte aberta da norma, tendo como exemplo o Artigo 61, Inciso II, Alínea C e D do CP. 
 Neste caso a norma jurídica vem descrita com fórmula exemplificativa seguida de cláusula geral, que autoriza o juiz a inserir outras situações semelhantes não especificamente definidas. É admitida tanto em benefício (In Bonam Partem) quando em prejuízo ao réu (In Malam Partem)
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
 II - ter o agente cometido o crime: 
 c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
INTRODUÇÃO À TEORIA DO DELITO 
INFRAÇÃO PENAL – É gênero que abarca duas espécies (o Brasil adota o Conceito Bipartido de Infração Penal): os crimes = delito (aqui no Brasil crime e delito são sinônimos) e as contravenções. Em essência, crimes e contravenções são a mesma coisa, tanto que derivam dos mesmo tronco (infrações penais), a diferença está em sua consequência jurídica.
-Crimes/Delitos: A pena de um crime poderá ser de reclusão (regime inicial fechado, semiaberto ou aberto) e/ou de detenção (regime inicial semiaberto ou aberto, com possibilidade de regressão para regime fechado caso haja má conduta do réu).
-Contravenções Penais: A pena de uma contravenção penal é a prisão simples que é cumprida em regime inicial semiaberto ou aberto, não havendo possibilidade de regressão em regime fechado.
TEORIA DO DELITO/CRIME – Há duas teorias/correntes que compõem a teoria do delito: A Teoria Bipartida, que diz que crime = fato típico + ilicitude (antijuridicidade), e a Teoria Tripartida, que consiste em dizer que crime = fato típico + ilicitude (antijuridicidade) + culpabilidade. Ou seja, temos uma corrente que divide o crime em dois elementos básicos e outra que divide em três elementos básicos, onde o entendimento jurídico majoritário adota a Teoria Tripartida.
OBS: O Conceito de Infração Penal é bipartido (crimes e contravenções penais) e o conceito de Delito/Crime é tripartido (fato típico, ilicitude e culpabilidade).

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