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ORÇAMENTO 1. Orçamento: “ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza ao Poder Executivo, por certo período e em pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas” (Aliomar Baleeiro). 2. Orçamento: esvaziamento 2.1. Superestimação de receitas: permite ampliar a previsão de despesas. 2.2. Contingenciamento de despesas: há a previsão no art. 9º da LRF (realização de receita menor que a previsão das mesmas); porém, em vários casos o contingenciamento busca atender outras situações, tais como (i) aumentos imprevistos nas despesas obrigatórias, (ii) créditos extraordinários abertos sem a correspondente fonte financeira, (iii) pagamento de restos a pagar de exercícios anteriores sem a correspondente receita de exercícios anteriores. O contingenciamento nem sempre é transparente (pois o decreto informa o montante, mas não detalhes sobre o que foi contingenciado) – o que afeta, em muitos casos, as emendas parlamentares. Daí, a questão do orçamento impositivo. 2.3. Anulação de valores empenhados: esses valores são transformados em restos a pagar (RAP) comprometendo o orçamento do ano seguinte, caso o valor referente ao pagamento não acompanhe a inscrição dos restos a pagar. 2.4. Instituição de fundos: exceção ao princípio da unidade de tesouraria, corresponderiam a reserva de parte da receita pública para a realização de determinados objetivos ou serviços de interesse público. Saldo existente em um ano é transferido para o exercício seguinte como crédito ao mesmo fundo. Sua criação depende de um prévio disciplinamento a ser feito por lei complementar (CF, art. 165, § 9º, II). Na ausência da LC, utilizou-se EC: 2.4.1. Extinção de todos os fundos (ADCT, art. 36) 2.4.2. Criação do Fundo Social de Emergência (ECR 1/94), exercícios financeiros de 1994 e 1995. 2.4.3. Transformação do FSE em Fundo de Estabilização Fiscal (EC 10/96) de 1º.01.1996 a 30.06.1997. 2.4.4. Prorrogação do FEF (EC 17/97) de 1º.07.1997 a 31.12.1999. 2.4.5. Substituição do FEF pela Desvinculação de Receitas da União (EC 27/2000) para os exercícios de 2000 a 2003. 2.4.6. Prorrogação da DRU (EC 42/2003) para os exercícios 2003 a 2007. 2.4.7. Prorrogação da DRU (EC 56/2007) até 31.12.2011. 2.4.8. Prorrogação da DRU (EC 68/2011) até 31.12.2015. 3. Natureza jurídica 3.1. Lei (Hoennel): lei de vigência determinada sem necessidade de revogação exaurido o decurso de prazo. 3.2. Ato administrativo (Laband): reage a Hoennel. O orçamento seria lei apenas em sentido formal, mas ele deveria ser qualificado por seu conteúdo e não segundo a forma ou órgão de origem. 3.3. Misto de lei e ato administrativo (Léon Duguit): em relação a despesas ou receitas originárias seria ato administrativo; em relação às receitas derivadas, pela sua compulsoriedade, deveria ser considerado lei. 3.4. Ato-condição (Jèze): baseava-se no princípio da anualidade (tributo só pode ser cobrado se houver prévia inclusão orçamentária). Jèze discordava de Duguit na consideração legal das receitas tributárias, já que o tributo já teria sido criado por lei e só dependia de um condição (dada pelo orçamento) para sua cobrança. 4. Processo legislativo 4.1. Iniciativa 4.1.1. Presidente da República (unificação das propostas enviadas pelo Judiciário e pelo Ministério Público) – CF, art. 84, XXIII; art. 99, § 1º e 2º; art. 127, § 3º). 4.1.2. Ausência de envio de projeto de LOA no prazo fixado pela Constituição – Lei n. 4320/64, art. 32: “o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei do Orçamento vigente”. 4.2. Mensagem aditiva – CF, art. 166, § 5º. 4.3. Comissão mista permanente – CF, art. 166, § 1º e 2º. Pela Resolução n. 1-CN de 22.12.2006, tal comissão passou a ser designada Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO). Composição: 40 membros titulares (30 deputados federais, 10 senadores), sendo garantida a proporcionalidade partidária. Direção: 1 Presidente e 3 Vice-Presidentes com mandato anual. Comitês permanentes: (i) Comitê de Avaliação, Fiscalização e Controle da Execução Orçamentária; (ii) Comitê de Avaliação da Receita; (iii) Comitê de Avaliação das Informações sobre Obras e Serviços com Indícios de Irregularidades Graves; e (iv) Comitê de Exame da Admissibilidade de Emendas. Emendas parlamentares: de remanejamento, de apropriação (reestimativa de receitas) e de cancelamento. Emendas podem ser apresentadas por: a) Comissões Permanentes da CD e do SF; b) Bancada Estadual (3/4 dos deputados e 2/3 dos senadores) c) Emendas individuais (até o limite de 25 emendas/parlamentar) 4.4. Emendas do Presidente – CF, art. 166, § 3º e 4º. 4.5. Rejeição parcial, total ou não-devolução no prazo 5. Princípios orçamentários 5.1. Princípio da exclusividade CF, art. 165, § 8º: “A LOA não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa (...)”. 5.2. Princípio da programação CF, art. 48, I e II CF, art. 165, § 4º 5.3. Princípio do equilíbrio orçamentário Montante das despesas autorizadas em cada exercício financeiro não pode ser maior que o das receitas estimadas para o mesmo período. A regra de ouro das finanças, porém, não está constitucionalizado para dar margem de atuação política em contextos de recessão e crise. 5.4. Princípio da anualidade Também conhecido como princípio da periodicidade. O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um determinado período de tempo, no caso, um ano (CF, art. 48, I e II; art. 165, III e § 5º; art. 166). Lei n. 4320/64, art. 34: O exercício financeiro coincidirá com o ano civil. 5.5. Princípio da unidade Uniformidade de método e de programação Unidade não requer uni-documentalidade (CF, art. 165, § 5º). 5.6. Princípio da universalidade A LOA deverá conter todas as receitas e todas as despesas, em seus valores brutos sem deduções (Lei n. 4320/64, art. 3º, 4º e 6º). 5.7. Princípio da legalidade Poder Público só pode fazer ou deixar de fazer aquilo que a lei expressamente autorizar. CF, art. 165: PPA, LDO, LOA. 5.8. Princípio da transparência orçamentária Lei n. 12.527/11, lei de acesso à informação (por conseguinte, aos dados relativos à execução orçamentária). 5.9. Princípio da publicidade orçamentária Desdobramento do princípio da administração pública (CF, art. 37). Isso se garante implicitamente pela LOA ser uma lei, sujeita à publicação na imprensa oficial. 5.10. Princípio da não-afetação de receita de impostos CF, art. 167, IV. 5.11. Princípio da especialidade dos incentivos fiscais CF, art. 150, § 6º: renúncia de receita deve constar em lei específica e não em lei estranha à matéria tributária. 5.12. Princípio da responsabilidade na gestão fiscal LRF, art. 11: dever de arrecadar todos os tributos do ente político respectivo. 5.13. Princípio da legitimidade CF, art. 70 5.14. Princípio da especificação Receitas e despesas devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo em parcelas discriminadas e não pelo seu valor global. Lei n. 4320/64, art. 5º: “A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras (...)”. 6. Leis orçamentárias 6.1. Plano plurianual – CF, art. 165, § 1º (Lei n. 12.593/12 para o período 2012- 2015). 6.2. Lei de diretrizes orçamentárias – CF, art. 165, § 2º. Lei n. 12.708, de 17.08.2012 (LDO 2013), depois parcialmente alterada pela Lei n. 12.795/13. Art. 50. Se o Projeto de LeiOrçamentária de 2013 não for sancionado pelo Presidente da República até 31 de dezembro de 2012, a programação dele constante poderá ser executada para o atendimento de: I - despesas com obrigações constitucionais ou legais da União relacionadas no Anexo V; II - bolsas de estudo no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, bolsas de residência médica e do Programa de Educação Tutorial - PET, bolsas e auxílios educacionais dos programas de formação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, bem como Bolsa-Atleta e bolsistas do Programa Segundo Tempo; III - pagamento de estagiários e de contratações temporárias por excepcional interesse público na forma da Lei n. 8.745, de 9 de dezembro de 1993; IV - ações de prevenção a desastres classificadas na subfunção Defesa Civil; V - formação de estoques públicos vinculados ao programa de garantia dos preços mínimos; VI - realização de eleições pela Justiça Eleitoral; VII - outras despesas correntes de caráter inadiável; VIII - importação de bens destinados à pesquisa científica e tecnológica, no valor da cota fixada no exercício financeiro anterior pelo Ministério da Fazenda; IX - concessão de financiamento ao estudante; e X - ações em andamento decorrentes de acordo de cooperação internacional com transferência de tecnologia. § 4o As despesas descritas no inciso VII serão limitadas a um doze avos do valor previsto em cada ação no Projeto de Lei Orçamentária de 2013, multiplicado pelo número de meses decorridos até a sanção da respectiva Lei. A LDO 2014, findo o prazo de envio da LOA 2014, ainda não havia sido votada (na dependência prévia de apreciação da PEC do orçamento impositivo). 6.3. Orçamento anual (fiscal, de investimento e da seguridade social) – CF, art. 165, § 5º. 6.4. Lei complementar financeira – CF, art. 163, I; art. 165, § 9º (Lei n. 4320/64). Obs.1: ADCT, art. 35, § 2º. Obs.2: CF, art. 168. 7. Atentado à lei orçamentária 7.1. Crime de responsabilidade (art. 85, VI) 7.2. Lei n. 1.079/50 (art. 10): a) Não apresentar ao Congresso Nacional a proposta do orçamento da República dentro dos primeiros dois meses de cada sessão legislativa; b) Exceder ou transportar, sem autorização legal, as verbas do orçamento; c) Realizar o estorno de verbas; d) Infringir, patentemente, e de qualquer modo, dispositivo da lei orçamentária. 8. Orçamento participativo 9.1. Município: gestão orçamentária participativa como princípio obrigatório (CF, art. 182; Lei n. 10.257/01, art. 4, III, f; art. 44). 9.2. Estados e União: tal princípio não é obrigatório. Obs.: Resolução n. 1-CN de 2006, dispõe em seu art. 29: Art. 29. A CMO realizará audiências públicas para o debate e o aprimoramento do projeto, para as quais convidará Ministros ou representantes dos órgãos de Planejamento, Orçamento e Fazenda do Poder Executivo e representantes dos órgãos e entidades integrantes das áreas temáticas. § 1º. As audiências públicas que tiverem como objeto o debate de assuntos relacionados aos campos temáticos regimentais das Comissões Permanentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados serão realizadas sob a coordenação da CMO, na forma de reuniões conjuntas. § 2º A CMO poderá realizar audiências públicas regionais para debater o projeto, quando de interesse de Estado ou Região Geográfica. 9. Controle dos orçamentos 9.1. Controle interno – CF, art. 70 in fine. 9.2. Controle externo – CF, art. 70, 71 e 72. 9.3. Controle cidadão – CF, art. 74, § 2º. 10. Tribunal de Contas da União 10.1. Composição – CF, art. 73 10.2. Atribuição – CF, art. 71 10.3. Deve-se observar o devido processo legal em seus processos administrativos? Súmula vinculante nº 3 - Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. 11. Tribunais de Contas nos Estados 11.1. Composição Constituição Federal: Art. 75, parágrafo único Constituição do Estado de Goiás (Redação original) Art. 28, § 2º. Cinco dos conselheiros serão escolhidos pela Assembléia Legislativa e dois pelo Governador do Estado, com a prévia aprovação da Assembléia, sendo um, alternadamente, entre auditores e membros do Ministério Público em exercício junto ao Tribunal, por este indicado em lista tríplice, segundo os critérios de antiguidade e merecimento.
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