Buscar

redução da maioridade penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A MAIORIDADE PENAL
CONTEXTO HISTÓRICO
 Numa conceituação, o art. 288 traz o que para a Constituição Federal de 1988 pode ser considerado inimputável perante o código penal, onde os menores de 18 anos são punidos de acordos com legislações especiais, visando protegê-los com penas de caráter mais leve, tendo como objetivo a ressocialização destes. Portanto, maioridade penal se trata da idade mínima em que uma pessoa é identificada como apta para ser punida como adulta, dispondo ser responsável integralmente por seus atos quando portador de capacidade de discernimento.
 O estabelecimento desta idade tem concordância com a Organização das Nações Unidas que define como criança todo ser humano menor de dezoito anos, sendo esses observados de maneira generalizada como insuficientes de entendimento e maturidade quanto às condutas tomadas, o que serve de parâmetro para o Brasil que depois de alterações advindas pela narrativa de seus códigos criminais tem na citação em lei sobre o assunto, um ponto de segurança.
 A construção para o que temos hoje adveio de várias mudanças durante a história do Brasil, com o Código Criminal de 1830 que mesmo tendo como idade os 14 anos, se diferente da nossa realidade, já que isso não era devidamente observado, pois ficava a critério do juiz a aplicação de pena a estes, dando até abertura para a pena de morte; considerado o código mais rigoroso. Depois em 1890 aos 9 anos com testes de discernimentos que mais se viam como adivinhação para a punição de caso a caso. Em 1926 foi criado o Código de Menores que dava tratamento específico às crianças e jovens menores de 18 anos em resposta as críticas sobre a mistura de pessoas com faixa etária diferente, os lugares que cumpriam a sentença e os tipos de penas. Nos códigos de 1940 e 1969 continua esta idade, onde no primeiro se implanta o sistema biopsicológico, e no outro se fala novamente do estudo do discernimento para serem usadas excepcionalmente com os que possuíam 16 e 17 anos e poderiam ser punidos, de acordo com a capacidade de compreensão, chegando até ao que temos hoje em dia.
 O tratamento do Estado perante as crianças e adolescentes sempre foi assunto polêmico, baseadas no descaso para com estes perante a falta de cuidado durante a aplicação das medidas falhas com problemas quanto à estruturação, com o descaso de seus direitos fundamentais, tratando-os como objetos que não merecem uma educação de qualidade que é base para a diminuição da desigualdade social, sendo um dos fatores para 5 tamanha violência no país. Portanto, a redução da maioridade como tão discutida para servir de resposta aos crimes cometidos por alguns não seria suficiente com as dificuldades que as crianças encontram em sua formação, criando assim ainda mais com o sistema prisional atual um ciclo em que o menor cresce acreditando que a prática de atos ilícitos é normal e desviando assim os olhares do Estado para o que realmente é importante, as verdadeiras necessidades sociais. 
MAIORIDADE PENAL X RESPONSABILIDADE PENAL
 Dois nomes semelhantes, cujo significado é oposto. É comum a discussão dos termos, e são diversas as discussões arroladas sobre o tema. Podemos conceituar “Maioridade Penal“, como a idade mínima que uma pessoa pode ser julgada criminalmente, segundo o código penal brasileiro, por seus atos como adulto. No Brasil, e em vários países do mundo, a maioridade penal começa a partir dos 18 anos, o indivíduo é, pois, reconhecido como adulto consciente das consequências individuais e coletivas dos seus atos e da responsabilidade legal embutidas nas suas ações.
 Se tratando da responsabilidade Penal, ou responsabilidade criminal, podemos concluir que é atribuída para os menores de 18 anos, que cometem atos inflacionais, cujo julgamento segue a linha socioeducativa e sua punição provém da legislação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). No Brasil, menores com idade entre 16 e 18 anos têm o direito de voto garantido pela Constituição. Para efeitos militares, a minoridade cessa aos 17 anos, quando jovens podem ser alistados nas forças armadas. Para efeito de trabalho, a incapacidade cessa aos 14 anos. Jovens entre 14 e 16 anos só podem ser empregados como aprendizes. Se o trabalho for noturno, insalubre ou perigoso, a idade mínima é de 18 anos completos. Para efeito de relações sexuais, a incapacidade de consentir cessa aos 14 anos sendo proibida a prostituição ou pornografia até os 18 anos completos, entretanto a sua maioridade penal só será alcançada com seus 18 anos completos.
 Sendo assim, um menor de idade pode ter responsabilidade penal, mesmo sofrendo punibilidade diferenciada. A doutrina da proteção integral aparece mais claramente no artigo 227 da Constituição, que fala sobre a obrigação da família, da sociedade e do Estado de assegurar, à criança, ao adolescente e ao jovem os seus direitos fundamentais. Por tudo isso, antes de completar 18 anos de idade, uma pessoa não pode ser responsabilizada como um adulto no Brasil.
DECLARAÇÃO ONU/UNESCO
CONTEXTO NACIONAL E POSICIONAMENTO DO SISTEMA ONU
 A responsabilização pelo ato infracional no Brasil inicia-se aos 12 anos de idade. Com efeito, adolescentes na faixa dos 12 aos 18 anos são plenamente responsabilizados/as pelos seus atos. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê diferentes medidas socioeducativas, incluindo a possibilidade de medida restritiva de liberdade. 
 O número de adolescentes cumprindo medidas socioeducativas tem aumentado nos últimos anos, como indicam dados oficiais. Passou de 40.657 adolescentes atendidos em meio aberto em 2009, para 88.075 em 2011. Com relação a adolescentes cumprindo medidas socioeducativas em meio fechado, esse número era de 16.940 em 2009, passando para 20.532 em 2012, configurando uma taxa de internação de 100 adolescentes por 100 mil habitantes (aumento de 5% em relação ao ano anterior). Esse grupo é majoritariamente masculino: entre adolescentes em medidas de meio aberto em 2011, 79,53% eram do sexo masculino e 20,47% eram do sexo feminino30; por sua vez, entre adolescentes em medidas de privação de liberdade, em 2011, 95% eram do sexo masculino e 5% do sexo feminino. Em sua maioria, apresentavam baixa escolaridade e trajetória escolar descontinuada ou interrompida, entre outras características que indicam contextos de vulnerabilidade social e/ou de violação de direitos.
 No país, assiste-se também a um aumento na população prisional acima dos 18 anos. A quantidade de pessoas presas cresceu 74% entre 2005 e 2012. Se no ano de 2005 o número absoluto de presos era 296.919, sete anos depois, em 2012, este número passou para 515.48233.
 O aumento do encarceramento não é solução para o problema da violência. A violência, em sendo um fenômeno de múltiplas causas, demanda, para sua solução, a adoção de políticas públicas de segurança cidadã com abordagem integral. 
 Apesar de grandes avanços nos últimos anos, são ainda muitos os desafios para a juventude no país. Milhões de adolescentes e jovens continuam a enfrentar problemas como a pobreza, o subemprego, o desemprego, a falta de educação de qualidade e o acesso limitado às ações, insumos e serviços em saúde. Em 2011, 38% dos/as adolescentes brasileiros/as, entre 12 e 18 anos, viviam em situação de pobreza, enquanto esse percentual era de 29% em relação à média da população. No campo educacional, 1,6 milhão de 8 adolescentes entre 15 e 17 anos estavam fora da escola em 2013 e, neste período, apenas 54% conseguiram concluir o ensino médio até os 19 anos. Os/As jovens encontram também dificuldades na entrada no mercado de trabalho, sendo que em 2013 a taxa de desocupação entre jovens de até 29 anos foi maior que para qualquer outro grupo etário, atingindo 12% da população economicamente ativa nesta faixa etária. Entre aqueles/as que estavam ocupados, cerca de 25% trabalhavam jornadas superiores a 45 horas semanais e 36% tinham rendimento de até um salário mínimo. Em 2011, aproximadamente34% destes/as recebiam menos de um salário mínimo e 29% não tiveram rendimento. A população adolescente e jovem também enfrenta a dificuldade de acesso a informações e serviços de saúde de qualidade, incluindo ações de promoção e atenção à saúde sexual e reprodutiva. 
 Além desses desafios, adolescentes e jovens estão também expostos/as ao problema da violência, incluindo a violência letal. Apesar de serem apontados como os principais responsáveis pelas alarmantes estatísticas de violência no Brasil, adolescentes são mais vítimas do que autores da violência. Dados oficiais mostram que, dos 21 milhões de adolescentes que vivem no Brasil, 0,013% cometeu atos contra a vida, ao passo que os homicídios são a causa de 36,5% das mortes de adolescentes (para a população em geral esse tipo de morte representa 4,8% do total). A população adolescente e jovem, especialmente a negra e pobre, está sendo assassinada de forma sistemática no país, situação que coloca o Brasil em segundo lugar no mundo em número absoluto de homicídios de adolescentes, só perdendo para a Nigéria. Somente entre 2006 e 2012, estima-se que cerca de 33 mil adolescentes entre 12 e 18 anos foram assassinados/as. Das vítimas por armas de fogo, 59% são jovens. A probabilidade de jovens negros no Brasil serem vítimas de homicídio é cerca de duas vezes e meia maior que a de jovens brancos.
 A redução da violência e a plena proteção da vida de adolescentes e jovens resultam de leis e políticas públicas orientadas para o fortalecimento de trajetórias, inclusão educacional e profissional, acesso à saúde, à justiça, a equipamentos sociais, culturais e esportivos, a promoção de cidades inclusivas, o enfrentamento ao racismo institucional, a promoção de masculinidades não hegemônicas, a eliminação de diferentes formas de discriminação contra mulheres, além de formas alternativas e não violentas de reconhecimento social. Implica também na construção de ambientes nos quais o/a adolescente ou jovem seja capaz de tomar suas próprias decisões informadas, de agir com responsabilidade, respeito e compromisso, e de administrar responsável e eticamente situações e desafios. 
 Quando o Estado provê meios, condições e oportunidades para que adolescentes e jovens acessem seus direitos, diminui a vulnerabilidade social vivenciada por eles/elas, suas famílias e comunidades, reduzindo drasticamente os riscos de infração. Possibilita a quebra dos ciclos intergeracionais de violência e pobreza e a redução das situações de violência e negligência social que podem estar relacionadas ao ato infracional. 
 A proposta de emenda constitucional - PEC 171/93 e seus apensos, que visa a estabelecer a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, fere acordos de direitos humanos e compromissos internacionais assumidos pelo Brasil e não é a solução para a diminuição da violência. Em consonância com os marcos de direitos humanos, adolescentes que tenham infringido a lei penal devem ser responsabilizados por seus atos no âmbito de um sistema especializado de justiça, mas, ao mesmo tempo, ter direito a um tratamento que favoreça sua reintegração, cidadania e o exercício de um papel construtivo na sociedade. Ressalta-se que a fase da adolescência é um dos momentos mais propícios para se encaminhar os/as jovens a trajetórias saudáveis e construtivas. 
 É primordial, outrossim, que o Brasil continue investindo e aprimorando a implementação dos já existentes programas de atendimento socioeducativos para adolescentes e jovens em conflito com a lei, oferecendo condições para que possam construir novos e diferentes projetos de vida, reforçar vínculos familiares e comunitários e seguir contribuindo para o desenvolvimento do país. Se o sistema socioeducativo não tem conseguido dar respostas mais efetivas às demandas da sociedade, é preciso adequá-lo de acordo com o modelo especializado de justiça juvenil, harmonizado com os padrões internacionais já incorporados à Constituição Federal de 1988. O Sistema das Nações Unidas no Brasil reconhece a importância do debate sobre o tema da violência e espera que o Brasil continue sendo uma forte liderança regional e global ao buscar respostas que assegurem os direitos humanos e ampliem o sistema de proteção social e de segurança cidadã a todos e todas.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
 Sabemos que o Estatuto da criança e do adolescente Lei 8.069, sancionado em 13 de Julho de 1990, foi criado para assegurar os direitos das crianças e adolescentes, assim como descreve em seu Art. 2°: Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre doze e dezoito anos de idade. Tal artigo defende que todos aqueles menores de 18 anos gozam dos direitos estipulados no estatuto. Baseado na Dignidade da pessoa humana o ECA garante que a criança e o adolescente respondam somente o que lhe seja justo para sua idade e garante que terá uma vida com dignidade e igualdade, em um período da vida humana muito importante. 
 Podemos destacar o art. 4° do estatuto que assegura que toda criança e adolescente tem como direito o acesso a educação, saúde, alimentação, lazer, liberdade, dignidade, respeito entre outros direitos fundamentais, com a ajuda da família, da sociedade e do Estado. Diante desses deveres no qual temos com nossas crianças e adolescentes, não seria justo que eles tivessem o mesmo tipo de penalidade ao qual um adulto com plena capacidade civil e mental pode ter, sabendo que não teriam acesso a nenhum tipo de benefício que citamos acima se os mesmos fossem tratados iguais. Seu desenvolvimento em meio a sociedade seria incompleto e a perda irreparável, pois como bem sabemos a educação durante a infância e adolescência é a que vai regê-los até o findar dos seus dias, e as oportunidades são essenciais para essa fase da vida de todos.
 Podemos também por em ênfase o direito da igualdade que assim como vários outros direitos são defendidos tanto na constituição quanto no ECA, o qual ressalta que os desiguais devem ser tratados na medida das suas desigualdades. É justo que a desigualdade entre idades possa afetar na maneira em que a pessoa deve ser tratada. Como por exemplo, os idosos devido a idade avançada tem direitos que um adulto de 30 anos não tem, como lugar preferencial em transporte público, o direito de se aposentar, pois sua saúde física estão debilitadas, entre outros benefícios assim destinados à eles. Entendemos que devido a essas diferenças de idades, devemos lembrar que a criança e o adolescente também estão em fases diferentes, idades as quais devemos respeitar, e tratar essa desigualdade como eles merecem.
 Ao lermos o art. 19 do ECA fica claro que para um crescimento sadio, a criança e o adolescente precisa estar dentro do seio familiar, natural ou substituta , sabendo disso podemos concluir que afasta-los do seu ambiente familiar pode provocar uma serie de danos psicológicos, e ferir então a vida justa e digna que a legislação garante. É fato que todos devem ser punidos por suas práticas delituosas, mas de forma cabível para sua idade, com base em todos os princípios que protegem esses indivíduos, para que não cresçam longe do 12 seio familiar que é essencial nesse período. Mas adiante, no seu artigo 53, o estatuto assegura a todas as crianças e adolescentes o acesso a educação, esporte, lazer e cultura. Tais benefícios que jamais teriam se a maioridade fosse reduzida hoje no Pais. Engana-se quem pensa que os atos infracionais desses menores não tem punição, no artigo 112 do ECA que traz para nós as maneiras de punir-los por tais infrações:
 Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas noart. 101, I a VI.
§ 1º. A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º. Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º. Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

Outros materiais

Perguntas Recentes