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Partilha do FGTS na dissolução da relação conjugal

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ISSN 18088449 1
 
XXII Encontro de Iniciação à Pesquisa 
Universidade de Fortaleza 
17 à 21 de Outubro de 2016 
A partilha do FGTS em caso de dissolução da relação conjugal 
Ana Paula Guimarães de Brito *(IC), Nathalia Soares Lisboa (IC), Aline Passos Maia (PQ) 
anabritobg@hotmail.com 
 
Palavras-chave: FGTS. Partilha de bens. Família. Incomunicabilidade. 
Resumo 
 O presente artigo tem por escopo apresentar um estudo quanto à peculiaridade da partilha do Fundo 
de Garantia por tempo de serviço – FGTS, vinculado à dissolução do casamento, adentrando nos 
ensinamentos civilista, trabalhista e até mesmo tributarista, atacando a difícil padronização da natureza 
jurídica do fundo, pois há discussão na doutrina. Sendo utilizado apontamento jurisprudencial para uma 
tentativa de demonstrar a finalidade e as possíveis causas de uso, quanto aos proventos acumulados, 
enquanto a relação persiste, e na causa de separação conjugal e quais os fins relativos aos bens 
conquistados pelos cônjuges. Atendo-se aos cuidados que o legislador lecionou quanto à matéria em bojo 
de discussão e mais a opção do regime de bens, sendo que o entendimento para todos se encontra em 
descompasso. Sendo o FGTS, quando não sacado, saldo de natureza personalíssima do trabalhador, e por 
isso não cabível de partilha, assume perante o STJ novas manifestações de entendimentos positivos quanto 
à comunicabilidade do FGTS na partilha de bens, visto que a jurisprudência atual concorda que os valores 
recebidos pelo trabalhador mensalmente durante a constância do relacionamento integram o patrimônio 
comum do casal. 
Introdução 
 O projeto de lei 6583/13 conceitua o instituto da família: “define-se entidade familiar como o núcleo 
social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, 
ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”. A prática, o conceito atual 
de família não permite definir uma unidade uniforme em decorrência de sua multiplicidade e variedade de 
formas. Podemos dizer que antes a família era vista apenas como uma unidade econômica e hoje há uma 
relação afetiva e de solidariedade entre seus membros. 
Segundo o civilista Gustavo Tepedino (1999) “as relações de família, formais ou informais, indígenas 
ou exóticas, ontem como hoje, por muito complexas que se apresentem, nutrem-se todas elas, de 
substancias triviais e ilimitadamente disponíveis a quem delas queira tomar: afeto, perdão, solidariedade, 
paciência, devotamento, transigência, enfim, tudo aquilo que, de um modo ou de outro, possa ser 
reconduzido a arte e a virtude do viver em comum. A teoria e a prática das instituições de família dependem, 
em última análise, de nossa competência de dar e receber amor”. Não se pode falar em casamento ou união 
estável sem que questione o aspecto patrimonial, regido pelo regime de bens escolhido em contrato 
antenupcial pelos cônjuges. 
Por qual dos motivos que podem causar o fim do casamento, seja por invalidade, separação, 
divorcio ou morte, haverá a necessidade de se efetivar a partilha de bens. A perfeita atenção aos preceitos 
legais acerca da questão do regime de bens é primordial para que se faça uma divisão patrimonial 
adequada e que não venha a gerar prejuízos a nenhum dos lados. 
 
ISSN 18088449 2
 
Regime de bens do casamento 
 Não há casamento que não seja regulado por um regime de bens, também aplicado á união estável, 
sendo que o silêncio da escolha enseja a imposição do regime legal, qual seja o da comunhão parcial de 
bens, como especifica o Art. 1640 do Código Civil: Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, 
vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. O regime de bens do 
casamento está associado á extensão da comunicabilidade patrimonial, podendo ser desde o regime da 
comunhão universal de bens ao regime parcial de bens. O regime da comunhão universal de bens, 
conforme o artigo 1667 do Código Civil, a comunicabilidade patrimonial atinge os bens presentes e futuros 
dos cônjuges e suas dívidas passivas, mas com exceções no artigo 1668 do referido Código. No caso do 
regime da comunhão parcial de bens, é a comunicabilidade do patrimônio adquirido após a realização do 
casamento que fazem parte do conjunto de bens do casal, nos termos do artigo 1658 do Código Civil. 
 Tem ainda duas modalidades de regime de bens, que são a participação final nos aquestos e o 
regime de separação de bens. O primeiro, previsto no artigo 1672, pressupõe que cada cônjuge possui 
patrimônio, e lhe caberá direito a metade dos bens adquiridos pelo casal no período em que a união 
perdurou. Já o regime de separação de bens, que expõe os artigos 1687 e 1688, pressupõe uma 
incomunicabilidade patrimonial plena, pertencendo a cada cônjuge o adquirido no decorrer do casamento. 
Ademais, os nubentes poderão estabelecer o seu próprio contrato antenupcial, desde que não 
determinem clausula contrária á lei, como expõe o artigo 1655 do Código Civil. 
 
FGTS e Partilha 
 O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS foi criado pela Lei nº 5.107, de 13 de setembro 
de 1966 e vigente a partir de 01 de janeiro de 1967, para proteger o trabalhador demitido sem justa causa. 
 O trabalhador tem um credito vinculada a sua própria conta, procedente da execução do contrato de 
trabalho, podendo vir a serem sacados pelo empregado por ocasião de sua demissão sem justa causa ou 
demais hipóteses previstas em lei. 
 De todo o exposto brevemente acolhido e demonstrado observa-se um instituto importante e 
irrefutável que será objeto maior do devido estudo, seja ele o FGTS. É um instituto jurídico banhado de uma 
complexidade, por ser de fato multidimensional. Com clareza é viável a importantíssima dimensão que tal 
objeto faz parte, quer seja na área trabalhista, a qual ganha maior importância. 
 Inicialmente, em termos históricos, foi tratado na Constituição Federal de 1934, o qual previa que 
neste documento seria assegurado um salário de um ano caso, por algum motivo, a empresa viesse a 
extinguir. Neste sentido foi constituído na Lei n. 3.470 de 1958 a obrigatoriedade das empresas em depositar 
no fundo a cota inicial de 3% sobre o total da remuneração mensal bruta, excluído o 13º salário. 
 O FGTS foi tempos depois objeto de novas mudanças como pela Lei n. 5.107 de 1966, incialmente 
como um sistema alternativo quanto à estabilidade e quanto ao caráter indenizatório postulado pelos 
trabalhadores diante a CLT. Tal fundo era submetido dentre as opções diante o contrato laboral por parte do 
trabalhador, ainda prevendo a lei a opção retroativa ao longo do contrato até então não inserido no sistema 
do FGTS. 
 A Constituição democrática cidadã de 1988 elimina e determina que o FGTS seja o sistema único e 
expandindo o sistema para o mercado empregatício do país, quer seja na área urbana, quer seja na rural, 
todo o exposto com fulcro no artigo 7º, III da CRFB-88. Atualmente, o regulamenta o FGTS é a lei n. 8.036 
de 1990 que o define em seu artigo 2º: “O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que se 
refere esta Lei e outros recursos a ele incorporados, devendo ser aplicados com atualização monetária e 
juros, de modo a assegurar a cobertura de suas obrigações.”. 
ISSN 18088449 3
 
 O Fundo de Garantia por tempo de serviço – FGTS consiste em recolhimentos pecuniários mensais, 
em conta bancária vinculada em nome do trabalhador, conforme parâmetro de cálculo estipulado 
legalmente, podendo ser sacado pelo obrei-o em situações específicas pela ordem jurídica, sem prejuízo de 
acréscimo percentual, porém, o conjunto global e indiferenciado de depósitos em fundo social de destinação 
legalmente especificada. (DELGADO,2014, p. 1336-1337). 
 
Partilha do FGTS 
 O momento do depósito é quando o FGTS passa a integrar o patrimônio do trabalhador. Então como 
se dará a partilha em caso de divórcio? 
 Existe decisão do STJ no sentido de admitir a divisão de créditos trabalhistas em caso de divórcio, 
pois o mesmo entende que os valores recebidos pelo cônjuge trabalhador e destinados ao Fundo de 
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) integram o patrimônio comum do casal e, dessa forma, devem ser 
partilhados em caso de divórcio. 
 Para o advogado Rodrigo da Cunha Pereira, presidente do Instituto Brasileiro de direito de família 
(IBDFAM): “em algum momento entendia-se que não era partilhável, em razão de sua natureza jurídica, e, 
em outros que sim, já que fazia parte do trabalho. Então, hoje, o STJ coroa uma decisão que era tendência, 
de partilhar o fundo de garantia, cuja aquisição se deu na constância do casamento e este, obviamente, no 
regime de comunhão universal ou de comunhão parcial de bens.” 
A partilha do FGTS, dependendo do tipo de divórcio, poderá ser garantida por meio de acordo 
escrito e, no caso de divórcio litigioso, o juiz poderá determinar na sentença a partilha. Importante observar 
que o fato de divorciar-se não significa a partilha imediata do FGTS, pois existem regras do direito do 
Trabalho para levantar o fundo de garantia que não caminham com o direito de família, e só será efetivado 
no momento que for levantado o FGTS, cabendo a cônjuge a metade do montante adquirido no período da 
relação matrimonial. 
Metodologia
No que concerne o referido artigo fora utilizado a pesquisa qualitativa em vias de dados 
bibliográficos e jurisprudenciais quanto à metodologia. Foram objeto de análise jurisprudências do Tribunal 
Superior do Trabalho - (TST), como também entendimentos fundados no Superior Tribunal de Justiça – 
(STJ). A consolidação das leis do trabalho e a referida Lei 8.036 de 1990 – lei do FGTS. 
Resultados e Discussão
 A Constituição Federal da República Federativa do Brasil é posto que a família seja a base da 
sociedade, consagrada no art. 226, sendo exposta com todas as suas peculiaridades no que consta tratar-se 
de família nos dias atuais, ou seja, famílias heterossexuais, homoafetivas, unipessoal, outrora famílias com 
duas pessoas ou mais – poli amor, entre outras. É mister acrescentar que a realidade está além da esfera 
matrimonial, considerando-se também a opção de convivência, ou seja a união estável devidamente 
reconhecida e todas com a devida proteção estatal. Sendo assim, conclui-se que o direito de família 
encontra-se em constantes atualizações decorrentes do comportamento societário, mudanças que refletem 
em todas as áreas do ordenamento jurídico. 
 Na esfera do casamento atem-se em si a junção de vidas, sentimentos e mais além, a construção 
patrimonial dos envolvidos na relação do casal. 
 É afirmado doutrinária e legalmente que na constância do casamento sob o viés patrimonial é 
evidente de logo a escolha expressa do regime de bens. Vale acrescentar que se aplica também para a 
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união estável. A formalidade de tal escolha encontra-se no quesito da comunicabilidade e os limites dos 
bens de cada cônjuge ou companheiro, verificando-se dois principais tipos: a comunicação universal de 
bens e o regime de separação convencional, sendo que este possui menor extensão e aquele a maior 
extensão, ou seja, maior comunicabilidade do acervo patrimonial. Outrora, o regime parcial de bens irá se 
comunicar tão somente os bens conjuntamente auferidos na constância do casamento, cabendo às devidas 
exceções que a legislação apresenta, assim como o uso do FGTS, como um bem a ser partilhado sob o fim 
de um matrimônio e acerca do regime de bens do casal. 
 O princípio da indisponibilidade do direito trabalho e o princípio da autonomia da vontade abarca a 
discussão sobre a partilha, pois bem, o primeiro sendo trabalhado no contingenciamento da liberdade 
obreira perante as vontades reiteradas do empresário, ou seja, ficaria totalmente limitado a suas exigências 
e chegaria a desigualdades extremas, outrora o princípio da autonomia da vontade defende a liberdade que 
o empregado arca para pactuar sob o que lhe for de bom grado. 
O FGTS é um direito indisponível por tratar-se de interesse público, e possuindo tal natureza jurídica 
não afasta do empregador o dispêndio do recolhimento em favor do empregado, sendo em conta vinculada 
a Caixa Econômica Federal. 
Todavia, deverá ater-se que grande parte da doutrina leciona que recairá sob os direitos disponíveis.
 No âmbito civil, parte da doutrina firma entendimento sobre a incomunicabilidade dos proventos 
trabalhistas e arguem sobre o caráter personalíssimo, sendo exclusivo de quem recebe tal pecúnia. Dentre 
os que lecionam nessa linha pode-se citar: Orlando Gomes, Fabio Ulhoa Coelho, Arnaldo Rizardo e Maria 
Helena Diniz, na qual entende que este provento é incomunicável em sua percepção, e assim não 
justificando a reputação do salário de um em nome do outro. 
 Em contrapartida há os doutrinadores com outro apontamento acerca da matéria, sendo eles Maria 
Berenice Dias e Sílvio de Salvo Venosa. A doutrinadora Maria Berenice salienta que por optar a 
incomunicabilidade de tais bens, é abrir espaço para a injustiça, na qual recairá em privilégio o cônjuge ou 
companheiro o qual exerce atividade laboral com a devida remuneração e vê-se o outro prejudicado. 
O casamento ou a união estável não corrobora para tal prejuízo, pois se define união como ganho 
para ambos, gerando comunhão de vidas e assistência de um perante o outro, não dando espaço então 
para o não compartilhamento dos rendimentos. 
Não somente em apontamentos doutrinários encontra-se a supracitada discussão. Vale acrescentar 
os entendimentos do Superior Tribunal de Justiça, posicionando de modo favorável à comunicabilidade da 
partilha do FGTS no divórcio. 
 
A devida discussão apresentada é eficaz, ora o patrimônio constituído do casal por vias de já sacado 
o FGTS e ter feito os dispêndios, é verossímil a necessidade da partilha. Não somente outros julgados fora 
objeto de análise, a seguir: 
RECURSO ESPECIAL. CASAMENTO. REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE 
BENS. DOAÇÃO FEITA A UM DOS CÔNJUGES. 
INCOMUNICABILIDADE. FGTS. NATUREZA JURÍDICA. 
PROVENTOS DO TRABALHO. VALORES RECEBIDOS NA 
CONSTÂNCIA DO CASAMENTO. COMPOSIÇÃO DA MEAÇÃO. SAQUE 
DIFERIDO. RESERVA EM CONTA VINCULADA ESPECÍFICA. 1. No regime de 
comunhão parcial, o bem adquirido pela mulher com o produto auferido mediante a 
alienação do patrimônio herdado de seu pai não se inclui na comunhão. 
Precedentes. 2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do ARE 709.212/DF, 
debateu a natureza jurídica do FGTS, oportunidade em que afirmou se tratar de 
"direito dos trabalhadores brasileiros (não só dos empregados, portanto), 
consubstanciado na criação de um pecúlio permanente, que pode ser sacado 
pelos seus titulares em diversas circunstâncias legalmente definidas (cf. art. 20 da 
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Lei 8.036/1995)". (ARE 709212, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal 
Pleno, julgado em 13/11/2014, DJe-032 DIVULG 18-02-2015 PUBLIC 19-02-2015). 
5. Assim, deve ser reconhecido o direito à meação dos valores do FGTS auferidos 
durante a constância do casamento, ainda que o saque daqueles valores não seja 
realizado imediatamente à separação do casal. 6. A fim de viabilizar a realização 
daquele direito reconhecido, nos casos em que ocorrer, a CEF deverá ser 
comunicada para que providencie a reserva do montante referente à meação, para 
que num momento futuro, quando da realização de qualquer das hipóteses legais 
de saque, seja possível a retirada do numerário. 7. No caso sob exame, entretanto, 
no tocante aos valores sacados do FGTS,que compuseram o 
pagamento do imóvel, estes se referem a depósitos anteriores ao casamento, 
matéria sobre a qual não controvertem as partes. 8. Recurso especial a que se 
nega provimento. Processo: REsp 1399199 / RS 
RECURSO ESPECIAL 2013/0275547-5. Relator (a): Ministra MARIA ISABEL 
GALLOTTI. Relator (a) para Acórdão: Ministro Luis Felipe Salomão; Órgão 
Julgador: Segunda Seção. Data do Julgamento: 09/03/2016. Data de 
publicação/fonte: DJe 22/04/2016. 
 
No STJ, a relatora do recurso especial, ministra Isabel Gallotti, posicionou-se favoravelmente à 
divisão de valores sacados por ambos os cônjuges durante o casamento, de forma proporcional aos 
depósitos feitos no período, investidos em aplicação financeira ou na compra de quaisquer bens. Ressalva 
para o caso de saldo não sacado da conta vinculada do FGTS, pois segundo a ministra ele teria natureza 
personalíssima, sendo impossível entrar na partilha. 
Com entendimento acompanhado pela maioria dos ministros da seção, todavia, em fundamentação 
diferente à relatora, o ministro afirmou que os valores recebidos pelo trabalhador mensalmente durante a 
constância do relacionamento, integram o patrimônio comum do casal, devendo, por isso, ser objeto de 
partilha, havendo ou não o saque de valores do fundo durante o casamento. Acrescentou também: “os 
valores a serem repartidos devem ser destacados para conta específica, operação que será realizada pela 
Caixa Econômica Federal, Agente Operador do FGTS, centralizadora de todos os recolhimentos, 
mantenedora das contas vinculadas em nome dos trabalhadores, para que num momento futuro, quando da 
realização de qualquer das hipóteses legais de saque, seja possível a retirada do numerário e, 
consequentemente, providenciada sua meação”(O caso julgado pelo STJ está em segredo de justiça) 
Sobre esta interpretação não estão todos os órgãos seguindo tal entendimento, ainda há muita 
discussão e posicionamentos diferenciados indo contra o atual entendimento do Superior Tribunal de 
Justiça. 
Conclusão
O atual entendimento do Superior Tribunal de Justiça reconhece que o FGTS pode ser partilhado 
após a separação do casal. Também é preciso observar o regime de bens instaurado no contrato pré-
nupcial dos nubentes, assim como na separação conjugal, já que não constitui mais vínculo entre o casal 
que se encontram separado. Vale salientar que todos os dispêndios auferidos por ambos, ou um ou outro 
cônjuge durante a vigência do casamento, partilham sim na separação os bens constituídos. Tomando os 
devidos cuidados quanto ao órgão operador do FGTS para a meação, é possível a comunicabilidade do bem 
ora expressado. 
 
Referências
 
BRASIL, Código Civil. 21 ed. São Paulo: Saraiva: 2016. 
BRASIL, Constituição da república Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998. 
ISSN 18088449 6
 
Câmara dos Deputados. Câmara aprova estatuto da família a partir da união de homem e mulher 
Disponível em:<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/DIREITOS-HUMANOS/497879-
CAMARA-APROVA-ESTATUTO-DA-FAMILIA-FORMADA-A-PARTIR-DA-UNIAO-DE-HOMEM-E-
MULHER.html>. Acesso em 10 de julho de 2016. 
Consultor Jurídico:FGTS entra na partilha de bens em caso de divórcio, define 2º seção do STJ 
Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-mar-11/fgts-entra-partilha-bens-divorcio. Acesso em 5 de 
Julho de 2016 
CUNHA, Leandro Reinaldo. Identidade e Redesignação de Gênero Ed. Lumen Juris 2015 
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 13. Ed. São Paulo: LTr.2014. 
FGTS pode ser partilhado após o casamento, decide o STJ. Data da publicação: 09/03/2016. Disponível 
em:<http://www.ibdfam.org.br/noticias/5932/+FGTS+pode+ser+partilhado+ap%C3%B3s+t%C3%A9rmino+do
+relacionamento,+decide+STJ>. Acesso em 13 de julho de 2016 
IBDFAM: Instituto Brasileiro de Direito de Família. Disponível em: < http://www.ibdfam.org.br/>. Acesso 
em 20 de julho de 2016 
LÔBO, Paulo. Direito Civil – famílias. 4. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 
REALE. Miguel. Função Social da Família. Disponível em: 
<http://www.miguelreale.com.br/artigos/funsoc.htm>. Acesso em: 18 julho de 2016 
Recurso Especial n. 1399199/RS – Rio Grande do Sul. Relatora: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI. 
Relator para Acórdão: Ministro Luís Felipe Salomão. Pesquisa de Jurisprudência. Acórdãos Data do 
Julgamento: 09/03/2016. Data de publicação/fonte: DJe 22/04/2016. Disponível em: 
<https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1489564&num_
registro=201302755475&data=20160422&formato=PDF>. Acesso em 25 de Junho de 2016. 
TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 1999 
Agradecimentos
 Agradecemos à Universidade de Fortaleza pelo evento científico e a oportunidade em participar, 
assim buscando melhorias para com o ensino e aprendizado. 
 Agradecemos a Professora Dra. Aline Passos pela paciência, persistência, dedicação para a 
desenvoltura deste trabalho e as ricas aulas expositivas que as faz com muita simplicidade e conhecimento.

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