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Texto Complementar 3 Análise dos efeitos gerados pelo custeio por absorção

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Análise dos Efeitos Gerados pelo Custeio por 
Absorção na apuração do lucro para Tributação de 
uma Indústria1 
 
Wilmar José de Oliveira2 
 
Sebastião Eustáquio Pereira3 
 
Resumo 
O artigo analisa possíveis efeitos gerados na apuração do lucro real de 
uma indústria decorrentes da exigência de se utilizar o Método de Custeio por 
Absorção para apropriação dos custos de fixos de produção. 
Foram elaboradas análises e reflexões sobre a teoria e a prática da 
contabilização dos custos, os quais resultaram nas hipóteses em que se 
baseou este estudo, a primeira, é analisar se o governo obtém algum tipo de 
benefício com a possível antecipação do imposto a ser recolhido com a adoção 
do Método do Custeio por Absorção , e a segunda , se há sentido atualmente a 
obrigatoriedade do uso deste custeio, que pode estar gerando um custo 
adicional a empresa. 
 
Palavras-chave 
Absorção, Efeitos, Indústria, Governo e Tributação 
 
Analysis of the Effect Generated for Custeio for 
Absorption in the verification of the profit for Taxation 
of an Industry1 
 
Summary 
 The article analyzes possible effect generated in the verification of the 
real profit of an Industry decurrent of the requirement of if using the Method of 
Expenditure fo Absorption for appropriation of the costs of production fixtures. 
 Analyses and reflections on the theory and the pratical one of the 
accounting of the costs had been elaborated, which had resulted in the 
hypothesis where if it based this study, the first one, that it is to analyse if the 
government gets some type of benefit with the possible anticipation of the tax to 
be collected with the adoption of the Method of Custeio for Absorption , and the 
second , if has currently felt the obligatoriness of the use of this defrays, that it 
can be generating and additional cost the company. 
 
Keywords 
 
Absorption, Effect, Industry, Government and Taxation 
 
 
1
 Trabalho desenvolvido na graduação em Ciências Contábeis da UCB 
2
 Bacharelando do 1º semestre de 2003 Curso de Ciências Contábeis da Universidade Católica de Brasília 
3
 Professor Orientador do Trabalho 
2 
 
 
 
 
 
 
1.INTRODUÇÃO 
 
 
 
Este artigo realiza um estudo comparativo dos efeitos nos estoques e 
nos resultados de uma indústria hipotética, caso sejam adotados o Método de 
Custeio Variável ou o Método de Custeio por Absorção, único admitido pelo 
Fisco para fins de apuração do lucro para tributação. 
Vários pesquisadores já se perguntaram o por que, ainda, da 
obrigatoriedade de se ratear os custos de produção apenas pelo custeio por 
absorção para fins fiscais e vários estudos já foram desenvolvidos com vistas a 
dar uma resposta conclusiva sobre esta questão, que reflete sobre os 
Princípios Fundamentais de Contabilidade, mas até hoje não há uma resposta 
definitiva para este questionamento. 
 
 No Método de Custeio por Absorção, todos os custos que possam ser 
relacionados com a produção, estando vinculados diretamente ou 
indiretamente aos produtos são alocados aos bens fabricados. Nos custos que 
se relacionam diretamente aos produtos é fácil fazer sua alocação aos 
mesmos, eles podem ser identificados como parte integrante de um ou de outro 
produto. 
 
Mas o que ocorre com os custos indiretos no processo produtivo é 
diferente, já que não se pode afirmar de maneira precisa o quanto cada produto 
foi responsável pelo montante incorrido dos mesmos. Desta maneira eles só 
podem ser alocados mediantes critérios de rateio. É justamente isso que torna 
o método vulnerável, em termos de decisão, não só para quem está 
elaborando as informações, como também para quem vai analisar um 
demonstrativo elaborado para fins de Imposto de Renda (Governo Federal) que 
foi elaborado por este método. 
 
Através da simulação das Demonstrações de Resultado do Exercício de 
uma Indústria hipotética, envolvendo algumas situações com variações no nível 
de estoques com a utilização dos dois métodos de custeio diferentes , Custeio 
por Absorção e Custeio Variável, poderemos constatar mais claramente os 
efeitos os quais pretendemos abordar. 
 
A questão que se coloca é por que, mesmo dentro da moderna forma de 
produção e administração de estoques das indústrias atuais, continua sendo 
obrigatório para fins fiscais o uso do método de Custeio por Absorção na 
valorização de estoques? Conclusões sobre o assunto explorado serão 
relatadas ao final deste estudo. 
 
 
3 
 
2.REVISÃO CONCEITUAL 
 
Neste estudo, será comparado os métodos de Custeio por absorção e o 
Método de Custeio Variável (ou Direto), analisando suas principais 
divergências no que diz respeito à apropriação dos custos de produção por 
cada método. 
Para Martins, o Método de Custeio por Absorção é o método que 
consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, 
e só os de produção, sendo que nele todos os gastos relativos a esforço de 
fabricação são distribuídos para todos os produtos feitos. (MARTINS, 2000). 
Conforme a afirmação do autor supra citado “...só os de produção,...”, é 
de suma importância que saibamos distinguir claramente os custos ligados à 
fabricação dos produtos dos custos do período, pois o segundo 
independentemente do método de custeio a ser adotado, figurará sempre 
como despesas na demonstração de resultado do período em que elas 
ocorreram, obedecendo o regime de competência. 
Leone define custeio por absorção como aquele que faz debitar ao custo 
dos produtos todos os custos da área de fabricação, sejam esses custos 
definidos como custos diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, de estrutura ou 
operacionais, observando ainda que o procedimento é fazer com que cada 
produto (ou serviço) absorva uma parcela dos custos diretos e indiretos 
relacionados à fabricação. (LEONE, 2000). 
Para Horngren o Custeio por Absorção é definido como o método de 
custeio de estoque no qual todos os custos de fabricação, variáveis e fixos, são 
considerados custos inventariáveis, ou seja, o estoque absorve todos es custos 
da produção. Horngren ainda explica que os custos inventariáveis são os 
custos associados à aquisição e conversão de materiais e de todos os insumos 
em produtos destinados à venda, sendo que estes custos são primeiramente 
registrados como um ativo e subseqüentemente se transformam em despesa, 
quando os produtos são vendidos. (HORNGREN, 2000). 
Martins referindo-se ao Custeio Variável, oferece o entendimento de 
que esse método significa a apropriação de todos os custos variáveis, quer 
diretos quer indiretos, e tão somente os variáveis, ficando os custos fixos 
separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o 
resultado, ficando então nos estoques só os custos variáveis.(MARTINS, 2000) 
Leone referindo-se ao Custeio Variável, o qual prefere listar as 
qualificações básicas que necessitam ser atendidas para se chegar ao custo do 
produto, diz: “ ...que os custos sejam diretamente relacionados ao objeto cujo 
custo está sendo apurado e que ele seja variável em relação há um parâmetro 
operacional representativo da operação que está sendo custeada”. 
(LEONE, 2000). 
Cada autor procura dar, de forma individual, uma definição de cada 
método, nas quais fica bastante clara a distinção entre os dois métodos, 
ficando entendido que a diferença é decorrente do tratamento que é dado aos 
custos fixos dos produtos, que no Método de Custeio por Absorção vai para os 
estoques e no Método de Custeio Variável vai diretamente para o resultado do 
período em que incorreram. 
 
4 
 
 
 
CUSTOS
FIXOS
PRODUÇÃO
CUSTO 
DO
PRODUTO 
BALANÇO
PATRIMONIAL
ATIVO
DRE
RECEITA VENDAS
CPV________
L. OPER. BRUTO
REC. OPERACIONAISDESPESAS OPERAC.
FLUXO DO CUSTO
FIXO X CUSTEIO
ADOTADO
ESTOQUES
( CUSTO
INVENTARIÁVEL)
CUSTEIO VARIÁVEL
NÃ
O
VE
ND
ID
O
CUSTEIO ABSORÇÃO
VENDIDO
 
Fig.1 . Fluxo do custo fixo de produção de acordo com o método de custeio adotado. 
 
 
3.TRIBUTAÇÃO INCIDENTE SOBRE O LUCRO LÍQUIDO 
 
 
De acordo com a legislação , a base de cálculo do imposto é o montante 
real, arbitrado ou presumido da renda ou dos proventos tributáveis. As duas 
últimas são pouco usadas e não tem a importância da primeira, que é chamada 
de apuração pelo chamado Lucro Real, onde se enquadra a maioria das 
grandes empresas do país. (RIR / 99). 
O chamado Lucro Real é aquele apurado levando-se em consideração o 
resultado contábil do período, ajustado pelas adições, exclusões e 
compensações, de acordo com a Lei e determinado pelo Regulamento do 
Imposto de Renda do exercício. Aplicam-se também a Contribuição Social os 
mesmos ajustes ao lucro líquido previstos para o Imposto de Renda. (RIR / 99). 
O Imposto de Renda devido corresponde à aplicação de uma alíquota 
de 15% sobre o lucro tributável, acrescido de 10% sobre a base anual que 
exceder a R$ 240.000,00. (RIR / 99). 
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, CSLL, que tem a sua base 
de cálculo apurada da mesma forma que o Imposto de Renda, tem a sua 
alíquota em 2003 fixada em 9%. (Lei nº 10.637/02, art. 37). 
 
 
5 
 
Baseado nos índices fornecidos pela legislação fiscal em vigor, 
podemos observar que a tributação incidente sobre o lucro de uma Indústria é 
considerávelmente alta, e por isto o método de custeio adotado, que tem 
implicação direta no lucro das empresas , é uma importante variável a ser 
administrada pelas políticas gerenciais adotadas. 
 
 
4. POR QUE A OBRIGAÇÃO DE UTILIZAR O CUSTEIO 
POR ABSORÇÃO? 
 
Primeiramente , pelos aspectos legais, de acordo com a Lei 6.404, de 15 
de dezembro de 1976 (Lei das S.A.’s), na parte que se refere a critérios de 
mensuração do Ativo, encontramos: 
 
Art. 183. No balanço os elementos do ativo serão avaliados segundo 
os seguintes critérios: 
II – os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do 
comércio da companhia, assim como matérias primas, produtos em 
fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou 
produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, 
quando este for inferior; 
 
De acordo com a lei, há uma determinação para que se avalie pelo custo 
de aquisição ou de mercado, dos dois o menor. Quanto ao custo de produção, 
não há uma determinação explícita de como mensurá-lo, porem, na parte 
referente à Escrituração, encontramos o seguinte: 
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros 
permanentes , com obediência aos preceitos da legislação comercial 
e desta lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, 
devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no 
tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de 
competência. 
 
Assim, a lei determina a obediência aos princípios contábeis. Iudícibus 
comenta que pelo princípio de competência e da confrontação de receitas não 
é possível considerar no resultado do período, antes da realização da venda 
dos produtos, os custos fixos necessários à obtenção dos mesmos. Conforme 
o previsto pelos Princípios Contábeis, é necessário ativar estes custos nos 
estoques, e isto só é possível através do uso do Custeio por Absorção. 
(IUDÍCIBUS, 2000). 
Pelo aspecto Fiscal, que exerce grande influência na decisão das 
empresas quanto à elaboração dos demonstrativos, na legislação fiscal, mais 
especificamente no (RIR/99), a seguinte determinação é encontrada, quanto ao 
que deve fazer parte da composição dos custos de produção: 
Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços compreenderá, 
obrigatoriamente: 
I – o custo de aquisição de matéria-prima e quaisquer outros bens ou 
serviços aplicados ou consumidos na produção; 
6 
 
II – o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão 
direta, manutenção e guarda das instalações da produção; 
III – os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de 
depreciação dos bens aplicados na produção; 
IV – os encargos de amortização diretamente relacionados com a 
produção; 
V – os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na 
produção. 
Desta maneira vemos que o Fisco entende que todos os custos, fixos e 
variáveis, devem integrar o custo de produção, e isto só é possível se fizermos 
o rateio dos custos, ou seja, devemos utilizar o Método de Custeio por 
Absorção. 
 
5. EFEITOS GERADOS PELO CUSTEIO POR 
ABSORÇÃO 
 
Vamos procurar abordar neste tópico os respectivos efeitos gerados 
pelo custeio por Absorção, citados por pesquisadores e estudiosos do assunto, 
a fim de fazermos uma avaliação mais concreta dos mesmos. 
Martins, na obra citada, enumera três grandes problemas do Método de 
Custeio por Absorção. (MARTINS, 2000). 
Primeiro Martins enfatiza que, como os custos fixos existem 
independentemente do volume fabricado, dentro de certos limites, sendo muito 
mais um encargo para a indústria operar, do que sacrifício para se obter a 
unidade fabricada. 
Outra problema citado por ele é a já mencionada arbitrariedade quando 
se realizam os rateios dos custos fixos aos produtos, o que pode fazer com 
que, dependendo dos critérios usados, se transforme um produto em mais ou 
menos rentável, ou até mesmo transformar um produto que de uma maneira 
estaria dando lucro em um produto deficitário, ou vice-versa. 
A terceira crítica citada é o fato do custo fixo unitário acabar dependendo 
do volume de produção, o que pode até gerar um paradoxo, pois se 
eventualmente para melhorar a empresa decidirmos reduzir o volume de 
produção de um produto, devido ao mesmo não estar sendo lucrativo, a 
situação do produto deverá ficar pior, pois o produto ficará ainda mais caro 
para produzir, por unidade, o que pode acabar gerando um círculo vicioso. 
Outra grande distorção provocada por esta característica é que o custo de um 
produto acaba sendo dependente não só de si mesmo, mas principalmente da 
quantidade de outros produtos fabricados pela empresa, no período. 
Após demostrar que pode haver alguns pontos de equilíbrio com um 
demonstrativo de resultados elaborado de acordo com o Custeio por Absorção, 
Horngren afirma que este método pode ser utilizado para aumentar o lucro 
operacional, por meio do artifício de aumentar a produção e posterior 
estocagem, mesmo quando não houver demanda imediata para esta produção 
adicional, e que esta é a principal conseqüência negativa do tratamento do 
custo de fabricação indireto e fixo como custos do produto, observando ainda 
que essas conseqüências negativas poderiam ser realçadas pela utilização de 
7 
 
variáveis financeiras e não financeiras na avaliação do desempenho. 
(HORNGREN, 2000). 
No custeio Variável os custos fixos do período são imediatamente 
incorporados ao resultado, fazendo com isto diminuir o Lucro Líquido, tendo 
havido ou não a venda dos produtos da empresa. No Custeio por Absorção, 
por sua vez, os custos fixos não são incorporados diretamente para o período, 
mas sim rateados aos produtos, permanecendo em estoques e só vão para o 
resultado quando ocorrer a venda efetiva destes produtos. (LEONE, 2000). 
Portanto, se compararmos os dois métodos, à primeira vista pareceria 
que o custeio por absorção deveria resultar em um custo menor e 
consequentemente um receita maior, o que significaria um lucro tributável 
maior no período, e portanto um valor maior dos tributos a serem recolhidos 
pela indústria. 
 
Porém, isto já não resiste a uma análise mais detalhada, pois como no 
custeio por absorção o resultado não depende só das vendas, mas também do 
nível de produção, seanalisarmos veremos que se o nível do estoque aumenta 
durante um período contábil, o custeio por absorção apresentará um lucro 
maior que o custeio variável, uma vez que os custos fixos ficarão em estoque 
e consequentemente os custos das vendas será menor. Entretanto, se o nível 
de estoques diminuir no mesmo período, deverá ocorrer o contrário, ou seja, o 
lucro menor será obtido pelo custeio por absorção (fig. 2) 
(GARRISON , 2001). 
Dados Básicos 
 
Preço Venda por unid.................................................................................................... 25,00 
Custo produção Variável / unid.................................................................................... 10,00 
Custo Indireto fixo de produção/ano............................................................................. 300000,00 
 
 
 Ano 1 Ano 2 Ano 3 
Unidades no estoque inicial 0 0 10000 
Unidades produzidas 40000 50000 30000 
Unidades Vendidas 40000 40000 40000 
Unidades no estoque final 0 10000 0 
 
 
Custos Unitários dos Produtos 
 
Pelo Custeio Variável ( apenas custos de fabric. Variáveis) 10,00 10,00 10,00 
 
Pelo Custeio por absorção 
Custos de fabricação variáveis 10,00 10,00 10,00 
CIF de produção ( 300.000 / total de unid. Produzidas) 7,50 6,00 10,00 
 
Custo total por unid. Segundo o Custeio por Absorção 17,50 16,00 20,00 
 
Fig.2 . Sensibilidade dos Métodos de custeio às variações de Produção – Dados 
Hipotéticos. 
 
8 
 
Após analisarmos o comportamento dos custos fixos de produção da 
nossa indústria hipotética (fig. 2 ), fica evidenciado a sensibilidade do método 
de custeio por absorção às variações no nível de produção. Do ano 1 para o 
ano 2, houve um aumento da produção mantendo-se estável o volume das 
vendas, o que implicou numa redução do custo unitário do produto devido a um 
alargamento na base de rateio do custo fixo ( quantidade de unid. produzidas). 
Já no período subsequente, ano 2 para ano 3, nota-se que houve uma queda 
na produção gerando uma diminuição na base de rateio o que fez com que o 
custo unitário aumentasse considerávelmente, que é uma conseqüência 
natural, pois é praticamente incoerente para uma empresa aumentar 
indefinidamente seus estoques em relação ao período anterior. 
Garrison afirma que: “É impossível para qualquer empresa continuar 
indefinidamente reduzindo seus estoques em relação ao exercício anterior.”, 
logo perceberemos que a médio e longo prazos, as divisões de receita dos 
Fiscos não irão obter vantagens com a obrigação do uso do custeio por 
absorção pelas empresas. (GARRISON , 2001). 
Pelo que foi visto até este ponto, conclui-se que o Método de Custeio 
por Absorção torna-se obrigatório na elaboração dos demonstrativos 
financeiros, para fins fiscais. Com isto, Neves afirma que o Fisco esteja 
procurando de alguma maneira garantir que os impostos incidentes sobre o 
lucro sejam arrecadados em um intervalo de tempo mais breve possível, e que 
esta seja a causa de sua decisão de obrigar a adoção desse método de 
custeio. (NEVES, 2000). 
Será que isto ainda representa a verdade do mercado atual? No próximo 
tópico encontram-se algumas considerações que poderão auxiliar na resposta 
desta pergunta. 
 
 
6. MERCADO ATUAL E SISTEMA JUST-IN-TIME 
 
“Os últimos anos foram de profundas mudanças na economia mundial, 
com fortes impactos na realidade brasileira, com a abertura de mercado 
promovida pelos últimos governos e a conseqüente competitividade resultante 
entre as empresas.” (GUERREIRO,2001). 
Segundo Guerreiro, as indústrias nacionais tiveram que se adaptar a 
estas mudanças, procurando meios para se manter no mercado. Com o 
mercado aberto, não são mais as empresas, de maneira geral, que impõe os 
preços, mas elas tem que aceitar o preço praticado no mercado e procurar 
ajustar suas margens a este preço. (GUERREIRO, 2001). 
Mas, se os preços não são uma variável fácil de se manipular, a única 
maneira de se conseguir margens é empurrando seus custos para baixo, com o 
mínimo de prejuízo na qualidade de seus produtos, para não sair perdendo em 
termos de competitividade. 
Isto obriga então indústrias a produzirem quase que exatamente o que é 
necessário no momento, ou seja, “ produzir o que vai se vender hoje”, o que fez 
nascer o novo conceito de produção Just-in-Time, que procuraremos fazer uma 
breve abordagem, para estudar suas características. 
9 
 
O termo Just-in-Time de produção, significa ter os estoques tendendo a 
zero, ou seja, só produzir o que vai se vender no momento. Apesar de parecer 
um conceito simples, ele envolve uma revolução nos conceitos de produção, 
desde a compra dos insumos, passando pela produção e estocagem, até a 
venda e entrega das mercadorias. (GARRISON , 2001). 
Segundo Horngren, just-in-time é um sistema no qual os materiais 
chegam exatamente à medida que são necessários. A demanda direciona a 
solicitação ou a produção de qualquer material, e a entrega imediata elimina o 
tempo de espera e a necessidade de estoques. O conceito envolve vários 
elementos, entre eles o de compras e produção just-in-time. 
(HORNGREN, 2000). 
Agora surge o questionamento: Com um sistema de produção tão 
moderno, que método de custeio utilizar? Como já foi abordado anteriormente, 
a manutenção dos estoques a níveis baixíssimos faz com que aquelas 
diferenças que antes haviam ao se mensurar o lucro do período, com o uso ou 
do custeio por absorção ou do custeio variável, agora fiquem reduzidas, e às 
vezes, até zeradas.( Ver fig. 2, Anexo ). 
Então, mesmo que se admitisse a existência de vantagens do Fisco com 
o custeio por absorção, agora com os estoques tendendo a zero, ele não teria 
mais nenhuma vantagem financeira. Além de estar penalizando as empresas, 
que se vêem na obrigação de manter dois sistemas em paralelo, um para 
atender a legislação fiscal e outro para atender as suas necessidades de 
informações úteis para fins de decisões gerenciais. 
De acordo com o ( RIR/99 ) ,o Imposto de Renda e a Contribuição Social 
são calculados sobre o lucro e devem ser recolhidos no prazo regulamentar 
pelas empresas. Mas se a empresa tiver registrado prejuízo fiscal em 
exercícios anteriores, ele pode ser usado para compensar esses prejuízos, 
obedecendo a algumas regras já definidas e regulamentadas pela legislação. 
E essa situação pode acarretar que, dependendo da situação da 
empresa, poderia ser mais interessante para ela, em determinado exercício, 
apresentar um lucro tributável maior ou menor, de acordo com sua 
conveniência de compensar prejuízo neste exercício ou aguardar para 
exercícios seguintes. 
Outra conseqüência que pode estar ocorrendo também, é o controle dos 
custos do exercício com o uso de artifícios visando alterar a divisão de 
dividendos, muitas vezes em prejuízo dos acionistas minoritários, que não tem 
controle sobre a empresa. (GARRISON , 2001). 
Baseado no que estudamos até o presente momento, qual método 
permite o controle sobre o lucro, utilizando-se da técnica de produzir mais ou 
menos do que se vai vender? Certamente só se é possível com a utilização do 
método de custeio por Absorção. E quando falamos de lucros ou prejuízos de 
grandes indústrias nacionais, isto significa cifras elevadíssimas, cuja 
manipulação pode alterar considerávelmente os níveis de arrecadação do 
Estado. E tudo isto, se realizado, é feito de maneira legal, sem a mínima 
oportunidade de contestação por parte dos prejudicados e das autoridades 
reguladoras, uma vez que não existe e nem poderia existir leis que proibissem 
as empresas de produzir mais ou menos do que vendem no exercício. 
 
10 
 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
O estudo empírico realizadopossibilitou a verificação das hipóteses 
levantadas inicialmente sobre as quais constatamos que o método de custeio 
por absorção pode não estar mais atendendo ao governo a fim de determinar o 
verdadeiro lucro tributável do período, evidenciado que não é uma alternativa 
para forçar a antecipação de receitas de impostos, obrigando a ativação dos 
custos fixos para não abater no resultado do período, pois no médio e longo 
prazos as próprias empresas que não conseguiriam manipular estoques por 
vários períodos consecutivos, e já não atende os demais usuários das 
demonstrações que utilizam métodos de custeios paralelos, rateados sobre 
bases mais confiáveis, para tomada de decisões, o que gera um custo 
adicional à empresa. 
Através das simulações obtidas nas demonstrações contábeis da 
indústria hipotética, observamos claramente que quando os níveis de estoques 
estão muito baixos ou praticamente zerados, o saldo apurado no final do 
exercício pelos métodos de custeio variável e absorção não apresentou 
diferenças consideráveis que assegurassem tal exigência do método 
questionado. Para o Fisco, com a abertura da economia, a globalização e a 
modernização das empresas, o que antes poderia dar a ele uma pequena 
vantagem temporária em termos de antecipação de impostos, tende cada vez 
mais a não surtir efeito, pelo contrário, com a adesão cada vez maior pelas 
grandes empresas, e consequentemente, em mais ou menos tempo, pelas 
médias e pequenas empresas, do sistema just-in-time e da manutenção de 
estoques baixíssimos, a vantagem para o Estado não só esta deixando de 
existir, como passou, com a possibilidade de se usar o custeio por absorção, a 
ser uma arma usada contra o próprio Estado, devido a possibilidade que ele 
proporciona de controlar os níveis de estoque influenciando no valor do Lucro, 
e consequentemente dos tributos devidos pela indústria. Por que ainda em todo 
o mundo, continuamos a utilizar o “ Absorção Plena”? 
Para Iudícibus: “Vários pesquisadores já se questionaram e vários 
estudos já foram feitos com vistas a dar uma resposta conclusiva sobre esta 
questão, mas até hoje não há uma resposta definitiva para este 
questionamento’’. (IUDÍCIBUS, 2000). 
Hendriksen e Van Breda demostram em sua obra que a busca de 
princípios tem sido demorada e até mesmo inútil. Reconhecem que é frustrante 
para uma ciência que tem 500 anos e ainda não encontrou os seus princípios. 
A explicação que dão para este fenômeno é a complexidade da contabilidade, 
que gera divergências quanto a seus objetivos e a natureza do ambiente que 
se atua. (HENDRIKSEN , 1999). 
Minha opinião é convergente com a daqueles que antes defendiam tais 
conceitos, existe uma necessidade imediata de uma revisão no que diz respeito 
à exigência do método de custeio por absorção na apuração do lucro tributável 
pelo Fisco, buscando adaptar-se à nova realidade econômica e financeira 
mundial, visto que tanto o Governo quanto as empresas só tendem a ganhar 
com as novas mudanças. 
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8. BIBLIOGRAFIA 
 
 
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< http:www.receita.fazenda.gov.br/legislação>

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