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DIREITO DO TRABALHO Módulo I Professora Ana Cláudia Martins juriseduc@hotmail.com 1 DIREITO = CONJUNTO DE NORMAS NORMAS = FATO + VALOR O fato objeto do presente estudo é o trabalho humano. De acordo com a introdução acima, resta saber, quando a sociedade atribuiu um valor ao trabalho humano que fez surgir regras jurídicas trabalhistas. 2 A história do trabalho humano é uma história de terror. Na escravidão e na servidão o trabalho e o trabalhador tinham pouco valor e consequentemente não havia normas jurídicas reguladoras dessas relações. O escravo estava preso à corrente e o servo a terra. 3 A partir do século XVI a terra perde importância, os feudos se submetem a um governo central e nascem às primeiras cidades e com elas os artesãos. Esses mercantilistas contratavam trabalhadores, companheiros e aprendizes, como eram chamados, que recebiam uma contraprestação pelo seu trabalho (salário), eram trabalhadores livres e com razoáveis condições de vida, embora não pudessem trabalhar por conta própria. 4 No século XVIII, a invenção da máquina a vapor transformou as oficinas dos artesãos em fábricas, dando início à Revolução Industrial. A máquina substituía em média 20 homens e se de um lado gerava maior lucro ao empresário de outro causava desemprego, exploração de mulheres e crianças, excessivas jornadas, piorando significativamente as condições de vida do trabalhador e aumentando a desigualdade social. 5 Essa perturbação social leva os trabalhadores a se unirem (sindicatos) e a pressionar o Estado para intervir na relação capital/trabalho. Logo, as leis de proteção ao trabalho e as grandes conquistas do século XIX nasceram de uma reação às condições impostas pela Revolução Industrial. Atualmente, há uma tendência de retorno ao liberalismo e consequente desregulamentação da legislação trabalhista, vista como fator de desemprego. 6 Histórico no Brasil: O Brasil acompanhou essa evolução histórica. No início do XIX, a influência dos imigrantes, especialmente dos italianos (cultura de intervenção estatal) e o surgimento da indústria no Brasil dão impulso a política trabalhista de Getúlio Vargas. 7 No seu governo, foi promulgada a primeira Constituição Federal contendo normas trabalhistas em 1934 e promulgado o Decreto que determinou a reunião das leis trabalhistas que cresciam de forma desordenada e esparsa em um só diploma legal em 1943 - CLT. 8 9 Consolidação das Leis do Trabalho é uma compilação da legislação existente à época que posteriormente foi sofrendo alterações. A Desde então, surgiram outras leis em matéria trabalhista, como por exemplo: Lei n. 605/49 (repouso semanal remunerado), Lei n. 7.783/89 (greve), Lei n. 8.036/90 (FGTS) etc. PRESSÃO EXTERNA: OIT PRESSÃO INTERNA: GRANDES GREVES 10 A Constituição Federal de 1998 modificou em alguns aspectos o sistema jurídico das relações de trabalho, dentre as quais as mais expressivas são: - incentivo a negociação coletiva, - ampliação do direito de greve, - redução da jornada semanal para 44 horas, - generalização do regime do fundo de garantia com a consequente supressão da estabilidade decenal, - criação de uma indenização prevista para os casos de dispensa arbitrária, elevação do adicional de horas extras para o mínimo de 50%, 11 - aumento em 1/3 da remuneração de férias, - ampliação da licença-gestante para 120 dias, - criação da licença paternidade de 05 dias, - elevação da idade mínima de admissão no emprego para 16 anos (EC 99/2000), salvo na condição de aprendiz, - participação nos lucros da empresa, - criação de representante dos trabalhadores nas empresas, - obrigatoriedade de creches e pré-escolas e inclusão em nível constitucional de três estabilidades especiais, dirigente sindical, comissões internas de prevenção de acidentes e das gestantes. 12 Atualmente, o neoliberalismo impõe a legislação trabalhista e reforma sindical, privilegiando os acordos coletivos entre sindicatos e empresas. O Direito do Trabalho agora deve se preocupar mais com o Direito ao Trabalho, isto é, não adianta cuidar apenas dos que estão empregados, mas, é necessária a proteção do trabalhador em sentido amplo, ou seja, esteja ele empregado ou não. 13 Nesse contexto, medidas como o seguro-desemprego, o fundo de garantia, o salário- maternidade, auxílio-doença etc. são contemporâneas e bem vindas. 14 A HIERARQUIA DAS NORMAS A aplicação das normas envolve a questão da hierarquia entre elas. De acordo com a hierarquia a norma inferior tem seu fundamento de validade na norma superior. Em outras palavras, a norma deve respeitar a que está acima, a superior, sob pena de ser, inconstitucional, ilegal, etc. 15 PRINCÍPIOS PROTETIVOS AO TRABALHADOR Direitos e garantias fundamentais são princípios gerais do direito, aplicáveis no Direito do Trabalho, os princípios constitucionais fundamentais da Constituição, presentes no Título I; há princípios gerais no art. 5º, o respeito à dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, mais inúmeros outros, todos relacionados com questões trabalhistas. 16 Princípios constitucionais específicos - liberdade sindical (art. 8º); - não-interferência do Estado na organização sindical (art. 8º); - direito de greve (9º), - representação dos trabalhadores na empresa (11), - reconhecimento de convenções e acordos coletivos (7º, XXVII); etc. 17 DO PRINCÍPIO PROTETIVO DO EMPREGADO E SUAS SUBDIVISÕES O Princípio da Proteção se desdobra em vários outros subprincípios,. todos eles voltados a estabelecer uma condição ou presunção favorável ao empregado, para que assim se estabeleça uma igualdade substancial, tratando desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. 18 No Processo do Trabalho, por conta da desigualdade real das partes, as regras alusivas ao ônus da prova terminam por ser diferenciadas. Sob esta circunstância, a condição de hipossuficiência do trabalhador e os princípios que informam o Direito do Trabalho, acarretam uma inversão do ônus da prova. 19 E O QUE VEM A SER O “ÔNUS DA PROVA”? 20 No caso da hipossuficiência para a produção da prova, podemos mencionar a matéria alusiva à jornada de trabalho, segundo o qual o empregador deve manter registros de jornada quando possuir mais de dez empregados. 21 Neste caso, cumpre ao empregador produzir a prova das alegações de fato, buscando demonstrar que não houve trabalho extraordinário. 22 Neste mesmo sentido, quando a discussão diz respeito ao não pagamento de salários ou pagamento inferior ao devido, em face do que dispõe o artigo 464 da CLT. 23 Concernentes à proteção do empregado, temos os princípios conceituados como in dubio pro operario, “da aplicação da norma ou condição mais favorável”, “da continuidade do contrato de trabalho”, “da irrenunciabilidade de direitos” e “da primazia da realidade”. 24 1 – Princípio do “in dubio pro operario” •Este princípio do Direito do Trabalho consiste no favorecimento da parte mais fraca (o operário) sempre que existirem duas interpretações distintas para a mesma norma jurídica aplicável à relação de emprego. 25 •Se a norma jurídica foi redigida de forma ambígua, sendo possível interpretá-la de várias formas, aplica-se na hipótese a interpretação que se mostra mais favorável ao empregado, em observância ao princípio in dubio pro operario, consagrado pelo Direito do Trabalho como desdobramento do princípio protetivo. 26 •A interpretação favorávelao empregado também será utilizada quando existirem lacunas na lei que tornem passível de dúvida a aplicação desta. •Em qualquer hipótese, a interpretação da lei (ou do contrato individual ou do coletivo) deverá pender para o empregado em face da desigualdade de forças das partes integrantes da relação de emprego, quando houver uma dúvida razoável. 27 •Se a norma jurídica foi redigida de forma ambígua, sendo possível interpretá-la de várias formas, aplica-se na hipótese a interpretação que se mostra mais favorável ao empregado, em observância ao princípio in dubio pro operario, consagrado pelo Direito do Trabalho como desdobramento do princípio protetivo. 28 •A interpretação favorável ao empregado também será utilizada quando existirem lacunas na lei que tornem passível de dúvida a aplicação desta. •Em qualquer hipótese, a interpretação da lei (ou do contrato individual ou do coletivo) deverá pender para o empregado em face da desigualdade de forças das partes integrantes da relação de emprego, quando houver uma dúvida razoável. 29 •Ao deparar-se com a dúvida razoável, o julgador deverá fundamentar sua decisão, referindo o porquê de aplicar e acolher uma das regras em detrimento da outra, evitando assim decisão arbitrária e inconformidade da parte que deverá se submeter àquilo que restou decidido. 30 •O Princípio do “in dubio pro operario”, ou “in dubio pro misero”, refere-se à interpretação da norma e não à apreciação do valor das provas. •Sintetizando, o julgador deve aplicar o princípio apenas em relação ao texto legal e não a prova do processo, ou seja, deve optar pela norma ou interpretação da norma mais favorável e não pela prova mais favorável. 31 2 – Princípio da Aplicação da Norma mais Favorável •Um outro princípio norteador do Direito do Trabalho, é o da aplicação da norma mais favorável ao trabalhador, mediante a quebra da hierarquia das fontes,. •Apesar de apresentarem-se como semelhantes, o princípio in dubio pro operario não se confunde com o princípio “da aplicação da norma mais favorável”. 32 •A diferença está centrada no número de normas que regulam o direito controvertido: o primeiro é aplicável quando uma única norma comporta duas ou mais interpretações; •o segundo é aplicável quando existem duas ou mais normas tratando do mesmo direito controvertido, situadas em graus de hierarquia distintos. 33 •Este Princípio autoriza que o julgador, diante de uma situação em que existam normas concretas, situadas em diferentes graus de hierarquia, aplique aquela que mais direitos garanta ao empregado possibilitando a prevalência de uma disposição normativa coletiva frente a um dispositivo constitucional. 34 •A análise desse Princípio dentro do tema prova interessa na medida em que, para ocorrer a análise da norma mais benéfica, especialmente em se tratando de disposições coletivas, a parte interessada tem o dever de trazer ao processo essa norma que favorece sua tese. 35 3 – Princípio da Aplicação da Condição mais Favorável •No tocante à aplicação da condição mais benéfica, é privilegiado o interesse do trabalhador entre duas situações de fato que lhe foram postas na mesma relação. •Na forma prevista no artigo 468 da CLT, nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. 36 •Nesse sentido não é válida nenhuma alteração em prejuízo ao empregado nas condições de trabalho que possuía. 37 • Exemplificando, se o empregador concedia espontaneamente ao empregado determinados benefícios, que por força de lei, de disposição coletiva ou contratual não estaria obrigado, não pode suprimir estes unilateralmente. • Exemplos típicos que se encontram em processos judiciais são: fornecimento de vales alimentação/refeição, salário integral para o desenvolvimento de uma jornada reduzida, etc. 38 CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO •Diante do acima exposto é possível concluir que o Direito do Trabalho é formado pelo conjunto de normas, princípios e institutos que regulam as relações de trabalho subordinado e situações análogas, tanto individuais quanto coletivas. 39 EMPREGADO NO DIREITO DO TRABALHO •EMPREGADO E TRABALHADOR SÃO SINÔNIMOS? 40 Conceito •Empregado é a pessoa física que presta pessoalmente a outrem serviços não eventuais, subordinados e assalariados. 41 Conceito legal •“Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário” (CLT, art. 3º). 42 REQUISITOS LEGAIS •a) pessoa física: empregado é pessoa física e natural; •b) continuidade: empregado é um trabalhador não eventual; •c) subordinação: empregado é um trabalhador cuja atividade é exercida sob dependência. 43 •d) salário: empregado é um trabalhador assalariado, portanto, alguém que, pelo serviço que presta, recebe uma retribuição; •e) pessoalidade: empregado é um trabalhador que presta pessoalmente os serviços. 44 Diferença entre empregado e trabalhador autônomo •o elemento fundamental que os distingue é a subordinação; •empregado é trabalhador subordinado, autônomo trabalha sem subordinação; •autônomo é quem trabalha por conta própria e subordinado é quem trabalha por conta alheia. 45 Diferença entre empregado e trabalhador eventual: •Eventual é o trabalhador admitido numa empresa para um determinado evento; é o trabalhador ocasional, esporádico, que trabalha de vez em quando. •Empregado, é o trabalhador de forma contínua. 46 Trabalhador Avulso e Empregado Trabalhador avulso - características : a intermediação do sindicato do trabalhador na colocação da mão-de-obra, a curta duração do serviço prestado a um beneficiado e a remuneração paga basicamente em forma de rateio procedido pelo sindicato; pela CF/88, art. 7º XXXIV, foi igualado ao trabalhador com vínculo empregatício. 47 Trabalhado Temporário e Empregado •Trabalhador temporário: é aquele que prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou acréscimo extraordinário de serviços (art. 2º, da Lei 6.019/74); 48 TERCEIRIZAÇÃO •É a transferência legal do desempenho de atividades de determinada empresa, para outra empresa, que executa as tarefas contratadas, de forma que não se estabeleça vínculo empregatício entre os empregados da contratada e a contratante; 49 EMPREGADO DOMÉSTICO •é qualquer pessoa física que presta serviços contínuos a um ou mais empregadores, em suas residências, de forma não-eventual, contínua, subordinada, individual e mediante renumeração, sem fins lucrativos; •Direitos: a anotação da CTPS, férias anuais de 30 dias e previdência social; 50
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