Buscar

A Pirataria no Atlântico Sul

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
A Pirataria no Atlântico Sul: Securitização e Cooperação 
Aluno: Kayo Moura da Silva 
Orientadora: Adriana Erthal Abdenur 
Instituto de Relações Internacionais (IRI) 
 
O presente relatório resume o projeto “A Pirataria no Atlântico Sul: Securitização e 
Cooperação,” descrevendo o contexto e a pesquisa realizada até julho de 2015 e 
indicando os próximos passos na elaboração das publicações previstas no projeto. 
 
Introdução 
 
 No pós-Guerra Fria, o Atlântico Sul tem despertado a atenção de diversos atores 
no plano internacional, tanto Estados quanto atores não-estatais, por uma série de 
fatores, dentre os quais: sua importância geopolítica como rota marítima alternativa ao 
canal do Panamá e ao canal de Suez; sua grande relevância para o comércio regional e 
mundial, funcionando como rota para as transações comerciais; as reservas de petróleo 
na região, presentes tanto em sua margem africana como na sul-americana; e as 
percepções de ameaças de segurança e de oportunidades para cooperação inter-regional 
[1]. 
 Situado na margem africana no Atlântico Sul, o Golfo da Guiné - região que 
compreende os países da costa africana de Guiné-Bissau até Angola - possui 
aproximadamente 7% das reservas de óleo do mundo e uma capacidade ainda maior 
referente a reservas de águas profundas, quase 15 bilhões de barris [2]. Soma-se 
também ao seu potencial energético a facilidade de acesso à região, situada em mar 
aberto1, contribuindo ainda mais para tornar a região uma opção viável para a 
diminuição da dependência do petróleo do Oriente Médio. Em especial para grandes 
Estados consumidores, tais como EUA, China e os países Europeus. 
 No final de 2011, dados da Organização Marítima Internacional (IMO) 
apontaram a região do Golfo da Guiné como terceiro maior foco de pirataria no mundo 
[3]. Segundo o Escritório Naval de Inteligência dos Estados Unidos, em 2011 foram 
realizados 78 ataques piratas na região. Em 2012 esse número cresce para 89 e no ano 
seguinte o número de ataques realizados com sucesso passa para 112 [4]. Trazendo 
instabilidade, prejudicando seu mercado petroleiro e consequentemente o crescimento 
econômico regional. O crescente número de casos de ataques leva o Conselho de 
Segurança das Nações Unidas a se pronunciar sobre a questão. Na resolução 2018, o 
conselho encoraja os Estados e Instituições regionais a somarem esforços para combater 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
1	
   	
  Como apontado pelo Prof. Dr. Érico Esteves Duarte - Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul. No seminário: “A Marinha brasileira no Atlântico Sul” - Realizado 28/05/2014.	
  
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
o problema. Além de instituir uma força tarefa para examinar a situação e estabelecer 
determinadas recomendações [5]. Desde então, diversas iniciativas regionais e 
transregionais vêm sendo desenvolvidas. 
 Nessa pesquisa acompanhamos muitas dessas iniciativas, mapeando-as e 
refletindo sobre suas implicações para a geopolítica na região. Analisando os impactos e 
pretensões das ações de agentes locais e transregionais no combate a pirataria. 
Realizamos ainda estudos comparados de outras experiências de pirataria – o caso do 
Golfo de Áden e do Estreito de Malaca-, procurando entender suas origens, 
especificidades e como ocorreu o combate a essas práticas. Para que então possamos 
identificar como esse processo impacta (se for o caso) o projeto brasileiro para o 
Atlântico Sul. 
 Cabe ainda ressaltar a ajuda de minha companheira de pesquisa, Maiara Folly, 
cujos conteúdos dos relatórios enriqueceram esse trabalho – sobre no estabelecimento 
de relações entre os casos de pirataria no Golfo do Áden e o quadro do Golfo da Guiné. 
Objetivo 
 
 Esta pesquisa visa analisar as dinâmicas produzidas a partir da pirataria no 
Atlântico Sul, tendo como principal foco as seguintes questões: Quais as principais 
motivações (econômicas, políticas e de segurança) por trás da pirataria no Golfo da 
Guiné? Que tipos de esforços estão sendo lançados para combater o problema? E quais 
as repercussões geopolíticas dessas dinâmicas para o Brasil e o Atlântico Sul como um 
todo? Trabalhamos também com o objetivo de produzir um policy brief e um artigo 
acadêmico para uma revista internacional. 
Metodologia 
 
 Adotou-se uma metodologia híbrida, utilizando de análise de discurso com 
entrevistas e mapeamento da pirataria e dos esforços de combate à mesma. Através da 
análise de discurso, examinamos documentos de política externa e cooperação relativos 
ao aumento da pirataria no Golfo da Guiné. Além das fontes primárias, vamos coletar e 
analisar fontes secundárias de qualidade, tais como textos da mídia local e internacional 
e artigos e livros acadêmicos. Utilizamos dados gerados por órgãos (da ONU e outros 
Estados) encarregados de assuntos marítimos, como a Organização Marítima 
Internacional (IMO) e o Office of Naval Inteligence, entre outros. 	
  
Causas da Pirataria no Golf da Guiné 
 
 Através dessa pesquisa, constatamos uma série de fatores os quais acreditamos 
serem fundamentais para compreensão da pirataria marítima no Golfo da Guiné, são 
eles: a pobreza, um conturbado contexto político e social, além de algum nível de 
omissão dos Estados. 
 O contexto socioeconômico da região, com altas taxas de desemprego e grande 
desigualdade econômica, propicia que os indivíduos mais vulneráveis dessas sociedades 
procurem formas distintas para garantir sua sobrevivência, sendo uma delas a pirataria. 
A Nigéria é um dos países que melhor ilustra esse quadro. Contendo cerca de metade da 
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
população do Golfo da Guiné e sendo o principal exportador de petróleo2, o país é a 
principal economia da região e uma das maiores de todo o continente. Contudo, 
ocupava em 2013 a 152° posição no ranking do IDH [7]. Analisar esse contexto é 
fundamental para compreender como a Nigéria tornou-se um dos principais focos de 
ataques piratas e país de origem da maioria dos piratas da região[7]. 
 Nesse contexto, o dinâmico e lucrativo mercado do petróleo torna-se alvo desses 
grupos que passam a alimentar e integrar o mercado negro de Petróleo. Segundo o 
relatório do Escritório de Drogas e Crimes das Nações Unidas, o roubo de petróleo 
atingiu o montante de um bilhão de dólares ao ano no Golfo da Guiné [7]. Essa cifra 
torna evidente a motivação econômica da pirataria, bem como nos informa seu principal 
alvo, as embarcações e instalações petrolíferas. 
 Somado ao fator socioeconômica, conflitos políticos, que por vezes são gerados, 
ou agravadas por esta conjuntura, também fomentam a pirataria. No Golfo da Guiné o 
conflito que recebe maior atenção da literatura e é apontado como maior nutridor da 
pirataria na região é o conflito no Delta do Níger. Motivados pelas péssimas condições 
de vida local, resultado de anos de esquecimento do governo central; pela abrupta queda 
da população de peixes – outrora principal fonte de renda das comunidades locais - em 
virtude da poluição resultante da exploração de petróleo; e pela drástica contradição 
entre a riqueza advinda da exploração do petróleo e a condição de extrema pobreza 
dessa população; diversos grupos locais (armados ou não) têm se rebelado contra o 
governo [8]. Alguns exemplos são: Niger Delta People’s volunteer Force (NDPVF), 
Movement for the Survival of The Ogoni People (MOSOP), Niger Delta Vigilantes, 
Coalition for Militant Action in the Niger Delta (COMA), Moviment for the 
Emancipation of the Niger Delta (MEND),entre outros [8]. A literatura destaca a ação 
do MEND, responsável pelos crimes de roubo no mar, sequestro de trabalhadores do 
setor petrolífero, roubo de embarcações, além do roubo de petróleo em oleodutos. 
 Em 2006 as atividades desses grupos levaram a redução em um terço da 
produção de petróleo na região do Delta do Níger [8]. Suas principais reivindicações 
eram a retirada das tropas do governo da região do Delta do Níger e o recebimento de 
uma percentagem do petróleo oriundo do Delta [8]. Em 2011, devido a uma negociação 
com o governo, o conflito virtualmente chegou ao fim, contudo alguns ainda afirmam 
lutar pela causa [7]. Sobretudo quando o fator gerador dessas insatisfações parece não 
ter sido alterado substancialmente. Além disso, verifica-se um alargamento no campo de 
ação dos piratas do Delta do Níger, especialmente a partir de 2014 com ataques a 
petroleiros nas costas de Angola e Gana, consideradas as mais seguras da região [9]. 
Demonstrando assim que a pirataria na região não se encerrou e ainda, que estão 
dispostos a realizar ataques em áreas que vão além do seu entorno mais próximo. 
 Observa-se, portanto um grau de omissão do governo em determinados setores 
que possibilitam, potencializam e/ou facilitam a ação de piratas. Seja pelo fracasso na 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
2	
   	
   Em 2011 a renda petrolífera do país atingiu US$ 52 bilhões.	
  
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
promoção de bem-estar e justiça social para sua população, ou através da incapacidade 
em gerar e/ou implementar leis e regras, sem mencionar segurança, sobretudo no 
tocando às questões navais. Parte dessa inabilidade tem origem na herança colonial dos 
Estados Africanos, os quais foram desenhados por suas metrópoles em uma perspectiva 
economicamente utilitarista e por isso não foram dotados de 
capacidade/responsabilidade para exercer sua soberania, principalmente no mar [9]. 
Essa ausência de perspectiva sobre governança no mar, uma cultura marítima e suas 
potencialidades, impossibilitaram que esses Estados possuíssem um olhar mais 
completo sobre a segurança marítima e que estabelecessem sua ligação com a segurança 
em solo [9]. 
 Entretanto, cabe destacar também a responsabilidade das elites políticas que 
governaram e governam esses Estados após suas independências. A falta de 
transparência nas transações de petrolíferas nigerianas [10]; as acusações de corrupção 
que tocam os círculos militares, empresarial e o funcionalismo público; a ausência de 
legislação direcionada à questão marítima, ou de implementação da mesma; 
demonstram parte dessa responsabilidade [7]. 
 Concluímos, pois que apesar de um fenômeno que se concretiza no ambiente 
marítimo, a pirataria tem suas origens enraizadas em terra firma. Não se trata, portanto 
de um problema exclusivamente marinho, ele é fruto de dinâmicas políticas, sociais, 
econômicas e históricas as quais iniciaram-se em terra e levaram à pirataria marítima. 
	
  
Estudo Comparado: Golfo de Áden 
 
 O conceito de pirataria moderna, utilizado para denominar os ataques piratas da 
contemporaneidade, tornou-se difundido no ocidente a partir dos ataques no Golfo de 
Áden, ou como foram comumente chamados, os piratas da Somália. Em virtude da 
notoriedade que esse caso atingiu diante da opinião pública e imprensa internacional, 
um importante aspecto ao lidar com o tema da pirataria moderna, é a automática 
associação que é feita ao caso do Golfo de Áden. Essa comparação torna-se mais 
frequente a medida que as atenções saem da Somália e passam para o Golfo da Guiné, 
onde em 2012, o número de casos de pirataria atingem níveis superiores àqueles 
registrados na Somália. Não obstante ser o caso do Golfo de Áden o mais alarmante e 
um marco da pirataria moderna. Faz-se necessário cautela ao confrontá-lo com outras 
experiências, pois mesmo tratam-se de fenômenos com similaridades, os mesmos 
devem ter suas especificidades compreendidas para que possamos enfrentar o problema 
de forma mais consciente e assertiva. 
 O primeiro fator que desperta atenção e que deve ser levado em consideração ao 
analisar esses dois focos de pirataria, são os distintos contextos políticos nos quais eles 
se inserem. Em outras palavras, "a Nigéria não é a Somália" [11]. Tal constatação 
contradiz o argumento que a pirataria, assim como outras ameaças de segurança 
internacional, deriva exclusivamente da falência estatal. Observamos no Golfo da Guiné 
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
que a pirataria não é necessariamente uma consequência exclusiva, ou muito menos 
direta, de “Estados falidos”. Pelo contrário, como argumentam Daxecker e Prinstitled e 
como podemos observar no caso da pirataria no Golfo da Guiné, redes criminosas 
podem utilizar-se do Estado, ou de setores enfraquecidos do mesmo, instalando-se e 
aproveitando-se de problemas como a corrupção e ineficiência do Estado e 
possivelmente aprofundando-os [12]. Contrário ao argumento que entende a pirataria 
como a extensão marítima da Anarquia, o que acontece no Golfo da Guiné é "...instead 
results from non-anarchy manifested in a state-tolerated system that incentivizes illicit 
behavior." [11]. Desse modo, verificamos o fenômeno da pirataria operando em dois 
ambientes políticos bem distintos. Na Somália percebemos a ausência do poder Estatal 
possibilitando que os piratas se instalem. No Golfo da Guiné o problema não é a 
ausência do Estado e ainda assim a pirataria persiste, por vezes alimentando-se de 
estruturas do Estado. 
 Outra distinção que podasse traçar entre a pirataria no Golfo de Áden e a 
pirataria no Golfo da Guiné, é o Modus Operandi dos piratas, sobretudo nos quesitos 
distância dos ataques e delito mais comumente perpetrado. Os ataques do Golfo de 
Áden são realizados em sua maioria em alto-mar, longe das águas territoriais de 
qualquer Estado, o oposto do que ocorre no Golfo da Guiné, onde os ataques ocorrem, 
em sua maioria, dentro das águas territoriais dos países ribeirinhos. Muitos ataques são 
realizados em portos, ou próximos de plataformas de extração de petróleo, ou mesmo 
quando não realizados nas águas territoriais, ainda são realizados muitas vezes dentro 
das ZEEs (Zonas econômicas exclusivas) desses países [11]. Essa característica dificulta 
qualquer ação internacional, visto que tal medida necessitaria do aval dos Estados na 
margem do Golfo, respeitando sua soberania. Essa especificidade cria ainda um 
problema jurídico/conceitual, pois a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do 
Mar, no artigo 101, tipifica o crime de pirataria como aquele cometido em alto mar3. 
 O tipo de crime mais comumente perpetrado também é difere nesses dois casos, 
não necessariamente o sequestro de tribulação é a tática desses piratas, como é mais 
comum no Golfo do Áden. Como Munson adverte, os piratas do Golfo da Guiné se 
diferenciam pelo roubo de petróleo, seja das embarcações ou dos oleodutos [11]. O que 
insinua que haja uma rede mais complexa de envolvimento, pois o petróleo roubado 
acaba sendo posteriormente comercializado. Cerca de 10% do petróleo roubado da 
Nigéria volta para o mercado. Exatamente por esse caráter mais complexo de 
envolvidos, as medidas para o combate dessa atividade devem ser também mais 
profundas e estruturais. Portanto, faz-se necessária uma resposta mais completa e3	
   	
  A	
  Convenção	
  das	
  Nações	
  Unidas	
  sobre	
  Direito	
  do	
  Mar	
  pode	
  ser	
  consultada	
  endereço	
  
eletrônico:	
  	
   http://www.diramb.gov.pt/data/basedoc/TXT_LI_6815_1_0001.htm	
  
	
  
	
  
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
planejada. 
 Os ataques no Golfo de Áden vêm sendo reduzidos, os executores de tais 
práticas vêm deixando de enxergar a pirataria como uma atividade altamente atrativa. 
Parte desse sucesso deve ser atribuído aos esforços internacionais – sobretudo da UE e 
da OTAN – para patrulha e contenção das atividades piratas. Em termos unilaterais, 
pode-se destacar o papel das forças navais da China, Rússia e Índia. A formulação de 
guias indicando boas práticas para evitar sequestros; a presença de segurança privada 
nas embarcações; e o incentivo à construção de capacidades - sobretudo em termos do 
aperfeiçoamento de sistemas legais para prisão de piratas - ; foram mecanismos que 
mostraram-se bem-sucedidos no caso da Somália. Outros fatores de fundamental 
importância para compreender o sucesso no combate à pirataria na região foram: o forte 
grau de cooperação entre as diferentes missões internacionais, o compartilhamento de 
informações entre as nações e a coordenação entre as marinhas envolvidas. 
 Todavia, devido à diferença existente entre o contexto político no Golfo do Áden 
e o da Guiné, a possibilidade que hajam intervenções internacionais são mais remotas, 
visto que tem que ser autorizadas pelos Estados na margem do Golfo, respeitando sua 
soberania. Faz-se, portanto necessário repensar as possibilidades de resposta para conter 
a pirataria no Golfo da Guiné. 
 	
  
Estudo comparado: Estreito de Malaca 
 
 A partir do fim da década de 90, o Estreito de Malaca passa a chamar a atenção 
internacional devido ao problema da pirataria. Três são os fatores apontados na 
literatura como variáveis explicativa desse fenômeno: Crise financeira, ambiente 
política e alarme das companhias [13]. A crise financeira asiática de 97 provocou um 
quadro de desemprego e recessão levando parte da população, sobretudo aquela mais 
vulnerável, a procurar métodos alternativos para manutenção da sua subsistência, a 
pirataria, sem dúvida, foi uma dessas alternativas. O ambiente político que a crise 
econômica proporcionou também agiu como combustível para a pirataria. Movimentos 
de caráter antigovernista e separatista envolveram-se na pirataria, como o exemplo do 
Free Aceh Moviment (GAM) [13]. Além disso, após o ataque ao navio Petro Ranger as 
companhias de seguro internacional passaram a chamar atenção para os casos de 
pirataria na região, tal fato levou ao aumento no registro dos ataques. Contribuindo para 
o aumento da sensação de insegurança. 
 As origens do problema da pirataria no Estreito de Malaca e no Golfo da Guiné 
são passiveis de comparação. O quadro de desemprego, a presença de grupos 
separatistas e a corrupção crônica – que embora possa não causar a pirataria, sem 
dúvida explica o ímpeto (ou a falta de) no combate a essa atividade- são variáveis 
presentes nas duas experiências.	
  As condições econômicas precárias dos países nessas 
regiões tornam o envolvimento com a pirataria fontes de renda atrativa, fator esse que 
auxilia a compreender a facilidade que essa atividade tem em encontrar braços dispostos 
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
a trabalhar. Além disso, a pré-existência de facções rebeldes atuantes na pirataria 
oferecem um espaço de organização para esses indivíduos. 
 Entretanto, no tocante ao tipo de delito cometido os piratas de Malaca se 
diferenciam dos do Golfo da Guiné. Em Malaca, a maioria dos crimes é de sequestro 
para o recebimento de recompensa [13]. Já no caso do Golfo da Guiné, os piratas atuam 
no roubo da carga das embarcações, em sua maioria petróleo [6]. Além de atuarem no 
roubo de petróleo perfurando oleodutos. Esse tipo de pirataria pressupõe uma rede mais 
elaborada de envolvimentos, primeiro porque é uma atividade que exige a manutenção 
da posse do navio roubado por mais tempo, segundo pelo transporte da carga roubada e 
terceiro pela necessidade de um comprador de petróleo roubado. 
 No que se refere ao combate à pirataria, um dos maiores empecilhos no estreito 
de Malaca é a questão da soberania - além da possibilidade do envolvimento de agentes 
do Estado na atividade -, sendo Malásia e Indonésia os Estados que mais reivindicam 
sua soberania [13]. Existe, portanto uma similaridade com o caso do Golfo da Guiné, 
onde o princípio da soberania dificulta intervenções externas que venham alcançar suas 
águas territoriais. Essa tensão, sempre presente, impede que atores transregionais 
exerçam um combate contra a pirataria nos moldes realizados no Golfo de Áden. Afinal, 
Nigéria, Malásia e Indonésia não são a Somália. Contudo, essas potências podem 
pressionar esses Estados a tomarem medidas mais robustas contra os atos de pirataria. 
Isso de fato ocorreu em Malaca após o 11 de Setembro, quando o medo da conexão 
entre pirataria e terrorismo levou o governo norte-americano a cobrar uma postura de 
combate a pirataria mais substancial por parte dos países da região [13]. 
 A partir de 2004, os registros de ataques começam a cair no Estreito de Malaca, 
três principais fatores são apontados para explicar essa redução [13]. O primeiro deles 
foi o terremoto de 2004 que instaura a catástrofe nessa região e força a negociação entre 
grupos envolvidos na pirataria, como o GAM. O segundo fator foram as iniciativas 
conjuntas de cooperação para o combate da pirataria, sendo elas, o MALSIDO, a 
operação "Eyes in the Shy" e a ReCAAP. Frutos do terceiro fator, pressão internacional 
por um maior empenho no combate à pirataria na região. 
 Estabelecida em 2004, a MALSIDO é uma Patrulha Trilateral Coordenada, 
entre Indonésia, Malásia e Tailândia que apesar de representar um avanço, não 
representa grande progresso, visto que a questão da soberania continua inflexível e que 
o ingresso em águas territoriais alheias ainda é considerado uma violação de soberania. 
A operação "Eyes in the Shy", vem complementar a patrulha marítima permitindo uma 
maior abertura nas fronteiras aéreas/marítimas dos demais países, para isso, cada 
aeronave deveria contar com um integrante de cada país-membro. Entretanto, essas 
iniciativas eram limitadas, pouco integradas e numericamente muito a quem da 
necessidade real. Embora tenham tido relativa importância, graças a seu efeito 
dissuasório nos piratas [13]. 
 A iniciativa mais recente e mais eficiente foi a ReCAAP (Regional Cooperation 
Agreement on Combating Piracy and Armed Robbery against Ships in Asia - 2006), que 
alarga o número de membros incluindo outros países da região como, China, Coreia do 
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
Sul, Índia, Japão e Estados outros do Sudeste asiático. Além de atores não-regiões 
como, Dinamarca, Noruega e Holanda. A iniciativa consiste no compartilhamento de 
informação (ISC - Information Sharing Center), na cooperação e construção de 
capacidades no âmbito bilateral e multilateralmente [13]. É importante ressaltar que 
Indonésia e Malásia não fazem parte da ReCAAP, o que representa em si uma 
dificuldade para lidar com a pirataria, já que são os países costeiros no Estreito de 
Malaca e principais países de origem dos piratas. 
 A Indonésia e Malásia se opõem, ou não integram, a quaisquer medidas que 
busque a institucionalização da luta contra a pirataria no longo prazo, ou que envolva 
outros países. Optam sempre por reforçar sua responsabilidade e direito sobre seu 
território, embora alguns acordos Ad Hoc tenham sido realizados bilateralmente. É 
necessário atacar a raiz do problema e não tratar somente de seus sintomas. Apesar da 
diminuição dos casos e da migração da pirataria para o mar do sul da China,os casos de 
pirataria voltaram a crescer a partir de 2010. Uma amostra de que sem atacar a raiz do 
problema, não existem soluções definitivas. 
 Como veremos a seguir, o combate à pirataria no Golfo da Guiné apresenta 
similaridades com as medidas adotadas no caso do Estreito de Malaca, a saber, a 
importância dos atores e instituições regionais. Contudo, a importância estratégica da 
região leva a uma presença de atores e iniciativas transregionais mais assertivas que em 
Malaca. Contudo, nunca atingindo os níveis de ingerência utilizados no combate à 
pirataria no Golfo de Áden. 
 	
  
Combate à Pirataria no Golfo da Guiné e suas Implicações Geopolíticas.	
  
 Uma vez introduzida a temática da pirataria no Golfo da Guiné, suas motivações 
e dinâmicas, o presente trabalho propõem-se a mapear as iniciativas de combate a esse 
fenômeno. 
 A pirataria na região desperta a atenção da comunidade internacional de forma 
mais evidente a partir de 2011, mediante a resolução 2018 do Conselho de Segurança 
das Nações Unidas. Trata-se do primeiro pronunciamento do Conselho de Segurança 
sobre o assunto e expressando sua profunda preocupação com o estado da pirataria na 
região e encorajando os Estados e Instituições regionais a somarem esforços para contar 
esse avanço [5]. Ela estabelece ainda uma força tarefa das Nações Unidas com o 
objetivo de realizar um exame da situação e estabelecer recomendações para reverter o 
quadro. O panorama da força tarefa é revelado é na resolução 2039 de 2012, o mesmo 
atesta um aumento dos casos de pirataria na região, saindo de quarenta e cinco (45) 
ataques para sessenta e quatro (64) no período 2010-2011 [14]. A resolução aconselha 
ainda maior parceria internacional, oferecendo auxílio técnico e apoio no treinamento de 
marinhas e esquadras costeiras para os países da região [14]. A resolução aponta 
também, para a necessidade de fortalecimento das legislações domésticas contra os atos 
de pirataria. Atesta ainda que o Benin tem sido o país mais prejudicado pela pirataria, 
pois cerca de oitenta por cento (80%) de suas riquezas advêm da atividade portuária, a 
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
qual teve queda de aproximadamente setenta por cento (70%) devido aos recentes 
ataques em seu entorno marítimo. 
 Desde então, diversas iniciativas, de múltiplos atores, foram postas em prática 
ou intensificadas para conter o aumento da pirataria no Golfo da Guiné. A Organização 
Marítima Internacional (IMO), agência das Nações Unidas especializada na segurança 
dos mares, inicia sua cooperação com os países e organizações regionais com o objetivo 
de construir uma rede funcional de esquadras costeiras integradas. Buscando com isso 
atingir as recomendações da resolução 2039, entre elas, auxiliar na consolidação de 
legislação contra atos ilícitos no mar, pirataria, crime no mar; ter pessoal treinado e 
oferecer ajuda técnica, operacional e logística. A organização cria ainda um fundo de 
arrecadação, o West and Central Africa Maritime Security Trust Fund, para assistir os 
Estados do Golfo da Guiné a desenvolverem suas capacidades regionais e aprimorarem 
a governança marítima nas águas sob sua jurisdição. Em 2013, a China e o Reino Unido 
doaram cem mil dólares (U$ 100.000) e o Japão contribuiu com o montante de um 
milhão de dólares (U$ 1.000.000) em 20144. 
 Além das iniciativas da Organização Marítima Internacional (IMO), diversas 
outros empreendimentos de cooperação internacionais para o combate à pirataria na 
região foram e estão sendo realizados. Não somente pela necessidade que muitos dos 
países ribeirinhos possuem, em virtude da ausência de expertise, treinamento e recursos 
para lidar com a situação. Mas também e pode-se afirmar, principalmente, pela 
importância que o petróleo da região possui para a segurança energética de grandes 
potências como os Estados Unidos e países da Europa [15]. 
 Os Estados Unidos, atuam na região através de sua agência especializada do 
Departamento de Defesa, a AFRICOM. Desenvolvendo diversas iniciativas para a 
estabilização da região, devido a sua importância para o suprimento da demanda 
americana por petróleo. Em 2007, foi elaborado o projeto "Guarda do Golfo da Guiné", 
o qual visava a melhora da segurança física dos portos dos países do Golfo da Guiné e o 
exercício de um controle mais direto sobre Angola e Nigéria, dois grandes produtores de 
petróleo no continente africano [16]. Com objetivos bem similares, foi criado o Africa 
Partnership Station, um programa de cooperação na área de segurança marítima com o 
propósito de aprimorar a consciência marítima, capacidade de resposta e a infraestrutura 
dos países do Golfo da Guiné no combate à pirataria [17]. Ainda dentro do âmbito da 
AFRICOM, o governo norte-americano realiza diversos exercícios marítimos 
multilaterais na região, como o Obangame Express, iniciado em 2010 e o Africa 
Endeavor, iniciado em 2006; todos com sucessivas edições [18]. Complementando tais 
iniciativas, os Estados Unidos possuem ainda um importante trabalho de inteligência na 
região. Através do Office of Naval Intelligence, são produzidos relatórios semanais 
informando os casos de pirataria, realizando assim um dos serviços de monitoramento 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
4	
   <http://www.imo.org/en/MediaCentre/PressBriefings/Pages/06-­‐
japanfund.aspx#.VcLgZCZViko>.	
  	
  
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
mais completos da pirataria no Golfo da Guiné5. Observamos, portanto a importância 
dada a estabilização da região, citando o General Carter Ham, Comandante da 
AFRICOM, em um discurso ao Congresso americano “... if piracy in Africa is ignored it 
will become increasingly dangerous to US interests.” [19]. Entretanto tal cautela não 
tem origem somente na importância energética e econômica da região. Existe uma 
grande preocupação de setores do governo norte-americanos sobre uma possível ligação 
entre a pirataria e o terrorismo. Essa preocupação se torna taxativa no Golfo da Guiné 
devido à presença do grupo Boko Haram no norte da Nigéria, o mesmo país de origem 
da maioria dos piratas da região. Embora ainda não haja casos registrados de ataque 
marítimo realizado pelo Boko Haram, nem de qualquer prova contundente que o grupo 
participe da pirataria na região. Persiste a desconfiança de que essas atividades estejam 
indiretamente ligadas, por exemplo, através do comércio de armas e com isso 
permanece o temor de que o terrorismo e a pirataria estejam ou passem a atuar 
conjuntamente. Tendo em visto essas duas preocupações, o petróleo e o terrorismo, 
compreendemos a fala do Comandante das operações Militares dos Estados Unidas na 
África dizendo que estão prontos para prover mais treinamento e material para os países 
afetados pelo Boko Haram e pela pirataria no Golfo da Guiné6. 
 Outro ator do norte global atento ao panorama da pirataria na região é a União 
Europeia. O bloco teve um importante papel no combate à pirataria na Somália, basta 
lembrar da operação Atalata, primeira ação naval do bloco, um importante marco na 
formação de sua identidade de segurança, principalmente pela sua independência em 
relação aos americanos [20]. Contudo, da mesma maneira é importante mencionar da 
ação do bloco via OTAN, através da operação Ocean Shield, também responsável pelo 
combate à pirataria na Somália. A União Europeia engaja-se no Golfo da Guiné, desde 
2012, através de um projeto independente para a região, o CRIMGO (Critical Maritime 
Routes Gulf of Guine) cujo objetivo é combater a pirataria, através do treinamento das 
marinhas regionais, compartilhandoinformações, aprimorando as capacidades das 
guardas costeiras regionais e o desenvolvimento de operações em conjunto [20]. Além 
disso, a União Europeia faz parte do G8++ Friends of the Gulf of Guinea Group, criado 
para coordenar os esforços de capacity building no Golfo da Guiné, sempre enfatizando 
a ownership dos países da região [20]. O bloco participa ainda de diversos exercícios 
marítimos multilaterais envolvendo as marinhas norte-americana e dos países da região. 
Em março de 2015, em um encontro do Conselho da União Europeia, os países do bloco 
decidiram apoiar o Plano de Ação para o Golfo da Guiné 2015-2020, conforme 
aprovado pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
5	
   	
  O	
  acesso	
  ao	
  site	
  o	
  Office	
  of	
  Naval	
  Intelligence	
  pode	
  ser	
  feito	
  pelo	
  endereço:	
  
<http://www.oni.navy.mil/Intelligence_Community/piracy.htm>.	
  
6	
   	
  <http://www.voanews.com/content/us-­‐to-­‐provide-­‐more-­‐training-­‐against-­‐boko-­‐
haram-­‐piracy/2871506.html>.	
  	
  
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
Comprometendo-se assim com o combate à criminalidade marítima e com a promoção 
da segurança e estabilidade a longo prazo na região, através da criação de capacidade, 
treinamento de tropas, auxílio na criação de instituições e marcos jurídicos robustos7. 
 Não obstante as iniciativas de potências do Norte global, tais como Estados 
Unidos e Europa, cabe ressaltar o papel dos atores do Sul global no combate da pirataria 
no Golfo da Guiné. Países em desenvolvimento como a China e o Brasil possuem 
interesses estratégicos na região. A China encontra no Golfo da Guiné mais uma região 
de oferta de combustíveis fósseis, contribuindo para sua estratégia de diversificação de 
suas áreas de oferta de hidrocarbonetos [21]. Seguindo assim, sua estratégia de 
diminuição da dependência do Oriente Médio e contribuindo, portanto, para aumento de 
sua segurança energética. O petróleo angolano representa aproximadamente quatorze 
por cento (14%) de toda importação chinesa do produto8, fazendo de Angola o segundo 
maior fornecedor de petróleo do país [22]. Contudo, a rota do petróleo angolano foge do 
foco de pirataria, pois esta ocorre situa-se no Cabo da Boa Esperança, o que explica o 
baixo grau de envolvimento da China no combate à pirataria quando comparado àquele 
apresentado pelos EUA e Europa. Entretanto, o comércio e o investimento são áreas que 
também representam a importância das relações entre os países do Golfo da Guiné e a 
China. Em 2013, o comércio e o investimento chinês com os países da CEDEAO 
atingiram o valor de trinta e três bilhões de dólares (U$ 33.000.000.000) [22]. Desse 
modo, apesar da participação chinesa no combate à pirataria ter sido bastante tímida no 
nível multilateral, restringindo-se a dois votos favoráveis às duas resoluções do 
Conselho de Segurança e às declarações de apoio às iniciativas regionais [22]. 
Bilateralmente, o país tem mostrado progressivamente um maior engajamento. 
 Em 2011, a China doou quatro milhões de euros para o governo do Benin para a 
compra de um barco de patrulha, o mesmo já havia ocorrido com Serra Leoa [22]. Em 
2012, a Nigéria comprou dois navios de guerra chineses e Gana quatro navios de 
patrulha ambos para serem empregados no combate à pirataria [22]. Em 2013, o 
Ministério da Defesa camaronense mediante crédito do banco chinês de exportação 
(Exim Bank) assina um contrato para compra de dois barcos de patrulha chineses [22]. 
Entre maio e junho de 2014, a marinha chinesa atracou pela primeira vez em quatro 
países da região – Costa do Marfim, Nigéria, Camarão e Angola – e realizou seu 
primeiro exercício conjunto antipirataria com as marinhas nigerianas e camaronesas 
[22]. Esses eventos apontam para a possibilidade de um maior engajamento chinês com 
os problemas de segurança no Golfo da Guiné, apontando assim para a globalização dos 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
7	
   <http://www.consilium.europa.eu/en/press/press-­‐releases/2015/03/16-­‐council-­‐
conclusions-­‐gulf-­‐guinea-­‐action-­‐plan-­‐2015-­‐2020/>.	
  	
  
8
	
   <http://www.jamestown.org/programs/chinabrief/single/?tx_ttnews%5Btt_news%5D
=43373&cHash=50928e9d0293ea1be91e4f7838b0f667#.VcMFZSZViko>.	
  	
  
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
interesses chineses [22]. 
 O Brasil, país que possui laços históricos e interesses geopolíticos na região do 
Atlântico Sul não poderia negligenciar a pirataria no Golfo da Guiné. Especialmente 
quando observamos nos últimos anos uma retomada da importância do Atlântico Sul na 
política externa e de defesa do país. Esse processo decorre da importância econômica, 
biológica e de segurança que o litoral representa. Comercialmente o litoral é 
responsável pelo escoamento de noventa e três por cento (93%) das exportações do país, 
sem mencionar a importância das reservas de gazes e minerais encontradas nele, dentre 
elas o Pré-sal [1]. A biodiversidade contida nos mares possui um valor imensurável. 
Além da vital importância que o oceano possui para a defesa nacional. Tamanha 
importância gera a preocupação em trabalhar para a garantia da segurança e da 
estabilidade nessa região e em seu entorno próximo. Procurando alcançar esse propósito 
o governo brasileiro vem promovendo uma maior aproximação e cooperação com os 
países situados nas margens do Atlântico Sul, buscando criar uma identidade regional, 
com autonomia estratégica, garantindo que no Atlântico Sul as dinâmicas regionais 
sejam administradas pelos países da região[23]. Instituições regionais, como a Zona de 
Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) funcionam como espaços e 
mecanismos de cooperação e aproximação entre esses países e auxiliam no processo de 
formação dessa identidade regional. Evidentemente, no projeto brasileiro está reservado 
um lugar de destaque para o país nessa dinâmica regional - mesmo que não 
explicitamente -, por isso é tão importante o caráter regional nessa dinâmica, pois o 
afastamento de potências europeias, dos EUA e até da China, garante ao Brasil uma 
relação privilegiada com os demais países, uma vez que é a maior economia, o país com 
maior peso, expressão e relevância internacional da região. E ao ter reconhecida sua 
posição dentro desse contexto pelos países da região, o Brasil além de garantir a não 
ingerência em uma região estrategicamente importante para si, passa a ter sua relevância 
e expressividade internacional reforçada dentro e fora de sua região. 
 Os casos de pirataria no Guiné podem significar um obstáculo ao projeto 
brasileiro para a região, caso atinja níveis mais alarmantes. Afinal, ameaças dessa 
natureza atraem a atenção internacional e podem levar, através de um processo de 
securitização, a permitirem a presença e ingerência de atores não regionais. O Brasil já 
manifestou preocupação em relação ao estado da pirataria no Golfo da Guine e tem 
buscado, ainda que timidamente, atuar nessa questão. Através de sua política de defesa 
fica autorizada a prestação de auxílio aos países da região para que fortaleçam suas 
capacidades nacionais, com especial enfoque para suas Marinhas e Guardas Costeiras. 
O Brasil disponibiliza vagas em suas escolas militares para a formação de oficiais e 
participa deexercícios militares conjuntos na região, visando o treinamento e a 
preparação dos militares dos países do Golfo da Guiné para o combate à pirataria. Entre 
os exercícios que o país participa estão, o Atlasur, o Atlantic Tiding, o Obangame 
Express e em conjunto com Índia e África do Sul realizam o IBSAMAR [16]. Em 2014, 
após reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o ministro da 
defesa de Angola declarou que os países-membros estavam preparando-se para a 
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
realização de exercícios conjuntos de patrulhamento da costa do Golfo da Guiné. Tal 
atividade contaria com a participação brasileiro membro da CPLP. Contudo, não se 
assinou nem um acordo na reunião, inclusive em virtude da ausência de demais países 
banhados pelo Golfo da Guiné. Todavia, deve-se registrar que a questão está sendo 
observada pelos países. Outro episódio que confirma essa afirmação ocorre durante a V 
Reunião de Cooperação Estratégica de Defesa entre Brasil e Portugal, onde ambos 
reconheceram a importância estratégica que o Golfo da Guiné possui e afirmaram que 
futuramente realizaram atividades conjuntas para o combate à pirataria no Golfo da 
Guiné9. No final do primeiro semestre de 2015, o governo brasileiro anunciou a 
instalação de um Núcleo da Marinha de guerra brasileira em São Tomé e Príncipe10. O 
Núcleo Naval visa garantir contato rápido e eficaz entre autoridades militares dos dois 
países e funcionará nas instalações da embaixada brasileira no país. A missão é 
composta por sete militares brasileiros e viabilizará também a troca de informações 
geoestratégicas entre os países, no âmbito da luta contra a pirataria no Golfo da Guiné. 
 Por últimos, apresentaremos as iniciativas regionais de combate à pirataria no 
Golfo da Guiné. Como já argumentado anteriormente, esse é o grande diferencial do 
caso da pirataria no Golfo do Áden, pois observamos a existência de Estados 
relativamente capazes, ou ao menos, ensaiando solucionar o problema. Reconhecer a 
importância dessas iniciativas para o combate da pirataria é de extrema importância, 
pois mesmo levando em consideração toda a cooperação internacional, sem iniciativas 
regionais não seria factível pensamos em efetivamente solucionar a questão da pirataria 
na região. 
 Em 1999, é criada a Comissão do Golfo da Guiné, com objetivo de promover a 
paz e a segurança na região, harmonizar e regular a exploração de recursos naturais no 
Golfo da Guiné, em especial atividade pesqueira e extração de petróleo [24]. Em 2012, 
com na Estratégia Marítima Integrada de África 2050, a União Africana já aponta sua 
preocupação com o abastecimento ilegal de petróleo na região. Reconhece os casos de 
roubo de petróleo com esse objetivo e aconselha as nações banhadas pelo Golfo a 
desenvolverem e expandirem seus sistemas de vigilância costeira [25]. 
 Em 2013, conforme as recomendações feitas nas resoluções 2018 e 2039 do 
Conselho de Segurança das Nações Unidas, organizações regionais como a CEEAC, 
CEDEAO e CGG (respectivamente, Comunidade Econômica dos Estados da África 
Central, Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental e Comissão do Golfo 
da Guiné) realizam a Cúpula de Chefes de Estado e de Governo sobre Segurança 
Marítima e de Segurança no Golfo da Guiné (Yaoundé Summit). A cúpula teve como 
objetivo estabelecer um fórum para deliberações sobre questões relacionadas à 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
9	
   	
  <http://www.brasil.gov.br/defesa-­‐e-­‐seguranca/2015/04/brasil-­‐e-­‐portugal-­‐planejam-­‐
apoiar-­‐acoes-­‐de-­‐seguranca-­‐maritima-­‐no-­‐golfo-­‐da-­‐guine>.	
  	
  
10	
   	
  <http://www.abola.pt/africa/ver.aspx?id=547397>.	
  	
  
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
segurança marítima no Golfo da Guiné, elaboração de estratégia conjunta para fortalecer 
legislações nacionais, estabelecer meios para lutar contra a insegurança [26]. Ao final da 
Cúpula concordou-se com o estabelecimento de um Código de Conduta relativo a luta 
contra pirataria, roubo em alto-mar e atividades marítimas ilícitas na África Ocidental e 
Central; com a criação de um Centro de Coordenação inter-regional (posteriormente 
criado); e com um Memorandum estabelecendo objetivos e áreas de cooperação. No 
final as responsabilidades e a divisão de trabalho ficaram claramente divididas entre as 
organizações regionais (CEEAC, CEDEAO e CGG) responsáveis pela estratégia e os 
Estados, responsáveis pelas operações11. Embora a Cúpula de Yaoundé caminhe para a 
formação de um arranjo institucional que regionalmente organize e possivelmente 
fortaleça o combate à pirataria, dependendo obviamente do empenho dos Estados do 
Golfo na implementação desses pontos, ela não ataca as causas mais profundas da 
pirataria. 
 Em maio de 2014, foi organizada a International Conference on “African 
Approaches to Maritime Security: The West and Central African Perspectives, cujos 
debates entre sociedade civil, setores do governo, corpo diplomático e forças armadas 
tiveram como resultado a declaração de Abuja. A declaração demonstrou como os 
países encararam a pirataria no Golfo da Guiné e estabelece recomendações para somar 
a construção de um regime de segurança pelo ECOWAS, ECCAS e GGC. A declaração 
destaca a necessidade de melhora das condições de vida nas comunidades ribeirinhas, 
da carência na geração de emprego e demais ocupação nessas comunidades, 
dificultando o envolvimento de sua população com a pirataria [27]. Para isso, 
recomendou-se a criação de uma taxa compulsória a ser cobra de empresas e barcos 
comercias. Reconheceu-se a ligação entre má governança, altas taxas de pobreza, 
exclusão econômica e política, com a pirataria [27]. Reafirmou-se a necessidade do 
fortalecimento do arcabouço jurídico doméstico (contra atividades como pesca ilícita, 
poluição, impunidade de agentes do governo, entre outros), dos fóruns e instituições já 
vigentes, bem como das comunidades locais; do aprofundamento da integração das 
marinhas do ECOWAS; do alargamento da Comissão do Golfo da Guiné; Além de 
reforçar, o respeito à soberania, liderança e ownership locais, funcionando como 
condições para a cooperação internacional [27]. 
 A Declaração de Abuja demonstra, portanto, uma visão madura da pirataria e 
suas causas profundas e apresenta uma interpretação consciente das responsabilidades e 
desafios a serem enfrentados. Cabe observar como os governos da região agirão frente a 
essas recomendações e o grau de comprometimento que apresentarão no combate à 
pirataria e a integração, flexibilização e ação conjunta que esse combate demanda. 
Sobretudo diante do baixo grau de enforcement que essa declaração possui. 
 	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
11	
   	
  <http://blog.crisisgroup.org/africa/2014/09/04/gulf-­‐of-­‐guinea-­‐a-­‐regional-­‐solution-­‐to-­‐
piracy/>.	
  	
  
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
 
Conclusões Parciais 
 
 Ao longo dessa pesquisa, ainda em andamento, fomos capazes de concluir o 
caráter político, econômico e social da pirataria. Concluímos que não se trata de um 
fenômeno exclusivamente marítimo, mas sim um evento com causas ligadas a inclusão 
social; acesso a serviços, bens e direitos; falta de governança, ou má governança; entre 
outros fatores. 
 Concluímos tambémque cada foco de pirataria no mundo é fruto de uma 
dinâmica específica e que embora os casos guardem diversas similaridades podendo 
inclusive gerar acúmulos em comum, cada um merece uma reflexão cuidadosa acerca 
das políticas e medidas a serem adotadas. Como mostrado nos estudos comparados, 
embora o fator econômico seja presente em todos os casos de pirataria, as diferenças 
políticas implicaram em respostas diferentes. Embora o desaparecimento da população 
de peixes seja apontado como um dos fatores geradores da pirataria tanto na Somália 
(graças a pesca predatória) quanto no Golfo da Guiné (em decorrência da poluição), 
cada cenário exige ações diferenciadas. E mesmo quando as mesmas questões políticas 
são semelhantes, como o caso da soberania, no Estreito Malaca e no Golfo da Guiné, 
dinâmicas sistêmicas, como a importância do Golfo da Guiné para a segurança 
energética de potenciais mundiais, promovem arranjos políticos diferenciados. No caso 
do Estreito de Malaca as respostas ainda se conservam muito mais regionalizadas. No 
caso do Golfo da Guiné a parceria internacional, vem auxiliando na construção de uma 
governança marítima regional, em conjunto com os atores regionais. 
 Sobre as repercussões geopolíticas para o Atlântico Sul, concluímos, como 
mencionado, que uma intervenção direta na região é uma possibilidade muito remota. 
Em virtude do contexto político dos Estados do Golfo, que embora possuam problemas 
de governança, são sem dúvida, Estados que não tem sua soberania questionada. Dessa 
forma, o projeto brasileiro para a região não está imediatamente, nem eminentemente 
ameaçado, pois é pouco provável que uma potência de fora da região se instaure no 
Atlântico Sul para combater a pirataria no Golfo da Guiné. Contudo, a aproximação 
desses atores é real. Os diversos exercícios marítimos, o auxílio no treinamento das 
marinhas, a ajuda na formação de guardas costeiras, a venda de materiais militares, 
entre outras diversas iniciativas levadas a cabo por potenciais não regionais; promovem 
a criação de laços e relacionamentos os quais poderiam ser aproveitados pelo brasileiro 
para criação dessa identidade sulatlântica. O Brasil possui importantes laços históricos, 
econômicos e sociais com as nações africanas, os mesmos poderiam ser intensificados 
se a ocasião for aproveitada. A região do Golfo da Guiné guarda sem dúvidas diversas 
oportunidades para o Brasil, no campo diplomático, econômico e de defesa. Vale saber 
se estamos presos no dilema das médias potências, onde nos faltam recursos para 
realizar nossos projetos, ou se só nos falta vontade. Mediante a crise econômica que o 
país enfrenta, com cortes de gastos em todos os setores, a probabilidade de termos uma 
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
política externa mais ativa e interessado em um maior engajamento no combate a 
pirataria no Atlântico Sul é baixa. Pelo menos nos próximos anos. 
 Outra incerteza situa-se sobre as rivalidades entre os países do Golfo da Guiné e 
até que ponto suas desavenças e competições por recursos e parcerias internacionais não 
podem minar o processo de construção de uma governança marítima regional. 
 	
  
Próximos passos 
A pesquisa realizada até o momento será aprofundada, tanto no plano empírico 
quanto no teórico, servindo de insumo para três publicações previstas para o próximo 
ano letivo: 
Um (1) policy brief a ser elaborado para o projeto “Segurança e Cooperação no 
Atlântico Sul, “ desenvolvido no âmbito do projeto Pró-Defesa que o IRI mantém com a 
Marinha e a UFRGS;	
  
Um (1) artigo em português a ser enviado para revista acadêmica brasileira; 
Um (1) artigo em inglês a ser enviado para revista acadêmica internacional. 
	
  
Eventos e exposições visitados no exercício da pesquisa 
- Painel “O Apoio da ONU na Estabilização do Haiti”, realizado no dia 30 de abril de 
2013, em parceria com a Universidade Federal Fluminense, no salão Nobre do Clube 
Militar, das 14:30 às 16:30.	
  
- Visita ao grupo tarefa da marinha chinesa composto pelo destroier Lanzhou e pela 
fragata Liuzhou atracados no Cais do Porto do Rio de Janeiro (2013). Nessa atividade 
fomos capazes de entrar em uma das embarcações observar alguns de seus ambientes 
internos e ainda interagir rapidamente com um dos marinheiros chineses. A atividade 
foi interessante, pois os navios chineses realizaram em outro momento exercícios 
conjuntos com a marinha brasileira mostrando o padrão cordiais das relações entre esses 
dois países. Foram distribuídos alguns quites com camisetas e livros na saída. 	
  
- Seminário “O papel da Marinha no Atlântico Sul”, promovido pelo Centro de Estudos 
Político Estratégicos (CEPE) da Escola de Guerra Naval, realizado em 28 de maio de 
2014.	
  
- Seminário “A MINUSTAH e o Brasil – Dez anos pela paz no Haiti”, realizado em 30 
de maio de 2014, na Escola de Guerra Naval, pela Marinha do Brasil, a Organização das 
Nações Unidas e a Pontifício Universidade Católica do Rio de Janeiro.	
  
-Apresentação do Gen. Div. Carlos Alberto dos Santos Cruz, Comandante do 
Componente Militar da Missão das Nações Unidas para Estabilização da República 
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
Democrática do Congo (MONUSCO). A exposição teve como tema a proteção de civis 
no contexto de manutenção da paz robusta e foi realizada no Auditório do Centro 
Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), na Av. Duque de Caxias, 700, 
Vila Militar, Rio de Janeiro-RJ, no dia 23 de junho de 2015, às 10 horas.	
  
- Evento “Escola de Defesa”, conduzido pelo Instituto Meira Marros, no período de 8 a 
9 de julho de 2015, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. O evento 
consistiu na exposição do programa de pós-graduação em ciências militares da Escola 
de Comando e Estado-Maior do Exército.	
  
- Abertura da exposição “O Brasil e a MINUSTAH: 10 anos em missão de paz no 
Haiti”, sediada no Museu Naval do Rio de Janeiro (2015). Na exposição foram exibidas 
fotos e vídeos dos militares em ação; itens de artesanato haitiano; imagens de biscoitos 
do país, feitos de argila, água, sal e manteiga; artigos utilizados pelos Fuzileiros Navais, 
como o Kit Trauma, de primeiros socorros; a caderneta de instruções, a boina da 
Organização das Nações Unidas; e o capacete da ONU, a peça mais marcante do 
uniforme dos Soldados que participam das missões de paz.	
  
- Visita à Biblioteca da Marinha do Brasil, no estado do Rio de Janeiro, situada na R. 
Alcântara Machado, nº 28, Centro (2015). A visita à biblioteca da marinha tinha como 
objetivo a pesquisa de fontes primárias sobre a atividade da marinha brasileira no 
Atlântico Sul e com isso procurar mensurar a importância estratégica do oceano para a 
defesa nacional.	
  
-­‐	
  Visita e pesquisa nos arquivos do 1º Distrito Naval da marinha do Brasil no Rio de 
Janeiro, situado na Ilha das Cobras (2015). A visita tinha por objetivo pesquisar nos 
arquivos da instituição militar fontes primárias relacionadas a atividades e a importância 
do Atlântico Sul no pensamento militar brasileira, sobretudo no da marinha.	
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas: 
 
1- MINISTÉRIO DA DEFESA, Livro Branco da Defesa. Brasília, 2012. 
2- DIETERICH, Johannes; The Gulf of Guinea and the Global Oil Market: Supply and 
Demand. Em: YATES, D., MERZ, R. T. (Eds) Oil Policy in the Gulf of Guinea: 
Security & Conflict, Economic Growth, Social Development. Friedrich-Ebert-
Stiftung, 2004. 
3- ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Organização Marítima International. 
MSC. 4/Circ.180. Reports on acts of piracy and armed robbery against ships. 2011 
Annual Report. London: Maritime Safety Committee, 1 mar., 2012. Disponível em: 
<http://www.imo.org/OurWork/Security/SecDocs/Documents/PiracyReports/180_Annual2011.pdf>. Acessado em: 17/03/2014. 
4-OFFICE OF NAVAL INTELLIGENCE. US Navy. HORN OF AFRICA and GULF 
OF GUINEA: Piracy Analysis and Warning Weekly (PAWW) Report for 16 – 23 July 
2014. Disponível em: <	
  
http://www.oni.navy.mil/Intelligence_Community/piracy/pdf/20140723_PAWW.pdf>. 
Acessado em: 24/07/2014. 
5- ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, Conselho de Segurança das Nações 
Unidas. S/RES/2018. Resolução 2018. Genebra, 31 out., 2011. Disponível 
em:<http://daccess-dds-
ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/N11/573/21/PDF/N1157321.pdf?OpenElement>. 
Acessado em: 15/03/2014. 
6- NODLAND, Arild. Guns, Oil, and “Cake”: Maritime Security in the Gulf of Guinea. 
Em: ELLEMAN, B. A; FORBES, Andrew; ROSENBERG, David (Eds). Piracy and 
Maritime Crime: Historical and Modern Case Studie. Rhode Island: Naval War 
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
College Press, Jan. 2010. p. 191-206. Disponível em:< 
http://www.virginia.edu/colp/pdf/Piracy-and-Maritime-Crime-NWC-2010.pdf>. 
Acessado em: 02/04/2014. 
7- ORGANIZAÇÃO NAÇÕES UNIDAS, Escritório de Drogas e Crime. Maritime 
Piracy in The Gulf of Guinea. 22/02/2013. Disponível em: 
<https://www.unodc.org/documents/toc/Reports/TOCTAWestAfrica/West_Africa_TOC
_PIRACY.pdf>. Acessado em: 07/05/2014. 
8- HANSON, Stephanie. MEND: The Niger Delta’s Umbrella Militant Group. Council 
on Foreign Relations. 22/03/2007. Disponível em: <	
  http://www.cfr.org/nigeria/mend-
niger-deltas-umbrella-militant-group/p12920>. Acessado em: 07/05/2014. 
9- UKELE, Charles; MVOMO ELA, Wullson. African Approaches To Maritime 
Security: The Gulf of Guinea. Abuja: Friedrich Ebert Stiftung, Dec. 2013. p. 48. 
Disponível em: <http://library.fes.de/pdf-files/bueros/nigeria/10398.pdf>. Acessado em: 
02/05/2014. 
9 – DEEN, Ali Kamal. The Anatomy of Gulf of Guinea Piracy. Naval War College 
Review. Disponível em:<https://www.usnwc.edu/getattachment/e95feaa7-8883-4008-
b49b-175783f25e43/The-Anatomy-of-Gulf-of-Guinea-Piracy.aspx>. Acessado em: 
05/07/2015. 
10- KATSOURIS, Christina; SAYNE, Aaron. Nigeria’s Criminal Crude: International 
Options to Combat the Export of Stolen Oil. Chatham House, set. 2013. Disponível em: 
<http://www.chathamhouse.org/sites/files/chathamhouse/public/Research/Africa/0913pr
_nigeriaoil_es.pdf>. Acessado em: 28/04/2014. 
11- MUNSON, Mark. Nigeria is not Somalia: Look for Pirates Somewhere Else. War 
on the Rocks, 11 Dec. 2013. Disponível em: <	
  
http://warontherocks.com/2013/12/nigeria-is-not-somalia-look-for-pirates-somewhere-
else/>. Acessado em: 05/07/2014. 
12- DAXECKER, Ursula; PRINSTITLED, Brandon. Insurgents at Sea: Linking 
Maritime Piracy, Internal Armed Conflict, and State Failure. ISA Annual Conference, 
Montreal, 2011. 
13- RAYMON, Z. Catherine. Piracy and Armed Robbery in the Malacca Strait: A 
Problem Solved? Em: ELLEMAN, Bruce, A; FORBES, Andrew; ROSENBERG, 
David. Piracy and Maritime Crime: Historical and Modern Cases Studies. 
Newport, Rhode Island: Naval War College Press, Jan. 2010. Disponível em: <	
  
http://www.virginia.edu/colp/pdf/Piracy-and-Maritime-Crime-NWC-2010.pdf>. 
Acessado em: 06/05/2014. 
14- RESOLUÇÃO 2039. Conselho de Segurança das Nações Unidas. S/RES/2039. 
ONU. 2012. Disponível em: <http://unscr.com/en/resolutions/doc/2039>. Acessado em: 
26/05/2014. 
15- BREUER, Rayna; KAUFMAN, Dirk. Emerging threat: Piracy in the Gulf of 
Guinea. DW. 08/02/2013. Disponível em: <	
  http://www.dw.de/emerging-threat-piracy-
in-the-gulf-of-guinea/a-16583626>. Acessado em: 25/05/2014. 
16- ALMEIDA, E. C.; BERNARDINO, L. M. B. A Comissão do Golfo da Guiné e a 
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul: Organizações interzonais para a persecução 
da segurança marítima na Bacia Meridional Atlântica. Revista Militar, Lisboa, nº 2532, 
jan. 2013. Disponível em: <	
  http://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=797>. 
Acesso em: 25/06/2014. 
17- UNITED STATES AFRICA COMMAND. Africa Partnership Station. 
Disponível em: <http://www.africom.mil/what-we-do/security-cooperation-
programs/africa-partnership-station>. Acessado em: 13/05/2014. 
18- UNITED STATES AFRICA COMMAND. Africa Partnership Station. 
Disponível em: <http://www.africom.mil/what-we-do/exercises/obangame-express >. 
Acessado em: 13/05/2014. 
19- MOSES, Chika. US concerned Gulf of Guinea piracy could be funding Boko 
Haram violence. Pilot africa. 27/03/2013. Disponível em: <	
  
http://www.pilotafrica.com/2013/03/27/us-concerned-gulf-of-guinea-piracy-could-be-
funding-boko-haram-violence/>. Acessado em: 29/05/2014. 
20- COUNCIL OF EUROPEAN UNION. EU Strategy on the Gulf of Guinea. 
Foreign Affairs Council meeting Brussels, 17/03/2014. Disponível em: <	
  
http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/EN/foraff/141582.pdf
>. Acessado em: 30/04/2014. 
21- NUNES, Carlos Costa. O Golfo da Guiné e a Segurança Energética da China. Da 
Shepra, Working Paper nº15, 03/09/2012. Disponível em: 
http://www.cepese.pt/portal/investigacao/working-papers/populacao-e-prospectiva/o-
golfo-da-guine-e-a-seguranca-energetica-da-china/GI%20-
%20POp%20e%20Prospetva%20WP15.pdf>. Acessado em: 04/06/2014. 
22- SEIBEL, Katharine; ZHOU, Hang. Maritime Insecurity in the Gulf of Guinea: A 
Greater Role for China? Chine Brief. V. 15, Issue 1, 2015. Disponível 
em:<http://www.jamestown.org/programs/chinabrief/single/?tx_ttnews%5Btt_news%5
D=43373&cHash=50928e9d0293ea1be91e4f7838b0f667#.VcMFZSZViko>. Acessado 
em: 08/07/2015. 
23- ABDENUR, A. E.; SOUZA NETO, D. M. Region-Building by Rising Powers: the 
South Atlantic and Indian Ocean rims compared. Journal of the Indian Ocean Region, 
v. 10, n. 1, 2014, p. 1-17. 
24- TRETY ON THE GULF OF GUINEA COMISSION. Em: YATES, D., MERZ, R. 
T. (Eds). Oil Policy in the Gulf of Guinea: Security & Conflict, Economic Growth, 
Social Development. Friedrich-Ebert-Stiftung, 2004. Disponível em: <	
  
http://library.fes.de/pdf-files/iez/02115/appendix.pdf>. Acessado em: 31/04/2014. 
25- UNIÃO AFRICANA. Estratégia Marítima integrada de África 2050. Versão 1.0, 
2012. Disponível em: <	
  
http://pages.au.int/sites/default/files/2050%20AIM%20Strategy%20(Pt)_0.pdf>. 
Acessado em: 07/05/2014. 
26- DECLARAÇÃO DE YAOUNDÉ. Declaração de Chefes de Estado e Governo da 
África Central e Ocidental sobre Segurança Marítima e Segurança no Golfo da 
Guiné. 24-25 jun. 2013. Disponível em: <	
  
Departamento de Relações Internacionais	
  
	
  
http://pages.au.int/sites/default/files/Declaration%20of%20the%20Heads%20of%20Stat
e%20and%20Government%20on%20Maritime%20Safety%20and%20Security.pdf>. 
Acessado em: 17/05/2014. 
27- ABUJA DECLARATION. Towards a Comprehensive Maritime Security Regime in 
the Gulf of Guinea. 21-23 mar. 2014, Abuja, Nigeria. 
28- ECOWAS. Gulf of Guinea Organizations Move to Coordinate Maritime 
Safety, Security. 06/05/2014. Disponível em: <	
  
http://news.ecowas.int/presseshow.php?nb=112&lang=en&annee=2014>. Acessado: 
29/07/2014.

Outros materiais