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Resenha Panebianco

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Resenha de Angelo Panebiando - Modelos de Partido: Organização e poder nos Partidos Políticos. 
Primeira Parte (Introdução e capítulos de 1 a 3)
Partidos e Sistemas Partidários – Prof. Dra. Maria do Socorro Braga
Heythor Santana de Oliveira – Mestrado PPGPol – 2 Semestre
Panebianco (2005) traz importante contribuição teórica na abordagem organizativa dos Partidos políticos. Para o Autor os partidos não seriam apenas representações de demandas sociais e eleitorais, mas organizações completas com atuações na esfera externa, representadas pelas eleições e atuação em governo; e interna, sendo definida por sua organização. É necessário enxergar os partidos como uma organização capaz de manter o equilíbrio de poder interno ao mesmo tempo em que disputa nas arenas externas. Dessa forma, o nascimento e desenvolvimento da organização partidária são influenciados por fatores externos e internos ao partido. As organizações diferem-se enormemente entre si devido a esses fatores de influencia. 
Na parte inicial de sua teoria, Panebianco afirma existir certa resistência ao estudar os partidos como verdadeiras organizações. Essa resistência surge de dois preconceitos que são comuns na literatura sobre partidos: o Preconceito Sociológico e o Preconceito Teleológico. O Sociológico consiste em considerar as atividades dos partidos apenas como produto das demandas sociais por eles representados. Sendo eles nada mais que manifestações das divisões da sociedade no âmbito político. Um dos principais argumentos do livro, que romperia com a ideia do preconceito sociológico, afirma que uma das principais causas dos conflitos intrapartidários, deve ser buscado no sistema de desigualdades internas do partido, que mesmo tendo relação com as desigualdades sociais externas, não são um reflexo dessas. Como organização o partido possui certa autonomia em relação às desigualdades externas a ele.
	O Preconceito Teleológico consiste em atribuir certos objetivos ao partido, que precedem sua existência como organização, representando assim a razão de ser do partido como uma espécie de “Família Ideológica”. Esse preconceito assume que os partidos são organizações constituídas em vista de objetivos específicos e são voltados para sua realização. Assim, os partidos enxergados como grupos tendentes a realização de objetivos específicos, consiste em tratar a disputa interna como ponto pacifico. Os partidos possuem um objetivo único de disputa da arena eleitoral, mas como qualquer outra organização, as atividades desenvolvidas pelos partidos se distinguem no ambiente especifico da atuação deles, dessa forma a mesma atividade que consiste na disputa eleitoral, pode possuir objetivos diferentes. 
	 A abordagem desenvolvida por Angelo Panebianco consiste na identificação dos dilemas organizativos, denominados de exigências contraditórias que qualquer partido, como uma organização complexa possui, tendo que se manter em equilíbrio, combinando os interesses internos a atuação no meio externo. Dessa forma, o autor expõe alguns dilemas à alternativa clássica organizativa. O primeiro se relaciona a defrontação entre Modelo Racional e Sistema natural. Para o Modelo Racional, as organizações são instrumentos para a realização de objetivos específicos. A fisionomia e ordem interna da organização funcionam através dos objetivos organizativos. Algumas objeções são colocadas para o modelo racional, primeiramente observa-se que os objetivos de algumas organizações não são definidos “a priori” , segundo, o interior de uma organização possui uma pluralidade de objetivos. E em terceiro lugar, como citado por Michels, o objetivo de muitos dirigentes de certas organizações, e manter a própria sobrevivência desta. No Modelo Racional, as variáveis independentes são objetivos e as dependentes são as organizações.
	Já no modelo de Sistemas Naturais, os objetivos são tratados como as variáveis dependentes, efeitos dos processos complexos do interior das organizações, as independentes. Os objetivos específicos nesse modelo são concebidos diante do resultado dos equilíbrios interiores da organização. O único objetivo totalmente comum é a sobrevivência da própria organização. Os dois modelos de organização tendem a ser colocados como contrapostos, se uma organização segue o Modelo Racional, Não segue o Sistema Natural, e vice-versa. Mas os modelos também podem ser apresentados como sequência, as organizações nascem com certos objetivos comuns aos participantes aos quais forjam a organização, descritos no Modelo Racional, e com o passar do tempo desenvolvem tendências no seu próprio interior para auto conservação ou pra diversificação dos objetivos dos diferentes agentes organizativos, conforme o Sistema Natural. 
	Utiliza-se a teoria da “Substituição dos fins” de Michels para citar a passagem da organização de instrumento para a realização de certos objetivos, a sistema natural, que privilegia a sobrevivência e objetivos específicos dos agentes organizativos. 
	O outro dilema se relaciona a teoria de associações voluntárias na qual a sobrevivência das organizações depende da participação que não se relaciona a bases coercitivas, mas dependem de certos incentivos. Existem dois tipos de Incentivos, os Coletivos, distribuídos para garantir a participação necessária, definidos como benefícios ou promessas de benefícios, que a organização deve distribuir igualmente a todos os participantes e os Seletivos benefícios que a organização distribui somente para alguns participantes e de modo desigual. Apenas esse segundo tipo de incentivo, segundo o paradigma de Olson, explicaria a participação na organização.
	 Os incentivos organizativos coletivos ainda se dividem em três categorias, os de identidade, pela identificação com a organização, os de solidariedade em solidariedade aos outros participantes da organização e os ideológicos, identificação da causa da organização. 
	 O argumento defendido por Panebianco defende que por serem burocracias e ao mesmo tempo associações voluntárias, as organizações partidárias devem simultaneamente distribuir incentivos, tanto Coletivos (das distintas categorias) quanto Seletivos. Os Incentivos Seletivos explicam muito bem o comportamento das elites que disputam o interior do partido e controle dos cargos. Mas o comportamento de todos os defensores da organização só pode ser explicado com a soma com os incentivos Coletivos. Há necessidade assim de equilibrar as exigências de satisfazer interesses individuais, com os incentivos Seletivos e alimentar as lealdades organizativas, com os Coletivos. Observa-se a teoria de Penebianco colocada na pratica nos partidos Brasileiros, em que Políticos eleitos ou costumam ocupar cargos internos na burocracia partidária, mas também se encontram militantes e filiados compondo a organização do partido. 
	O terceiro dilema se refere a adaptação ao ambiente em contraposto ao predomínio. As organizações estão envolvidas em uma multiplicidade de relações com o ambiente externo a elas e assim, as organizações possuem tendências a adaptar-se mais ou menos pacificamente ao ambiente que estão inseridas. Ambientes nada mais são que as múltiplas arenas nas quais a organização age simultaneamente. Dessa forma as organizações agem em duas direções contrárias, tentando colonizar o próprio ambiente por meio de uma estratégia dominadora, e também pactuar com esse ambiente segundo uma estratégia de adaptação. As organizações partidárias, nesse contexto necessitam adaptarem-se as múltiplas arenas, eleitoral, sistemas partidários entre outras, ao mesmo tempo em que busca a dominação de seus elementos. A direção indicada para conduzir os objetivos de cada organização é definida pelo conceito de Territórios de Caça. Esses Territórios de Caça, defini a identidade organizativa, tanto externa, em relação aos que não fazem parte da organização, quanto interna, correspondente aos membros, e se estabelecem relações de conflito, disputa pelo mesmo recurso, e cooperação, troca de recursos, com outras organizações.O quarto e ultimo dilema é definido pela liberdade de ação contrapondo as coerções organizativas. A divergência desse dilema está na autonomia dos lideres da organização. As decisões organizativas são produtos de negociações internas a organização, mas em algumas organizações, a liberdade dos lideres é mais ampla. O dilema consiste na presença simultânea de poderes que limitam a liberdade de manobra dos lideres dentro dos partidos (organizações) e o esforço continuo por parte destes lideres de evitar esses limites e ampliar a própria liberdade. Na pratica, os elementos de descentralização e centraliza	ção das deliberações partidárias tambem interferem nesse dilema.
	Pelo fato dos múltiplos ambientes influenciarem nas múltiplas formas de organização do partido, observa-se a impossibilidade de se formular uma “lei férrea” da evolução organizativa dos partidos políticos. Mesmo reconhecendo esse pressuposto, Panebianco cria um tipo ideal de desenvolvimento partidário, baseado na teoria de Michels, tratando das fases de consolidação do partido. Todo partido está destinado assim a passar por uma fase genérica, voltada para a realização de uma causa, posteriormente segue o crescimento das dimensões partidárias, depois, a burocratização, a apatia dos inscritos depois a entusiástica participação inicial, em seguida a vontade dos dirigentes de preservar o próprio poder transformando o partido em uma organização que visa à sobrevivência. Os partidos nascem assim em um sistema de solidariedade e passa para um sistema de interesses a partir da burocratização e progressivo envolvimento na rotina cotidiana, com a diversificação da organização. Verifica-se nesse processo a institucionalização organizativa.
 Institucionalização é definida pelo processo que separa as transformações descritas substituindo o sistema de solidariedade orientado pela realização dos objetivos oficiais, correspondentes do modelo “racional” para o sistema de interesses, tendo desenvolvido tendências oligárquicas, move-se para o sistema natural. Parte-se de uma fase em que a ideologia organizativa é manifesta (objetivos explícitos e coerentes) para uma ideologia latente (objetivos vagos e até contraditórios).
II- Poder, incentivo e Participação. 
	Panebianco afirma que para examinar a ordem organizativa dos partidos políticos é necessário estudar a estrutura de poder dessa organização seu modo de distribuição e produção. Na prática, investigar o funcionamento deliberativo do partido. 
Observa-se a necessidade de definir o que é poder dentro da organização, o primeiro caminho indicado pelo autor, define teoria do poder como uma relação de troca. Uma troca relacional, assimétrica mais reciproca (troca desigual). As negociações entre lideres são denominadas jogos de poder horizontais e entre lideres e seguidores, jogos de poder verticais. Os incentivos seletivos se relacionam aos indivíduos que participam da troca desigual horizontal, pois é dividida entre um grupo seletivo, e os coletivos divididos entre ambos os grupos participantes da troca desigual vertical e horizontal, pois se relaciona a todos os membros do grupo. Define-se também uma distinção entre os incentivos seletivos materiais (subdivididos em compensações monetárias, de patrocínio ou de assistência) e de status (relacionado aos ativos das relações de poder).
A participação partidária é descrita pela atuação dos indivíduos na organização. Encontra-se o eleitorado fiel como indivíduos externos que participam do partido, e militantes como verdadeiros mobilizadores da organização. Os filiados se encontram num meio termo entre o eleitorado fiel e os militantes, embora a relação seja um pouco incerta, pois muitas atividades politicas tem certo caráter descontinuo como as campanhas eleitorais, que muitas vezes filiados participam da mobilização do eleitorado e Militantes não participam de todas com a mesma intensidade.
Assim pode-se dizer que há certa escala de participação até mesmo entre os militantes. O “núcleo duro” dos militantes (grupo central de maior participação) tem participação real e continua em todo partido, embora com intensidade variável. Panebianco faz distinção analítica chamando de “Crente” os militantes em que a participação depende predominantemente de incentivos coletivos de identidade, e de “Carreiristas” os militantes cuja participação está relacionada a incentivos seletivos materiais ou de status. A comunidade dos Crentes se relaciona aos objetivos organizativos oficiais do partido e os Carreiristas de relacionam predominantemente aos interesses seletivos. A presença deles compõe importante massa de manobra em jogos de grupos políticos. A diferenciação cria a formação de um sistema hierárquico de status, devido ao envolvimento de cada militante nas atividades políticas. 
Em suma, todo partido age a partir da combinação de variáveis aos incentivos de participação, e os distintos tipos de Militantes, Crentistas e Carreirristas. Reforça-se que esse tipo de separação puramente analítica, na pratica, como pode se observar inclusive nos partidos brasileiros, cada militante costuma-se beneficiar de uma combinação de incentivos. Também na prática, a maioria dos militantes em si costuma-se aproximar da definição Crentista, apenas uma minoria é reconhecida como Carreiristas. Os Carreistas apresentam inclusive um risco para os lideres do partido pela ascendência de mobilidade para ocupação de cargos dirigentes. Dessa forma os lideres só possuem duas opções, ou coopta-los na escala hierárquica ou incentivar a saída desse tipo de militante.
Importante ressaltar que o processo de troca desigual vertical, incluída na teoria do poder, favorece a produção de oligarquias interiores a organização, dificultando a substituição de incentivos. 
III – Coalizão Dominante e Estabilidade Organizativa
	O conteúdo das trocas de poder, descritos por Panebianco, cria o conceito de Zonas de incerteza, definido pelos fatores cujo controle permite que determinados agentes desequilibrem o jogo de poder a seu favor. Reconhecendo que o conceito de Zona de incerteza é um pouco vago, pois indica qualquer recurso a ser usado no jogo de poder, observa-se que no partido, todo militante possui alguma zona de incerteza organizativa, mesmo que restrita.
	Mesmo assim, é possível identificar as principais zonas de incerteza pelo numero de atividades vitais para a organização: A competência, que consiste no reconhecimento por parte dos outros agentes da organização de que algumas pessoas possuem qualidades necessárias para determinado papel; As relações com o Ambiente a principal zona de incerteza de atuação externa; A comunicação capacidade de distribuir, manipular e controlar informações; As Regras formais, definidas pela escolha do terreno onde ocorrerão os confrontos e negociações; Os financiamentos, patrocínio das organizações, e o Recrutamento que consiste em controlar quem pode ou não fazer parte da organização. 
Descreve-se o conceito de Coalizão Dominante é definido como grupo em que os principais recursos do partido tendem a ficar concentrados. Essa estrutura de poder, mesmo possuindo apenas um líder, considera-se o processo de negociação para delimitar um grupo de controladores dos principais recursos, não apenas um agente. Afirma-se também que as Coalizões dominantes são sempre construções potencialmente precárias, pois podem desagregar-se sobre o impacto de forçar externas ou quando não se mostram em condiyuções de controlar as zonas de incerteza. 
A fisionomia da Coalizão dominante é o que distingue a ordem organizativa dos partidos. O grau de coesão interna, variante devido ao controle sobre as zonas de incerteza, o grau de estabilidade, manutenção e conservação das linhas de autoridade internas do grupo e o mapa do poder organizativo, regras para o controle, definem a fisionomia da Coalizão dominante. A legitimidade dos lideres em se manter no poder é outro fator de importância para o controle dos recursos da organização partidária. 
Como conclusão, Panebianco defineque numa organização em que os objetivos e interesses são muito diversificados, o objetivo principal dos lideres é a manutenção da estabilidade organizativa, seguindo inclusive a tese de Michels. Mas para se obter essa ordem organizativa é necessário sucesso em negociações visando estabilidade das lideranças e manutenção dos recursos políticos. Define-se os partidos como organizações complexas com disputas internas e externas plurais, definindo as estratégias de ação em cada jogo político.

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