Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
OAB 2 Fase Penal – Apostila 2013.1 1 Aula 06 Audiência Existem diferenças entre o rito comum e o rito do Júri. Daremos ênfase à audiência, para que possamos localizar a peça pertinente, além do fato de que a simples inobservância da ordem de oitiva de testemunhas causará nulidade relativa de todo o ato. Esta nulidade poderá ser alegada como tese de defesa, se o problema apresentado pela OAB assim o solicitar. Desta forma, para evitarmos qualquer equívoco, elaboramos o quadro abaixo para diferenciar as audiências em rito comum e no rito do júri. Ainda, este quadro deverá ser utilizado para identificar determinada peça processual, que estudaremos no capítulo seguinte. Audiência – Rito Comum Audiência – Rito do Júri 1) esclarecimentos da vítima 1) esclarecimentos da vítima 2) oitiva das testemunhas (acusação / defesa) 2) oitiva das testemunhas (acusação / defesa) 3) esclarecimento dos peritos (se for o caso) 3) esclarecimento dos peritos (se for o caso) 4) acareação 4) acareação 5) reconhecimento de pessoas e coisas 5) reconhecimento de pessoas e coisas 6) interrogatório 6) interrogatório 7) Diligências (se houver necessidade e deve ter resultado da própria audiência) 7) Diligências (se houver necessidade e deve ter resultado da própria audiência) 8) alegações finais orais (ou memoriais escritos – art. 403, § 3º do CPP) 8) alegações finais orais (ou memoriais escritos – por analogia art. 403, § 3º do CPP) 9) sentença - absolutória (artigo 386 CPP); - condenatória (artigo 387 CPP). 9) decisão - pronúncia (artigo 413 CPP); - impronúncia (artigo 414 CPP); - absolvição sumária (artigo 415 CPP); - desclassificação (artigo 419 CPP). Após o interrogatório, o representante do Ministério Público será o primeiro a se pronunciar. As Alegações Finais são previstas na lei na forma oral, mas serão convertidas em memoriais quando o caso for complexo, quando o número de acusados for demasiado ou quando for deferida a realização de alguma diligência. OAB 2 Fase Penal – Apostila 2013.1 2 DICA: sempre fala a acusação e depois a defesa (acusação – defesa). O rito do júri possui duas fases, como iremos estudar mais adiante, então não há sentença, mas sim decisão na primeira fase, momento no qual poderá haver absolvição sumária do réu. Peça: Alegações Finais ou Memoriais Escritos As Alegações Finais ou “Memoriais Escritos” é a peça a ser utilizada após o final da instrução criminal e antes da prolação de sentença. Nela, as partes fazem um resumo do que consta dos autos, sendo a última oportunidade, antes da sentença, para as partes frisarem suas teses preliminares e de mérito. Com a reforma do CPP (lei 11.719/08), haverá apresentação de Alegações Finais (Memoriais Escritos), quando não puderem ser realizadas de maneira oral (regra atual). Desta feita, apenas em casos complexos, ou de grande número de acusados, haverá a conversão dos memoriais orais em escritos, conforme consta no art. 403, §3º do CPP. Para a apresentação da peça em questão, existe processo e existe momento processual específico, ou seja, após o término da instrução criminal. Para identificar a peça: Há processo? SIM Não há sentença; Não há trânsito em julgado. DICA: A peça deve ser apresentada no final da fase instrutória. Será apresentada pela defesa somente após às Alegações Finais do Ministério Público. Tem como fundamento legal o art. 403, §3º do Código de Processo Penal, sendo o rito ordinário, ou art. 404, parágrafo único do CPP se houver diligências. Porém em caso de procedimento de competência do Júri (primeira fase do Júri), o respaldo legal é encontrado no art. 411 do CPP, não havendo previsão de conversão OAB 2 Fase Penal – Apostila 2013.1 3 de memorial oral em escrito. Contudo, tal conversão é admitida pela doutrina e na prática forense (art. 411 c.c art. 403, § 3º ou art. 411 c.c art. 404, parágrafo único do CPP). A peça em questão é encaminhada a um juiz de Direito (ou Juiz Federal) competente da Vara Criminal onde tramita o processo (procedimento comum ordinário) ou da Vara do Júri (procedimento especial do júri – crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados e os crimes conexos). Como na Resposta Escrita à Acusação, a denominação utilizada pelo indivíduo que apresenta as Alegações Finais, é ACUSADO ou IMPUTADO. No que tange ao prazo, quando há conversão de memoriais orais em escritos, são 5 (cinco) dias sucessivos para cada parte (acusação e defesa). Trata-se da última manifestação das partes antes da prolação de sentença, ou seja, é o momento processual adequado para as partes arguirem suas teses (preliminares e mérito), antes que se dê uma solução de 1ª instância para o caso. Se rito ordinário, após a apresentação dos Memoriais, haverá prolação de sentença condenatória (art. 387 do CPP) ou absolutória (art. 386 do CPP). Por sua vez, tratando-se do rito especial da primeira fase do Júri, após a apresentação dos Memoriais, poderá haver decisão de pronúncia (art. 413 CPP), impronúncia (art. 414 CPP), absolvição sumária (art. 415 CPP) ou desclassificação (art. 419 CPP). As Alegações Finais são elaboradas em uma única peça, podendo ser dividida em preliminar (nulidade) e mérito conforme o caso apresentado. Para a elaboração da peça em estudo, o caso deve trazer em qual fase se encontra o processo, ou seja, após o término da instrução criminal, o que se dá após a realização da audiência de instrução. Deve constar que o houve a conversão de memoriais orais em escritos, ou que o MP já elaborou suas Alegações Finais, ou que o OAB 2 Fase Penal – Apostila 2013.1 4 MP opinou pela condenação, ou que o MP opinou pela pronúncia, ou ainda que o processo esteja na fase do art. 403 CPP etc. Modelo Prático A – Elabore a defesa final de seu cliente. B – O processo em epígrafe está na fase do art. 403 do CPP. C – O representante do Ministério Público apresentou seus Memoriais. D - Elabore os Memoriais de Defesa de seu cliente. Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca de ____________, Estado de São Paulo, ou Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Federal da Subsecção Judiciária de ____________, Estado de ________, Processo nº __/__ _____________, qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, por infração ao artigo ____ do ou da ________ , via de seu advogado e procurador que esta subscreve, vem, mui respeitosamente à douta presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 403 do Código de Processo Penal, apresentar MEMORIAIS ESCRITOS, expondo e requerendo o quanto segue: DOS FATOS: O presente processo, diz respeito a suposta prática do crime de _____________ e, segundo consta na exordial, o ora imputado ____________ (narrar os fatos, sem que haja a repetição da mesma palavra dentro do mesmo parágrafo, como também que o parágrafo tenha, no máximo, entre 4 ou 5 linhas). OAB 2 Fase Penal – Apostila 2013.1 5 DA PRELIMINAR: Narrar a tese preliminar, com a menção de doutrina e jurisprudência. DO MERITO: Via de regra este é o momento de articular tese que redunde na absolvição do cliente *não esquecer de reservar, conquanto não haja consulta, espaço específico para colocação de doutrina e jurisprudência, que deve ser assim enunciada, por exemplo: “A jurisprudência já afirmou que nos crimes materiais contra a ordem tributária é imprescindível o lançamento, que condiciona a própria tipicidade da conduta (Súmula Vinculante 24 do STF)” Ou A doutrina de Guilherme Nuccitem merecido reiteradas citações dos Tribunais. O eminente autor entende que... (Código Penal, p....,). Obs. Importante: o candidato só deve citar jurisprudência ou doutrina que conheça, desde que saiba exatamente o nome do livro, do autor ou o número do recurso criminal enfrentado pela corte. SUBSIDIARIAMENTE Aqui o candidato deve mencionar todas as teses alternativas à anulação do processo e a absolvição pura e simples. A pertinência da tese dependerá do caso concreto. Apenas para ilustrar, aqui vão algumas teses que o candidato deve saber manusear na hora da prova: Desclassificação (atenção com eventual prescrição ou decadência que dela derivar e com a súmula 337 do STJ). Afastamento de qualificadoras. Circunstâncias judiciais favoráveis. Reconhecimento de atenuantes. Afastamento de agravantes e causas de aumento. Reconhecimento de causas de diminuição. Concurso de crimes mais favorável ao agente. Regime inicial de cumprimento de pena menos gravoso. Substituição da pena por restritiva de direitos, ou pena de multa. Sursis. Recurso em liberdade. Negativa de indenização. Negativa aos efeitos do art. 91 do CP. CONSIDERAÇÕES FINAIS (CONSIDERAÇÕES DERRADEIRAS): OAB 2 Fase Penal – Apostila 2013.1 6 A acusação não logrou provar o que imputara na denúncia e as provas produzidas impõe a prolação de uma sentença absolutória (pular 1 linha) É imprescindível, para uma condenação criminal, um juízo de certeza. Meras suposições não bastam para levar a uma sentença penal condenatória. Entretanto, se V. Exa. entender de forma diversa, a condenação não pode ser nos termos que pretende o Parquet, devendo ser considerados os argumentos acima expendidos. DOS PEDIDOS: Por tudo quanto foi exposto e inequivocamente provado, a defesa requer: a) preliminarmente a .... nulidade absoluta .......... Caso V. Exa entender de forma diversa, afastando a nulidade apontada, quanto ao mérito, postula-se a absolvição do acusado, com fulcro no inciso __, do artigo 386 do Código de Processo Penal. b) Apenas pela eventualidade, em caso do não acatamento da tese meritória, subsidiariamente requer a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, nos termos do art. 44 do CP (ou suspensão condicional da pena – art. 77 CP; ou causa de diminuição de pena etc). OBS – Sendo caso de rito especial do Júri, além de preliminares, a defesa poderá requerer a impronúncia (art. 414 CPP); absolvição sumária (art. 415 CPP) ou desclassificação (art. 415 CPP). Em verdade, é plenamente possível requerer como tese principal a absolvição sumária (art. 415 CPP) e, subsidiariamente, a desclassificação (art. 419 CPP). Nestes termos, Pede deferimento Local e data Advogado _________________ O.A.B. / ____. nº _____________ Casos Referentes à Matéria 1 – Mariano Pereira, brasileiro, solteiro, nascido em 20/1/1987, foi denunciado pela prática de infração prevista no art. 157, § 2.º, incisos I e II, do Código Penal, porque, no dia 19/2/2007, por volta das 17 h 40 min, em conjunto com outras duas pessoas, ainda não identificadas, teria subtraído, mediante o emprego de arma de fogo, a OAB 2 Fase Penal – Apostila 2013.1 7 quantia de aproximadamente R$ 20.000,00 de agência do banco Zeta, localizada em Brasília – DF. Consta na denúncia que, no dia dos fatos, os autores se dirigiram até o local e convenceram o vigia a permitir sua entrada na agência após o horário de encerramento do atendimento ao público, oportunidade em que anunciaram o assalto. Além do vigia, apenas uma bancária, Maria Santos, encontrava-se no local e entregou o dinheiro que estava disponível, enquanto Mariano, o único que estava armado, apontava sua arma para o vigia. Fugiram em seguida pela entrada da agência. Durante o inquérito, o vigia, Manoel Alves, foi ouvido e declarou: que abriu a porta porque um dos ladrões disse que era irmão da funcionária; que, após destravar a porta e o primeiro ladrão entrar, os outros apareceram e não conseguiu mais travar a porta; que apenas um estava armado e ficou apontando a arma o tempo todo para ele; que nenhum disparo foi efetuado nem sofreram qualquer violência; que levaram muito dinheiro; que a agência estava sendo desativada e não havia muito movimento no local. O vigia fez retrato falado dos ladrões, que foi divulgado pela imprensa, e, por intermédio de uma denúncia anônima, a polícia conseguiu chegar até Mariano. O vigia Manoel reconheceu o indiciado na delegacia e faleceu antes de ser ouvido em juízo. Regularmente denunciado e citado, em seu interrogatório judicial, acompanhado pelo advogado, Mariano negou a autoria do delito. A defesa não apresentou alegações preliminares. Durante a instrução criminal, a bancária Maria Santos afirmou: que não consegue reconhecer o réu; que ficou muito nervosa durante o assalto porque tem depressão; que o assalto não demorou nem 5 minutos; que não houve violência nem viu a arma; que o Sr. Manoel faleceu poucos meses após o fato; que ele fez o retrato falado e reconheceu o acusado; que o sistema de vigilância da agência estava com defeito e por isso não houve filmagem; que o sistema não foi consertado porque a agência estava sendo desativada; que o Sr. Manoel era meio distraído e ela acredita que ele deixou o primeiro ladrão entrar por boa fé; que sempre ficava até mais tarde no banco e um de seus 5 irmãos ia buscá-la após as 18 h; que, por ficar até mais tarde, muitas vezes fechava o caixa dos colegas, conferia malotes etc.; que a quantia levada foi de quase vinte mil reais. O policial Pedro Domingos também prestou o seguinte depoimento em juízo: que o retrato falado foi feito pelo vigia e muito divulgado na imprensa; que, por uma denúncia anônima, chegaram até Mariano e ele foi reconhecido; que o réu negou participação no roubo, mas não explicou como comprou uma moto nova à vista já que está desempregado; que os assaltantes provavelmente vigiaram a agência e notaram a pouca segurança, os horários e hábitos dos empregados do banco Zeta; que não recuperaram o dinheiro; que nenhuma arma OAB 2 Fase Penal – Apostila 2013.1 8 foi apreendida em poder de Mariano; que os outros autores não foram identificados; que, pela sua experiência, tem plena convicção da participação do acusado no roubo. Na fase de requerimento de diligências, a folha de antecedentes penais do réu foi juntada e consta um inquérito em curso pela prática de crime contra o patrimônio. Na fase seguinte, a acusação pediu a condenação nos termos da denúncia. Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) de Mariano, a peça processual, privativa de advogado,pertinente à defesa do acusado. Inclua, em seu texto, a fundamentação legal e jurídica, explore as teses defensivas possíveis e date no último dia do prazo para protocolo, considerando que a intimação tenha ocorrido no dia 23/6/2008, segunda-feira. 2 – Abravamel, empresário, com 45 anos de idade, teve por várias vezes sua residência assaltada. No dia 25/09/00, ao retornar para sua residência, notou que a porta de sua casa estava aberta, momento em que viu um vulto caminhando em sua direção. Indagou algumas vezes quem era tal pessoa, não logrando êxito, porém o citado vulto continuava a caminhar em sua direção, quando de imediato, o empresário saca de sua arma e atira. Após o ocorrido, apurou-se que tal vulto era de um deficiente mental. Instaurou-se processo, e no final da instrução, o representante do Ministério Público requereu a pronúncia do empresário. Questão: Como advogado, e intimado na data de hoje aplique a medida cabível ao caso. 3 – Barriga, com 22 anos de idade, desempregado, genitor de três filhos, passando por grandes dificuldades financeiras, segundo narraa denúncia, cometeu o crime de furto, pois se dirigiu até um comércio na cidade de Brotas-SP, e lá chegando subtraiu para si duas maçãs, sendo posteriormente denunciado como incurso no artigo 155 do Código Penal. Não obteve a suspensão condicional do processo, por ser reincidente em crime que praticou de forma dolosa. Durante a instrução criminal, as testemunhas arroladas pela acusação foram uníssonas em afirmar que não presenciaram a prática do crime. O representante do Ministério Público pugnou pela condenação nas penas do art. 155, caput do CP. Questão: Como advogado de Barriga apresente a peça cabível, tendo em vista ter sido intimado na data de ontem. OAB 2 Fase Penal – Apostila 2013.1 9 4 – Carlos, com 33 anos de idade, está sendo processado na cidade de Mogi Mirim, pelo crime de falsidade ideológica, pois serviu de testemunha instrumentária do registro de nascimento do recém nascido, do qual Alberto dizia ser o genitor, pois segundo ele havia mantido relações sexuais com a mãe do recém nascido. Questão: No transcorrer do processo, o “Parquet” opinou pela condenação de Carlos nas penas da lei. Defenda-o. 5 – Caim, enfermeiro, do Hospital sem Base, responde processo por praticar ato que se adequa ao que dispõe o artigo 121, parágrafo 2º, inciso III, 1ª parte, c.c. o artigo 14, inciso II do CP, pois segundo narra a denúncia, tal enfermeiro tentou matar Abel, mediante aplicação de injeção intravenosa. Feito o laudo para apurar o caráter da substância utilizada, este concluiu que tal substância não possuía potencialidade lesiva, não podendo, através de seu uso, causar a morte de ninguém. O representante do Ministério Público apresentou suas Alegações Finais, requerendo a pronúncia de Caim, conforme versava a denúncia. Questão: Advogue para Caim. 6 – “A” acompanhado de sua namorada, ao sair de uma padaria, foi abordado por policiais militares. Foi encontrada em seu poder uma nota falsa de R$ 20,00. Em ambos os interrogatórios, “A” afirmou que recebera a referida nota de troco no caixa da padaria e que não percebeu que era falsificada. Esta versão foi confirmada por sua namorada. Exame pericial confirmou a falsidade e que era apta a enganar pessoas. O juiz estadual, ao final da instrução, determinou que as partes se manifestassem por escrito. O MP requereu a condenação de “A”. Como advogado de “A”, você foi intimado no dia 14 de outubro de 2011, sexta-feira, para se manifestar. Elabore a medida cabível e indique o último dia do prazo para apresentação da peça.
Compartilhar