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QUESTIONÁRIO PARA ESTUDO Disciplina: Filosofia Geral e Jurídica Professor: Carlos Henrique Pereira de Medeiros I – Orientações Gerais A) Escolha 03 (três) entre as 17 (dezessete) questões abaixo, responda com o próprio punho as três questões escolhidas em 01 (uma) folha de papel almaço e entregue a folha com as respostas no dia em que realizar a tua prova oficial semestral. B) Não transcreva as questões na folha de resposta, bastando apenas apontar na resposta o respectivo número da questão escolhida. C) As respostas devem ser manuscritas, em papel almaço e respeitando o limite de laudas do papel almaço. D) Não serão consideradas as respostas digitadas, as que ultrapassarem o número de laudas do papel almaço e as que foram apresentadas em outro tipo de papel (folhas de caderno, papel A4, etc). E) Não serão aceitas as folhas de respostas entregues fora da data da realização da prova e as que forem entregues por terceiros. F) As folhas de respostas devem ser entregues antes do início da prova. G) Não serão aceitas as folhas de respostas de alunos(as) que desrespeitarem a orientação disposta na letra “F”. H) Todas as respostas devem ser escritas a caneta. I) O questionário respondido e entregue valerá 0,5 na média semestral. II – Questões 1) Desenvolva a “teoria da origem divina dos reis” e a contraponha à alegoria “Virtù e Fortuna” de Maquiavel e explique o propósito do florentino para a justificação do poder do príncipe. Sob a perspectiva da “teoria da origem dívida dos reis”, somente podem ser governantes, aqueles que foram escolhidos pela vontade dívida (Deus). O critério adotado é a linhagem sanguínea, de maneira que, o ato de governar é transmitido hereditariamente aos sucessores, como se predestinados fossem. No entanto, em razão dos diversos problemas políticos e econômicos que Florença passava, só um homem virtuoso capaz de fundar e governar o estado, poderia estabiliza- lo. Assim, para se opor a crença da predestinação dos governantes, Maquiavel criou a alegoria “Virtù” e “Fortuna”, esta, relacionada aos desejos que todo homem possui (honra, a riqueza, a glória, o poder), e aquela, entendida como virilidade. Desse modo, o homem de maior Virtu, que tenha domínio sobre a fortuna, é quem deve governar os outros homens, no caso, o príncipe. Portanto, somente o príncipe, dotado de “virtù” e “fortuna”, é capaz de estabilizar o governo, onde a ordem impera por mais tempo que a desordem. 2) quais são as consequências do pensamento hobbesiano – que estabelece o exercício de poder a partir da noção da instituição Estado – para o exercício de poder, sobretudo a partir das formas jurídicas, quando justifica o Estado na noção de um pacto racional? Os homens, com o fim de viver em segurança, sem medo do perigo da morte violenta, reúnem- se e firam um grande pacto social, onde transferem sua liberdade de agir como manda a sua própria razão, à um poder comum: o Estado. Desse modo, caberá ao poder soberano (Estado) subjugar a todos, para mantê-los em total obediência, por meio de suas leis civis, fundadas no estabelecimento da paz e na garantia da segurança. De tal modo, caso o poder atente contra a vida de seus súditos, o pacto estará rompido e a liberdade plena restabelecida, surgindo o direito de resistência hobbesiano. 3) observe a noção de pacto social em Hobbes e exponha sua necessidade e adequação para a constituição do Estado. Evidencie os fundamentos, as finalidades e a justificativa para o cidadão abandonar o estado de natureza e passar para o estado civil e político e as consequências pelo abandono destas finalidades. Segundo Hobbes, o homem, enquanto vive no estado de natureza, está perpetuamente com medo de perder sua honra e suas riquezas, razão pela qual, constantemente, entra em confronto uns com os outros. Assim, para que possa sair do estado de natureza, e passe a viver em segurança, sem temer por sua vida, é necessário a presença de um poder comum que seja capaz de impor a ordem e estabelecer a paz, é preciso, pois, o pacto social. Pressupõe-se, então, que todos os indivíduos se reúnem e firmam um grande pacto, transferindo sua liberdade de agir determinada pela razão, para um poder comum, criando-se o leviatã: o Estado. Dessa forma, caberá ao Estado zelar pela segurança e promover a paz a todos os homens, protegendo-os da morte violenta, que no estado de natureza ocorre. Entretanto, se o Estado, responsável pelo estabelecimento da paz e pela garantia da segurança vier a atentar contra os seus súditos, ou tirar-lhes a vida, terá o pacto rompido, e a liberdade plena reestabelecida. 4) Thomas Hobbes estabelece em sua obra Leviatã uma distinção entre direito e lei, entre Jus e Lex. Demonstre a distinção hobbesiana, explicando o significado que o filósofo atribui à lei e ao direito. Além disso, explique o significado e importância da primeira lei natural para a estrutura da proposição hobbesiana do Estado. Segundo Hobbes, no estado de natureza, somente existe o direito natural, “jus”, que tem o sentido de liberdade, liberdade que o homem possui de agir como determina a sua razão. Para que essa liberdade (direito natural) seja limitada e, todos os homens possam viver em paz, é necessário que busquem a lei de natureza, já que no estado de natureza não existe um poder capaz de estabelecer leis que limitem a liberdade individual. Assim, podemos dizer que a lei de natureza determina que os homens pactuem o Estado, único capaz de impor a ordem e estabelecer a paz, por meio de suas leis civis, essas, derivadas da lei de natureza, não podendo contraria-las. 5) Em Locke a “Propriedade Privada” apresenta-se como um direito natural derivado da reta razão ou como elemento presente no interior de um Estado, portanto, dependente da existência de um pacto/contrato, histórico e racional em todo caso? Sim. Em contraposição à Hobbes, Locke defende que o direito de propriedade privada já existe no estado de natureza, porém, os homens são desonestos, razão pela qual formam o pacto social com o fim de proteger suas riquezas, propriedades, liberdade e vigor corporal. Desse modo, a formação do pacto não decorre do receio humano do perigo da morte violenta, tampouco do resultado de alguma coação, mas sim, da vontade e do consentimento geral, uma formula racionalmente empregada para se alcançar fins determinados, como a garantia do direito de propriedade. 6) qual é o limite para o conhecimento humano segundo o sistema kantiano? O que pode o homem conhecer e como se dá a relação fenomênica? Explique a proposição do imperativo categórico. “Para dizer sobre algo, antes eu preciso conhece-lo”. É nesse sentido, que Kant, estabelece que, se o homem conhece, só poder conhecer por meio das experiências, não existem ideias inatas. Porém, o homem só conhece a partir de suas percepções, os fenômenos que foram apresentados pela coisa, nunca a coisa em si mesma, razão pela qual, somente o sujeito que mantém uma relação com a coisa, pode conhecer os seus fenômenos e transforma-la em um objeto do pensamento. Partindo desse pressuposto, Kant define que os homens não possuem apenas faculdade de aprender, mas também, de agir, fazer julgamentos. Assim, ao lado da faculdade de aprender, há necessariamente, uma faculdade racional que direciona o agir do homem. Essa faculdade/dever de agir, precedida pela razão, deve ser direcionada pela moralidade para que não desrespeite ou afete negativamente outras pessoas. 7) Em Kant podemos reconhecer a noção de liberdade, em sua realidade, quando manifestada pela lei moral, sendo que esta manifestação não pode ser compreendida como um querer arbitrário, um querer sensível. Explique a liberdade concebida em termos kantianos. Kant, no estudo das ações humanas, buscou identificar os motivosque levam o homem a agir de tal forma. Desse modo, concluiu que toda ação é precedida pela razão e, tais ações podem ser divididas entre “máximas” e “leis”. As máximas tratam-se de conjuntos de ações subjetivas, mas ao mesmo tempo empíricas, que se relacionam com a intimidade do homem, uma escolha momentânea, que seria válida apenas para ele, por exemplo: “ entrei na sala de aula e penso em sentar na primeira fileira porque é melhor para ouvir e prestar atenção”. As leis, por sua vez, são um conjunto de ações mais objetivas, sempre com um teor moral envolvido, quando é válida para todo o ente racional, por exemplo: “um homem que sempre socorre alguém que está precisando de ajuda”. Portanto, a liberdade é encontrada na vontade do indivíduo, liberdade de agir conforme as máximas e leis que o regem, no caso, o livre arbítrio. Desse modo, a liberdade é única de todas as ideias da razão que permite o juízo sintético a priori, porque é condição da lei moral que o homem conhece, que se revela no âmbito do respeito e da obediência. 8) A dialética hegeliana apresenta-se como uma tentativa de demonstração do caminhar do pensamento da humanidade; seu campo de ação, por isso, deve ser a história. Apresente em termos os passos da dialética de Hegel, demonstrando sua relação com a proposta de identidade entre razão e realidade no que diz respeito às manifestações do espírito e contraponha a dialética de Hegel à noção kantiana de conhecimento transcendental. Hegel encerrou o ciclo de disputa pela explicação e justificação do estado, com a aplicação do processo dialético, pois, desde Santo Agostinho, que defendia que o Estado era ditado pela razão divina, com o surgimento de ideal de Maquiavel, que defendia que o estado se tratava de uma realidade histórica, seguidas por outros filósofos modernos, uma grande e acirrada oposição existia, e precisava ser superada. Assim, Hegel defendeu que toda afirmação, entendida, nesse caso, como (razão), traz em si uma negação, entendida como (realidade), ambas sendo marcadas pela constante contradição, que precisa ser superada na síntese, ou seja, uma reconciliação entre esses dois lados opostos que estão em oposição e fazem parte de uma mesma coisa. Desse modo, é pelo processo dialético que a razão e realidade se identificam e se relacionam, que acabam por resultar na síntese final, o espirito objetivo: o Estado. Finalmente, Hegel, com esse pensamento, contrapõe-se à Kant, defendendo que a dedução (razão) parte da realidade, porque é ela que deve fornecer o necessário para a compreensão da própria razão filosófica, colocando a realidade no mesmo nível da razão. De tal modo, ambas se relacionam e fazer parte de uma mesma coisa. 9) Hegel inicia o prefácio de sua obra Princípios de Filosofia do Direito com a seguinte frase: “tudo que é real é racional e o que é racional é real”. O que pretende Hegel demonstrar com tal assertiva, principalmente no que diz respeito ao modo como o ser humano pode conhecer o mundo e com ele se relacionar? Quais as possibilidades de confronto entre as conclusões de Hegel e o caminho percorrido pela tradição filosófica até então, sobretudo com o pensamento kantiano? Em contraposição ao pensamento Kantiano, que determinava que o conhecimento humano estava limitado à capacidade cognitiva, sendo a razão, acessível de forma indireta por meio de fenômenos, nunca conhecendo a coisa em si mesma, Hegel defende que a racionalidade se manifesta no mundo, em seu caminho, de modo que, a razão parte da realidade, por que é o elemento necessário para a compreensão da própria razão filosófica. Consequentemente, Hegel superou a dicotomia entre sujeito-objeto, reformulando a teoria do conhecimento humano apresentada por Kant: o imperativo categórico, pois, defendeu que a razão se pauta na realidade: o que é, é e deve-ser, porque o que deve-ser é imanente ao que é: Ser (Razão) identifica-se com o Dever-ser (Realidade). Portanto, para Hegel, o que se mostra no mundo é o que é e o que deve ser, diferentemente do pensamento Kantiano. Se na modernidade, sobretudo com Kant, constrói a noção de individualidade e de autonomia moral dos indivíduos, em Hegel deve haver uma superação deste estágio. Ora, se em Kant o elemento marcante deve ser a moralidade, em Hegel, este elemento será a eticidade: Moral sede lugar à Ética. 10) atribui-se ao pensamento hegeliano o mérito de ser o primeiro a desdobrar a compreensão da sociedade civil. Exponha em detalhes a sociedade civil hegeliana, evidenciando sua evolução em relação às apreensões dos filósofos modernos. Hegel apreende a noção de “sociedade civil” como um sistema de carecimentos, estruturas de dependências reciprocas de onde os indivíduos satisfazem as suas necessidades através do trabalho e da troca, e asseguram a defesa de suas liberdades, propriedades e interesses através da administração da justiça e das corporações, apresentando-se como a esfera dos interesses privados. Assim, distingue-se de muitos filósofos modernos que se pautavam no fato de que, a sociedade civil existia, enquanto estado de natureza, como algo anterior ao Estado e que surgia como um acordo de vontades, ou mesmo, que se limitaria à esfera das relações econômicas e da formação de classes. Desse modo, se na modernidade a junção se pauta em uma noção de contrato, calcado na vontade individual, em Hegel esta possibilidade não existe. Nesse sentido, a sociedade para Hegel comporta muito mais do que só aqueles preceitos, com efeito, na sociedade civil, já existiria o direito do indivíduo: a administração da justiça, as questões relacionadas ao ordenamento administrativo e corporativo, mas as razões individuais deveriam ser suplantadas pelo Estado. 11) considerando as distinções do sistema hegeliano da liberdade (positiva e negativa) em cada uma das dimensões, o que podemos entender por liberdade concreta e quais são as diferenças entre a liberdade concreta de Hegel e a noção de liberdade de Kant? Segundo Hegel, a liberdade é determinada pela realidade e deve pressupor em si, o seu contrário: a existência de uma determinada coerção. Assim, a liberdade divide-se em negativa e positiva. A liberdade negativa traduz um sistema de direitos civis, políticos e sociais, que deve ser garantido pela lei e pelo ordenamento estatal. A liberdade positiva, por sua vez, diz respeito a participação dos negócios do Estado por parte de indivíduos que tem como finalidade, metas particulares, assim como os negócios da sociedade civil. Partindo desse pressuposto, a liberdade concreta só se configura com a junção da liberdade negativa e positiva. Portanto, se para Kant a liberdade dever- se-ia pautar-se na vontade homem, manifestada pela moral, para Hegel, a liberdade apresenta a ausência de qualquer constrição, mas ao mesmo, a limitação feita por uma outra liberdade, que deve ser superada pela ética. A liberdade, pela sua dualidade, só pode ser encontrada no estado, porque é onde a liberdade concreta poder existir. 12) Qual é a influência do pensamento de Hegel sobre Marx e quais são as consequências e as inversões apresentadas pelo filósofo das práxis em relação ao sistema hegeliano, em especial, no que diz respeito ao “motor da história”, a “sociedade civil” e o “Estado” nas filosofias de Hegel e de Marx? Marx definiu que a “sociedade civil”, em especial, no capitalismo, está dívida entre duas classes: o “proletário” – trabalhadores que não possuem os meios de produção, que vendem sua força de trabalho em troca do salário, e os “capitalistas”, os possuidores dos meios de produção sob a forma da propriedade privada. Assim, diante da alienação da classe operária, as classes economicamente dominantes desenvolvem formas de dominação política, que lhes permitem apropriar-se do aparado do poder do Estado, com isto, legitimando seus interesses sob aforma de leis e planos econômicos e políticos. O que ocorre, é que essa separação de classes (opressor e oprimido) gera desigualdades sociais e econômicas, razão pela qual, historicamente, tais classes se opõem e entram em confronto umas com as outras. Portanto, o próprio capitalismo, considerando todo o processo de oposições que ocorrem entre as duas classes, acaba por criar uma classe revolucionária, que em virtude de suas condições, organizam-se para, no momento adequado, fazer a revolução social rumo ao socialismo. Há, então, uma influência da aplicação do processo dialético exposto por Hegel, já que o próprio capitalismo, traz em si, o regime que permite a sua negação, o comunismo social. 13) Em Marx algumas noções apresentam-se centrais para a compreensão de seu pensamento. Defina os significados de “salário”, de “lucro” e de “mais-valia” dentro da concepção marxista e explique qual é a busca do sistema de exploração capitalista e como isso influencia na construção do direito burguês. Segundo Marx, o salário corresponde a força de trabalho do operário, sendo essa força, inseparável do operário. Assim, o valor do salário deverá corresponder ao necessário para sua sobrevivência, recuperar suas energias, e posteriormente, volte a trabalhar no dia seguinte. Lucro, por sua vez, corresponde ao objetivo final do capitalista, sempre querendo ganhar mais do que se investe. A mais valia diz respeito ao valor excedente produzido pelo operário. Nesse sentindo, como o operário não é remunerado pela produção, o valor incorpora ao produto, e o capitalista se apropria. Podemos dizer que, a obtenção por lucro, pela exploração da mais valia sob a força de trabalho do operário, é o que move o sistema capitalista, consequentemente, aqueles que detém maior poder econômico, influenciam na elaboração de leis, planos políticos e econômicos que sejam condizentes com os seus interesses. 14) Marx propõe à classe operária apenas uma saída para sua condição: a revolução. Com base em tal pressuposto, pergunta-se: o que é necessário à classe operária para fazer a revolução, quais são as consequências desta revolução e qual é o regime jurídico de governo que se pretende alcançar com a revolução propugnada por Marx? De acordo com Marx, o capitalismo também criou uma classe revolucionária que, em virtude de suas condições de existência, deve se organizar para, no momento oportuno, fazer a revolução social rumo ao socialismo, essa classe revolucionária seria o proletariado, mas para tanto, é necessário que essa classe se organize politicamente, e a partir dela, tome ciência de que são alienadas. Assim, teríamos o fim da disputa de classes, que, segundo Marx, é o que move aa história. 15) Sobre Marx, podemos afirmar que as questões políticas que são desenvolvidas no interior do Estado capitalista conduzem aos interesses da classe dominante: a burguesia. O que propõe Marx para a solução desta questão? Quais as implicações do Direito nas proposições de Marx? Qual o papel da Propriedade Privada nestas proposições? No capitalismo, há entre as classes formadas, os “burgueses” e os “proletários”, desigualdades insuperáveis: a relação é de exploração, derivada do antagonismo inconciliável entre essas classes: os burgueses querem preservar seu direito à propriedade dos meios de produção, dos produtos e da máxima exploração do trabalho operário, enquanto os proletários que querem lutar contra a exploração, reivindicam melhores jornadas, melhores salários, etc. Assim, esse sistema de classes separa o operário dos meios de produção e do fruto de seu trabalho, de modo que se tornam propriedade privada do empresário capitalista. Para a classe dominante proteger os seus interesses (propriedade sob os bens de produção), já que possuem grande influência econômica sob o Estado, por meio de leis, planos políticos e econômicos, legitimam seus interesses. Dessa forma, o Estado beneficia apenas as classes economicamente dominantes, para que a exploração do proletariado continue a ocorrer. No entanto, cabe a classe proletarizada, organizar-se politicamente, para que haja a tomada de consciência e, com isso, saiam da condição de classe oprimida, por meio da revolução. 16) O caráter conflituoso das relações humanas no mundo contemporâneo é demonstrado pelo filósofo francês Michel Foucault. Partindo da história efetiva, das singularidades, do transversal, Foucault apreende as relações humanas em seus pormenores e as expõe como um jogo de relações de forças em confronto. Na perspectiva de uma produção de saber atrelada a uma relação de poder, Foucault pretende nos demonstrar como os “jogos com a verdade”, ou “jogos de produção da verdade”, se desdobram na história do ocidente. Escolha um período da história da filosofia (Antiguidade, Idade Média, Modernidade ou Contemporaneidade) e demonstre como “o acontecimento” pode ser revelado a partir do procedimento arqueológico/genealógico foucaultiano. Na modernidade, muitos dos filósofos da época teorizavam o surgimento e a justificativa do “poder”, de modo que, o Estado seria constituído a partir da celebração de um pacto/contrato, em razão do medo da morte violenta, ou mesmo, pelo consentimento geral na proteção do direito de propriedade, onde era transferindo ao Estado, o “poder” de monopólio, “poder” este, associado a capacidade punir, violentar o homem de forma considerada legitima por seus súditos. Foucault, no entanto, defende que não existe “poder”, o que existe são relações de poder, de modo que, o “poder” não poderia ser transferido a outrem, porque ninguém o detém. Também, segundo Foucault, o poder não deveria ser compreendido como uma forma negativa, mas sim, como algo positivo, que estaria correlato ao saber. De tal modo, Foucault quis dizer que o poder-saber é quem determina as formas e os campos possíveis de conhecimento, em contraposição aos filósofos da modernidade. 17) Michel Foucault, em sua segunda fase de desenvolvimento teórico, conhecida como genealógica, apresenta um caminho inevitável para os indivíduos, que vai da escola para a fábrica ou, eventualmente, para o asilo ou para a prisão. O que pretende o filósofo francês demonstrar com sua exposição? Quais os pontos que o aproximam da teoria marxista nesta análise? Segundo Michel Foucault, não existe “poder”, ninguém detém “poder”, em verdade, o que existe são relações de poder. Partindo desse pressuposto, Foucault defende que em todo lugar há relações de poderes, que não advindas estritamente do Estado com os seus súditos, mas também, que há uma rede de micro poderes que atravessam toda a estrutura social, da qual ninguém escapa. Desse modo, há existem uma serie de relações de poder vão do âmbito estatal, como nas instituições: escolas, quartel, fábricas, dentre outros. Assim, o que ocorre no capitalismo, ou seja, divisão entre as classes: proletariado e burguesia, não decorre propriamente do fato que uma detêm “poder” dominante sobre a outra, mas sim, que há um exercício de relação de poder com a outra classe, o que justifica, por todo o exposto, a existência da classe opressora e oprimida. Portanto, se há relações de poder em toda, logo haverá resistência. Produzido por Tassio Duda – USJT 2016.
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